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Napoleão Bonaparte reprimiu as reações jacobinas e concentrou o poder em suas mãos. Além de
censurar a imprensa, nomeou os principais funcionários da administração e conduziu a política
externa. Os outros cônsules o auxiliavam nas questões jurídicas e nas finanças públicas.
Em agosto de 1802, autorizado por um plebiscito popular, Napoleão assumiu o cargo de cônsul
vitalício. Por meio de outro plebiscito, obteve o direito de proclamar-se imperador. Na Catedral de
Notre-Dame, ele recebeu, em 1804, a coroa imperial das mãos do papa Pio VII e colocou-a sobre a
própria cabeça, em um gesto que simbolizava a soberania do poder político em relação ao poder
religioso.
Napoleão Bonaparte reformou o sistema tributário e fundou o Banco da França com o objetivo de
exercer maior controle na circulação de capitais. Na esfera educacional, instalou escolas públicas
primárias, secundárias e liceus em diversas cidades francesas, fundou escolas para a formação de
professores, transformou a Escola Politécnica (fundada em 1794) em estabelecimento militar,
subordinou as escolas técnicas ao Estado e estimulou o ensino superior. Entretanto, o imperador
restabeleceu antigas práticas do Antigo Regime, como a subordinação das mulheres à autoridade do
pai ou do marido, além de proibir greves e formação de sindicatos.
A política externa do imperador foi traçada com o instrumento que havia conduzido o general
Bonaparte ao poder: a guerra. No período compreendido entre 1805 e 1809, a França envolveu-se
em uma série de conflitos com a Rússia, a Prússia e a Áustria. Vitorioso, o imperador submeteu
quase toda a parte ocidental da Europa e destituiu os monarcas de vários países europeus,
substituindo-os por parentes ou generais aliados. Além disso, restabeleceu a escravidão nas colônias
francesas.
Bloqueio Continental
Apesar de o exército de Napoleão ter sido bem-sucedido nas campanhas militares no continente, a
esquadra francesa foi derrotada em 1805 pela Marinha britânica, na Batalha de Trafalgar. Diante da
hostilidade entre França e Grã-Bretanha, o imperador francês decretou, em novembro de 1806,
o Bloqueio Continental.
De acordo com o decreto, a França, os países aliados e os territórios sob domínio francês estavam
proibidos de comercializar com os britânicos, sob pena de intervenção militar. Napoleão acreditava
que o enfraquecimento econômico de seu principal concorrente garantiria à França o predomínio
nos mercados da Europa.
O bloqueio, no entanto, não surtiu o efeito esperado. Países neutros foram hostilizados por ignorá-
lo. Outros, como a Espanha, foram ocupados pelo exército napoleônico e tiveram seus soberanos
afastados. As tropas francesas tornaram-se a base dos governantes impostos por Napoleão e, por
isso, viraram alvo do ódio das populações locais. Na Espanha, em Portugal e em outras regiões da
Europa, a luta contra os franceses assumiu características de uma guerra nacional.
A campanha na Rússia foi um desastre para o imperador francês. Os russos colocaram em ação
a tática da terra arrasada, que consistia em destruir tudo o que pudesse ser utilizado pelo inimigo
e, em seguida, abandonar os territórios. Sem alimento e com recursos escassos, os soldados de
Napoleão tiveram de enfrentar um inverno rigoroso, doenças e a guerra de guerrilha organizada pelo
inimigo.
As forças napoleônicas chegaram a Moscou reduzidas a cerca de 100 mil homens e encontraram a
cidade abandonada. O czar Alexandre I recusou-se a fazer qualquer negociação, e Napoleão,
humilhado, marchou de volta a Paris. Dos cerca de 600 mil soldados que deixaram a França, menos
de 60 mil retornaram, doentes e famintos.
Queda de Napoleão
A derrota na Rússia abalou a credibilidade do imperador diante da população francesa, que já estava
debilitada em razão da crise alimentar e da desastrosa campanha na Península Ibérica. Os liberais, como o
contemporâneo Thomas Jefferson (1743-1826), ex-presidente dos Estados Unidos, também questionavam a
liderança de Napoleão Bonaparte.
O governo francês foi entregue a Luís XVIII, irmão de Luís XVI, o rei que fora decapitado durante a
revolução. Em 1814, Luís XVIII outorgou uma Constituição que reconhecia as liberdades de opinião,
imprensa e culto, mas concentrava o poder na Coroa. O sufrágio tornou-se mais limitado, com a recuperação
do voto censitário. Essa Constituição francesa serviu de modelo para as elites governantes de outros países,
que buscavam fazer concessões mínimas para conter as frequentes tensões sociais.
A queda definitiva de Napoleão ocorreu em junho de 1815, na Batalha de Waterloo, na Bélgica, em que
um exército coligado de britânicos e prussianos venceu os franceses. Luís XVIII reassumiu o trono e
Napoleão foi exilado na Ilha de Santa Helena, possessão britânica no Atlântico Sul, onde morreu em 5 de
maio de 1821.
Congresso de Viena
Entre 1814 e 1815, representantes do Império Austríaco, do Império Russo, da Inglaterra e da
Prússia reuniram-se em Viena, na Áustria. Os participantes do Congresso de Viena, como ficou
conhecido o encontro, tinham como objetivo principal restabelecer as bases políticas do Antigo
Regime.
Ainda em 1815, a Rússia, a Prússia e a Áustria uniram-se na Santa Aliança, um pacto político-militar
firmado para garantir o cumprimento das medidas aprovadas no Congresso de Viena. A Santa Aliança
dedicou-se, principalmente, a combater as revoltas liberais na Europa e a preservar o sistema colonial,
procurando restabelecer a autoridade portuguesa e espanhola nas colônias americanas. Contudo, a tentativa
de reforçar o domínio colonial das duas metrópoles acabou por estimular os movimentos de emancipação.
Além disso, o caráter conservador do pacto selado pelos reinos absolutistas contribuiu para que a Grã-
Bretanha, interessada no comércio com as jovens nações americanas, não aderisse à Santa Aliança, embora a
apoiasse em muitos momentos.
Por meio das resoluções do congresso, o poder foi restituído aos monarcas em vários países europeus, assim
como foram retomados diversos privilégios e direitos da nobreza e do clero. A configuração do continente
europeu e dos limites dos países que o compunham foram redefinidos com o objetivo de equilibrar o poder
entre eles.
Além de tentar restabelecer a situação existente antes da Revolução Francesa e equilibrar o poder entre os
Estados europeus, os países envolvidos no congresso também queriam conter movimentos sociais que
pudessem pôr em risco a ordem restabelecida.
Entretanto, apesar de todas as resoluções para promover o retorno da Europa à antiga ordem, algumas
transformações econômicas, políticas e sociais eram tão profundas que não podiam ser revertidas: o
processo de industrialização tinha avançado, o capitalismo havia se fortalecido e, com ele, a burguesia e os
seus ideais. A classe trabalhadora também havia crescido e desenvolvido as próprias demandas. A ascensão
desses atores sociais alterou o panorama político da Europa do século XIX.
Liberalismo
As ideias liberais, identificadas com os interesses da burguesia em ascensão, desenvolveram-se e
consolidaram-se ao longo dos séculos XVIII e XIX, levando a profundas transformações nos campos da
política e da economia.
No plano econômico, os liberais pregavam a liberdade na prática das atividades produtivas e comerciais, sem a
interferência do Estado, que serviria apenas para garantir o direito de propriedade e a livre-iniciativa individual
por meio de uma legislação criada para esse fim. No campo político, os adeptos do liberalismo contestavam o
direito divino dos monarcas e os privilégios da nobreza e do clero. Enquanto alguns deles desejavam a extinção
do regime monárquico e a laicização do Estado, outros pretendiam submeter as monarquias a constituições que
representassem a vontade da sociedade.
Independentemente das diferenças, as propostas dos liberais tinham em comum o fato de não incluírem
demandas pela igualdade social e pela participação política de todas as camadas da população. Apesar disso,
as revoluções liberais que eclodiram no século XIX contaram com a participação da grande e da pequena
burguesia, além da população pobre.
As diferentes forças políticas que participaram das revoluções liberais mantiveram-se em um constante
estado de disputa durante todo o século XIX. Os conservadores, ou restauradores, queriam manter a ordem
absolutista. Já os liberais defendiam, de maneira geral, a necessidade de acabar ou limitar o poder dos
monarcas e garantir a liberdade das atividades produtivas e comerciais. Os trabalhadores e os integrantes
das demais camadas pobres lutavam por melhores condições de vida.
Na Espanha e nos Estados italianos, os revolucionários lutavam, sobretudo, por constituições que limitassem
o poder monárquico. Na Grécia, lutava-se pela independência do domínio do Império Turco-Otomano, o que
acabou ocorrendo em 1828.
Os portugueses exigiam uma Constituição e o retorno à Europa da Corte portuguesa, que estava no Brasil.
Parte da Corte retornou ao país em 1821 e, um ano depois, a Constituição foi aprovada instaurando uma
monarquia constitucional. Estabeleceram-se os direitos e os deveres dos cidadãos, separou-se a religião do
Estado e dividiu-se o poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário.
Entretanto, a onda revolucionária mais popular e ampla na Europa do século XIX ocorreu entre 1830 e 1848.
Teve início na França e logo se expandiu por quase todo o continente. O movimento francês começou com a
deposição do rei Carlos X, que havia assumido o trono em 1824, após a morte de seu irmão Luís XVIII. O
caráter conservador e as políticas absolutistas de seu governo desagradaram a algumas camadas da
população, sobretudo a burguesia, que se viu prejudicada por suas medidas, entre as quais a supressão da
liberdade de imprensa e a dissolução da Câmara dos Deputados.
Os levantes populares liderados pelos liberais contaram com a participação da pequena burguesia e dos
trabalhadores franceses. Pressionado pelo movimento, Carlos X abdicou do trono, assumindo em seu lugar o
rei Luís Filipe I. Esse monarca representava os interesses da alta burguesia, principalmente a financeira. Ao
assumir o poder, Luís Filipe I reprimiu os grupos populares que haviam participado dos levantes, limitando
as mudanças implementadas pela revolução àquelas que atendiam aos interesses da burguesia.
Praticamente na mesma época, outras revoltas liberais ocorreram na Polônia, em alguns Estados
alemães e italianos, na Suíça, em Portugal, na Espanha e na Grã-Bretanha. Na Bélgica, a revolta
liberal saiu vitoriosa, tornando o país independente da Holanda.
A onda revolucionária da década de 1830 na Europa contribuiu para tornar mais próxima a derrota
dos aristocratas e a consolidação do poder burguês no plano político. Apesar da dura repressão
sofrida pelos movimentos populares após as conquistas liberais, nesse período a classe operária
tornou-se independente e se transformou em uma força política consciente de seus interesses.
Essa nova onda revolucionária, que ficou conhecida como Primavera dos Povos, pode ser
considerada o momento mais importante das lutas populares no século XIX, pois representou o
golpe final no Antigo Regime, que, apesar de se encontrar enfraquecido pelas revoluções anteriores,
ainda mantinha alguns de seus traços em diversos Estados europeus.
Essas revoltas foram impulsionadas, entre outros fatores, por uma crise capitalista de superprodução
que gerou o fechamento de algumas indústrias e o desemprego de grande parte dos trabalhadores
nos países industrializados. Além disso, a partir de 1846, quase toda a Europa foi atingida por uma
sequência de más colheitas e por uma longa estiagem, que levaram ao aumento dos preços dos
gêneros básicos, produzindo uma enorme carestia no continente.
O termo “Primavera dos Povos” faz referência à estação do ano na qual a natureza se torna
exuberante depois dos rigores do inverno, ou seja, designa um momento luminoso no contexto de
crise que os povos europeus estavam vivenciando.
Esse cenário de crise contribuiu para que grupos sociais como a burguesia industrial, as classes
médias baixas e a população pobre das grandes cidades passassem a fazer uma série de
reivindicações. A burguesia industrial queria acabar com os resquícios do Antigo Regime que
dificultavam a expansão da produção e do comércio, e a população pobre, revoltada com a
precariedade em que vivia, desejava profundas transformações sociais. Entretanto, a burguesia,
temendo as mobilizações dos trabalhadores, acabou se aliando às camadas médias urbanas e setores
da nobreza para reprimir os levantes populares.
Nacionalismos
Os ideais nacionalistas – um conjunto de noções difusas de pertencimento a uma nação com língua, cultura e
história comuns – forjaram-se durante o século XIX. Antes, as pessoas identificavam-se, regionalmente,
com seu local de nascimento e com a comunidade que as cercava.
Os envolvidos nos projetos nacionalistas do século XIX, principalmente intelectuais como filósofos,
historiadores e escritores, resgataram tradições e narrativas do passado para criar um sentimento de
identificação entre as populações que eles queriam organizar em um Estado-nação. Além dos contos
populares e do folclore, utilizaram obras artísticas e literárias e narrativas históricas para construir a ideia de
unidade cultural entre os indivíduos.
Os países europeus utilizaram argumentos nacionalistas para legitimar seu expansionismo territorial e
comercial. Esse processo, por sua vez, provocou a reação dos povos dominados, que também se apropriaram
das ideias nacionalistas para lutar pela emancipação contra os países invasores. Essa reação resultou em vários
processos de independência. O nacionalismo, portanto, manifestou-se de diferentes formas, adequando-se a
contextos bem diferentes.
Os processos de unificação da Itália e da Alemanha não podem ser compreendidos sem se considerar o
conceito de Estado-nação. Até meados do século XIX, esses dois países eram formados por Estados
autônomos, com governos próprios, mas muitas vezes dominados por outros.
Unificação italiana
Antes da unificação, a Península Itálica era politicamente dividida. O Reino Lombardo-Veneziano, o Tirol e
os ducados da Toscana, Lucca, Parma e Módena estavam submetidos ao Império Austríaco e eram mais
industrializados que os Estados do sul, como o Reino das Duas Sicílias, dominado pela dinastia absolutista
francesa dos Bourbon. O Reino do Piemonte-Sardenha, no norte, era autônomo e governado pela monarquia
liberal da casa de Savoia. Os Estados da Igreja, por sua vez, eram comandados politicamente pelo papa.
No começo do século XIX algumas sociedades secretas, como a dos carbonários – um grupo heterogêneo
composto de moderados a revolucionários extremistas –, discutiam a unificação da Península Itálica. O
recrutamento social por esses grupos era feito, sobretudo, entre os burgueses e a aristocracia militar,
notadamente os veteranos das guerras napoleônicas. O Jovem Itália se destacou como um movimento que
pretendia implantar o regime republicano com apoio da média e pequena burguesias. Um dos líderes do
Jovem Itália, Giuseppe Garibaldi, que atuou politicamente no Brasil na década de 1830, seria figura
fundamental no processo de unificação.
Na mesma época, contando com a ajuda de camponeses, Giuseppe Garibaldi e seu exército, conhecidos
como os “camisas vermelhas”, conseguiram libertar o Reino das Duas Sicílias da dinastia Bourbon. Embora
suas pretensões fossem mais revolucionárias do que as de Cavour, Garibaldi entregou o reino a Vítor
Emanuel II, rei do Piemonte-Sardenha, acreditando que ele teria condições de garantir que os Bourbon não
retornassem ao poder.
A Igreja não aceitou a perda de seus territórios e permaneceu em conflito com o Estado italiano até
1929, ano da assinatura do Tratado de Latrão, entre o papa Pio XI e Benito Mussolini, por meio
do qual foi criado o Estado do Vaticano.
Unificação alemã
A região da atual Alemanha, assim como a da Itália, era formada por Estados independentes até as
últimas décadas do século XIX. No entanto, apesar dessa configuração política, a região era dominada
pela Prússia e pela Áustria, que disputavam a ampliação de seus domínios. Desde o Congresso de
Viena, em 1815, com a fundação da Confederação Germânica, Prússia e Áustria mantinham os
Estados menores sob sua influência.
Em 1834, a Prússia instituiu uma união aduaneira entre muitos Estados da região, excluindo a
Áustria: o Zollverein. Desde então, as barreiras alfandegárias entre os participantes do acordo foram
diminuídas, impulsionando o comércio e o desenvolvimento industrial das cidades.
A Áustria, isolada entre os Estados alemães, foi perdendo força política e econômica, e abriu espaço
para a ascensão da Prússia como a potência da região. Em 1858, Guilherme I foi coroado rei da
Prússia e nomeou como primeiro-ministro Otto von Bismarck. Conhecido como Chanceler de Ferro,
ele foi o principal responsável pela unificação alemã.
Bismarck pertencia ao grupo dos junkers, nobreza detentora de vastas propriedades fundiárias, que
atuava em uma estrutura social semifeudal. Esse grupo detinha privilégios na burocracia do Estado,
ocupando posições decisivas no governo e no Exército prussianos. O movimento de unificação foi
apoiado também pela alta burguesia, interessada no projeto militarista implementado desde a
coroação de Guilherme I. Atuando como primeiro-ministro, Bismarck modernizou o Exército,
transformando a Prússia em uma das potências bélicas europeias.
Temendo as ameaças da França, país inimigo da Prússia durante a Era Napoleônica e contrário à
emergência de um Estado vizinho poderoso, os Estados germânicos do sul não aderiram à
Confederação, mas assinaram um compromisso militar secreto com a Prússia, antevendo a
possibilidade de uma guerra contra a França.