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ESCOLA DE ESTUDOS SUPERIORES DE VIÇOSA

NPE
Autorizada e credenciada – Portaria 2152/01-10-2001
Núcleo de Pesquisa e Extensão

RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA


(Modelo NPE-ESUV)
Programa de Iniciação Científica – 2 0 0 9 / 1

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
TÍTULO: A EFICÁCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA ROTULAGEM DE ALIMENTOS

Setores do conhecimento:

ORIENTADOR: Prof. Carlos Roberto


C0-ORIENTADORA: Profa. Cristiane Patrícia de Oliveira
DISCENTE: Itamar Rios da Silva
Curso: Direito Turma: B Matrícula: 07-2-01478

MÊS DE REFERÊNCIA: Agosto/2009


(Conforme Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq)
1. RESUMO (no máximo 300 palavras)
É dever do Estado: o respeito e proteção à dignidade da pessoa humana, sua saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transferência e harmonia das relações de consumo, promovendo fundamentalmente a informação.
Objetivou-se com esse trabalho, avaliar a eficácia das normas aplicadas pelo Estado na proteção do
consumidor de alimentos embalados, a partir da compreensão das informações dispostas em seus
rótulos. Para tanto, realizou-se uma pesquisa por amostragem e técnica de estatística inferencial, com
aplicação de um questionário a 183 indivíduos representando 38% de um universo de 480 alunos do
Curso de Bacharelado em Direito de uma instituição particular de ensino no município de Viçosa-MG.
Dos entrevistados, apenas 66% afirmaram ter o hábito de verificar os rótulos dos alimentos que
consomem; destes, 36% disseram entender as informações publicadas, sendo que apenas 19%
demonstraram este conhecimento. Dentre as informações contidas nos rótulos, 52% classificaram como
prioritárias a “indicação do lote” e a “data de validade”, contudo apenas 12% conseguiram localizar
com facilidade sua posição, revelando a incapacidade ou desinteresse em interpretá-la. De igual modo,
apenas 3% considerou importantes as orientações quanto ao “preparo” e “instruções de uso”, critérios
necessários às boas práticas alimentares, refletindo a negligência a princípios e cuidados fundamentais
na escolha de alimentos. A falta de critério na seleção do alimento pode acarretar graves conseqüências
à saúde, e o parco conhecimento induz o consumidor a erro. Essa situação pôde ser verificada ao se
questionar quanto à “bebida láctea”, quando 63% dos entrevistados não souberam classificá-la
corretamente, confundindo-a com “leite aromatizado” (17%) ou “iogurte menos denso” (37%). Os
resultados apontam um desconhecimento das informações contidas nos rótulos pelos entrevistados e
sugerem a ineficácia das normas e ações promovidas pelo Estado na defesa desses interesses
constitucionais.
2. PARECER DO ORIENTADOR SOLICITANDO APROVAÇÃO (Considerar se o projeto foi
desenvolvido conforme planejado, tocando o empenho e aptidão do aluno para a pesquisa).

Data: _____/_____/_____ Assinatura: _______________________________

2. INTRODUÇÃO

Sob o fulcro do dever insofismável do Estado em promover o respeito e proteção à


dignidade da pessoa humana, sua saúde e segurança; a proteção de seus interesses econômicos; a
melhoria da sua qualidade de vida; bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
promovendo fundamentalmente a informação; objetivou-se com esse trabalho, avaliar a eficácia das
normas aplicadas pelo Estado na proteção do consumidor de alimentos embalados, inclusive no que
concerne a compreensão das informações dispostas em seus rótulos. Para tanto, realizou-se uma
pesquisa por amostragem com técnica de estatística inferencial, e aplicação de um questionário a 183
indivíduos, representando 38% de um universo de 480 alunos do Curso de Bacharelado em Direito da
Escola de Estudos Superiores de Viçosa – ESUV, que revelou a incapacidade ou desinteresse em
interpretar critérios necessários às boas práticas alimentares, refletindo a negligência a princípios e
cuidados fundamentais na escolha e preparo de alimentos. A falta de critério na seleção do alimento
pode acarretar graves conseqüências à saúde, e o parco conhecimento induz o consumidor a erro. Os
resultados apontam um desconhecimento das informações contidas nos rótulos pelos entrevistados e
sugerem a ineficácia das normas e ações promovidas pelo Estado na defesa desses interesses
constitucionais.

3. OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICO


Analisar o nível de compreensão das informações contidas nos rótulos de alimentos
industrializados e comercializados nos supermercados de Viçosa, comumente consumidos pelos alunos
do curso de Direito, da Escola de Estudos Superiores de Viçosa – ESUV, bem como, avaliar se estas
informações estão em conformidade com o arcabouço legislativo em vigor, a fim de identificar falhas e
propor alternativas pertinentes à Administração Pública.

Para tanto, realizou-se uma pesquisa nos órgãos competentes a fim de levantar a legislação
de rotulagem de alimentos, vigente; a partir da relação dos produtos apontados pelos entrevistados,
promoveu-se uma avaliação de conformidade dos rótulos destes com a legislação em vigor; por meio
de realização de pesquisa por amostragem buscou-se avaliar a compreensão daqueles alunos em relação
às informações contidas nos rótulos, com o propósito de propor alternativas que possam minimizar
eventuais discrepâncias identificadas na avaliação dos rótulos analisados.

4. REVISÃO DA LITERATURA
Conforme descrito na apresentação do “Manual de Orientação aos Consumidores”,
desenvolvido e publicado em parceria entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a
Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (FINATEC)/ Departamento de Nutrição da
Universidade de Brasília (NUT-UnB), em cumprimento ao que prescreve o art. 24, V e XII da
Constituição Federal de 1988, quando prescreve que:

“A promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis fazem parte do


conjunto de indicações do Ministério da Saúde para cumprir a responsabilidade de
promover e proteger a saúde da população”.

Para tanto, foi incumbido à ANVISA, através do “Programa Nacional de Monitoramento da


Qualidade Sanitária de Alimentos” o dever de:

“Monitorar a qualidade sanitária e os dizeres de rotulagem dos alimentos; estabelecer


um histórico de qualidade dos alimentos; identificar as categorias de alimentos
dispensados de registro que devem integrar-se ao de grupo de alimentos com
obrigatoriedade de registro; identificar os setores da área de alimentos que necessitam
de uma intervenção institucional de abrangência nacional e de caráter preventivo no
processo produtivo; adotar as medidas legais no caso de detecção de irregularidades
em determinado alimento e/ou estabelecimento responsável pela sua produção; bem
como, estabelecer intercâmbio interinstitucional contínuo sobre as informações dos
alimentos analisados e as providências adotadas”.

Contudo, os esforços despendidos pelo Estado têm se mostrado pouco eficazes, conforme
relata a pesquisa realizada pela Prof.(a) Maria Clara Coelho Câmara, em sua dissertação, apresentada
com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública, ao revelar que:

“Os dados obtidos, da comparação entre a legislação geral e específica vigente com as
informações disponíveis nos rótulos, evidenciaram a presença de irregularidades em
todos os produtos analisados, revelando, inclusive, mais de uma não conformidade em
cada produto”.

(CAMARA: 2007)

Após esta constatação, a pesquisadora concluiu pela:

“...urgência de ações fiscalizadoras e educativas que permitam aos consumidores,


particularmente no caso de produtos diet e light, acesso a informações confiáveis sobre
esses alimentos”.

(CAMARA: 2007)

O direito à informação está insculpido na vigente Constituição Federal, e deve ser


adequado, suficiente e claro (PEREIRA:2006).
Nas legislações mundiais, responsáveis por regular as relações de consumo, é uniforme o
entendimento quanto ao direito à informação. Haja vista a Resolução 30/248 da Assembléia Geral das
Nações Unidas, de 16 de abril de 1985, que determina, em seu art. 3º, que é necessário promover o
acesso dos consumidores à informação.

De forma explicita, a Constituição brasileira incluiu a defesa do consumidor no elenco dos


direitos fundamentais (art. 5º, XXXII) e, por sua relevante importância, previu que (art. 5º, XIV) é
assegurado a todos o acesso à informação.

É bem verdade que os direitos do consumidor, com destaque ao direito à informação,


inseridos nos direitos fundamentais de terceira geração, somente foram concebidos, praticamente, nas
últimas décadas do século XX. Porém, no mundo atual, o monumental aparato publicitário, que lança
incessantemente, novos produtos e serviços no mercado, enxerga o consumidor sob a ótica
economicista de valores, com pouca opção jurídica. Contudo, a partir da intervenção do Estado, muda
seu olhar e examina a dimensão humana do consumidor pelas vias do seu direito, à medida que o
reafirma como sujeito titular de direitos constitucionalmente protegidos.

Entretanto, é correto afirmar que uma informação difícil de ler e de compreender pode levar
a conseqüências drásticas para a saúde e segurança deste consumidor.

Em harmonia a esta assertiva, o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo
Ministério da Saúde (2005 : 138 a 139), destaca que:

“Cada vez mais, é importante que o consumidor tenha acesso a informação,


fortalecendo-o na capacidade de análise e decisão para optar por um ou outro produto,
frente à indiscriminada quantidade de informações disponíveis nos diferentes veículos
da mídia e publicidade. O fortalecimento dessa capacidade de decidir pelo alimento
mais adequado, contrapondo-se às informações publicitárias e de marketing, é um
desafio a conquistarmos, preservando o nosso direito de consumidores”.

Com vistas à saúde do consumidor, o Codex Alimentarius, programa conjunto da


Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial de
Saúde (OMS), responsável pela normatização dos alimentos, preconiza que nenhum alimento deve ser
descrito ou apresentado de forma falsa, equívoca ou enganosa, ou de maneira que possa criar no
consumidor uma impressão errônea quanto à sua natureza (PEREIRA:2006).

Neste sentido, o presente trabalho de pesquisa esforçou-se a analisar o nível de


compreensão das informações contidas nos rótulos de alimentos industrializados e comercializados nos
supermercados de Viçosa, comumente consumidos pelos alunos do curso de Direito, do turno noturno,
da Escola de Estudos Superiores de Viçosa – ESUV, bem como, avaliar se estas informações estão em
conformidade com o arcabouço legislativo em vigor, a fim de aferir possíveis falhas e propor
alternativas pertinentes à Administração Pública.

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi realizada pesquisa doutrinária e jurisprudencial em material bibliográfico, pertinente a
alimentos e rotulagem de alimentos.

Elaborou-se questionário com o propósito de avaliar o nível de compreensão das


informações contidas nos rótulos dos produtos apresentados na pesquisa.

O questionário elaborado foi aplicado aos alunos do curso de Direito, no turno noturno da
ESUV, no período de 01 a 04 de maio de 2009.

Os entrevistados foram escolhidos por amostragem, a partir de técnica de estatística


inferencial.

Realizou-se uma análise da conformidade dos rótulos dos produtos apontados na pesquisa e
comercializados em Viçosa, com a legislação vigente por meio de “check list”.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme preceitua a Constituição Federal em seu art.196, “a saúde é direito de todos e
dever do Estado”. Neste sentido a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde – SUS (Lei 8.080/90)
explicita, em seu artigo segundo, que a saúde é um direito fundamental do ser humano e que o Estado
deve fornecer os mecanismos necessários ao seu pleno exercício. (GOMES, 2007, 22).

No Brasil, disciplinar a produção, transporte, armazenagem, distribuição, exposição,


comercialização e consumo de alimentos; compete concomitantemente a ANVISA, ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, e ao Ministério da Saúde.

Acompanhando uma tendência mundial, a estes órgãos cumpre garantir a defesa do


consumidor, e para tanto empenham-se no monitoramento do processo produtivo “da fazenda ao
prato”, uma vez que a ingestão convencional de alimentos está diretamente relacionada à saúde, bem-
estar, longevidade e gastos do Estado com os seus cidadãos, visto que os alimentos são vetores
expressivos no bem-estar físico, biológico e na transmissão de patógenos.

No Brasil, as primeiras atividades da vigilância sanitária começaram ainda no final do


século XVIII, com o intuito de evitar a propagação de doenças. E conforme destaca o professor José
Carlos Gomes:

“as epidemias, na época, absorviam a maior parte dos recursos da saúde


publica e, por isso, o controle sanitário era principalmente canalizado para o
combate das doenças”

(GOMES, 2007, 25),

Assertiva harmônica ao que assevera FERREIRA (1995) quando discorre que de modo
geral, considera-se para cada unidade monetária gasta no enriquecimento de alimentos, a economia de
oitenta nos serviços sociais de aposentadoria precoces, internações hospitalares, etc. (FERREIRA,
199).

Atualmente o arcabouço principal que disciplina a rotulagem de alimentos compreende


vinte e sete diplomas legais, sendo: cinco Decretos, quatro Instruções Normativas, duas Leis, oito
Portarias e oito Resoluções (ANEXO I).

Dentre estes, há que se dar especial atenção a Resolução RDC n. 259 da ANVISA, de 23 de
setembro de 2002, que em obediência as diretrizes previstas na Resolução n.21 do MERCOSUL/GMC,
de 20 de junho de 2002, aprova o “Regulamento Técnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados”,
trazendo em seu conteúdo definições fundamentais, como: o que é rotulagem, embalagem,
ingredientes, aditivo, fracionamento de alimento, lote, dentre outras informações, além do modo de
apresentação obrigatório, inclusive.

Insta oportuno destacar a Resolução RDC 360, também da ANVISA, publicada em 26 de


dezembro de 2003, que aprova o “Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos
Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional”.

Convém ressaltar que esta Resolução não obsta a norma prevista na Portaria n. 398/99, que
aprova o regulamento técnico das diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades
funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos, que visa coibir a publicação, nos rótulos
dos produtos, de informações que possam confundir o consumidor por meio de nomenclatura e
alegações ("claims") de propriedades não demonstradas cientificamente, acompanhando assim a
tendência do Codex Alimentarius e de vários países de disciplinar as alegações sobre as propriedades
funcionais dos alimentos ou de seus componentes, e a segurança de uso com base em evidências
científicas; invocando os princípios gerais do Regulamento Técnico para Rotulagem de Alimentos
Embalados, que vetam a apresentação de atributos de efeitos ou propriedades que não possam ser
demonstrados, como também, proíbem a indicação de que o alimento possui propriedades medicinais
ou terapêuticas.

Há de se considerar ainda o disposto no Decreto 4.680/03, que concomitante a Portaria


2.658 da ANVISA, regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei n o 8.078, de 11 de
setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou
animal que contenham ou sejam produzidos à partir de organismos geneticamente modificados (OGM),
definindo o símbolo de que trata o art. 2º, § 1º, daquele Decreto, ratificado pela Instrução Normativa nº
01, do APA, em 02 de abril de 2004.

No que concerne a pesquisa aplicada aos alunos, pudemos computar os seguintes


resultados:

1. Considerando um universo de 183 entrevistados, 121 (66%) afirmaram ler com freqüência as
informações contidas nos rótulos dos alimentos que consomem1, enquanto 62 (34%) disseram
não atentar a este critério;

2. Quando questionados quanto ao símbolo que identifica os alimentos produzidos a partir da


utilização de substância decorrentes de transgênicos, 27 (21%) souberam identificar, 49 (22%)
afirmaram não saberem e 47 (16%) apresentaram respostas diversas;

3. Na identificação dos refrigerantes com baixa caloria, 72 (60%) os classificaram de maneira


equivocada, sendo que 19 (16%) afirmaram se tratar de “água mineral gaseificada” e 53 (44%)
“água mineral aromatizada”. 20 (17%) não souberam dar opinião e apenas 29 (24%)
classificaram corretamente;

4. Quanto a indicação do “valor diário” recomendado pelo MS, 81 (67%) afirmaram conhecer a
sigla que aponta esta informação, sendo que 74 (61%) classificaram esta informação como
prioritária2;

5. Quando questionados quanto a natureza da “bebida láctea”, 66 (54%) a classificaram


erroneamente, tendo que 21 (17%) disseram se tratar de “leite aromatizado” e 45 (37%), iogurte
menos denso” e apenas 41 (34%) classificaram-na corretamente. 14 (12%) não souberam
responder;

6. 63 (52%) dos entrevistados consideraram a “identificação do lote e prazo de validade” como


sendo a informação mais relevante no rótulo do produto, contudo, destes, apenas 27 (22%)
conseguiram informa, com precisão, a localização daquela informação3.

No que concerne ao refrigerante com baixa caloria, é importante salientar que os


consumidores foram induzidos a erro em decorrência da forma com que este produto lhes foi
apresentado, conforme se pode verificar no comercial veiculado no lançamento deste produto, por meio

1
Apenas as respostas deste grupo foram consideradas na avaliação desta pesquisa.
2
Para esta avaliação deduziu-se o grau de prioridade apontado pelos entrevistados ao indicar esta informação
dentre as três mais relevantes;
3
A fim de aferir esta informação, foi solicitado ao entrevistado que fornecesse os nomes de três produtos
consumidos regularmente.
televisivo em cadeia nacional, disposto na internet, sob endereço eletrônico:
http://www.youtube.com//watch?v=rpUt53tIfVE.

No referido comercial, o anunciante apresenta o produto H2OH!4, insinuando situação em


que peixes, no intuito de tornar a “vida mais saborosa”, planejam derramar o conteúdo de uma garrafa
daquele produto, dentro do aquário.

Preceitua o art.9º do Dec. 6871/09 que:

“o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá recusar o registro ou cancelar


registro já concedido de quaisquer dos produtos abrangidos por este Regulamento, caso a
rotulagem, embalagem ou quaisquer outras características possam induzir o consumidor a erro
quanto à classe, tipo ou natureza do produto”.

Neste mesmo sentido estabelecer a Resolução RDC 259/02:

“os alimentos embalados não devem ser descritos ou apresentar rótulo que:
a) utilize vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras
representações gráficas que possam tornar a informação falsa, incorreta, insuficiente, ou que
possa induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira
natureza, composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento ou forma
de uso do alimento”.

Com o objetivo de colocar à disposição da população, informações necessárias para a


compreensão dos rótulos de alimentos, possibilitando a adoção de padrões alimentares saudáveis, a
ANVISA e a FINATEC/NUT-UnB, publicaram o “Manual de Orientação aos Consumidores”, que
auxiliam o consumidor na escolha de seus alimentos, evitando que ele possa se enganar na hora da
compra.

Neste sentido foram regulamentadas algumas informações que os rótulos de alimentos não
podem declarar. Dentre elas: palavras, sinais ou desenhos que possam tornar a informação do rótulo
falsa, insuficiente, incompreensível ou que possam levar a um erro do consumidor; atribuir ao produto
qualidades que não possam ser demonstradas; destacar a presença ou ausência de componentes que são
próprios dos alimentos; declarar que leite, queijo ou iogurte são alimentos ricos em cálcio, pois todos
estes alimentos são ricos em cálcio; declarar que óleo vegetal apresenta vitamina E, pois todos os óleos
vegetais apresentam vitamina E; declarar que óleo vegetal não apresenta colesterol, pois todos os óleos
vegetais não apresentam colesterol em sua composição; dentre outros.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se pode observar ao longo do trabalho, a ANVISA, o MAPA, o SUS, e demais
entidades envolvidas em diversos programas de monitoramento, fiscalização, orientação, legislação e

4
H2OH! é marca registrada da Pepsi/AmBev
policiamento produção, transporte, armazenagem, distribuição, exposição, comercialização, rotulagem
e consumo de alimentos, com vistas a promover não só a segurança do consumidor, mas assegurar a
proteção de seus interesses e do Estado, no que concerne à saúde pública, têm criado normas, sistemas
e mecanismos diversos, no entanto, os resultados apontam um desconhecimento das informações
contidas nos rótulos dos produtos pelos entrevistados e sugerem a ineficácia desta normas e ações
promovidas pelo Estado na defesa desses interesses constitucionais.

No intuito de proporcionar esta segurança, é bem verdade que a ANVISA, principal órgão
responsável, estabelece um severo programa de monitoramento da qualidade sanitária dos alimentos,
sustentada em sólidos pilares, todavia, a partir da pesquisa realizada foi possível perceber falhas
identificadas no registro dos rótulos de vários produtos, cuja indústria, levada pelo monumental aparato
publicitário, lança incessantemente novos produtos e serviços no mercado, enxergando o consumidor
apenas sob a ótica economicista de valores (PEREIRA:2006), que com pouca opção jurídica, e em
decorrência de sua limitação de conhecimentos tecnológicos, ratifica sua condição de hipossuficiente
frente ao apelo do comércio.

Como se pode observar: há um grande número de produtos em circulação cujos rótulos não
preservam os devidos cuidados estabelecidos na legislação com o intuito de proteger o consumidor,
para que este não cometa erros no momento da escolha do produto. Fato comprovado a partir da
pesquisa que revelou a incapacidade ou desinteresse por parte do consumidor, em interpretar critérios
necessários às boas práticas alimentares, refletindo a negligência a princípios e cuidados fundamentais
na escolha e preparo de alimentos.

A falta de critério na seleção do alimento pode acarretar graves conseqüências à saúde, e o


parco conhecimento induz o consumidor a erro.

Os resultados concluem no desconhecimento das informações contidas nos rótulos pelos


entrevistados e sugerem a ineficácia das normas e ações promovidas pelo Estado na defesa desses
interesses constitucionais.
8. BIBLIOGRAFIA
PEREIRA, Hiraldo Leite. Língua e consumo: apresentação de produtos e serviços na língua do
consumidor. As políticas lingüísticas das américas em um mundo multipolar: anais [do] / III
Seminário Interamericano Sobre a Gestão das Línguas. - Rio de Janeiro: União Latina, 2006.
ParkGraf Editora Ltda. – Petrópolis – RJ. 2006.

CAMARA, Maria Clara Coelho.Análise crítica da rotulagem de alimentos diet e light no


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BUSSAB, W. O. e MORETTIN, P. A. Estatística Básica. São Paulo: Editora Saraiva, 2003.

BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998.

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Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Universidade de Brasília – Brasília : Ministério da Saúde,
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20 de setembro de 2002. D.O.U de 23/09/2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n° 3. de 2


de janeiro de 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.


Instrução Normativa n° 30, de 27 de setembro de 1999.

Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria nº 371, de 04/09/97 - Regulamento


Técnico para Rotulagem de Alimentos Embalados, de 04 de setembro de 1997.

BRASIL. Ministério da Saúde. Regulamento Técnico referente a Rotulagem


Nutricional de Alimentos Embalados. Portaria n. 41(12), de 14 de janeiro de 1998 -
SVS. Brasília: Ministério da Saúde, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução n. 94, de 19 de novembro de 2000


(D.O.U. 3 de novembro de 2000) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que
aprova o Regulamento Técnico para Rotulagem Nutricional Obrigatória de Alimentos
e Bebidas Embalados. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.

BRASIL. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de


Alimentos Embalados – Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003 –
ANVISA - Ministério da Saúde, Brasil. Diário Oficial da União. Brasília, 26 de
dezembro de 2003.

BRASIL. Regulamento Técnico para Rotulagem de Produto de Origem Animal


Embalado - Instrução Normativa nº 22, de 24 de novembro de 2005 - Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasil. Diário Oficial da União Brasília, 25 de
novembro de 2005, seção 1, páginas 15 e 16.

Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Rotulagem e registro na SIPA (Portaria nº 9, de


26 de fevereiro de 1986, bem como no Certificado Sanitário, deve ser observada a Circular nº 061, de
02.09.1983 e Circular nº 024/DICAR de 23.03.88.

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CODEX STAN 107-1981.
http://www.codexalimentarius.net/download/standards/2/CXS_107s.pdf (acessado em 23/07/2008).

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Yoshizawa, N.; Pospissil, R.; Valentim, A.; Seixas, D.; Alves, F.; Cassou, F.; Yoshida, I.; Sega, R.;
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9. LISTA DE SIGLAS
Acordo SPS - Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (ou SPS Agreement - Agreement on
the Aplplication of Sanitary and Phytosanitary Measures)
Acordo TBT - Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (ou TBT Agreement - Agreement on
Technical Barriers to Trade)
AIS - Auto de Infração Sanitária
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (sigla atual)
ANVS - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (sigla antiga)
APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (ou HACCP - Hazard Analysis Critical
Control Point)
BPA - Boas Práticas Agrícolas
BPF - Boas Práticas de Fabricação
BPH - Boas Práticas de Higiene
CAC - Comissão do Codex Alimentarius (Codex Alimentarius Commission)
CCE - Comissão das Comunidades Européias
CDC - Código de Defesa do Consumidor
CFDD - Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos.
CNNPA - Conselho Nacional de Normas e Padrões para Alimentos
DOU - Diário Oficial da União
FAO - Food and Agriculture Organization
FDA - Agência Norte-Americana de Vigilância Sanitária de Alimentos e Medicamentos (Food and
Drug Administration)
GPROP/DIFRA - Gerência de Fiscalização e Monitoração de Propaganda, Publicidade, Promocao e
Informação de Produtos Sujeios à Vigilância Sanitária/Diretoria Franklin Rubinstein Anvisa
IBOPE - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Opinião Pública
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MP - Medida provisória
n - número
OMC - Organização Mundial do Comércio (ou WTO - World Trade Organization)
OMS - Organização Mundial da Saúde (ou WHO - World Health Organization)
OMS - Organização Mundial de Saúde
PCC - Pontos Críticos de Controle
PIQ - Padrão de Identidade e Qualidade
POP - Procedimento Operacional Padrão
PPHO - Procedimento Padrão de Higiene Operacional
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
Reg.MS. - Registro no Ministério da Saúde
Res.Anvisa - Resoução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
RSI - Regulamento Sanitário Internacional
SIF - Serviço de Inspeção Federal
SIH - Sistema de Informações Hospitalares
SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade
SNVS - Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária
SUS - Sistema Único de Saúde
SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária
UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição
VE-DTA - Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos

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