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Prefácio:  Misérias do Exílio 


Portolani Books Volume Dois

1. Em Defesa da História.  2. Os Antecedentes da Aventura.

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REFERÊNCIAS

PREFÁCIO Á EDIÇÃO IMPRESSA 1. Palavras de Mário


Soare.

2. Hafid Keramane. La
Pacification, Lausanne, La
1. Em defesa da História Cité, 1961. Quando viu a
tradução, o editor inglês
ficou de tal maneira
A primeira edição deste livro apareceu há dezanove anos quando chocado com as
jovens que agora estão a entrar na idade adulta ainda não tinham revelações do autor
nascido. Os acontecimentos nele descritos passaram-se há mais de argelino que acabou por
recusar editar a versão
trinta anos. São acontecimentos que pertencem à história inglesa, dizendo que não
contemporânea, história que no caso português resta, em larga podia acreditar que os
medida, por fazer. Uma constatação de muitos historiadores, tanto civilizados franceses
pudessem cometer tais
nacionais como estrangeiros, é da exiguidade em Portugal de atrocidades.
memórias pessoais de importantes acontecimentos escritas por
participantes ou observadores. Na França, Grã Bretanha, Estados
Unidos, para falar só de alguns, as estantes das bibliotecas estão
3. New Statesman,
repletas deste género de obras, que constituem uma valiosa fonte de Fevereiro de 1857,
documentação e parte importante do património do respectivo país. Kingsley Martin, ‘Fascism
in the name of Jesus’
(Fascismo em nome de
Jesus).
Em Portugal, pelo contrário, parece haver o mesmo desprezo para
com a documentação escrita, tal como existe com muitos dos nossos 4. Esse alto cargo no Reino
arruinados monumentos. No último caso, podemos atribuir o Unido não tem equivalente
em Portugal. É o principal
fenómeno ao simples descuido ou à falta de verbas necessárias para magistrado, responsável pela
a conservação. Quanto à escassez de memórias, a causa parece ser nomeação dos juízes e a
outra: a reticência de muitas potenciais testemunhas deve-se ao condução da justiça. É o
segundo ministro do
receio das reacções. Num meio restrito, como é o da governo. Um dos mais
intelectualidade portuguesa onde todos se conhecem, muitos distintos juristas ingleses,
partilham de cumplicidades de vária ordem, muitos são devedores de Lord Gardiner ficou
indignado com o que viu no
favores mútuos. Como na casa onde falta o pão e todos ralham, tribunal salazarista e que
também num país onde o bolo é pequeno cada um se agarra à sua descreveu no diário
fatiazinha e não suporta que outros venham desvendar factos Manchester Guardian de 19
de Outubro de 1957.
inconvenientes. As décadas de ditadura exacerbaram uma situação
já existente e que sobreviveu ao 25 de Abril. Ao receio de criar
inimigos pessoais, juntou-se o temor de criar inimigos políticos,
5. Portuguese and
partidários e, até, institucionais. A extrema polarização ideológica de Colonial Bulletin, Londres.
antes e depois da instauração da democracia veio acentuar as O primeiro número saiu
inibições. em Fevereiro de 1961,
celebrando a captura do

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Assim, enquanto não faltam livros e artigos de jornais sobre alguns Santa Maria em Janeiro de
1961.
aspectos da vida—e da morte—do general Humberto Delgado, são
raríssimas as pessoas que quiseram, publicamente, analisar ou
documentar os últimos meses da sua vida e as reacções, bastante 6. Council for Freedom in
diversas, à notícia do seu desaparecimento. Portugal and Colonies.

Nos Estados Unidos, a bibliografia sobre o assassinato do presidente


John Kennedy, tanto impressa como cinematográfica, é vasta e não
7. Peter Fryer e Patrícia
para de crescer. As teorias e hipóteses continuam a confrontar-se e McGowan Pinheiro, Oldest
raramente acontece que os autores sejam insultados ou caluniados Ally, A Portrait of
Salazar’s Portugal,
por terem a ousadia de publicar as suas opiniões ou documentação
Londres, Dobson, 1961.
sobre o trágico fim do presidente americano que perdeu a vida em Peter Fryer tinha sido
Dallas. expulso do PC inglês em
1956 por escrever a
verdade sobre a revolução
Em Portugal acontece o contrário. Prevalecem poderosos tabus que húngara. Este facto
poucos ousam romper. Na situação portuguesa não é de admirar que bastou para que Oldest
assim seja. Vivemos em democracia; todos os dias se ouve falar na Ally fosse boicotado pelos
comunistas; ou seja,
existência de um Estado de Direito; é suposto vivermos sem banido das livrarias do PC
censura. No entanto, sobre o caso Delgado, sobre a oposição anti- inglês; em Paris, segundo
me informou António José
salazarista, sobre a descolonização, sobre os movimentos de
Saraiva, o PCP proibiu aos
libertação, existe esse género de censura tão bem conhecido dos seus militantes o
escritores e editores que viveram o ‘socialismo real’ dos países do fornecimento de
fotografias para as
Leste europeu. É a auto-censura: a consciência inibidora da
edições francesa e
existência de assuntos incómodos os quais não se deve abordar. espanhola. No entanto,
Oldest Ally descreve a
política do PCP com
A auto-censura é castrante; estende-se a muitos campos. Não só
serenidade e bastantes
atinge a historiografia mas também a literatura criativa. Envenena os louvores, sem qualquer
espíritos e empobrece a vida intelectual. Subverte a própria vestígio de
‘anticomunismo primário’.
democracia. Não pode haver combate de ideias se não for permitido
A PIDE, por sua vez,
o seu confronto franco. Se teorias ou relatos desagradáveis, em vez também não gostou do
de serem analisados abertamente, sejam abafados pela calunia e livro: os autores foram
proibidos entrada em
pela perseguição dos seus autores, torna-se difícil senão impossível
Portugal e PMGP foi só
chegar à verdade. Torna-se, com efeito, impossível fazer História. permitida voltar a vir a
Portugal dez anos mais
tarde em 1971.
A história da ditadura e da oposição anti-salazarista; a história da
descolonização; a história dos movimentos de libertação das colónias
portuguesas - todos estes temas, riquíssimos em acontecimentos e
lições para o futuro, continuam afogados em dogma, mitologia e 8. Ver Rol de
Personagens.
mentira. Ou, então, enterrados no silêncio - o que talvez seja ainda
pior. Os historiadores do futuro quando encontrarem mitos e 9. Ver Rol de
mentiras, ao menos enfrentarão o desafio de cavar mais fundo. Se Personagens.
encontrarem silêncio e lacunas devido à ausência de documentos e
testemunhos é como se a história tivesse sido apagada;
simplesmente não aconteceu. 10. The Maias, Londres,
The Bodley Head, 1961.
Desde 1965 tenho tentado que fossem conhecidas algumas verdades
sobre o caso Delgado, que considero intimamente ligado com alguns
aspectos do problema colonial. Não foi somente por acreditar na 11. Carlos Alberto Lança
necessidade histórica de publicar documentos. Foi também por (1919-1994) aderiu, ainda
estudante, ao PCP.
respeito à memória de uma figura importante nos anais do país, uma Organizou com Francisco
figura que não hesitou em sacrificar a própria vida pela causa em José Tenreiro dois
que acreditava. Considerei sempre que ignorar, ocultar ou deformar volumes, Contos e
Poemas, Lisboa, Abril e
o período argelino da vida de Delgado constituiria a última traição à Novembro de 1942,
sua memória. Senti ainda com mais intensidade o imperativo de colectâneas de obras de
contar a verdade na medida em que nunca partilhei da sua crença na vários autores que depois
se distinguiram no neo-
viabilidade de uma acção armada partindo do exterior contra a realismo português, tais
ditadura. Por motivos bastante divergentes dos do como Mário Dionísio,
Partido Comunista pensei então, e continuo a pensar hoje, que Sidónio Muralha, Soeiro
Pereira Gomes e Manuel
Delgado não tinha uma apreciação informada sobre a conjuntura da Fonseca. Em
internacional dos anos 60. Por isso, embora admirando e apoiando de Moçambique, verificando
Londres em 1958 a sua candidatura à presidência da República, o despropositado das
directivas do PCP,
nunca quis, nos anos do seu exílio, aderir a qualquer movimento que concentrou-se em
ele encabeçasse. Ao contrário do que depois disseram alguns, nunca actividades culturais,
tive qualquer contacto político ou pessoal com o general, além de um sendo um dos principais
promotores do Cine-Clube
único aperto de mão quando lhe fui apresentada numa paragem de da Beira e da revista

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carro eléctrico em Argel, na véspera da sua fatídica partida. Paralelo 20. Foi preso em
1959, acusado de crime
contra a Lei da Imprensa
Todavia, assisti de perto ao desenrolar da tragédia. Em Marrocos e por ter circulado uma
na Argélia, de 1962 a 1966, conheci quase todas as principais Carta Aberta ao
Presidente da República
personagens; recebi e guardei relevantes documentos; conversei pedindo a discussão do
quase diariamente com muitos que conviviam com o general e problema colonial.
também com muitos argelinos e outros africanos. Nunca procurei Promoveu a formação de
um grupo de brancos
conhecer Delgado pessoalmente, embora como jornalista pudesse anticolonialistas,
muito bem tê-lo entrevistado. Estava de tal maneira consciente do ‘Movimento Democrático
poço de intrigas em que se envolvia a comunidade lusófona na de Moçambique. O MDM
reivindicava sem
África do Norte, que escolhi ficar afastada das organizações e equívocos a total
confinei as minhas actividades à escrita. Nos anos que se seguiram, independência das
tenho por vezes lastimado esse distanciamento. Podia, talvez, ter colónias e o apoio aos
nacionalistas africanos.
tentado aconselhar o general; podia tê-lo informado dos Com a partida de
antecedentes do complot em que ele, ingenuamente, se metera; Moçambique da maioria
podia ter partilhado com ele os meus conhecimentos da política dos seus elementos, o
MDM sobreviveu pouco
argelina e dos comunistas. Mas quem era eu para que ele me tempo. Carlos Lança
ouvisse? Uma modesta escritora, meia-estrangeira, já com muitos partiu para Rabat com o
inimigos políticos devido à minha independência e, não menos, pelo propósito de colaborar
com Marcelino dos Santos,
facto de ter sido uma vez comunista, deixando de o ser. Hesitei, mas cedo entrou em
portanto, em contactar Delgado e acabei por manter a postura de conflito com outros
observadora. brancos de Moçambique,
adeptos do PCP.

Foi esse sentimento de não ter feito o que podia enquanto o general ~~~~«»~~~~
estava vivo que também me impulsionou a tentar fazer-lhe justiça
depois de morto. Considerei essencial que se soubesse a verdade;
que fossem desmascarados os inimigos de Delgado, doer a quem
doesse. Pensei, e penso ainda, que a verdade sobre as intrigas de
Rabat e Argel fosse importante para um entendimento global da
política da oposição anti-salazarista e de certos sectores do
nacionalismo africano.

A minha primeira tentativa neste sentido foi um artigo na revista


política francesa Partisans, no Verão de 1965. Logo começou uma
campanha cheia de calúnias contra a minha pessoa, campanha que
ia durar muitos anos e que, talvez, não tenha ainda chegado ao seu
termo. Como a ‘vitimologia’ não é o meu forte, não irei adiantar-me
sobre o assunto neste prefácio. Contudo, como as respostas dos
adversários são tantas vezes reveladoras, os leitores encontrarão em
apêndice um resumo destas, assim como um apêndice reproduzindo
o meu artigo da Partisans.

Hoje o mundo é bastante diferente do que era em 1979. A URSS


desmoronou-se. Em toda a parte faz-se agora a verdadeira história.
Análises pormenorizadas e documentadas sobre os partidos
comunistas aparecem em França, na Inglaterra, nos Estados Unidos.
Os russos publicam todos os dias relatos dos anos tenebrosos. Está
hoje provado que infâmias, longamente negadas e atribuídas ao
inimigo, foram realmente cometidas por comunistas. Os próprios
russos confirmaram que os milhares de oficiais polacos abatidos em
Katyn foram-no pelos soviéticos e não pelos nazis como antes tinham
insistido - apodando-se de fascista quem ousasse dizer a verdade.
Tantas e tantas vítimas do comunismo foram reabilitadas. Tantos e
tantos crimes desvendados.

Portugal, com os seus ‘brandos costumes’, foi poupado a uma grande


parte dos sofrimentos que martirizaram outros povos europeus. Por
isso, esquecemos muitas vezes que quem não foi poupado no mundo
lusófono foram os africanos – e, sobretudo, os angolanos. No drama
angolano, existem muitas culpas e estas são partilhadas por
portugueses que agiram em nome de Portugal. Alguns desses
portugueses são os mesmos que aliciaram, perseguiram e
abandonaram Delgado. Fizeram-no em nome de um ideal que hoje
está desmascarado como ‘o maior embuste do nosso século’1. A
honra de um povo depende da sua capacidade de reconhecer as
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culpas. Os alemães já o fizeram. Os russos estão em vias de fazer o


mesmo. Os portugueses não podem ficar fora deste processo, sob
pena de viver o futuro numa ‘apagada e vil tristeza’. Não basta pedir
desculpas ao povo judeu pela Inquisição. Não basta culpar Salazar e
os salazaristas pelos malefícios pátrios neste século. É preciso
também analisar o papel dos seus adversários e procurar todas as
culpas e em todos os campos. Espero que esta nova edição,
melhorada e ampliada de O Bando de Argel ajude nesta tarefa difícil
mas inadiável, que se impõe a todos os investigadores sérios.

2. Os antecedentes da aventura

Alguns dos personagens que vim encontrar em Marrocos no Verão de


1962 já eram meus conhecidos. Também já sabia alguma coisa
sobre a guerra de libertação dos argelinos contra a França. Participei
na tradução para inglês de um livro publicado na Suiça sobre a luta
da FLN e a perseguição e tortura dos seus militantes2. No decurso
desse trabalho tive os meus primeiros contactos com argelinos cuja
luta estava a ser seguida apaixonadamente nos meios
anticolonialistas ingleses.
Na esquerda inglesa, depois do relatório de Khruchtchev em 1956
sobre os crimes de Estaline e da repressão da revolução na Hungria,
houve uma enorme efervescência e a formação da chamada Nova
Esquerda. O Partido Comunista Britânico perdera milhares dos seus
militantes. Muitos deles, intelectuais de primeiro plano, envolveram-
se em vivos debates sobre todos os aspectos do marxismo,
especialmente sobre a questão colonial. Nessa Nova Esquerda
encontravam-se todas as tendências anti-estalinistas do marxismo,
incluindo trotskistas de diversas facções.

Na década de 50, em colaboração com amigos portugueses ajudei no


trabalho de divulgar a luta dos anti-salazaristas portugueses.
Pessoalmente consegui que Kingsley Martin, director do influente
semanário New Statesman, viesse a Portugal por ocasião da visita
da rainha de Inglaterra em Fevereiro de 1957. O jornalista inglês
avistou-se com personalidades da oposição, entre as quais António
Sérgio; descreveu depois as suas conversas num artigo que causou
bastante escândalo nos meios salazaristas3. Consegui também que
Gerald Gardiner, mais tarde Lord Chancellor4, viesse assistir ao
julgamento de Ruy Luís Gomes acusado com quatro outros da
tentativa de publicação de um artigo apelando pela a restauração das
liberdades. Também ajudei a organizar a visita de Robert Kee, da
BBC, que fez o primeiro programa sobre Portugal na conceituada
série documental Panorama. Lançámos em 1961 uma publicação
mensal5 e conseguimos a formação de uma Comissão6 composta
por importantes figuras britânicas: parlamentares, juristas e
conhecidos jornalistas que se preocupavam não só com a situação
em Portugal mas também nas suas colónias.

Desde o início, porém, verificou-se uma tensão acentuada entre os


portugueses quanto ao modo de tratar o problema colonial. Havia os
que, seguindo a linha do PCP, se mostravam bastante reticentes
sobre a questão da independência das colónias portuguesas.
Enquanto outros, geralmente pessoas de origem colonial, não
aderiam à tese segundo a qual só depois de derrotada a ditadura se
podia enfrentar essa questão. Estes achavam que era precisamente
no problema colonial que residia o ponto mais fraco do salazarismo.

Em 1959, princípios de 60, passei alguns meses em Portugal com o


objectivo de recolher dados para a feitura de um livro que seria
publicado em 1961 com o título -
Oldest Ally: A Portrait of Salazar’s Portugal7 . Foi nessa visita que
conheci pela primeira vez Fernando Piteira Santos. Depois de voltar

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para Londres fui procurada por várias pessoas interessadas na


questão das colónias portuguesas, em especial trotskistas, já muito
envolvidos no apoio à FLN argelina. Um desses era Michel Raptis-
Pablo, que mais tarde veio a desempenhar um papel significativo no
nascimento da FPLN portuguesa8.

Conheci também, ao passarem por Londres, vários dirigentes dos


incipientes movimentos nacionalistas das colónias portuguesas, entre
os quais Aquino de Bragança, com quem continuei a ter contactos
por correspondência9.

Durante os meses que se seguiram à publicação de Oldest Ally,


aumentaram as minhas reservas quanto à utilidade de tentar
colaborar com os exilados portugueses em Londres, tão inibidos
alguns deles em relação ao problema colonial - em particular os
recém-chegados de Portugal - para quem a discussão só servia para
perturbar a ‘unidade anti-fascista’. Esses mesmos elementos,
sectários e totalmente ultrapassados no seu estalinismo, não
gostavam de mim nem do meu livro. Desconhecendo o debate
aberto, normal num país democrático, eles achavam as minhas
eclécticas relações com a esquerda inglesa altamente suspeitas, em
especial porque tinha me afastado do Partido Comunista inglês uns
anos antes.
Por conseguinte, quando Aquino de Bragança e Michel Raptis-Pablo
insistiram comigo nas suas cartas de Marrocos para eu pensar em
abandonar Londres e transferir-me para África do Norte, comecei a
pressentir uma saída. Num contacto mais estreito com os
nacionalistas, pensava eu, talvez fosse possível fazer um novo livro
anti-salazarista, desta vez dedicado inteiramente ao problema
colonial. A oportunidade de realizar este projecto surgiu quando
assinei um contrato para a tradução inglesa de Os Maias de Eça de
Queiroz, trabalho que não necessitava da minha presença em
Londres10. Assim, com algum dinheiro na algibeira, avançado pelo
editor, mais os necessários dicionários na bagagem, embarquei na
companhia de Carlos Lança11 para Rabat no Verão de 1962. Não
podia adivinhar que iria encontrar os mesmos problemas na África do
Norte, mas desta vez com contornos dramáticos.

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