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Proposta de Estratégia de Segurança para Redução do

Congestionamento Rodoviário na Cidade de Maputo


Proposal for safety strategy to reduce road congestion in Maputo City

Domingos Arone Duzenta1& Rodrigues Nhiuane Cumbane2

RESUMO
O objectivo geral deste estudo é elaborar uma estratégia de segurança para redução do congestionamento
rodoviário na cidade de Maputo. Analisando os dados no período compreendido entre 2016-2020. A
presente pesquisa teve como método a abordagem qualitativa, com aplicação de técnicas de análise
bibliográfica, observação directa e entrevistas semi-estruturadas dirigidas aos Agentes da Polícia de
Trânsito e Polícia Municipal como instituições responsáveis pelo controlo e fiscalização do trânsito.
Assim como aos condutores de transportes semi-colectivos e peões, na qualidade de serem os principais
utentes da via pública. A pesquisa adoptou uma amostra por conveniência de cerca de 32 elementos.
Através da pesquisa foi possível identificar o crescimento do parque automóvel, hora de ponta,
insuficiência de transportes semi-colectivos assim como a falta de vias alternativas ou melhoramento das
vias existentes como factores que influenciam a dinâmica do trânsito rodoviário na cidade de Maputo. A
partir da análise cruzada de dados propomos às autoridades competentes pela fiscalização e regulação do
trânsito rodoviário o mapeamento dos pontos frequentemente congestionados na cidade, com vista a
ilustrar o posicionamento dos agentes para que seja possível que toda equipe consiga visualizar de forma
integrada o seu papel dentro da corporação. Propomos também a gestão racional da Força Policial de
Trânsito que consistirá em fraccionar os meios humanos existentes no Departamento da Polícia de
Trânsito de modo a se estabelecer uma força de reserva e intensificar a regulação para garantir a fluidez
do trânsito rodoviário; e por último, apresentamos uma proposta da estratégia onde são definidas as linhas
de acção a serem desenvolvidas sintetizando a minimização do congestionamento rodoviário na cidade de
Maputo.

Palavras-chave: Segurança, congestionamento rodoviário, plano estratégico, mapeamento e gestão racional.

ABSTRACT
The overall objective of this study is to develop a safety strategy to reduce road congestion in Maputo
city. Analyzing the data in the period 2016-2020. The present research had as method the qualitative
approach, with application of techniques of bibliographic analysis, direct observation and semi-
structured interviews directed to traffic police agents and municipal police as institutions responsible for

1
Oficial do Departamento de Trânsito do Comando da PRM da Cidade de Maputo; Licenciado e Mestre em Ciências
Policiais na Especialidade de Segurança Pública.
2
Doutor em Território, Risco e Políticas Públicas; Mestre em Administração Pública; Licenciado em Ciências
Policiais. Docente -Investigador e Director de Investigação e Extensão da ACIPOL.
traffic control and surveillance. As well as drivers of semi-collective transport and pedestrians, as well as
being the main users of public roads. The research adopted a convenience sample of about 32 elements.

Through the research it was possible to identify the growth of the car park, rush hour, insufficiency of
semi-collective transport as well as the lack of alternative routes or improvement of existing roads as
factors that influence the dynamics of road traffic in the city of Maputo. From the cross-analysis of data
we propose to the competent authorities for the supervision and regulation of road traffic the mapping of
frequently congested points in the city, in order to illustrate the positioning of the agents so that it is
possible that the whole team can visualize in an integrated way their role within the corporation. We also
propose the rational management of the Traffic Police Force, which will consist of fractionating existing
human resources in the Department of Traffic Police in order to establish a reserve force and intensify
the regulation to ensure the flow of road traffic; and finally, we present a proposal for the strategy in
which the lines of action to be developed are defined summing up the minimization of road congestion in
the city of Maputo.

Keywords: Safety, road congestion, strategic plan, mapping and rational management.

INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta uma proposta de estratégia de segurança para redução do
congestionamento rodoviário na cidade de Maputo, na perspectiva de dar um contributo na
adopção de medidas para minimização deste fenómeno que se faz sentir no quotidiano dos
funcionários e moradores da cidade.
Baseou-se no paradoxo Braess para sustentar a proposta da estratégia nos troços em
estudo, na medida em que este enquadra-se na realidade do problema em análise, o que nos
possibilitou aprofundar a temática em análise e definir estratégias mais eficazes para a dinâmica
do trânsito rodoviário.
Segundo Schweitzer e Taylor (2008 cit.in Resende & Sousa 2009, p.9) sugerem que dois
factores básicos afectam o trânsito e causam congestionamento: excesso de veículos em horários
específicos e acidentes ou ocorrências (pneu furado, falta de combustível, pistas bloqueadas para
reparos, condições do tempo, etc.) que podem bloquear a pista.
Para Demarchi, Melo e Setti (2001) e Downs (2004 cit.in Resende & Sousa 2009, p.9) há
também alguns outros factores que afectam o fluxo de tráfego: Factor de hora de pico: A
variação do fluxo de tráfego é medida durante o período de uma hora em que é observado o
maior volume de tráfego. Nossa sociedade é organizada de maneira que muitas pessoas precisam
deslocar-se no mesmo horário; dessa maneira, muitas vezes o congestionamento é inevitável;
Desempenho dos automóveis pesados em aclives (inclinações): Com a redução necessária de
velocidade dos automóveis, diminui a capacidade de escoamento da rodovia; Presença de
veículos pesados: Por apresentarem um desempenho inferior aos veículos leves, os veículos
pesados obrigam os automóveis que possuem melhor desempenho a mudar de faixa ou fazer
manobras constantemente.
Nas grandes cidades, quanto maior a renda da população, maior o desejo das pessoas de
usar o transporte individualmente. Muitas preferem viajar sozinhas por causa do conforto, da
privacidade, flexibilidade e rapidez, diferentemente do que elas experimentariam se usassem o
transporte público. Essa preferência pelo transporte individual aumenta de maneira significativa
o número de veículos nas ruas. Muitos acreditam que os benefícios do transporte individual
superam os do transporte público (Downs, p.128). Nessa óptica, Maputo não é excepção, pois,
mostra-se frequentemente o uso de veículos particulares contribuindo desta forma para o
aumento de veículos na via pública que acaba resultado em congestionamentos.
Em Moçambique, os dados do Instituto Nacional dos Transportes Terrestres apontam
para uma média de 63 mil viaturas que anualmente são registados no País e com uma tendência
de aumentar, tendo em conta o crescente volume de importação dos mesmos. A cidade de
Maputo segundo os dados fornecidos pelo INAV cit in Machava (2011, p.26) no período entre
2007 e 2010 contava com uma população condutora de 74.922 (setenta e quatro mil novecentos
vinte e dois) indivíduos e um parque automóvel de 6.507 (seis mil e quinhentos e sete) a 40.460
(quarenta mil e quatrocentos e sessenta) veículos ligeiros. Por conseguinte, em 2010 a cidade
registou a entrada de 13.208 para em 2011 registar 17.779 veículos (INATTER, 2011, P.3).
Em torno disto, segundo os dados fornecidos pela INATTER (2017) a cidade de Maputo apresenta
maior número de viaturas em detrimento das outras províncias de Moçambique, tendo apresentado
no ano 2016 um parque automóvel correspondente a 276.447 viaturas (Beúla 2017, p.1). Com esses
dados, nota-se o crescimento galopante do parque automóvel na cidade que não traz como
consequências apenas o congestionamento, como também os acidentes de viação.

A preocupação deste estudo, não é traçar uma estratégia de segurança a nível macro (que
envolve a economia do Estado), mas sim com base nos recursos humanos, materiais e
económicos existentes criar uma proposta de estratégia de segurança para redução do
congestionamento rodoviário na cidade de Maputo, neste contexto apresentamos a seguinte
questão de partida:
Que estratégia de segurança podemos adoptar para reduzir o congestionamento rodoviário
na cidade de Maputo?
A escolha do tema deveu-se ao facto do pesquisador ser um Agente da Polícia de Trânsito, em
serviço na cidade de Maputo, local onde ocorre com grande intensidade este fenómeno e que lhe
tem despertado interesse, consequentemente tem acompanhado a evolução do problema em
estudo através de uma observação directa e pelos meios de comunicação social.
A pesquisa mostra-se pertinente para o autor, na qualidade de ser Mestrando em Ciências
Policiais, esperando que a sua contribuição possa ter relevância Académica, social e
institucional. Neste contexto, espera-se que, com base neste estudo, se possa criar uma fonte de
auxílio para futuras pesquisas em torno desta matéria.
Para as instituições estatais, o estudo é pertinente uma vez que a elas cabe a função de
garantir a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade públicas. Os resultados desta
pesquisa poderão reflectir, de certo modo, sobre este tema e, a partir daí, adoptar novas
estratégias de segurança para a redução do congestionamento rodoviário na cidade de Maputo.
O presente estudo é de suma importância para a sociedade, na medida em que a
necessidade de circular está ligada ao desejo de realizar as actividades sociais, culturais, políticas
e económicas consideradas necessárias na sociedade, a circulação automóvel aumenta a
velocidade, reduzindo o tempo de percurso. Assim, uma pessoa é capaz de alcançar um número
maior de destinos em relação à caminhada. Mas, com a problemática de congestionamento nas
zonas urbanas, a circulação destes tem sido dificultada o que condiciona a chegada tardia aos
seus locais de destino. No entanto, a presente pesquisa vai trazer uma proposta, com vista a
minimizar o tráfego para fluidez das actividades sociais.
A presente pesquisa é referente intervalo compreendido entre 2016 e primeiro semestre
de 2020, pois verifica-se que este é o que apresentou maior índice de congestionamento
rodoviário considerando como pontos críticos da cidade de Maputo os distritos: Ka-Mavota, Ka-
Mubukwana, Ka-Maxaquene e Ka-Nlhamankulo concretamente nas seguintes Avenidas:
JuliusNyerere, no troço de Magoanine a praça do destacamento feminino; Avenida de
Moçambique (EN1) no troço de Zimpeto (Antigo controlo Km 14) a praça Felipe Samuel
Magaia (Junta); Avenida Joaquim Chissano, no troço 2M a praça da OMM, da praça da OMM a
praça do destacamento feminino seguindo pela Avenida Kenneth Kaunda, e da praça da OMM a
praça dos combatentes usando a Avenida Vlademir Lenine. Os pontos acima foram considerados
como críticos pelo facto de serem as vias principais de circulação rodoviária, ou seja, são vias de
entrada e saída da cidade, verificando se deste modo a dinâmica do parque automóvel e a
insuficiência de vias alternativas nessas artérias que acaba resultando em demoradas as
deslocações que eventualmente se poderiam fazer em um tempo meramente reduzido. E noutra
perspectiva, está associado à uma parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre no Curso
de Mestrado em Ciências Policiais na ACIPOL, o que despertou interesse sobre temáticas ligadas
à Segurança Pública.

REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta secção faz-se o enquadramento teórico que serviu de base à pesquisa e de
fundamentação baseada no Paradoxo do Braess que sustenta a nova estratégia de abordagem ao
problema de congestionamento a ser proposta.
O matemático alemão Braess (1968) elaborou um cenário em que a expansão viária, por
meio de construção de uma conexão entre duas rotas, levaria a um agravamento no
congestionamento do trânsito com a elevação do tempo de viagem de todos utentes e,
consequentemente a um agravamento no bem-estar. Ross e Yinger (2000) constataram, em suas
pesquisas, que o impacto do individualismo colabora grandemente para o aumento dos
congestionamentos.
Segundo Rapoport et all (2009, p.539 cit. in Anchante, 2014, p.30), no desenvolvimento
do Paradoxo de Braess os usuários das ruas são vistos como agentes independentes “egoístas”
que participam de um jogo não cooperativo em que cada agente deseja escolher o caminho de
uma mesma origem para o mesmo destino que minimiza os seus custos de viagem. Com este
paradoxo podemos entender que a expansão viária não é essencialmente a solução para a
minimização da problemática dos congestionamentos. Sendo que quanto maior for a via, maior
será o numero de automóveis a disputar o seu uso.
Segundo Portela (2013), os congestionamentos manifestam-se numa suburbanização
crescente e incontrolada, com a consequente perda de coesão geográfica e social, na
desertificação de velhos centros incapazes de se adaptarem à circulação automóvel, na
terciarização, na crescente necessidade de transportes em face do alargamento das distâncias
entre o emprego e a residência.

Factores que influenciam a dinâmica do trânsito


Schweitzer e Taylor (2008) apud Resende & Souza (2009, p.9) sugerem que dois factores
básicos afectam o trânsito e causam congestionamento: excesso de veículos em horários
específicos e acidentes ou incidentes furtuitos (pneu furado, falta de combustível, pistas
bloqueadas para reparações, condições do tempo, etc.) que podem bloquear a via.
Para Demarchi, Melo e Setti (2001) e Downs (op.cit), cit in Resende & Souza (2009, p.9)
há também alguns outros factores que afectam o fluxo de tráfego:
a) A hora de pico, segundo os autores, a variação do fluxo de tráfego é medida
durante o período de uma hora em que é observado o maior volume de tráfego. A
sociedade encontra-se organizada de maneira que muitas pessoas precisam deslocar-se,
no mesmo horário, para as mesmas áreas e, dessa maneira, muitas vezes, o
congestionamento é inevitável.
b) Desempenho dos automóveis pesados em aclives/inclinações: com a redução
necessária de velocidade dos automóveis, diminui a capacidade de escoamento da
rodovia.
c) Presença de veículos pesados: por apresentarem um desempenho inferior aos
veículos leves, os veículos pesados obrigam os automóveis que possuem melhor
desempenho a mudar de faixa ou fazer manobras constantemente.
Hoffmann et al. (2001, p.39) apontam três importantes linhas de força a ter em
consideração para abordar a organização do trânsito rodoviário, a saber: o ambiente social, que
diz respeito ao comportamento dos automobilistas e peões como protagonistas do trânsito; o
ambiente normativo que se refere a um conjunto de medidas técnico-legais necessárias para o
estabelecimento de segurança rodoviária, tais como ordenamento, regulamentação e fiscalização
do trânsito; o ambiente material, que diz respeito ao estado de infra-estruturas rodoviárias,
desde estradas, pontes, sinalização, passeios, passadeiras, parques de estacionamento, entre
outros.
Os três ambientes procuram dar corpo a vários aspectos concorrentes na organização do
trânsito, sendo o ambiente social aquele que procura caracterizar os condutores e peões em
termos de atitudes e comportamento no trânsito. O ambiente normativo procura analisar o nível
de sensibilidade daqueles, no que toca à contundência das leis em vigor contra as infracções. Isso
mede-se pelo grau de aderência dos que têm o dever de as cumprir e daqueles que têm o dever de
as fazer cumprir. E o ambiente material tem muito a ver com a estrutura arquitectónica
urbanística da cidade, o número de estradas e parques de estacionamento existentes e a
disponibilidade de vias alternativas.
Ainda sobre o ambiente material, é crucial analisar a situação actual do trânsito na cidade
de Maputo, na vertente da circulação rodoviária, tendo em conta o tipo de estradas existentes,
perante o crescimento contínuo do parque automóvel dos últimos tempos.

Consequências do congestionamento
Downs (op.cit) afirma que os congestionamentos causam dois grandes problemas sociais:
perda de tempo e perda de dinheiro. Ao provocarem o atraso de pessoas e mercadorias,
consequentemente implicam na redução da produtividade do país e no aumento do preço do
transporte. Além disso, torna-se maior o tempo médio de viagem de muitos utentes.
Bilbao Ubillos (2008) & Bertini (2005 apud Resende & Sousa (op.cit., p.10) reforçam
também as perdas sociais, como: valor do tempo perdido no congestionamento, calculado pela
diferença entre a velocidade da viagem normal (sem congestionamento) e a média da velocidade
em uma situação de congestionamento; custos adicionais por causa do aumento na depreciação
dos veículos, combustível e óleo; custos dos acidentes causados pelos congestionamentos e
impacto negativo do congestionamento na economia local de uma cidade.

Estratégia para redução de congestionamento em outros países do mundo


Segundo Anchante (2014, p.38) apenas algumas cidades do mundo conseguiram
implementar sistemas de pedágio/portagens com o objectivo de controlar o fluxo de veículos,
como por exemplo: Singapura, Londres, Estocolmo, Seul e algumas estradas dos Estados
Unidos. Em alguns casos, como no Brasil, os pedágios são amplamente utilizados, porém com a
finalidade principal de manutenção, algumas vezes também de ampliação de rodovias estaduais e
federais, principalmente as não urbanas.
Tendo em vista o agravamento dos congestionamentos urbanos e as dificuldades de
implementação do sistema de pedágio, diversas medidas têm sido adoptadas a nível mundial para
aumentar os custos privados do uso do automóvel para que se aproxime ao custo social. Algumas
dessas políticas incluem a elevação dos tributos sobre o uso de automóvel e do combustível;
redução de vagas de estacionamento gratuitas; restrição de acesso do carro a certas partes da
cidade, altamente congestionáveis ou orientadas para o peão. Por exemplo, os Estados Unidos
contam com mais de um tipo de política de controlo de tráfego. O programa “FasTrak” de San
Diego que foi implementado em 1999 que impões o pagamento de taxas para carros com apenas
um ocupante, que varia de acordo com o nível de congestionamento. (Achante, 2014).
O programa “Quick Ride”, em Houston, implementado em Janeiro de 1998, funciona de
forma semelhante ao de San Diego, porém, veículos com apenas o motorista não podem utilizar
as faixas HOV sigla em inglês para designar as faixas reservadas para veículos com maior
número de ocupantes como os transportes públicos, enquanto carros com três ou mais ocupantes
podem utilizar as faixas expressas gratuitamente. Veículos com dois passageiros podem optar
pela faixa expressa mediante o pagamento de uma taxa de congestionamento (Souza, 2004,
p.283). Em Maputo está em vigor o uso de faixas exclusivas para os transportes públicos
incluindo os “chapa 100” durante a hora de ponta.
Segundo Lindsey (2011, p. 1378) o pagamento de taxas de congestionamento tem uma
grande vantagem sobre outras políticas de controlo de demanda por transporte, pois ela encoraja
os viajantes a ajustarem seu comportamento quanto ao número de viagens, destino, tipo de
transporte, período do dia, rota, etc.
Anderson (2013) sublinha a importância de políticas de incentivo a meios de transportes
alternativos baseando-se em dados de uma greve na área metropolitana de Los Angeles onde não
obstante o transporte público representar apenas cerca de 2% do total das viagens em horário de
pico, a sua falta durante a greve fez com que o congestionamento aumentasse em mais de 100%
em algumas vias, o que demostra a sua relevância como solução ao congestionamento.
Providelo e Sanches (2010) apontam como solução a problemática de congestionamento
o incentivo a uso de bicicleta utilizando questionário em duas cidades brasileiras. Segundo estes,
o incentivo à bicicleta deve ser dado para que os trajectos curtos possam ser realizados de forma
segura e rápida. Há ainda espaço para utilização da bicicleta como meio complementar ao
transporte colectivo, realizando o trajecto de origem à paragem de autocarro e desta ao local de
destino. Em Moçambique a cidade de Quelimane tem sido um exemplo no uso de bicicleta no
trânsito.
Em suma, em outros países do mundo, apontam como solução à problemática de
congestionamento o pagamento de taxas de congestionamento, o incentivo ao transporte público
e a bicicleta.

METODOLOGIA
Neste capítulo faz se a fundamentação e explicação dos métodos e técnicas empregues no
diagnóstico do problema e na elaboração da estratégia de intervenção. O trabalho resulta do
método qualitativo, com aplicação de técnicas de pesquisa bibliográfica, entrevistas semi-
estruturadas dirigidas, observação e matriz SWOT largamente difundidas, de entre outros por
(Gil, 1989 e Richardson, 1999).
O uso da pesquisa bibliográfica consistiu na revisão do estado de arte de literatura
relevante (livros e artigos científicos) que abordam a segurança rodoviária, especificamente com
enfoque ao congestionamento das vias com vista a dar solução ao problema.
As entrevistas semi-estruturadas dirigidas foram aplicadas aos agentes da Polícia de
Trânsito e Polícia Municipal como instituições responsáveis pelo controlo e fiscalização do
trânsito e a alguns passageiros e peões utentes da via pública.
A técnica de observação consistiu em verificar a estratégia actual usada pelas autoridades
competentes de regulação e fiscalização de trânsito rodoviário para redução do
congestionamento, identificação dos pontos de confluência para ocorrência do
congestionamento, assim como a actual situação deste fenómeno na cidade de Maputo.

Por fim, a matriz SWOT foi a base para o diagnóstico do problema, através da análise do
ambiente externo e interno, permitiu a identificação das ameaças, oportunidades, forças e
fraquezas e a posterior projecção de cenários que sustentaram a proposta de estratégia para a
solução ao problema.
A pesquisa definiu como população alvo os condutores, passageiros, peões, residentes no
centro e na periferia da cidade da Maputo, agentes da Polícia de Trânsito e Polícia Municipal.
Foi no seio deste universo que, através de uma amostragem por conveniência, foram
seleccionados 32 pessoas, das quais de 12 peões, 8 agentes da polícia de trânsito, 4 da Polícia
Municipal e 8 automobilistas, que responderam às entrevistas cujos depoimentos foram sujeitos à
análise de conteúdo.
DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a recolha de informações com base nos instrumentos e técnicas anteriormente
mencionadas, apresentamos neste capítulo os resultados, análise e a interpretação de dados.
Entretanto, a proposta da estratégia e tratamento de dados foi desenvolvido com base na análise
dos dados obtidos de diferentes fontes e de uma observação directa na perspectiva de apresentar
neste capítulo a situação da problemática em estudo e a resposta à pergunta de partida.

Situação do congestionamento rodoviário na cidade de Maputo


A intensificação do congestionamento na cidade de Maputo tem-se verificado em grande
nas primeiras horas e nas horas de ponta, isto é, na ida ao serviço, escola, entre outros locais de
interesse público para o exercício das suas actividades, assim como a volta dos mesmos aos seus
locais de partida dado que a maioria dessa população habita nas zonas suburbanas sendo
obrigada a deslocar-se para o centro da cidade onde as empresas e escolas públicas e privadas
encontram-se localizadas. Sobre este aspecto Cumbane (2010) alertava sobre a necessidade de as
políticas públicas serem pensadas de modo a planear a dinâmica das comunidades no sentido de
encurtar as distâncias entre os locais de residência e os locais de trabalho, escola, saúde, compras
e outros de interesse público, para se reduzir a exposição ao tráfego rodoviário em Maputo.
Dos diversos factores que proporcionam a ocorrência de congestionamento em geral, os
peritos da área de fiscalização de trânsito rodoviário na cidade de Maputo apontam o crescimento
do parque automóvel, gestão do trânsito na hora de ponta, insuficiência de transportes semi-
colectivos, assim como a falta de vias alternativas ou melhoradas.

Consequências do congestionamento rodoviário na cidade de Maputo


Geralmente, o congestionamento rodoviário na cidade de Maputo tem resultado em:
acidentes de viação; atrasos aos locais de serviço; altos gastos de combustível; deficiência na
travessia de peões, stress e fadiga dos utentes do transporte.
Alguns utentes da via pública por nós entrevistados afirmam que o impacto do
congestionamento já marca a maneira de ser dos mesmos, desde o condicionamento das suas
vidas, adaptação a novos hábitos e ainda a segurança na via pública.
Estratégia usada pelas autoridades competentes pela regulação e fiscalização de trânsito
para redução do congestionamento na cidade de Maputo
Segundo o Chefe de Departamento de Trânsito do Comando da PRM da cidade de
Maputo:
“no sentido de minimizar os congestionamentos que se fazem sentir em quase toda a cidade de
Maputo, especificamente em horas de ponta nas artérias geralmente congestionadas, como as
Avenidas de 24 de Julho, 25 de Setembro, JuliusNyerere, Eduardo Mondlane, Vladimir Lenine e
Avenida de Moçambique, até nos finais de 2019 as autoridades competentes adoptaram a
estratégia de regulação e orientação do trânsito rodoviário. Para o efeito, da portagem de
Maputo e do Bairro de Benfica, passando pela Avenida de Moçambique desembocando na
Avenida da EN4 e desta para Avenida 24 de Julho até a Avenida AlberthLithuli, as vias são
transformadas num único sentido, criando-se a terceira faixa de rodagem que vigora todos os
dias, nas manhãs, das 6H00 às 8H00 horas, de 2ª feira à 6ª feira, na perspectiva de reduzir o
impacto dos congestionamentos e maximizar a circulação rodoviária de modo a garantir a
fluidez na circulação de pessoas e bens na via pública”.

Actualmente, a mesma estratégia é aplicada para minimizar o congestionamento na


Avenida de Moçambique, no troço Benfica até Inhagoia, somente nas primeiras horas do dia.
Com esta medida, as autoridades competentes pela fiscalização do trânsito na cidade de Maputo
pretendem reduzir o tempo de viagem de casa para os locais de interesse, devido ao crescimento
do parque automóvel evitando, deste modo, atrasos de cidadãos trabalhadores, estudantes e
outros aos seus postos. A observação no terreno permitiu a verificação da aplicação desta medida
de descongestionamento nos pontos referidos.
Adicionalmente, polícia tem desenvolvido acções operativas, como regulação de trânsito
e fiscalização que, segundo Rozestraten (1988, p.132), constituem medidas paliativas, num
esforço de criar uma segurança rodoviária e eliminar efeitos negativos dos congestionamentos,
comportamentos e outros factores de risco, que propiciam à ocorrência de acidentes de viação.
Segundo os Peritos de Trânsito Rodoviário na cidade de Maputo,
“Os agentes de regulação e fiscalização de trânsito têm enfrentado várias dificuldades
na resolução deste fenómeno, com destaque para a insuficiência de recursos humanos
(75% do efectivo de trânsito na cidade de Maputo é constituído por uma média de
agentes acima de 40 anos de idade, o que contribui para insuficiência de agentes nos
cruzamentos); falta de material para efectuar um trabalho eficiente (apitos, bastões,
reflectores entre outros); falta de uma força de reserva para responder a eventuais
situações de emergência durante o de serviço”.
Os entrevistados clamam pela criação de novos métodos ou estratégias para permitir
maior fluidez de trânsito na via pública. A observação feita no terreno permitiu a confirmação
dos depoimentos dos peritos sobre o défice do pessoal e de equipamentos.
Os resultados da análise SWOT no que tange ao ambiente externo mostram que perfilam
como principais ameaças à circulação rodoviária: a dinâmica do crescimento do parque
automóvel na cidade fora das previsões das autoridades, a degradação das infra-estruturas viárias
existentes, a falta de vias alternativas e a fraca oferta do transporte colectivo.
Para a redução do congestionamento rodoviário temos como oportunidades: a
participação da sociedade civil moçambicana em campanhas de sensibilização para segurança
rodoviária, na perspectiva de incentivar o público em geral a aderir e pautar pela observação das
regras elementares de trânsito sempre que se fazer a via pública, evitando desta forma, acidentes
resultantes do congestionamento rodoviário; a possibilidade de mobilização de financiamento
para área de segurança rodoviária de Organizações Governamentais e não-governamentais de
modo a desenvolver-se um trabalho de qualidade.
A análise ao ambiente interno permitiu-nos identificar os seguintes pontos fortes: o
empenho das autoridades competentes na segurança rodoviária no exercício das suas funções; a
presença expressiva dos agentes de trânsito nas horas de ponta; a vontade política do Governo de
financiar a formação da Polícia, o que concorre para o reforço do efectivo. Como fraquezas: a
insuficiência de recursos humanos, técnicos e financeiros para realizar trabalho de qualidade; a
falta de um plano estratégico para a gestão da segurança rodoviária.

Proposta de Estratégia para Resolução do Problema


De acordo com Rozestraten (op.cit, p.146) não existe uma solução mágica para os
problemas do trânsito, mas uma combinação de medidas.
Embora adoptada a estratégia da expansão viária pelas autoridades competentes de
regulação e fiscalização de trânsito rodoviário, que resume-se na criação de uma terceira faixa
para as primeiras horas em algumas Avenidas ao longo da cidade de Maputo, ainda continua
elevado o índice de congestionamento que acaba marcando o ser e estar da sociedade resultando
em danos materiais e humanos. Para tal, para a redução do congestionamento rodoviário na
cidade de Maputo propõe-se o seguinte: o mapeamento estratégico dos pontos críticos da cidade
de Maputo; a gestão racional da Força Policial de Trânsito e a elaboração de um plano
estratégico a longo prazo para a segurança rodoviária.
Em relação à primeira proposta do mapeamento estratégico, a pesquisa considera como
pontos críticos da cidade de Maputo as Avenidas: JuliusNyerere, no troço de Magoanine à Praça
do Destacamento Feminino; Avenida de Moçambique (EN1) no troço de Zimpeto (Antigo
controlo Km 14) à Praça Filipe Samuel Magaia (Junta); Avenida Joaquim Chissano, no troço 2M
à Praça da OMM; da Praça da OMM à Praça do Destacamento Feminino seguindo pela Avenida
Kenneth Kaunda; e da Praça da OMM à Praça dos Combatentes, usando a Avenida Vlademir
Lenine. Os pontos acima foram considerados como críticos pelo facto de serem as vias principais
de circulação rodoviária, ou seja, são vias de entrada e saída da cidade, verificando-se, deste
modo, a dinâmica do parque automóvel e a insuficiência de vias alternativas nessas artérias que
acaba resultando em demoradas deslocações em distâncias que poderiam ser feitas em tempo
reduzido.
O mapeamento estratégico dos pontos críticos consistirá em explicitar a acção estratégica
dos agentes de forma clara e acessível, resumir as principais medidas necessárias para aprimorar
processos e alcançar metas em cada área operativa, integrar as estratégias e sincronizar o
trabalho das equipes, e deixar claro o papel de cada colaborador para o sucesso das acções
operativas. Sendo o objectivo deste ilustrar como cada área é responsável por alcançar
determinados objectivos, para que seja possível que toda a equipa consiga visualizar de forma
integrada o seu papel.
A gestão racional da Força Policial de Trânsito consistirá em fraccionar os meios
humanos existentes no Departamento da Polícia de Trânsito de modo a se estabelecer uma Força
de reserva com vista a responder a eventuais situações de emergência ou pra reforço na
regulação para garantir a fluidez em horas que se verifica um elevado volume do trânsito
rodoviário.
A estratégia da gestão racional da Força Policial de Trânsito observa certos critérios como
rendição entre os agentes. Por exemplo: nos entroncamentos ou em cruzamentos considerados
posição táctica como o caso do cruzamento de Jardim, Inhagoia, 25 de Junho, Benfica e Missão
Rock adoptar-se-á uma rendição física em cada duas horas. Nas horas de ponta, os dois agentes
devem estar presentes no ponto crítico de modo a responder as exigências para fluidez do
trânsito nesse troço. Nos restantes pontos, ao longo da Av. de Moçambique, seriam colocados
agentes de trânsito nas primeiras horas (5h:45min as 8h:30) e no período de tarde (15h:00 as
19h:30min).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa conclui que o congestionamento rodoviário na cidade de Maputo é fruto do
crescimento do parque automóvel que se tem verificado ao longo dos últimos anos aliado à
concentração das instituições públicas e privadas no centro da cidade de Maputo. O
congestionamento manifesta-se no quotidiano da sociedade resultando em acidentes de viação,
atrasos aos locais de serviço e escola, altos gastos de combustível, entre outros. Embora
adoptada a estratégia da expansão viária pelas autoridades competentes de regulação e
fiscalização de trânsito rodoviário, que se resume na criação de uma terceira faixa para as
primeiras horas em algumas avenidas, a cidade de Maputo continua a registar congestionamento
elevado, principalmente, durante as horas de ponta.
Para reduzir o congestionamento rodoviário na cidade de Maputo, propõe-se o
mapeamento estratégico dos pontos críticos, uma gestão racional da Força Policial de Trânsito e
a elaboração de um plano estratégico a longo prazo para a segurança rodoviária.
Para estudos futuros seria desejável o alargamento da área de estudo para outras cidades
como Matola, Beira e Nampula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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