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A Equação de Bernoulli da Hidráulica

Miguel Moreira

Agosto de 2007
Conteúdo
1 Introdução 2

2 A Equação de Bernoulli 2

3 Dedução da Equação de Bernoulli 4

4 Formas da Equação de Bernoulli 6

5 Aplicações da Equação de Bernoulli 7


5.1 Descarga de reservatórios pressurizados . . . . . . . . . . . . . 8
5.2 Escoamentos através de restrições . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.3 Jactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5.4 Medição de velocidades e caudais . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.4.1 O Tubo Venturi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.4.2 O Tubo Pitot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

6 Outras aplicações da Equação de Bernoulli 15

7 Conclusões 16

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1 Introdução
A escolha do tema “A Equação de Bernoulli”para objecto desta lição deve-
se, em primeiro lugar, ao facto de ser um tema da mecânica de ‡uidos com
múltiplas, interessantes e importantes aplicações na Engenharia.
Como se sabe, a Equação de Bernoulli é utilizada para, entre outras apli-
cações em hidráulica, quanti…car velocidades de escoamentos estacionários de
descarga de reservatórios, estimar a velocidade de uma escoamento através
duma restrição à sua passagem e medir velocidades de escoamentos e os cor-
respondentes caudais. A aplicação da Equação de Bernoulli está portanto
presente quer nas operações de previsão feitas pelo Engenheiro, quer nas
correspondentes operações de veri…cação e experimentação em geral. As-
pectos estes que constituem as duas faces do mundo em que um Engenheiro
se movimenta.
Por outro lado, a “maquinaria matemática”e física, necessária para justi-
…car o enunciado da Equação de Bernoulli, é adequada ao nível de um aluno
do …m do primeiro ano, princípio do segundo ano de um curso de Engenharia,
possibilitando a ilustração da aplicação de conceitos de cálculo vectorial e de
física de uma forma integrada, obtendo um resultado de utilidade evidente
para aluno. Acresce que ao nível das aplicações a Equação de Bernoulli
oferece-nos facilmente, alguns resultados, já conhecidos do aluno e obtidos
aplicando outras metodologias. Ora, estes factos constituem elementos ex-
tremamente motivadores da aprendizagem.

2 A Equação de Bernoulli
Daniel Bernoulli foi um físico e matemático Suíço do século XVIII. Oriundo
de uma notável família ligada à Ciência — particularmente à matemática1
— nasceu em 1700 e investigou, entre muitos outros assuntos, as forças as-
sociadas a um ‡uido em movimento. Desenvolveu a teoria cinética dos gases
e foi quem pela primeira vez caracterizou a pressão de um gás através dos
choques elásticos, das suas partículas, numa superfície.
Viria a estabelecer, em 1738, uma das equações mais utilizadas na mecânica
de ‡uidos conhecida por Equação de Bernoulli.
A Equação de Bernoulli traduz o princípio de conservação de energia
numa mesma linha de corrente num escoamento suposto estacionário,
com massa volúmica constante, invíscido, sujeito adicionalmente a forças
volúmicas de origem gravítica.
1
tais como, Jacob Bernoulli notabilizado pelos seus estudos sobre sucessões e séries e
Johan Bernoulli que investigou questões ligadas à teoria da integração.

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Lembremos que uma linha de corrente é caracterizada pela tangência do
vector velocidade do escoamento em cada um dos seus pontos. Um escoa-
mento é dito estacionário quando os parâmetros que o caracterizam, tais
como a massa volúmica , a velocidade V, a pressão p e outros, não de-
pendem do tempo. A massa volúmica diz-se constante se não depender
quer do tempo, quer da posição. Um escoamento diz-se invíscido quando a
viscosidade do ‡uido é nula. Nesta última situação o ‡uido diz-se perfeito.
O estabelecimento da Equação de Bernoulli tem por base a Equação de
Euler
DV
= 5p+ g (1)
Dt
a qual representa a Lei Fundamental da Dinâmica, ou Segunda Lei de Newton
X
ma = Fi (2)

aplicada a um ‡uido perfeito (invíscido)


P sujeito a forças de origem gravítica.
Nesta última espressão, m, a e Fi , representam respectivamente a massa
a aceleração e a soma vectorial das forças exteriores aplicadas.
Na expressão (1), , V, p e g representam respectivamente a massa
volúmica, a velocidade, a pressão e a aceleração da gravidade. A derivada
DV
Dt
; no primeiro membro da Equação de Euler, traduz o conceito de derivada
material da velocidade
DV @V
= + (V:5) V (3)
Dt @t
que desenvolvido evidencia a presença de um termo de aceleração local @V
@t
e
um outro de aceleração convectiva (V:5) V. Este desenvolvimento permite-
nos reescrever a equação de Euler na forma
@V
+ (V:5) V = 5 p + g: (4)
@t
Os termos do primeiro membro representam, como já referimos, os termos
de aceleração local e aceleração de natureza convectiva das forças volúmicas
de inércia. Os termos do segundo membro representam as forças exteriores
no elemento de volume, nomeadamente o gradiente da pressão 5p e o peso
volúmico g do elemento de volume.
Notemos que , p são campos escalares e V, g campos vectoriais. O
campo de forças gravítico g; é vertical podendo ser representado como
g= kg (5)
em que k é o versor unitário orientado no sentido oposto ao do campo em
questão.

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3 Dedução da Equação de Bernoulli
Comecemos por considerar a Figura 1 que representa uma linha de corrente
de um escoamento planar. Nesta …gura podemos observar a representação
Vector normal unitário Vector tangente unitário
V =V T
N T
z
Linha de corrente
k dr
θ dz
dr = Tds

ρg sinθ =
dz
θ ds

Figura 1: Linha de corrente.

dos vectores unitários tangente T e normal N, à linha de corrente ilustrada


assim como o versor k e o campo gravítico g. O comprimento in…nitesimal
de arco de linha de corrente está denotado por ds. Iremos supor a linha de
corrente parametrizada em termos das coordenadas do referencial de…nido
pelos versores T e N em cada ponto.
Nestas circunstâncias poderemos exprimir o vector velocidade V em cada
ponto da linha de corrente por
V =VT T + VN N (6)
em que VT e VN representam, respectivamente, as correspondentes compo-
nente tangencial e normal. Como se sabe, por de…nição de linha de corrente,
o vector velocidade V de um escoamento, é tangente a cada um dos pontos da
linha de corrente. Desta forma, numa linha de corrente, a component normal
VN da velocidade é nula e a componente tangencial é igual ao valor absoluto
de V, tornando-se assim possível representar a velocidade do escoamento em
cada ponto, por
V = V T: (7)
Em (7), V = VT ; representa, como já foi referido, o valor absoluto da veloci-
dade vectorial V em cada ponto da linha de corrente.
Representemos a Equação de Euler (1) em termos das coordenadas asso-
ciadas à linha de corrente e na sua direcção.

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Comecemos por observar que o primeiro membro da Equação de Euler se
reduz a
DV @V @ (V T)
= +V , (8)
Dt @t @s
já que a velocidade V tem uma componente normal nula na linha de corrente.
Notemos que esta última expressão ainda se pode escrever como

DV @V @ (V T)
= +V
Dt @t @s
@V @V @T
= +V T+V 2
@t @s @s
@V @V
= +V T , (9)
@t @s

já que o termo V 2 @T
@s
representa uma aceleração normal à linha de corrente.
Por outro lado, a componente do gradiente de pressão 5p na direccão
tangencial tangencial à linha de corrente reduz-se a
@p
(5p)T = : (10)
@s
Quanto à componente tangencial, à linha de corrente, do peso volúmico g,
considerando a Figura 1, facilmente concluimos que
dz
( g)T = g sin = g : (11)
ds
Tendo em conta as expressões (9), (10) e (11) e supondo adicionalmente
o escoamento estacionário, @V
@t
= 0, a Equação de Euler na direcção da linha
de corrente assume a forma
@V @p dz
V = g ; (12)
@s @s ds
isto é,
@ V2 @p dz
+ + g = 0: (13)
@s 2 @s ds
Naturalmente se a massa volúmica for constante, obtemos

@ V2 @p dz
+ + g = (14)
@s 2 @s ds
@ V2
+ p + gz = 0; (15)
@s 2

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condição esta que só se veri…ca quando
V2
+ p + gz = constante (16)
2
ao longo de uma linha de corrente. Esta última expressão é a Equação de
Bernoulli.

4 Formas da Equação de Bernoulli


Como foi referido anteriormente, a equação de Bernoulli (16) é válida num
linha de corrente de um qualquer escoamento estacionário, invíscido, de
massa volúmica constante e sujeito a um campo de forças gravítico.
Esta equação estabelece uma relação precisa entre as variáveis velocidade V ,
pressão p e altura z, que caracterizam este tipo de escoamento ao longo de
uma linha de corrente. Note-se que nos termos da Equação de Bernoulli estes
parâmetros não podem variar independentemente uns dos outros.
A Equação de Bernoulli é apresentada habitualmente numa das seguintes
formas equivalentes:
V2
+ p + gz = constante, (17)
2
V2 p
+ + gz = constante, (18)
2
V2 p
+ +z = constante. (19)
2g g
Na forma correspondente à expressão (17) cada um dos termos do primeiro
membro apresenta dimensões de energia por unidade de volume:
2
o termo V2 representa a chamada pressão dinâmica do escoamento,
ou energia cinética por unidade de volume;
o termo p representa a chamada pressão estática do escoamento;
o termo gz representa a energia potencial por unidade de vol-
ume.

À quantidade
V2
pT = +p
2
é habitual chamar pressão total ou pressão de estagnação, isto é, num
ponto da mesma linha de corrente em que a velocidade se anula.

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Na forma correspondente à expressão (18) a Equação de Bernoulli apre-
senta termos com dimensões de energia por unidade de massa. Finalmente
na forma (19) os seus termos têm dimensões de comprimento:
V2
o termo 2g
designa-se habitualmente por altura cinética;
p
o termo g
por altura estática ou piezométrica;

o termo z, simplesmente altura geométrica.

De referir que alguns autores designam por altura piezométrica a quan-


tidade pg + z e altura total H, a quantidade

V2 p
H= + + z:
2g g

5 Aplicações da Equação de Bernoulli


Se bem que na prática não existam ‡uidos perfeitos, em muitas circunstâncias
os efeitos da viscosidade e outros fenómenos dissipativos podem ser despreza-
dos na presença dos diferentes termos da Equação de Bernoulli.
Na obtenção de resultados através da aplicação da Equação de Bernoulli,
o princípio de conservação da massa é habitualmente invocado, daí que se
justi…que uma breve referência ao mesmo. Sejam A1 e A2 as áreas de duas
superfícies de controlo normais às linhas de corrente de um mesmo tubo de
corrente num dado escoamento estacionário. Nestas circuntâncias

2 A2 V2 1 A1 V1 = 0;

isto é, a quantidade de massa que por unidade de tempo, se acumula entre as


duas secções de controlo, é nula. Se suposermos adicionalmente que a massa
volúmica é constante, o princípio de conservação da massa assume a forma

A2 V2 = A1 V1 ; (20)

habitualmente utilizada nas aplicações da Equação de Bernoulli.


Seguidamente ilustraremos algumas das aplicações mais usuais da Equação
de Bernoulli.

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Almofada gasosa

1 Líquido

h Válvula

Linhas de corrente

Figura 2: Reservatório pressurizado.

5.1 Descarga de reservatórios pressurizados


Muitos ‡uidos são armazenados em reservatórios pressurizados: água para
consumo doméstico, gases combustíveis, ar comprimido ou vapor de água
em instalações industriais, etc. Normalmente, a descarga destes ‡uidos para
regiões com pressões inferiores é regulada por válvulas ou orifícios. A veloci-
dade de descarga e consequentemente o correspondente caudal de descarga
pode ser determinado com base na Equação de Bernoulli.
Consideremos a Figura 2 na qual se pode observar esquematicamente
um reservatório pressurizado no interior do qual é mantida uma “almofada”
gasosa a uma pressão p1 . Uma válvula no reservatório permite regular a
desgarga do líquido na parte inferior do reservatório para uma região a uma
pressão inferior p2 . O escoamento supõe-se estacionário, invíscido e a massa
volúmica constante.
A velocidade de descarga V2 através da válvula pode ser estimada recor-
rendo à Equação de Bernoulli. Com efeito nas secções 1 e 2 da linha de
corrente idealizada
V22 p2 V12 p1
+ + z2 = + + z1 : (21)
2g g 2g g
Notemos também que em resultado do princípio de conservação da massa
(supondo a massa volúmica constante e o escoamento estacionário)

V1 A1 = V2 A2 ;

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em que A1 e A2 representam as áreas das correspondentes secções normais
V2
de passagem, V1 V2 pois A1 A2 : Assim, na equação (5), o termo 2g1
V22
pode ser desprezado na presença do termo 2g
. Deduz-se sucessivamente

V22 p1 p2
= + z1 z2 )
2g g
s
2 (p1 p2 )
V2 = + 2g (z1 z2 ):

Fazendo h = z1 z2 a expressão anterior assume a forma


s
2 (p1 p2 )
V2 = + 2gh:

Naturalmente o caudal volúmico de descarga pode ser caracterizado pela


expressão
Q = A2 V2 :

5.2 Escoamentos através de restrições


Escoamentos entre reservatórios podem realizar-se através de orifícios de pas-
sagem limitadores do caudal, isto é restrições. Veja-se a Figura 3. É possível
mostrar, com base na equação de Bernoulli que o escoamento invíscido de
um ‡uido através de uma restrição é realizado a uma velocidade que depende
da diferença de pressões entre os dois reservatórios.
Com efeito, observemos a Figura 18 em que o conjunto de linhas de cor-
rente representadas caracteriza um tubo de corrente dum escoamento suposto
estacionário, invíscido de massa volúmica constante. Comecemos por notar
que como a área da secção de passagem A1 é muito maior do que a área da
secção de descarga A2 . Assim, em resultado do princípio de conservação da
massa, a velocidade V1 será muito menor do que V2 , já que (supondo a massa
volúmica constante e o escoamento estacionário):

V1 A1 = V2 A2 :

Por outro lado o escoamento veri…ca-se a uma altura geométrica z =


constante, donde z1 = z2 . Desta forma, na Equação de Bernoulli

V22 p2 V2 p1
+ + z2 = 1 + + z1 ;
2g g 2g g

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p2
p1 Linhas de corrente
V1 ≈ 0

A2

A1 >> A2

Figura 3: Escoamento invíscido através de uma restrição de passagem.

V12 V22
poderemos desprezar o termo 2g
na presença de 2g
e eliminar z1 z2 , obtendo
s
2 (p1 p2 )
V2 = . (22)

A expressão obtida permite con…rmar, como foi a…rmado que a velocidade


de passagem do ‡uido na restrição depende da diferença de pressão p1 p2 .

5.3 Jactos
Um clássico exemplo de escoamento invíscido e estacionário é de um escoa-
mento vertical (de água no seio de ar, por exemplo) com uma velocidade de
descarga V1 su…cientemente baixa. Veja-se a Figura 4. Como se sabe, por
efeito da tensão super…cial, a coluna de líquido instabiliza e fragmenta-se em
gotículas após percorrer uma certa distância. No entanto iremos supor neste
exemplo que essa distância não foi ainda percorrida e que o efeito da tensão
super…cial é insigni…cante não afectando a pressão no interior do jacto. Desta
forma podermos considerar a pressão estática, nas secções 1 e 2, no interior
do jacto relacionadas da seguinte forma:

p1 + ar gz1 = p2 + ar gz2 : (23)

Consideremos, a Equação de Bernoulli aplicada entre as secções 1 e 2:

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V1 p1 z1
1

Ar Água

V2 p2 z2

Figura 4: Jacto vertical de água.

V22 p2 V2 p1
+ + z2 = 1 + + z1 : (24)
2g g 2g g
Resolvendo a expressão (24) em ordem a V2 após substituir a expressão (23)
nesta última, obtemos
2 ar g (z2 z1 )
V22 = V12 + + 2g (z1 z2 )

ar
= V12 + 2 1 g (z1 z2 ) : (25)

Notemos que a massa volúmica do ar ar é muito menor do que a da água


pois a r 10 3 . Assim podemos simpli…car a expressão anterior e obter,
q
V2 = V12 + 2g (z1 z2 ); (26)

expressão esta que caracteriza a velocidad V2 do ‡uido na correspondente


secção. É interessanter observar que este resultado é o que se obteria apli-
cando directamente o princípio de conservação de energia mecânica a uma
porção de ‡uido em queda livre:
Ec + Ep = constante.

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Reforcemos no entanto a ideia de que a simpli…cação 1 1 ar
, efectu-
ada, só é válida quando as massas volúmicas do ‡uido em escoamento e do
‡uido exterior são muito diferentes. Com efeito, se tal não acontecer, tem de
se considerar na expressão (25), o factor 1 ext
; atenuador da aceleração
da gravidade g.
A título de curiosidade registemos que a utilização adicional do princípio
de conservação da massa permite deduzir e quanti…car a variação do diâmetro
do jacto. Assim, considerando a expressão do referido princípio aplicado às
secções 1 e 2 do jacto da Figura 4, suposto, naturalmente constituído pelo
escoamento estacionário de um ‡uído com massa volúmica constante, deduz-
se:
D12 D22
V1 = V2 )
4 4
r
V1
D2 = D1 :
V2
Donde, tendo em conta (26),
r
V1
D2 = D1
V2
s
V1
= D1 p
V12 + 2g (z1 z2 )
1
V12 4
= D1 : (27)
V12 + 2g (z1 z2 )

5.4 Medição de velocidades e caudais


Em diferentes ocasiões é necessário conhecer a velocidade ou caudal de um
‡uido num tubo ou passagem. Tais medições podem ser realizadas recor-
rendo quer ao chamado Tubo Venturi quer ao conhecido Tubo Pitot cujos
pricípios de funcionamento descreveremos de seguida com base na Equação
de Bernoulli.

5.4.1 O Tubo Venturi


O dispositivo conhecido por Tubo Venturi encontra-se ilustrado na Figura
5. Para tal, o ‡uido em escoamento estacionario invíscido que se supõe de
massa volúmica constante, é obrigado a passar pelo dispositivo referido.

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Linha de corrente
V1 V2

1 2

h Fluido manométrico
ρM

Figura 5: Tubo Venturi para medição de caudais.

Notemos que em virtude do princípio de conservação da massa teremos


a seguinte relação entre as áreas das secções de passagem normais A1 e A2 e
as respectivas velocidades V1 , V2

V1 A1 = V2 A2 : (28)

Por outro lado, atendendo à idêntica altura geométrica a que se veri…ca o


escoamento, no dispositivo, a Equação de Bernoulli reduz-se a

V22 p2 V2 p1
+ = 1 + :
2g g 2g g
Donde se deduz, recorrendo a alguma álgebra

2 (p1 p2 )
V22 = V12 + )
v
u 2 (p p2 )
u 1
V1 = u :
t V2
2
V1
1

Sabendo que p1 p2 = ( M ) gh e atendendo à expressão (28) conclui-se


…nalmente v
u 2( ) gh
u M
V1 = u ;
t A1
2
A2
1

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expressão esta que caracteriza a velocidade do escoamento em termos do
quociente das áreas de passagem nas secções 1 e 2 e da diferença de pressões
estáticas que aí se veri…ca.
Notemos que no dispositivo da Figura (5) o líquido do ‡uido manométrico
deve ter uma massa volúmica maior do que a do ‡uido em escoamento.

5.4.2 O Tubo Pitot


Na Figura 6 representamos um Tubo Pitot. Este dispositivo é inserido do
seio do escoamento de forma a fazer coincidir o seu eixo longitudinal com
a direcção da velocidade.Naturalmente o escoamento é suposto invíscido,

Fluido em escoamento

1
ρ
2 V2
V1
Linhas de corrente
p1 p2

parede h
Fluido manométrico
ρM

Figura 6: Tubo Pitot.

estacionário e com massa volúmica constante. Consideremos a Equação de


Bernoulli aplicada nas secções 1 e 2 da linha de corrente que se ilustra na
…gura, notando que a altura geométrica do escoamento é constante e que a
velocidade V2 é nula:
p2 V12 p1
= + )
g 2g g
s
2 (p2 p1 )
V1 = :

Observemos que p2 p1 = ( M ) gh. Assim,


s
2( M ) gh
V1 = : (29)

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A expressão (29) permite, da forma descrita, obter a velocidade V1 do escoa-
mento em termos dos parâmetros h e das diferenças das massas volúmicas
do ‡uido manométrico e de trabalho. Naturalmente supõe-se que a diferença
M é positiva.

6 Outras aplicações da Equação de Bernoulli


Como foi referido, a utilização correcta da Equação de Bernoulli pressupõe
que a mesma seja aplicada numa linha de corrente de um escoamento esta-
cionário, invíscido com massa volúmica constante. No entanto, em muitas
situações de interesse na Engenharia, quer efeitos dissipativos distribuídos de
origem viscosa ou turbulenta, quer efeitos dissipativos de natureza singular,
não podem ser ignorados. Isto é, parte da energia do escoamento ao longo
da linha de corrente é dissipada. Nestas situações a adequada modi…cação
da Equação de Bernoulli pode revelar-se, também, de grande utilidade. Tal
é o caso da situação que ilustraremos de seguida.
Consideremos a conduta horizontal representada na Figura 7 que se
supõe com uma secção recta de área constante. Suponha-se que a massa
volúmica do ‡uido real em escoamento estacionário no seu interior é, tam-
bém, constante.

1 2

Linhas de corrente

Figura 7: Escoamento estacionário numa conduta horizontal.

Em resultado do processo de dissipação de energia ao longo do trajecto


do ‡uido entre as secções referidas a Equação de Bernoulli assume a forma

V12 p1 V2 p2
+ + z1 = 2 + + z2 + hf (30)
2g g 2g g

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em que hf representa a referida dissipação de energia.
Em virtude do princípio de conservação da massa aplicado às secções 1 e
2 deduz-se

A1 V1 = A2 V2 )
V1 = V2 .

Por outro lado, a altura geométrica do escoamento mantém-se constante.


Donde, z1 = z2 .
Assim, destas hipóteses, deduz-se com base na formulação (21)
p1 p2
hf = : (31)
g
Esta última expressão permite quanti…car a dissipação de energia distribuída
ao longo do escoamento entre as secções 1 e 2, em termos da diferença de
pressão estática que se pode medir experimentalmente nas correspondentes
secções.
O resultado anterior tem um alcance prático enorme pois possibilita car-
acterizar as condutas em termos das dissipações que originam em condições
semelhantes de escoamento. Esta possibilidade, permitindo, antecipar e pre-
ver as quedas de pressão estática em escoamentos reais, é essencial no projecto
de sistemas de condutas.

7 Conclusões
Nesta lição foi deduzida a Equação de Bernoulli

V2
+ p + gz = constante,
2
com base na integração da Equação de Euler numa linha de corrente de uma
escoamento estacionário, invíscido, com massa volúmica constante e sujeito
à acção do campo gravítico.
Diversas aplicações elementares da Equação de Bernoulli, que traduz
o princípio de conservação de energia, nas condições das hipóteses, foram
ilustradas, nomeadamente:

previsão de caudais em descarga de reservatórios pressurizados;

estimativa de velocidade dum escoamento através duma restrição;

estudo de jactos de escoamentos;

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medição de caudais;

determinação de perdas de carga.

As aplicações ilustradas — uma pequena parte das utilizações da Equação


de Bernoulli — mostram a enorme utilidade desta equação na Mecânica
de Fluidos nos aspectos relacionados com a previsão e quanti…cação de
fenómenos da hidráulica e nas técnicas experimentais de medição de
velocidades de escoamento.

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Referências
[1] Bird, R. B., Stewart, W. E. & Lightfoot, E. N., Transport Phenomena,
Willey International Edition, New York, 1960.

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ney, 1989.

[5] Lencastre, A., Hidráulica Geral, Hidroprojecto, 1983.

[6] Middleman, S., An Introduction to Fluid Dynamics, John Wiley & Sons,
Inc.,1998.

[7] Potter, M. C. & Wiggert, D. C., Mechanics of Fluids, Terceira Edição,


Brooks/Coole, 2002.

[8] Rouse, H., Elementary Mechanics of Fluids, Dover, 1946.

[9] Struick, J., A Source Book in Mathematics, 1200-1800, Harvard Univer-


sity Press, 1969.

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