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Prof.

Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

CIÊNCIA DAS FINANÇAS E DIREITO FINANCEIRO – 2017.1

PONTO 01 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO FINANCEIRO

1) Atividade financeira do estado


⇨ Será parte da administração pública que será regida pelo direito financeiro, aquilo que
o direito financeiro regula. A atividade financeira do estado está ligada a satisfação de
problemas/ vontades das pessoas, o homem é um sujeito de NECESSIDADES, em
sociedades mais complexas como a nossa, as necessidades também são mais.
Podemos classifica-la em diversos critérios, mas o que nos interessa é dividir os tipos
de necessidade a partir do modo de obtenção dela, como as pessoas agem para suprir.
⇨ Há as necessidades individuais, como o repouso, você resolve sozinho, em algumas
organizações sociais a alimentação é também, isso no sentido da obtenção, se a
pessoa resolve o seu problema isoladamente. Elas fogem, em regra, da esfera de
atuação do estado, por isso, elas não nos interessa muito. Em tese, é possível que a
aquisição de água possa ser individual, mas chega uma hora que isso fica inviável, por
isso, há um pacto para satisfazer isso de forma comunitária, a necessidade comum,
que varia muito de estado para estado, as vezes isso poderia ser individual, mas por
comodidade, eficácia... torna comum, por exemplo, a energia elétrica, é muito mais
eficiente que tenha um órgão para resolver isso, muito mais prático. Mas existem
situações que você não tem como individualizar, não tenho como resolver o meu meio
ambiente, ele é para todos, com segurança pública é a mesma coisa, não resolve
melhorar só uma localidade, é impossível a atuação individual, são as necessidades
coletivas, aqui, diferentemente da comum, não há opção. Nos 2 últimos casos, o modo
de satisfação é conjunto, por isso, as duas últimas são públicas, que serão resolvidas
no campo do espaço público.
⇨ Para isso, preciso ter um certo grau de organização, um polo de imputação/
organização, isso é a institucionalização do coletivo, que é conhecido como estado, o
fim institucional do estado é satisfazer as necessidades públicas. Em determinados
momento históricos, algumas atribuições do estado que existem hoje não existiam,
como meio ambiente, transporte coletivo dentro da cidade, esgotamento... para isso a
gente se baseia na constituição, do artigo 5º ao 30º temos inúmeras atribuições ao
estado. O estado precisa também ter os meios para alcançar esses fins, não adianta
colocar na CF se não tem como ter esses meios, esses são os mais variados possíveis, a
depender do tipo de necessidade.
⇨ Temos os meios humanos, materiais e instrumentais. No humano, o estado é algo que
não tem existência real, por isso, precisa de pessoas que atuem, pessoas que
construam o prédio da escola, funcionários da mesma, professores... já na material,
percebemos que para fazer uma escola, temos que ter tijolo, madeira, lâmpada... Na
instrumental, há o arcabouço jurídico que o estado tem de organizar, de organizar o
poder de polícia, o salário dos juízes... perceba que se não tiver os meio é apenas tinta
no papel.
⇨ O estado obtém eles de diversos modos, antigamente as pessoas eram obrigadas a
trabalhar, um estado pilhava o outro, mas hoje temos o estado de direito, o estado
não pode te obrigar a trabalhar para ele, entretanto, ele precisa de funcionários e que
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eles tenham meios materiais para isso. Esses meios diretos são viabilizados por um
meio indireto, a moeda, o dinheiro. O dinheiro é essencial para a efetividade das
necessidades públicas e o estado não existe para ter lucros, mas sim, para ter dinheiro
para resolver os meio diretos, mas no mundo moderno isso é um pouco mais
complexo. Dessa forma, a atividade financeira do estado é a atividade da
administração pública de OBTENÇÃO (Receitas), GESTÃO (Organização do dinheiro, o
que exige planejamento, orçamento) e DISPENDIO (Despesas) de recursos financeiros,
é uma atividade meio para a realização de uma atividade fim, é a cozinha da
administração pública, ela não vive sem isso.

2) Direito financeiro
⇨ O estado só atua dentro daquilo que a lei autoriza, o direito financeiro é a disciplina
jurídica da atividade financeira do estado. Padrão normativo que condiciona a
atividade financeira do estado.

3) Posição
⇨ Vamos falar da posição do direito financeiro em relação aos demais direitos.
a) Direito constitucional 🡪 A estrutura fundamental do DF está na CF, os princípios do
orçamento, eficácia do orçamento... a matriz/ base é constitucionalizada.
b) Direito administrativo 🡪 Na verdade, o DF é um pedaço do administrativo, estuda
como o estado se relaciona com o dinheiro.
c) Direito tributário 🡪 É o contrário do administrativo, o tributário é um pedaço do
financeiro, hoje o estudo da tributação é muito mais complexo do que do financeiro
(?), esta é a maior receita, esta é a maior receita. Vale ressaltar que direito fiscal não
existe, antigamente era utilizado como sinônimo de tributário ou financeiro.
d) Direito público 🡪 O direito financeiro faz parte do direito público, por mais que não
haja muita nitidez nessa dicotomia.

4) Competência (Art. 24, I, CF)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

⇨ Em matéria de direito financeiro, é uma competência concorrente, os 3 podem legislar


ao mesmo tempo, se todos legislassem sobre a mesma coisa ao mesmo tempo seria
um caos, por isso, há a divisão de competências.
a) União

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer


normas gerais.

Art. 163. Lei complementar disporá sobre: (...)


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● Ela é responsável pela edição de normas gerais de direito financeiro, o artigo 163
complementa e fala que essas normas gerais devem ser complementadas por lei
complementar, isso é uma herança da constituição alemã de Weimar, é uma forma de
uniformizar, fazer uma lei geral de tributos, através das normas gerais, concedo
racionalidade ao estado federado, fixo conceitos básicos que servirá de exemplo para
todos. Na prática, estados e municípios tem pouco espaço, estão amarrados na
legislação federal.
b) Estados/ DF

Art. 24

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

● Eles podem baixar normas complementares, desde que não conflitem com as gerais,
aqui é um espaço muito pequeno, resíduos, são poucos os casos que sobra espaço
para elas.
c) Municípios

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

● No artigo 24, a constituição esqueceu dele, mas eles podem disciplinar sua própria
autonomia financeira, eles editam normas suplementares a federal, na prática a
mesma coisa que os estados e o DF, na realidade, estados e o DF não interferem muito
no município, não existe muito espaço para conflito entre eles dois.

5) Veículos normativos
● Mostraremos os principais veículos que trazem as normas de direito financeiro.

5.1) CF 88

⇒ Em primeiro a constituição federal, toda ela fala em direitos fundamentais e tem


interação com as finanças, mas a CF tem um capítulo ‘’ Das finanças pública’’, que
vai do artigo 163 até o 169, que trata dos princípios fundamentais para a atividade
financeira, são postulados básicos para orçamento e finança pública.

5.2) Lei complementar

⇒ Trazem as normas gerais de direito financeiro, no artigo 163 e no 165 Ss 9º. As


principais são a lei geral do orçamento (Lei 4320 de 1964) e a lei complementar
101/ 2000. A primeira originalmente é ordinária, ela é mais instrumental, de como
elabora o orçamento e os balanços, é uma lei de como fazer e executar o
orçamento, ele é muito procedimental. Quando foi editada em 64 não era exigida
lei complementar para datar do tema, mas em 67 e 88 pediram, aí ela foi
recepcionada com status de lei complementar, ainda que formalmente seja
ordinária. A lei complementar de 2000, representou a etapa final de um novo
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paradigma de gestão financeira no país, a lei de responsabilidade fiscal, permitiu


uma maior racionalização da atividade financeira do país, para equilibrar. Ela tem
diversos mecanismos de transparência, agora tem requisitos para realizar alguns
atos.

5.3) Lei ordinária

⇒ Tem duas funções, é um instrumento das leis orçamentárias, tem a do plano pluri
anual, LDO e LOA. O papel é veicular o orçamento. Outro papel é o exercício da
competência complementar ou suplementar, o que é raro.

5.4) Resoluções do senado federal

⇒ Previstas no artigo 52 da CF, tem um papel importante na disciplina da dívida


pública, muita coisa é regulada aqui. Tem força de lei mas é uma lei que não passa
nem pelo presidente nem pela câmara, como por exemplo, a resolução 40 de
2001.

RESOLUÇÃO Nº 40, DE 2001

Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida pública consolidada e da dívida
pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendimento ao
disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal.

6) Ciência das finanças


⇨ A atividade financeira pode ser estudada não apenas pela perspectiva jurídica, mas
também pela sócio-econômico-política; qual deve ser a opção do estado, aumentar
tributos ou aumentar a dívida? Então, por essa perspectiva (S-E-P) temos a ciência
financeira. A discussão de reformas tributárias é ciência das finanças, ela nos ajuda a
trabalhar corretamente com o direito financeiro.

7) Natureza do fenômeno financeiro


⇨ O que é que justifica que parte da economia seja colocada na mão do estado? É quase
que a justificativa para existência do estado. Existem várias teorias, sendo que algumas
tem um cunho mais socializante, focando no papel do estado.
a) Consumo 🡺 Essa é a primeira teoria, muito conhecida e difundida, o estado é um
agente que gasta a riqueza, ele absorve parte da riqueza, privando a sociedade dessa
parte, mas essa teoria não ignora a ideia de que ele faz isso para poder garantir a
existência social, seria um mal necessário, o fenômeno financeiro é algo negativo, mas
inevitável, para o estado suprir as necessidades básicas, é o preço da liberdade. Essa
ideia tem origem em Smith. Aqui o estado deve absorver o mínimo possível, nos
estritos limites do que é indispensável, ele não deve absorver mais riquezas que o
necessário.
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b) Circulação 🡺 Uma teoria francesa que encara outra perspectiva do uso de parte da
riqueza pelo estado, ele não tem só esse papel de suprir o mínimo necessário, mas
sim, de equalização social, a circulação de riquezas pode ser maior ou menor, o
fenômeno financeiro não é apenas uma atividade distribuidora de riqueza, também
tem algo positivo, promove um nível de circulação da riqueza, equacionalizando-a.
c) Reprodutiva 🡺 Tem origem alemã, nos diz que o fenômeno financeiro também cria
certas medidas para o aumento da riqueza, ao realizar suas atividades ele faz isso, com
a obras, estradas para o escoamento, portos... Ele absorve, gasta, mas pode aumentar
a produção de riquezas, termina que de outra forma ele devolve parte daquilo que
pegou, não é só um destruidor. Essa teoria é o que fala as outras duas somada a ideia
de produção de riquezas. Mas nem tudo o que o estado faz gera riqueza.
d) Cooperativa 🡺 Encaro o estado como uma grande cooperativa, onde ao nascer você se
filia, todos contribuem com o ente central e a cooperativa age em prol da coletividade,
como se fosse um clube, os sócios contribuem e o clube devolve piscina, quadra... ela
espelha em alguma medida o pacto social, mas é muito simplista, a realidade é mais
complicada do que isso, não é uma coisa homogênea como uma cooperativa. Todas
essas teorias nos mostram que o estado custa dinheiro, mas garante um mínimo a
todos, parte do que paga devolve em obras... É uma coletividade.
e) Repartição dos encargo públicos 🡺 Existe um custo do estado e ele precisa ser dividido
entre as pessoas, essa teoria se baseia em três pilares, a absorção de riquezas pelo
estado, que deve se dar por um critério de conveniência social e deve levar em conta a
capacidade de contribuir. Quando falamos em conveniência social, devemos pensar
em qual tipo de estado queremos, um que arrecada pouco e faz pouco ou outro que
arrecada muito e faz muito, ela é quem vai ditar o fenômeno financeiro. Além disso, a
distribuição uniforme não é justa, as pessoas não são uniformes, quem tem mais
condições precisa contribuir mais e as vezes quem contribui menos recebe mais,
dentro do limite da razoabilidade, diferentemente do clube, lá, salvo exceções, todos
contribuem igualmente e recebem dessa forma. O segundo pilar é o caráter
distributivo, em alguma medida, os estado funcionará como instrumento de justiça, de
distribuição. O terceiro pilar é o caráter coativo, há um poder de império do estado
impondo que as pessoas contribuam, se não fosse coativo, seria improvável o
sustento. O estado não consegue se custear com base em contribuição voluntária.

8) Responsabilidade fiscal
⇨ Existe hoje um fundamento do direito financeiro que é o paradigma da
responsabilidade fiscal, vem evoluindo no direito brasileiro, principalmente a partir de
2000, com a lei 101 (L.R.F). É circular, não tem como sintetizar em um único conceito,
é um conjunto de medidas, é negativamente falando, uma gestão que não é
inconsequente, uma gestão inconsequente é uma gestão dos recursos públicos de
forma não calculada, irresponsável; a responsabilidade fiscal envolve a
responsabilidade do gestor de não agir desse jeito. 3 coisas principais:
a) Equilíbrio 🡺 A responsabilidade fiscal se preocupa com a ideia de que o montante
público seja equilibrado, que receitas e despesas sejam proporcionais, não
necessariamente que sejam iguais, mas que mantenham uma proporção razoável.
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b) Previsibilidade 🡺 Projeção antecipada das consequências de um ato, o gestor, antes de


fazer um aumento, precisa ver o impacto dos atos nos próximos 3 mandatos, a mesma
coisa com as isenções, nunca se pode agir primeiro para ver as consequências depois.
c) Transparência 🡺 Precisa haver acesso aos dados sob gestão financeira e a possibilidade
de controle, os dados devem ser os mais amplos, pelos órgãos de fiscalização e pela
população.

PONTO 02 - ORÇAMENTO PÚBLICO

1) Conceito
⇨ É a espinha dorsal do direito financeiro, parte pela qual se estrutura toda a atividade
financeira do estado.
1.1) Comum 🡺 Falar em orçamento público é complicado, por que as pessoas não tem muita
ideia do que é na verdade, orçamento está ligado a ideia de previsão/ projeção/
arrumação prévia financeira, como um orçamento para consertar um carro.
1.2) Técnico 🡺 Em uma visão mais técnica, é uma tabela de receitas e despesas, qualquer
orçamento vai ter duas colunas, essa tábua será feita antes do orçamento ser posto na
prática.
1.3) Econômico 🡺 Quando a gente vai para o orçamento público, teremos um quadro/
expressão da economia estatal, um retrato de como funciona aquele estado, até as opções
ideológicas (prioridades) estará no orçamento.
1.4) Político 🡺 A partir da ideia de estado de direito, a ideia de orçamento público passa a não
ser algo somente técnico, se estamos em uma república democrática, tudo isso conflui na
ideia de que o orçamento passa a ser uma necessidade de que antes de fazer, a pessoa vai
ter que ofertar para a população, para ver se ela aceita ou não, a vontade popular vai ter
que aprovar o orçamento, somente depois disso pode ser colocado em prática, se
quiserem mudar alguma coisa, só com o crivo do povo, então ele passa a ter esse perfil
ligado a ideia de aprovação prévia da sociedade, o gestor não pode mudar mais como bem
quiser, agora tem limitações. Isso é um dos marcos do modelo de estado republicano de
direito, mas é inviável que essa consulta seja direta a todos, então faz isso com o
legislativo, o representante, que analisa o projeto e dá o OK. A partir daí o gestor público
pode executar, condicionado ao que foi aprovado. O estado não pode gastar sem prévia
autorização legal.
1.5) Jurídico 🡺 O orçamento é uma aprovação prévia do legislativo para o executivo, quanto a
um determinado modelo de gestão financeira a ser posta em prática dentro de
determinado período, lembre-se que precisa de autorização prévia, ou seja, anterior a
execução, nos EUA quase não consegue, só conseguiu com a retirada do muro, mas isso
não significa que o legislativo está de acordo com tudo o que fazer, por isso, terá que ter
fiscalização. A autorização é dada pela função legislativa para a função executiva, esses
poderes estão desenvolvendo suas funções típicas, mas podem também desenvolvendo
funções atípicas, como por exemplo, o poder legislativo as vezes exerce a função do
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executivo, quando a administra o próprio poder. Em quase todos os casos, a autorização é


dada pelo poder legislativo, a única exceção está no artigo 167, § 3º, que se refere ao
crédito extraordinário, pode ser baixado por medida provisória em caso de despesas
urgentes e imprevisíveis, como guerra, calamidade... algo atípico. Todos os poderes e
órgãos precisam de seu orçamento, defensoria, TCM, ministério público... todos eles
exercem função executiva, ainda que em menor grau.

Modelo de gestão financeira: É uma tabela com receitas e despesas, um quadro muito
complexo, mas em sua essência não deixa de ser um quadro com receita e despesas. No nosso
modelo, temos as previsões das receitas, uma estimativa, imagine-se que serão arrecadadas
naquele período. O orçamento não obriga que você arrecade tudo nem que arrecade mais,
não condiciona, mas em relação as despesas, traz fixações, é mais rígido, o artigo 167, II da CF
é condicionante em relação as despesas (Art. 167. São vedados: II - a realização de despesas ou
a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;), é
vedado ao estado executar uma despesa que não foi prevista.

● O estado não se obriga a gastar tudo, mas isso a cada dia se torna mais fraco, a ideia
de ser impositivo está se fortalecendo. O modelo de gestão vai ser trabalhado dentro
de um determinado período de tempo, é impossível você raciocinar a ideia de
orçamento fora da ideia de período, que pode variar, normalmente é anual, o que não
varia é a natureza periódica do orçamento, ideia de ciclos orçamentários. Temos 3
fases:
a) Elaboração 🡪 É a fase de confecção do orçamento, antes de colocar em prática, até a
sanção da lei final.
b) Execução 🡪 Período no qual ele está sendo executado, executando despesas e
arrecadando receitas.
c) Controle 🡪 Envolve o período de prestação de contas, um dos órgãos que faz o
controle é o tribunal de contas.
▪ Em geral, o orçamento representa o ápice do estado democrático, o orçamento é a
espinha dorsal do direito financeiro, a partir dele que vamos enxergar todos os
outros institutos que formam o direito financeiro.
2) Natureza

2.1) Formal 🡺 Formalmente, o orçamento público no Brasil é uma lei, exatamente pela raiz
histórica, é uma lei ordinária de vigência determinada, tem prazo de validade, são feitas para
valer em um período específico de tempo, como o PPA, que vale por 4 anos.

2.2) Material 🡺 Do ponto de vista material, a lei orçamentária tem um conteúdo concreto e
específico, não são leis gerais e abstratas, como o código civil, que não trata de um casamento
específico, a lei orçamentária tem um conteúdo específico, trata de uma situação única, uma
única autorização, a projeção de receitas é para aquele período. O conteúdo não é de
normatividade geral, até 2008 não tinha ADI nem ADC em face disso, mas a partir da ADI 4048
passou a admitir em face de lei orçamentária, entendia-se que não tinha caráter normativo,
mas entendeu que tem, mas não geral.

3) Princípios
⇨ A constituição nos traz alguns princípio, que na verdade são regras, que servem de
base para o orçamento.
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a) Universalidade (165, §5º, CF)

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,


detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela


vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos
e mantidos pelo Poder Público.

● Esse princípio nos diz que o orçamento deve abranger tudo, toda despesa e toda
receita. Toda previsão de receita e toda fixação de despesa devem estar no
orçamento. Não tem muito sentido um orçamento não ser universal, mas no Brasil ele
não é tão rigoroso, na prática existem algumas variações quanto a eficácia da
universalidade. Em relação as receitas a universalidade não é plena, já em relação as
despesas ele fixa, condiciona, posso arrecadar mais do que estava previsto, como por
exemplo, a venda de imóveis, não estava no orçamento, não tem problema. De acordo
com a súmula 66 do STF, é legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado
após o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro, hoje isso
ficou um pouco defasado, a súmula foi mais baseada na última constituição. A
universalidade tem importância na elaboração do orçamento, mas na prática, não
condiciona, não há vedações, diferente das despesas, que está no artigo 167, II, ela é
fixada no orçamento, a existência de previsão na lei é condição indispensável para o
poder público poder executar ela, a força condicionante da universalidade é muito
maior na despesa. Se faltou dinheiro para uma obra, a saída é o crédito adicional, que
é uma nova lei orçamentária, que passa pelo mesmo rito legislativo.
● Princípio pelo qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do
Estado. Indispensável para o controle parlamentar, pois possibilita:
✔ Conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia
autorização para respectiva arrecadação e realização;
✔ Impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e de
despesa sem prévia autorização Legislativa;
✔ Conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim
de autorizar a cobrança de tributos estritamente necessários para atendê-las.
b) Exclusividade (165, §8º, CF)

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à


fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei.

● Ele não se aplica a todas as leis orçamentárias. Ele se aplica especificamente a LOA, na
prática, essa é a mais importante. Ele diz que a LOA é exclusiva, tratará exclusivamente
da previsão de receita e fixação de despesa, é inconstitucional que ela trate de temas
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estranhos a isso, se chegou a isso de uma evolução histórica, os americanos falavam


dos cavalgadores do orçamento, alguns legisladores acabavam colocando assuntos
particulares na lei, “caldas de bicho”, as vezes ainda encontramos, mas é
inconstitucional. O orçamento, por exemplo, não pode criar cargos públicos (que é
indiretamente criar despesas, aqui só fixa), não é no orçamento que eu vou criar, ele
vai refletir o quanto eu vou gastar, imagine que criou 20 cargos, não foi a LOA, mas
com base na lei que criou isso ela se programa. O artigo nos traz duas exceções, a
autorização legal para abertura de crédito suplementar (I) e a autorização legal para a
realização de operação de crédito (II).

I 🡺 É um tipo de crédito suplementar, posso ter a autorização durante a vigência, para


gastar mais dinheiro com obra... depende sempre de lei, um complemento do orçamento,
essa lei pode vir na LOA, tio assim; “se precisar de mais 100 mil já estou autorizando a
gastar”, basta ter o dinheiro para gastar, vai precisar falar de onde vem essa fonte de
financiamento, como por exemplo, a anulação de outra despesa ou uma receita extra. Não
é obrigatório que a LOA traga o crédito.

II 🡺 A operação de crédito é um endividamento, é o estado pegar dinheiro emprestado,


um contrato de mútuo. Esses 2 princípios nos mostram que o orçamento visa tratar da
viabilização da atividade financeira do estado.

c) Periodicidade
⇨ O orçamento funciona necessariamente por período, dentro de um ciclo, de um
horizonte de tempo, que em tese pode variar, mas na prática a LOA que traz o
orçamento mais direto é anual, no período do exercício financeiro, que de acordo com
o artigo 34 da lei geral de orçamentos corresponde a 1 de janeiro até 31 de dezembro.
Por conta da LOA ser o mais importante dos 3, como ela é anual, muitos autores
tratam periodicidade como sinônimo de anualidade, algo não muito bom,
periodicidade é mais abrangente, a LOA é anual, mas tem atos orçamentários que não
são, como o PPA, mesmo não sendo o mais importante, anualidade confunde com um
princípio do direito tributário que existia em 67e não existe mais.
d) Programação
⇨ É importante para entendermos o papel do orçamento. Ele está em diversos
dispositivos, artigo 165, § 2, 4 e 7, art. 166 § 4º da CF. Eles falam em relação as 3 leis
que compõem o orçamento (PPA, LDO e LOA), esses 3 devem ser harmônicos e
complementares entre si, o que cada um prevê em seu objetivo deve estar em
harmonia com o próximo degrau.

(O PPA orienta a LDO e


este orienta a LOA, que
acaba sendo
condicionada/ orientada
pelas outras duas)

⇨ Tudo isso deve ser


colocado como etapas de implementação dos planos públicos, para a implantação do
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objetivo da atividade financeira do estado. Essas etapas acabam resultando no


orçamento programa. O orçamento não mais como uma peça instrumental, neutro,
agora é algo que você vê a ligação entre o gasto com o objeto do governo.
⇨ Aqui busca identificar a serventia de cada despesa, por exemplo, no orçamento tem o
pagamento do professor, um objeto de despesa, mas esse objeto não é muito
indicativo da relação desse gasto com a política do estado, aqui vou identificar o
programa, que pode ser um projeto, uma atividade ou uma operação especial, é
servidor para que? No caso do professor, é para uma atividade, um ensino continuado,
se fosse um curso de 3 meses para a qualificação de outros professores seria projeto.
Depois disso tem a sub-função da despesa, por exemplo, se é professor de ensino
superior, médio... já a função nos mostra que o dinheiro é para a educação, traçou um
caminho, permitindo um melhor planejamento e controle, esses dados nos mostram
que despesas e receitas não estão soltos, você consegue identificar o quanto de
orçamento está em cada função ou sub-função, fica mais fácil saber para onde está
indo o dinheiro público. É uma ferramenta de controle planejado.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição


serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso
Nacional.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano


plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo
critério populacional.

Art. 166

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas


quando incompatíveis com o plano plurianual.

e) Legalidade
⇨ Básico do direito como um todo, está em vários dispositivos, o ápice da legalidade é o
perfil do orçamento, um dos aspectos mais relevantes é a ideia das leis orçamentárias,
do orçamento vinculado a lei, algo muito rígido. Historicamente, sempre se procurou
dar um cunho jurídico ao orçamento, ou seja, para ser legal, tanto as receitas e as
despesas precisam estar previstas a Lei Orçamentária Anual, ou seja, a aprovação do
orçamento deve observar processo legislativo porque trata-se de um dispositivo de
grande interesse da sociedade. O respaldo a este princípio pode ser encontrado nos
art. 37 166 da CF de 1988. O Art. 166 dispõe que: "Os projetos de lei relativos ao plano
plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais
serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
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comum." A evidência de seu cumprimento encontra-se na própria ementa das leis


orçamentárias, como por exemplo, a da Lei nº 10.837/2003: "O Presidente da
República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:"
f) Transparência
⇨ O orçamento, como principal instituto de atividade financeira, deve expressar o
paradigma da transparência em 4 aspectos: clareza(I), especialidade(II), fidelidade(III) e
publicidade(IV).
⇨ I 🡪 Ele deve ser o mais claro possível, deve ser compreensível, qual a despesa e qual a
receita, a fonte do dinheiro, quanto mais geral normalmente é menos claro.
⇨ II 🡪 As dotações devem ser específicas, não devem ser para a UFBA, mas sim, para a
água da UFBA, luz da UFBA... Assim como a arrecadação, preciso identificar
especificamente a fonte das receitas. 7
⇨ III 🡪 Propõem que se foi autorizado o gasto de 500 para fazer uma ponte, não pode
haver então um desvio de finalidade, mesmo que seja razoável, vou precisar de uma
lei para mudar o destino, o objeto não pode ser distinto do que previa, se não fosse
isso, não precisava ter orçamento.
⇨ IV 🡪 Ideia de acesso, todas as leis e atos devem ser acessíveis e públicos,
disponibilizados, normalmente disponibiliza isso na internet.
g) Equilíbrio
⇨ Ele está implícito, não expresso. Ele exige que o orçamento seja equilibrado, que haja
um equilíbrio das finanças públicas. Há dois níveis de equilíbrio, o formal e o material.
No formal, a receita orçamentária sempre vai coincidir com a despesa, a tabela é
sempre equilibrada, na hora de fazer e executar o orçamento, sempre eles vão bater
do ponto de vista formal. Você pode estar gastando mais do que arrecada em tributo,
mas tem o dinheiro ou então se endivida, o saldo pode estar no negativo, mas
continua tendo dinheiro, ele vai obter mais receita se endividando, se for o contrário e
o dinheiro sobrar, vai ser uma reserva, que é pegar o dinheiro e aplicar, pagar dívida
pública... Já no formal, o equilíbrio não é arrecadar e gastar, o equilíbrio é dinâmico,
não estático. Aqui temos uma adequada proporção, em um quadro recessivo, o
equilíbrio é o estado gastar mais, ser deficitário, depende das circunstâncias. A
proporção deve levar em conta receita, despesa e dívida, sendo que tem um
percentual máximo de endividamento que o estado pode ter, até esse grau há
equilíbrio, uma proporção saudável. A questão do equilíbrio é mais complexa do que
um equilíbrio formal. Depende do tipo do papel que o estado vai exercer em
determinada circunstância.
h) Economicidade

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União


e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.

⇨ Um dos parâmetros que o orçamento deve obedecer, ela é a expressão do princípio da


eficiência administrativa em matéria orçamentária financeira. Preciso ver se é a
melhor opção de gasto existente para o gestor, a mais eficiente para o dinheiro
público. Está ligada a noção de custo benefício. Há um problema na prática, quando
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você vai verificar se foi eficiente vai ser depois de pronto, então precisa ver as
condições no planejamento do projeto, mas na prática vemos situações impossíveis,
que claramente não atendem, mas também temos que atendem, há um meio termo,
que há uma flexibilidade maior. É importante saber que antes de ser feito não é tão
fácil saber se é o melhor.

i) Afetação constitucional
⇨ Não é um princípio orçamentário propriamente dito. Ele é de receita, obriga o uso de
determinada receita. Só posso gastar o que a lei autoriza, quando a constituição afeta
determinado gasto, vou ter uma afetação constitucional do orçamento. A constituição
fala que determinado percentual da receita tal deve ser aplicado na saúde... Eu preciso
de autorização do gasto, ela não está no orçamento, por isso uma coisa afeta a outra,
alguns falam que isso termina engessando o orçamento. A constituição não trata de
orçamento, mas sim de receita, mas para poder gastar o valor precisa estar dotado no
orçamento. As áreas de afetação são educação e saúde.
I) Educação 🡺 Em relação a união, a afetação é de 18%, em relação aos estados e
municípios, é de 25%. A afetação é de 18% da receita de impostos, já em se
tratando de estado e municípios, é transferência de impostos + transferências
constitucionais, que são pedaços da arrecadação que o ente precisa dar para
outro, o estado precisa dar 50% do IPVA para o município o qual o carro está
licenciado. É 25% da estimativa. O município pode ter Royalties, taxas... No final
acaba sendo mais, principalmente pelo custo do pessoal.
II) Saúde 🡺 Ele remete a uma lei complementar, que é a 141/2012, a união tem uma
regra diferente, é o que ela gastou com a saúde no ano anterior + a variação do
PIB, se for negativo, não pode haver diminuição. Com a emenda do teto, esse
crescimento fica limitado ao teto, em estado e no DF, funciona = a educação, mas
a aqui é 12%, nos municípios 15% dos impostos e transferências constitucionais, só
a união que tem a mudança. A emenda nova não é um princípio, mas sim, um
limitador. No Brasil, o orçamento tem natureza formal de lei, só se admite MP em
caso extraordinário. Logo, é importante que analise o processo legislativo
orçamentário.

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino.

4) Processo legislativo
⇨ Em regra ele é igual ao geral, voto, discussão, emenda, veto... mas existem algumas
regras específicas, mudanças pontuais que estão situadas no artigo 165 e 166, criam
alguns atos próprios do processo legislativo orçamentário, pontos específicos. Esse
processo legislativo orçamentário é aplicado para todas as leis orçamentárias, PPA,
LDO e LOA e também para a autorização dos créditos adicionais (feitos após a
aprovação do orçamento).
a) Iniciativa (165, CAPUT, CF)
⇨ A iniciativa dos projetos de lei orçamentária é do chefe do poder executivo
(presidente, governador e prefeito), diversos poderes e órgãos possuem certa
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autonomia orçamentária, eles possuem os seus orçamentos, cada um dos seus


poderes ou órgãos autônomos elaboram sua proposta, é remetido ao executivo que
junta ao orçamento, inserido no orçamento do ente federado. Ele só pode mudar se a
proposta estiver em desacordo, para adequar aos parâmetros legais, na prática pode
gerar atrito.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais

a.1) Proposta orçamentária (22, LGO) 🡺 A proposta vai ter uma mensagem, o
projeto de lei e vai ter também tabelas explicativas, a mensagem é um texto de
encaminhamento, ressaltando alguns pontos mais relevantes... Ela é externa ao
projeto de lei, não é parte como a ementa. Esses quadros e tabelas tornam as
variáveis envolvidas no orçamento mais compreensíveis. O orçamento funciona
em ciclos, quando um acaba precisa executar o outro.

Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo
nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-
á:

I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira,


documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais,
restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da
política econômica-financeira do Govêrno; justificação da receita e despesa, particularmente
no tocante ao orçamento de capital;

II - Projeto de Lei de Orçamento;

III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em
colunas distintas e para fins de comparação:

a.2) Prazos (35, § 2º, ADCT)

Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até
dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão
proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.

§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da sessão legislativa;
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II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
do primeiro período da sessão legislativa;

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa.

● O orçamento tem data para começar e acabar, não pode passar anos em tramitação,
precisa cumprir um ciclo, sem autorização de gastos é muito complicado. Em linhas
gerais, eles estão nesse artigo da ADCT, ele traz o prazo padrão, não tem lei
complementar, mas se permite que os estados e municípios podem mudar,
dificilmente isso acontece, um exemplo é o estado de Pernambuco, que faz isso. Se
não mudar:
● PPA = Até 31 de agosto no 1º mandato, ele tem duração de 4 anos, longo prazo, não é
feito todo o ano, mas sim, durante o primeiro ano, o chefe do executivo no seu
primeiro ano terá que seguir com o orçamento do antecessor, mas também faz o
primeiro ano do seu sucessor. LDO = Até 15 de abril, todo ano. LOA = O projeto precisa
ser remetido até 31 de agosto.

b) Comissão de orçamento (166, §1º, CF)

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao


orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais


previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária,
sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas,
criadas de acordo com o art. 58.

● Quando o projeto ingressa, ele vai passar por várias comissões, na orçamentária
teremos a comissão de orçamento, que trata de orçamento, finanças públicas e
controle externo. São subdivisões da casa legislativa para racionalizar o trabalho. Ela é
uma comissão temática, permanente (Existem em outras áreas as temporárias, como a
comissão de inquérito, reforma do novo CPC...), assim como CCJ. Por conta da
necessidade de agilidade, ela é mista, integrada por deputados e senadores (Esfera
federal).
● Ela tem 4 funções: a 1ª e mais importante é emitir um parecer prévio sobre os projetos
de lei orçamentária, é votado um parecer prévio, muito importante, pois é aqui que se
concentram as emendas, se controla o tempo para aprovar, se discute mais o
orçamento... Há disputa para fazer parte dela, lá que o congresso vai alterar o
orçamento, colocar as emendas, formatar o projeto para levar ao plenário. A 2ª é
emitir um parecer sobre a prestação de contas do chefe do executivo, o que acontece
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antes de ser votado em plenário, também há um controle externo, o parecer do


tribunal de contas. Em relação ao executivo, o tribunal de contas opina. 3ª e 4ª, Cabe a
ela auxiliar o tribunal de contas do controle externo e opinar sobre leis que tratem de
finanças públicas em termos mais gerais, como mudança na lei de responsabilidade
fiscal...

c) Emendas orçamentárias (166, § 3º - 4º, CF)

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem


somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de


despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas


quando incompatíveis com o plano plurianual.

● Em regra geral, os projetos do executivo não podem ter emendas que criam despesas,
só em caso de lei orçamentária, a coletividade dá sugestões aquilo que foi proposto
pelo gestor. As emendas vão tirar uma despesa que o executivo colocou e vão colocar
no lugar uma que eles acham bom, os projetos, em geral, já vão com o objetivo de
serem substituídos por emenda parlamentar, tem “espaços em branco” para serem
trocados pelas emendas. Para serem aprovados, precisam atender a alguns requisitos:
1º, programação, exige que as 3 leis orçamentárias sejam harmônicas entre si, uma
emenda de uma das 3 não pode conflitar com as demais leis orçamentárias. A emenda
pode ser meramente formal, não altera conteúdo, retifica erros ou pode propor novas
despesas, pelo equilíbrio do orçamento, veja o artigo 66, ela deve indicar a fonte do
recurso, que é a anulação de uma despesa que está no projeto originário, essas
anulações, em regra, já são planejadas desde o projeto, guardo o lugar para a emenda.
Veda a anulação a 3 tipos de despesa, transferência constitucional, despesa com
pessoal e os serviços da dívida pública, a 1ª trata da responsabilidade fiscal, que não
seria parte da opção, o parlamento também não pode fazer uma moratória, impedir
que o presidente ou alguém pague os juros da dívida.
d) Mensagens modificativas (166, § 5º, CF)
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§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor


modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.

● Aqui é outra possibilidade, além da emenda, é apresentada pelo próprio poder


executivo, ele altera, usualmente de forma parcial, o projeto original, altera a proposta
originária. Mas existe um prazo, limite temporal para que possa fazer isso, está nesse
artigo, ele precisa ser antes de que o pedaço que está querendo mudar seja iniciada a
votação na comissão de orçamento, se já tiver, não pode mais. Ele pode, se já tiver,
por meio dos créditos adicionais, há algumas possibilidades.
e) Aprovação (votação)
⇨ A aprovação é com maioria simples, é uma lei ordinária.
g.1) Prazo (35, §2º, ADCT)

Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até
dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão
proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.

§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da sessão legislativa;

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
do primeiro período da sessão legislativa;

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa.

● Existe um prazo para a conclusão do processo legislativo, no PPA temos até o


encerramento da sessão legislativa do primeiro mandato, em regra, até 22/12. A LDO é
até o final do 1º período da sessão legislativa (meio do ano, fim de julho, para a partir
de agosto discutir o orçamento com base nela), já a LOA é até o final da sessão
legislativa.

5) Eficácia do orçamento
⇨ Tema bem controverso, discutido. Aqui existe uma raiz orçamentária. Qual a força do
orçamento? Ela é diferente parra receitas e para despesas.
a) Receitas 🡺 Em relação as receitas, o orçamento tem apenas uma previsão, orça o
quanto se supõem que vai ser arrecadado, precisa ser baseado em critérios, tem
uma eficácia estimativa, não condicionante, não vincula, ele meramente orienta,
fixa metas para a arrecadação, não é inútil, mas também não é condicionante. O
estado pode arrecadar menos ou mais, sempre com base na constituição.
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b) Despesas 🡺 Esse artigo abaixo já torna muito mais condicionante do ponto de vista
jurídico, é proibido ao estado realizar um gasto que não esteja fixado no
orçamento, não é mera estimativa, aqui há fixação por meio das chamadas
dotações orçamentárias. O orçamento, em relação as despesas, é um ato
condição, precisa ter dinheiro para a despesas, para executar precisa dos recursos
financeiros, no setor privado, em linhas gerais, basta ter o dinheiro, não precisa da
lei autorizando, o orçamento condiciona.

Art. 167. São vedados:

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos


orçamentários ou adicionais;

b.1) Existência de dotação 🡺 Mas a existência da dotação significa o que? É


condicionante, mas ela vai ser uma mera autorização para que o estado gaste ou
impositivo? Há duas correntes, uma que caracteriza como uma lei de meios que
não obriga e a outra fala que não só permite como impõem os gastos. Isso nos leva
a uma segunda análise, o controle judicial do orçamento, se há uma despesa para
necessário direito e não tem orçamento, e aí? O estado brasileiro é muito grande e
presente, ele é deficitário em suas ações e temos casos que a melhor das
intenções resulta em desastre.
● Para a maioria das despesas, o orçamento é autorizativo, mas não impõem, mas tem 2
grupos de gastos que se entende que são, em tese, impositivos, podendo ser exigida
judicialmente que o estado faça, só não faz se não tiver dinheiro, precisa ser provado,
mas tem a questão da reserva do possível (O mínimo existencial deve ser visto como a
base e o alicerce da vida humana), quem entra aqui são as questões de direito
fundamental, algo complicado, porque na prática o estado tem o dinheiro, mas não
para isso, é muito difícil que o estado demonstre que os outros gastos são
preferenciais aos direitos fundamentais, algo complicado, porque normalmente trata
de saúde. Além de DF, a outra hipótese é de emendas parlamentares, o executivo é
obrigado a executar, antes se jogava muito por apoio, mas o executivo não executava
a obra, era um instrumento de chantagem em relação ao parlamento, mas igualar aos
DF é complicado, estranho.
b.2) Ausência de dotação
⇨ Questão complexa, imagine que não exista dotação para determinada despesa e essa
seria necessária para a concretização de um determinado direito fundamental,
acontece mais na área de saúde, medicamento, internações... O cidadão quer que o
estado forneça essa necessidade, o jeito é ir para o judiciário.
b.2.1) Possibilidade de controle judicial 🡺 O judiciário pode interferir no
orçamento? A 1ª questão é a separação dos poderes, o orçamento é formado pelo
executivo e legislativo, o judiciário é outro poder, em tese, essa interferência é
complicada, delicada, mas apesar de independência e harmonia, não impede o
controle de um sobre o outro, não há isenção do controle, o judiciário é a instância
de solução de conflitos e o estado pode ser parte, se não, não poderia processar o
estado, mas precisa ter limites. A 2ª questão é que o orçamento é uma opção
política da coletividade, feita pelos escolhidos, feriria o aspecto político-
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democrático do orçamento ao passo que seu conteúdo fosse alterado pelo


judiciário. A partir de 88, houve a constitucionalização do orçamento e
jurisdicização do ato político. Outro argumento contra o controle é a
conveniência e oportunidade, em caráter absoluto ela é superada, o fato de haver
um membro do legislativo não significa que possa haver um cavalo de troia, eles
não podem fazer tudo. O problema é, por que a opinião do juiz vale mais? O
judiciário não poderia dizer se a opção do gestor ou legislador é a pior, em termos
de opinião deve prevalecer o legislativo e executivo, mas com a jurisdicização
termina sobrando menos para eles.
b.2.2) Limites do controle judicial 🡺 Tratam da questão da reserva do possível, da
separação dos poderes (abordamos muito porque há uma deslegitimação do
executivo e do legislativo), da democracia e da margem de opção. Devo me
perguntar até onde o judiciário está opinando, se é controle principiológico ou
mera opinião, se for opinião vale menos.

b.2.3) STF 🡺 Ele tem duas decisões que tratam desse tema, a ADPF 45, que não
chegou a julgar a questão, a união percebeu que estava errado e a ADFP morreu,
Celso de Melo fala que o controle não pode passar do limite, da margem, mas não
define muito bem esse, até onde o juiz pode ir. No segundo caso houve uma
consulta pública sobre o fornecimento de medicamentos por ordem judicial, que
não tenham previsão no orçamento, nela se tentou traçar parâmetros para o
controle judicial, primeiro o STF disse que se está na lista do SUS, mesmo sem
presença no orçamento, estará obrigado a oferecer, houve uma inadequação do
orçamento as políticas públicas. Se não estiver na lista do SUS, teria que analisar 3
variáveis, se existe omissão legal ou administrativa (analisar o motivo da ausência),
se existir uma decisão administrativa negando ou se existir uma vedação legal. Na
decisão, temos que “não se pode obrigar a rede pública...”, prejudica o
atendimento à população, em longo prazo, para quem mais usa o SUS. Para
conseguir, precisa provar que o do SUS não funciona, que é “pior” do que aquele
que estou pedindo.

6) Leis orçamentárias
⇨ O orçamento é composto pela conjugação de três leis: PPA, LDO e LOA. Do ponto de
vista prático, a lei mais importante é a LOA, que passa pela execução = Estado arrecada
e o que gasta=receitas e despesas.
⇨ Demais leis são etapas da programação orçamentária, mas não são a diretriz imediata
da atividade financeira do Estado. O PPA é de mais longo prazo, a LOA é mais direta, já
a LDO faz uma transição do PPA para a LOA. O PPA é a planta de um loteamento,
esboça mas não detalha, a LOA vai ser a planta de cada lote, mais importante, onde a
pessoa vai morar, a LDO vai meio que mostrar como implementar o lote de acordo
com as regras do condomínio.

7) Plano plurianual
⇨ Lei de longo prazo. É um planejamento com duração quadrienal. Vai do segundo ano
de mandato do executivo até o 1º ano do mandato do ano seguinte.
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a) Função 🡺 Fixação de diretrizes e objetivos de longo prazo, principalmente em


relação às despesas estruturantes. Trata-se de tentativa de planejamento que se
vincule a uma organização de maior prazo em relação às receitas e despesas
públicas. Menos palpável em termos de definições executórias, está supondo,
principalmente em relação as despesas estruturantes.
b) Elementos (165, § 1º, CF)

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,


objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

Art. 167. São vedados:

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser


iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade.

⇨ Ela traz diretrizes, objetivos e metas. Focando nas despesas de capital (investimento
público, gasto do Estado com algo que gere retorno patrimonial. Ex: compra de imóvel
para instalar uma escola; aquisição de ações de participação em empresas) e
programas de duração continuada (linhas de ação do Estado no desenvolvimento das
políticas públicas – podem ser projetos (são políticas públicas pontuais, não perduram
no tempo, ex: capacitação de professores do ensino médio), atividades (são de
duração continuada, ex: prestação de ensino superior na UFBA) ou operações
especiais (são exceções, não existe retorno para o Estado, ex: pagamento de dívidas,
precatórios...).
⇨ É necessário incluir no plano plurianual qualquer investimento que tenha duração
superior a um ano/exercício; se não tiver, deve haver lei alterando o PPA para incluir o
projeto, emenda.
⇨ Polêmica: que tipo de investimento a CF/88 se refere? Acórdão do STF: no sentido de
obra, de despesa de capital. Mas pode-se inferir que se trata de investimento no
sentido de dispêndio de recursos.

8) Lei de diretrizes orçamentária

⇨ Transição do planejamento de longo prazo para o curto prazo. Orienta como


implementar o lote a partir de regras gerais. Orienta como fazer o orçamento anual.

● Não existia no regime constitucional anterior, inovação da CF/88. Lei de transição. A


doutrina diz que a duração é de 01 ano, no entanto, costuma ultrapassar esse prazo=
uma parte dura 06 meses (orientação do próximo orçamento anual), a segunda parte
dura um ano (Essa veio com a LRF).

a) Função 🡺 Original- orientar o próximo orçamento anual. Transição entre o


planejamento financeiro de longo prazo e o de curto prazo. Em 2000, com a Lei de
Responsabilidade: segundo grupo de funções: fixação de diretrizes de política
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financeira, não se preocupa com elaboração do próximo orçamento, trata dos


elementos mais gerais da política financeira.
b) Elementos
a.1) CF-88 (165, §2º, CF)

Art. 165, CF/88 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Art. 169, CF/88 - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta
ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público,

⇨ Esboço do próximo orçamento anual. Compreende: metas e prioridades da


administração pública do próximo exercício, ao fazer isso, ele faz a orientação à
elaboração da próxima lei orçamentária anual; disposição sobre alterações na
legislação tributária (não está dizendo que a LDO vai alterar a legislação tributária,
dispor tem o sentido de indicar, sugerir, informar sobre aumento de alíquota de
imposto, redução de alíquotas por exemplo – impacta diretamente na estimativa de
receita; aqui ele informará mudanças para mais e para menos); política de aplicação
das agências oficiais de fomento (intervenção para incentivar a atividade econômica,
incentiva a economia por meio da indução econômica, ex: empréstimo subsidiado
para determinadas finalidades econômicas - concessão de crédito facilitado é a forma
mais comum de fomento – impacta no orçamento tanto na receita quanto na
despesa).
● Qualquer aumento de gasto com pessoal deve ser planejado pela LDO para que se
implemente no exercício seguinte.

a.2) LC 101/2000 (4º, LRF)


⇨ Acrescenta diversas outras funções. Relacionam-se à normatização da política
financeira do Estado de modo mais amplo. Entre outras coisas, define:

* Regras de equilíbrio entre receita e despesa

* Critérios e formas de limitação do empenho (congelar orçamento, porque está arrecadando


menos do que previu, política de gestão)

* Controle de custos e avaliação de resultados de programas financiados pelo orçamento


público (governança)

* Condições e exigências para transferência de recursos públicos para entidades outras

* Requisitos para renúncia de receitas, para criação de despesas (Art. 14) (salvo se for
irrelevante – definida pela LDO)
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Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual


decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes
condições:

* Índice de correção monetária da dívida pública

* Critérios para convênios

OBS: A LDO vira uma lei que passa a ter uma linha de atuação mais ampla.

a.3) Anexos (4º, §1º + 4º, LRF)

⇨ A LDO deve trazer anexos:

⮚ Metas fiscais – traz metas/padrões que devem ser observados em vários


indicadores financeiros e estudos sobre a evolução de diversos indicadores
financeiros e da vida patrimonial do ente federado (receitas, despesas,
endividamento, resultado nominal, resultado primário etc). O estado deve
trabalhar com metas, além disso, o § 2º nos fala que devo fazer vários estudos,
um raio x da situação financeira do estado

⮚ Riscos fiscais: a) passivos contingentes – obrigações incertas nas quais o estado é


devedor – ex: grupo de servidores demandam em juízo o pagamento de
remuneração, pode ser julgado a qualquer momento, mas não sabe quando será
exigido - deve trazer o mínimo de previsibilidade do que pode aparecer naquele
exercício para definir a reserva de contingência – visa fazer frente aos gastos
inesperados e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando
providências necessárias.

Em relação à União: mais um anexo relativo ao Banco Central (BACEN) – só esse ente tem a
prerrogativa de emitir moeda, regular a política de crédito.

9) Lei orçamentária anual


⇨ Mais próxima à execução – espinha dorsal da atividade financeira do Estado, traz a
previsão de receita e fixação de despesa do exercício. Ilustração: como se fosse a
planta de cada lote onde será construída cada casa.Com base nele o estado arrecada
e gasta.

Vigência anual – coincide com o exercício financeiro

a) Função
⇨ Orçamento de execução (em sentido estrito) – para a organização da atividade
financeira do Estado traz a previsão de receita e a fixação de despesa=> Obedece ao
princípio da exclusividade.
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⇨ Devem ter a previsão de receitas e despesas fixadas: ente federado (pessoa jurídica
de direito público interno) + demais pessoas jurídicas de direito público: autarquias e
fundações autárquicas.
● E as empresas estatais? (LRF, art 2º, II) São pessoas jurídicas de direito privado
(empresas públicas ou sociedades de economia mista) controladas por um ente
federado. Estão fora do orçamento, em regra=> Ex: Petrobras tem receita própria,
não precisa que o Estado injete capital, logo se autofinancia (não dependente
financeiramente do ente controlador); empresas estatais que não se sustentam e
precisam do capital do Estado (recursos financeiros para custeio em geral, pagamento
de pessoal ou de capital, excluídos aqueles advindos do aumento da participação
acionária – injetou dinheiro, mas isso não torna a empresa dependente, pois isso não
é custeio, pagamento em troca de retorno patrimonial) são chamadas de empresas
estatais dependentes (art. 2º, III, LRF), precisam estar incluídas no orçamento, pois
são custeadas pelo ente público, passando a se submeter às regras do orçamento do
ente público.

OBS: Controlada (subordinada ao ente que “manda”, sem ser financeiramente custeada) é
diferente de dependente (funcionamento é custeado pelo ente controlador).

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto
pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador
recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação
acionária;

b) Elementos

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 5º A lei orçamentária anual
compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e


entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela


vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos
e mantidos pelo Poder Público.

⇨ Fundamentalmente traz receita e despesa, além de demonstrativos (gráficos, tabelas


etc).

Documento único dividido em três partes dentro do mesmo orçamento anual:


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1) Orçamento fiscal – gastos em geral, tudo que não for investimento ou seguridade. Despesas
com empresas dependentes fazem parte desse bloco. Valor aportado para custeio da empresa
dependente.

2) Orçamento de investimento nas empresas estatais – valor injetado por um aumento da


participação acionária.

3) Orçamento da seguridade social – compreende as políticas públicas nas áreas de saúde,


assistência social (benefícios para a garantia do mínimo existencial, não contributivo),
previdência social (proteção ao trabalho e às incapacidades). São tratadas de forma
diferenciada na LRF. Dar maior transparência e impedir o desvio de recursos (verbas
carimbadas – destinação legal para uma finalidade determinada).

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA:

A) Execução de despesas
⇨ Execução da Lei Orçamentária Anual. PPA e LDO não têm atos de execução
propriamente ditos. Condução da atividade financeira do Estado a partir da LOA.

Arrumação: o que recebo, o que arrecado e o que vou gastar.

Análise: da execução da receita + da execução da despesa + das implicações em relação às


execuções do período de vigência da execução orçamentária (estudo do exercício financeiro).

● Em função da universalidade do orçamento, eficácia jurídica do orçamento, a


execução da despesa vai ser muito mais formal e burocrática do que a da receita.
Vamos estudar aqui a despesa.

1) Autorização legal (Para o estado executar a despesa)

Art. 167: São vedados

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os


créditos orçamentários ou adicionais;

1.1) Modo: Dotação orçamentária


⇨ Por meio da dotação orçamentária 🡪 cada partícula da lei orçamentária que traz a
autorização de despesa (vai dizer qual o objeto – que tipo de despesa está sendo
autorizada + montante que vai ser gasto) – Não pode indicar apenas o objeto (seria
crédito ilimitado, vedado pela CF/88) tampouco apenas o montante.
1.1.1) Especificidade (Art. 5º + 15 da LGO)
● A dotação deverá tratar de uma despesa específica, vedando a dotação genérica (sem
especificar de que forma o dinheiro será gasto). Discriminação da despesa pelo menos
por elementos.
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● Exceções: (1) a reserva de contingência: prevista nos arts. 4º e 5º da LRF - é uma


dotação na qual se reservam recursos para gastos não específicos como riscos
contingentes. A LDO diz como deve ser feita a reserva de contingência (estrutura, diz
como deve ser); a partir disso a LOA traz a previsão da reserva de contingência
(autorização de despesa imprecisa). Não obedece a regra da especificidade em virtude
da imprevisibilidade do objeto. Portaria 163 (trata de forma mais procedimental) e (2)
programas especiais de trabalho (art.20, §único, LGO) - é norma de exceção – linha de
ação do Estado, fora da condução da atividade normal do Estado que, pelas próprias
características, exige que não seja predefinida a previsão de despesa (geralmente
projetos ainda não detalhados ou programas relacionados à segurança nacional),
normalmente ligados a projetos que na hora que você fez ainda não foi detalhado, na
execução do programa que vai ser detalhado. Se for possível o detalhamento, deve
ser detalhado, não é regra, é exceção.

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os projetos de


obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam
cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser
custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.

1.1.2) Valor bruto (Art. 6º da LGO)

Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais,
vedadas quaisquer deduções.

§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão,
como despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no
orçamento da que as deva receber.

§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o calculo das cotas terá por base
os dados apurados no balanço do exercício anterior aquele em que se elaborar a proposta
orçamentária do governo obrigado a transferência.

● Todas as dotações, os montantes devem levar em conta o valor bruto, que é diferente
do valor líquido (desembolso), a autorização de gastos não vai levar em conta o valor
desembolsado, por exemplo, um salário de um professor que ganha 10 mil, mas ele
não recebe isso, tem os impostos, recebe 7, a união desembolsou 7, mas a dotação
orçamentária precisa colocar 10, a dotação é pelo valor bruto, paguei 10 e tive receita
de 3.
1.1.3) Unidade orçamentária (Art. 14, LGO)
● Não existe dotação orçamentária para a União, Estado, DF, Municípios,
genericamente, tem que identificar a unidade específica, isto é, o agrupamento de
serviços subordinados ao mesmo órgão ou conjunto de órgão responsáveis por
executar a despesa (ex: Gabinete do Reitor, na UFBA). As dotações são vinculadas às
unidades orçamentárias.
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Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo


órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. (Veto rejeitado no D.O.
05/05/1964)

Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades


administrativas subordinadas ao mesmo órgão.

1.2) Fontes
⇨ Onde encontramos essa dotação orçamentária?

1.2.1) Lei orçamentária anual (Art. 165, § 5º, CF)

● Orçamento fiscal, investimento ou seguridade social. A maior parte das despesas


serão previstas na LOA. Entre a elaboração do projeto e a execução propriamente dita
existe um lapso considerável de tempo. No decorrer do ano muitas situações podem
surgir (arrecadação menor do que estimado, por exemplo), o orçamento precisa ser
limitado, mas não pode ter uma camisa de força, posso fazer alguns ajustes, mas
respeitando requisitos.

1.2.2) Créditos adicionais (40-46, LGO + 167, §3º, CF)

● Complementação da lei do orçamento; podem ser aprovados depois do orçamento


pronto. Mudar o planejamento com o exercício em curso para se adaptar às
mudanças de cenário que surgem após a aprovação do orçamento.

Art. 167

§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a


despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública, observado o disposto no art. 62

a) Requisitos

- Necessidade de autorização legal (mesmo processo legislativo orçamentário);

- Decreto operacional;

- Indicação dos recursos (fontes de financiamento – art. 43, LGO: superávit financeiro da
execução anterior, excesso de arrecadação, anulação parcial ou total de dotações
orçamentárias prévias (mecanismo da reserva de contingência), produto de operações de
crédito).

b) Espécies

⮚ Crédito adicional suplementar: destinado a reforço de dotação orçamentária. Nova


dotação com mais montante para o mesmo objeto de despesa já contemplado por
dotação orçamentária anterior. Destina mais dinheiro para montante já contemplado
pelo orçamento. Pode ser autorizado por lei específica (LCA) ou na LOA – faz isso em
termos percentuais (165, §8º, CF/88).

A LOA não está obrigada a prever o crédito adicional suplementar, apenas permite; não tem
limite máximo e mínimo.
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Se não tiver autorização na LOA, será necessária a aprovação de lei específica, por meio do
processo legislativo orçamentário.

Se a suplementação estiver prevista na LOA e for necessário gastar mais do que foi autorizado:
terá que editar lei específica para uma segunda suplementação. Um exemplo típico de crédito
adicional suplementar é uma obra pública, um ponte, tinha uma dotação de 1 milhão mas não
foi suficiente.

⮚ Crédito adicional especial: objeto de despesa não contemplado em dotação


orçamentária anterior – necessita edição de Lei Específica (LCA – Lei de Crédito
Adicional). É o mais raro! Aqui é algo que você quer iniciar nesse exercício mas não
tem essa urgência toda.
⮚ Crédito adicional extraordinário: art. 167, §3º, CF/88 – despesas urgentes e
imprevisíveis (guerra, comoção interna ou calamidade pública) – satisfação cumulativa
de todos os requisitos. Questão polêmica: como caracterizar a urgência e a
imprevisibilidade? É mais restritivo, pois é o único crédito que pode ser aberto por
Medida Provisória, em matéria orçamentária. Subverte a lógica convencional do
orçamento: a autorização do Legislativo não é prévia (1º você gasta e depois o
legislativo vai analisar). Nos Estados e Municípios (pelo princípio da simetria, poderiam
editar medida provisória, mas não o fazem) - abertura por decreto, visto que não são
editadas medidas provisórias e manda projeto de lei urgentemente para a Casa
Legislativa= admite-se que continuem aplicando, por analogia, a disciplina anterior à
CF/88, art. 44 da lei 4.320 (não foi recepcionado pela esfera federal).

2) Procedimento de execução

🡺 Sequência de atos que visa garantir a regularidade do pagamento realizado pelo Poder
Público. Quando se trata de execução de receita, a legislação é mais maleável, não tem força
condicionante tão grande quanto Às despesas (dispêndio de recursos públicos – maior
necessidade de controle – não pode fazer pagamento sem empenho, sem liquidação).

2.1) Cronograma de desembolso


● Fase de planejamento, fase preparatória – organização cronológica da execução do
orçamento (despesas orçamentárias). Garantir fluxo (liberação do mínimo que precisa
para funcionar) de recursos para que cada unidade orçamentária funcione. Garantir
que em eventual problema de arrecadação também limite a execução da despesa.
Não é fase de execução da despesa.

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites
nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que
cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.

Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes objetivos:

a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de recursos necessários e


suficientes a melhor execução do seu programa anual de trabalho;

b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita arrecadada


e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.
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Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para efeito do disposto no artigo anterior,
levará em conta os créditos adicionais e as operações extra-orçamentárias.

Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados o limite
da dotação e o comportamento da execução orçamentária.

2.2) Empenho (Art. 58-61, LGO)


Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.
(Redação dada pela Lei nº 6.397, de 1976)
§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, é vedado aos Municípios
empenhar, no último mês do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa
prevista no orçamento vigente. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976)
§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assumir, por qualquer
forma, compromissos financeiros para execução depois do término do mandato do
Prefeito. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976)
§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos casos comprovados de
calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976)
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos praticados em desacordo
com o disposto nos parágrafos 1º e 2º deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do
Prefeito nos termos do Art. 1º, inciso V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro de
1967. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976)
Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da
nota de empenho.
§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa
determinar.
§ 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a
parcelamento.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de
empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa
bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

a) Conceito

● É a primeira fase = garante regularidade formal da despesa (adequação ao


orçamento). Requisito: necessidade de despesa estar ligada a autorização legal. É o
ato emanado da autoridade competente (ato típico da administração pública –
ordenador de despesa responsável pela unidade orçamentária) que cria para o Estado
obrigação de pagamento (empenho é uma fonte/origem de uma relação jurídica
obrigacional – negócio jurídico ou ato jurídico (ilícito) ou a lei – mas não tem a função
de criar no sentido material obrigacional – Ex: Estado contrata empresa para construir
ponte pelo valor de R$1.000.000,00 – quem obriga o Estado a pagar é contrato; cria
obrigação de pagamento do ponto de vista orçamentário) pendente ou não do
implemento de condição (no momento do empenho a dívida pode ser exigível – já é
valor devido ou não exigível – valor ainda não é devido => recomenda-se que o
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empenho seja feito com brevidade. Ex: indenização amigável: empenho se dá no


momento de pagar) - (art. 58, LGO).

b) Função

● Assegurar/permitir controle da regularidade formal (ligação da despesa específica


com a autorização orçamentária) – vedada realização de despesa sem prévio
empenho.
● Vincula despesa específica e a dotação orçamentária que autoriza aquele tipo de
despesa específica => Identifica a despesa, o credor, o valor e a dotação orçamentária
que autoriza a despesa.
● Bloqueia a dotação em relação a qualquer outro empenho que se queira fazer, para
garantir que não se gaste mais do que foi autorizado por lei. Ex: dotação para material
de escritório para a FDUFBA, no valor de R$200.000,00; a FDUFBA faz empenho de
R$50.000,00 – antes de pagar já bloqueia esse valor na dotação (sobrarão
R$150.000,00).
● O empenho ainda não é o gasto – não assegura o pagamento! Juridicamente falando
é apenas o reconhecimento de que existem: a) fato que pode levar a pagamento e b)
autorização legal para pagar. Trata do início da execução de despesa: obrigação de o
Estado pagar (dinheiro).
● Nota de empenho: prevista no art.61, da LGO, indica nome do credor, representação,
valor da despesa, bem como a dedução da despesa do saldo da dotação própria. O
documento pode ser dispensado em alguns casos, mas o ato administrativo de
empenho jamais será dispensado.

c) Espécie

● Duas modalidades específicas (art.60, §2º e 3º, LGO): 1) empenho por estimativa –
aplicado para despesas certas quanto à ocorrência e incertas quanto à quantificação
do montante (ex: conta de consumo – a UFBA não sabe quanto pagará todo mês/ é
possível fazer empenho pela média de consumo e mês a mês vai adequando). Não tem
como saber o montante previamente e 2) empenho global – despesas contratuais e
outras sujeitas a parcelamento (único objeto, com pagamento fracionado. Ex: obra
pública – ponte por R$1.000.000,00 – Estado paga proporcionalmente ao que já foi
executado – se ultrapassar: crédito suplementar).

2.3) Liquidação (Art. 62 e 63, LGO)

Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor
tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

● Garante a regularidade material. Busca apurar a certeza e a liquidez da despesa. É


vedada a realização de pagamento sem prévia liquidação. Deve verificar: direito do
credor – elementos da relação obrigacional (origem – se foi por contrato, por exemplo;
objeto – qual a prestação; montante – se valor é mesmo aquele; sujeito ativo –
aspecto subjetivo) e demonstração das provas da existência desse direito
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(apresentação de títulos e documentos que embasem a verificação do direito do


credor, que comprovem a regularidade material da relação obrigacional).

2.4) Pagamento (Art. 64 e 65, LGO)

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente,


determinando que a despesa seja paga.

Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados


pelos serviços de contabilidade (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente
instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio
de adiantamento.

● Ordem de pagamento: – ato da autoridade competente (ordenador de despesa),


determina que seja feito o pagamento.
● Pagamento: - efetivação prática da despesa, entrega a quantia ao credor do Poder
Público, mediante instituições bancárias que executam a ordem de pagamento.

Modos anômalos de execução de despesas:

3) Regime de adiantamento (arts.68, 69, LGO – Lei 4.320/64) –


● Atualmente: linha de crédito do poder público disponibilizado ao servidor (crédito
corporativo). Regime de suprimento de fundos

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente


definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de
empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se
ao processo normal de aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois
adiantamento.

3.1) Conceito

⮚ Dá-se pela entrega de numerário ao servidor para que ele efetue determinada
despesa em nome do Estado e, posteriormente realize prestação de contas sobre
como usou esse dinheiro que foi antecipado = > não é a mesma coisa que diária (tem
caráter indenizatório, não tem que prestar contas, integra a remuneração, verba do
servidor que pode usar como melhor entender). A despesa é feita em nome da
administração pública, não em nome próprio. O empenho, a liquidação e o
pagamento serão realizados no momento de entrega do numerário ao servidor.
Despesas urgentes e de pequeno valor; despesas sigilosas.

3.2) Prestação de contas


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⮚ Deve reunir documentos que comprovem o que foi feito com o dinheiro.
Possibilidades: NF de compra (R$1.000,00 – compra de pneus); devolução do dinheiro
por não execução da despesa; executou a despesa, mas não gastou o dinheiro todo
(presta contas de uma parte e devolve a outra parte). Prazo para prestar contas (na
União: 60 dias).

3.3) Vedações

⮚ Existem servidores que não podem receber o adiantamento. Três casos: a) quem
esteja sem exercício efetivo do cargo ou função pública; b) servidor que já recebeu 2
adiantamentos e ainda não prestou contas, não pode ficar com 3 adiantamentos em
aberto simultaneamente; c) servidor em alcance (recebeu adiantamento e, ou não
prestou contas no prazo ou a prestação de contas foi rejeitada por indício de dolo,
fraude ou simulação) – pode ser acionado por improbidade, ser submetido a uma
tomada de contas especial, se objeto de ação penal etc. O servidor em alcance pode
regularizar a situação.

4) Precatório (Art. 67, LGO + 100, CF)

Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária, far-
se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para esse fim.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim.

4.1) Conceito 🡺 É uma modalidade de execução de despesa pública. Despesa


pública (pagamento efetuado pelo Estado) decorrente de uma decisão judicial.
Sempre que uma decisão judicial mandar que o Estado pague algo isso se dará por
meio de precatório. Não será feito por empenho, liquidação e pagamento.
Qualquer execução de quantia se dará pela sistemática do precatório. Sempre
ligado a uma decisão judicial condenatória: judiciário reconhece a pretensão de
alguém e condena o Estado a pagar. Condenação pode ser qualquer tipo de
obrigação (Fazer, não fazer ou dar), mas quando diz respeito a precatório, trata-se
de obrigação de dar quantia certa em dinheiro. Liminar que concede
medicamento, por exemplo, não vai para o regime de precatório. Apenas quando
disser respeito a pagar alguém.

4.2) Fundamentos 🡺 Compreende obrigação do Estado de pagar, desembolsar.


* Impenhorabilidade dos bens públicos + universalidade do orçamento (vedado ao
Estado realizar despesa sem prévia autorização na lei orçamentária).
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● Usualmente se pessoa privada é condenada a pagar algo e não cumpre a decisão, o


judiciário vai por um ato de violência invadir o patrimônio da pessoa e dali tirar o
dinheiro para utilizar como pagamento ao credor, por exemplo (principalmente por
meio de penhora). Contra a Fazenda, não é possível invadir o patrimônio público e dali
tirar o dinheiro necessário – bem público é impenhorável; Estado só pode pagar se
houver autorização legal. Gera a necessidade do regime de precatório, mas poderia ser
de outra forma. Na França a condenação ao pagamento permitia que o próprio juiz
fizesse um cheque e pagasse. No Brasil: pela universalidade da despesa, antes de
efetuá-la tenho que planejar no orçamento que vou pagar o valor por conta de
determinação judicial. Depois que o processo acaba tem que esperar o trâmite
orçamentário para receber o valor – procedimento de execução da despesa por
precatório.
● * Funciona na ordem de pedido ou depender da natureza do crédito – garante a
impessoalidade do pagamento dos precatórios, o gestor público não pode escolher
quem paga primeiro ou depois, critério objetivo que leva em conta a natureza do
crédito e a ordem de pedido. Quebra da regra de ordem de pagamento gera
consequências para o Estado. Impessoalidade visa garantir a isonomia no pagamento,
com base em critérios objetivos e impessoais.

4.3) Natureza 🡺 o termo é usado simultaneamente para se referir a realidades


distintas: (1) designa despesa pública feita por conta da decisão judicial – modo
especial/específico de execução; (2) designa a dotação orçamentária (gerenciada
pelo Presidente do Tribunal de onde saiu a decisão que condena a pagar) que vai
para o orçamento para fazer frente a essa despesa – depende de autorização
orçamentária para pagamento do precatório; (3) designa a própria decisão judicial
(definitiva, com eficácia de coisa julgada da pretensão – não é trânsito em julgado
do processo) que deve ser cumprida por meio de precatório.

4.4) Espécies
⇨ A nossa constituição federal prevê 2 tipos.
4.4.1) Regular 🡺 Refere-se às obrigações de pagar créditos em geral, tudo que não
for alimentar. Será pago na ordem cronológica até o final do exercício de inclusão
(art. 100, §5º).

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba


necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

Ordem cronológica: data da requisição do precatório-----não importa quando acabou o


processo. Violação pode gerar até mesmo sequestro de verbas públicas.

Até o final do exercício de inclusão – exercício financeiro que está valendo a lei orçamentária
anual: aquele cujo orçamento contém o lançamento do precatório. Depende se foi solicitado
até 1º de julho (próximo exercício), após 1º de julho (“próximo do próximo” exercício).
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4.4.2) Alimentar (Art. 100, § 1º e 2º, CF) 🡺 Depende da natureza da verba -


débitos de natureza alimentícia: salários, vencimentos, proventos, pensões,
benefícios previdenciários, indenização por morte ou invalidez etc – de acordo
com o STJ e o STF (SV nº 47): honorários advocatícios: de sucumbência e
contratuais são considerados débitos de natureza alimentar.

- Serão pagos antes do regular.

- Tem ordem cronológica própria (STF) - pela ordem de requisição; preferência do precatório
alimentar sobre o precatório regular se dá dentro do exercício financeiro de inclusão.

● Regime previsto no art. 100, §2º, da CF/88: precatórios de quem tem mais de 60 anos
ou doença grave terão direito ao fracionamento do precatório: primeira parte -
poderão receber antes de todo mundo até 3x o teto de requisição de pequeno valor
(valor máximo que o Estado paga sem demandar precatório) - ex: até 90 salários
mínimos, a depender do ente federado; em um segundo momento receberá o valor
restante na ordem normal (cronológica) dos alimentares. Em regra é proibido fracionar
o precatório, mas é expressamente admitido na hipótese mencionada.

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,


vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os
demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão


hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou
pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre
todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do
disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o
restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

4.5) Requisição de pequeno valor (Art. 100, §3º) 🡺 Pagamento de valores sem a
necessidade de aplicar o regime de precatório, apenas requisição do juízo a Poder
Público. Regime regular.

Dotação orçamentária prévia: no orçamento corrente para o pagamento de RPV. Empenho,


liquidação e pagamento (processo normal). Se a dotação acabar pode abrir crédito
suplementar.

Qual o limite que possibilita o pagamento via RPV? Art. 100, §3º, da CF/88 + art. 87 do ADCT –
se não houver lei própria: 40 salários mínimos – Estados e DF/ 30 salários mínimos: Municípios.
União: 60 salário mínimos.

Art. 100, §4º, da CF/88 – lei estadual, distrital ou municipal podem estar estabelecer teto
superior ou inferior (tem um valor mínimo: valor do maior benefício do Regime Geral de
Previdência Social).
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Ivonéa Santos

Possibilidade de fracionamento do valor a ser recebido (art.100, §8º, da CF/88 + art. 87,
§único, do ADCT): a) não pode fracionar – uma parte por RPV e outra por precatório;

● Pode o credor renunciar ao valor do crédito que excede o considerado como obrigação
de pequeno valor, para que haja a dispensa de expedição de precatório e possa
proceder a execução através de RPV.

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica


aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas
referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Direito Financeiro

AULA 11

29.06.2017

Revisão da aula anterior:

Outras possibilidades de execução do crédito, além do pagamento em dinheiro.

Precatórios são despesas públicas decorrentes de decisão judicial que condena o Estado a
pagar um valor a alguém. Depende de autorização orçamentária – universalidade do
orçamento

Tipos: regular e alimentar + aqueles que admitem pagamento parcial em caráter preferencial.

Modalidade alternativa: RPV - pagamento é feito a partir de uma conta específica para esse
fim.

4.6 Procedimento

Tem que ser decorrente de decisão judicial => definitiva, com eficácia de coisa julgada (fim do
processo, pelo menos a discussão, já é incontroverso, impossível de discutir a obrigação do
Estado de pagar o valor a alguém, pessoa física ou jurídica).

4.6.1 Ofício requisitório – Expedição de ofício requisitório pelo juiz do processo ao presidente
do respectivo tribunal – depende do tipo de causa: se for trabalhista: TRT; se for contra a
União: TRF. Comunicação do juiz ao presidente requerendo a comunicação da necessidade de
pagamento do precatório: ofício, título executivo=decisão judicial=manda pagar; cálculo de
atualização do valor; certidão emitida pelo cartório que a decisão é definitiva=certidão de
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Ivonéa Santos

trânsito em julgado. Em quase todos tribunais o ofício é eletrônico; é remetido à presidência


do tribunal eletronicamente.

4.6.2 Requisição - presidente do tribunal requisita ao chefe do poder executivo (quem tem a
iniciativa das leis orçamentárias) que inclua autorização/dotação orçamentária para
pagamento dessa despesa decorrente da decisão judicial até o próximo exercício financeiro.
Costuma ser por meio eletrônico, mas pode ser por meio físico = cópia do ofício requisitório

4.6.3 Inclusão no orçamento (art. 100, §5º, CF/88) – chefe do poder executivo deve incluir
dotação na LOA para cumprimento, autorizar legislativamente a execução dessa despesa. Se o
ofício requisitório for feito até 1º de julho é obrigatória a inclusão para pagamento já no
exercício financeiro do ano seguinte. Após 1º de julho, só no exercício financeiro subsequente
ao seguinte (ex: em 2017, se até amanhã for expedido ofício requisitório, entra para ser pago
no exercício de 2018...se for após: só será pago em 2019). No mínimo, pode receber em seis
meses; no máximo, em 02 anos e meio. No exercício de inclusão pode ser pago de 01/01 a
31/12.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).  (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 5º É obrigatória a
inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes
de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o
final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

4.6.4 Disponibilização dos valores (art.100, §5º, CF/88) - Durante o exercício de inclusão – no
qual está valendo o orçamento que ele foi incluído, o executivo vai fazer a disponibilização dos
valores/dinheiro e vai colocar à disposição do presidente do tribunal para que o tribunal faça
os pagamentos. Não é o executivo quem gerencia os pagamentos, são sempre dotações
consignadas ao tribunal respectivo, para impedir ingerências do executivo sobre isso.

Não precisa de ordem judicial para sacar o precatório, exceto se o juiz bloquear a retirada sem
alvará.

4.6.5 Pagamento (art.100, §§1º, 2º, 20, CF/88) – tem que ser pago com atualização monetária
(STF decidiu que não deve aplicar a TR e sim aplicar taxa mais condizente com a realidade:
IPCA – a partir de março de 2015)

=>É feito em ordem cronológica e levando em conta a natureza da verba. 03 ordens: pedaço
do crédito alimentar que sejam de titularidade de pessoas acima de 60 anos, com doença
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Ivonéa Santos

grave ou deficiente – 3 x o teto da RPV na frente de todo mundo (se a totalidade couber,
recebe tudo, caso contrário fraciona o recebimento); regulares na ordem cronológica.

Situação peculiar prevista na EC 94/2015 – pode haver precatório com valor muito expressivo
que envolve boa parte da previsão orçamentária – criou-se a regra: se ele sozinho for maior
que 15% do total de precatórios no ano, o poder público não está obrigado a pagar de vez:
15% no exercício de inclusão e restante (85%) em 5 parcelas anuais iguais ou o credor pode
aceitar dar um deságio de 40% (precisa de lei para regulamentar).

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de


salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença
grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com
preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado
em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para
essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
apresentação do precatório.    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 94, de
2016)
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante
dos precatórios apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por
cento) do valor deste precatório serão pagos até o final do exercício seguinte e o
restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de
mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares
de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do
valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou
defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação
editada pelo ente federado.
E se não pagar??

4.7 Preterição (art. 100, §6º, CF/88) – quebra da ordem de pagamento dos precatórios: 1)
ordem cronológica: pagou antes quem requisitou depois; 2) ordem de natureza: regular antes
do alimentar – alimentar só precede o regular se forem incluídos no mesmo exercício
financeiro.

Nesses casos há autorização constitucional para sequestro das verbas públicas – ato do
presidente do tribunal, obrigatoriamente ouvindo o Ministério Público.

Após precatório expedido não pode negociar administrativamente, caso isso ocorra o
executivo solicita o cancelamento do precatório.
Prof. Pedro Caymmi

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Ivonéa Santos

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente


ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão
exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e
exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de
não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o
sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

4.8 Não pagamento – exige que seja pago no exercício na lei orçamentária na qual o
precatório foi incluído.

Se não houver o pagamento sofre consequências: 1) art. 30, §7º, LRF: passa a compor a dívida
consolidada – montante das dívidas de longo prazo, estado fica com menor potencial de
endividamento – precatório só entra na conta se não for pago no exercício de inclusão;

 § 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que


houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos
limites.

2) incidência de juros; 3) pode existir a caracterização de crime de responsabilidade; 4) pode


justificar intervenção - da União sobre os Estados e dos Estados sobre os municípios (arts. 34 e
35, CF/88) – justificada pelo item que fala em não pagamento de dívida fundada por mais de
02 anos, salvo motivo de força maior.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para: V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a)
suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de
ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;

Não há previsão legal exata para a questão do não pagamento – não se tem no sistema normal
argumentos para obrigar o Estado a pagar o precatório. Tem-se tentado o regime especial de
pagamentos: dá condição para o Estado pagar e endurecer as sanções para o não pagamento.
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

4.9 Usos alternativos – possibilidades alternativas de uso ou recebimento -meios de receber o


valor ou parte dele sem necessariamente receber em dinheiro pelo procedimento normal de
execução

4.9.1 Compra de imóveis públicos (art. 100, §11, CF/88) – moeda para comprar imóveis
públicos. A CF/88 autoriza que seja aceito crédito de precatório para o pagamento total
ou parcial. Problema: depende de lei específica, pois a CF não obriga o ente federado a
usar o precatório como moeda de compra do imóvel. Pode dar margem a uma série de
manipulações e favorecimentos - é uma forma de preterição – recebe na frente dos
outros da fila.

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa


devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do
respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

4.9.2 Cessão de créditos – (art. 100, §§13, 14, CF/88) – ceder a outrem o crédito do
precatório: gratuitamente ou mediante venda (quem compra, geralmente, faz com certo
deságio). É uma compra de título. Cessão pode ser total ou parcial. Independente da
concordância do Estado – deve comunicar ao devedor, mas esse não pode opor
restrições. Comunica ao tribunal que comunica ao devedor, que pode alterar o nome do
novo titular. Privilégios pessoais não se aplicam: se pessoa maior de 60 anos vender para
outra menor de 60 anos, a vantagem não será aplicada a quem adquirir; natureza da
verba não se altera (se for alimentar continua alimentar, se for regular continua regular).

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a


terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio
de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

4.9.3 Compensação de tributos – (art. 6º, EC 62/2009 + art. 105, ADCT) – moeda de
pagamento de tributo.

Até 2009 existia polêmica sobre a possibilidade de utilizar ou não como moeda de
pagamento. A EC 62/2009 regularizou tudo que já tinha sido pago até 2009.

Hoje: regra do ADCT: apenas em relação aos entes federados que estejam no regime
especial de parcelamento para pagar os atrasados é permitido ao contribuinte que
resida no território desses que use seus precatórios ou adquiridos de terceiros para
pagar tributos desde que obedeça a lei do ente federado. Não deveria haver lei
específica para compensação de tributos mediante precatórios, visto que os entes já
têm lei que versam sobre compensação de tributos.
Prof. Pedro Caymmi

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Ivonéa Santos

Art. 6º Ficam também convalidadas todas as compensações de precatórios com tributos


vencidos até 31 de outubro de 2009 da entidade devedora, efetuadas na forma do
disposto no § 2º do art. 78 do ADCT, realizadas antes da promulgação desta Emenda
Constitucional.

Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de precatórios previsto no art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, é facultada aos credores de
precatórios, próprios ou de terceiros, a compensação com débitos de natureza tributária
ou de outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos na dívida ativa
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observados os requisitos definidos
em lei própria do ente federado.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

4.10 Regime Especial de Pagamento

Salvo a União, os demais entes federados têm um enorme volume de precatórios vencidos e
não pagos. Passou-se então a tentar sanear o estoque de débitos acumulados até regularizar a
situação (pagamento no exercício de inclusão). Dá um benefício ao Estado e aperta o
cumprimento; deixa negociar e ter redução de até 40%, mas deve pagar os 60% sob pena de
sofrer sanções.

Teori Zavascki falava que é melhor ter a certeza que vai receber algum valor do que saber que
não vai receber nada.

4.10.1 EC 30/2001 (art. 78, ADCT) – tentativa tímida. Admitia fracionamento do precatório em
10 parcelas anuais (10 anos). Permitida a cessão do precatório. Se não fosse paga parcela no
exercício, poderia ser usado como moeda de compensação de tributos.

Não deu certo porque os entes federados ignoraram a medida e ela acabou não tendo muito
eficácia prática; foi uma primeira tentativa.

Art. 2º É acrescido, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o art. 78, com
a seguinte redação:

"Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de


natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus
respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na
data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até
31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente,
acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo
de dez anos, permitida a cessão dos créditos." (AC)

4.10.2 EC 62/2009 – art. 97, ADCT – procedimento mais arrojado. Alterou diversas coisas sobre
precatório, várias declarações de inconstitucionalidade (ex: notificar previamente os débitos
do contribuinte para que a compensação fosse realizada). Trouxe regime especial de
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Ivonéa Santos

pagamento na lógica de zerar o estoque dos atrasados (dava prazo mais longo de pagamento:
15 anos ou percentual da receita anual do ente – art. 97 declarado inconstitucional/ regra de
modulação de efeitos para estender até 2020).

Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido


do seguinte art. 97:

"Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da
Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de
publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de
precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os
emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este artigo,
farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo
inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º,
3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já
formalizados na data de promulgação desta Emenda Constitucional.

4.10.3 EC 94/2016 (arts. 101 a 105, ADCT) - atual formato. Cria regime especial de transição
nos artigos referidos do ADCT. Não se aplicam à União – não tem estoque, todos os
precatórios estão em dia.

Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido


dos seguintes arts. 101 a 105:

"Art. 101. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de


2015, estiverem em mora com o pagamento de seus precatórios quitarão até 31 de
dezembro de 2020 seus débitos vencidos e os que vencerão dentro desse período,
depositando, mensalmente, em conta especial do Tribunal de Justiça local, sob única
e exclusiva administração desse, 1/12 (um doze avos) do valor calculado
percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no
segundo mês anterior ao mês de pagamento, em percentual suficiente para a
quitação de seus débitos e, ainda que variável, nunca inferior, em cada exercício, à
média do comprometimento percentual da receita corrente líquida no período de
2012 a 2014, em conformidade com plano de pagamento a ser anualmente
apresentado ao Tribunal de Justiça local.

§ 1º Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata este artigo, o
somatório das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
contribuições e de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes,
incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e
os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:

I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação


constitucional;

II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores


para custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
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Ivonéa Santos

provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição


Federal.

§ 2º O débito de precatórios poderá ser pago mediante a utilização de recursos


orçamentários próprios e dos seguintes instrumentos:

I - até 75% (setenta e cinco por cento) do montante dos depósitos judiciais e dos
depósitos administrativos em dinheiro referentes a processos judiciais ou
administrativos, tributários ou não tributários, nos quais o Estado, o Distrito Federal
ou os Municípios, ou suas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes,
sejam parte;

II - até 20% (vinte por cento) dos demais depósitos judiciais da localidade, sob
jurisdição do respectivo Tribunal de Justiça, excetuados os destinados à quitação de
créditos de natureza alimentícia, mediante instituição de fundo garantidor composto
pela parcela restante dos depósitos judiciais, destinando-se:

a) no caso do Distrito Federal, 100% (cem por cento) desses recursos ao próprio
Distrito Federal;

b) no caso dos Estados, 50% (cinquenta por cento) desses recursos ao próprio Estado
e 50% (cinquenta por cento) a seus Municípios;

III - contratação de empréstimo, excetuado dos limites de endividamento de que


tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros
limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse empréstimo a vedação
de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal."

"Art. 102. Enquanto viger o regime especial previsto nesta Emenda Constitucional,
pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos que, nos termos do art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, forem destinados ao
pagamento dos precatórios em mora serão utilizados no pagamento segundo a
ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências dos créditos
alimentares, e, nessas, as relativas à idade, ao estado de saúde e à deficiência, nos
termos do § 2º do art. 100 da Constituição Federal, sobre todos os demais créditos
de todos os anos.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos remanescentes, por opção a ser exercida
por Estados, Distrito Federal e Municípios, por ato do respectivo Poder Executivo,
observada a ordem de preferência dos credores, poderá ser destinada ao
pagamento mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de
Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito
atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e
que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente
federado."

"Art. 103. Enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estiverem


efetuando o pagamento da parcela mensal devida como previsto no caput do art.
101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, nem eles, nem as
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respectivas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes poderão sofrer


sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva dos recursos."

"Art. 104. Se os recursos referidos no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias para o pagamento de precatórios não forem
tempestivamente liberados, no todo ou em parte:

I - o Presidente do Tribunal de Justiça local determinará o sequestro, até o limite do


valor não liberado, das contas do ente federado inadimplente;

II - o chefe do Poder Executivo do ente federado inadimplente responderá, na forma


da legislação de responsabilidade fiscal e de improbidade administrativa;

III - a União reterá os recursos referentes aos repasses ao Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal e ao Fundo de Participação dos Municípios e os
depositará na conta especial referida no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, para utilização como nele previsto;

IV - os Estados reterão os repasses previstos no parágrafo único do art. 158 da


Constituição Federal e os depositarão na conta especial referida no art. 101 deste Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, para utilização como nele previsto.

Parágrafo único. Enquanto perdurar a omissão, o ente federado não poderá contrair
empréstimo externo ou interno, exceto para os fins previstos no § 2º do art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e ficará impedido de receber
transferências voluntárias."

"Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de precatórios previsto no art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, é facultada aos credores de
precatórios, próprios ou de terceiros, a compensação com débitos de natureza
tributária ou de outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos
na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observados os
requisitos definidos em lei própria do ente federado.

Parágrafo único. Não se aplica às compensações referidas no caput deste artigo


qualquer tipo de vinculação, como as transferências a outros entes e as destinadas à
educação, à saúde e a outras finalidades."

4.10.3.1 Objeto – regularização dos precatórios atrasados. Eliminar o estoque de precatórios,


aqueles que estão para pagamento fora do exercício de inclusão, passivo formado nos entes
federados.

4.10.3.2 Prazo – até 31/12 de 2020 os estados e municípios devem ter quitado todos os
precatórios: vencidos e “novos” (que forem incluídos até o exercício de 2020).

4.10.3.3 Depósito mensal – não pagará de vez. Os Estados e municípios apresentarão plano de
pagamento (vincular o que tem a pagar com o comportamento da receita, para chegar a uma
proporção entre a média da receita corrente líquida e o que vai ser pago – quanto em termos
percentuais vou comprometer da minha receita anual para realizar os pagamentos de
precatórios para sanar o estoque até 2020). Depósito mensal junto ao tribunal de 1/12 do
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Ivonéa Santos

percentual da receita corrente líquida (receita dos últimos doze meses com deduções) anual
para pagamento da conta até 2020.

4.10.3.4 Fonte de recursos – recursos regulares do orçamento (da própria arrecadação da


execução orçamentária) + 75% dos depósitos judiciais ou administrativos em que o ente
federado for parte (ex: contribuinte questiona IPTU ao município e faz depósito em juízo) +
20% do depósito judicial em causas que não envolvem o ente federado + possibilidade de
realizar operações de crédito que fiquem fora do limite de endividamento (precatório não
conta para apurar o quanto o Estado pode se endividar).

4.10.3.5 Pagamento – 50% na ordem cronológica e de natureza (alimentar, regular) + 50%


opcionalmente pode seguir a ordem normal ou editar lei específica para ofertar acordo direto
com os credores (deságio de até 40% respeitada a oferta de deságio na ordem cronológica ou
na ordem de preferência)

4.10.3.6 Sanções (art. 104, ADCT) – ausência total ou parcial do depósito da parcela mensal as
consequências serão rigorosas: sequestro do valor da parcela, caracterização do gestor de
infração financeira e improbidade administrativa, União pode reter do fundo de participação o
valor correspondente e deposita na conta precatória do tribunal, não pode realizar operação
de crédito nem receber convênio, salvo para obter recursos para pagar a dívida etc.

Art. 104. Se os recursos referidos no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias para o pagamento de precatórios não forem
tempestivamente liberados, no todo ou em parte:    (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)

I - o Presidente do Tribunal de Justiça local determinará o sequestro, até o limite do


valor não liberado, das contas do ente federado inadimplente;    (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

II - o chefe do Poder Executivo do ente federado inadimplente responderá, na forma


da legislação de responsabilidade fiscal e de improbidade administrativa;    (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

III - a União reterá os recursos referentes aos repasses ao Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal e ao Fundo de Participação dos Municípios e os
depositará na conta especial referida no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, para utilização como nele previsto;    (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

IV - os Estados reterão os repasses previstos no parágrafo único do art. 158 da


Constituição Federal e os depositarão na conta especial referida no art. 101 deste Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, para utilização como nele
previsto.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

Parágrafo único. Enquanto perdurar a omissão, o ente federado não poderá contrair
empréstimo externo ou interno, exceto para os fins previstos no § 2º do art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e ficará impedido de receber
transferências voluntárias.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
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Ivonéa Santos

Aula 12

04.07.2017

Revisão da aula anterior:

Envolve os dois lados da execução financeira do Estado. Agora, o Estado como agente de
arrecadação, obtendo recursos para custeio para sua atividade pública, na satisfação das
necessidades públicas.

Na execução da despesa o caráter é condicionante, até em função da eficácia desta. Sendo


vedada a execução sem prévia autorização orçamentária.

A receita não é plenamente condicionada.

b) Execução de receitas públicas – traz apenas previsão, projeção, estimativa. Eficácia da


universalidade em relação à receita é menor, não tem grande eficácia. O que não significa que
não seja útil estimar receita: 1) serve de parâmetro para fixação da despesa – primeiro faz
estimativa de receita e depois delimita as despesas, como garantia do equilíbrio orçamentário;
2) servir de parâmetro para a própria execução da despesa, saber se está arrecadando aquilo
que esperava, se está arrecadando menos, se terá que contingenciar a despesa; 3) é
instrumento de transparência – o quanto se supõe que o ente irá arrecadar.

1. Previsão – é o primeiro momento


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Ivonéa Santos

1.1 LOA (12, LRF) – traz a estimativa anual da receita. Como imagina que será o
comportamento da receita durante o ano. Ainda que não saiba com será a
arrecadação deve se basear em critérios o mais objetivo possível de apuração e
cálculo, exige-se linha de consenso: nem receita sub, nem superestimada.
Devem observar as normas técnicas e legais – apresentar metodologia de cálculo,
fazer fluxo de evolução das receitas (03 anos) e projeta a média de arrecadação
para dar o caráter mais realista possível.

Levar em conta qualquer fator relevante que possa influenciar o comportamento


da receita (se aumenta tributo, se concede isenção etc). Comportamento da
tributação depende do comportamento da economia.

Não se tem como saber exatamente o que pode acontecer, mas deve-se evitar
arrecadação efetiva distante da receita estimada.

Feita pelo Executivo, que deve disponibilizar para outros órgãos. Quando da
discussão na Casa Legislativa só pode mudar se houver erro de ordem técnica ou
legal. Quando se inicia a execução, as receitas serão desdobradas em:

1.2 Metas de arrecadação (art. 13, LRF) – metas bimestrais de arrecadação, não
precisam ser iguais, pois existem receitas sazonais (Ex: IPTU – janeiro e fevereiro
maior arrecadação, últimos meses – menor arrecadação). Controlar o
comportamento da receita, nortearão a arrecadação, a fim de manter o equilíbrio
orçamentário. Expresso por meio do relatório resumido.

2. Lançamento (art. 52-53, LGO) – é um ato de imposição da administração pública que


visa conferir exigibilidade à receita, identificando a procedência, o devedor e o
montante (formalização que permite a cobrança – documenta o crédito). Ex: IPTU –
município lança as informações no carnê de cobrança e direciona aos devedores; taxa
de foro de Marinha (receita não tributária); multa de trânsito.
Não existe em toda e qualquer receita pública – diversas são arrecadadas e cobradas
sem lançamento. Situações de receitas públicas cobradas sem lançamento: 1) de
exigibilidade imediata – não existe maior formalização, a ocorrência do fato/uso do
serviço demanda o pagamento da receita=> ex: transporte de plano inclinado, no
Elevador Lacerda; 2) por declaração do particular – é o próprio particular que se
“denuncia, reconhecendo o débito fiscal (Súmula 436/STJ). Ex: declaração de IRPF (a
declaração de quanto você deve já é um “lançamento”, tem um efeito análogo) – se
enviar declaração e não pagar apenas paga multa por atraso. A tendência é que o
próprio contribuinte faça a declaração e pague por homologação, cada vez mais
inexiste a figura de quem faz o lançamento (em matéria tributária é mais residual).

3. Arrecadação (art.55, LGO) – etapa onde ocorre a entrega dos recursos pecuniários
pelo devedor ao agente arrecadador=> atua em nome do Estado para receber o valor
e, consequentemente, tem poder de fornecer recibo de quitação.
1) Quem é o agente arrecadador (antes: coletores de impostos); o próprio Tesouro
pode ser o agente arrecadador; atualmente: instituição financeira conveniada que
assina convênio de cooperação com o poder público.
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Ivonéa Santos

2) Instituição é autorizada pelo Estado a dar quitação

4. Recolhimento – agente arrecadador recolhe em favor do Estado


4.1 Unidade de tesouraria (art.56, LGO) – unidade de caixa: o ente público deve ter
um caixa único ou uma conta única. Vedado fracionamento do depósito do caixa
do Estado. Todo o valor recolhido deve ser recolhido em conta única. União:
Tesouro Nacional.
Exceções: valores afetados aos fundos públicos (arts. 71-74, LGO) – não tem
personalidade jurídica, é apenas uma afetação por lei de uma determinada receita
para um fim específico (separa um pedaço do dinheiro público e só deixa ser usado
para uma finalidade, cria uma conta com nome de fundo. Ex: FGTS é um fundo
contábil, uma afetação de recursos geridos pela Caixa) e os valores repassados por
meio de convênios (transferências voluntárias – art.25, LRF) – de ente federado para
outro, a verba continua sendo de titularidade do ente que transferiu, não se incorpora
ao patrimônio do ente que recebeu, deverá prestar contas, está sendo apenas
gerenciado.

4.2 Disponibilidade de caixa (art.164, §3º, CF+art.43, LRF) – local onde ficam
depositados os valores. União: Banco Central; Estados, DF e municípios: em
instituição financeira estatal oficial (Banco do Brasil, Caixa) – OBS: banco
privatizado não pode continuar como depósito de caixa do Estado.

Prova: 06.07.2017

Aula 13
11.07.2017
c) Período de execução

Período em que o orçamento é posto em prática. Ciclo orçamentário de execução da LOA. As


demais leis do orçamento – PPA e LDO – não são de execução, pois se implementam a partir
da LOA.

1. Exercício financeiro (art.165, §9º, I, CF/88 + art.34, LGO) – O exercício financeiro não está
explicitamente positivado; é possível encontrar orientações na legislação infraconstitucional,
especificamente na Lei Geral do Orçamento.
Período de 365 dias corridos, de 01/01 a 31/12, correspondente ao ano civil, também
chamado de ano-calendário. Só é possível modificar por lei complementar. Questiona-se: a
CF/88 autoriza a mudança do conceito de exercício financeiro? A doutrina entende que a
Constituição, implicitamente, o planejamento em bases anuais, logo seria inconstitucional lei
complementar para modificar. É permitido alternar o termo inicial (01/01) e o termo final
(31/12): a maioria entende que podem ser flexibilizados.

Art.165: Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: §§ 9º Cabe à lei


complementar:
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Ivonéa Santos

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a


organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual;

Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.


2. Regime de execução (art.35, LGO) – inicialmente, deve-se dizer que existe uma
forma jurídica bastante peculiar. Trata-se de identificar a que
exercício/orçamento pertence cada receita e despesa.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
I - as receitas nêle arrecadadas;
II - as despesas nêle legalmente empenhadas.

2.1 Receitas públicas - pertencem ao exercício no qual ocorre a arrecadação. Regime


de caixa: registro da receita pública na data da arrecadação, ou seja, a data do
ingresso do dinheiro no movimento de caixa.

2017
Receita pública – 10/03
Execução orçamentária

Entra na conta – 10/03


Movimento de caixa

2.2 Despesa pública (art.167, II, CF/88) – pelo princípio da universalidade do orçamento, a
despesa tem o caráter vinculante, logo sua execução segue critérios ainda mais
peculiares. Estreita vinculação a uma dotação orçamentária. O início da execução das
despesas é o ato de empenho (ato emanado de autoridade competente que cria para
o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição).

Art. 167. São vedados:


II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam
os créditos orçamentários ou adicionais.

Dá-se pelo regime de competência. Quando acaba o ano cessa a eficácia do orçamento
daquele exercício em específico, restando ao gestor: 1) cancela a despesa ou 2) utiliza
um instrumento de transição para as despesas entre exercício: restos a pagar –
mantém vivo o empenho e a dotação após o encerramento do exercício => sobrevida,
durante o exercício seguinte, de um pedaço que se esgotou => passa a integrar a
dívida flutuante = de curto prazo de natureza extraorçamentária. Após o pagamento,
constitui algo que está fora do orçamento regular.
Fracionamento entre o empenho e a execução material da despesa
(pagamento).
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Despesa pública – 11.07.2017

Execução orçamentária

Empenho Liquidação Pagamento – 10/10/17

Movimento de caixa

10/10/17

3. Restos a pagar (art.36, LGO)


3.1 Conceito: resíduos financeiros, parcelas do orçamento anterior que ficam a
pagar no exercício seguinte. Despesa extraorçamentária (não há registro na
execução orçamentária no exercício financeiro no qual ocorre a saída de recursos
na caixa pública). Mecanismo de transição entre exercícios financeiros, para a
execução de despesas, dada a necessidade de já ter havido, dentro do exercício
financeiro correto, o empenho da despesa. Manutenção da dotação e do empenho
após o encerramento do exercício permite, portanto, executar-se o orçamento,
durante o exercício financeiro seguinte, com base no orçamento já passado. Parte
da dívida flutuante, de curto prazo.

Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não


pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não
processadas.

3.2 Classificação:
● Processados: quando a liquidação foi encerrada dentro do exercício normal
(dívida líquida e certa).
● Não processados: houve apenas o empenho da despesa dentro do exercício
normal, a liquidação não se deu ou ficou no meio, sem ser processada.
3.3 Inscrição: despesas 🡪 empenho 🡪sem pagamento.
Quando existem despesas empenhadas e não pagas até 31.12 (final do
exercício financeiro), o gestor deve decidir: a) se efetuará o cancelamento
orçamentário da despesa ou b) se inscreverá a despesa em restos a pagar para
o exercício seguinte.
OBS: Estados e Municípios editam decreto para definir o que inscreverão ou
não nos restos a pagar. Na União isso se dá por ato normativo (decreto
93872/86).
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O entendimento jurisprudencial é de que:


1) Os restos a pagar processados devem ser todos inscritos, pois falta apenas o
desembolso. TCU entende que o empenho processado não deve ser cancelado
e sim ser incorporado aos restos a pagar;
2) Em relação aos restos a pagar não processados, cada ente federativo faz de
uma forma. União: obrigações ainda com prazo para cumprimento (ex:
contrato ainda ativo); em fase de liquidação; interesse público ou compromisso
da ordem pública (geralmente, contratos em aberto).
3.4 Limites (art.1º, §1º, LRF) – decorre da preocupação com o volume dos restos a
pagar. Limitação da inscrição de restos a pagar, não ter excesso de resíduos de
um exercício para outro.

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas


voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo
II do Título VI da Constituição. § 1o A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas
e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação
de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

O art. 41 da LRF trazia percentual máximo da receita corrente líquida que poderia ser
comprometido, no entanto, foi vetado pelo Presidente da República por redação
falha/confuse. Desde então nunca veio orientação normativa. Atualmente, não há o
limite legal, o que dificulta inclusive a aplicação do art. 359-B, do Código Penal, que é
uma norma penal em branco, de modo que o TCU vem analisando de maneira
casuística:  Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000) - Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de
despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite
estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) -   Pena – detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000).
Regra: transição entre mandatos – no último ano de mandato do chefe de poder: no
último ano de mandato do Chefe do Executivo, durante os últimos dois quadrimestres
(8 meses), deverá: a) pagar no mandato dele ou b) deixar dinheiro em caixa que faça
frente às despesas empenhadas por ele nos últimos 08 meses.
Caso a despesa não seja devida, poderá fazer cancelamento do empenho.
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art. 42, LRF: É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos
dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa
ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
efeito.

3.5 Extinção: dá-se pelo pagamento ou cancelamento


⇨ Pagamento: despesa extraorçamentária – trata-se de despesa do orçamento
anterior, porém o movimento de caixa será do orçamento vigente.
⇨ Cancelamento: pode se dar “de ofício”, pela autoridade competente ou por
decurso do prazo, que vem a ser o final do exercício seguinte (31 de dezembro
do exercício no qual foi inscrito como resto a pagar).
4. Despesas de exercícios anteriores - DEA (art.37, LGO)
● Dotação do orçamento vigente (LOA) discriminada por elementos;
● O pagamento deve ser feito, preferencialmente, na ordem cronológica;
● Refere-se às obrigações que têm sua origem em exercícios passados;
● Orçamentariamente, pertence ao exercício atual, porém a obrigação é proveniente de
orçamento passado
● Resolução de passivos mais do que transição orçamentária – o que importa é o resto a
pagar.

Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento


respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que
não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com
prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do
exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica
consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que
possível, a ordem cronológica.

AULA 14
18.07.2017

Receitas e despesas públicas

Até então vínhamos estudando o orçamento geral do Estado. Agora, estudaremos os


elementos componentes do orçamento público.

1. Receitas públicas: o dinheiro que entra, o ganho obtido pelo Estado


1.1 Conceito: conjunto de capital social, ou seja, conjunto de riqueza existente na
sociedade que é colocado nas mãos do Estado para que ele realize seus fins
institucionais. O Estado tem 03 possibilidades de obter o capital social: a) realiza ele
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próprio a atividade econômica, exerce o comércio, explora seus bens, gera sua própria
riqueza; b) apropria-se o patrimônio privado; c) endividando-se – sempre que gasta
mais do que arrecada, acaba por se endividar. No Brasil o conceito atribuído pela lei
diverge daquele considerado mais correto pelos estudiosos da ciência das finanças,
não coincide com o sentido técnico, que seria o mais adequado.
1.1.1 Sentido técnico: sempre será um ingresso público, do ponto de vista
financeiro, valores que entram em caráter definitivo no caixa público – valor de
empréstimo não é receita, pois terá que ser devolvido=> tem que efetivamente
aumentar o patrimônio público, ingresso efetivo (efetivamente aumenta o
patrimônio) que não tem contrapartida ou compensação passiva – quando vende
um imóvel público, não houve variação patrimonial, apenas troca de elementos
patrimoniais. Nem todo dinheiro que entra no caixa público deveria ser
considerado receita, pois podem não entrar em caráter definitivo (Ex: contrato
administrativo para obra pública, tem que fazer depósito de caução para
responder caso ocorra algum incidente durante a obra – não está incorporado ao
patrimônio do Estado).
1.1.2 Sentido legal (art.3º + 57, LGO) – receita pública corresponde a ingressos
públicos, apenas. Qualquer ingresso de recursos no caixa público é considerado
receita, ainda que seja provisória ou não aumente o patrimônio.

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de


operações de crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de
credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas
compensatórias, no ativo e passivo financeiros.
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei serão
classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não
previstas no Orçamento.

1.2 Receitas originárias e derivadas – o critério que orienta essa divisão é o modo de
obtenção da receita, o modo pelo qual o Estado atua para obter aquela receita.

⇨ Receitas originárias ou receitas de economia privada: originadas a partir da própria


atuação do Estado como agente econômico, análogo com o que faz um ente privado
para conseguir dinheiro; age dentro da economia de forma parecida com a iniciativa
privada para obter recursos=> exercício de atividade econômica (comércio, indústria,
serviços) ou exploração econômica do patrimônio público (ex: quando a União aliena
domínio útil de terrenos de Marinha, quando município explora a atividade no
Elevador Lacerda, quando o Estado é indenizado pela Petrobras, através dos royalties
etc). Aliomar Baleeiro apresenta histórico referente à preponderância do Estado como
agente econômico, apontando que a presença da receita originária era a principal
fonte de custeio do Estado. Com a redefinição do papel do Estado como agente mais
regulador, voltado a atividades que a iniciativa privada não realiza, as receitas
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originárias, no geral, não representam um grande percentual das receitas. Custeio do


Estado é feito pelas:
⇨ Receitas derivadas ou de economia pública: o recurso deriva de outro lugar, não é
originariamente produzido pelo Estado que, vale-se do seu poder de império, da sua
soberania, da violência legitima instrumentalizada pela lei, para obter recursos junto à
riqueza privada, tirando dali o que precisa para o exercício das funções institucionais.
O Estado atua de um modo que só pode ser adotado por ele, na condição de ente
soberano que pode impor violentamente que os agentes detentores da riqueza
privada a entreguem ao Estado. Não é uma relação negociada como ocorre nas
receitas originárias, é relação de imposição. Classicamente, divide-se em quatro tipos:
a) expropriatória – não difere da confiscatória, o que muda é a amplitude, significa
que o Estado vai tomar o patrimônio, toma um bem isolado nos moldes estritos do
que prevê a Constituição Federal, que é diferente de desapropriação que se trata de
compra forçada em que o Estado paga o preço pela coisa; b) confiscatória – o Estado
toma todo o patrimônio, guarda relação nos estados ditatoriais, totalitários, tanto a
expropriatória quanto da confiscatória – são residuais; c) punitiva – representam
punição, isto é, derivam da prática de ato ilícito, são uma penalidade ou sanção
pecuniária = multas (Ex: multa de trânsito, multa por atraso de entrega de IR etc) ainda
que tenham impacto orçamentário não podem ser a principal fonte de custeio; d)
contributiva – paga sem ter feito nada de errado, mas sim pela prática de ato lícito,
regular previsto em lei. Não se trata de punição (Ex: pagar IR, IPVA, IPTU etc), trata-se
de tributo (art. 3º, CTN) – prestação pecuniária compulsória = > receita-base do
Estado, atualmente, dentro da zona de tensão: garantia da necessidade individual e
atendimento às finalidades sociais.

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

1.3 Receitas in natura e monetárias – utiliza-se pouco essa classificação. Receitas in


natura: seriam aquelas onde o pagamento se daria ao Estado diretamente em bens e
serviços – característica de sociedades menos complexas, menos diversificadas, em
sociedades mais complexas é mais difícil – exemplos antigos: pagamento de parcela
agrícola ao Estado, no Egito; dia da servidão etc. Não é possível no Brasil o tributo in
natura. Receitas monetárias: o pagamento de dá em pecúnia, dinheiro.

1.4 Receita geral e vinculada – receitas de aplicação geral são aquelas que uma vez
ingressas nos cofres públicos podem ser usadas para custeio de qualquer despesa, não
têm predestinação, são de uso “livre” (execução de despesa pública, deve obedecer
todo o trâmite orçamentário), pode ser usado para qualquer coisa do orçamento.
Receitas de aplicação vinculada: são previamente afetadas a fundo, órgão ou despesa
– o dinheiro só pode usado em determinada coisa (ex: receitas decorrentes de
contribuições, salvo a de melhorias, obrigatoriamente são pré-afetadas a fundo, órgão,
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despesa – contribuição de domínio econômico sobre combustível, contribuição para


universalização das telecomunicações, contribuição do “sistema S” etc); empréstimos
compulsórios: só podem ser utilizados para o motivo que justificou a tomada deles;
todo recurso afetado a um fundo só pode ser utilizado para ações e objetivos daquele
fundo específico. Art.44, LRF: em regra, toda receita decorrente da venda de bens não
pode ser usada para custeio de despesa corrente. CF/88: Art. 167, IV (não vinculação
da receita dos impostos a fundo, órgão ou despesa – aplicação livre, salvo as exceções
previstas), VIII (vedada a utilização de recursos do orçamento fiscal e da seguridade
para suprir déficits de estatais, salvo autorização legal expressa), IX, X (vedada a
transferência voluntária de recursos para pagamento de despesas com pessoal ativo
ou inativo), XI (contribuições previdenciárias só podem ser usadas para o custeio com
o regime geral da previdência).

LRF, art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e
direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo
se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
públicos.
CF/88, art. 167. São vedados:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º,
bem como o disposto no § 4º deste artigo;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e
da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e
fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por
antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras,
para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

1.5 Receita corrente líquida (art. 2º. IV, LRF) – receita corriqueira do Estado =>
somatório das receitas tributárias, transferências correntes e outras receitas correntes
com algumas deduções. Receita corrente dos últimos 12 meses menos algumas
deduções (IPVA: Estado tem que repassar metade do montante para o município onde
a placa do carro está registrada). Parâmetro da receita corrente líquida serve para
apurar os indicadores de saúde financeira do Estado, analisar qual o percentual de
endividamento possível para o Estado.

LRF, art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


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IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de


contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços,
transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos
(...).

2. Despesas públicas
2.1 Conceito – aplicação de recursos públicos no montante e no objeto definidos por
lei, não é livre, depende de autorização orçamentária.
2.2 Despesas ordinárias e extraordinárias – DO: são aquelas despesas de caráter
continuado e previsível (esperada dentro do planejamento usual); DE: despesas de
caráter pontual e imprevisível, é aquela que pode justificar a abertura de crédito
extraordinário, mediante MP.
2.3 Despesas de custeio, investimento e subsídio – DC: manutenção da máquina
pública desde o pagamento de atividades operacionais/instrumentais até os
serviços diretos à coletividade, manter o Estado em funcionamento; DI:
incrementam a atividade pública, através de obras e aquisições; S: transferências
que o ente federado faz a terceiros = transferências públicas (entre entes estatais)
e transferências privadas (do Estado para ONG’s, por exemplo).

AULA 15
20.07.2017

Revisão da aula anterior. Receitas e despesas = características.


Hoje: classificações utilizadas pelo direito financeiro para distinguir receitas e despesas
públicas.

3. Classificação das receitas e despesas – em tese, só deveriam existir receitas e despesas


orçamentárias.
3.1 Orçamentárias X extraorçamentárias (art. 3º, §único + 57 + 103, LGO)
=> Natureza orçamentária: significa fundamentalmente, o fato de que a sua ocorrência é
objeto de registro na execução orçamentária. São aquelas que possuem previsão, no caso
da receita e fixação, no caso das despesas. Uma receita pode nem ter sido estimada, mas se
tiver execução regular será orçamentária; a despesa uma vez empenhada também será
objeto da execução orçamentária. Previstas ou fixadas e ainda que não sejam se dê por
registro na execução orçamentária.
=> Existem situações excepcionais: valores que entram no caixa público, constituem
movimento no caixa, mas só são objeto de registro no movimento de caixa e não na
execução orçamentária – exemplos: restos a pagar: saída do caixa público, mas não têm
registro na execução orçamentária, como despesa; operação de crédito de curto prazo;
compromissos ou valores vinculados a terceiros (caução é registrada no caixa público, mas
não corresponde ao valor de execução orçamentária) => São as receitas e despesas
extraorçamentárias: sem registro na execução orçamentária, mas com registro no
movimento de caixa ou financeiro – dívida de caixa, movimento de tesouraria, sem reflexo
na execução orçamentária. Devem ser utilizadas em situações excepcionais, que fogem do
planejamento orçamentário, levando em consideração a universalidade do orçamento.
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de


operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se
consideram para os fins deste artigo as operações de credito por
antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas
compensatórias, no ativo e passivo financeiros.
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta
lei  serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias,
tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de
crédito, ainda que não previstas no Orçamento.
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa
orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza
extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do
exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na
receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa
orçamentária.

3.2 Efetivas X não efetivas (Portaria Secretaria do Tesouro Nacional - STN 340/2006)
– O critério distintivo é a existência ou não de alteração patrimonial, se aumentam ou
diminuem o patrimônio público.
⇨ Receitas e despesas efetivas: aquelas que representam uma modificação, um fato
modificativo do patrimônio público, são receitas que aumentam e despesas que
diminuem o patrimônio público (ex: pagamento de salário do professor é despesa
efetiva, pois diminuiu a totalidade de recursos disponíveis pela União; recebimento de
pagamento de imposto de renda aumenta os recursos públicos; impostos; imóvel
alugado etc).
⇨ Receitas e despesas não efetivas : não alteram o montante total do patrimônio público.
Constituem um fato permutativo, na ideia de troca (“seis por meia dúzia”) apenas
altera o elemento patrimonial, o tipo de expressão da riqueza, mas a quantidade de
riqueza do Estado permanecerá a mesma (ex: alienação de bens e direitos – dinheiro
aumenta, mas há diminuição de ativo imobiliário; receita decorrente de empréstimo,
pois se cria obrigação futura de pagamento no valor contraído, quando paga de volta a
dívida é uma despesa não efetiva, pois se livra de um passivo, o que não diminui o
patrimônio público; diferente do pagamento de juros, que é uma despesa efetiva, pois
é um custo corrente de manutenção do “aluguel” do dinheiro). Quando constrói uma
obra pública é uma despesa não efetiva, porque é um gasto que tende a se reverter
em algum outro elemento patrimonial.

3.3 Intra-orçamentárias (Portaria STN 338/2006) – visam tornar mais transparente o


movimento de recursos dentro do próprio ente federado, são decorrentes de
movimentos financeiros entre órgãos, fundos e entidades que integrem o mesmo
orçamento na mesma esfera de governo. Ex: aporte regular de recursos que a União
faz para a UFBA; aporte de recursos da União para o IBGE etc.
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

OBS: Nenhuma das três classificações é a mais importante! Na hora de elaborar o


orçamento, como agrupo e identifico essas despesas?

Portaria STN 338/2006 - Art. 1º - Definir como intra-orçamentárias as


operações que resultem de despesas de órgãos, fundos, autarquias,
fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes
dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisição de
materiais, bens e serviços, pagamento de impostos, taxas e contribuições,
quando o recebedor dos recursos também for órgão, fundo, autarquia,
fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses
orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo.

4. Classificação legal-orçamentária – utilizada na elaboração e na execução do


orçamento. No atual modelo de direito financeiro, o gestor precisa obter parâmetros
fixados, em um sistema federativo precisa de critério uniforme, dogmático, consolidado de
classificação das receitas e despesas.
4.1 Fundamento normativo (arts.11-13, LGO + 50, §2º, LRF + Portaria STN/Secretaria
de Orçamento e Finanças - SOF 163/2001) – originariamente era tratado nos arts. 11-
13, LGO, no entanto, em 2000 foi editada a LRF que não trouxe novos critérios de
classificação, mas previa a criação do Conselho de Gestão Fiscal (art. 67, LRF) que
deveria baixar a classificação legal-orçamentária. Enquanto não for implantado o
Conselho, o órgão central de contabilidade da União tem o poder de editar normas
gerais de direito financeiro (art. 50, §2º, LRF). A base é trazida pela Portaria 163/2001:
disciplina de modo diferente a LGO, prevalecendo para efeito de classificação legal-
orçamentária.
4.2 Despesas públicas - O critério básico utilizado para distinguir é o das categorias
econômicas – divide em despesas correntes (regulares, envolvidas na manutenção da
atividade do ente público e que não contribuem para a formação de patrimônio) e
despesas de capital (ligados à ideia de investimento que buscam a formação do
patrimônio público (pode ser bem de uso comum) e ampliação de suas possibilidades
de atuação (ex: gasto comprando imóvel).
Subdivididas em outras categorias, conforme a LGO, mas a Portaria 163 modificou as
categorias que se desdobram em grupos de natureza de despesa.
⇨ Em relação às despesas correntes: 1) pessoal e encargos sociais – tudo que for relativo
a pagamento de força de trabalho, art. 18, LRF – envolve o pagamento de pensão a
herdeiros, vencimentos ao servidor, pagamento de aposentadoria etc + encargos
trabalhistas e previdenciários. Uma das principais preocupações da LRF é que haja um
mecanismo mais ágil para o controle desse tipo de despesa, por isso isola esse tipo de
despesa; 2) juros e serviços da dívida – pagamento dos juros decorrentes da
manutenção dos empréstimos contraídos pelo Estado, são despesas correntes
efetivas, mas quando paga de volta o valor que pegou emprestado é uma despesa não
efetiva, pois se livra da dívida; 3) outras despesas correntes – tudo que não é despesa
com pessoal ou juros da dívida. Despesas de custeio e manutenção do patrimônio
público, aquisição de material de consumo (art. 15, LGO).
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

⇨ Despesas de capital – ideia geral de valores despendidos para gerar aquisição,


formação de patrimônio não pecuniário: 1) investimento – a lógica é a mesma da
utilizada nas 2) inversões financeiras, mas essas tendem a compreender despesas de
capital que substituem antigas despesas correntes (art. 12, §4º, LGO); 3) amortização
de empréstimos – elimina uma obrigação de pagar que você tinha no seu patrimônio,
é o pagamento da dívida, é uma receita não efetiva, é o pagamento do principal, a
devolução do dinheiro que pegou emprestado; pode ser total ou parcial.

Reserva de contingência: não é despesa corrente, nem despesa de capital. A previsão é trazida
pela LOA, a partir dos critérios traçados pela LDO. Leva em conta um percentual da receita
corrente líquida do exercício anterior. Dotação global, não identifica o objeto do gasto,
durante o exercício irão aparecer os motivos da utilização.

Modalidade de aplicação e objeto ou elemento da despesa

Aula 16
27.07.2017

Classificação legal-orçamentária.

4.2 Despesa pública

Categoria econômica (correntes e de capital que se desdobram em três subgrupos cada uma)
=> grupo de natureza (reserva de contingência) => modalidade de aplicação (não é
informação relativa a natureza da despesa, ela é uma informação de procedimento, como
vou realizar essa despesa, tem a ver com o modo de execução dessa despesa, informação
gerencial - pode ser aplicação direta ou indireta) => elemento de despesa (é o objeto, “o
quê” está sendo gasto, o que está sendo adimplido com a realização daquela despesa =
material de consumo, pagamento de aposentadoria etc. Estão listados no anexo I da Portaria
STN/SOF 163/2001 – rol taxativo).

Modalidade de aplicação: Lembrar que cada dotação orçamentária é vinculada a uma unidade
orçamentária. Na modalidade de aplicação direta quem executa a despesa é a própria unidade
orçamentária à qual se destina a dotação. Em outras situações: quem executa a despesa não é
a unidade orçamentária, aplicação indireta por outro órgão do mesmo ente público, para
outro ente público ou mesmo para um ente privado.

4.3 Receita pública – divisão inicial semelhante àquela utilizada para tratar das
despesas públicas. Mesma classificação de 1964 – na prática a teoria tributária
está mais avançada do que a classificação financeira ainda vigente.
4.3.1 Correntes – são receitas efetivas que aumentam o patrimônio público,
ordinárias, continuadas. A base do custeio da máquina pública. Financiam as
despesas correntes.
4.3.1.1 Tributárias – decorrem da cobrança e recolhimento de tributos
Categorias econômicas (receita derivada do tipo contributiva). Tributo está positivado no art. 3º do
CTN: é uma prestação pecuniária, uma exigência de uma quantia em dinheiro;
prestação compulsória, não existe facultatividade; não decorrente de ato
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Ivonéa Santos

ilícito, não é sanção, pois decorre de fato lícito. Gera controvérsias em virtude
de o tributo ser necessário para que o Estado implemente o marco civilizatório,
ao passo que nem sempre se materializa efetiva e adequadamente. Não
apenas a receita do tributo, mas as multas de natureza tributária e os encargos
por atraso no pagamento do tributo cobrado. Dividem-se em três possíveis
fontes: 1) de impostos – tem por característica: fato ocorrido que leva a
pagar= fato gerador não vinculado = não é necessariamente vinculado a uma
atuação estatal relacionada ao contribuinte = tributa condutas
isoladas/privadas do contribuinte: ganhar dinheiro, prestar serviço, vender
alguma coisa, importar um bem, ser dono de um imóvel etc = não precisam da
ação do Estado como fato gerador do imposto. Para onde vai o dinheiro/a
receita arrecadado/a com os impostos? Em regra, não pode ser previamente
vinculado a uma finalidade específica (art. 167, IV, CF/88), não-afetação a
fundo, órgão, despesa => entra na conta única para ser usado para custear
qualquer despesa prevista no orçamento – destinação livre, aplicação geral.
Exceções: ações de saúde, educação, garantia de empréstimo, modernização
tributária etc. Competência: quem pode arrecadar impostos? Todos os entes
federados têm, mas a CF/88, nos arts. 153-156 define o imposto atinente a
cada ente federado. Curiosidade financeira: existe previsão de imposto de
guerra, que pode ser cobrado pela União em caso de guerra declarada; 2) de
taxas – fato gerador vinculado ou diretamente vinculados a uma ação do
Estado => como se fosse a evolução do direito público em uma relação
contratual. Podem ser dois tipos de ação do Estado: a) exercício efetivo do
poder de polícia – cobrada em função de fiscalização do Estado em relação ao
contribuinte, obrigação de pagar por ter sido fiscalizado, não tem natureza
contratual; b) prestação de serviço público efetivo ou potencial (nem sempre é
necessário que o serviço seja prestado, basta que seja posto à disposição do
contribuinte – ex: custas judiciais pelo uso efetivo do serviço; taxa de coleta de
lixo), específico e divisível (serviço que pode ser identificado pela prestação a
cada contribuinte – limpeza pública, por exemplo, não admite cobrança de
taxa). Destinação da receita (há controvérsia doutrinária) – parte pensa que
obrigatoriamente deve ser específica: para custear aquele serviço ou atividade
de fiscalização/ outra parcela entende que deve ser utilizado da mesma forma
que os impostos. Competência: se dá em função da competência
administrativa do ente federado que presta o serviço ou realiza a fiscalização
cobra por ele; 3) contribuições de melhoria – fato gerador indiretamente
vinculado a uma ação do Estado, realização de obra pública que implique em
valorização do seu imóvel, gera benefício maior para um indivíduo do que
geraria para a coletividade. Pouco usado no Brasil. Só é cobrado do
contribuinte que se beneficia. A destinação é livre. Competência: ente
federado executor da obra.
4.3.1.2 Contribuições – são exações (cobranças) finalísticas prevista em lei,
onde necessariamente há destinação vinculada a fundo, órgão ou despesa.
Valor arrecadado com as contribuições terá essa vinculação. A finalidade deve
ter origem na CF/88, deve constar do texto constitucional. Gera receita de
aplicação vinculada, verba carimbada, afetada a uma atuação específica. Em
1964, quando foi criada essa classificação não se entendia que as contribuições
teriam natureza de tributo, a partir de 88, pacificou-se que as contribuições
têm natureza tributária, espécie de tributo submetidas ao regime jurídico
Prof. Pedro Caymmi

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Ivonéa Santos

tributário. Na classificação legal-orçamentária entram em separado como


receitas correntes de contribuições. Subtipos: a) contribuições sociais: valores
pagos para custeio do “sistema S” (SESI, SENAC, SENAI, SENAT etc); b)
contribuições de intervenção no domínio econômico (cide): cobrada sobre
combustíveis com a finalidade de melhoria do sistema de combustíveis, por
exemplo; c) contribuições no interesse de categorias profissionais ou
econômicas: conselhos de fiscalização profissional, exceto a OAB; d)
contribuições para a seguridade social: Pis, Cofins, custeio dos riscos
ambientais do trabalho, CPMF etc; e) contribuição do regime próprio de
previdências dos servidores públicos; f) contribuição para custeio de serviço de
iluminação pública (CIP/COSIP).

Aula 17
01.08.2017

4.3.1.3 Patrimoniais - exploração do patrimônio.


Hoje não tem mais o impacto que já teve, mas em determinadas situações tem certos graus de
importâncias, decorrem da exploração do patrimônio do ente público, do uso do que ele
possui de bens, essas receitas patrimoniais podem ser tanto mobiliárias quanto imobiliárias.

Imobiliária quando se tratar de bens imóveis, como as ações que o estado possua de despesa
(mobiliaria), participação em empresas que ele possua participação, se ela distribuir dinheiro
ele ganha. Algo não comum mas acontece é o desenvolvimento de patentes, esse sistema
pode ser usado e cedido de modo remunerado a terceiro, gerando receita mobiliaria,
normalmente essa cessão é gratuita a outros entes públicos, a título gratuito, mas se fosse
cobrado, entraria, como o estado da Bahia cedendo algo de forma onerosa a Minas. Posso ter
também receita decorrente de aluguel de máquinas, mas há uma dúvida se isso entra como
patrimonial ou de serviços, pode entender das duas formas, patrimonial ou mobiliaria, algo
que acontece muito em municípios menores. As mobiliarias não são o mais comum,
normalmente temos a imobiliária, decorrentes do uso da exploração econômica do patrimônio
público imobiliário, sistemática parecida com o mercado privado, Mobiliárias - quando o bem é
móvel
● Imobiliárias: quando se tratar de bens imóveis. Subdivisão:
⇨ Locação/arrendamento (DL 9760/46) - possibilidade do imóvel se explorado como locação
ou arrendamento, o poder público recebe uma remuneração por isso, por meio de formas
privadas. Tem um decreto lei federal 9760/ 46 que fala um pouco sobre isso, ele dá algumas
regras específicas sobre a locação, como cláusulas que devem constar... Dessa forma,
podemos perceber que o poder público pode alugar um imóvel que não esteja sendo utilizado.
⇨ Autorização/permissão/concessão - É possível o poder público explorar o seu patrimônio
por meio da autorização, permissão ou concessão de uso do bem, formas parecidas com a
locação, mas são típicas de direito público, a autorização é a título extremamente precário,
como para fazer uma festa em área pública, por horas... a 2ª é um pouco mais estável, mais
duradouro, mas o estado pode interromper a qualquer tempo, no terceiro temos como
exemplo os boxes de feira, lojas... algo com mais tempo. Em salvador no carnaval é
autorização de uso, em tese cabe um preço pelo uso do espaço, o estado pode ser
remunerado, um exemplo clássico é a zona azul, tratam muito como prestação de serviço, mas
ele entende como isso, no fundo ele está alugando esse espaço por determinadas horas, como
em um estacionamento privado, no fundo tem mais características de receita patrimonial, mas
Prof. Pedro Caymmi

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Ivonéa Santos

em geral tratam como receita de serviço, é uma delegação de serviço a entidades privadas,
mas se for olhar mais a funda, teria que estar aqui, em autorização.
⇨ Terrenos de marinha (DL 9760/46 + CF/88, art. 20, VII) – é a expressão utilizada na
Constituição e na lei para indicar um delimitado espaço de terra situado às margens do litoral
brasileiro e nas margens dos rios e lagoas em que haja influência das marés. Pode ser ocupado
por particular. Quem ocupa detém o domínio útil da propriedade, o titular é a União. Quem
tem domínio útil paga um foro anual e, em caso de alienação, paga laudêmio; deve comunicar
a União e garantir o direito de preferência. OBS: foro e laudêmio não são tributos, logo não se
confundem com IPTU. É uma receita patrimonial, podendo ser chamada de preço público.
Os terrenos de marinha e seus acrescidos são bens da União (CF/88, art. 20, VII, e art. 1º, a, do
Decreto-lei 9.760/46), não obstante possam ser, "e no mais das vezes são, aplicadas aos mais
diversos usos, ora recebendo afetação para um serviço ou utilidade pública, ora mesmo
admitindo-se a utilização onerosa destes bens por particulares

Nos termos do Decreto-lei 9.760/46:

"Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos
horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os
situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça
sentir a influência das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça
sentir a influência das marés.

⇨ Compensação financeira (art. 20, §1º, CF/88) -é uma indenização pela exploração/retirada
de recursos naturais no território do ente público. Ex: petróleo, gás natural, minérios,
potencial hidrelétrico. Geram dano ao Estado, retiram recursos, alagam áreas, a CF/88
estabelece que quem explora deve indenizar o Estado, usualmente vai ser expressa por um
percentual em cima daquilo que o explorador do recurso ganha, depende de regulação por lei
específica. A indenização é chamada de “royalties” – a regra da divisão do percentual entre os
entes federados depende de lei ordinária.
Art. 20

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a
órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

4.3.1.4 Econômicas – decorrem do exercício de atividade econômica pelo ente público.


Podem ser: 1) agropecuária; 2) industrial => as receitas de atividades agropecuárias e
industriais praticamente não existem; 3) da prestação de serviços = quando o Estado cobra um
preço público pela prestação direta de um serviço por ele próprio. Distinção entre preço
público (Estado atua em regime de livre concorrência – ex: Elevador Lacerda), taxa de serviço
(Estado atua em regime de monopólio – ex: coleta de lixo) e tarifas (no passado eram usadas
como sinônimo de preço público, atualmente se referem a um serviço público prestado por
concessionárias, permissionárias ou delegatárias – empresas estatais ou não que prestam
serviço público. Ex: Correios).
A distinção entre preço público e taxa de serviço (Súmula 545/STF) – compulsoriedade das
taxas como ideia de opção ou alternativa ao serviço público, a questão é se o serviço é
Prof. Pedro Caymmi

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monopólio ou não do Estado. Se houver monopólio: taxa de serviço; se houver alternativas ou


livre concorrência: preço público.
Súmula 545/STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

4.3.1.5 Transferências – existem transferências correntes (o dinheiro recebido não precisa


obrigatoriamente ser usado para despesas de capital) e de capital.
4.3.1.6 Outras correntes:
⇨ Cobrança de multas – receita derivada punitiva, decorrente da prática de um ilícito
(ex: multa por dano ambiental). OBS: Multas de natureza tributárias entram em outra
classificação.
⇨ Dívida ativa – campo da contabilidade pública, do registro patrimonial do Estado
onde esse registra seus créditos vencidos e não pagos, ou seja, dos créditos exigíveis.
Objetivo: facilitar a cobrança do crédito em juízo, pois se trata de título executivo
extrajudicial (certidão de dívida ativa). Divide-se em: 1) tributária – relativa a créditos
tributários não pagos; 2) não tributária – tudo que não for tributos, multas, encargos por
atrasos no pagamento de tributos. Ex: foro de terreno de marinha, multa por dano
ambiental

4.3.2 De capital - Receitas não efetivas, não geram aumento patrimonial, usualmente
pontuais.
4.3.2.1 Operações de crédito (art. 29, III, LRF) – nem toda operação de crédito gera
receita, como a confissão de dívida, por exemplo. Quando recebe dinheiro em troca de
compromisso financeiro futuro, algo a ser pago no futuro. Valor recebido por conta da
assunção de compromisso financeiro futuro. A operação mais comum é o mútuo
financeiro = aluguel de bem fungível, ou seja, dinheiro = empréstimo público, quando
Estado pede dinheiro emprestado a uma instituição financeira.
A segunda operação mais comum é a emissão de títulos da dívida pública. Existe ainda
o chamado empréstimo compulsório (art. 148, CF/88) – previsto em lei complementar
que prevê o fato a partir do qual se é obrigado a emprestar dinheiro ao Estado, qual a
natureza desse empréstimo? Juridicamente falando, sua natureza é de tributo, mesma
situação das contribuições = sua receita é contabilizada como receita de capital e não
tributária, isto é, para fins orçamentários entra como receita de capital por operação de
crédito.
4.3.2.2 Alienação de bens e direitos – receita não efetiva, pois não aumenta o
patrimônio do Estado, recebe o dinheiro, mas perde o bem. Ex: venda de imóvel, venda
de participação acionária em uma empresa estatal (privatização). Art. 44, da LRF, exige
que a receita da alienação de bens e direitos seja reinvestida em uma despesa que gere
aumento de patrimônio, não pode usar para financiamento de despesas correntes
(custeio), salvo se for destinada ao regime de previdência social.
4.3.2.3 Transferências – de capital: valores recebidos para uso obrigatório em
despesas de capital. Serão correntes: se não for obrigatório o uso em despesa de capital;
quando há obrigatoriedade de uso nas despesas de capital = transferência de capital.
4.3.2.4 Amortização de empréstimos – praticamente não tem = pagamento de valores
que o Estado emprestou a alguém. Ente federado não pode emprestar para o outro.
Empréstimo interno não existe. O que tem ainda é o refinanciamento de dívida de
estados e municípios: pagamento parcelado; só é possível para pagamento de
precatório, pois a LRF vetou quase todas as hipóteses.
Prof. Pedro Caymmi

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Ivonéa Santos

4.3.2.5 Superávit orçamentário – situação do registro orçamentário das receitas


(art.11, §3º, LGO). Não registra no orçamento, pois decorre do confronto receita X
despesa, surge do próprio orçamento, já que é fruto do registro de receitas e despesas.
Pode fundamentar crédito adicional, por isso deve ser identificado, não registrado, pois
decorre da soma dos outros registros. Ele não é uma receita, é resultado da análise
conjunta de outros registros.

OBS: não houve aula nos dias: 03.08 e 08.08/2017

Aula 18
10.08.2017

5. Transferências - confundem-se tanto como despesa tanto como receita pública.

5.1 Conceito: podem ser tanto despesa quanto receita pública ou como as duas coisas, a
depender do lado que se esteja olhando e o tipo de transferência. Entrega de recursos
por um ente federado a outra pessoa jurídica. Sempre vai ser despesa para o ente que
transfere, se for de ente público para ente público será receita para quem recebe a
transferência, se for para ente privado será receita privada. Movimentos
intergovernamentais de recursos, embora cada ente tenha autonomia financeira você
precisa de ajuste na capacidade financeira de cada um; determina que a União repasse
parte do que arrecada para Estados e Municípios, pode ainda transferir para entes
privados. Alternativa de uso do dinheiro público, lógica de melhor organizar a
execução do interesse público (ex: PAC – série de transferências para que outros entes
realizem obras; transferências para o terceiro setor)

5.2 Destinação – podem ser transferências correntes (pode usar para qualquer coisa que
seja de gasto corrente) ou transferências de capital (obrigatoriedade da destinação
para determinada despesa de capital), depende da existência ou não de
obrigatoriedade do uso para determinada coisa.

5.3 Classificação
5.3.1 Para entes públicos – entrega de recurso de um ente federado para outro
ente. São chamadas de intergovernamentais, instrumento do federalismo fiscal:
previsão de movimento de recursos dos entes federados maiores para os menores
para se conseguir um mínimo equilíbrio na autonomia dos entes federados.

5.3.2 Constitucionais (art. 157-162, CF/88) – são todas correntes, em regra;


salvo a que trata de combustíveis. Previstas na CF/88, não é o ente que quer transferir,
há prévia imposição constitucional. São obrigatórias e, em regra, incondicionadas, ou
seja, um ente federado não pode impor restrições para realizar essas transferências
constitucionais. Art. 160, CF/88 deixa claro a característica incondicionada. Exceções:
a) quando se condicionar a transferência ao pagamento de crédito inclusive das
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

autarquias, faz compensação, é comum em dívidas previdenciárias - autorizam a União


a reter o valor devido; b) se ocorrer descumprimento do art. 198, §2º, percentuais
mínimos de receitas a serem aplicados na saúde, não é sistemática de compensação, é
sanção, enquanto não cumprir o mínimo em saúde segura o recurso. Compreendem a
repartição de receitas tributárias = consiste em obrigação de ente federado arrecadar
determinado tributo e é obrigado a dividir com outros entes federados = ente
federado arrecada valor e pega percentual e repassa ao outro ente federado = ex:
IPVA, arrecadado pelo Estado que repassa 50% para o município onde o automóvel
está licenciado; ITR (imóvel rural); participação direta: determinado tributo de um ente
é arrecadado por outro ente que fica com o valor - ex: Imposto de renda retido na
fonte por Estados e Município fica com eles, não repassa para a União; fundos de
participação – afetação de valores para um fim específico. Ex: 22,5% do que a União
arrecada com IR vai para um fundo (FPM) que posteriormente será dividido, tem o
fundo de participação dos Estados.

5.3.3 Legais – previstas nas leis. Regras e condicionantes para que se possa
receber depende da lei que regula. As mais importantes são: a) o regime de transferências do
SUS: aplicação na área de saúde; b) transferências do FUNDEB (educação básica e
fundamental), entes transferem recursos uns para os outros. Olhar as regras de cada um
desses fundos em lei específica.

5.3.4 Voluntárias (art. 25, LRF) – são aquelas que dependem de acordo,
ajuste ou convênio. Não basta existir lei autorizando, terá em cada caso um negócio jurídico
administrativo entre os entes federados como fundamento daquela transferência. São
condicionadas, condições que devem ser preenchidas: a) vinculação a um objeto específico,
nunca é transferido para gasto livre (exceção ao princípio da unidade de caixa) – vedada a
utilização de recurso para finalidade diversa daquela pactuada; b) a verba continua tendo
natureza do ente transferidor, logo há prestação de contas, de demonstração de como foi feito
o uso dos recursos. Art. 25, §3º LRF: requisitos que o ente destinatário tem que cumprir para
poder receber a transferência – ex: está dentro do limite de endividamento, existência de
previsão orçamentária da contrapartida, aplicar o mínimo necessário em educação e saúde
etc. Art. 25, §2º, LRF - brecha: o não preenchimento dos requisitos não impede transferência
para as áreas de saúde, educação e assistência social, pois são áreas mais sensíveis.

5.4 Para entes privados - de um ente federado para pessoas privadas.


Colaboração com entes privados; incentivo à atuação de entes privados em áreas que
deveriam ser do Estado. Art. 26-28, LRF.

5.4.1 Subvenções sociais (art. 12, §3º, I, LGO) – transferência de recurso a


instituições de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa (OSCIP’S, terceiro setor
etc)

5.4.2 Subvenções econômicas (art. 12, §3º, II, LGO) – empresas comerciais,
industriais ou pastoris. Atualmente a lei permite a concessão de crédito subsidiado, que é
diferente da subvenção econômica: estado dá dinheiro para empresas privadas que exercem
atividade econômica, o que é incompatível com o regime constitucional, a livre iniciativa, a
concorrência etc. Não tem mais lugar na ordem constitucional.
Prof. Pedro Caymmi

Alun@s: Daniel Dunkel


Ivonéa Santos

6. Responsabilidade fiscal

Existem três postulados importantes na aferição da RF: a) equilíbrio – relação dinâmica entre
receitas e despesas; b) previsibilidade – antes de realizar o gasto esse deve estar previsto no
orçamento; c) transparência – demonstração das consequências dos atos de gestão financeira.
Diversos mecanismos que visam o controle da receita e da despesa de modo a assegurar que
eles não comprometam os itens acima. Indicador importante da saúde financeira do Estado. A
lei traz limitador do gasto com pessoal, por exemplo, mas não determina o valor fixo, faz de
forma proporcional: o quanto representa da receita corrente líquida, não importa o quanto
gasta.

Mecanismos de responsabilidade fiscal:

6.1 Receita corrente líquida (art. 2º, IV, LRF) – parâmetro de aferição da saúde financeira do
Estado, verifica-se, por exemplo, se está se gastando excessivamente com pessoal. Composta
pela soma das receitas correntes (receitas de capital não entram na conta) menos as deduções
previstas na lei – valores que o ente público arrecada e não pertencem a ele, devendo entregar
a terceiros. Como calcula a receita corrente líquida? Soma das receitas correntes arrecadadas
no mês de referência e nos 11 meses anteriores (anual: últimos 12 meses).

6.2 Limitação de empenho (art.9, LRF) – impede gasto. É o contingenciamento de despesas,


que é aplicada quando a receita está se comportando abaixo da meta de arrecadação. Ver
equilíbrio orçamentária: estima receita e fixa despesas, se houver excesso de arrecadação
posso gastar com créditos adicionais, caso contrário preciso limitar os meus gastos, não
executar parte das despesas do meu orçamento. Regulamentação para priorizar despesas e
“cortar” outras deve vir na LDO; as obrigações constitucionais e legais não podem ser
contingenciadas (ex: pagamento de servidor, transferência constitucional).

6.3. Plena exploração de tributos (art. 11, LRF) – obrigação de plena exploração dos tributos:
forçar todos os entes a cobrarem todos os tributos que são da sua competência. Instituição
(criar tributo por lei), previsão (estimativa orçamentária de receita de acordo com a
universalidade) e efetiva arrecadação de todos os tributos em geral (ato de terceiro, pois são
as outras pessoas que pagam, a interpretação é de que se tomem as medidas de cobrança o
mais efetiva possível, buscando que realmente as pessoas paguem, não se pode exigir do
gestor que consiga que todos paguem, mas esse deve pelo menos envidar esforços como fazer
campanha educativa, REFIS) de competência daquele ente federado. Tentar cobrar tudo que a
Constituição permite.

Em relação aos impostos, o art.11, §único, da LRF, prevê sanção específica para o ente
federado que não fizer a plena exploração: proibição de receber transferência voluntária. A
lógica é: antes de pedir tente conseguir pelos seus próprios meios.

6.4 Renúncia de receita (art. 14, LRF) – disciplina os requisitos de ordem financeira para o
Estado conceder isenção, anistia, diminuição de base de cálculo. Criação de despesa tem os
mesmos requisitos da renúncia de receita, ganhar menos ou gastar mais tem a lógica muito
equivalente para o equilíbrio orçamentário. Requisitos adicionais previstos na LDO:
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a) Elaboração e divulgação de estimativa do impacto orçamentário-financeiro -previsibilidade,


cálculo do impacto nas finanças públicas. É feito naquele exercício financeiro e também
projeção para os dois exercícios seguintes;

b) Alternativo: faço uma coisa ou outra: 1) demonstração do gestor de que a renúncia já está
considerada na estimativa de receita da LOA, já me projetei levando em conta que ia perder
essa receita, não compromete minhas metas e resultados fiscais, que estão no Anexo de metas
fiscais da LDO; 2) precisa adotar medidas de compensação, ou seja, a renúncia deverá ser
acompanhadas de medidas que compensem a perda de receita gerada pela renúncia, só pode
ser pelo aumento de outra receita tributária – cria tributo novo ou aumenta tributo já
existente. Se usar a segunda hipótese, de acordo com o art. 14, §2º, quando o aumento de
receita implicar em renúncia receita, essa só pode valer quando a medida de compensação
começar a valer para haver equilíbrio.

Até aqui!

Aula 19

17.08.2017

6.5 Geração de despesas (art.16, LRF) – requisitos para majorar a despesa. Depende do tipo de
despesa, algumas são mais outras são menos rigorosas. Deve ser feito com previsibilidade e
equilíbrio das contas públicas. Em relação às despesas com pessoal, além dos requisitos que
condicionam a criação, existe o limite de gasto máximo com pessoal.

Conceito: qualquer coisa que implique na criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação


governamental. Todo aumento de despesa que aumente o raio de ação de governo ou
melhore, aperfeiçoe. Quase tudo entra, exceções do artigo 16, LRF: despesas consideradas
irrelevantes não necessitam observar os requisitos (baixo impacto que com isso não tem
potencial de impactar nas contas públicas – que montante levo em conta? Não há definição
geral, varia de ente federado para ente federado. LRF não pré-define o que é irrelevante,
remete à Lei de Diretrizes Orçamentárias/LDO).

Importante pontuar que: 1) deve existir verificação prévia, ou seja, requisitos devem ser
demonstrados antes da criação da despesa; 2) despesa criada sem obedecer aos requisitos
será considerada irregular, lesiva e não autorizada= não é anulada, não é nula é irregular,
continua valendo, não é cancelada, mas leva à responsabilização do gestor. Lembrar que ato
que cria a despesa não é o orçamento, apenas autoriza gastos necessários à despesa. Ex:
expansão da ação governamental: construção de uma nova escola

Requisitos – 1) elaboração e divulgação de uma estimativa do impacto orçamentário-


financeiro dessa geração de despesa, mesmo estudo que é feito na renúncia de receita – a
projeção tem que ser feita no exercício financeiro no qual a despesa está sendo gerada e nos
dois exercícios seguintes. Existem todos os casos de renúncia de receita e criação de despesa;
2) deve ser demonstrada a adequação da despesa criada à lei orçamentária anual/LOA
(função: fixar despesas e autorizar gastos – art. 16, §1º - existência de dotação orçamentária
suficiente para nova despesa a ser criada) e sua compatibilidade com PPA e LDO (princípio da
programação, leis harmônicas entre si: quando não ofender a harmonia e
complementariedade– art. 16, §2º, LRF) –e está de acordo com a programação orçamentária.
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6.6 Despesa obrigatória de caráter continuado (art. 17, LRF) – aquela que o Estado não pode
descumprir a hora que quiser, tem que cumprir por período de tempo relativamente extenso,
requisitos mais rigorosos, pois leva mais tempo para se livrar daquela despesa.

Conceito: despesa corrente (despesa de capital está fora) criada por ato normativo (legal ou
infralegal) a ser executada com previsão de execução por mais de dois exercícios financeiros.
Ex: criação de programa de transferência de subvenção. Previsão de execução: dois exercícios.
Se o gestor ao invés de criar por mais de 02 exercícios resolve criar de forma fracionada: não
pode, se fracionar a prorrogação vai equivaler a ato de criação

Requisitos: verificação prévia; não observância torna ato irregular lesivo e não autorizado –
responsabilização do gestor. Os requisitos estão previstos na art. 17, LRF: 1) Estimativa do
impacto orçamentário-financeiro naquele exercício e nos dois seguintes; 2) a indicação da
origem ou fonte dos recursos de custeio, indicar de onde virá a fonte de custeio da despesa,
vincular a uma fonte que tenha fluxo no mesmo sentido.

Em relação ao exercício financeiro atual onde a despesa é criada ou majorada: comprovação


de que a criação ou aumento não afetará as metas e resultados fiscais previstos no anexo da
LDO. Para os exercícios financeiros seguintes: devem ser adotadas medidas de compensação
(lógica da renúncia de receita) que buscam contrabalançar o aumento de gasto pela criação
despesa de caráter obrigatório: a) pelo aumento permanente de receita – aumento de receita
tributária; ou b) pela redução permanente de despesa

6.7 Despesas com pessoal – um dos maiores fatores de desequilíbrio nas contas públicas, em
virtude de a máquina pública se movimentar pela ação de pessoas que coloca o Estado em
andamento. Cria limites com gastos com pessoal, controla a criação ou aumento de despesa
com pessoal pela LRF, com alusão a dispositivos constitucionais.

Conceito (art. 18, LRF) – qualquer retribuição direta (vencimento do servidor) ou indireta
(provento de aposentadoria, recolhimento de FGTS) pela disponibilização ao Estado de força
de trabalho. A lei trabalha com conceito o mais amplo possível, independe do tipo de vínculo,
qualquer valor pago por força de trabalho colocado à disposição do Estado. Gastos com ativos,
inativos, pensionistas, ocupantes de mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,
militares ou de membros de poder, quaisquer espécies remuneratórias, encargos sociais e
contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

Requisitos (art.21, LRF) – assim como nos outros dois deve existir a verificação prévia, porém o
não atendimento leva à responsabilização do gestor e à nulidade da criação ou aumento da
despesa (nula de pleno direito), é cancelada, pois por conta da irredutibilidade de vencimentos
uma vez criada não pode ser eliminada. 1) Obedecer a todos os requisitos do art. 16, da LRF +
art.17, da LRF (despesas obrigatórias de caráter continuado: estimativa do impacto,
demonstração da origem ou fonte de custeio, no exercício atual demonstrar que não haverá
impacto nas metas fiscais etc) + art. 37, XIII, CF/88 (não há reajuste automático para o servidor
público, não existe indexação para majorar os vencimentos, a lei não pode vincular
automaticamente os vencimentos com a variação de algum fator externo – necessário haver
lei para alterar vencimentos, evitar os gatilhos salariais, mesmo que exista uma previsão de
existência de piso de professor, por exemplo, não há indexação do salário de servidor) +
art.169, §1º, I, CF/88 (existência de prévia dotação orçamentária suficiente), II – prévia
autorização da LDO para aumento de despesas com pessoal, dispensa requisito apenas para
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empresas públicas e sociedades de economia mista (ver se são empresas dependentes ou não)
+ art. 21, §único (proíbe a criação ou aumento de despesas com pessoal nos últimos 180 dias
de mandato do gestor de qualquer dos poderes, não apenas de entes políticos – impedir atos
de bondade com o dinheiro alheio).

6.8 Despesa com seguridade social (art. 24, LRF) – são um tipo de despesa obrigatória de
caráter continuado, a despeito das especificidades.

Conceito – criação ou aumento de qualquer benefício ou serviço de saúde, assistência e


previdência social. Ex: aumento do valor do Bolsa Família ou do auxílio doença ou ainda
criação de um novo serviço médico.

Requisitos – deve obedecer: art. 17, da LRF (estimativa do impacto, indicação da origem ou
fonte de custeio etc) + art. 195, §, da CF/88 (paridade do sistema de seguridade social:
nenhum benefício ou serviço poderá ser majorado sem a correspondente fonte de custeio
total a validar essa criação ou aumento + art. 24,§1º LRF (dispensa adoção de medida de
compensação constante do art. 17, LRF, nos casos: concessão de benefício a quem satisfaça as
condições previstas na lei vigente, ex: direito a aposentadoria; expansão quantitativa do
atendimento e dos serviços, apenas quantidade de gente atendida; reajustamento de
benefício ou serviço para preservação de valor real, apenas aplicação de correção monetária.

AULA 20
22.08.2017

Análise extensa de vários institutos da LRF que tratavam do controle das finanças para
manutenção do equilíbrio, previsibilidade e transparência. Requisitos que devem ser
observados para criar ou aumentar despesa.

9. Limite de despesas com pessoal – além do controle para criação e aumento existe controle
específico em relação ao limite máximo do que se pode gastar – inspirado no modelo da União
Europeia – a lógica de funcionamento desses limites se baseia no poder que a união tem sobre
estados e municípios, ainda que contemplem a união foram pensados para estados e
municípios sob pena de não ter mais recursos transferidos pela União (aperto financeiro para
quem não cumprir limite máximo com pessoal). Esse mesmo limite é aplicável ao
endividamento público, vai ter limite máximo e medidas a serem adotadas caso extrapole o
limite e sofre consequências caso não fique dentro desse limite.

9.1 Parâmetros – aferição quadrimestral (faço a conta a cada quadrimestre, 03 vezes por ano/
contagem do prazo é feita em quadrimestre também). A lógica da LRF para fixar limite máximo
de gasto com pessoal não leva em conta o montante bruto de gasto, até porque isso vai variar
de ente para ente federado, não tem como ter valor único para ser considerado ótimo; limite
sempre proporcional: percentual em cima da receita corrente líquida (art. 2º, IV, LRF) que
envolve a soma das receitas correntes dos últimos doze meses com algumas deduções (valores
que o ente arrecada e é obrigado a repassar para os outros entes, valores obrigatoriamente
transferidos, previdência etc), o comparativo é: a despesa com pessoal (art. 18, LRF) dos
últimos 12 meses, senão não bate. A LRF permite que na hora de fazer conta deduza coisas do
que vou considerar da despesa com pessoal – direito de fazer algumas deduções (art. 19, §1º,
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LRF) que são despesa com pessoal, mas não entra na conta na hora de verificar o limite
máximo de gasto: na verificação dos limites não serão computadas as despesas: indenização
por demissão de servidores ou empregados, despesas relativas a incentivos a demissão
voluntária, derivadas da aplicação do art. 56 da CF/88 (não tem mais fundamento hoje),
despesas decorrentes de decisão judicial relativa a algo que deveria ter sido pago antes,
valores que a União transfere para Amapá e Roraima, pagamento de inativo até o limite do
que é custeado pelo próprio segurado ou das receitas diretamente vinculadas ao fundo de
previdência. Compara com a receita corrente líquida dos últimos 12 meses e vou determinar o
percentual da receita corrente líquida.

9.2 Limites (arts.19-20, LRF) – no caso da União: limite é de 50% da receita corrente líquida
com despesa de pessoal; Estados/DF: até 60% da receita corrente líquida; Municípios: também
até 60% da receita corrente líquida. Originalmente o projeto de lei que foi para o congresso só
trazia esses limites, durante a tramitação diversas entidades de classe (associação brasileira de
secretários da fazenda) era impróprio traçar limite único, poderes harmônicos entre si, não
tem controle sobre os gastos de todos os entes e poderes, preocupação do poder executivo de
não ultrapassar o limite global.

Limites específicos: subdivisão por poder ou órgãos autônomos, se o executivo estiver dentro
do limite, e o legislativo não, o executivo não sofrerá as sanções – entendimento do STF de que
o limite a ser observado é o do poder ou órgão. Art.20, CF/88: União – 2,5 para o legislativo +
tribunal de contas; 6% para o judiciário; 40,9% para o executivo; 0,6% para o MP da União.

Questiona-se que o judiciário meio que se autocusteia, mas não pode contratar mais gente
porque deve respeitar o limite máximo.

Estado: 3% para o legislativo; 6% para o judiciário; 49% para o executivo; 2% para o MP

Municípios: 6% para o legislativo; 54% para o executivo.

Ao final de cada quadrimestre é feita a aferição de percentual de gasto com pessoal. Quando
usa o limite quase todo (90%) o Tribunal de Contas deve emitir um alerta. Durante a
tramitação do projeto s acrescentou um limite prudencial, como se fosse a reserva de
combustível do carro, alerta de que está para esgotar.

9.3 Limite prudencial (art. 22, §único, LRF) – o poder ou órgão atinge o limite prudencial
quando tiver atingido 95% do limite. Ex: MP tem limite de 2%, se tiver consumido 1,9% está no
limite prudencial, ainda não ultrapassou o limite de gasto. O que acontece quando um poder
ou órgão entra no limite prudencial? Passar a ter que obedecer a uma série de vedações
preventivas, medidas de bloqueio coisas que ele não pode fazer enquanto estiver no limite
prudencial. Qual o impedimento, afinal? De realizar qualquer ato que aumente ainda mais a
despesa com pessoal, como se estivesse à beira do precipício e alguém tenta impedir.
Vedações: concessão de aumento de vantagens aos servidores, salvo as derivadas de sentença
judicial, criação de cargos, emprego ou função (novos postos de trabalho), alteração de
estrutura de carreira que implique em aumento de despesa (organização escalonada dos
cargos), pois cria padrão remuneratório maior; o provimento de cargo público; admissão de
pessoal a qualquer título (caros, empregos ou funções que estão vagos), ressalvada a
reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores nas áreas de saúde,
educação e segurança - objetivo é favorecer a não precariedade dos serviços mencionados,
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não faz sentido que a ocupação excepcional se dê apenas nos casos de aposentadoria ou óbito,
o importante é que o cargo esteja vago nessas áreas; contratação de hora extra, salvo
disposição em LDO.

9.4 Excesso de despesas - Se mesmo isso não der resultado e se constate que ao final de um
quadrimestre o ente gastou mais do que o permitido: conjugação de 03 sortes de medida:
prazo para o poder público resolver o problema com o intuito de resolver, depois passa a
sofrer vedações e restrições institucionais por conta do excesso de gasto com pessoal.

9.4.1 Medidas (art. 23, LRF + 169, §§3º ao 7º, CF/88) – manter as vedações preventivas do
limite prudencial; é preciso cortar despesas, adotando três sortes de medidas sucessivas: 1)
redução em 20% ou mais das despesas (não é cortar a quantidade de cargos, pois nem gastam
a mesma coisa; tem que ver o quanto deixei de pagar por cargos em comissão e funções de
confiança – ADIN: STF julgou inconstitucional o trecho da LRF que permitia que a redução se
desse pela redução do vencimento ou pela redução de jornada) com cargos em comissão e
funções de confiança – pessoal menos estável, mais dispensável: postos de trabalho existentes
na administração pública que são de livre nomeação e livre exoneração, restritos a funções de
chefia, direção e assessoramento/ funções de confiança, teoricamente, são funções extra
exercidas por servidores estáveis; 2) exoneração dos servidores não estáveis (temporários –
processo seletivo simplificado; efetivo em estágio probatório); 3) exoneração dos servidores
estáveis (EC 19/98), art. 169, §4º, 5º, 6º, CF/88 – deve identificar antes quais os setores que
serão objeto dessa redução, o servidor terá indenização correspondente a 1 mês de
remuneração por ano trabalhado, o cargo objeto da redução será considerado extinto pelo
prazo de 04 anos. Medida extrema, pouco utilizada em larga escala, geralmente os cargos em
comissão ou função de confiança são extintos.

9.4.2 Prazo (art. 23, LRF+65+66, LRF) – para adoção de medidas pelo poder ou órgão sob pena
de sofrer sanções institucionais. Prazo normal: 02 quadrimestres, particularidade: corta pelo
menos 1/3 do excesso no primeiro quadrimestre. Prazo diferenciado: se o excesso for apurado
no último ano de mandato as sanções são aplicadas de imediato, situações excepcionais que
alteram o prazo (calamidade pública, estado de defesa e estado de sítio – suspendem prazo),
se ocorrer por pelo menos um ano crescimento baixo ou negativo do PIB (inferior a 1% ou
decréscimo) o prazo é duplicado. Seja qual for a regra o que acontece se o limite de gasto
continuar excessivo?

9.4.3 Sanções constitucionais (art. 23, §3º, LRF) – o ente não poderá: receber transferências
voluntárias (convênios de cooperação) tentativa de asfixia financeira, mas não se aplica nos
casos de transferência para as áreas de educação, saúde e assistência social; 2) o ente não
poderá obter garantia direta ou indireta de outro ente (é muito comum nas operações de
credito firmada pelo entes a União atuar como fiadora dos entes periféricos, o que inviabiliza
qualquer operação que exija garantia); 3) não poderá contratar operações de crédito (qualquer
tipo de empréstimo), ressalvada duas operações: a) refinanciamento da dívida mobiliária –
específica, é a troca de títulos da dívida pública antiga por títulos novos e b) operações de
crédito que estejam vinculadas a redução de despesa com pessoal – ex: pegar empréstimo
para financiar PDV ou pagar rescisões.
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24.08.2017 – 2ª Avaliação

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Aula 21
29.08.2017

Dívida pública

Implica tanto em receita quanto em despesa. Estamos falando especificamente das situações
onde a gente tem o Estado devedor, sujeito passivo. O conceito central da composição da
dívida pública é o conceito de operação de crédito.

1. Operação de crédito (art. 29, III, LRF) – vai ser qualquer compromisso financeiro assumido
pelo ente público seja qual for sua origem – obrigação de pagar em momento futuro, a base da
operação de crédito é a assunção por uma das partes de uma obrigação financeira. Envolve
sempre compromisso financeiro assumido pelo Poder Público (pagamento futuro), o não
adimplemento de prestação atual que se torna prestação a ser paga no futuro. O mais comum
é o mútuo financeiro, mas tem venda de títulos, tem compra de bem a prazo (recebe o bem e
paga as prestações futuras), se ele vende um bem, se fizer um leasing. Tem que ser autorizada
por lei. Submete-se às regras da LRF. Funções: a) combater o déficit; b) antecipa receita para
investir. Endividamento deve ser direcionado a coisas relevantes. Natureza da dívida pública
seria ato de império, baseado na soberania do Estado ou se seria negócio jurídico. Posição
pacífica: endividamento público é um negócio jurídico, embora necessite de autorização em
lei.

1.1 Por equiparação (art. 29, §1º, LRF) – reconhecimento (parecido com a confissão, o Estado
admite a existência de uma dívida perante terceiros, passa a admitir o ato bilateral de
existência daquele passivo financeiro), confissão ou a assunção de dívida (assume dívida que
era de terceiros – ex: prefeitura de Salvador assumiu dívida da Saltur).

OBS: O Estado se financia basicamente pela arrecadação de tributos ou por endividamento.

2. Classificação

2.1 Fundada/consolidada (art.29, I + §3º, LRF) – montante total das obrigações financeiras
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios, tratados para amortização em prazo
superior a 12 meses, é de longo prazo. Tende a envolver montantes maiores, ser vinculada a
algum planejamento do que vai fazer com o dinheiro, associada a um investimento.
Característica essencial: é orçamentária – seja o prazo de pagamento maior ou menor que 12
meses, será uma dívida consolidada (corresponde à maior parte da dívida pública).

2.2 Flutuante (art.92, LGO) – não chega a se consolidar, curto prazo. Liga-se a cobrir déficit,
quando tem insuficiência momentânea de caixa. Natureza extraorçamentária – dívidas de
caixa ou tesouraria. Ex: restos a pagar, depósitos a restituir (caução, depósito administrativo,
valores arrecadados em nome de terceiros etc), operação de crédito por antecipação de
receita (Estado faz a dívida para suprir insuficiência momentânea de caixa, dívida ligada à
execução financeira).
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2.3 Mobiliária (29, II, LRF) – decorrente da emissão e venda de títulos da dívida pública. Cada
título da dívida é um “mini-empréstimo” que alguém faz à União. Captação pulverizada/da
poupança interna. São títulos ao portador. Desde 1997 está proibida a emissão de títulos por
Estados e Municípios (LC148/2014)----década de 90 houve escândalo financeiro: Estados e
Municípios emitiram títulos para pagar precatórios (não pagaram precatórios, tampouco os
títulos).

2.3.1 Refinanciamento da dívida mobiliária (art. 29, V, LRF) – repactuação ou renegociação da


dívida mobiliária. Emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização
monetária. Ninguém é obrigado a refinanciar com o Estado.

2.4 Forçada (art. 148, CF/88) – seria a previsão de empréstimo compulsório. Instituto herdado
de uma época em que não havia distinção entre tributação e endividamento. Exclusivo da
União, com finalidades específicas; depois de um prazo será devolvido. A partir da CF/88 ficou
que claro que tem natureza de tributo, o Estado se vale do seu poder de império.

3. Operação de crédito – envolve formalidades a serem respeitadas que para que seja válida.

3.1 Requisitos (art. 32, LRF + 52, VII, CF/88 + Resolução do Senado Federal 43/2001) –
percentual máximo: não pode ser maior do que 16% da receita corrente líquida, superior a 10
anos não pode ser feita em último ano de mandato (RSF 43/2001).
Constitucionais:
1) Requerimento pelo ente público interessado, quem autoriza é a Secretaria do Tesouro
Nacional – deve ter parecer técnico-jurídico, evidenciando: a) a viabilidade da operação, b) a
relação custo X benefício da operação de crédito e c) o interesse econômico e social que ele
tem por finalidade.
2) Autorização legal – mesma lógica de orçamento, para o gestor público realizar modelo de
uso do dinheiro público precisa de autorização da coletividade. Pode estar na própria LOA,
uma das exceções à regra da exclusividade do orçamento; pode estar em uma lei de créditos
adicionais; pode estar em lei específica.
3) Previsão orçamentária da receita – a receita resultante deve estar incluída na previsão
orçamentária de receita, na própria LOA ou na lei de créditos adicionais. Estamos falando de
dívida consolidada/fundada; em se tratando de dívida flutuante, não se aplica a previsão
(natureza extraorçamentária). Operação de crédito para entidade externa necessita de
autorização do Senado.
4) Obediência à regra de ouro da contabilidade pública (art. 167, III, CF/88): o montante de
endividamento não pode ser superior ao montante de investimento, pois daria a ideia de que
está pegando dinheiro emprestado para “torrar”. Vedada: realização de operação de crédito
que exceda o montante da despesa de capital => operação de crédito deve ser = ou < do que
as despesas de capital (exceções devem ser autorizadas via crédito suplementar e aprovação
de maioria absoluta – lei ordinária com quórum de aprovação de lei complementar).

3.2 Vedações (arts.35-36, LRF) – dois níveis: 1) vedadas as operações de crédito entre entes da
federação – um ente não pode emprestar para outro ente; pode haver doação de dinheiro,
transferência voluntária; não se aplica a aquisição de títulos no mercado (compra de títulos da
dívida pública); 2) vedadas operações entre entes da federação e instituições financeiras
oficiais (bancos públicos) – a regra é mais branda: não pode emprestar ao seu controlador (ex:
BB não pode emprestar para a União), pode investir em títulos da dívida pública; para os
outros entes federados pode emprestar (BB pode emprestar para Estados e Municípios) –
Prof. Pedro Caymmi

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restrições: o empréstimo não pode ser para pagar custeio, nem para refinanciar dívida
anterior.

4. Operação de crédito por antecipação de receita (art. 38, LRF) – na prática é chamada de
operação ARO (antecipação de receita orçamentária). Características:

1. Mútuo financeiro (art. 38, §§2º, 3º, LRF+ 38, III, LRF)- operação clássica: pega emprestado de
banco para devolver pagando juros. Modo de contratação: pregão eletrônico (licitação na qual
a única coisa que importa é o preço), quem conduz é o Banco Central, não o ente federado.
Remuneração não pode ser superior a taxa base de mercado (SELIC)

2. Dívida flutuante – (art.38, caput, §1º, LRF; 38, I, III, IV, LRF) – suprir insuficiência
momentânea de caixa, cobrir déficit financeiro, ligada à excução financeira, não orçamentária.
Deve ser realizada entre 10/01 e 10/12; ente federado não pode ter duas em aberto ao
mesmo tempo; proibida realização desse tipo de operação no último ano de mandato.

3. Oferece como garantia receita futura – pode vincular o repasse futuro a transferência
constitucional

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