Sociologia geral Professor: Ms. Márcio Huber Acadêmico: Daniel Carlos Ferreira Silva Data: 24/09/2020
PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIOLOGIA
A sociologia surge no século XVIII, com Auguste Comte, não apenas
como instrumento de análise, mas também de organização social. Para entender isto, porém, é preciso regressar no tempo para estabelecer a relação entre a moderna ciência da natureza e as ciências sociais. A ciência moderna é fruto de longas conquistas e transformações intelectuais e sociais que perpassam o final da idade média, a renascença e a modernidade propriamente. Contudo, duas características são fundamentais na sua concepção: primeira, o método matemático e experimental como o método científico; segundo, a noção de conhecimento como poder e instrumento de transformação da natureza, de Francis Bacon. Antes da ciência moderna, o conhecimento era concebido como um bem em si mesmo, não como um meio de ação sobre o exterior. Não obstante, com a ascensão da burguesia e o surgimento da nova classe de intelectuais o conhecimento passou a ser concebido como uma ferramenta. Esse fato está intrinsicamente relacionado com a origem de cada classe intelectual. Com efeito, os intelectuais da idade média eram, na sua maioria esmagadora, monges, que viviam a vida contemplativa. Por outro lado, os intelectuais modernos eram geralmente filhos de pequenos ou médios burgueses, que puderam dar a seus filhos a oportunidade de uma educação diferenciada. Por sua vez, esses dois conceitos da ciência moderna foram transpostos por Auguste Comte e os positivistas para aquilo que chamaram de sociologia. Ou seja, a sociologia nasceu como um instrumento de poder da classe burguesa inspirada no método das ciências naturais. Não obstante, com Marx e a tomada de consciência do proletariado e dos pobres de sua situação surgiu um novo tipo de sociologia: uma sociologia pensada a partir do proletariado e dos pobres, não da burguesia. Além disso, pode-se identificar um outro tipo de sociologia: a sociologia enquanto ciência teorética, tal como pensada por Durkheim. Perguntamo-nos, destarte, qual a relação entre essas três concepções de sociologia, nem sempre discernidas. A nós nos parece que o fundamento da sociologia deve ser a sociologia científica, mas não se pode excluir totalmente dela a práxis, a questão é, portanto: como interpretar a sociologia dos burgueses-capitalistas e a dos proletários-pobres? É possível concilia-las ou amenizar suas tensões? Ou de outro modo: como solucionar a tensão entre dominação e revolução? Assim, evidencia-se que a análise das diversas concepções revelar o conflito de classes que hoje tenta-se ocultar. Mas entre dominação burguesa- capitalista e revolução proletária há uma outra possibilidade que pode ser pensada, mas que ainda é pouco discutida: uma sociologia da libertação. Somente uma sociologia que vise libertar a tanto a parcela oprimida dos trabalhadores e dos pobres quanto a parcela opressora da “elite do atraso” do atual sistema predador onde o dinheiro é concebido como o fim último do homem a despeito dos valores espirituais como a religião, a arte e a cultura. Nesse contexto, os principais adversário que se opõem à restauração da vida espiritual no mundo contemporâneo são as grandes corporações e o projeto globalista de nova ordem mundial, os quais visam subjugar os seres humanos a seus interesses particulares e para os quais os três principais instrumentos de controle e dominação são a grande mídia, a burocracia e a racionalização do tempo, que juntas limitam o horizonte de consciência e possibilidades humanas a um sistema mecânico e artificial de pensamento. Por conseguinte, é necessário quebrar este esquema dominador no qual o homem é transformado em massa de manobra política e ferramenta de trabalho, a fim de liberta-lo deste sistema, abrindo-o para o verdadeiramente humano, isto é, o transcendente dos valores espirituais, rompendo, assim, as correntes do pensamento racionalista, materialista e pragmático.