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GEL FILME IMPERMEABILIZANTE:

Alternativa ecológica na redução de resíduos da produção gráfica

FLÁVIA DE OLIVEIRA ALMEIDA MORAIS


FRANCO EMERSON DECARVALHO DOMINGUES

Trabalho apresentado na Feira SENAI Paulista de Inovação Tecnológica INOVA


SENAI 2007, 1º colocado na categoria Processos da escola SENAI “THEOBALDO
DE NIGRIS, Orientador:Prof. Ricardo Cuenca.

RESUMO

GEL FILME IMPERMEABILIZANTE: ALTERNATIVA ECOLOGICA NA


REDUÇÃO DE RESIDUOS DA PRODUÇÃO GRÁFICA.

O trabalho estudou a possibilidade da utilização de um gel filme impermeabilizante a


base de água para o revestimento de tinteiros e bombas de circulação de tinta de
máquinas impressoras rotográficas e flexográficas, com o objetivo de eliminar a
utilização de solvente na limpeza, reduzir a quantidade de descarte de resíduos
sólidos e minimizar as emissões de VOCs (componentes orgânicos voláteis) no
ambiente de trabalho que podem causar problemas de saúde ocupacional futuros.
Além disso, observou-se também a redução do tempo gasto na limpeza dos tinteiros
e bombas de circulação de tinta após o término da impressão. Analisou-se o
comportamento do gel filme impermeabilizante em contato prolongado com tinta e
com os solventes através de estudos laboratoriais e aplicação direta na máquina e
considera-se que sua utilização atende o objetivo proposto.

Palavras Chave: Gel filme impermeabilizante; resíduos sólidos, máquinas


impressoras rotográficas e flexográficas.
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INTRODUÇÃO

A indústria gráfica brasileira é responsável por aproximadamente 200 mil


empregos diretos, tendo investimentos na ordem de US$ 6 bilhões em máquinas,
equipamentos, tecnologias e infra-estrutura acumulada no período de 1990 a 2000.
Atualmente, o setor representa 1% do PIB Brasileiro e 3,3% do PIB Industrial
(Associação Brasileira das Indústrias Gráficas – ABIGRAF, 2006).
O setor gráfico presta serviço a todos os setores da economia, incluindo
serviços públicos, financeiros, publicitários, editoriais e para a indústria de
manufatura como um todo. Entre seus principais produtos estão: jornais, rótulos,
periódicos/revistas, livros, embalagens de papel e flexíveis, materiais publicitários e
outros.
A atividade industrial gráfica pode ser desempenhada de forma correta,
tanto do ponto de vista da saúde humana, quanto da proteção ambiental. Para que
isso ocorra devemos ressaltar a existência, da parte da indústria, de uma busca
constante no que diz respeito à eliminação e/ou redução da geração de efluentes
líquidos, sólidos e gasosos, bem como de ruídos, vibração, radiação etc. Deve
haver, também, uma preocupação em minimizar e/ou amenizar matérias-primas e
outros insumos impactantes para o meio ambiente, reduzir custos de gerenciamento
dos resíduos, preservar a saúde e segurança no trabalho, criar consciência
ambiental dos funcionários e reduzir gastos com multas e outras penalidades.
Os efeitos da poluição no mundo têm servido de alerta para a população
nos últimos anos; e grandes esforços têm sido direcionados na busca de soluções e
alternativas para melhorar o quadro ambiental do nosso planeta. É visivelmente
crescente o interesse pelo problema da contaminação que afeta a atmosfera, o solo,
as florestas, os animais, os rios e os oceanos.
Em paralelo à preocupação com o meio ambiente, temos no meio
industrial a preocupação dos empresários com a acirrada concorrência trazida pela
globalização que rege o modelo econômico mundial. As indústrias brasileiras para
sobreviverem à competitividade desse mercado, como já ressaltamos necessitam
eliminar desperdício, reduzir custos, otimizar o processo produtivo mantendo a
qualidade dos seus produtos.
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O processo de produção gráfica é composto de várias etapas, iniciando


na pré-impressão com a preparação das imagens a serem reproduzidas, passando
pela impressão onde as tintas de cores primárias são sobrepostas formando as
tintas de cores secundárias e finalizando na pós-impressão com etapas de corte,
dobras etc.
O enfoque desse trabalho é dado na etapa de impressão, na qual após
cada serviço executado, devemos retirar as fôrmas de impressão usadas e colocar
as fôrmas de impressão do próximo serviço, limpar tinteiros, trocar tintas, colocar o
substrato a ser impresso, executar acerto de registro de imagem, acertar a carga de
tinta transferida etc. Toda essa seqüência descrita é denominamos setup da
máquina.
O setup da máquina é uma fase demorada do processo de impressão e o
desperdício de tempo gerado nessa fase é prejudicial à empresa, pois compromete a
entrega de trabalhos e acarreta dificuldade em assumir novos pedidos,
representando um impasse para o crescimento de várias empresas.
No setup, temos uma etapa muito importante que é a limpeza da máquina
após a impressão (tinteiros, cilindros e bombas de circulação). A limpeza dos
tinteiros é realizada pelo operador da máquina com o uso de solventes que são
agressivos ao meio ambiente e podem prejudicar a saúde do trabalhador por causa
da emissão de VOC (componentes orgânicos voláteis).
Visando a preocupação em conciliar um crescimento industrial sustentável
com a redução de resíduos que possam causar impactos ambientais, propõe-se a
utilização de um gel filme impermeabilizante para ser aplicado nos tinteiros e
bombas de circulação de tintas das impressoras rotográficas e flexográficas.
O gel filme forma uma película fina, resistente e bastante elástica que
reveste as partes da máquina que ficam em contato com a tinta (tinteiro e bomba).
Após a impressão, ocorre um escoamento da tinta residual e para se efetuar a
limpeza do tinteiro, descola-se a película formada pelo gel deixando o tinteiro pronto
para receber uma nova aplicação do gel filme e posterior utilização da máquina
impressora num tempo relativamente pequeno.
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1 PROCESSOS DA INDÚSTRIA GRÁFICA

O processo produtivo gráfico pode ser dividido em três etapas: pré-


impressão, impressão e pós-impressão. A pré-impressão é primeira etapa do
processo gráfico quando ocorre a criação do trabalho, a redação de textos e a
definição de layout, iniciando-se uma seqüência de operações até a confecção da
fôrma de impressão, fotolito ou arquivo para impressão digital. A impressão, por sua
vez, é a principal parte do processo, que consiste na transferência da imagem,
contida na fôrma para um suporte. A pós-impressão é a etapa final do processo
gráfico que envolve operações para determinar formato e dimensões finais impresso
(Serviço Social da Indústria - SESI, 2006).
Os processos de impressão mais conhecidos são: offset, rotogravura,
flexografia, impressão digital, serigrafia e tampografia. No presente trabalho, a
ênfase será dada para os processos de rotogravura e flexografia.

1.1 FLEXOGRAFIA

A origem do processo flexográfico de impressão tem sido exaustivamente


discutida, porém, sabe-se apenas que a flexografia é um amadurecimento do
processo de impressão anilina, manual e rudimentar. Um tipógrafo chamado
Sperling aprimorou, em meados de 1800, o processo de impressão anilina, com a
utilização de clichês de borracha vulcanizada empregados numa máquina
impressora bastante primária, para a impressão papéis para embalagens.
Os registros históricos, no entanto, apontam para uma versão primitiva da
impressão flexográfica, no ano de 1860 nos Estados Unidos que foi patenteada por
John A. Kingsley (BAER, 2003).
No início do século o sistema já era utilizado, porém em pequena escala,
por volta de 1920, o processo de impressão começou a ser utilizado em grande
escala.
Durante muito tempo, as impressoras flexográficas não receberam a
devida atenção de fabricantes de máquinas gráficas, no início eram máquinas
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grandes e desengonçadas, apresentavam muitas variações durante o processo de


impressão, eram difíceis de ser operadas e perigosas. Muitas vezes eram fabricadas
na própria gráfica.
O sistema de impressão flexográfica tem como características principais a
utilização de uma fôrma relevográfica, a utilização de tinta líquida e sistema de
impressão direto. Esta forma será fixada no cilindro porta-fôrmas na impressora,
onde através de sistemas apropriados de entintagem, será realizada a aplicação da
tinta na superfície da fôrma. Essa tinta pode ser à base de água ou solvente, ou
seja, a resina é solúvel em água ou solvente (dependendo das características e
utilização do impresso a se obter) (FLEXOGRAPHIC TECHNICAL ASSOCIATION-
FTA, 1992, tradução nossa).
Devido à característica de utilizar tinta líquida (e fôrma relevográfica), o
sistema de impressão flexográfica é um dos sistemas mais versáteis que existe,
podendo fazer a impressão em diversos substratos com diferentes graus de
aspereza, como papel, plásticos, sacos de ráfia, papelão ondulado, cerâmica, etc.
(SILVA; DIOGO, 2001).
Podem ser encontradas máquinas que possuem um módulo de impressão
(uma cor) e máquinas que possuem mais de uma unidade impressora, podendo ser
realizado a impressão somente na frente do substrato como também a impressão
frente e verso em uma única passagem pela máquina.
A impressora flexográfica é composta basicamente por sistema de
entrada, sistema de impressão, sistema de secagem e sistema de saída. O sistema
de entrada é o local onde se coloca a bobina de suporte a ser impresso. O sistema
de impressão tem a função de transportar a tinta do tinteiro da impressora para a
superfície da forma de impressão, tendo que ser esta entintagem uniforme, fina e
constante (sem variações), para posteriormente a forma transferir a tinta para o
substrato (FTA, 1992, tradução nossa).
O sistema de entintagem é composto basicamente por: rolo alimentador,
rolo dosador de tinta (anilox) e sistema de raclagem (FTA, 1992, tradução nossa).
Os grupos impressores podem trabalhar com sistema de entintagem
convencional, chamado de doctor-roll; convencional com racle, chamado de doctor
blade e, encapsulado, denominado doctor blade encapsulado.
Nos grupos impressores temos: tinteiro que é o local onde se coloca a
tinta, cilindro tomador que é um cilindro de borracha destinado a transportar a tinta
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do tinteiro para o cilindro entintador e, o cilindro entintador é destinado a entintar o


clichê que pode ser de borracha ou ser do tipo anilox. Os tipos mais conhecidos de
cilindro entintador são o de aço gravado mecanicamente e revestido de cromo e o
de cerâmica gravado a laser (SILVA; DIOGO,2001).
O sistema de secagem proporciona a secagem rápida da tinta após a
impressão de cada uma das cores e também a secagem final.
O sistema de saída é responsável pela recepção do suporte impresso e
pode se apresentar diferentes configurações de saída, como bobinas e folhas.

1.2 ROTOGRAVURA

A rotogravura atua no mercado gráfico nos campos de editoria,


embalagens e diversos. As características básicas da rotogravura são: alta tiragem
devido os elevados custos para obtenção da forma, impressão sobre substratos
impermeáveis, como exemplos plásticos e alumínio, alta qualidade de impressão e
impressão em módulo contínuo (SILVA; DIOGO, 2001).
Segundo Silva e Diogo (2001), a técnica de calcografia começou a ser
desenvolvida por volta de 1450 e consistia em esboçar uma imagem sobre uma
chapa metálica. A gravação era realizada com “água forte” que atacava as áreas
desenhadas gravando-as em baixo relevo. A rotogravura baseou-se na técnica para
obtenção da forma que é cilíndrica, metálica, encavográfica e de alta durabilidade.
Atualmente temos dois meios de gravação no cilindro: a gravação autotípica e a
gravação eletromecânica. A gravação tem por objetivo transportar a imagem que se
pretende imprimir para o cilindro. Na gravação a imagem é reproduzida em baixo
relevo formando alvéolos no cilindro.
Os principais componentes da máquina impressora são: sistema de
entintagem, sistema de raclagem, sistema de pressão e sistema de secagem. O
conjunto de entintagem tem por finalidade preencher os alvéolos com tinta (áreas de
grafismo) removendo toda a tinta da superfície do cilindro forma (áreas de contra-
grafismo), possibilitando dessa forma um bom controle durante o processo de
impressão. É composto basicamente por: tinteiro, banheira, mangueiras, bombas e
filtros (SILVA; DIOGO, 2001).
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O tinteiro tem como função manter um volume de tinta razoável, para


circulação da mesma nos demais componentes do sistema. O tinteiro ideal deve
possuir encaixe para a bomba e possibilitar a utilização do menor volume de tinta
possível. Quanto mais forem arredondadas a sua forma, mais fácil será sua limpeza
e melhor a circulação da tinta (SILVA; DIOGO, 2001).
A banheira é a responsável direta pela entintagem do cilindro. Deve
permitir a possibilidade de diversas regulagens (em função do diâmetro do cilindro-
forma) para controlar a imersão do cilindro na tinta. A banheira deve possuir uma
ligeira inclinação para o local de escoamento da tinta facilitando sua circulação.
As mangueiras são as responsáveis pelo transporte da tinta do tinteiro
para a banheira e vice-versa. No bico da mangueira responsável pelo transporte da
tinta da banheira para o tinteiro, posiciona-se o bico entintador ou o espalhador,
sendo que este bico possibilita uma melhor entintagem do cilindro evitando o
entupimento dos alvéolos.
A função básica da bomba é "sugar" a tinta do tinteiro para a banheira.
Podem ser elétricas ou pneumáticas, sendo que as mais utilizadas são as elétricas,
em função da facilidade de instalação, poder de vazão e baixa manutenção. Os
filtros têm como função, a eliminação das partículas incorporadas à tinta durante o
processo. Podem ser posicionadas no tinteiro ou na bomba.
Após a impressão, tanto rotográfica como flexográfica, há a necessidade
de limpeza do sistema entintador. O sistema fica completamente sujo de tinta e faz-
se necessário o uso dos solventes para remover esta tinta residual. o tipo de tinta
utilizada na impressão roto e flexo e a utilização de solventes serão abordados a
seguir.
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2 TINTAS

Os componentes básicos de uma tinta são: a resina, responsável pela liga


dos pigmentos e propriedades do filme, o colorante (pigmento ou corante)
responsável pela cor, os solventes que dissolvem a resina e determinam as
características de aplicação e secagem do filme e, os aditivos que corrigem
deficiências de aplicação (NITROQUÍMICA, 2006).
As tintas de rotogravura e flexografia também são conhecidas como tintas
líquidas devido à baixa viscosidade de aplicação. A sua principal aplicação é como
tinta gráfica para folhas, papel, cartolina, laminados e metalizados, com destaque
para a indústria de embalagens. Essas tintas de rotogravura e flexografia
apresentam secagem rápida devido à evaporação acelerada dos solventes voláteis,
permitindo trabalhar com altas velocidades de aplicação. A flexografia é um
processo mais barato, com menor investimento inicial, e é vantajoso quando são
realizadas trocas freqüentes de cores e gravuras. Estes dois tipos de tintas têm
muito em comum. Utilizando basicamente matérias-primas semelhantes e processos
de fabricação iguais. As diferenças básicas residem nas características dos
equipamentos de impressão da tinta, que determinam os parâmetros de formulação
(NITROQUÍMICA, 2006).
Na flexografia, a utilização de clichês de fotopolímero e um cilindro de
borracha, que são sensíveis a solventes aromáticos e acetatos, exigem uma seleção
criteriosa do balanço de solventes e, em conseqüência, do sistema de resinas
empregado. Na rotogravura há uma maior liberdade na escolha de solventes
acetatos e aromáticos.
A resina é o componente principal, sendo responsável pela aderência da
tinta sobre o substrato e também por todas as propriedades da película. Ela deve ter
os seguintes requisitos: inodora, atóxica, incolor, solução e filmes transparentes,
compatibilidade com outras resinas, boa aderência sobre o substrato, permitir a
saída rápida do solvente da película e solúvel em ampla gama de solventes.
Os solventes devem dissolver a resina para a obtenção de tintas fluidas
de baixa viscosidade. É importante a combinação adequada de solventes de
diferentes taxas de evaporação, pois se houver uma secagem muito rápida, a tinta
poderá secar no cilindro durante a impressão, e se for muito lenta, poderá deixar
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cheiro residual na película, e ainda, promover aderência entre as folhas da bobina.


Devido à alta volatilidade, há uma evaporação diferenciada dos solventes durante a
aplicação, ocasionando um aumento instantâneo de viscosidade e
desbalanceamento da mistura, com necessidade de correções periódicas no tinteiro
(NITROQUÍMICA, 2006).

3 SOLVENTES

Na indústria gráfica os solventes mais utilizados para diluição de tintas e


procedimentos de limpeza são, em sua maioria, compostos derivados do petróleo,
como o tolueno, xilenos, acetato de etila, acetona, álcool butílico, álcool isopropílico,
n-hexano. (SESI, 2006).
Solventes, estopas, trapos e embalagens contendo restos de solventes
quando lançados indiscriminadamente no meio ambiente, podem causar problemas
de contaminação ambiental no solo e nas águas, tanto superficiais como
subterrâneas e problemas de ordem ocupacional, pela aspiração de componentes
orgânicos voláteis (VOCs) e por sua absorção cutânea.
Em geral, os solventes são incorporados à corrente sangüínea e
distribuídos pelos tecidos gordurosos do corpo, incluindo o cérebro, medula óssea,
fígado, rins e sistema nervoso. Dependendo da concentração e do tempo de
exposição, podem provocar desde uma leve sonolência até danos ao fígado, rins,
pulmões, causando, inclusive, danos ao sistema nervoso central e até a morte,
quando em dosagens muito elevadas (FORSTER et al, 1994).
Em 1940, foi iniciada a produção e o uso generalizado de solventes para
fins industriais, porém, somente muitos anos depois vieram à tona os problemas
ocupacionais relacionados a essas substâncias.
Somente em 1984, aproximadamente 49 milhões de toneladas de
solventes industriais foram produzidos nos Estados Unidos. Chegaram a existir em
torno de 10 milhões de trabalhadores expostos a solventes orgânicos nas indústrias
num período de um ano (FORSTEN et al, 1994 apud CARLINI et al 1990).
Nos Estados Unidos, o fenômeno do abuso de solventes teve início na
década de 60, e na Inglaterra no ano de 1970 foi registrada uma morte relacionada
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ao abuso dessas substâncias, tomando proporções alarmantes em 1988 (134


mortes/ano) e havendo tendência geral de aumento (FORSTER et al, 1994).
A partir disso, os solventes passaram a possuir um papel importantíssimo
na indústria. Uma grande variedade de solventes estão disponíveis no mercado,
para uma enorme variedade de aplicações, tais como: processos de extração,
matéria-prima para fabricar outros produtos químicos, propelentes em aerossóis, na
indústria de tintas, em cosméticos etc.
A recuperação e descarte de solventes são tópicos fundamentais que
possuem relevantes aspectos econômicos e ambientais. A seguir, serão abordados
os aspectos ambientais e ocupacionais relacionado ao uso de solventes.

4 SOLVENTES, MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Deve-se observar que o uso abusivo de solventes, acarreta um maior


custo em termos de tratamento de efluentes. A toxidade, inflamabilidade e os limites
permitidos para a exposição de um trabalhador para um determinado solvente são
também aspectos fundamentais e que são sujeitos a grande pressão pelos órgãos
reguladores destas questões e da própria sociedade. Além do manuseio, a
estocagem e transporte de solventes também são problemas adicionais
(SANSEVERINO, 2000).
A questão ecológica ou uma maior preocupação com o meio ambiente
surgiu no final da década de 1960 e tomou forte impulso nos anos 70. Atualmente,
este é um assunto de grande relevância e enorme repercussão na sociedade. Para
a indústria química este tema pode definir a sobrevivência ou não de algumas
empresas ou atividades ligadas à química. A implantação em uma escala mundial da
Norma ISO-14.000 (gerência para o meio-ambiente) já é uma realidade e uma
exigência importante para diversas empresas. A ONU (Organização das Nações
Unidas) que possui programas na área de meio ambiente e desenvolvimento
industrial que visam à redução da geração de resíduos industriais a partir do
gerenciamento deste, já teria afirmado que poluição seria uma demonstração de
ineficiência dos processos produtivos, ou seja, o resíduo seria, antes de tudo,
matéria-prima que estaria sendo jogada fora. Terminologias como tecnologia limpa,
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processo limpo, síntese limpa e química verde, tem se tornado muito freqüentes na
literatura nos últimos anos (SANSEVERINO, 2000).
Segundo Sanseverino (2000 apud LESTER, 1996), um processo industrial
eficiente deve seguir as seguintes características: brevidade (menor número possível
de etapas), permitir recuperação de solventes e matéria-prima, minimizar geração de
efluentes, não utilizar solvente sempre que possível, usar solventes menos tóxicos e
não inflamáveis, usar água como solvente, evitar misturas de solventes, utilizar
solventes e reagentes baratos e disponíveis e não agredir o meio ambiente.
Uma pesquisa realizada pela Gerência de Segurança e Saúde no
Trabalho (GSST) realizou estudo em empresas do ramo gráfico, para avaliar suas
características em relação às questões de segurança e saúde no trabalho (SESI,
2006).
O objetivo foi verificar as situações de riscos ocupacionais e medidas para
proteção dos trabalhadores. Nesse trabalho foi avaliada a concentração de
solventes orgânicos em algumas empresas do ramo gráfico, através de coleta
amostras de ar que foram analisadas pela técnica de cromatografia com base em
metodologias NIOSH (National Institute of Ocupational Safety and Health) para
solventes orgânicos. Os resultados foram comparados com os limites de tolerância
(LT) estabelecidos pela NR 15 e pela American Conference of Industrial Hygienists
(ACGIH). O processo de impressão rotográfica foi avaliado em várias empresas. Os
resultados da análise de amostra de ar coletado no setor de rotogravura foram de
aproxidamemente 429 ppm de tolueno, de 276 ppm de acetato de etila e 436 ppm
de álcool isopropílico (SESI, 2006).
Os resultados das análises das amostras de ar coletadas indicaram que
os trabalhadores do setor de rotogravura sofrem grande exposição aos
componentes orgânicos voláteis como mostra a tabela do limite de tolerância aos
solventes (Tabela 1).
Em função do perigo potencial que os solventes representam para o
manipulador e a fim de evitar intoxicações crônicas, os higienistas fixaram limites de
tolerância diária, os quais não devem ser ultrapassados em locais de trabalho
(Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – ABRAFATI, 1995).
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Tabela 1 – Limite de tolerância aos solventes comumente utilizados no setor de


rotogravura e flexografia
Agentes Químicos Limite de Tolerância até 48 horas/semana
(ppm)
Acetato de etila 310
Acetona 780
Metil etil cetona 155
N-hexano 50
Tolueno 78
Xilenos 78
Álcool Isopropílico 310
Fonte: SESI, 2006.
Notas: Dados extraídos da NR-15 e da ACGIH/ ppm- partes por milhão

Como se observa, os solventes representam um perigo à saúde e ao meio


ambiente quando utilizados de forma indiscriminada e em excesso. Os solventes
apresentam algumas características negativas: risco à saúde quando manipulados
sem equipamentos de proteção individual; incompatibilidade com a pele; cheiro
desagradável; perigos no emprego e armazenamento; inflamáveis; riscos em contato
com o lençol de água, dificuldades no saneamento (HANS ROSNER at al, 2000).

SETUP

Setup é o termo utilizado no ramo gráfico para definir o tempo de


mudança da fabricação de um lote de serviço, passando para a fabricação de outro
produto, ou seja, é o tempo total desde o último produto bom de um lote até o
primeiro produto aprovado do lote posterior (SCARPETA, 2005).
Num mercado onde o tempo vale dinheiro, o setup passa a ser um
importante diferencial competitivo. A preocupação das empresas está em ganhar
produtividade, ganhando habilidade com conseqüente ganho do mercado e para
isso é necessário que a fase de setup seja cada vez mais rápida.
Segundo Scarpeta (2005), as técnicas disponíveis atualmente para a
redução do tempo de setup enfatizam a organização do setor (principalmente das
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ferramentas utilizadas no setup), melhora do layout, eliminação de excesso de


materiais e liberação de espaços inúteis dentro da empresa.
Em muitas empresas o setup, pode demorar de 4 a 6 horas. Dentro desse
tempo, temos a fase de limpeza dos tinteiros e bombas que é demorada. Dados
obtidos com instrutores da Escola SENAI “Theobaldo De Nigris”, mostram que a
limpeza de um módulo da máquina impressora rotográfica demora em média de 40 a
50 minutos se realizada por um profissional experiente. Observa-se que o tempo
gasto para a limpeza de uma máquina é muito grande.
Scarpeta (2005), cita em seu livro o uso de tinteiros descartáveis em
máquinas flexográficas de banda estreita na diminuição do tempo de setup.
Atualmente a limpeza com solventes continua sendo executada na maioria das
empresas.
Um sistema mais ágil, econômico e de produção mais limpa na etapa da
limpeza faz-se necessário no ramo gráfico sendo esse um dos objetivos desse
trabalho.
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6 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa, de caráter descritivo e qualitativo, foi desenvolvida no


Laboratório de Tintas e no setor de Rotogravura da escola SENAI - “Theobaldo De
Nigris”.
Para esta pesquisa utilizou-se um produto desenvolvido pela empresa
LUKSNOVA S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO para atender necessidades da indústria
automobilística. Atualmente o produto é utilizado como protetor de vidros e cabines
de pinturas contra over-spray (névoa de tintas, primers e vernizes).
O produto químico (gel filme) é um liquido espesso, à base de água,
transparente, não residual, completamente miscível em água, de baixíssima toxidez,
baixo odor e de fácil aplicação. O produto recebeu nome de gel filme, pois após
aplicação e secagem, formará uma película protetora, em forma de um filme plástico
transparente e flexível. O descarte do produto pode ser feito através de co-
processamento. Observa-se que o resíduo do produto apresentará baixa toxidade
comparado ao descarte feito atualmente com o uso de solventes na limpeza de
máquinas.
O produto é uma mistura e sua natureza química e propriedades físico-
químicas são descritas nas tabelas abaixo:

Tabela 2 – Natureza química do gel filme.

Nome Químico N CAS Number % Volume Classificação de


risco
Álcoois 64-17-05 20-40 3
Trietanolamina 102-71-6 0,5-3 ----
Fungicida -------------- 0,5-3 6
Água --------------- 40-60 ----
Fonte: Luksnova, 2004
Nota: CAS Number- Chemical Abstracts Service – Identifica todos compostos químicos descritos na
literatura
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Tabela 3 – Propriedades físico químicas.

Características Unidade Especificações


Massa específica g/cm3 0,975-0,992
Viscosidade Brookfield (Hélice 4 – 20 ------ 6000-9000
rpm)
PH ------ 8,00-9,00
Fonte: Luksnova, 2004

Realizou-se a aplicação do produto em três beckers numerados (1-3) para


verificação da possível reação do gel com a tinta e com o solvente utilizados nos
processos de rotogravura e flexografia, baseando-se no fato de que no processo de
impressão o produto ficará em contato direto com a tinta. (Figura 1 e Figura 2)

Figura 1 – Beckers utilizados na pesquisa


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Figura 2 – Aplicação do gel filme

A aplicação do produto foi realizada com pincel da marca Tigre número 14


(Figura 2). Após a secagem do produto com um soprador térmico marca Comaca –
1400 W - 110V 300 a 500 graus Celsius e volume de ar 400 l/min, foi inserido nos
beckers tinta e solvente. No becker número 1 colocou-se tinta amarela a base de
solvente da marca Flint Ink, no becker número 2 tinta magenta e no becker 3
solvente para rotogravura e flexografia do mesmo fabricante. A tinta e o solvente
permaneceram em contato com o gel por um período de 48 horas.
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Figura 3 – Tinta em contato com gel filme

Após realização do procedimento em beckers, realizamos o mesmo


procedimento nos tinteiros e na bomba da máquina rotográfica Poligraph DTZ 630
localizada no setor de rotogravura da escola SENAI “Theobaldo De Nigris”. (Figura 4
e Figura 5).
Para efeito de melhor visualização do produto, pois este forma uma
película muito fina e transparente, adicionou-se ao produto corante magenta antes
da aplicação na bomba (Figura 4).
Após a aplicação do gel na banheira e nos tinteiros e posterior secagem,
estes foram colocados na máquina e expostos à tinta como ocorre no processo de
impressão.
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Figura 4 – Bomba revestida com gel filme

Figura 5 - Banheira revestida com gel filme

No experimento na máquina, adicionou-se ao sistema entintador tinta


cyan à base de solvente (Figura 6).
A tinta ficou em contato com o gel por 20 minutos e logo após procedeu-
se a limpeza do sistema.
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Figura 6 – Banheira e bomba com tinta

No experimento realizado na máquina, mediu-se o tempo gasto na


remoção do filme formado na bomba e no tinteiro de um módulo de impressão.

RESULTADOS

No experimento realizado com os beckers, foi feita a análise dos


resultados após 48 horas do início da aplicação do gel filme. Obteve-se como
resultado a total remoção do gel filme nos três beckers submetidos a aplicação do
produto e expostos a ação da tinta e do solvente como mostra as Figuras 7, 8 e 9.
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Figura 7 - Retirada do gel filme após 48 horas em


contato com tinta no Becker#2

Figura 8 – Retirada do gel filme após 48 horas em


contato com tinta no Becker#1
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Figura 9 – Gel filme retirado do Becker#3 após 48


horas em contato com o solvente

No experimento realizado no tinteiro e na bomba da máquina rotográfica


obteve-se remoção total do gel filme no tinteiro e na bomba como mostra as Figuras
10a, 10 b, 11 e 12 e 13.

Figura 10a - Início da retirada do gel filme do tinteiro após


contato da tinta na máquina rotográfica
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Figura 10b – Retirada completa do gel filme do tinteiro após


contato da tinta na máquina rotográfica

Figura 11 – Remoção do gel filme após contato com


respingos de tinta
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Figura 12 – Remoção do gel filme após contato da tinta


com a bomba

Figura 13 - Gel filme retirado e tinteiros limpos após impressão

Observou-se também diminuição considerável no tempo de limpeza do


tinteiro e da bomba após colocação da tinta em relação à limpeza convencional
realizada com solventes atualmente. Gastou-se 15 minutos para retirada do gel filme
do tinteiro e da bomba.
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A limpeza foi realizada somente através da remoção do gel filme, isto é,


não houve necessidade da utilização de panos para limpeza e não ocorreu
exposição do executor ao solvente de limpeza.
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CONCLUSÃO

O mundo está em um processo de conscientização com relação ao meio


ambiente. O homem vem explorando de maneira desmedida e desordenada a
natureza, porém, o planeta Terra já dá sinais claros de seu esgotamento e por isso
tornam-se necessárias ações que reduzam os impactos ambientais.
O trabalho apresentado teve como objetivo demonstrar a utilização do gel
filme impermeabilizante, que é um produto à base de água e de baixa toxidez, como
alternativa ecológica no processo de limpeza na impressão rotográfica e flexográfica
visando principalmente reduzir os impactos ambientais causados pela geração de
resíduos pelo uso de solventes no processo.
As pesquisas realizadas demonstraram que a utilização do gel filme
impermeabilizante representa um avanço no processo de limpeza, não só pela
diminuição dos impactos ambientais, mas também pela diminuição da exposição do
trabalhador aos componentes orgânicos voláteis (VOC) e pela diminuição no tempo
de setup da máquina.
Atualmente, gerenciar os resíduos adequadamente induz ao ideal de
desenvolvimento sustentável e particularmente a minimização de resíduos e redução
de sua toxicidade são técnicas essenciais para que isso ocorra.
Nota-se atualmente um aumento do número de empresas que estão
adotando os princípios da sustentabilidade e para atingir este objetivo, elas devem
começar com o monitoramento do desempenho ambiental, identificando
oportunidades para implementação de programas de minimização de resíduos como
demonstrado no trabalho.
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ABSTRACT

GEL IMPERMEABILIZANTE FILM: ALTERNATIVE IN ECOLOGICAL REDUCTION


OF WASTE OF GRAPHIC PRODUCTION.

The work studied the possibility of using a gel film impermeabilizante the basis of
water for the coating of ink cartridges and bombs movement of ink machines and
printers rotográficas flexographic, with the goal to eliminate the use of solvent in
cleaning, reduce the amount of solid waste disposal and minimize emissions of
VOCs (volatile organic components) in the workplace that can cause problems of
occupational health future. Moreover, there was also a reduction in time spent on
cleaning the ink cartridges and bombs movement of ink after the end of the print.
Analyzed is the behavior of the gel film impermeabilizante in prolonged contact with
paint and the solvents through laboratory studies and direct application on the
machine and it is considered that its use meets the purpose proposed.

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