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EDUCAÇÃO LITERÁRIA
[Vanessa é uma menina que gostaria de receber uma metralhadora como prenda nos seus
anos. A sua mãe espera um bebé.]
VANESSA Querida Mana (risca), Querido Mano (risca), Querida Coisa, cá estou
outra vez a escrever-te a fingir, porque ainda não sei umas quantas letras e
ainda falta uma semana para eu fazer sete anos. Vou ter uma festa com todos
5 os meus amigos da escola e de fora da escola, as prendas é que vão ser uma
porcaria, bom, mas não era disto que eu te queria falar. (Risca) Estive a pensar
melhor no que te disse da outra vez e acho que o melhor é vires como rapariga,
se ainda fores a tempo de escolher. Vais ver como é fixe ser rapariga. Para já és
muito mais linda do que um rapaz. Tens uma pele muito rosadinha e quando
1 fores crescida não precisas de fazer a barba e não picas na cara quando dás
0 beijinhos. Depois vais ter montes de bonecas fixes, barbies e assim, e vais-te
divertir bué a ajudar a Mãe a limpar a loiça e a fazer as camas e outras coisas
maravilhosas e também podes fazer o almoço e o jantar quando fores crescida,
não é fantástico? Portanto, olha que o que eu te digo é verdade. Vem como
rapariga, por favor, para ver se param de me chatear. Assim, se vieres de
1 rapariga, já têm com que se entreter. (Pausa) Obrigada. Beijinhos da Vanessa.
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Pela direita entra a FADA MARINA, toda vestida de tule cor-de-rosa. É muito
possidónia1 e fala numa voz muito fininha.
©LeYa Educaçã o 2020 / Português 8.º ano / Autoras: Carla Marques e Ana Paula Neves
VANESSA VAI À LUTA
MARINA Não tens por aí uma abóbora?
VANESSA Não me fales em abóbora, que eu detesto abóbora, detesto sopa de
3 abóbora, detesto pastéis de abóbora… (Vai-se aproximando e começa a remexer
0 nos folhos do vestido da FADA MARINA)
MARINA (Fazendo uma birra, batendo com o pé) Mas eu preciso de uma abóbora,
eu quero uma abóbora, sem abóbora nada feito, não te arranjo a carruagem,
não arranjo, não arranjo, não consigo trabalhar desta maneira!!!
VANESSA Ih, que grande birra, mas para que é que tu queres uma abóbora agora a
3 meio da noite?
5 MARINA Para a transformar em carruagem, ora abóbora!
VANESSA E para que é a carruagem, ó monga?
MARINA Para ires ao baile, minha estúpida! […]
VANESSA É que eu queria uma metralhadora pelos anos. E a minha Mãe diz…
Luísa Costa Gomes, Arte da conversação seguido de Vanessa vai à luta, Lisboa, Livros Cotovia, pp. 93-97.
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Vocabulário:
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possidónia: convencida. 2 caxemira: lã fina. 3 galonas: ornamentos de cerimónia.
1. Seleciona a razão que justifica por que Vanessa finge “estar a escrever uma carta” (l. 1).
(A) Ela finge porque em palco não é fácil escrever ao mesmo tempo que se fala.
(B) Ela finge porque ainda não aprendeu a escrever bem.
(C) Ela finge porque não queria verdadeiramente escrever aquela carta.
(D) Ela finge porque queria escrever aquela carta mais tarde.
2.2. Transcreve um excerto que mostre que Vanessa diz o contrário do que pensa. Justifica a tua escolha.
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2.3. Explica por palavras tuas a verdadeira intenção de Vanessa ao dar este conselho ao bebé com base na
afirmação “Vem como rapariga, por favor, para ver se param de me chatear ” (ll. 13-14).
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©LeYa Educaçã o 2020 / Português 8.º ano / Autoras: Carla Marques e Ana Paula Neves
VANESSA VAI À LUTA
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3. Completa a tabela com três atitudes da Fada Marina que mostrem que ela pensa que Vanessa é
semelhante a uma Cinderela da história de fadas.
Afirma que
1.a atitude _________________________________________________
Afirma que
2.a atitude _________________________________________________
Acredita que
3.a atitude ________________________________________________
5. Assinala a indicação cénica que poderia acompanhar a fala de Vanessa no final do texto.
(A) (Mostrando uma cara de horror e fazendo um gesto de nojo).
(B) (Falando com voz triste e mostrando um olhar desiludido).
(C) (Dançando com um ar trocista e fazendo um gesto que imita um vómito).
(D) (Falando com voz zangada e imitando com aborrecimento um rapaz).
©LeYa Educaçã o 2020 / Português 8.º ano / Autoras: Carla Marques e Ana Paula Neves