SEMANA 10

TEMA COMO A LEITURA DA PALAVRA IMPACTA A LEITURA DO MUNDO?

DESAFIOS DA SEMANA
TEXTO 1 EXTRA! EXTRA! O EXTRAORDINÁRIO NO ORDINÁRIO.
Escreva uma dissertação argumentativa
sobre o tema: Como a leitura da palavra
impacta a leitura do mundo?
Para superar os maiores desafios da escrita:
23 de abril de 2016 25 de abril de 2019 23 de novembro de 2018 (1) Escreva uma DISSERTAÇÃO ABERTA ou
No Dia Mundial do Livro, ONU Ler, escrever, contar e respeitar: uma DISSERTAÇÃO ENEM (escolha, no
destaca leitura e escrita como Hábitos digitais estão França volta ao básico na Google Classroom, a folha de redação
pilares de sociedades livres e “atrofiando” nossa habilidade de educação para desenvolver a correspondente).
tolerantes leitura e compreensão aprendizagem dos alunos (2) Faça referência a um ou mais poemas
compartilhados nos Minutos de
Desassossego da Semana 9 (clique aqui)
e/ou nas aulas coletivas.
(3) Aproveite os textos extracoletânea para
6 de agosto de 2018 28 de fevereiro de 2019 6 de dezembro de 2017 dissertar sobre como a leitura é um
Três em cada dez são Brasil levará 260 anos para Brasil é o 2º país com menos
atingir o nível de leitura de mecanismo que possibilita a liberdade
analfabetos funcionais no noção da própria realidade,
países desenvolvidos humana.
país, mostra estudo IBOPE aponta Ipsos ***
Inteligência Nesta semana, vamos aplicar nosso conhe-
cimento sobre a leitura da realidade com
base nas discussões das aulas coletivas.
TEXTO 2 O QUE É, O QUE É?
O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A SAIBA MAIS!
leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura Em 1981, o educador Paulo Freire publicou “A importância do ato de ler”,
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e obra na qual defende a leitura não como decodificação de letras e sons,
realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser mas sim como a capacidade de associar linguagem e realidade. Para o
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o autor, o leitor desempenha um papel político e crítico ao ler a palavra
texto e o contexto. Esse movimento do mundo à palavra e da palavra ao com base na sua leitura de mundo.
mundo está sempre presente. Movimento em que a palavra dita flui do
mundo mesmo através da leitura que dele fazemos. De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida
pela leitura do mundo mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.
Paulo Freire. A importância do ato de ler. São Paulo, Cortez, 1989. [Adaptado].

TEXTO 3 POR FORÇA DA LEI, É PRECISO LER.

Art. 1º. Esta Lei institui a Política Nacional do Livro, mediante as seguintes
diretrizes:
I - assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do
livro; [...]
V - promover e incentivar o hábito da leitura;
[...]
IX - capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para
seu progresso econômico, político, social e promover a justa distribuição do
saber e da renda;
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.753.htm [Adaptado].
AVALIE, ANALISE E ARGUMENTE!
A Lei n. 10.753 de 2003 está sendo cumprida? Conforme as manchetes
apresentadas, todos os brasileiros têm acesso à leitura? Há um hábito de
leitura que conscientize o cidadão para que consiga ler o mundo? Por que
essa capacitação da população não é efetivada? Como a distribuição, ou
melhor, a democratização do saber promove a distribuição da renda?

TEXTO 4 U M A I M A G E M V A L E M A I S Q U E M I L P A LA V R A S . S E R Á ?

Disponível em: http://www.blogdaletrinhas.com.br/conteudos/visualizar/Uma-nova-leitura-das-historias-em-quadrinhos

 QUER AMPLIAR SUA ENCICLOPÉDIA?
LEIA SEMPRE E TUDO QUE PUDER, INCLUSIVE AS LETRAS MIÚDAS: ARTE E EMANCIPAÇÃO PODEM SER ESTUDADOS COMO LEITURAS COMPLEMENTARES.

LEITURA 1 ESTE TEXTO VAI MUDAR A SUA VIDA!

No livro “O prazer do texto”, o filósofo
Roland Barthes (1915–1980) ressalta que
qualquer escritura possui o seu “prazer"
longe das “verdades” linguísticas, políticas
e sociais, visto que o sentido de cada texto
se diversifica conforme a percepção de
mundo do leitor. Em outro texto, intitulado
“Aula”, Barthes afirma que a escritura, ou
seja, a prática de escrita, que atinge a sua
máxima expressão com a literatura, confi-
gura-se como um exercício de liberdade,
na medida em que burla as regras da
língua e joga com o poder exercido pelas
limitações da linguagem de forma a produ-
zir novos conhecimentos. Assim, a escritu-
ra faz do saber uma festa, porque dá sabor
às palavras, “é esse gosto das palavras
que faz o saber profundo, fecundo”, afirma
o autor.
Se aceito julgar um texto segundo o prazer, não posso ser
levado a dizer: este é bom, aquele é mau. Não há quadro de
honra, não há crítica, o que posso fazer é aproveitá-lo de
duas formas. Texto de prazer: aquele que contenta, enche,
dá euforia; aquele que vem da cultura, não rompe com ela,
está ligado a uma prática confortável da leitura. Texto de
fruição: aquele que põe em estado de perda, aquele que
desconforta, faz vacilar as bases históricas, culturais,
psicológicas, do leitor, a consistência de seus gostos, de
seus valores e de suas lembranças, faz entrar em crise sua
relação com a linguagem. Eu amo o texto porque ele é para
mim esse espaço raro da linguagem, do qual está ausente
toda “cena”, toda logomaquia. O texto não é nunca um
“diálogo”: não há risco nenhum de fingimento, de agressão,
de chantagem. Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até
aqui esse tecido foi sempre tomado por um produto, por um
véu todo acabado; o tecido se trabalha através de um
entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido o sujeito se
desfaz nele, como a aranha que se dissolvesse ela mesma
nas secreções construtivas de sua teia.
Barthes proporciona uma visão do texto como
corpo subjetivo dependente não da criação
do escritor, mas sim da interpretação do
leitor, que encontra na “leitura de fruição” um
meio de ser deslocado da sua zona de con-
forto ao ler o mundo pela perspectiva estabe-
lecida pela literatura, já que o texto literário
mobiliza os saberes de diferentes áreas ao
mesmo tempo, sem fixar nenhum deles e, por
isso, seria a única disciplina que não poderia
ser excluída do currículo escolar. Essa análi-
se barthesiana é passível de relação com o
texto “Direito à literatura”, em que o crítico
brasileiro Antonio Candido define a literatura
como necessidade mundial devido ao fato de
ser um mecanismo que dá forma aos senti-
mentos e que nos liberta do caos e das
“certezas” científicas, ou seja, nos humaniza
ao nos proporcionar autoconhecimento.

Ronald Barthes. O prazer do texto. São Paulo, Perspectiva, 1987. [Adaptado].

LEITURA 2 SENTE-SE, QUE LÁ VEM LITERATURA!

Elogio ao Aprendizado Frequente a escola, você que não tem casa!
Aprenda o mais simples! Adquira conhecimento, você que sente frio! SAIBA MAIS!
Para aqueles cuja hora chegou Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Bertolt Brecht (1898-1956) foi um poeta modernista
Nunca é tarde demais! Você tem que assumir o comando.
alemão. Em seu poema “Elogio ao aprendizado”,
Aprenda o ABC; não basta, mas aprenda! Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Brecht destaca o conhecimento como única forma de
Não desanime! Comece! É preciso saber tudo! Não se deixe convencer!
comandarmos nossas vidas. Nos trechos “Aprenda o
Você tem que assumir o comando! Veja com seus próprios olhos!
ABC” e “agarre o livro: é uma arma”, o alemão desta-
Aprenda, homem no asilo! O que não sabe por conta própria, não sabe.
ca como a leitura é fundamental, visto que a compre-
Aprenda, homem na prisão! Verifique a conta É você que vai pagar.
ensão do mundo por meio da palavra promove
Aprenda, mulher na cozinha! Ponha o dedo sobre cada item
cidadãos mais críticos, políticos e, assim, livres.
Aprenda, ancião! Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando! Você tem que assumir o comando.
Bertolt Brecht. Elogio do Aprendizado. In: Poemas 1913-1956. São Paulo, Brasiliense, 1986. [Adaptado].

LEITURA 3 NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS.

SAIBA MAIS!
Nesta entrevista à revista Prosa Verso e Arte, o
filósofo francês Edgar Morin (1921–) pondera que
a leitura é importante, pois permite que o indivíduo
conheça diversas áreas do conhecimento, da
mesma forma que a leitura que o homem faz do
mundo também é importante na construção dos
significados possíveis da literatura.
Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/o-verdadeiro-papel-da-educacao-edgar-morin/ [Adaptado].
A literatura e as artes deveriam ter mais destaque no ensino?
Sem dúvida. Elas poderiam se constituir em eixos transdisciplinares. Pegue-se Guerra e Paz, de
Tolstói, por exemplo. O professor de Literatura pode pedir a seu colega de História para ajudá-lo a
situar a obra na história da Rússia e a um sociólogo que ajude na compreensão da organização social
da época. Toda obra de literatura tem a sua dimensão histórica, social, filosófica e cada um desses
aspectos traz esclarecimentos e informações importantes para o estudante.
Como tratar temas tão profundos como o estudo da condição humana no ensino?
Os educadores podem partir da problemática do estudante e fazer um programa de ensino de ques-
tões que partissem do ser, é o momento ideal para o aluno conhecer a história de sua nação, situar-
se no futuro de seu continente e da humanidade.

DICAS PARA VOAR AINDA MAIS ALTO

R
E
L V
F
E E
L
I J
I
A A
T
A

Para Manguel, leitura é O que nos dizem Brecht,

Ler é mais complexo do
uma arma poderosa. Bessa, Drummond e
que imaginamos
Aproveite! Abendroth