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* Professor Titular da Faculdade de Direito da UFMG. Desembargador Aposentado do TJM G. Doutor em Direito.
Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de M inas Gerais
RESUMO
ABSTRACT
The present article, dealing with general rules of the Obligation 's Law,
offers to us another excellent lesson of consecrated Professor Humberto
Teodoro Júnior on the peculiarities of the New Brazilian Civil Code.
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Humberto Theodoro Júnior
1. Introdução
1 “A rigor, detecta-se que o legislador preservou as modalidades básicas das obrigações classificadas pela forma da prestação,
subdivindo-as em obrigações de dar (coisa certa e incerta) (arts. 233 a 246), com inserção da modalidade de restituir (arts.
2 38 a 240); obrigações de fazer (arts. 247 a 249 e parágrafo único); obrigações alternativas (arts. 252 a 256); obrigações divisíveis
e indivisíveis (arts. 257 a 263); e obrigações solidárias (ativa e passiva) (arts. 264 a 285)” (PODESTA, Fábio Henrique. Direito
das obrigações. São Paulo: Atlas, 2002, p. 63).
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R e v ista d a F ac u ld a d e d e D ire ito d a U n iv ersid ad e F e d e ra l d e M in a s G e rais
2 Eticidade: N ã o obstante o s m éritos d o tecnicism o cu ltivado nos Sécu lo s XVIII e X IX, n ão é m ais possível “deixar de
reconhecer, em nossos dias, a indeclinável participação dos valores éticos n o ordenam ento jurídico, sem abandono, é claro,
das conquistas da técnica jurídica, que com aqueles deve-se compatibilizar”. Socialidade: “É constante o objetivo d o novo
Código no sentido de superar o m anifesto caráter individualista da lei vigente, feita para um País ainda em inentem ente
agrícola, com cerca de 80% da população no campo. H oje em dia, vive o povo brasileiro nas cidades, na mesm a proporção
de 80% , o que representa um a alte ra ç ã o de 180 grau s n a m entalidade reinante, in clusive em razão do s m eios de
comunicação, com o o rádio e a televisão. D aí o predomínio do social sobre o individual" (REA LE, Miguel. V isão geral do
novo Código. In: Novo Código Civil brasileiro, 2.ed. S ão Paulo: R T 2002, p. XII a X IV ). Para RUY R O S A D O D E A G U IA R ,
a im plantação do novo Código Civil brasileiro orientou-se por quatro atitudes básicas: “a) abandono da posição invidualista
para balizar a liberdade de contratar que será exercida em razão e nos limites da função social do contrato (art. 421), ou
seja, em vez de considerar a intenção das partes e a satisfação de seus interesses, o contrato deve ser visto com o instrumento
do convívio social e de preservação dos interesses da coletividade, onde encontra sua razão de ser e de onde extrai sua
força - pois o contrato pressupõe a ordem estatal para lhe dar eficácia”’ (Projeto do Código Civil: obrigações e contratos,
R T 775/19); b) utilização das cham adas cláusulas gerais que representam ‘normas jurídicas legisladas, incorporadas de um
princípio ético orientador d o j uiz na solução do caso concreto, autorizando-o a que estabeleça, de acordo com aquele
princípio, a conduta que deveria ter sido adotada n o caso ’. S ã o exem plos de cláusulas gerais dentro da teoria geral dos
co n tratos a orien tação de que as partes devem guardar, assim n a co n clu são do contrato, com o em su a execução , os
princípios de probidade c boa-fé (art. 422) (ibidem, p. 2 0 ); c) preocupação com a hipótese de desvalorização da m oeda,
referindo-se mais de uma vez à correção monetária (arts. 389 e 418) e aos acessórios legais como juros e parcela correspondente
a perdas e d an o s (Ibidem, p. 20-2 1 ); d) u nificação d o direito d as obrigações civis e com erciais" (P O D E S T A , Fábio
H enrique. Direito das obrigações cit., ft. 63). Cf. também H IR O N A K A , Giselda Maria F. N ovaes. In: Direito Civil: Estudos.
Belo Horizonte, Del Rey, 2000, p. 101.
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H um b erto T h e o d o r e Jú n io r
3 H IR O N A K A , Giselda Maria F. N ovaes. Direito das obrigações: caráter de permanência dos seus institutos, as alterações
produzidas pela lei civil brasileira de 2002 e a tutela das gerações. Ju s Navigotidi, Tèresina, a. 7, n. 65, m aio/2003. Disponível
em: [http://wwwl .jus.com .br/doutrina/texto.asp.2id=4094]. A cesso cm 06.11.2003.
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4 VARELA, J. Antunes. Das obrigações em geral. lO.ed. Coimbra: Almedina, 2000, v. I, p. 26.
5 HIRON AKA, Giselda Maria F. Novaes. Direito das obrigações: caráter de permanência dos seus institutos, as alterações
produzidas pela lei civil brasileira de 2002 e a tutela das gerações. Jus Navigandi, Tèresina, a. 7, n. 65, maio/2003.
6 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: teoria geral das obrigações. 5.ed. São Paulo: RTj 1994, p. 25; HIRON AKA,
Giselda Maria F. Novaes. Direito das obrigações cit., loc. cit.
7 HIRONAKA, Giselda Maria F. Novaes. Direito das obrigações cit., loc. cit.
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8 VENO SA , Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002,
v. II, p. 30-31; HIRONAKA, Giselda Maria F. Novaes. Direito das obrigações cit., loc. cit.
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9 Exemplos de divergência pretoriana: "A construção em terreno alheio não se reputa de benfeitoria, mas de acessão, cujo
efeito jurídico não verte o direito de retenção. C C -518, CC-545 e CC-547” (TJRGS, Ap. 595147638, Rei. Des. Clarindo
Favretto, ac. 29.02.1996, Juris Plenun, v. 01 a 51,Jan./Fev. 2000). “N o caso de semeadura, plantação ou edificação em
terreno alheio, o esbulhador de boa-fé tem direito a ser indenizado das benfeitorias, sem a retenção do imóvel, pois só
quando se tratar de outras benfeitorias é que lhe assiste esse direito de retenção" (STF, Rei. Min. Orosimbo Nonato, RT
216/545). Em igual sentido: TJRG S, 20®CG, AI 598155596, Rei. Des. José Aquino Flores de Camargo, ac. 29.09.1998, Juris
Plenun cit.; TJR G S, 5aCC., Ap. 595046004, Rei. Des. Clarindo Favretto, ac. 17.08.1995, Juris Plenun cit.. Em sentido
contrário: "Reivindicatória. Acessões realizadas na presença do proprietário. Equiparam-se às benfeitorias as acessões
(CC, art. 516,547 e 548). Lições da doutrina c precedente do ST J” (TJRGS, 53C C .I Ap. 597004688, Rei. Des. Araken de
Assis, ac. 15.05.1997, Juris Plenun cit.). “Embora não se confunda acessão com benfeitoria, circunstancialmente se pode
reconhecer, em admitida a indenização, o direito de retenção..." (T]RGS, 6ãG G , Ap. 596121194, Rei. Des. Janyr DalFAgnol
Júnior, ac. 10.12.1996, Juris Plenun cà.). No sentido de equiparação das acessões industriais às benfeitorias, para efeito do
direitode retenção,decidiu tam b ém o ST J,4 ^ , REsp. 739-RJ, Rei. Min. AthosCarneiro, ac. 21.08.1990, RSTJ 18/293.
10 TH EO D O R O JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 34.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. II, n. 778, p.
144.
11 TH EO D O R O JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil cit., v. II, n. 784-c, p. 149.
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12 Tais providências, obviamente, não compreendem coação sobre a pessoa do devedor. Podem, no entanto, chegar a
produzir algum fato que, sem a colaboração física do obrigado, equivalha ao resultado prático esperado da prestação
inadimplida.
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13 Cumpre lembrar que a divisibilidade é fenômeno que ocorre apenas em relação às obrigações em que haja mais de um
credor ou devedor (CC. 1916, art. 257). As obrigações singulares, isto é, aquelas travadas entre um credor e um
devedor nunca são submetidas às divisibilidade ainda que o objeto da prestação se mostre fisicamente divisível (art.
314).
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15 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes. Novo Código Civã anotado. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 74-75.
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4. As modalidades de pagamento
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Pelo que se deduz do art. 305, o terceiro não interessado que paga,
sabendo da oposição do devedor, não pratica ato legítimo e, por isso, não
adquire o direito de exigir reembolso do devedor. Sua conduta foi presidida
por má-fé.
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Institui o atual art. 318 regra desconhecida do Código Velho, mas que
já era adotada pela legislação extravagante, no campo do curso forçado da
moeda nacional e da vedação de correção monetária com base em paridade
cambial.
16 O novo Código Civil adotou o mesmo critério que antes preconizara a Lei n. 10.192, de 14.02.2001 (medidas
complementares ao Plano Real), de modo a obrigar, sob pena de nulidade da convenção, a submissão das obrigações
pecuniárias a nominalismo da moeda nacional. Sob pena de nulidade do ajuste em contrário, “as dívidas em dinheiro
deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo as exceções contidas na própria lei (art.
315)" (CAMBLER, Everardo Augusto. Comentários ao Código Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. III, p.
25). Para evitar o enriquecimento indevido, o Código admite a correção monetária, nos casos de mora, mas "por
índices oficiais regularmente estabelecidos (arts. 389, 395)" (idem, p. 26). Admite a criação de indexadores
convencionados pelos contratantes, mas proíbe o uso da variação cambial como critério de correção da dívida contratada
no País, para ser aqui cumprida (art. 318).
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A novidade que merece ser registrada deu-se no art. 334 que consagrou
a consignação por meio de depósito bancário, como já admitia o Código de
Processo Civil (art. 890, §1s).
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Duas novidades:
6. Onerosidade excessiva
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17 Segundo se enunciava no art. 311 do anteprojeto da Comissão Revisora, a idéia era “a da manutenção da equivalência
das prestações em razão da desvalorização da moeda" (M ARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. V 1.1, p. 233, nota 416).
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18 MARINHO, Josaphat. Parecer final n. 749, de 1997. In: Código Civil - Projeto de Lei da Câmara, n. 118 de 1984 - Redação
Final. Brasília. Senado Federal, 1997, p. 424, apud M ARTINS-COSTA, Judith, op. cit., p. 234.
1 9 0 art. 317, contudo, teve como propósito principal implantar um mecanismo de correção monetária, que não dependesse
necessariamente da convenção das partes. “Esse açfigo, valendo-se do conceito fundamental da imprevisão, estabelece
uma autêntica cláusula tácita de correção do valor das prestações contratuais ou de escala móvel, na hipótese do silêncio
do contrato a esse respeito” (Otávio Luiz Rodrigues Júnior. Revisão judicial dos contratos: autonomia da vontade e teoria da
imprevisão. São Paulo. Atlas, 2002, p. 157). No mesmo sentido: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civã: teoria geral das
obrigações e teoria geral dos contratos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002, v. II, p. 468.
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20 Código Civil Italiano, art. 1.467. Contratto con prestazioni corrispettive: “Nei contratti a esecuzione continuata o periódica
ow ero a esecuzione differita, se la prestazione di una delle parti è divenuta eccessivamente onerosa per il verificarsi di
awenimenri straordinari e imprevedibili, la parte che deve tale prestazione può domandare la risoluzione dei contratto,
con gli effetti stabiliti daU’articolo 1458".
21 “Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, c honorários de advogado” (CC. 2002, art. 395). Igual previsão se faz também
quanto às perdas e danos derivados do inadimplemento como se vê do art. 389.
22 MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil cit., 2003, v. V, 1.1, p. 249.
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Assim, o que a letra fria do art. 317 nega afinal pode ser alcançado
pela incidência de outras normas do próprio Código Civil, se a defasagem
das prestações atritar com o princípio geral da boa-fé (arts. 113,187 e 422).
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25 MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Novo Código Civil Anotado. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003, v. Ill, 1. 1, p. 102.
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