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Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 11, 2, jul-dez 2011, 84-99

http://submission-pepsic.scielo.br/index.php/rpot/index Uma publicação da Associação Brasileira de


ISSN 1984-6657 Psicologia Organizacional e do Trabalho

Artigo - Relato de Pesquisa Empírica

Do Estresse e Mal-Estar Gerencial ao Surgimento


da Síndrome de Estocolmo Gerencial
Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo*
Meire Rose de Oliveira Loureiro Cassini*
Ana Lúcia Magri Lopes*
* Faculdade Novos Horizontes. Rua Alvarenga Peixoto, 1270, Bairro Santo Agostinho, CEP: 30180121, Belo Horizonte, MG. Fone: (31)
3293- 7010, (31) 3293- 7026. Emails: lenemelo@unihorizontes.br, meire.cassini@unihorizontes.br, ana.lopes@unihorizontes.br

Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar o mal-estar gerencial vivenciado pelos gestores do setor de informática, consi-
derando as variáveis pressões e estresse, presente nas práticas gerenciais. O estudo é de natureza qualitativa. Foram
realizadas 36 entrevistas semiestruturadas, com gerentes em 10 empresas de médio e grande porte do setor de infor-
mática localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG. As entrevistas foram gravadas e transcritas poste-
riormente, preservando-se na íntegra o discurso dos gerentes. A análise dos dados fundamentou-se nos princípios da
análise de conteúdo. A pesquisa permitiu o surgimento de duas descobertas: primeiro, a necessidade de se conhecer
as fontes de estresse gerencial para diagnosticar condições de trabalho do gestor e formular proposições para uma
melhor qualidade de vida desse grupo profissional. A segunda e mais significativa, apontou para uma percepção de
normalidade das situações de pressão, cobranças, falta de tempo, exigências de atualizações aceleradas e constantes,
entre outras, até então consideradas como condições de estresse e de adoecimento presentes no exercício da função
gerencial. A estas “normalidades” apresentadas, denominamos de Síndrome de Estocolmo Gerencial, revelando um
novo contexto para a análise da função gerencial no campo do estresse e do mal-estar no âmbito organizacional.

Palavras-chave: estresse, mal-estar gerencial, síndrome de Estocolmo gerencial.

Abstract
From Management Stress and Discomfort to the Emergence
of Management Stockholm Syndrome

This article aims to analyze the managerial malaise experienced by computer industry managers, considering
the variable pressures and stress that occur in management practice. The study is qualitative in nature. 36 semi-
-structured interviews were conducted with managers in 10 companies, medium-size and large, from the compu-
ter industry in the metropolitan area of Belo Horizonte, MG. The interviews were recorded and later transcribed,
preserving the managers’ full discourse. Data analysis was based on the principles of content analysis. The rese-
arch revealed two discoveries: the first, a need for awareness of the sources of management stress in order to
diagnose management working conditions and formulate proposals for a better quality of life for this professional
group. The second, and more significant, indicated a perception of normality of situations involving pressure,
budget issues, lack of time, demands for accelerated and constant updates, among others, hitherto regarded as
conditions for stress and illness seen in the exercise of the managerial function. To these exhibited “normalities”
we give the name Management Stockholm Syndrome, revealing a new context for analysis of the managerial role
in the field of stress and discomfort in the organizational context.

Keywords: Stress, Managerial Malaise, Management Stockholm Syndrome


Melo, Cassini & Lopes. Síndrome de Estocolmo Gerencial

Recebido em: 09.12.2010


Aprovado em: 26.11.2011
Publicado em: 30.12.2011
Síndrome de Estocolmo Gerencial 85

INTRODUÇÃO prol dos objetivos organizacionais e dos resul-


tados almejados (Melo, 2007).

T
em sido observada a fluidez de produ- A realidade do mundo do trabalho, per-
tos, matéria-prima, capital e trabalho meado por pressões e mudanças constantes,
por todo o mundo, acendendo a exas- requer mais e mais ações estratégicas para
peração da competitividade, com reflexos nas enfrentá-las e promover o mínimo de bem-
constantes adequações no interior das orga- -estar no ambiente organizacional. Assim, a
nizações, além de percebíveis transformações proposta deste artigo é analisar, a partir da
nos conceitos de produtividade, qualidade, percepção de gestores do setor de informáti-
dos requisitos de qualificação dos recursos ca, o mal-estar gerencial por eles vivenciado,
humanos e dos modelos de gestão. Tais situ- considerando as variáveis pressões e estresse
ações comprometem a vida profissional, pas- presentes no exercício da função gerencial.
sando a exigir mais flexibilidade e maior qua- Para este estudo, foram realizadas 36
lificação do trabalho das pessoas no espaço entrevistas semiestruturadas, sendo 18 com
organizacional (Kingeski, 2005). gerentes do sexo feminino e 18 com gerentes
Assim sendo, as organizações se con- do sexo masculino, em 10 empresas de mé-
centram na estruturação de um quadro pro- dio e grande porte do setor de informática,
fissional/funcional mais ágil e cada vez mais localizadas na Região Metropolitana de Belo
condensado, capaz de responder com mais Horizonte – MG.
rapidez às constantes mudanças. Corroboran- O artigo está estruturado em cinco ou-
do, Melo (2000) aponta que as organizações tras seções, além desta introdução. A segunda
estão em busca de profissionais aptos a tra- apresenta o aporte teórico. A terceira seção
balharem em equipe, capazes de terem uma traz a metodologia aplicada neste estudo. A
ação flexível, com iniciativa, mas orientados quarta seção discute os dados coletados, se-
para resultados. guida das considerações finais e referências.
De forma a suportar essas novas mani-
festações no mundo das organizações, a in- APORTE TEÓRICO
formática vem sendo aplicada como meio de
capacitação e diferenciação por aqueles que a Da função à prática gerencial
utilizam. Daniels (1996) destaca que as orga-
nizações devem tornar a distância e o tempo Apesar dos múltiplos estudos e pesqui-
mínimos e, coletivizar as informações entre os sas no campo gerencial, desde o início do sé-
funcionários. De um modo geral, busca-se a culo passado, a definição da função gerencial
renovação tecnológica, pois, através desse de- permanece fragmentada, ambígua e dispersa,
senvolvimento surgem outras e novas formas o que torna difícil definir objetivamente o pa-
de produção, armazenamento, processamen- pel do gestor em uma organização. De acordo
to, recuperação e transmissão de informações. com Motta (1995), existe uma concordância
Nesse contexto surgem novos e comple- sobre os papéis e as funções, no entanto, não
xos desafios para os gerentes, uma vez que o há uma homogeneidade sobre o que signifi-
teor da mudança é produzido pelos próprios ca ser gerente, o que tem estimulado vários
gerentes, cabendo a esse grupo funcional o estudiosos da administração a se dedicarem
papel de difusão do fluxo das informações à ação gerencial. Mesmo os autores clássicos
que são geradas pelas mudanças e, poste- da Teoria das Organizações já apontavam para
riormente, disseminadas pela organização. a função gerencial, apresentando caracterís-
Ressalta-se que as práticas gerenciais concre- ticas funcionais e/ou comportamentais ainda
tizam, por meio de decisões e ações, a ideia presentes nas discussões teóricas da primeira
de transformar a realidade da organização em década do século XXI.

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Taylor (1970), no início do século XX, controlar os resultados. Motta (2001) ressalta
elucida parte da função do gerente em seus que o gerente é parte do processo decisório
estudos observando diretamente o trabalho organizacional. Seu comportamento, ou seja,
de operários, destacando o que chamou de seus valores, atitudes individuais, bem como
“supervisão funcional”, pela qual o gerente as experiências administrativas e sua própria
assume responsabilidades na concepção e subjetividade influenciam as decisões que se-
no andamento do processo produtivo. Fayol rão tomadas no âmbito organizacional.
(1990), também no início do século passado, Mintzberg (1986) identificou dez pa-
identifica as clássicas cinco funções básicas: péis gerenciais reunidos em três grupos, a
planejamento/previsão, organização, direção/ saber: papéis interpessoais, papéis de infor-
comando, coordenação e controle. Segundo mação e papéis de decisão. O autor realça
o autor, além de ter competência, responsa- que o desempenho do papel gerencial está
bilidade e autoridade sobre o processo pro- condicionado a amplitude das habilidades
dutivo, o gerente deve, ainda, ser dotado de que, na sua concepção são: de relaciona-
iniciativa, colaborar com a subordinação dos mento, de liderança, de resoluções de confli-
interesses individuais aos organizacionais, es- tos, de processamento de informação, de to-
tar atento à remuneração do pessoal, associa- mar decisões em condições de ambiguidade,
do à percepção de justiça, de imparcialidade de alocação de recursos, de empreendedor e
e de estabilidade, promovendo o espírito de de introspecção.
equipe e a sua satisfação. Para Melo (2000), a função gerencial,
Na análise de Weber (1946), o gestor no seu conjunto, apresenta fases distintas se-
ocupa um cargo formal na burocracia, ou gundo o contexto social, tecnológico e políti-
seja, ele detém uma especialização e um po- co, sinalizando uma evolução do modelo de
der permitido e delimitado, inicialmente, pelo gestão considerado mais apropriado às orga-
cargo ocupado. Nessa perspectiva, a função nizações contemporâneas. Essas fases surgem
gerencial é legitimada tanto pelo nível hie- de acordo com o nível de desenvolvimento de
rárquico que ocupa, como pela meritocracia, cada organização e são destacadas em qua-
competência técnica, profissionalização e tro fases: A primeira fase retrata o gerente
pela separação entre a administração da or- deixando o papel de burocrata em busca do
ganização e sua propriedade, implicando em conhecimento para assumir o papel de geren-
racionalidade e funcionalidade. Dando sequ- ciador de pessoas e de processos. A segunda
ência a essa análise Blau e Scott (1970) e Sel- fase incide na modernização da função geren-
znick (1972) fazem uma apreciação crítica do cial, quando o gestor percebe o imperativo de
modelo, apontando as disfunções burocráti- mudanças na sua forma de trabalhar e come-
cas no trabalho efetivo dos gerentes, relacio- ça a entender o todo da organização, busca a
nados à divisão do trabalho e aos processos eficiência e um melhor desempenho dos inte-
de delegação levando ao questionamento da grantes visando resultados organizacionais. A
competência técnica do gestor, o que mina terceira fase destaca a função gerencial como
sua autoridade formal. uma parceria com os subordinados e com a or-
Para Simon (1965), o gestor é essen- ganização, para que o gerente obtenha suces-
cialmente um tomador de decisões e para so. A quarta fase se refere à função gerencial
o desempenho da sua função é necessário compartilhada, onde acontece uma mudança
que se tenha capacidade de compreender as da perspectiva da ação gerencial em relação
condições e os problemas organizacionais, à função do gerente, incluindo no processo a
identificar suas causas, criar alternativas e equipe e práticas de empowerment, ou em-
soluções, avaliar as opções, escolher uma poderamento, de pessoas e de equipes. Trata-
alternativa satisfatória, colocar em prática e -se de formas de construir novos mecanismos

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de tomada de decisões e de responsabilida- Sobre pressão, estresse e mal-estar


des compartilhadas. Na verdade, trata-se de gerencial
novas concepções do exercício do poder no
ambiente organizacional. No Brasil, a partir dos anos de 1990, os
Segundo Dubar (1997), as habilidades gerentes passaram a conviver com novas situ-
e competências gerenciais possuem caráter ações de trabalho nas organizações, como a
relacional. Nesse sentido, o papel do gestor criação de unidades de negócio, redução dos
não pode ser considerado uma tarefa simples, níveis hierárquicos e discurso do gerente par-
uma vez que exige conhecimentos e habilida- ceiro, o que os levou a uma nova vivência em
des no trato das questões sociais e técnicas seu campo profissional e a novas exigências,
que constituem os processos organizacionais. segundo as regras da lógica do novo capita-
Melo (2002) destaca também que a atu- lismo. Sennett (1999) analisa os efeitos das
ação do gerente contribui, de maneira direta, práticas do novo capitalismo sobre os indiví-
para o desenvolvimento de instrumentos, duos. Entre essas práticas, destacam-se duas
processos, ritos e argumentos nas relações com forte efeito sobre o trabalho gerencial: o
interpessoais, agindo de forma importante na trabalho flexível e os sistemas de poder que
regulação dos conflitos organizacionais. se escondem nas modernas formas de flexi-
O caráter multifacetado da função ge- bilidade. O autor examina que, ao se falar de
rencial é também ressaltado por Hill (1993), riscos, situação inerente ao trabalho flexível,
entre outros autores. As características de utiliza-se a ideia de “estar em risco”, o que é
variedade e de fragmentação do trabalho ge- mais deprimente do que promissor. As propo-
rencial se explicam face sua dependência em sições dos manuais de negócios referentes ao
relação aos outros atores sociais, principal- risco diário da organização flexível indicam,
mente os subordinados e pela natureza am- de fato, o estado contínuo de vulnerabilidade
bígua da função. Para o alcance de metas e vivido pelos indivíduos. “Provoca-se, assim,
objetivos, a tarefa acaba se tornando árdua, uma espécie de preocupação surda, contínua,
por agregar esforços variados em campos di- reforçada pela exagerada ambiguidade do su-
ferentes indo dos psicológicos aos técnicos e cesso e fracasso” (Sennett, 1999, p. 97).
todos inseridos nas relações de poder. As diversas formas de flexibilidade es-
Em relação às características femini- condem a concentração de poder sem a real
nas, Davel e Melo (2005) expõem que estas descentralização do poder. A sobrecarga dos
podem trazer um diferencial no exercício da pequenos grupos de trabalho é uma caracte-
função gerencial. No entanto, fazer referência rística frequente da reorganização das empre-
a um “estilo feminino” de gerência, significa- sas. Assim, a nova ordem acrescenta novas
ria, de algum modo, reforçar os paradigmas formas de poder desigual e arbitrário nas or-
patriarcais. ganizações. O controle pode ser estabelecido
A lacuna existente a respeito de um con- por meio da criação de metas de produção ou
senso sobre a função gerencial, até mesmo lucro para uma grande variedade de grupos
entre os gerentes, observando-se, portanto, a na organização, em que cada unidade tem
enorme diversidade de percepções sobre os “liberdade” de cumprir as metas da maneira
desafios que se impõem aos gerentes, às ca- que julgar adequada. Raramente as organi-
racterísticas e habilidades que eles precisam zações flexíveis estabelecem metas de fácil
ter, além das múltiplas contradições que esse cumprimento. Em geral, as unidades são pres-
grupo profissional vivencia no exercício de sionadas a produzir ou a ganhar muito mais
suas funções, no entanto, deve ser destacado do que está ao alcance de suas capacidades
(Melo, 2000; 2002; 2006). imediatas (Harrison, 1994).

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Não se tem dúvida de que o trabalho, considerando que o grupo gerencial vivencia
bem como suas condições, pode trazer conse- uma situação ambígua em relação à organiza-
quências negativas ou positivas para a saúde ção empregadora. Além disso, resultados de
e qualidade de vida das pessoas (Levi, 2008). pesquisa (Melo, 2006) mostram que a com-
Segundo o autor, a relação funciona em mão petição, o individualismo e a vaidade estão
dupla, onde o trabalho pode afetar a saúde presentes no cotidiano dos gerentes. Para um
em todos seus aspectos, físicos, mental, as re- número significativo deles, esses fatores são
lações familiares e sociais. Para Cooper, Sloan responsáveis por divergências entre os pa-
e Williams (1988), o estresse organizacional res, impedindo que tenham uma visão de si
é desencadeado devido às consequências fí- como parte de um único grupo profissional.
sicas e mentais nocivas, desenvolvidas em Os gerentes identificam, ainda, a insegurança
função da percepção de características, vistas dos cargos gerenciais como fonte geradora de
pelo indivíduo como negativas, em seu am- competição entre os pares. O não reconheci-
biente de trabalho. Nessa acepção, o indiví- mento da organização e o pouco tempo para
duo não se sente capaz de lidar com as fontes contato foram igualmente apontados como
causadoras de pressão no trabalho. dificuldades para a unificação dos gerentes
Tamayo (2008) argumenta que os im- em um grupo mais organizado e homogêneo.
pactos provocados pelas constantes mani- A relação estresse e mal-estar gerencial
festações de tensão nos ambientes organi- é tênue e pouco discutida, pois os estudos em
zacionais provocam o estresse no trabalho. geral enfocam a questão do estresse que pode
Para o autor, as fortes cargas de pressões, as anteceder ou ser consequência do mal-estar
situações que envolvem ameaças, autoesti- gerencial compreendido e percebido pelo
ma, o convívio, como também as condições próprio gerente. Nesse cenário, a função ge-
de trabalho, entre outras, são manifestações rencial se apresenta como arquétipo, pois no
de tensões existentes no ambiente de traba- seu escopo se encontram pressões inerentes
lho. Soma-se a estas, o caráter destrutivo do ao próprio posto de trabalho, em diversidade
estresse, que acarreta outros tipos de proble- e intensidade maiores se comparado a outros
mas como o aumento do consumo de álcool cargos. São profissionais que vivenciam pres-
e drogas, a insatisfação, baixa produtividade, sões e insegurança no cotidiano de trabalho
reduz o comprometimento e propicia alto ín- e na medida em que a pressão competitiva
dice de afastamento do trabalho. Tudo isso se aumenta, cresce também a insegurança no
relaciona com fatores objetivos como o exces- emprego (Quick & cols., 2003). Segundo Zille,
so de tarefas, maiores exigências de qualifi- Braga e Marques (2008), a insegurança nas
cação, redução do quadro de funcionários, a relações decorrentes das cobranças, dificulda-
preocupação em permanecer na organização des nas relações interpessoais e da introdução
com a deterioração das relações em todos os de recursos tecnológicos são comuns no am-
níveis, além de fatores estruturais como as re- biente organizacional, provocando inovações
lações de poder vivenciadas e as contradições nas estratégias de gestão. Nesse sentido, os
próprias da função gerencial. Esse conjunto de gerentes são impulsionados a se posicionarem
fatores contribui para o desenvolvimento de de modo diferente, assumindo novas respon-
situações de mal-estar e estresse gerencial. sabilidades e novas formas de pensar os pro-
Apesar da importância dos estudos re- blemas, os princípios teóricos e tecnológicos,
lativos ao estresse gerencial (Cooper, Sloan & além de terem que superar inúmeros desafios.
Williams 1988; Couto, 1987; Zille, 2005; Ros- Dessa forma, à função gerencial estão
si, 2008, entre outros), este artigo aborda o associados numerosos fatores capazes de al-
fenômeno do mal-estar gerencial. Trata-se de terar o nível de ansiedade e o nível de tensão
situações muitas vezes próprias da função, resultando em estafa ou esgotamento físico-

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-mental (Couto, 1987). Entre os fatores de- grupo e os outros empregados são aspectos
sencadeantes de pressão no trabalho citados importantes de satisfação. Mesmo confirma-
pelo autor, destacam-se: dificuldade de rela- da a necessidade de independência e de au-
cionamento (com pessoas difíceis); mudanças tonomia, suportar o sentimento de solidão é
(físicas); prazos (excessivos, determinados um desafio, além de causador de ansiedade e
e urgentes); tomada de decisão (podendo de insegurança. Em relação ao ônus da lide-
afetar muitas pessoas); recuperação de de- rança, os gerentes percebem sobre si a ten-
sempenho (problemas financeiros); geren- são existente por serem eles os portadores
ciamento eficaz (pouco recurso e sem apoio); de autoridade decisiva e de responsabilidade
correção de erros (antecessores); excesso de definitiva. Nesse campo, a gerência é carac-
viagens; gestão de conflitos (equipe); interfa- terizada como uma “preocupação perpétua,
ce com diversos clientes (internos e externos). impossível de escapar”, por mais que busque
Hill (1993, p. 158) ao estudar um gru- se esquivar dela (Hill, 1993, p. 167).
po de gerentes durante um ano depois de sua Tanure, Carvalho Neto e Andrade (2007)
promoção ao cargo gerencial percebeu que destacam, em relação aos gerentes, a sensa-
“os gerentes recebem ativamente as tensões ção de estar em débito e a relação com o tem-
causadas pela mudança e pelo aumento dos po. Para eles, a primeira deriva dos processos
desafios, como se fosse uma oportunidade de reestruturação, nos quais intensificam as
de desenvolvimento pessoal”. Entretanto, a tarefas e responsabilidades. Assim, afetaria
autora enfatiza que as tensões vivenciadas de forma significativa o trabalho, elevando
pelos gerentes acabam sendo maiores e mais o nível de cobrança e a instabilidade no em-
exaustiva do que haviam imaginado. prego. Já em relação ao fator tempo são, ge-
A autora descreve quatro fontes básicas ralmente, vivenciados pelos gerentes como
de tensão que os gerentes devem aprender a um fator ausente na realização das tarefas e,
enfrentar: a tensão da função, a negatividade, de frustração, por não vivenciarem momen-
o isolamento e o ônus da responsabilidade da tos sociais, necessários ao ser humano, fora
liderança. Sobre a tensão da função, podem- do ambiente organizacional. Outro ponto
-se apontar determinadas fontes envolvidas considerado pelos autores diz respeito à au-
no papel gerencial, como a sobrecarga, as tonomia, à capacidade de liberdade e à inde-
ambiguidades da função e os conflitos. Ao pendência vivenciada que, se de um lado oca-
atuarem juntos, esses fatores elevam o nível siona prazer e sentido ao trabalho, de outro
de tensão do indivíduo, podendo chegar aos trazem tensão na realização das atividades.
seus limites em pouco tempo, decorrente de Entretanto, conforme aponta Chanlat
demandas de atividades a serem realizadas (2005), vale destacar que cada pessoa per-
em tempo reduzido e com limitação de recur- cebe os fatores de pressão de forma distinta,
sos. A negatividade ligada à função gerencial interiorizando-os e reagindo a eles de modo
é percebida como “uma conspiração contrá- particular, melhor dizendo, algumas caracte-
ria (a eles)” (Hill, 1993, p. 164). Nesse fator, rísticas pessoais como a personalidade e a ex-
uma das dificuldades da responsabilidade ge- periência de vida, influenciam o modo como
rencial, de lidar com subordinados tidos como o indivíduo reagirá, afetiva e cognitivamente,
empregados-problemas, nem tanto motiva- aos eventos que circundam sua vida. Assim
dos ou competentes, gerava em ambos emo- sendo, explica-se o fato de os gerentes per-
ções negativas como medo, ansiedade, frus- ceberem de forma diferenciada o mal-estar
tração e raiva. gerencial, como sendo próprio da função de
Outra fonte de estresse apontada se gestor. Ou, o que nos parece mais instigante,
refere ao isolamento. Para a maioria dos ge- acatando e introjetando pressões, exigências,
rentes, a convivência e a interação com o cobrança, excesso de trabalho em uma rela-

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ção de indicação de independência e identi- Software (ABES) estimou as receitas de servi-


ficação com a organização e sua condição de ços de informática em U$$ 11,1 bilhões, sen-
trabalho, conforme resultados obtidos nesta do 62% desse montante, ou U$$ 6,9 bilhões,
pesquisa. Para essa situação demos o nome oriundos da oferta de serviços técnicos de in-
de síndrome de Estocolmo gerencial. formática ou U$$ 4,2 bilhões, decorrentes da
comercialização e licenciamento de software.
O setor de informática e a gerência Os programas de computador desenvolvidos
no exterior atendem cerca de dois terços do
O setor de informática é caracterizado mercado brasileiro de software (IBGE, 2009).
pela divisão em dados e seu processamento Para Olinto (2004), o elevado potencial
compreendendo os segmentos de software, desse segmento propicia que profissões re-
de hardware e prestação de serviços. Essas lacionadas com tecnologia tenham melhores
definições, de hardware, software e serviços, perspectivas no mercado, principalmente,
são empregadas para classificar as organiza- as que estão diretamente ligadas ao siste-
ções de acordo com o seu foco de atuação ma de informação de alta qualificação como
principal (Duarte & Branco, 2001). administrador de sistemas de informação e
Modificações constantes e frequentes de computação, analista de redes e de co-
afetam o setor de informática tornando seus municação de dados, analista de sistema de
produtos e equipamentos obsoletos em um computação, engenheiros de software e ad-
curto espaço de tempo, sendo esta uma das ministradores de bases de dados. No entanto,
características principais desse setor. A déca- a participação feminina na indústria de Tec-
da de 1980 foi marcada pela transformação nologia da Informação (TI) é bastante redu-
no ambiente externo das organizações. A zida quando comparada à força de trabalho
partir dessa época, as atividades empresa- masculina. Tanto que alguns fabricantes vêm
riais aumentaram sua dependência com re- criando cursos e incentivos para aumentar a
lação à aplicação das tecnologias. Esse perí- porcentagem de mulheres no setor de Tec-
odo assinala a evolução do mercado mundial nologia da Informação e Comunicação (TIC),
no desenvolvimento de novas tecnologias, mas apesar dos esforços, os homens ainda
implicando em uma mudança de postura do ocupam cerca de 80% dos cargos.
Brasil que decidiu investir internamente no Em relação ao cargo gerencial, os da-
setor e se aperfeiçoar nos segmentos de har- dos gerais da Catho (2009), apresentaram
dware e software. um crescimento importante de gerentes fe-
Já a década de 1990, inicia-se com mininos, em termos percentuais, no Brasil,
uma política de abertura de mercado em vá- chegando a 34,14% em 2009, pois em 2005,
rios setores da economia, caracterizando-se apenas 25,64% dos cargos de gerentes eram
como um período marcado pela gradual ex- do sexo feminino.
tinção do protecionismo brasileiro que proi-
bia a importação de produtos similares aos PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
brasileiros, garantindo certa exclusividade na
comercialização interna de hardware e sof- Este estudo de natureza qualitativa foi
tware para os produtores instalados no país. realizado em 10 empresas de médio e gran-
Em 1991, é promulgada a Lei da Informática de porte do setor de informática, localizadas
(Lei 8.248/91) pelo governo, constituindo-se na Região Metropolitana de Belo Horizonte –
como política de incentivos à produção nacio- MG. Os sujeitos dessa investigação foram 36
nal, sem restrições ao capital estrangeiro e às gerentes que ocupam cargos de nível inter-
importações. mediário sendo, 18 homens e 18 mulheres.
A Associação Brasileira das Empresas de Os dados foram coletados por meio de

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entrevistas semiestruturadas. As entrevistas namento e que seja um líder, além de outros


foram gravadas com a permissão dos entre- atributos bastante diversificados.
vistados e, posteriormente, transcritas na Na visão dos gerentes entrevistados, en-
íntegra e agrupadas segundo a categoria e a tre os requisitos necessários para se ingressar
questão tratada. na carreira gerencial, destacam-se: a habilida-
O processo de análise dos dados coleta- de de relacionamento (42,1%), a liderança e
dos passou por três fases de tratamento: pre- a gestão de pessoas (35,9%), o conhecimento
paração das entrevistas transcritas segundo o do negócio (28,1%), a formação profissional
roteiro de perguntas e agrupamento das res- (28,1%) e atributos subjetivos ligados à per-
postas de cada categoria para as respectivas sonalidade do indivíduo, além de habilidades
questões; tabulação quantitativa propiciando específicas com 21,9%, cada.
a identificação de componentes das respostas
dos entrevistados e agrupamento de acordo Primeiramente, o gerente deve ter um bom
com o tema da pergunta, sintetizado o con- conhecimento técnico, uma boa disposição
teúdo das entrevistas. Esse procedimento técnica, um conhecimento do negócio que
permitiu melhor visualização das opiniões e se vai gerenciar e, também, ter uma pos-
tura de bom relacionamento entre as pes-
dos conteúdos das respostas dos entrevista-
soas. Não adianta você ser um excelente
dos após a sua sistematização, considerando técnico, um excelente conhecedor das suas
a frequência dos temas apontados (Richard- atribuições, mas não saber lidar com isso,
son & cols., 1999; Minayo, 2000; Melo & cols., não saber fazer com que as pessoas que
2007), seguido de elaboração de uma planilha estão ao seu lado possam convergir para o
temática a partir da interpretação inicial dos mesmo resultado. (H/07).
dados coletados, tendo por referência os ob-
jetivos da pesquisa. Essa técnica de análise de Os entrevistados reconhecem que o
dados segue os princípios de análise de con- gerente é o responsável pelos resultados da
teúdo que tem por finalidade explicar o fenô- equipe e consideram um requisito para a
meno em estudo a partir do ponto de vista e prática gerencial a capacidade de conduzir
da experiência dos sujeitos pesquisados. a equipe para atingir as metas estabelecidas
pela direção. Diante disso, os gerentes desta-
APRESENTAÇÃO DOS DADOS cam a pressão evidenciada no seu cotidiano
de trabalho:
Pressão gerencial vivenciada por gerentes
do setor de informática e o surgimento de Eu acho que é a cobrança cada vez maior
uma nova relação do gerente com a sua em cima de metas, de resultados [...] mui-
condição de trabalho tas vezes chega em um determinado nível
de pressão que a gente não consegue mais
A função gerencial traz consigo uma va- filtrar e acaba passando para todo mundo
que está na sua equipe. (H/31).
riedade de atividades e tarefas a serem exe-
cutadas adequadamente, sendo muitas delas
A cobrança por resultados é apresenta-
previstas e outras criadas em função de deter-
da como um dos principais fatores de pressão
minados objetivos e estruturas das relações
sobre os gerentes (42,2% das respostas). Vale
de poder existente. Volta-se para o gerente
ressaltar, que os homens (65,6%) se sentem
responsabilidades para com a empresa, com
mais cobrados para o alcance de resultados
seus superiores, com seus subordinados, com
que as mulheres, que apresentaram 18,7%.
seus pares e com os stakeholders em geral.
Entretanto, as gerentes relatam preocupa-
Do gerente, é cobrado que seja competente
ções e pressões vivenciadas quanto à necessi-
tecnicamente, possua capacidade de relacio-

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dade de atualização no campo das inovações Muitas vezes os resultados se tornam


tecnológicas (37,5%), correspondendo, de uma obsessão exigindo maior tempo de seu
certo modo, a uma preocupação em torno do dia para assegurar geração de resultados.
desenvolvimento profissional e, indiretamen- Essa escolha leva o gerente a um dilema en-
te, da apresentação de resultados. tre a dedicação de tempo para o trabalho e
o tempo para a família e vice-versa (optando,
A maior pressão é por resultados. E muitas em sua maioria pelo trabalho, em função da
vezes não só os resultados, mas a sobrevi- insegurança pela permanência). Na percep-
vência da sua própria empresa, [...]. O mer- ção dos gerentes entrevistados, a família os
cado é cada vez mais competitivo [...]. Isso vê com admiração para 71,8% das mulheres
faz com que cada um seja mais exigido, faz
gerentes e, para 56,2% dos homens. Mas,
com que o gerente exija mais de cada um
deles, isso faz com que a empresa tenha
percebem também que a família os vê com
um clima, não diria mais tenso, mas um cli- crítica, isso devido ao excesso de trabalho a
ma mais dinâmico, o que muitas vezes faz que se submetem, na visão das gerentes (31,
com que o gerente seja o ator responsável 2%) e dos gerentes (21,8%).
e protagonista principal dessa transforma-
ção. (H/26). [...] A minha família hoje, por mais que isso
prejudique muito o relacionamento fami-
[...] você tem que trabalhar em termos de liar, a dedicação que eu tenho hoje é pela
resultados. Mas, a maior preocupação está empresa, eles sabem que eu tenho muito
na atualização tecnológica, e se nós não reconhecimento dentro da empresa, então,
estivermos em contínuo aprendizado, não eles acham isso importante por mais que
conseguimos dar resultado que a empresa eu fique um pouco fora do relacionamento
deseja (M/21). familiar. (M/32).

Em decorrência da alta competitividade As habilidades e competências ge-


entre as organizações, cada empresa busca o renciais possuem caráter relacional (Dubar,
desenvolvimento e planejamento de metas 1997), desse modo, a ação dos gerentes e o
e alvos para os gerentes, que logo envolvem seu espaço organizacional são, também, re-
suas equipes de trabalho. Entretanto, as metas sultados da concorrência de estratégias de
parecem, por vezes, serem inatingíveis, e na gerentes de outras organizações e até mesmo
maioria das vezes, vivenciada como pressão: gerentes da mesma empresa, em situação
de sucesso. O gerente, para responder às de-
Pressão por resultados. [...] sinto que eu e mandas do mercado, seja para acompanhar o
minha equipe não trabalhamos nesse mo- desenvolvimento tecnológico dos concorren-
mento para melhorar de salário; a gente tes, seja para atender as demandas de clien-
trabalha para conseguir manter a nossa tes, deve se manter em uma eterna busca por
existência aqui, nesse momento. É uma co- atualização de seus conhecimentos. Essa ne-
brança por meta louca! Isso pesa muito no cessidade de reciclar os conhecimentos nesse
dia-a-dia da gente. (M/ 16).
setor é derivada de uma tecnologia cuja ve-
locidade de obsolescência é bastante rápida.
A pressão é praticamente restrita em
Dessa forma, acompanhar o desenvolvimento
cima de meta. Na verdade, a cobrança aqui é,
tecnológico global passa a ser um desafio diá-
não importa a hora que eu chego, não impor-
rio para os gestores da área.
ta a hora que eu saio. Na verdade, um gerente
tem que estar mantendo sempre o andamen- [...] a gente tem que mudar o tempo todo
to dos negócios [...]. (H/22). [...] o mercado muda muito, e no nosso

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Síndrome de Estocolmo Gerencial 93

caso, aqui, a gente tem que estar em dia Estar sempre de antena ligada e fazendo
com as novas tecnologias [...] você tem a tudo acontecer em tempo mais que hábil,
todo o momento que se atualizar. (H/31). tudo pra ontem. Então, eu acho que a mi-
nha pressão maior é tempo com qualidade.
Esse aspecto foi realçado pela gerên- (M/10)
cia feminina. A maioria (66,4%) afirma sofrer
pressão para desenvolver capacidade de se Os gerentes relatam, também, um
adaptar às mudanças tecnológicas, seguida grande acúmulo de funções e com prazos de
de 47,3%, para manter o conhecimento atu- execução de serviços mais limitados. A cada
alizado. momento é necessário acelerar mais para se
conseguir completar as tarefas em tempo e
Pressões de atualizações tecnológicas. A criar uma capacidade de ser um profissional
gente tem que estar sempre acompanhan- dinâmico.
do as novas tecnologias, porque o gerente
em uma área de informática, tem que estar Muita cobrança. 24 horas é pouco. Com a
sempre propondo soluções. Então a gente qualidade total, imputada no Brasil na dé-
tem que estar se atualizando constante- cada de 1980, com a ideia de acabar com
mente, atrás das tecnologias. (M/24) o cargo de chefia. Todo mundo ter mais
ou menos o mesmo nível, banalização de
De outro modo, o excesso de informa- responsabilidades, correto? Mas só que na
ções existente na área da informática, a gran- prática não é bem assim. Na verdade isso
de quantidade de dados que nem sempre veio, como diria Marx, é a mais valia, a for-
são úteis, também se constituem em fator de ma de você segregar uma mão de obra, de
reduzi-la, e você que fazia uma atividade,
pressão sobre o gerente.
você passa a fazer 3, 4, 5, 6. É uma loucura.
É uma forma de o empresário estar obten-
A pressão que eu tenho é estar absoluta-
do mais resultados sobre você. Então você
mente informada das mudanças no merca-
se tornou muito dinâmico. Hoje em dia, se
do, o que chega de novo, o que os concor-
o profissional não for muito dinâmico ele
rentes estão fazendo. Então, a pressão e o
não sobrevive no mercado. (M/32)
volume de informação que você tem que
acessar todo dia é muito grande. [...] o ní-
vel de leitura diária é um absurdo chega às Pressões políticas, não ter os recursos
raias do ridículo. E a pressão é imensa de necessários para o trabalho, e medo de per-
você ter que se diferenciar, você tem que se der o emprego, constituem um complicador
recriar todos os dias. Nós vivemos um mo- para esse quadro de pressão, ao qual os ge-
mento em que mudança é rotina. (M/28) rentes estão submetidos em seus cotidianos.
Se por um lado precisam se esforçar para
Para acompanhar a velocidade imprimi- acompanhar o ritmo imposto pelo mercado,
da pelo mercado, os gerentes são impulsiona- por outro precisam driblar os entraves inter-
dos a acelerar o seu dia-a-dia. Fatores como nos para a geração de resultados, enfim, os
excesso de tarefas, rapidez na tomada de de- gerentes são “condenados a vencer”1.
cisão, excesso de informações necessárias ao Os efeitos dessa rotina de pressões
trabalho e pressão do tempo cada vez maior podem ser sentidos pelos gerentes, tanto os
são apresentados pelos gerentes como pres-
1 Segundo Pagés e cols., (1987), condenado a vencer se
sões sofridas: relaciona ao fato de que o indivíduo ao fazer carreira não
significa, necessariamente, obter remunerações mais
Nossa! Tempo, agilidade, cobrança por re- altas, ter funções hierárquicas mais importantes ou verem
seu prestígio e influência aumentarem. Esses elementos
sultados é o que a gente está mais exposta. são apenas benefícios secundários ou sinais exteriores da
satisfação de uma necessidade mais imperiosa: vencer.

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homens quanto as mulheres, após um dia de muito mais dele do que ele pode lhe ofere-
trabalho. Observou-se o sentimento de can- cer e a culpa é só sua, quer dizer só minha.
saço e estresse em 42,2% das respostas do (M/32)
grupo entrevistado e também nas respostas
A gente queria ter mais tempo, ter mais
que indicam oscilação entre o se sentir bem e
tempo pra cuidar da minha saúde, mais
o sentimento de estresse, as quais represen-
tempo pra diversão, [...] mas não consigo
tam 28,2% dos entrevistados. (H/31).
Esgotado, muito esgotado. (H/10)
Esses dados sinalizam que não apenas
Tem dia que eu me sinto um bagaço, total-
as fortes cargas de pressão, as situações que
mente moída [...]. (M/29) envolvem ameaça, a autoestima e o convívio,
como também as condições de trabalho, en-
Se tiver muita tarefa eu fico muito nervosa. tre outras, são manifestações de tensão exis-
Às vezes não consigo nem dormir direito. tentes no ambiente de trabalho, conforme
[...] quando tem esses picos de tarefas, por apresentado por Tamayo (2008), mas também
exemplo, [...] me desestrutura um pouco. É, que os impactos provocados pelas constantes
aí começa: não almoço direito, não durmo manifestações de tensão nos ambientes orga-
direito, trabalha mais, entendeu? (M/32) nizacionais provocam o estresse no trabalho.
Cientes da alta exigibilidade da função,
Essa situação de pressão constante traz alguns entrevistados afirmaram se utilizar
consigo consequências para a saúde física e de mecanismos para evitar que a prática da
mental dos entrevistados. Para Couto (1987) função gerencial lhes cause danos, tais como:
estão associados à função gerencial nume- práticas de autorregulação, praticar esportes,
rosos fatores capazes de alterar seu nível de prática de acupuntura, busca do autoconheci-
ansiedade, aumentar o nível de tensão, resul- mento e estudar.
tando em estafa ou esgotamento físico-men-
tal. Se você deixar... levar seus problemas para
Diante disso, alguns gerentes afirmaram casa, viver seus problemas da empresa em
prejuízos à saúde provenientes da prática ge- casa.. o estresse afeta tudo [...] no meu caso
rencial. Entre esses respondentes, a maioria eu tento me controlar bastante, eu já fui
(homens e mulheres) apresenta quadros de muito mais tenso [...] aí eu chego em casa
estresse (42,2%), sendo desse percentual, e vou caminhar com as minhas cadelas, eu
ressaltado por 46,8% dos gerentes e 37,5% vou correr e depois eu tomo um banho e
vou relaxar. (H/32).
das gerentes. Entre outros aspectos citados,
destacam-se a percepção de certo desequi-
líbrio emocional identificado pelas gerentes Resultados da pesquisa mostram que
(15,5%) e, pelos gerentes, dores de cabeça, mesmo com um grande acúmulo de ativida-
bem como outras doenças relacionadas ao des e sofrendo grandes pressões no decorrer
trabalho (9,3%). de todo o seu dia, parte dos gerentes vão se
conscientizando das suas necessidades espe-
Vivo estressada. Se eu for ao médico hoje cíficas e procuram formas adequadas para
ele vai falar que eu estou estressada, que gerir sua vida, seu tempo e seus espaços,
preciso tomar remédio, que tenho que des- buscando com isso, mesmo que ainda em bai-
cansar, que tenho que sair de férias, então xos níveis, minimizar os efeitos das pressões
eu já não vou, começou a dor de cabeça es- sobre si, buscando reduzir o estresse ou as
quece, nem tomo mais remédio, é o ritmo o sequelas físicas ou psíquicas advindas de seu
corpo da gente não aguenta, a gente cobra cotidiano. Dentro do contexto teórico sobre o

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Síndrome de Estocolmo Gerencial 95

tema, tais dados reforçariam a colocação de Os autores afirmam que em muitas cir-
Chanlat (2005) ao afirmar que cada pessoa cunstâncias os reféns regridem e o agressor
percebe os fatores de pressão de forma dis- se transfigura em figura materna onde a mãe
tinta, interiorizando-os e reagindo a eles de protege seu filho de uma ameaça do mundo
modo particular, de acordo com as caracterís- exterior.
ticas pessoais como a personalidade e a expe- A descrição da síndrome de Estocolmo
riência de vida. No entanto, observamos que nos possibilita uma associação com a nova si-
a explicação para os dados obtidos vão além tuação identificada nesta pesquisa quanto à
dessas colocações. E que mesmo admitindo relação do gerente com a sua realidade pro-
as pressões vivenciadas, e por vezes percebi- fissional, que denominamos síndrome de Es-
das como sobre-humanas, alguns gerentes as tocolmo gerencial.
assumem como próprias da função gerencial. Assim, a análise do conteúdo dos rela-
Torna-se, assim, institucional e socialmente tos dos gerentes entrevistados, em relação
aceitável que os gerentes trabalhem em uma ao seu cotidiano na função gerencial nos pos-
rotina de constante pressão e estresse: “e não sibilitou a construção de um modelo teórico
faria sentido se também não houvesse essas explicativo das relações e implicações do ge-
pressões, certo? Quer dizer, a arte de geren- rente com as suas condições de trabalho, con-
ciar, porque eu considero até uma arte real- forme Figura 1 (p. 96).
mente, ela implica nisso aí. Você tem que ser
cobrado mesmo, diariamente você tem que CONSIDERAÇÕES FINAIS
estar sofrendo pressões e trabalhar de forma
positiva essas pressões”. (M/16). Este estudo sinalizou que a função ge-
Tal colocação nos conduziu para análise rencial está sujeita às várias mudanças ocor-
que sinaliza que as novas gerações de geren- ridas nos ambientes organizacionais e, por-
te estão aprendendo a se identificar com o tanto, está continuamente se adequando a
agressor, no caso, o novo sistema capitalista elas. Nesse sentido, pode-se observar, a partir
analisado por Sennett (1999) criando uma ou- dos relatos dos próprios gerentes, que estes
tra dinâmica para a atividade gerencial, favo- estão cada vez mais sujeitos às pressões e ao
recendo uma analogia direta com a síndrome estresse, e consequentemente ao mal-estar
de Estocolmo. A síndrome de Estocolmo foi gerencial.
descrita por Nils Bejerot, em 1973, como um Nesse percurso, numerosos fatores
estado psicológico particular, no qual a vítima associados à função gerencial são fontes ca-
demonstra indícios de lealdade e sentimento pazes de alterar o nível de ansiedade e de
de gratidão para com seu sequestrador, de tensão do gerente, resultando em estafa ou
início, como mecanismo de defesa por medo esgotamento físico-mental, e ainda, a sobre-
de retaliação. Essa estratégia de sobrevivên- carga de trabalho e a ambiguidade dos papéis
cia pode levar o indivíduo a uma dependência gerenciais, ao atuarem juntas, geram frustra-
do seu “protetor” não se dando conta da sub- ção, esgotamento e sentimento de culpa su-
missão na qual se encontra (Montero, 1999). perdimensionados quando as metas não são
Segundo Fabrique e cols (2007), compreender alcançadas.
corretamente a síndrome de Estocolmo exige A cobrança por resultados é apresen-
uma compreensão do processo que provoca tada, então, como um dos principais fatores
o seu desenvolvimento, destacando que essa de pressão sobre os gerentes, mas também
condição fornece às pessoas mecanismos de imprescindível, uma vez que a pressão está
defesa. Ou seja, maneiras de se manter cons- atrelada à sobrevivência da empresa em um
cientemente inconsciente de pensamentos, mercado global cada vez mais competitivo, e
sentimentos e desejos desagradáveis. consequentemente, à sua permanência no em-

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Trajetória profissional e acesso ao cargo gerencial

Funções gerenciais prescristas e exercidas

Fatores de tensão Vivenciadas de forma subjetiva

Mudanças tecnológicas,
Características Pressões Relação crítica Condenados Pressões Pressões
excesso de informação
e pressões do setor Organizacionais com a autonomia a vencer políticas familiares
e exigências de qualificação

Vivência subjetiva dos fatores de tensão

Estratégias Individuais Síndrome de Estocolmo


Estresse Adoecimento
de Regulação Gerencial

Figura 1 – Modelo interpretativo da situação de trabalho vivenciada pelo gerente.

prego. A busca por melhores resultados, mui- outros, e de oscilação entre o sentimento de
tas vezes, se torna uma obsessão, conduzindo se sentir bem e o estresse, gerado em função
o gerente a um dilema expresso pela dedica- de metas atingidas, ocasionando consequên-
ção de tempo para o trabalho em detrimento cias para sua saúde física e mental provenien-
do tempo para a família e vice-versa (optando, tes da prática gerencial.
em sua maioria, pelo trabalho, em função da Tais resultados mantêm coerência com
manutenção da inserção profissional). estudos descritos no campo da saúde, estres-
De outro modo, as pressões são tam- se e mal-estar gerencial. Pode-se aferir, então,
bém vivenciadas em função da demanda do que os padrões e as formas de gerenciamen-
mercado, onde constantemente os gerentes to não são fixas e são maleáveis a partir das
devem se atualizar, no intuito de acompanhar forças atuantes dos grupos sociais e profissio-
o desenvolvimento tecnológico global. nais da organização. Assim, essas mudanças
A sobrecarga de trabalho, os prazos e o impõem aos quadros gerenciais, qualificações
aumento do número de demissões também constantes e o desenvolvimento de novas
foram destacados como pressões vivencia- práticas organizacionais conforme encon-
das frente às novas demandas por mudan- trado em outros estudos (Melo, 2002). Essa
ças e adaptações, exigindo dos gerentes, magnitude de contradições e fragmentações
homens e mulheres, uma melhor adminis- vivenciadas pelos gerentes acaba por impli-
tração do tempo. car em certo desânimo dos mesmos quando
Os efeitos de uma rotina de pressões percebem o valor que precisam pagar pelas
após um dia de trabalho foram descritos pe- suas necessidades de poder, status e reali-
los gerentes como sentimento de cansaço e zação profissional. Todavia, essa dimensão
estresse em função das demandas por resul- do estresse e mal-estar gerencial foi descrita
tados, acúmulo de atividades e tempo, entre sutilmente por eles, justificada pelo fato de

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Síndrome de Estocolmo Gerencial 97

serem também representantes da empresa e Naturalmente, o estudo apresenta tam-


que um fracasso dela em qualquer aspecto é bém limitações: realização da pesquisa em
também o próprio fracasso. um único setor; os sujeitos da pesquisa são
As quatro fontes de tensão para a ati- gerentes intermediários, sendo importante
vidade gerencial apontadas por Hill (1993): a incorporar os outros níveis gerenciais, entre
tensão da função, a negatividade, o isolamen- outros. Entretanto, as limitações devem ser
to e o ônus da responsabilidade de liderança olhadas como oportunidades para o desen-
foram observados nos relatos dos gerentes. A volvimento do tema tratado no artigo.
pesquisa deixou claro que o mal-estar geren-
cial se relaciona com as múltiplas contradi- REFERÊNCIAS
ções da função, o que o diferencia significati- Blau, P. M. & Scott, N. F. (1970). Organizações For-
vamente de condições e qualidade de vida no mais. São Paulo: Atlas.
trabalho. Ademais, alguns relatos dos geren- Catho Online (2009). Evolução das Mulhe-
tes entrevistados nessa pesquisa apontaram res no Mercado de Trabalho por Nível
Hierárquico nos últimos 12 anos. Re-
para uma outra questão, ou seja, para uma
tirado em 6/12/2010, no World Wide
percepção de normalidade das pressões, da Webe: http://www.google.com.br/#hl=pt-
escassez do tempo, da sobrecarga de traba- -BR&biw=1440&bih=744&q=evolu%C3%A7%
lho, da fadiga diária. C3%A3o+da+mulher+no+mercado+de+t
Assim, essa pesquisa nos possibilitou rabalho+catho+online+2009&aq=f&aq i=
duas descobertas importantes. A primei- &aql=&oq=&gs_rfai=&fp = c20e8ca463b3cded.
ra se relaciona com a questão do estresse Chanlat, J. F. (2005). Mitos e realidades sobre
gerencial e o mal-estar dos gerentes. Natu- estresse dos gerentes. Em Davel & Melo
(Orgs.), Gerência em ação: singularidade e
ralmente, conhecer as fontes de estresse
dilemas do trabalho gerencial. Rio de Janei-
gerencial é fundamental para diagnosticar ro: FGV.
condições de trabalho do gestor e formular Cooper, C., Sloan, S. & Willians, S. (1988). Occupa-
proposições para uma melhor qualidade de tional stress indicator managemente guide.
vida desse grupo profissional. No entanto, London: Torbay Press.
sem um debate mais profundo sobre o mal- Couto, H. (1987). Stress e qualidade de vida dos
-estar gerencial, que se encontra no âmago executivos. Rio de Janeiro: Cop.
da natureza do exercício gerencial nas orga- Daniels, J. L. (1996). Visão global. São Paulo:
nizações, os estudos sobre estresse geren- Makron Books.
cial permanecem na superficialidade. Davel, E. & Melo, M. C. O. L. (2005). Gerência em
A segunda, ainda mais surpreendente, ação: singularidades e dilemas do trabalho
gerencial. Rio de Janeiro: FGV.
revela um novo contexto para a análise da ati-
Duarte, C. H. C. & Branco, C. E. C. (2001). Impac-
vidade gerencial no campo do estresse e do tos Econômicos e Sociais da Política Setorial
mal-estar com o surgimento de depoimentos Brasileira para tecnologias da Informação.
dos entrevistados que apontam para a norma- Revista do BNDES, 8, 5-10.
lidade das situações de pressão, cobranças, Dubar, C. (1997). A socialização: construção das
falta de tempo, exigências de atualizações ace- identidades sociais e profissionais. Porto
leradas, entre outras, até então consideradas Portugal: Porto.
condições de estresse e de adoecimento, para Fabrique et al. Understanding stockholm syn-
as quais nos referimos como síndrome de Es- drome. (2007). Retirado em 14/10/2011,
tocolmo gerencial. Apontamos como principal do endereço http://www.fbi.gov/stats-
implicação deste estudo a contribuição com -services/publications/law-enforcement-
-bulletin/2007-pdfs/july07leb.pdf.
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 Sobre os Autores

Contato para correspondência:Faculdade Novos Horizontes, Rua Alvarenga Peixo-


to, 1270, Bairro Santo Agostinho, CEP: 30180121, Belo Horizonte, MG. Fone: (31)
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