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A história do Rosário. Você conhece?

Daniel Afonsooutubro 7, 2020


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Se considerarmos as orações cristãs, provavelmente o Rosário é a maior do
mundo. Conhecido como saltério da Virgem Maria encontramos no dedilhar das
contas, histórias de povos, famílias, pessoas. A saudação do Anjo, repetida tantas
vezes, assim como os salmos, vão sendo alternados por episódios da vida de
Cristo e de Maria como se de dois espelhos falássemos que se iluminam um ao
outro.

Na história católica tivemos de esperar até Pio V para de 1566 até 1572 até
vermos uma consagração oficial desta prática devocional fixando as normas que
chegaram aos nossos dias com a Bula Consueverunt romani Pontifices. Claro
está que a história do Rosário é muito mais antiga, podemos fixar uma data de
grande difusão: séc. XII. Neste século encontramos a piedosa prática da recitação
da Ave Maria, certamente que esta saudação era já conhecida muito antes desta
época. No final do séc. VII a antífona de ofertório do IV Domingo de Advento, uma
celebração de clara acentuação mariana, já encontramos a Ave Maria. Imitando,
por assim dizer, a oração monástica da repetição dos 150
salmos davídicos encontramos, para os monges iletrados, a repetição do mesmo
número de Pai-Nosso ou de Ave Maria. 

Um particular da oração que será repetida no Rosário, é o fato de ter apenas a


primeira parte, correspondente à saudação angélica Ave [Maria] cheia de graça o
Senhor está contigo e a bênção de Isabel: Bendita és tu entre as mulheres e
bendito é o fruto do teu Ventre. Esta é a oração original que foi repetida durante
séculos, e só no final do século XV é que encontraremos a segunda parte Santa
Maria. Importa ainda referir que a oração do Pai-Nosso monges e leigos a
dividiam em 3 vezes (50+50+50) durante o dia e que o Papa Pio V faria entrar
esta modalidade na publicação do breviário em 1586.

Regressando no tempo ao século XIV encontramos um importante marco na


história do Rosário quando o monge cartuxo Enrique de Kalkar (1328-1408)
subdividiu o saltério da Virgem em grupos de 15 dezenas inserindo entre cada
uma delas um Pai-Nosso. É desta mesma época Alan de la Roche, dominicano
(1428-1475) que começa a difundir a história de uma suposta difusão do Rosário
por parte de São Domingos de Gusmão (1170-1221). Sobre este fato histórico de
forma indireta apenas sabemos referir que o saltério mariano se pode documentar
antes mesmo do nascimento do santo. Outro elemento, não menos importante é o
uso desta forma popular de oração pelos seus frades e provavelmente também
por São Domenico, basta pensar às Confrarias Marianas fundadas por São Pedro
de Verona (1205-1252) que tinham como carisma divulgar a devoção à Virgem.
Portanto se de uma paternidade do Rosário não se pode falar, pelo menos um
incentivo à devoção mariana é presente, não tanto nos escritos quanto na
atividade pastoral do fundador da Ordem dos Pregadores.   

Na forma atual nós repetimos a Ave Maria e o Pai–Nosso intercalando-os com a


meditação dos mistérios. Foi apenas no século XV que Domingos da Prússia
(1382-1461) o introduziu reduzindo o número de Ave Maria a cinquenta no final de
cada se acrescentava uma referência a um evento evangélico (quatorze da vida
de Jesus em Nazaré, seis sobre a vida pública, vinte e quatro sobre a paixão e
morte e por fim seis sobre a glorificação de Cristo e sua Mãe). Esta forma de
oração, de meditação subdividida acabará por dar-nos o Rosário na modalidade
que a conhecemos. Na realidade, esta forma acabou por proliferar em toda a
Europa e no séc. XV já se contavam mais de trezentos saltérios deste gênero.
Teremos de esperar a pregação e a fundação das confrarias de Alano de la
Roche, já citado, para encontramos o novo Rosário da Bem Aventurada Virgem
Maria – nome dado pelo dominicano, dividido em três partes: encarnação, paixão
e morte, glória de Cristo e de Maria.

Já dentro da Ordem dos Pregadores veremos em 1521 Alberto de Castelo a


reduzir estes mistérios a quinze, propondo simples comentários ao mistério
recitando a Ave Maria. Esta reforma do novo saltério mariano foi se impondo um
pouco por toda a Europa sobretudo nas confrarias até chegar à sua primeira fase
em 1569, como já citamos, com Pio V na sua bula que lhe deu a forma que
chegou aos nossos dias.

O Rosário diversamente de outras devoções populares tem a particularidade de


ser uma forma universal de oração ao ponto de fundir-se com o conceito de
piedade mariana que desde as mais remotas paróquias e mosteiros até aos mais
longínquos povos cristianizados se continua a difundir e a congregar. E mesmo
quando a avalanche de críticas, pouco evangélicas, à piedade popular, colocaram
em discussão este pio exercício e não deixou de vir ao seu encontro o magistério
dos Santos Padres que falaremos no próximo artigo.

E você? Tem costume de rezar e meditar o Santo Rosário? Tem dúvidas


sobre ele? Comente aqui!

O Rosário no Vaticano II até os dias de


hoje

Daniel Afonsooutubro 9, 2020


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O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi seguramente um dos momentos mais
marcantes na história do cristianismo no segundo milênio e é o ponto de partida
para vivermos a fé em Cristo no terceiro milênio. Este Concílio foi aquele que mais
espaço dedicou a Maria e também aos exercícios de piedade para com a Mãe da
Igreja pois como afirma a Lumen Gentium 67 (1964):

«Muito de caso pensado ensina o sagrado Concílio esta


doutrina católica, e ao mesmo tempo recomenda a todos
os filhos da Igreja que fomentem generosamente o culto da
Santíssima Virgem, sobretudo o culto litúrgico, que tenham
em grande estima as práticas e exercícios de piedade para
com Ela, aprovados no decorrer dos séculos pelo
magistério, e que mantenham fielmente tudo aquilo que no
passado foi decretado acerca do culto das imagens de
Cristo, da Virgem e dos santos».
São Paulo VI (1963-1978) com a carta encíclica Christi Matri (1966) explica o
sentido das palavras do Concílio Vaticano II que mesmo não se referindo
explicitamente ao Rosário não deixa de afirmar: «o Concílio Ecumênico Vaticano
II, ainda que não expressamente mas com clara indicação, reacendeu na alma de
todos os fiéis da Igreja o fervor pelo Rosário, recomendando a estima para com as
práticas e exercícios de piedade para com Ela [Maria], como foram recomendados
ao longo dos tempos pelo magistério». Na mesma Encíclica o papa recordou que
o Rosário é a oração para obter a paz, refúgio e alimento da fé. Alguns anos mais
tarde com a exortação apostólica Recurrens mensis october (1969) São Paulo VI
afirmou: «meditando os mistérios do Santíssimo Rosário nós aprenderemos,
seguindo o exemplo de Maria, a tornarmo-nos almas de paz, através do contato
amoroso e incessante com Jesus e com os mistérios da sua vida redentora». Esta
grande oração ‘pública e universal’ poderá ser proferida na sua forma estabelecida
por São Pio V ou então nas modalidades que a adaptam à legítima necessidade
dos nossos dias.

Do ponto de vista histórico, foi esta acentuação à perspectiva de renovação do


Rosário que fez surgir novas formas de recitação que encorajaram experiências
pastorais de adaptação do Rosário, segundo as experiências locais, inculturadas.
Novamente São Paulo VI tratará sobre a questão do Rosário, ainda que de forma
difusa, com a exortação apostólica Marialis Cultus (1974) onde o núcleo da oração
mariana é explicado nos seus elementos essenciais: a) a contemplação dos
mistérios da salvação distribuídos em três ciclos; b) a oração do Senhor e do Pai
Nosso, que pelo seu imenso valor é a base da oração cristã; c) a sucessão litânica
da Ave Maria é o número fixado pela tradição; d) a doxologia do Glória ao
Pai conclui esta devoção com a oração à Trindade Santa. Ao mesmo tempo a
súplica de louvor deu origem a novas formulações de orações como se de
celebrações da palavra se tratassem.

São João Paulo II (1978-2005) é conhecido pelo Papa do Rosário, sobre o qual


interveio com o Rosarium Virginis Mariae (2002) onde exprime o sentido da
oração na contemplação do rosto de Cristo em Maria e nas atitudes que o orante
deve encarnar como suas quando afirma no n. 14:

«uma escola, a de Maria, ainda mais eficaz, quando se


pensa que Ela a dá obtendo-nos os dons do Espírito Santo
com abundância e, ao mesmo tempo, propondo-nos o
exemplo daquela «peregrinação da fé», na qual é mestra
inigualável. Diante de cada mistério do Filho, Ela convida-
nos, como na sua Anunciação, a colocar humildemente as
perguntas que abrem à luz, para concluir sempre com a
obediência da fé: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra» (Lc 1,38)». 
No decorrer da carta apostólica o Papa polaco propõe à comunidade dos
batizados no mesmo Espírito uma nova série de cinco mistérios da luz no n. 21:

«passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública


de Jesus, a contemplação leva-nos aos mistérios que se
podem chamar, por especial título, “mistérios da luz”. Na
verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a «luz do
mundo» (Jo 8,12). Mas esta dimensão emerge
particularmente nos anos da vida pública, quando Ele
anuncia o evangelho do Reino. Querendo indicar à
comunidade cristã cinco momentos significativos –
mistérios luminosos – desta fase da vida de Cristo,
considero que se podem justamente individuar: 1º no seu
Batismo no Jordão, 2º na sua auto-revelação nas bodas de
Caná, 3º no seu anúncio do Reino de Deus com o convite
à conversão, 4º na sua Transfiguração e, enfim, 5º na
instituição da Eucaristia, expressão sacramental do
mistério pascal».
Como elemento de novidade se introduz à enunciação dos mistérios a
contemplação de um ícone, a proclamação de um texto bíblico seguido de um
pausa de silêncio, nas Ave Maria pode-se introduzir uma cláusula para invocar o
mistério e dar relevância ao nome de Cristo; o Glória na oração pública pode
também ser cantado e em vez das habituais jaculatórias se aconselha uma oração
para obter os frutos da meditação.

Esta ‘nova modalidade’ da contemplação dos mistérios coloca em causa a


conformação das Ave Maria com o saltério davídico contudo fica salvaguardado
que esta integração não compromete a composição tradicional do Rosário pois é
entregue à liberdade dos orantes pois como o Santo Padre do Totus tuus afirma
no n. 38: 

«o Rosário pode ser recitado integralmente todos os dias,


não faltando quem louvavelmente o faça. Acaba assim por
encher de oração as jornadas de tantos contemplativos, ou
servir de companhia a doentes e idosos que dispõem de
tempo em abundância. Mas é óbvio – e isto vale com mais
forte razão ao acrescentar-se o novo ciclo dos mysteria
lucis – que muitos poderão recitar apenas uma parte,
segundo uma determinada ordem semanal. Esta
distribuição pela semana acaba por dar às sucessivas
jornadas destas uma certa “cor” espiritual, de modo
análogo ao que faz a Liturgia com as várias fases do ano
litúrgico. Segundo a prática corrente, a segunda e a quinta-
feira são dedicadas aos “mistérios da alegria”, a terça e a
sexta-feira aos “mistérios da dor”, a quarta-feira, o sábado
e o domingo aos “mistérios da glória”. Onde se podem
inserir os “mistérios da luz”? Atendendo a que os
mistérios gloriosos são propostos em dois dias seguidos –
sábado e domingo – e que o sábado é tradicionalmente
um dia de intenso caráter mariano, parece recomendável
deslocar para ele a segunda meditação semanal dos
mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada a
presença de Maria. E assim fica livre a quinta-feira
precisamente para a meditação dos mistérios da luz.
Esta indicação, porém, não pretende limitar uma certa
liberdade de opção na meditação pessoal e comunitária,
segundo as exigências espirituais e pastorais e sobretudo
as coincidências litúrgicas que possam sugerir oportunas
adaptações. Verdadeiramente importante é que o Rosário
seja cada vez mais visto e sentido como itinerário
contemplativo. Através dele, de modo complementar ao
que se realiza na Liturgia, a semana do cristão, tendo o
domingo – dia da ressurreição – por charneira, torna-se
uma caminhada através dos mistérios da vida de Cristo,
para que Ele Se afirme, na vida dos seus discípulos, como
Senhor do tempo e da história».
Com particular brevidade seja pelo Pontificado que pela produção de caráter
mariológico apenas indicamos as palavras de Bento XVI (2005-2013) quando em
2010 em Fátima, Portugal, tendo recitado o Rosário, na capelinha das Aparições,
com os vários milhares de pessoas que alí se encontravam disse:

«é uma admirável manifestação de fé em Deus e de


devoção à sua e nossa Mãe, expressas com a recitação
do Santo Rosário. Esta oração, que está no coração do
povo cristão, encontrou em Fátima um centro propulsor
para toda a Igreja e para o mundo. A ‘Branca Senhora’, na
aparição de 13 de junho, disse aos Pastorinhos: ‘quero que
reciteis o terço todos os dias’. Poderemos dizer
que Fátima e o Rosário são quase um sinônimo» (Bento
XVI, A partir de Fátima, uma mensagem de esperança
para além dos horrores da história).

Já em nossos dias encontramos o Santo Padre Francisco (2013-) quando no dia


31 de Maio de 2013 no encerramento do mês de Maria na praça de São Pedro
descreve as atitudes da Mãe de Jesus como: escuta, decisão e ação. Estas
palavras acabariam por descrever a atitude do Papa argentino acerca do Rosário
que é a contemplação com Maria dos mistérios de Jesus, onde se aprende a
ouvir, a decidir-se e a agir pelo Reino de Deus. Portanto o Rosário para o Papa
Bergoglio é uma oração que nos educa a estar prontos para ouvir a Palavra de
vida e que nos leva a decidir pela opção fundamental que é aquela de seguir Deus
em Cristo e tal nos leva à identificação com Maria, mulher de fé, amada por Deus.

Conte para nós quais as graças que você já recebeu com o rosário.

Ainda sobre o Rosário: visão dos


Santos Padres.

Daniel Afonsooutubro 8, 2020


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Ao longo dos séculos não faltam referências dos Santos Padres acerca do
Rosário. Mais do que elencar documentos, procuraremos nas próximas linhas a
novidade que cada um dos documentos trouxe para a compreensão do lugar que
o Rosário ocupa no ensinamento magisterial. Começamos por Pio V (1566-1572),
Santo e Dominicano, este Papa é conhecido pelo Papa do Rosário pois com a
bula Consueverunt  Romani Pontifices, 17 de setembro de 1569, define esta
oração como: 

‘O Rosário, ou Saltério da Bem Aventurada Maria é um


modo pio de oração a Deus, modo fácil que todos podem
realizar, que consiste em louvar a Bem Aventurada Virgem
repetindo a saudação angélica cento e cinquenta vezes,
tanto quantos são os salmos de Davi dividindo a cada
dezena com a oração do Senhor, com determinadas
meditações que ilustram a inteira vida do Senhor Nosso
Jesus Cristo’.
Mais tarde com a Bula Salvatoris Domini (1572) São Pio V referindo-se à vitória da
Batalha de Lepanto instituiu a festa litúrgica em memória de tal vitória. A doutrina
de S. Pio V acerca do rosário se pode sintetizar da seguinte forma: a) é uma
oração que deve ser rezada para superar dificuldades de calamidades,
pestilências, guerras e outros problemas; b) é um meio que todos podem usar; c)
tal caminho revelou-se de grande ajuda contra as heresias e perigos da fé
realizando numerosas conversões; d) deve ser recitado por todo o povo cristão.

 O sucessor Papa Gregório XIII por sua vez com a bula Monet Apostolus (1573)
instituiu a festa solene do Rosário, colocando-a no primeiro domingo de Outubro.
Os sucessivos documentos magisteriais apenas vão conceder privilégios,
indulgências, normas para as diversas confrarias. A importância documental está
no fato que, mesmo não atribuindo novidades, o Rosário continuou a ser de suma
importância para a Sede Apostólica ‘como exaltação da fé católica, extirpação das
heresias, conservação da paz entre os príncipes cristãos’ (Papa Clemente VIII,
bula Salvatoris et Domini, 13 janeiro 1593).
Já na aurora do século XX temos o convite do Beato Pio IX (1846-1870)  com a
carta Egregiis suis a rezar o Rosário pelo êxito do Concílio Vaticano Iº (1869-
1870). Poucos anos mais tarde Leão XIII (1878-1903) assinando 12 Encíclicas e
duas cartas apostólicas sobre os temas do Rosário acabaria por influir
decisivamente na cristalização do mesmo na experiência cristã de oração. É neste
pontificado que o mês de Outubro é dedicado ao Rosário, oração que segundo o
Papa é um meio fácil para fazer entrar e enraizar nas almas os dogmas principais
da fé cristã. Sobre os males da sociedade o Papa da encíclica social Rerum
Novarum convida à recitação do Rosário para superar a aversão ao sacrifício e ao
sofrimento que a fé conduz pois nos ensina a olhar para os sofrimentos de Cristo
e nos conduz a uma vida humilde e trabalhada à imagem da humildade de Cristo
e de Maria. Os mistérios da vida futura a o repúdio dos bens materiais consegue-
se através da meditação e contemplação dos mistérios da vida de Cristo, de Maria
e dos Santos.

Na mesma linha de pensamento Pio XI (1922-1939) com a


encíclica Ingravescentibus malis, 20 setembro de 1937, convida à oração na hora
do perigo à Rainha do Céu, sobretudo com o Rosário, que entre as orações à
Virgem ocupa o primeiro lugar. É uma via para suscitar virtudes evangélicas,
suscitar a fé católica, reavivar a esperança e a caridade.
O Venerável Pio XII (1939-1958) acerca do Rosário dedicou uma encíclica e oito
cartas. Segundo o Papa, que proclamou dogmaticamente a Assunção de Maria
em 01/11/1950, esta oração é: a síntese de todo o Evangelho, meditações dos
mistérios do Senhor, o sacrifício vespertino, a coroa de rosas, o hino de louvor, a
oração da família, o compêndio da vida cristão, o penhor seguro de favor celeste,
o presídio para a esperança da salvação. Com a encíclica Ingruentium
malorum (1951), o Santo Padre afirmava que:

«ainda que não exista um único modo de orar para obter


ajuda, contudo nós estimamos que o santo rosário seja o
meio mais conveniente e eficaz: tal como o demonstra a
sua origem, mais divina que humana, desta prática, seja
também pela sua íntima natureza… Não hesitamos em
afirmar de novo publicamente que grande é a esperança
que nós colocamos no santo rosário para curar os males
que afligem os nossos tempos. Não com a força, não com
as armas, nem com humana potência, mas com a ajuda
divina obtida por meio desta oração, forte como David com
a sua funda, a Igreja poderá afrontar impávida o inimigo
infernal».
O Papa que iria abrir o Concílio Vaticano II, São João XXIII (1958-1963) revelou
que ao longo da sua vida o Rosário sempre fez parte da sua espiritualidade.
Explicou o seu magistério sobre o Rosário em várias encíclicas e discursos. Entre
os quais citamos a Grata recordatio (1959) falando sobre a devoção do Rosário
durante o mês de outubro, onde o Santo Padre afirma: ‘o Rosário, como todos
sabem, é um modo excelente de oração meditada, constituído pela mística coroa,
na qual as orações do Pai Nosso, da Ave Maria e da Glória se entrelaçam na
consideração dos mais altos mistérios da nossa fé, pelo que é apresentada à
nossa mente como em tantos quadros, o drama da encarnação e da redenção de
Nosso Senhor’. Poucos anos mais tarde com a carta apostólica O religioso
convênio (1961) com um trato paterno sobre os fiéis, que representa com uma
linguagem nova o valor e a eficácia do Rosário e é uma verdadeira suma do
Rosário.

O nosso percurso termina aqui às portas do Vaticano II (1962-1965) onde Santos


como Paulo VI, João Paulo II influíram, reformularam e releram à luz do Concílio a
mais rezada oração do mundo. Amanhã teremos mais conteúdo celebrando o
mês do Rosário!

A experiência do “encontro” com a


imagem de Aparecida

Daniel Afonsooutubro 12, 2020


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A Mariologia para além de ser um pensamento interdisciplinar acerca de Maria na
Revelação e as suas influências no pensamento dogmático e litúrgico se dedica
também ao ‘fenômeno mariano’. Certamente as aparições são as mais
conhecidas, mas existem outros termos que designam de forma geral a presença
de Maria: as mariofanias e as visões.

Para além destes termos dentro do ‘fenômeno mariano’ existe um evento muito
documentado e originante de vários santuários que é a inventio, a tradução deste
termo não é invenção mas sim encontro. A experiência do encontro com a
imagem de Aparecida é então um encontro, dadas as suas particularidades. Não
querendo aqui referir a história de Aparecida de todos conhecida, gostaria apenas
de colocar em perspectiva mariológica a importância de uma inventio. 

Este termo provém de Alexandre de Cipre (m. 565) que escreve a obra Inventio
Crucis que se refere à descoberta, encontro da Cruz de Cristo. É uma obra que se
dedica ao louvor da cruz recapitulando a história da criação, da religião,
praticamente do mundo até aos tempos de Constantino, oferecendo uma visão da
encarnação e da Trindade dirigidas à Cruz.

Para encontrarmos este termo aplicado à questão mariana será Teodoro Sincelo
que no século VII escreveu a obra Inventio et depositio vestis in Blachernis que
trata da descoberta das vezes da Mãe de Deus e da sua translação de Jerusalém
para a Igreja de Blachernis, outrora Constantinopla, atual Istambul na Turquia. 

A partir destes dois elementos históricos, a cruz e as vestes, podemos ver como
estruturalmente se indica uma realidade escondida, que por divina Providência é
desvelada ao olhar humano e naturalmente ou sobrenaturalmente se oferece
gratuitamente. De fato, não existem relatos de uma procura de imagens de Maria
mas de um encontro improviso de uma imagem. Do ponto de vista mariológico é o
Deus invisível que se deixa conhecer através de meios dos quais Maria é uma
presença por excelência. 

Permitindo-me saltar de séculos gostaria de concluir indicando que aquele que


procura Deus no tempo que hoje vivemos, que é refletido na nossa sensibilidade
eclesial, deverá deixar-se tocar, e quem sabe trespassar pelo Espírito Santo.
Apenas Ele é que pode tornar concreta, fecunda e estável a vida de fé de todos os
dias, foi esta a experiência histórica de Maria de Nazaré. Ao mesmo tempo, tal
como Maria, procuramos continuamente o grande dom do Espírito Santo que é
Cristo, nós procuramo-lo e aprendemos onde encontrá-lo. Na tradição latina Maria
é conhecida por inventrix gratiae, ou seja do verbo invenire que nós traduzimos
por encontro mas também por procura precisa. Procurar com um objetivo que é
claramente a radicalidade com que o Espírito Santo ‘inundou’ a Serva do Senhor.
Prefiguração de cada fiel que aproximando-se da Mãe de Deus se aproxima do
Espírito e de Jesus Cristo para ser conduzido ao Pai. 

Permitam-me terminar o nosso percurso com as palavras de São Bernardo


quando diz: «Per te accessum habeamus ad Filium, o benedicta inventrix gratiae,
genitrix vitae, mater salutis: ut per te nos suscipiat qui per te datus est nobis» [Por
ti temos acesso ao Filho, oh bendita ‘encontradora’ da graça, geradora da vida,
mãe da salvação: para que nos acolha Aquele que por ti nos foi dado] (De
adventu Domini, serm. 2, n. 5). O sentido da inventio de Aparecida pode encontrar
nesta fórmula a sua razão de ser.

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