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2020
José Aristides da Silva Gamito
2020
2020
NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
CNPJ: 35.996.999/0001-55
Av. Pastor Benjamim, 142, Centro, Conceição de Ipanema/MG
E-mail: assoc.socioculturalconcipa@gmail - www.concipa.com.br
www.concipa.com.br
Redação e ilustração:
José Aristides da Silva Gamito
Ficha catalográfica:
GAMITO, José Aristides da Silva. Novas mentalidades e novas perspectivas para a coisa
pública nos municípios: Discussões dos Seminários de Educação Política de Conceição
de Ipanema. Conceição de Ipanema: Edições Concipa, 2020.
Edições Concipa
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
SUMÁRIO
1. Introdução.............................................................................................................................. 5
2. Educação política: novas mentalidades e novas perspectivas para a coisa pública nos
municípios.................................................................................................................................. 6
3. Acabar com a corrupção? comece por você: a superação de hábitos incorretos na política e o
fortalecimento da democracia................................................................................................... 13
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
INTRODUÇÃO
A prática política diária passa despercebida para muitos. O modo automático e acrítico de
realizar as coisas cede espaço para os maus hábitos se acumularem. Por isso, a Associação
Sociocultural Concipa propôs a realização de dois seminários de Educação Política na cidade de
Conceição de Ipanema, em 2020. A partir da reflexão e do debate, colocamos em evidência nossos
erros e nossos acertos. A autocrítica é imprescindível para corrigir as práticas viciadas de se viver a
política.
As cidades como Conceição de Ipanema vivem a política apenas nos 6 meses dentro dos
quais acontecem as eleições. Tanto é que “política” tornou-se sinônimo de “campanha eleitoral”. A
reflexão criteriosa e crítica nos ajuda a perceber e a superar os hábitos errados. Veja como a
linguagem denuncia um mal entendido. Muitos chamam o período eleitoral de “época da política”.
Está errado! É época de campanha eleitoral. É apenas uma parte da política. Não se faz política
apenas 6 meses a cada 4 anos.
A política acontece todos os dias. E por que erros se acumulam na prática política? É
justamente porque a preocupação com o assunto só aparece em época de eleições. Faz-se uma
algazarra e todo mundo some. Ao longo dos mandatos, ninguém mais reage, nem critica, nem
participa, nem colabora. Não se resolvem 4 anos em 45 dias! É neste sentido que estimulamos a
criação de espaços para se discutir política. Fizemos isso durante um ano eleitoral por se um tempo
oportuno, mas a intenção é promover todos os anos.
As discussões dos seminários estão apresentadas em forma de artigos e acrescentamos
outros textos necessários para despertar o interesse crítico da população pela política. Ela não pode
ficar restrita ao debate eleitoral. A política envolve muito mais coisas. SE não ampliarmos nossos
conceitos, jamais superaremos a corrupção neste país.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
1
Apontamentos para o I Seminário de Educação Política de Conceição de Ipanema
2
José Aristides da Silva Gamito
Resumo
O processo eleitoral nos municípios do interior possui diversos hábitos inadequados que
comprometem a consolidação da democracia. As campanhas eleitorais funcionam como um período
de “guerra civil”. As captações ilícitas de votos se somam à falta de comprometimento com a coisa
pública durante os mandatos. Esses costumes devem ser revistos por meio de ações de reeducação
política. A separação entre o público e o privado é a competência mais urgente a ser desenvolvida.
1.Introdução
O Estatuto da Associação Sociocultural Concipa prevê, no artigo 3º, ações que possibilitem “a
articulação da educação política e cidadã de forma apartidária, plural e democrática” no município
de Conceição de Ipanema, Minas Gerais. Procurando praticar o que está previsto neste estatuto,
criamos o projeto Educação Política. O seu objetivo é promover debates mais profundos, objetivos e
formais sobre as práticas políticas dentro do município. Já promovemos duas ações neste sentido,
iniciamos o programa “Rodada de Ideias” no YouTube e elaboramos um “Modelo de Plano de
Governo Municipal”. Este texto resume aspirações e necessidades de melhorias no município e está
disponível no sítio da associação para consultar da população. Em síntese, o modelo de plano que
dialogar com os candidatos e com a população, evidenciando algumas medidas que não podem
faltar nos planos de governo das próximas eleições.
Como medida mais direta do projeto de Educação Política, estamos realizando de forma
virtual o I Seminário de Educação Política de Conceição de Ipanema. Queremos discutir e fomentar
discussões sobre nossa compreensão municipal de democracia e de cuidado com a coisa pública.
Em dois momentos, pretendemos discutir estes problemas. O primeiro tema trata da crítica da velha
mentalidade e a proposição de novas posturas e de novos comportamentos. Depois, abordaremos a
relação entre ética e política. Estes apontamentos vão se concentrar na primeira atividade.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
concorrência para “ganharmos a prefeitura para o nosso partido”. Soma-se a este hábito, o
comportamento dos gestores públicos de conduzirem suas administrações como se estivessem
gerindo os interesses de suas famílias e dos seus eleitores. Por mais que, teoricamente, os gestores
neguem tais confusões do público com o privado, porém, o que se verifica na prática é uma
promiscuidade dessas esferas.
A noção de espaço público ainda é ausente para milhares de brasileiros. Por isso, é que a
democracia periodicamente corre riscos de encolher. Vamos iniciar conversando sobre o conceito de
esfera pública. Esta noção surgiu na Europa nos séculos XVII e XVIII e fundamenta a estrutura da
democracia. O que significa esfera pública? É a existência de um espaço “da discussão e do debate
3
público nas sociedades modernas, podendo ser espaços formais e informais.” A democracia não
funciona sem o reconhecimento de que precisamos debater publicamente nossas ideias e nossos
interesses comuns. O Estado democrático se fortalece a partir do reconhecimento de que existem
algumas regras de tratamento da coisa pública. As regras não são ditadas a partir de uma vontade
particular. Nós convencionamos a existência de uma vontade coletiva.
Portanto, estamos exercitando a esfera pública. O debate público sobre assuntos de
interesse coletivo precisa ser aperfeiçoado no Brasil. As redes sociais são espaços que permitem
essa interação e discussão, mas nem todos os envolvidos estão comprometidos com a noção de
coisa pública. Faz-se necessária uma educação política mais efetiva para o fortalecimento da
democracia e, consequentemente, da correção dos hábitos corruptos da classe política. As mídias
desempenharam um papel importante no desenvolvimento da democracia. O que é urgente, neste
momento, é recuperar a autonomia da imprensa em relação às preferências partidárias.
A primeira atitude que devemos tomar é chamar a atenção para a responsabilidade da
mudança. Não podemos culpar somente os políticos. A corrupção cria raízes e permanece porque
está sustentada por velhos hábitos da população. Todos estes hábitos negativos estão relacionados
com uma noção inadequada do que é a coisa pública. Existe uma conivência entre políticos corruptos
e as parcelas da população que os apoiam. Alguns eleitores tendem a diminuir ou negar os danos
que seus políticos preferidos fazem à coisa pública.
Quando separamos os interesses privados dos públicos, podemos tratar sobre democracia,
república e política. A coisa pública (res publica) diz respeito a:
A palavra república origina-se do termo res publica que, ao contrário de expressar apenas como
A palavra república origina-se do termo res publica que, ao contrário de expressar apenas como
antônimo de monarquia, significa coisa pública. O poder neste regime está a serviço do bem
antônimo de monarquia, significa coisa pública. O poder neste regime está a serviço do bem comum,
comum, da coisa coletiva. Não se busca, tal como no monárquico, a vantagem de um ou de poucos,
da coisa coletiva. Não
mas se
a dobusca, talIsso,
coletivo. comoditono
de monárquico, a vantagem
outro modo, implica dizer que de um oupúblico
o dinheiro de poucos, mas
deva ser a do
aplicado
coletivo. Isso, dito de outro
para modo,
ampliar implica
o espaço dizer
público e, aoque o dinheiro
mesmo público
tempo, para deva
garantir ser aplicado
e preservar para ampliar
o patrimônio de todos
4
o espaço público e,osao
cidadãos.
mesmo tempo, para garantir e preservar o patrimônio de todos os cidadãos.
3
GIDDENS, Anthony; SUTTON, Philip W. Esfera pública: cf. http://editoraunesp.com.br/blog/confira-o-conceito-de-
esfera-publica-de-acordo-com-giddens-e-sutton- Acesso em 30 jun. 2020.
4
Coisa pública versus privada: https://www.gazetadigital.com.br/editorias/opiniao/coisa-publica-versus-coisa-
privada/66327.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
Neste sentido, a Constituição Federal de 1988 disciplina bem sobre os cuidados que o gestor
deve tomar com a administração, quando diz em seu artigo 37 que: “A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
5
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...).”
Comecemos pela legalidade. Quem estiver disposto a gerir uma prefeitura, por exemplo, deve
entender que terá de obedecer a uma lei que está acima dos interesses de seu partido, de sua
família. O desrespeito à lei é o vício mais corriqueiro das administrações públicas.
Um futuro prefeito ou futuro vereador tem de disciplinar suas percepções e suas relações com
a população. Ele precisa, na prática, tratar todos como iguais. Ele age em nome do município. A
relação com todos os cidadãos, inclusive com seus eleitores preferidos, é de impessoalidade. O
município é uma instituição impessoal no tratamento dos direitos e dos deveres dos cidadãos. A
moralidade entra como garantia de que o gestor público não prejudicará os direitos de ninguém e
nem criará pretextos e subterfúgios para alguém desistir de seus direitos. Um candidato sem
princípios éticos convictos nunca será um bom gestor. Ele falhará no compromisso com o bem
comum. E não basta dizer que é ético, é preciso demonstrar com comportamento.
A falta de publicidade é outro pecado dos políticos. Muitos prefeitos disfarçam a publicação
dos atos administrativos para dar vantagem a um grupo. Isso ocorre principalmente em processos de
contratação e de licitação. A publicidade e a transparência são marcas que não podem estar
ausentes em uma administração séria. Quando há segredos e silêncios na administração, há faltas
com a população. O quadro de avisos da prefeitura não é suficiente para honrar este compromisso de
publicidade.
As cidades do interior carecem de uma imprensa. A interiorização das mídias é uma
colaboração decisiva para a democracia se fortalecer. Infelizmente, quando existem jornais e sites
de notícias nas cidades pequenas, eles não têm autonomia para fazer jornalismo. Onde falta este
espaço de cobranças, as cobras do poder criam ninhos. Consequentemente, os casos de corrupção
tendem a crescer por causa da falta de transparência e de fiscalização.
Por último, um princípio administrativo que resume todo este esforço de tornar a
administração, de fato, pública, é a eficiência. O dinheiro público pertence a todos. Portanto, a
administração precisa mostrar resultados. Os projetos precisam retratar a realidade e resultar em
benefícios para toda a população. Portanto, a coisa pública não se confunde com a família do
prefeito e nem do presidente da câmara, nem com seus eleitores e nem com os doadores de
campanha. Depois de eleito, um prefeito, gostando ou não, terá de governar para todos.
O nosso processo eleitoral é viciado desde o começo. Os partidos precisam levar em conta os
5
CF 1988: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
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6
Atribuições dos vereadores: https://www.camarapoa.rs.gov.br/noticias/atribuicoes-dos-vereadores-vao-alem-da-
criacao-de-leis.
7
O que faz um prefeito? https://www.politize.com.br/o-que-faz-um-prefeito/.
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não são uma temporada de “festinhas”. Os eleitores têm de mudar a mentalidade e não aceitar
ofertas de emprego, dinheiro e favores em troca do voto.
O modo de se fazer campanha nos municípios favorece a corrupção. Os processos começam
errados. A comunidade se divide e muitos confundem preferência partidária com amizade. Isso é
extremamente prejudicial para o bem-estar coletivo. O diálogo, a convivência e os serviços ficam
contaminados pelas divisões. Os serviços públicos não podem ser sabotados durante o período
eleitoral e nem a convivência entre familiares, entre vizinhos e dentro das igrejas e das associações.
As campanhas se fazem fora destes espaços. Deveria existir quase um protocolo para evitarmos
estas confusões. Já que essas correções de comportamento não ocorrerão espontaneamente.
O clima de concorrência se transforma em clima de violência nos dias que antecedem e
sucedem as eleições. As exaltações dos ânimos atingem o pico máximo. Às vésperas das eleições, é
preciso superar aquela vigilância mútua pela compra de votos e acabar com a mania de sujar as ruas
com “santinhos” no dia das eleições. As relações de suspeita são negativas. As atitudes mais graves
acontecem no “dia da vitória”. As comemorações do candidato vitorioso precisam ser mais
respeitosas, menos barulhentas, sem foguetes, sem provocações. Elas se tornam revanches,
tentativas de humilhar o candidato derrotado. Na democracia não cabe este tipo de comportamento.
As campanhas precisam ser ordeiras, eficientes e democráticas. Enfim, a legislação eleitoral
vigente tem de ser respeitada e a concorrência deve ser leal, honesta e justa. Para isso é necessário
um pacto entre concorrentes com a colaboração de toda a população. As instituições que presam
pela democracia têm uma obrigação moral de incentivar e de mediar essas transformações.
A correção dos velhos hábitos tem de continuar na vida do município após as eleições. Há dois
hábitos graves nas administrações municipais: o assédio moral ao servidor público e a distribuição
ilegal de cargos para eleitores. Os novos prefeitos têm de parar de fazer “terrorismo”, pressão
psicológica sobre os servidores adversários. Quem vence as eleições não é dono dos servidores e
não têm o direito de fazer revanche por causa de oposição. Em muitas prefeituras, o primeiro dia da
nova administração pública é o “dia da vingança”. Os cargos começam a ser trocados, a especulação
pública se volta para ver quem será exaltado e quem será humilhado. Há cenários mais graves nos
quais o tempo da vingança dura quatro anos.
De modo semelhante, é preciso superar a perseguição política aos servidores e aos cidadãos
adversários com a negação ou a obstaculização de direitos e de acesso a benefícios públicos. Muitos
servidores públicos são assediados e constrangidos pela autoridade municipal por motivos
partidários. Além disso, os novos eleitos, além dos cargos de confiança permitidos por lei, não podem
negociar os cargos públicos para os amigos e os eleitores. O prefeito não dá empregos e nem reparte
contratos de licitação. Os processos de contratação e de licitação precisam ser abertos,
transparentes e de acesso universal. É urgente recuperar a coisa pública como imparcial e
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apartidária. Mas nem sempre podemos contar com quem fiscaliza a administração pública para
corrigir estes desvios. Eles também estão envolvidos com os velhos hábitos.
Os contratos de pessoal são as maiores ações de corrupção nas cidades do interior. Para uma
política voltada para o bem comum, precisa ser superada a tendência de burlar processos seletivos
para empregar só “companheiros” e manipular licitações para vender só para os doadores da
campanha. Há um pacto de silêncio e de conivência entre os partidos neste campo. A oposição tolera
a partilha dos benefícios da prefeitura por parte da situação para ser poupada de denúncias quando
for a sua vez. A conivência é um obstáculo grave para mudanças dos hábitos. E a população que
precisa de empregos fica nas mãos desses truques.
A população precisa de pensar em política todos os dias e não somente de quatro em quatro
anos, participar dos conselhos, das reuniões da câmara e das decisões em audiências públicas, sem
pensar unicamente nos benefícios de um partido. Precisamos elevar o nível do debate nas ruas e nas
redes sociais. Precisamos discutir política e não brigar por causa de política. As amizades e a cortesia
devem estar acima das relações partidárias. Se alguém aprender a separar o público do privado é
possível fazer isso.
4.Considerações finais
Referências
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
1.Introdução
As eleições municipais são os testes mais diretos da força da nossa democracia. Elas
envolvem decisões que estão vinculadas a problemas mais próximos do cidadão. E os municípios
brasileiros têm realidades muito distintas. Os pequenos municípios apresentam um grande desafio
para garantir o jogo democrático. As campanhas eleitorais envolvem quase todos os munícipes, o
contato é feito corpo a corpo. São territórios sem a presença de uma imprensa independente e os
órgãos fiscalizadores não alcançam esses espaços a tempo e horas. Em suma, nas campanhas
eleitorais acontecem de tudo. Muitos municípios se transformam aparentemente em “terras sem
lei”. Se quisermos acabar com a corrupção precisamos atuar justamente nessas bases.
A corrupção política nasce de um acordo silencioso e inconfessável entre candidato e eleitor. Quando
os princípios morais são relaxados para ampliar uma vantagem de votos dentro de uma campanha
eleitoral já está selado um contrato entre corruptores e corruptos. Muitos cidadãos tornam-se cabos
eleitorais não tendo em vista o bem comum, mas estão defendendo interesses particulares e de
suas famílias. No espaço público, o bem de todos deve ser pensado ao mesmo tempo. Portanto,
entra na classificação de “corrupto” tanto quem propõe práticas ilegais e imorais de captação de
votos quanto quem aceita e participa desse comportamento. Como a corrupção é sistêmica neste
país, temos de fortalecer iniciativas que atacam o problema pelas raízes. Há uma ilusão provocada
pela exposição midiática de casos de corrupção como se isso fosse um movimento exclusivo da elite
política. O ponto de partida deve ser a base. Um meio para conseguir esse objetivo é mudar os
hábitos, começando por cada um de nós.
Se compreendermos a natureza da democracia na prática, não conseguiremos justificar
comportamento corrupto nem durante campanhas e nem durante os mandatos. É urgente que as
pessoas envolvidas diretamente com a política passem por um processo de conversão de
mentalidades. Mas, para isso, precisamos de atores sociais que promovam atitudes educativas no
1
Apresentação para a discussão do 2º Seminário de Educação Política de Conceição de Ipanema a realizar-se no dia
17/09/2020.
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campo político. Este é o papel dos setores de educação popular. As associações, as igrejas e as
autoridades com poder de fiscalização precisam entrar nessa mudança. A omissão da parte de
muitos segmentos da sociedade contribui para a continuidade dos atos de corrupção. Há um risco de
o comodismo vencer e o mal acabar por se tornar a “normalidade”. Refletiremos sobre isso a partir
de dois pontos:
2
Cf. Lei da Ficha Limpa: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp135.htm .
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nos seus valores. A tentativa de desequilibrar a igualdade das partes envolvidas na corrida eleitoral é
um ato de injustiça, de desonestidade.
A legislação eleitoral brasileira, principalmente, a Lei Geral das Eleições, procurou atacar
esses hábitos da deslealdade na concorrência. Dentre os hábitos mais graves nas campanhas
eleitorais e que são previstos pela lei 9.504/97, estão: a campanha antecipada que é proibida por
essa lei (art. 36, § 3º), a realização de showmícios para garantir vantagem eleitoral (art. 39, §7º), a
boca de urna no dia das eleições (art. 39, §5º, II). Porém, de todos esses maus comportamentos, a
compra de voto é o ato mais corriqueiro, vil e que desequilibra o jogo democrático. Há uma firme
convicção no senso comum de que o poder de vencer uma eleição é maior por parte de quem tem
maior poder aquisitivo ou tem a máquina pública nas mãos. Isso se deve ao velho hábito de comprar
votos. A lei diz:
(...) constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou
(...) constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou
entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza,
entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza,
3
inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição.
inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição.
Porém, mais vinte anos depois da promulgação dessa lei, esses crimes continuam
acontecendo. As velhas mentalidades são lentas pra mudar e acabam influenciando novas
gerações. No fundo, o que muitos cabos eleitorais defendem é o seguinte: “Vale tudo em uma
campanha, você só não pode ser pego”. Em outras palavras, se for escondido, deixa de ser errado.
Uma disputa eleitoral democrática é uma corrida entre concorrentes com oportunidades iguais.
Quando alguém burla uma regra, ele está roubando para ganhar. Se, então, ele vence a competição,
não foi honestamente que venceu. As trapaças nas eleições acontecem pela compra de votos, pelas
promessas de empregos, pelas campanhas extemporâneas e pelo uso da máquina pública em favor
de um concorrente. Elas acontecem também por meio da coerção e do boicote nas atividades
comerciais e nos empregos públicos. Existem até mesmo formas sutis de retaliação por votos no
adversário. O gérmen da corrupção está nesse processo porque quem tem coragem de trapacear
uma campanha, também o fará durante o mandato. Esses comportamentos são igualmente ilegais e
imorais. Dentro do jogo democrático, a concorrência não pode ser encarada como algo pessoal. O
que está sendo disputado é um bem que pertence a todos: o governo do município.
As administrações municipais têm uma grande dificuldade de governar para todos como
manda o jogo democrático. Alguns gestores se cercam de todas as formas para beneficiar seus
eleitores e apoiadores. Depois, se sobrar e não tiver mais jeito, se for obrigado por alguma lei, eles
beneficiam os “adversários”. A democracia tem de sair da “panelinha”. Esta conivência e proteção
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
mútua para partilhar os benefícios do poder por parte de um grupo partidário é o maior empecilho
para se acabar com a ela. O combate à corrupção enfraquece porque os grupos políticos passam a
apontar, reciprocamente, os atos de corrupção dos outros e dissimulam sua culpa argumentando
que a acusação contra os seus é, meramente, perseguição política. A “indiferença” e “dissimulação”
são os subterfúgios mais comuns. Tais manobras políticas são constantes nos espaços públicos e
transformam essa luta em um círculo vicioso.
A respeito dos maus hábitos das administrações que mais desequilibram o processo eleitoral, de
modo sistêmico, estão aqueles que desequilibram a igualdade de acesso aos empregos e aos
contratos com a administração pública. Esse acesso se transforma também em moeda de troca de
votos. São casos que envolvem benefícios e vantagens dissimulados como legais, mas que são
acordos de “panelinhas”. Queremos nos deter em dois pontos principais de compra e de paga de
voto, em longo prazo, e que ocorre dentro do mandato: as fraudes dos processos seletivos de
funcionários e de contratos de licitação pública.
a) Os empregos públicos. O acesso ao serviço público é altamente refém dos interesses
partidários. As contratações de pessoal e as licitações são os grandes focos de corrupção. Devemos
valorizar os concursos públicos porque são meios de acabar com o empreguismo e exigir que o
ingresso no serviço público seja nos termos do artigo 37, II:
II – a investidura em
II –cargo ou emprego
a investidura público
em cargo depende
ou emprego dedepende
público aprovação prévia em
de aprovação concurso
prévia público
em concurso de
público
de provas
provas ou de provas ou de
e títulos, deprovas e títulos,
acordo com de acordo comeaanatureza
a natureza e a complexidade
complexidade do cargodo ou
cargo ou emprego,
emprego, na
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
4
para cargo em comissão declarado em lei de livre
livre nomeação e exoneração;
nomeação e exoneração;
b) As licitações públicas. Assim como a lisura dos processos licitatórios para que os negócios
das empresas com as prefeituras não se tornem formas de pagamentos de votos também. Os
contratos de qualquer natureza, nesse modelo tradicional, no fundo, só servem para pagar votos ou
conquistar votos para a próxima eleição. Os municípios até seguem a legislação, mas por meio de
processos viciados e cheios de manobras. O vício está no respeito à igualdade de condições para
todos os concorrentes. Não há publicidade e transparência. É inegável o cumprimento do que a CF diz
no artigo 37, XXI, sobre licitações:
essalvados
ressalvados os casos especificados na legislação,
os casos especificados as obras,asserviços,
na legislação, compras
obras, serviços, e alienações
compras e alienaçõesserão
serão
contratados
contratados mediante mediante
processo processopública
de licitação de licitação
quepública que assegure
assegure igualdade
igualdade de condições
de condições a todos
a todos os
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
5
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações;
4
Cf . http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
5
Cf. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm .
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
A fim de neutralizar esses maus hábitos, a população precisa acompanhar as decisões das
administrações. Além da representatividade por meio dos casos eletivos, a população conta também
com a participação direta através dos conselhos, das comissões, das consultas públicas e as
conferências. Quando esses mecanismos não vão bem, eles têm de ser fortalecidos e reativados.
Eles são instrumentos que colocam a população para participar das decisões políticas. Só a
representatividade não é suficiente para que a população tenha seus direitos e suas demandas
respeitadas e ouvidas. Além disso, cabe à administração de qualquer ente federado dar satisfações
ao povo de seus atos. A transparência dos atos administrativos tem de ser um compromisso sério.
Uma prefeitura séria tem de manter informações atualizadas no Portal Transparência e publicar seus
atos administrativos em site próprio ou em jornal de ampla circulação. Muitas vezes, o que
observamos são artimanhas que os agentes públicos adotam para evitar essas obrigações.
Pensando por outro lado, como não podemos vencer todos esses defeitos da democracia
representativa, podemos ocupar alguns espaços a que temos direito e compensar esses hábitos
incorretos. Apresentaremos três mecanismos que possibilitam a participação popular na gestão
democrática: a) orçamento participativo; b) conselhos e c) projetos de iniciativa popular.
a) Orçamento participativo. Um dos mecanismos mais fortes de uma gestão democrática
é o orçamento participativo. Ele é um mecanismo que permite à população, participar e influenciar
as decisões do governo municipal em obras e serviços de grande importância para a população.
Muitas prefeituras elegem obras segundo o gosto do prefeito. Nem sempre as aspirações da
população me levada em conta. A Constituição Federal de 1988 prevê a “cooperação das
associações representativas no planejamento municipal” (art. 29, XII)6. A Lei 10.257/2001
regulamenta que as cidades devem incluir consulta e conhecimento da população em seu
planejamento orçamentário. A gestão orçamentária participativa é previsto artigo 4º desta lei e o
artigo 44 diz como dever ser realizada:
No âmbito
No âmbito municipal, municipal,
a gestão a gestão orçamentária
orçamentária participativa
participativa de que tratade que trata afalínea
a alínea f do inciso
do inciso III doIIIart.
do art.
4o
desta Lei incluirá a4orealização
desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas
de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do
do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento
7
anual, como condição obrigatória
obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.
para sua aprovação pela Câmara Municipal.
O empenho dos gestores em colocar essas leis em prática mostra o quanto eles são
comprometidos com a democracia e respeitam o povo. Não é porque eles receberam o voto para
administrar a cidade no lugar dos outros munícipes que podem tomar todas as decisões de modo
monocrático. É importante que o munícipe saiba que a administração municipal deve planejar com
6
Cf. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm .
7
Cf. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm .
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
antecedência o seu orçamento e que a população deve ser ouvida neste processo. As peças legais
para esse planejamento são o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei
de Orçamento Anual (LOA). Todas essas leis estão previstas no artigo 165 da Constituição Federal.
Em muitos municípios, os servidores responsáveis por esses documentos, sob a alegação de que
são muito técnicos, não consultam a população ou muito menos os responsáveis por cada
secretaria.
O PPA tem vigência para quatro anos e contém todo o planejamento financeiro, com objetivos
e metas para os investimentos no município. A LDO ajusta essas diretrizes orçamentárias ao longo do
mandato e a LOA faz o orçamento anual. Este orçamento pode e dever ser construído através de
assembleias e reuniões intersetores. O prefeito irá dialogar com a população a respeito das
prioridades de investimento nos municípios.
b) Os conselhos. O segundo mecanismo de gestão democrática que queremos destacar são
os conselhos. Eles permitem aos cidadãos participarem da elaboração e implementação das
políticas públicas nos municípios. Apesar de invisíveis e com membros fantasmas, se ativados
corretamente, podem fazer um bem enorme à população. A participação e a consulta da população
para esses fins estão previstas em vários artigos da Constituição Federal como o 29, inciso XII;
especificamente sobre a área da saúde, o 198, inciso III; e da assistência social, artigo 204, inciso II.
Para descentralizar as decisões, o poder público deve incluir representantes da sociedade em suas
decisões. Toda a população tem direito de ter acesso a essas reuniões mesmo não tendo poder de
voto.
Praticamente, todas as áreas de políticas públicas têm um conselho municipal: da educação,
da saúde, do meio ambiente, da criança e do adolescente etc. Os vícios dos conselhos são a pouca
frequência reuniões, membros sem voz ativa e a composição muitas vezes é feita por meio de
critérios partidários. Normalmente, as administrações municipais tendem a indicar somente
membros de sua confiança. Essas artimanhas enfraquecem o direito do povo. Os munícipes
precisam ocupar esses espaços e fazerem valer suas vozes.
c) Projetos de lei de iniciativa popular. O terceiro instrumento direto de participação que
queremos enfatizar são os projetos de lei de iniciativa popular. A CF prevê no artigo 29, inciso XIII: “-
iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;” Isso significa que a
população pode apresentar também projetos de leis a partir de suas demandas. As Leis Orgânicas
precisam acolher esse princípio e as câmaras permitirem esse exercício de cidadania. Este
dispositivo permite à população libertar-se da dependência exclusiva da representatividade dos
vereadores. Há muitos projetos que não apresentados simplesmente por falta de vontade política.
Considerações finais
Por que essas iniciativas possuem baixa adesão? Os políticos têm pouco interesse em ouvir a
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
população e acabam não divulgando esses direitos. Geralmente, as administrações vão alegar que a
iniciativa tem de ser do povo. Porém, sem conhecimento e suporte necessário, a população terá
dificuldade em ocupar esses espaços. Ao contrário de possibilitar esses mecanismos, as prefeituras
e as câmaras municipais obstaculizam juridicamente a participação popular. Então, para que a
democracia se fortaleça precisamos de mais informações para o povo e estímulo para que os
munícipes ocupem seus espaços.
Referências:
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
Resumo
O presente trabalho parte do conceito de controle social para analisar a atuação dos conselhos
municipais do FUNDEB e do CAE no município de Conceição de Ipanema (MG). São coletados dados
de funcionamento dos conselhos como frequência de reunião, pautas e autonomia para medir o grau
de eficiência do trabalho dos conselheiros. Em seguida, são discutidos esses resultados à luz do
conceito de controle social.
1.Introdução
Neste trabalho, discutimos sobre a importância dos conselhos municipais da educação para
a efetivação da democracia nas políticas públicas. Iniciamos com a conceituação de controle social e
falamos de sua importância nos municípios. Em seguida, tomamos dados dos conselhos municipais
do FUNDEB e do CAE do município de Conceição de Ipanema (MG). Avaliamos a atuação desses
conselhos e se eles, de fato, cumprem a função de controle social.
O objetivo deste levantamento é contribuir para melhoria do funcionamento dos conselhos no
município observado. Os conselhos são um instrumento importante da democracia para garantir a
efetividade das políticas públicas.
1
Trabalho final de conclusão do Curso Competências Básicas no âmbito do Programa Formação pela Escola, do
governo federal, no ano de 2018.
20
NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
responsabilidade e transparência.
No sistema de gestão da educação nacional do FNDE (Fundo Nacional para Desenvolvimento
da Educação), existe o conceito de controle social. A população representada por um conselho
acompanha e controla os gastos dos gestores da educação. A sociedade civil não somente
acompanhar os gastos, mas também as decisões que são tomadas nas políticas educacionais.
A figura dos conselhos gestores de políticas públicas é possível por causa do compromisso
com a gestão participativa que o espírito da Constituição Federal de 1988 possibilitou. A partir da
década de 90 esses conselhos cresceram no país. Esses conselhos possuem as principais
características: formação plural; representação do Estado e da sociedade civil; natureza
2
deliberativa, consultiva, fiscalizadora e mobilizadora. Isso significa que seus membros são
representantes oriundos do executivo e também da sociedade civil e que tem o poder de controlar,
acompanhar e interferir nas ações do governo municipal.
Os conselhos têm como função maior impulsionar a eficiência nas políticas públicas. Eles são
a sociedade cobrando responsabilidade e resultados do governo. Eles contrabalanceiam a força da
autoridade do executivo para que ele não haja fora dos interesses da sociedade. A transparência e a
consolidação da democracia são dois objetivos que podem e precisam ser alcançados por eles.
Os programas do FNDE são acompanhados por conselhos no âmbito dos municípios. O
controle social é exercido pelo conselho do FUNDEB, do conselho de alimentação escolar e pelas
unidades executoras próprias das escolas. O conselho do FUNDEB é composto por 9 membros
incluindo servidores indicados pelo executivo e membros da comunidade escolar (pais, professores
e alunos). Essas pessoas não são remuneradas. E seus membros têm como função acompanhar e o
controlar “a repartição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo.” Todas as verbas que o
governo federal repassar para os municípios neste fundo dever ser conhecidas pelo conselho e,
3
principalmente, acompanhadas em sua execução.
O Conselho de Alimentação Escolar é um conselho deliberativo e de controle social que
acompanha a aplicação de recursos na merenda escolar. Os conselhos escolares são outra forma
de acompanhamento da gestão educacional. Eles ajudam a decidir e a acompanhar as decisões
administrativas e de aplicação de recursos das unidades escolares.4 Portanto, os conselhos são a
extensão da comunidade “vigiando” o que o prefeito e o secretário de educação estão fazendo com o
dinheiro da educação.
O poder de atuação é assegurado pela legislação vigente. O seu funcionamento pleno e eficaz
depende de cada realidade. Mas em muitos municípios brasileiros esses conselhos enfrentam
dificuldades em serem, de fato, controladores sociais. No caso do município de Conceição de
2
BRASIL, FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Cadernos de Estudos do Curso Competências
Básicas/FNDE. Brasília: FNDE, 2018, p. 116.
3
BRASIL, 2018, p. 118-119.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
3.Discussão de resultados
A autonomia dos conselhos pode ser pensada em dois sentidos. O primeiro deles é a
4
BRASIL, 2018, p. 120-121.
5
CONCEIÇÃO DE IPANEMA, Município de. Registro de Decreto e Estatuto do Conselho Municipal de Acompanhamento e
Controle Social do FUNDEB. Conceição de Ipanema: Prefeitura Municipal, 1998, p. 1-4.
6
CONCEIÇÃO DE IPANEMA, 1998, p. 1-23.
7
CONCEIÇÃO DE IPANEMA, Município de. Registro de Atas para as reuniões do Conselho Municipal de Alimentação
Escolar. Conceição de Ipanema: Prefeitura Municipal, 1996, p. 1-22.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
5.Considerações finais
8
FRITZEN, Adriano; BIEGER, Thiago Beniz; ALLEBRANDT, Sérgio Luís; HINNAH, Daniel; THESING Nelson José. Controle
social e Conselhos Municipais: O caso do Conselho Municipal de Saúde de Santa Rosa /RS. Espacios, v. 38, n. 03, 2017,
p. 20.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
Referências
CONCEIÇÃO DE IPANEMA, Município de. Registro de Atas para as reuniões do Conselho Municipal de
Alimentação Escolar. Conceição de Ipanema: Prefeitura Municipal, 1996.
FRITZEN, Adriano; BIEGER, Thiago Beniz; ALLEBRANDT, Sérgio Luís; HINNAH, Daniel; THESING
Nelson José. Controle social e Conselhos Municipais: O caso do Conselho Municipal de Saúde de
Santa Rosa /RS. Espacios, v. 38, n. 03, 2017.
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NOVAS MENTALIDADES E NOVAS PERSPECTIVAS PARA A COISA PÚBLICA NOS MUNICÍPIOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nestes textos, procuramos levantar e classificar os hábitos incorretos e os vícios que geraram
corrupção política e que são os mais comuns nos municípios de pequeno porte. Aplicamos este
quadro referencial à política de Conceição de Ipanema. Em seguida, apontamos alguns caminhos
para moralizar a política. Mas é uma prática que depende da adesão da maioria. Há sempre a
persistência de um acordo silencioso, de um pacto de corrupção, entre candidatos e eleitores. O que
sustenta esse círculo vicioso é a visão de que o apoio político garante algum benefício particular com
coisa pública. Grande contradição! As coisas públicas pertencem a todos. Se eu permito alguém tirar
daquilo que é comum para me dar, estou lhe permitindo fazer com qualquer outra coisa. É um
certificado para a corrupção. Somente o debate, a reflexão e a participação política, além do período
eleitoral e da sombra dos partidos, poderão lançar luzes sobre a possibilidade de uma política
honesta, transparente e para todos.
Iniciamos este movimento de debate político educativo e apartidário com o lançamos do
Modelo de Plano de Governo Municipal a 22 de fevereiro de 2020. Alguns destaques de propostas do
modelo de plano de governo para Conceição de Ipanema:
1.Desenvolvimento econômico com uma agricultura diversificada, comércio forte,
pequenas indústrias por meio de cooperativismo e maior distribuição de renda. As expectativas de
empregos não podem estar focadas somente na prefeitura. Se os municípios de 5 mil habitantes
forem extintos esta realidade terá de ser repensada obrigatoriedade.
2.Educação com índices excelentes. A gestão da educação não pode perder tempo com
interferências partidárias. O foco tem de ser o desempenho do aluno. Isso quer dizer alunos 100%
alfabetizados, valorização do profissional de educação e infraestrutura de qualidade.
3.Saúde de qualidade - A saúde precisa de contar com uma estrutura básica e forte para
atende as necessidades locais. Manter nossa saúde como a melhor saúde da região tanto no
aspecto preventivo como curativo. Saúde pública envolve também segurança. Citar alguns
4.Cultura, arte e esporte. Conceição de Ipanema precisa se abrir para investimentos
nestas áreas. Que a cidade seja dinâmica e que tenham espaço e tempo para os esportes e para as
artes. Ainda não feito o suficiente nestas áreas.
5.Infraestrutura adequada. O desenvolvimento econômico e social depende de
investimento em infraestrutura. O transporte depende de uma infraestrutura adequada. As estradas
rurais e a infraestrutura urbana precisam chegar a ponto de excelência.
E tudo isso deve acontecer dentro de uma gestão democrática e participativa!
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www.concipa.com.br
21092020
Código meramente ilustrativo
sem valor legal