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SUA PETIÇÃO
DIREITO
TRABALHISTA
Seção 1
DIREITO TRABALHISTA
Sua causa!
Ele lhe assegura que durante os dois primeiros anos de trabalho recebia o valor
de R$ 120,00 (cento e vinte reais) por cada plantão de 12 (doze) horas realizado. No
período restante a quantia ajustada foi de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). Tendo
em vista o labor no citado regime, quando seu plantão coincidia com domingos ou
feriados, não havia remuneração diferenciada ou folga compensatória. Além disso,
Albano Becha lhe informa que durante as 12 (doze) horas em que ficava na casa dos
Srs. Antenor e Maria José somente parava o trabalho durante aproximadamente 30
(trinta) minutos para almoçar, laborando ininterruptamente o restante do período.
O pacto laboral durou até o dia 06/02/2017, quando discutiu com a sua patroa,
Sra. Maria José. Ela lhe pedia para dar banho no Sr. Antenor pela manhã. Todavia,
como convivia mais próximo do enfermo, preferia dar o banho após o almoço, período
do dia em que era mais quente. Além disso, a Sra. Maria não gostava que deixasse que
o Sr. Antenor visse televisão, o que não era observado pelo Sr. Albano. Assim, após
algumas discussões sobre o tema, o enfermeiro foi dispensado por justa causa no
referido dia, ao fundamento de que houve insubordinação. Ele lhe diz que nunca foi
advertido por escrito ou suspenso de suas atividades laborativas por qualquer
conduta.
Albano lhe exibe a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) devidamente
anotada e os recibos de pagamento de todo o pacto laboral. Neles constata-se o
correto pagamento das férias acrescidas do 1/3 constitucional e do décimo terceiro
salário de todo o contrato de trabalho, com exceção do que não é devido nas verbas
rescisórias em virtude da dispensa por justa causa. Na CTPS também consta que a
rescisão do contrato de trabalho ocorreu por justa causa, o que deixou o trabalhador
bastante contrariado, pois no seu entendimento esta informação irá lhe prejudicar na
busca por novo emprego. Ademais, ele não concorda com os motivos da dispensa, haja
vista que sempre buscou executar suas tarefas com perfeição, cumprindo todas as
determinações de sua empregadora, sempre visando o bem-estar do Sr. Antenor.
Agora é com você, caro aluno. Após a conversa com o Sr. Albano Machado você deve
verificar os direitos a que ele faz jus e elaborar a peça processual adequada à
postulação junto ao Poder Judiciário dos direitos trabalhistas que lhe são devidos.
Fundamentando!
A petição inicial trabalhista obedece ao disposto no art. 840, §1º, da CLT, cuja
redação foi modificada pela Lei n. 13.467/17. Ele preceitua que a exordial deve conter
“a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu
valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante”. Novidade
relevante trazida pela citada lei foi a introdução do §3º, no art. 840, da CLT, que dispõe
que os pedidos que não forem certos, determinados e com indicação e valor, deverão
ser julgados extintos sem julgamento do mérito.
1) Enquadramento do trabalhador
Para tanto, sugere-se a leitura dos arts. 2º e 3º, da CLT, da Lei n. 5.889/73
(regulada pelo Decreto n. 73.626/74), da Lei n. 12.023/09, da Emenda Constitucional
n. 72/13 e da Lei Complementar n. 150/15.
2) Aplicação da lei trabalhista no tempo
O art. 5º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, dispõe que “ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Assim, você deve verificar qual é a legislação aplicável ao caso concreto, aferindo
a data de início de sua vigência. Deve verificar também se as disposições da
denominada “reforma trabalhista”, introduzida pela Lei n. 12.467/17, aplicam-se ou
não à situação sob análise.
Feito isto, os pleitos a serem formulados na sua peça processual devem levar em
consideração a aplicação da lei trabalhista no tempo. Assim, pode ocorrer, por
exemplo, de determinado direito somente ser devido ao trabalhador após a data de
vigência da lei nova. Neste cenário você deverá realizar o pedido somente em relação
ao período a que seu cliente tem direito.
<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroT
eor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=AIRR%20-%202654-
76.2012.5.12.0002&base=acordao&rowid=AAANGhAA+AAAMfcAAU&dataPublicacao
=09/05/2014&localPublicacao=DEJT&query=EMPREGADO%20and%20DOM%C9STIC
O%20and%20INTERVALO>. Acesso em: 24 out. 2017.
3) Trabalho em regime 12x36
Todavia, o art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), assim
dispõe:
No caso em tela não houve pactuação por norma coletiva. Destaca-se que no
tocante ao trabalho doméstico a previsão legal de adoção da jornada 12x36 por meio
de Acordo ou Convenção Coletiva se deu somente com o início da vigência da Lei
Complementar n. 150, em 02/06/2015.
Nos termos da Lei n. 605/49, todo “empregado tem direito ao repouso semanal
remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e,
nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de
acordo com a tradição local”.
No regime 12x36 é natural que diversos dias de trabalho coincidam com
domingos e feriados.
5) Intervalo intrajornada
O art. 71, da CLT, prevê o intervalo legal a que todo trabalhador faz jus. Já a Lei
Complementar n. 150/15 traz previsão similar em seu art. 13.
Além disso, é fundamental verificar a aplicação da lei no tempo, haja vista que
vários direitos ao trabalhador doméstico somente foram implementados após
alteração legislativa. Sugere-se a leitura do acórdão do Tribunal Regional do Trabalho
da 2ª Região, publicado em 28/06/2013, e que pode ser consultado no seguinte
endereço eletrônic: <https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24688693/recurso-
ordinario-ro-24579020125020-sp-00024579020125020070-a28-trt-2>. Acesso em: 24
out. 2017.
6) Justa causa
Outra diretriz é que para cada infração somente pode haver uma punição. Não
se pode aplicar advertência e suspensão em virtude de um mesmo fato. Deve-se optar
entre uma ou outra de acordo com gravidade da conduta (é a regra denominada
“proporcionalidade”).
A justa causa nada mais é do que uma destas penalidades. Todavia, por implicar
na rescisão do contrato de trabalho por culpa do empregado, trata-se de medida
extrema que somente deve ser utilizada quando a conduta do trabalhador, embora
única, possa ser grave o suficiente para quebrar a confiança existente entre as partes.
A título ilustrativo cita-se a hipótese de furto, que é grave o suficiente para ensejar a
aplicação de justa causa, mesmo o obreiro não tendo qualquer advertência ou
suspensão anterior. Entretanto, algumas condutas não são tão graves a ponto de
ensejar a justa causa de maneira direta. Para clarificar, tome-se a situação de um
trabalhador que se atrasou um dia para chegar ao trabalho. Obviamente que
descumpriu o dever contratual de iniciar suas atividades no horário convencionado,
mas a conduta não é crítica de forma a autorizar a rescisão do contrato de trabalho
por justa causa. Esta é hipótese evidente de advertência. Todavia, se o trabalhador
persiste na conduta, atrasando-se diversos outros dias, cabe ao empregador aplicar
novas advertências e suspensões para cada um desses atrasos, de modo que se o
comportamento do trabalhador não se modificar, poderá ser dispensado por justa
causa. Nesta situação será levado em consideração o “conjunto da obra”, ou seja, a
reiteração do comportamento inadequado por parte do empregado que conduz à
inarredável aplicação da medida extrema que é a justa causa.
No caso sob exame, você, aluno, deve verificar se a conduta de Albano foi grave
o suficiente para ensejar a aplicação de justa causa.
Não se pode olvidar que se a justa causa for má aplicada é possível a sua reversão
por meio de reclamação trabalhista, hipótese em que o empregado poderá pleitear o
recebimento das verbas rescisórias que lhe foram sonegadas em razão da forma pela
qual o contrato de trabalho foi rompido, notadamente as seguintes: aviso prévio, férias
proporcionais +1/3, décimo terceiro salário proporcional e multa de 40% sobre o saldo
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Além disso, pode requerer a
emissão dos documentos necessários para sacar o valor depositado na sua conta
vinculada do FGTS e para o recebimento do seguro desemprego, caso preencha os
requisitos legais.
Por fim, não se pode perder de vista as novidades trazidas para a CLT por meio
da Lei n. 13.467/17, sobretudo os arts. 223-A até 223-G.
O art. 477, da CLT, prevê que o empregador tem o dever de pagar multa
equivalente ao seu salário caso as verbas rescisórias não sejam pagas no prazo previsto
em seu parágrafo 6º.
Enquadramento do Emenda Art. 2º; Art. 3º, Art. - Acórdão n. Lei n. 5.889/73;
trabalhador Constitucional n. 7º. 0001272- Decreto n.
72/13 74.2012.5.03.0 73.626/74;
139 Lei n. 12.023/09; Lei
Complementar n.
150/15.
Trabalho em regime Art. 7º, inciso XIII; Art. 59-A; - Súmula n. 444 -
12x36 art. 7º, inciso XVI.
Indenização por Art. 7º, inciso Art. 29, Art. 223-A; - Acórdão n. Arts. 186 e 927 do
danos morais XXVIII Art. 223-B; Art. 0001114- Código Civil
223-C; Art. 223-D; 19.2012.505.00
Art. 223-E; Art. 24
223-F; Art. 223-G;
Multa do art. 477, - Art. 477, §8º - Acórdão n. -
§8º, da CLT. 0001589-
05.2011.5.03.0
108
Vamos peticionar!
A petição inicial começa com o endereçamento. Ele diz respeito à Vara do Trabalho
competente para processar e julgar o litígio, conforme disposição do art. 651, da CLT.
Em seguida, deve-se promover a qualificação das partes.
No tocante ao mérito, devem ser desenvolvidos os fundamentos fáticos e
jurídicos de cada um dos pleitos. A sugestão é que o desenvolvimento da petição se dê
por tópicos, ou seja, que seja criado um para cada assunto, no qual irão ser abordados
os aspectos fáticos e jurídicos. Por exemplo, cria-se um tópico a respeito do vínculo
empregatício, em que serão delineados os contornos fáticos e jurídicos da controvérsia.
Não se esqueça de elencar no rol de pedidos cada um dos pleitos. A ausência de
um deles pode acarretar a sua inépcia.
Ao fim de petição inicial, faça os demais requerimentos, consignando o pedido
de produção de provas e o valor da causa, vez que este é essencial para a determinação
do rito pelo qual a reclamação trabalhista irá tramitar, ou seja:
a) Rito Sumário: valor da causa até dois salários mínimos na data da propositura
da ação judicial.
b) Rito Sumaríssimo: valor da causa superior a dois salários mínimos e igual ou
inferior a quarenta salários mínimos na data da propositura da ação judicial.
c) Rito Ordinário: valor da causa superior a quarenta salários mínimos na data
da propositura da ação judicial.
PRIMEIRA FASE! 1
Questão 1 – João de Deus foi contratado por Domingos de Lima para trabalhar como
seu motorista particular, levando-o diariamente ao trabalho. Além disso, João também
levava os filhos de Domingos à escola. João de Deus não teve sua Carteira de Trabalho
e Previdência Social assinada por Domingos de Lima.
Diante do exposto, assinale a alternativa correta:
a) Não era necessária a assinatura da CTPS, pois o trabalho de João de Deus era
esporádico.
b) Não era necessária a assinatura da CTPS, pois o trabalho de João de Deus não é
exercido fora do âmbito doméstico.
c) A CTPS deve ser assinada como trabalhador urbano.
d) A CTPS deve ser assinada como trabalhador doméstico.
e) A CTPS deve ser assinada como trabalhador avulso.
Questão 1 – d)
O art. 1º, da Lei Complementar n. 150, conceitua como empregado doméstico “aquele
que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade
não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois)
dias por semana”. No caso sob exame, João de Deus prestava serviços diários para seu
empregador, o que conduz à necessidade de assinatura da sua CTPS. Nela deve constar
que exerce as funções de motorista doméstico, pois o labor se desenvolve no âmbito
familiar, mais de duas vezes por semana. Assim, não se enquadra na definição de
trabalhador urbano ou avulso, mas como doméstico.
Questão 2 – e)
Como se infere, o art. 10, da LC n. 150/15, autoriza a adoção do regime 12x36 por
meio de contrato individual, sendo desnecessária negociação coletiva (Acordo ou
Convenção Coletiva de Trabalho).