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Santana, 2005: 48
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Diabetes mellitus
A diabetes mellitus é, fundamentalmente, o resultado da secreção inadequada de insulina ou da incapacidade
dos tecidos para responder à insulina. A diabetes mellitus insulinodependente (DMID), também chamada
diabetes mellitus tipo l, afecta aproximadamente 3% das pessoas com diabetes e é causada pela diminuição
da secreção de insulina. Desenvolve-se em resultado da destruição auto-imune dos ilhéus pancreáticos e os
sintomas surgem após a destruição de aproximadamente 90% deles. Normalmente, a DMID desenvolve-se
com maior frequência nos jovens. Embora a hereditariedade possa ter algum papel no desenvolvimento da
situação, o início da destruição dos ilhéus pancreáticos pode estar relacionado com uma infecção viral do pân-
creas.
A diabetes mellitus não insulinodependente (DMNID), também designada por diabetes mellitus tipo ll,
resulta da incapacidade dos tecidos para responder à insulina. A DMNID declara-se, geralmente, em pessoas
com mais de 40-45 anos, embora a idade de instalação da doença varie consideravelmente. A doença é afec-
tada por uma forte componente genética, mas a sua verdadeira etiologia é desconhecida. Uma hormona peptí-
dica, chamada leptina, produzida pelas células adiposas, parece diminuir a resposta dos tecidos-alvo à insulina.
É possível que a produção excessiva de substâncias como esta seja responsável pela DMNID. Em alguns casos,
podem existir receptores de insulina anormais ou anticorpos que se liguem a uma receptor de insulina deterio-
rado ou, noutros casos, podem ocorrer anomalias nos mecanismos que activam os receptores de insulina.
A DMNID é mais comum que a DMID. Aproximadamente 97% dos diabéticos têm DMNID. O número reduzido
de receptores funcionais de insulina torna a absorção de glicose pelas células muito lenta, o que origina níveis
de glicemia elevados após as refeições. Os doentes com DMNID são normalmente obesos, embora tal não
seja universal. Os níveis elevados de glicemia fazem com que as células adiposas convertam a glicose em gor-
dura, ainda que a velocidade com que as células adiposas absorvem a glicose esteja reduzida. O aumento da
glicemia e da produção de urina conduzem à hiperosmolalidade do sangue e desidratação celular. O uso redu-
zido de nutrientes e a desidratação celular provocam letargia, fadiga e períodos de irritabilidade. Os níveis
elevados de glicemia originam infecções recorrentes e prolongam a cicatrização.
Os doentes com DMNID não sofrem de grandes aumentos súbitos da glicemia nem de destruição tecidular
grave, porque a captação lenta de glicose continua a ocorrer, ainda que os receptores de insulina sejam defei-
tuosos. Em algumas pessoas com DMNID, a produção de insulina pode diminuir porque as células dos ilhéus
pancreáticos atrofiam e, assim, desenvolvem concomitantemente DMID. Aproximadamente 25% a 30% de
doentes com DMNID são tratados com insulina, 50% fazem medicação oral para aumentar a secreção de insu-
lina e a eficiência da utilização da glicose; os restantes controlam os níveis de glicemia com exercício e dieta.
As provas de tolerância à glicose são usadas para diagnosticar a diabetes mellitus. Em geral, consistem na
ingestão de grandes quantidades de glicose depois de um período de jejum. São colhidas amostras de sangue
durante várias horas e os casos em que a elevação dos níveis de glicemia é persistente são fortemente sugesti-
vos de que a pessoa sofre de diabetes mellitus.
Demasiada insulina em relação à quantidade de glicose ingerida conduz a uma situação de choque insulínico.
Níveis altos de insulina fazem com que os tecidos-alvo absorvam glicose muito rapidamente. Como resultado,
os níveis de glicemia caiem rapidamente para níveis baixos. Dado que o sistema nervoso depende da glicose
como principal fonte de energia, os neurónios funcionam mal devido a uma falta de energia metabólica. O
resultado é uma série de respostas do sistema nervoso, tais como desorientação, confusão mental e convul-
sões. A administração de demasiada insulina, a ingestão de alimentos em quantidade insuficiente após uma
injecção de insulina ou um aumento do metabolismo da glicose devido ao excesso de exercício realizado por
um doente diabético podem desencadear choque insulínico.
Informações recentes apontam para que as lesões causadas nos vasos sanguíneos e a redução da actividade
nervosa podem ser minoradas em todos os diabéticos se a glicemia for mantida sempre dentro dos limites nor-
mais. Contudo, manter a glicemia dentro de limites normais em todos os momentos requer atenção acrescida
ao regime alimentar e determinações frequentes da glicemia, e aumenta a probabilidade de sofrer de hipoglice-
mia, a qual provoca sintomas de coma insulínico. Uma dieta rigorosa e uma rotina de exercício são muitas
vezes componentes eficazes da estratégia do tratamento para a diabetes mellitus; em muitos casos, a dieta e o
exercício são adequados para controlar a DMNID.
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A alteração dos padrões de vida, do trabalho e dos tempos livres tem tido um impacte significativo na saúde. O
trabalho e os tempos livres deveriam ser uma fonte de saúde para as populações. A maneira como a socie-
dade organiza o trabalho deveria ajudar a criar uma sociedade saudável. A promoção da saúde gera condições
de vida e de trabalho seguras, estimulantes, satisfatórias e agradáveis.
É essencial avaliar sistematicamente o impacte que o ambiente, em rápida evolução, tem na saúde – particular-
mente nas áreas da tecnologia, do trabalho, da produção de energia e da urbanização. Desta avaliação deve-
rão decorrer acções que assegurem benefícios positivos para a saúde pública. A protecção dos ambientes
naturais ou criados pelo Homem e a conservação dos recursos naturais devem ser tidos em conta em qual-
quer estratégia de promoção da saúde.
Reforçar a Acção Comunitária: a promoção da saúde desenvolve-se através da intervenção concreta e efec-
tiva na comunidade, estabelecendo prioridades, tomando decisões, planeando estratégias e implementando-as
com vista a atingir melhor saúde. No centro deste processo encontra-se o reforço do poder (empowerment)
das comunidades, para que assumam o controlo dos seus próprios esforços e destinos. O desenvolvimento
das comunidades cria-se a partir dos seus recursos materiais e humanos, com base na auto-ajuda e no
suporte social, no desenvolvimento de sistemas flexíveis que reforcem a participação pública e orientem para a
resolução dos problemas de saúde. Tudo isto exige um acesso pleno e contínuo à informação, oportunidades
de aprendizagem sobre saúde, para além de suporte financeiro.
Desenvolver Competências Pessoais: a promoção da saúde pressupõe o desenvolvimento pessoal e social,
através da melhoria da informação, educação para a saúde e reforço das competências que habilitem para
uma vida saudável. Deste modo, as populações ficam mais habilitadas para controlar a sua saúde e o
ambiente e fazer opções conducentes à saúde.
É fundamental capacitar as pessoas para aprenderem durante toda a vida, preparando-as para as suas dife-
rentes etapas e para enfrentarem as doenças crónicas e as incapacidades. Estas intervenções devem ter lugar
na escola, em casa, no trabalho e nas organizações comunitárias e ser realizadas por organismos educacio-
nais, empresariais e de voluntariado e dentro das próprias instituições.
Reorientar os Serviços de Saúde: no que se refere ao sector da saúde, a responsabilidade da promoção da
saúde deve ser partilhada com os indivíduos, grupos comunitários, profissionais e instituições de saúde e com
os governos. Todos devem trabalhar em conjunto pela criação de um sistema de cuidados de saúde que con-
tribua para a prossecução da saúde.
Para além das suas responsabilidades na prestação de cuidados clínicos e curativos, os serviços de saúde
devem orientar-se cada vez mais para a promoção da saúde. Estes serviços têm de adoptar um amplo man-
dato que seja sensível e que respeite as especificidades culturais. Devem apoiar os indivíduos e as comunida-
des na satisfação das suas necessidades para uma vida saudável e abrir canais de comunicação entre o sector
da saúde e os sectores social, político, económico e ambiental.
Reorientar os serviços de saúde exige também que se dedique uma atenção especial à investigação em saúde
e às alterações a introduzir na educação e formação dos profissionais. Tal perspectiva deve conduzir a uma
mudança de atitudes e de organização dos serviços de saúde, focalizando-os nas necessidades totais do indi-
víduo, enquanto pessoa, compreendido na sua globalidade.
Em Direcção ao Futuro: a saúde é criada e vivida pelas populações em todos os contextos da vida quoti-
diana: nos locais onde se aprende, se trabalha, se brinca e se ama. A saúde resulta dos cuidados que cada
pessoa dispensa a si própria e aos outros; do ser capaz de tomar decisões e de assumir o controlo sobre as
circunstâncias da própria vida; do assegurar que a sociedade em que se vive cria condições para que todos os
seus membros possam gozar de boa saúde.
Solidariedade, prestação de cuidados, holismo e ecologia são temas essenciais no desenvolvimento de estra-
tégias para a promoção da saúde. Em consequência, quem está envolvido neste processo deve considerar
como princípio orientador que as mulheres e os homens têm de ser tratados como parceiros iguais em todas
as fases de planeamento, implementação e avaliação das actividades de promoção da saúde.
Compromisso para a Promoção da Saúde – os participantes nesta Conferência comprometem-se a:
(1) intervir no domínio das políticas públicas saudáveis e advogar, em todos os sectores, um claro compromisso
político para a saúde e a equidade; (2) contrariar as pressões a favor dos produtos nocivos e da depleção de
recursos, das más condições de vida, dos meios insalubres e da má nutrição; e centrar a atenção em temas de
saúde pública, tais como a poluição, os riscos ocupacionais, as condições de habitação e os aglomerados
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populacionais; (3) combater as desigualdades em saúde, dentro e entre diferentes grupos sociais e comunida-
des; (4) reconhecer as pessoas e as populações como o principal recurso de saúde; apoiá-las e capacitá-las
para se manterem saudáveis, através de meios financeiros ou outros, e aceitar a comunidade como a voz
essencial em matéria de saúde, condições de vida e bem estar; (5) reorientar os serviços de saúde e o modo
como se organizam no sentido da promoção da saúde; partilhar o poder com outros sectores, outras discipli-
nas e, acima de tudo, com as próprias populações (6) reconhecer a saúde e a sua manutenção como o maior
investimento e desafio social e considerar os diferentes modos de vida numa perspectiva ecológica global.
A Conferência apela a todos os interessados para que se aliem ao seu compromisso, com vista à criação de
uma forte aliança em favor da saúde pública.
Apelo à Intervenção Internacional: a Conferência apela à Organização Mundial de Saúde e às outras organi-
zações internacionais que advoguem a promoção da saúde em todos os fóruns apropriados e apoiem os paí-
ses no desenvolvimento e implementação de estratégias e programas de promoção da saúde. Os participantes
na Conferência estão firmemente convictos que, se as pessoas de todos os meios – as organizações não
governamentais e de voluntariado, os governos, a Organização Mundial de Saúde e todas as outras instâncias
a quem tal diz respeito – se unissem e apresentassem estratégias para a promoção da saúde, em conformi-
dade com os valores morais e sociais que enformam a presente Carta, a Saúde Para Todos no Ano 2000 tor-
nar-se-ia uma realidade.
A roda
O modelo que utiliza uma roda (figura 1) é uma forma de representar as relações Homem-ambiente. A roda
consiste numa área central (o hospedeiro ou Homem) que tem o seu núcleo genético. Rodeando o hospedeiro
está o ambiente, esquematicamente dividido em três sectores: biológico, social e físico. Os tamanhos relativos
dos diferentes componentes da roda dependem da doença específica em causa. Nas doenças hereditárias o
núcleo genético está relativamente grande. Para uma infecção como o sarampo, o núcleo genético terá menos
importância; o estado imunitário do hospedeiro e o sector biológico do ambiente terão uma contribuição mais
importante.
O modelo da roda implica a necessidade de identificar múltiplos factores etiológicos da doença sem salientar o
agente da doença. Por exemplo, o modelo da roda não atribui ao vírus da raiva maior importância do que ao
animal reservatório da doença. Todavia, o modelo da roda não encoraja o delinear separado dos factores do
hospedeiro e do ambiente, uma distinção que é útil nas análises epidemiológicas.
Ambiente social
Ambiente Hospedeiro
biológico
Núcleo genético
Homem
Ambiente físico
Figura 1: O modelo da roda de interacções Homem-ambiente
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Pinto (2005) conclui do seu estudo com os rapazes adolescentes que vão ser pais que há uma maior ansie-
dade e uma baixa auto-estima destes quando comparados com adolescentes que não têm as namoradas grá-
vidas.
Por outro lado, Barret e Robison (1985), nos EUA, concluíram que, afinal, os pais adolescentes se envolvem
com a gravidez e o parto, se preocupam com a rapariga e se imaginam a cuidar do bebé. Tudo isto acompa-
nhado de vivências emocionais contraditórias e confusas, próprias do ser adolescente.
Trindade e Bruns (1996), no Brasil, e Pedro (2001), em Portugal, confirmaram a intensidade e conflitualidade
dos sentimentos dos adolescentes concomitante com o seu interesse pelo exercício da paternidade.
Podemos, pois, afirmar que o jovem adolescente que vai ser pai não se limita a uma passividade e a uma mera
presença no espaço de consulta; tem emoções em torno da gravidez da sua companheira, é participante no
processo gravídico e tem imaginário de paternidade. Sendo assim, todo o discurso da gravidez da adolescên-
cia tem de incluir toda a panóplia de problemáticas inerentes a este “lado masculino”.
Métodos de contracepção
Muitos são os métodos usados para prevenir ou para interromper a gravidez, incluindo métodos que impedem
a fecundação (métodos contraceptivos), que previnem a implantação do futuro embrião (DIU) ou que removem
o embrião ou o feto implantados (aborto). Muitas destas técnicas são bastante eficazes quando são adequada
e persistentemente utilizadas.
Métodos Comportamentais: a abstinência, ou abstenção de relações sexuais, é uma maneira segura de evi-
tar a gravidez, quando praticada com perseverança. Não é um método eficaz se for usado só ocasionalmente.
O coito interrompido consiste na retirada do pénis da vagina mesmo antes da ejaculação. Este é um método
para evitar a gravidez que não oferece nenhuma confiança, visto que requer uma perfeita consciência e von-
tade para retirar o pénis no momento correcto. Também ignora o facto de se encontrarem já alguns esperma-
tozóides nas emissões pré-ejaculatórias. O método do ritmo, ou abstinência periódica, requer a abstinência
de relações sexuais perto do período da ovulação. O principal factor do sucesso deste método é a capacidade
para predizer com exactidão o momento da ovulação. Embora o método do ritmo ofereça alguma protecção
contra a possibilidade de engravidar, não deixa de ter uma taxa relativamente alta de fracasso, devido tanto à
impossibilidade de prever a data da ovulação como à não abstenção perto do momento da ovulação.
Métodos barreira: o preservativo é uma membrana de origem animal, borracha ou látex. Aplicado sobre o
pénis erecto, o preservativo masculino funciona como uma barreira, pois o esperma é depositado dentro deste
e não na vagina. Os preservativos também protegem contra as doenças transmitidas sexualmente. O preser-
vativo feminino também actua como método de barreira. Pode ser colocado dentro da vagina pela mulher
antes do coito. Os outros métodos que impedem os espermatozóides de atingir o óvulo, uma vez depositados
na vagina, incluem a utilização de diafragma e os agentes espermicidas. O diafragma é uma calote de borracha
ou de plástico flexível que se coloca sobre o colo uterino, no interior da vagina, onde impede a passagem de
espermatozóides da vagina para o útero através do canal cervical. Os espermicidas mais frequentemente
utilizados são espumas ou cremes que destroem os espermatozóides. São inseridos na vagina antes da rela-
ção sexual. Quando usada, a combinação de preservativos com espumas ou cremes é muito mais eficaz do
que a utilização de cada método per se. As irrigações vaginais com espermicida, que removem e destroem os
espermatozóides, são algumas vezes utilizadas, mas a sua utilização, só por si, não é muito eficaz.
Amamentação: a amamentação impede a ocorrência do ciclo menstrual durante alguns meses após o nasci-
mento. Os potenciais de acção, enviados para o hipotálamo em resposta à sucção, são causadores da liberta-
ção de ocitocina e prolactina, também inibem a libertação de FSH e de LH pela adeno-hipófise. Portanto, a lac-
tação impede o desenvolvimento de folículos ováricos e a ovulação. No entanto, apesar da amamentação
contínua, os ciclos ovárico e uterino acabam por recomeçar. Porque a ovulação acontece antes da mens-
truação, o facto de confiar na amamentação para prevenir a gravidez não é garantia de eficácia.
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Métodos químicos: os estrogénios e a progesterona sintéticos sob a forma de contraceptivos orais (a pílula
do controlo da gravidez) suprimem eficazmente a fertilidade nas mulheres. Estas substâncias podem ter mais
do que uma acção, mas reduzem a libertação de LH e de FSH pela adeno-hipófise. Os estrogénios e a proges-
terona estão presentes em concentrações suficientemente elevadas para induzirem, sobre a hipófise, um efeito
de feedback negativo que vai impedir o grande aumento da secreção de LH e de FSH que desencadeia a ovu-
lação. Ao longo dos anos, a dose de estrogénios e de progesterona nas pílulas de controlo da natalidade tem
sido reduzida. As pílulas contraceptivas de baixa dosagem actuais têm menos efeitos colaterais do que as
anteriores. Existe um risco acrescido de enfarte do miocárdio ou de acidente vascular cerebral nas mulheres
utilizadoras de contraceptivos orais que fumam, são hipertensas ou têm perturbações da coagulação. Para a
maioria das mulheres, a pílula é eficaz e tem uma frequência mínima de complicações, pelo menos até aos
trinta e cinco anos. Os químicos semelhantes à progesterona, como a medroxiprogesterona (DepoProvera),
que por injecção intramuscular são libertados lentamente no sistema circulatório, podem actuar como contra-
ceptivos eficazes. Este grupo de químicos, injectados, pode prevenir a gravidez por um prazo até três meses,
dependendo da quantidade injectada. Um fino tubo de silicone contendo um químico semelhante à progeste-
rona, como o sistema Norplant, pode ser implantado sob a pele, usualmente no braço. Os químicos são len-
tamente libertados no sistema circulatório. Os implantes podem ser eficazes por períodos que podem atingir
até cinco anos. A menstruação normalmente não ocorre nas mulheres que usam este método contraceptivo,
visto que os níveis de progesterona são elevados. As vantagens, sobre os outros métodos químicos de con-
trolo da natalidade, dos químicos semelhantes à progesterona, injectados ou implantados, decorrem do facto
de deixar de ser necessária a toma diária da pílula. Os efeitos a longo prazo dos químicos semelhantes à pro-
gesterona ainda não foram tão exaustivamente estudados como o foram os das pílulas contraceptivas,
estando ainda a ser avaliados. Uma nova droga, a mifepristona (RU486), bloqueia a acção da progesterona,
causando a descamação do endométrio, como acontece no período da menstruação. Como bloqueia os
receptores da progesterona, o endométrio sofre alterações semelhantes às que são provocadas pela di-
minuição dos níveis de progesterona. Por conseguinte, pode ser utilizada para induzir a menstruação e reduzir
a possibilidade de nidação sempre que a relação sexual ocorreu perto da fase da ovulação. Também poderá
ser utilizada para interromper a gravidez. Existe ainda a pílula da manhã seguinte, de composição similar à da
pílula anticonceptiva. Por vezes, aconselha-se a tomar o dobro das pílulas, após uma relação sexual não prote-
gida, no espaço de três dias e, por vezes, novamente após mais 12 horas. Pode ser usada esta técnica ou ou-
tras semelhantes, após relações sexuais sem recurso a contraceptivos, mas a sua eficácia é de apenas 75%.
Os níveis elevados de estrogénio e progesterona podem, em alguns casos, inibir o pico pré-ovulatório da LH,
podem alterar a rapidez de transporte do ovo fertilizado da trompa para o útero ou inibir a implantação. O efeito
preciso de níveis elevados de substâncias semelhantes a estrogénio e progesterona depende do ponto do
ciclo menstrual em que são tomadas.
Métodos cirúrgicos: a vasectomia é um método vulgarmente utilizado para tornar os homens perma-
nentemente incapazes de fertilização, sem afectar o seu desempenho sexual. A vasectomia é uma intervenção
cirúrgica que consiste na secção e sutura do canal deferente de cada testículo no interior da bolsa escrotal.
Este processo impede os espermatozóides de passarem pelo canal deferente e ser parte do esperma. Como
só uma ínfima parte do esperma provém dos testículos e dos epidídimos, a vasectomia tem um efeito menor
sobre o volume de esperma ejaculado. Os espermatozóides são reabsorvidos no epidídimo. Um método
comum de controlo da natalidade permanente nas mulheres é a laqueação das trompas, um processo que
consiste no encerramento e secção ou na clampagem das trompas uterinas, através de uma incisão da parede
abdominal. É um processo que interrompe a passagem dos espermatozóides até ao óvulo. A laparoscopia, um
procedimento em que um instrumento especial é inserido na cavidade abdominal através de pequenas inci-
sões, é utilizada, habitualmente, de modo que só são necessárias pequenas incisões para efectuar a interven-
ção. Em alguns casos, a gravidez é interrompida por um processo cirúrgico designado por aborto. O método
mais frequentemente utilizado na execução do aborto é a inserção de um instrumento no útero, através do
colo uterino. O instrumento raspa a superfície do endométrio e ao mesmo tempo é feita uma forte sucção; o
endométrio e o embrião nele implantado são descolados e aspirados para fora do útero. Normalmente, esta
técnica só é utilizada quando a gravidez não atingiu o terceiro mês.
Prevenção da nidação: os dispositivos intra-uterinos (DIU) são inseridos no útero através do canal cervical e
impedem a implantação normal do embrião no endométrio. Alguns dos primeiros modelos de DIU produziam
graves efeitos colaterais, entre os quais a perfuração uterina, e, como consequência, muitos DIU foram retira-
dos do mercado. No entanto, hoje em dia, a utilização do DIU na prevenção da gravidez é considerada eficaz.
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Contracepção de Emergência
Contracepção de Emergência é um conjunto de métodos contraceptivos que podem ser utilizados depois de
uma relação sexual não protegida para prevenir um possível gravidez. O método mais conhecido e utilizado é o
hormonal – a pílula contraceptiva de emergência, também conhecida por pílula do dia seguinte.
A Contracepção de Emergência pode ser utilizada nas 72 horas que se seguem a uma relação sexual não pro-
tegida, se: (1) não foi utilizado qualquer método contraceptivo ou (2) houve falha ou erro na utilização de um
método contraceptivo: se o preservativo rompeu ou ficou retido na vagina; se houve falha do coito interrompido
(“se o cuidado falhou”); se houve erro no cálculo do período fértil (os “dias perigosos”); se o dispositivo se des-
locou; (3) em casos de relações sexuais forçadas (por exemplo, violação).
A Contracepção de Emergência não é abortiva. Actua de várias formas para prevenir uma gravidez, consoante
a altura do ciclo menstrual em que é tomada. Assim: (1) a Contracepção de Emergência pode impedir ou atra-
sar a ovulação (impedir a saída do óvulo do ovário da mulher); (2) a Contracepção de Emergência pode impedir
a fertilização (o encontro do óvulo com o espermatozóide); (3) a Contracepção de Emergência pode impedir a
implantação dum ovo na parede do útero, acontecimento que a ciência médica define como o início de uma
gravidez.
Se a mulher já estiver grávida, isto é, se o ovo já estiver implantado no útero, a Contracepção de Emergência é
totalmente ineficaz, embora não tenha qualquer efeito nocivo sobre o feto ou a gravidez.
A Contracepção de Emergência pode prevenir 3 de cada 4 gravidezes não desejadas. Evitando as gravidezes
não desejadas, ela reduz o recurso ao aborto. Contudo, não protege das Doenças de Transmissão Sexual
(DTS). Por isso, deve utilizar-se sempre preservativo, simultaneamente, para prevenir uma gravidez e uma DTS.
A Contracepção de Emergência pode ter efeitos desagradáveis, incluindo náuseas e por vezes vómitos. Algu-
mas mulheres também referem dores de cabeça, tensão mamária ou retenção líquida. Embora todos estes
efeitos não tenham qualquer gravidade sob o ponto de vista médico, desencorajam a utilização repetida da
Contracepção de Emergência como contracepção habitual.
Este método é também menos eficaz para prevenir uma gravidez e é mais caro do que a maior parte das for-
mas habituais de contracepção habitual, outros dois factores que desaconselham o seu uso de rotina.
O seu uso frequente não é recomendável, tanto pelos efeitos secundários que provoca quanto pela sua menor
eficácia contraceptiva em relação a outros métodos contraceptivos, não provocando, contudo, riscos para a
saúde das utilizadoras.
A Contracepção de Emergência é utilizada há cerca de 20 anos em muitos países do mundo e foi considerada
segura para a saúde da mulher pela Organização Mundial de Saúde e muitas outras Agências Mundiais de Saúde.
A Contracepção de Emergência deve estar disponível em: centros de saúde; consultas de planeamento fami-
liar; serviços de urgência; farmácias.
Algumas sugestões:
• Se não deseja uma gravidez, não tenha relações sexuais não protegidas. Use sempre um método con-
traceptivo.
• Vá anualmente ao seu médico de família, ginecologista ou consulta de planeamento familiar mais próxima.
• Se tiver algum problema ou dúvida sobre o método contraceptivo que está a utilizar, contacte rapidamente
um técnico que a esclareça, mas não interrompa a utilização do método.
• Se está a tomar medicamentos e a usar a pílula, informe-se junto do seu médico de família ou do seu farma-
cêutico se o medicamento pode interferir com a eficácia do método.
• Se é mãe ou pai de um(a) jovem adolescente, assegure-se que ela ou ele estão devidamente informados
sobre a necessidade de contracepção e os locais a que podem recorrer para a obter. Não vale a pena espe-
rar que não aconteça nada...
• Se tem uns dias de atraso, não interrompa a utilização do contraceptivo e faça rapidamente um teste de gravidez.
• Se é homem, não deixe para as mulheres uma responsabilidade que também é sua.
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Heredogramas
O heredograma constitui a melhor forma de proceder ao registo gráfico dos membros de uma família. A elabo-
ração de um heredograma começa com as informações dadas pelo propositus.
Gravidez em curso
Aborto espontâneo
1 1 Genótipo correspondente a loci
2 2 polimórficos
Interrupção voluntária da gravidez (IVG) de 3 3
feto do sexo feminino afectado 4 4
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Extracção de DNA
Toda a informação necessária para criar um organismo encontra-se no DNA. Esta molécula é usada durante o
período de vida de um organismo para fornecer instruções para milhões de processos celulares que ocorrem
constantemente. Para estudar o modo como essas informações são comunicadas à célula, a comunidade
científica isolou o DNA e estudou o modo de interacção do DNA com as proteínas e RNA. Este trabalho labora-
torial usa um processo semelhante ao utilizado pelos primeiros cientistas quando começaram com as investi-
gações sobre DNA. Para isolar o DNA, as células são fragmentadas e o DNA separado do conteúdo lipídico
das membranas da célula e dos organitos. Em seguida, o DNA é separado das proteínas. Contudo, é bom
realçar que nesta actividade se utilizam procedimentos e instrumentos muito simples que não permitem a
separação do DNA das proteínas e do RNA, mas possibilita a visualização do conteúdo nuclear, sob a forma
de filamentos brancos.
A actividade proposta remete, assim, para uma actividade prática simples, realizada a partir de produtos e
materiais comuns no dia-a-dia e que podem ser facilmente encontrados nas nossas cozinhas, de modo que os
alunos possam repetir o protocolo em casa.
A utilização de células do epitélio bucal proporciona uma actividade prática rápida e eficaz, uma vez que per-
mite a visualização do DNA sem a necessidade de recorrer a procedimentos complexos. Desta forma, os alu-
nos podem observar o seu próprio DNA. Para a realização desta actividade, os alunos devem conhecer a orga-
nização da célula e função dos organitos celulares.
No procedimento descrito, a adição do sal (NaCl) no início da experiência proporciona ao DNA um ambiente
favorável. O sal contribui com iões positivos que neutralizam a carga negativa do DNA. Numerosas moléculas
de DNA podem coexistir nessa solução. Já o detergente afecta as membranas, porque elas são constituídas
por lípidos. Com a rotura das membranas, o conteúdo celular, incluindo as proteínas e o DNA, soltam-se e dis-
persam-se na solução. O DNA não se dissolve no álcool, na concentração que usamos na nossa experiência.
Como resultado, o DNA aparece à superfície da solução ou precipita. O DNA é menos denso que a água e que
a mistura aquosa dos restos celulares. Assim, na nossa experiência ele surge à superfície da solução aquosa.
http://www.dbio.uevora.pt/LBM/Foco/Extraccao/Extraccao_DNA.html#_Toc485235127
Tipos de sexo
Para se compreenderem as ambiguidades sexuais, caberá referir as diferentes formas de definir o sexo indivi-
dual: cromossómico, gonádico, genital, somático, psicológico, social e legal.
O sexo cromossómico baseia-se na constituição cromossómica do indivíduo como resultado da determina-
ção sexual que ocorre no momento da fecundação. Pode ser 46, XX ou 46, XY.
O sexo gonádico tem a ver com a presença de testículos nos embriões 46, XY, por diferenciação dos esbo-
ços gonadais primordiais, mediada pela expressão do gene SRY (ou nos embriões 46, XX que sejam portado-
res do gene SRY), ou de ovários nos embriões 46, XX.
O sexo genital masculino resulta da diferenciação dos canais de Wolff em epidídimo, vesículas seminais e
canal deferente. O sexo genital feminino resulta da diferenciação dos canais de Müller em trompas, útero e
parte superior da vagina. A definição do sexo genital inclui também as estruturas anatómicas resultantes da
diferenciação dos esboços embrionários da genitália externa do pénis, escroto e próstata, no sexo masculino,
ou em clítoris, grandes lábios e pequenos lábios, no sexo feminino. Para que ocorra a diferenciação genital
masculina, é essencial que tenha havido diferenciação testicular, que se verifique a produção de testosterona e
que esta actue sobre as células-alvo, bem como o metabolismo da testosterona em diidrotestosterona. As
alterações do equilíbrio hormonal podem perturbar o normal desenvolvimento dos órgãos genitais, conduzindo
a ambiguidades sexuais.
O sexo somático é definido em função dos caracteres sexuais secundários. O seu desenvolvimento inicia-se
com a puberdade. No sexo masculino, a puberdade tem lugar por volta dos 12 a 13 anos, no ambiente hormo-
nal determinado pelo aumento da produção de androgéneos. Comporta o crescimento dos testículos e do
pénis, o início da actividade prostática e da produção de espermatozóides, o crescimento do sistema piloso
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TEXTOS DE APOIO
axilo-púbico e da barba, a mudança de voz para tom mais grave e a acentuação do desenvolvimento da cintura
escapular. No sexo feminino, a puberdade tem início mais precocemente do que no sexo masculino, em média
por volta dos 11 anos. Manifesta-se através do crescimento mamário e da pigmentação das auréolas mamárias,
o desenvolvimento do sistema piloso axilo-púbico (com morfologia púbica feminina), o desenvolvimento dos
genitais internos e externos, a acentuação da cintura pélvica e a menarca (início dos ciclos menstruais).
O sexo psicológico tem a ver com a auto-imagem. A identidade de cada indivíduo forma-se nos primeiros
anos de vida, conduzindo à auto-identificação de cada indivíduo como sendo do sexo masculino ou do sexo
feminino.
O sexo social diz respeito ao sexo que a sociedade atribui a cada indivíduo.
O sexo legal baseia-se nos dados registados nos documentos legais de identificação de cada indivíduo, no
que tem a ver com o sexo.
Regateiro, 2003: 330
1785 Primeiro nascimento humano confirmado, após inseminação artificial, executada pelo cirurgião escocês John Hunter.
Paolo Mantegazza propõe o congelamento de esperma humano para que os soldados mortos em combate pos-
1866
sam, ainda assim, deixar descendência.
É noticiada a fertilização de oócitos humanos no exterior do organismo. O anúncio é, mais tarde, posto em causa,
1944
mas constituiu o ponto de partida para novas investigações.
1954 Um tribunal de Ilinois (EUA) considera que a inseminação com esperma de um dador é adultério.
1960 A Food and Drug Administration (FDA) aprova a utilização da pílula anticoncepcional.
Robert Edwards e Patrick Steptoe implantam o embrião que se tornaria Louise Brown, o primeiro bebé proveta
1977
(FIV – fertilização in vitro).
1982 O Banco de Esperma da Califórnia disponibiliza esperma de dadores a mulheres solteiras ou divorciadas e lésbicas.
Primeira gravidez gerada a partir de ovos congelados. Contudo, os índices de sucesso desta técnica são ainda
1986
muito baixos.
Primeiras tentativas bem-sucedidas de diagnóstico genético pré-implantação (DGP), as quais estiveram na génese
1989
de nascimentos em 1990.
1997 Uma transferência citoplasmática tem como consequência o nascimento de uma criança com ADN de três adultos.
1999 Novos métodos de diagnóstico genético pré-implantação (DGP) podem diagnosticar anomalias cromossómicas.
2005 Um mulher de 66 anos torna-se a mulher mais idosa a dar à luz graças a esperma e oócitos de dadores.
NewScientist, 2574: 49
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TEXTOS DE APOIO
Temperatura em torno
Temperatura Termorreceptores Provavelmente terminações nervosas
das terminações nervosas
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TEXTOS DE APOIO
Sinapses eléctricas
Os impulsos são transmitidos de uma célula nervosa a outra nas sinapses, que consistem em junções onde o
axónio ou alguma outra parte de uma célula (célula pré-sináptica) termina nos dendritos, no soma ou no axónio
de outro neurónio ou, em alguns casos, numa célula muscular ou glandular (célula pós-sináptica). Na maioria
das junções sinápticas, a transmissão é química; o impulso no axónio pré-sináptico induz a secreção de um
neurotransmissor, como acetilcolina ou serotonina. Esse mediador químico liga-se aos receptores existentes na
superfície da célula pós-sináptica e essa ligação desencadeia eventos que abrem ou fecham canais existentes
na membrana da célula pós-sináptica. No entanto, em algumas junções, a transmissão é eléctrica, ao passo,
que num pequeno número de sinapses combinadas é tanto eléctrica quanto química. Seja como for, a trans-
missão não é uma simples transferência de potencial de acção da célula pré-sináptica para a pós-sináptica. Os
efeitos da descarga em cada terminação sináptica podem ser excitatórios ou inibitórios e, quando a célula pós-
-sináptica é um neurónio, a soma de todos os efeitos excitatórios e inibitórios é que determina se o potencial
de acção será gerado. Por conseguinte, a transmissão sináptica é um processo complexo que permite a gra-
dação e o ajuste da actividade neural necessária para a função normal.
Nas sinapses eléctricas, as membranas dos neurónios pré e pós-sinápticos estão em estreito contacto e for-
mam-se junções comunicantes (gap junction) entre as células. À semelhança das junções intercelulares obser-
vadas noutros tecidos, essas junções formam pontes de baixa resistência através das quais os iões passam
com relativa facilidade. Ocorrem sinapses eléctricas e mistas nos mamíferos, observando-se a ocorrência de
acoplamento eléctrico, por exemplo, entre alguns dos neurónios no núcleo vestibular lateral.
Nestas junções sinápticas eléctricas, o impulso que chega à terminação pré-sináptica gera um potencial pós-
-sináptico excitatório (PPSE) na célula pós-sináptica, que, em virtude da ligação de baixa resistência entre
ambas, tem uma latência muito mais curta que o PPSE gerado na sinapse onde a transmissão é química. Nas
sinapses mistas ocorre uma resposta de latência curta, bem como uma resposta pós-sináptica de latência
mais longa e mediada quimicamente.
Córtex auditivo
primário Área visual
associativa
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TEXTOS DE APOIO
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TEXTOS DE APOIO
da inibição da produção dos receptores LDL, o que favoreceria a produção de HDL e a depuração de coleste-
rol. A ingestão de gorduras insaturadas baixa a colesterolémia. A substituição na dieta das gorduras por glíci-
dos também pode baixar a colesterolémia. A American Heart Association recomenda que, num adulto, o
aporte calórico diário obtido a partir das gorduras não seja superior a 30% e que apenas 10% corresponda a
gorduras saturadas. A ingestão de colesterol não deve exceder os 300 mg/dia. Não se devem ingerir mais de
200 g de carne por dia, preferencialmente galinha, peixe ou carne magra. Apenas se devem comer dois ovos
por semana e o leite deve conter menos de 1% de gordura. Contudo, as crianças necessitam de maiores
quantidades de gordura para estimular um desenvolvimento cerebral normal, recomendando-se o consumo de
leite gordo. Também existem dados que apontam para o perigo nos adultos da redução drástica dos valores
da colesterolémia para níveis inferiores a 180 mg/100 ml. O colesterol é necessário para a estrutura normal das
membranas plasmáticas. Níveis de colesterol demasiadamente baixos podem conduzir a fragilidade da parede
dos vasos e aumentar o risco de ocorrência de hemorragia cerebral.
Um número reduzido de indivíduos tem uma disfunção genética que interfere com a produção ou funciona-
mento dos receptores LDL, o que conduz a uma má depuração dos LDL, determinando uma situação denomi-
nada por hipercolesterolémia familiar. Estes indivíduos desenvolvem normalmente aterosclerose prematura e
têm tendência a morrer de doença cardíaca ainda jovens. Nalguns tipos desta doença, o receptor de LDL não
é produzido; noutros, é produzido mas tem uma afinidade para com as LDL inferior ao normal. Existem ainda
outras situações em que o receptor se liga às LDL, mas o complexo receptor LDL não entra para a célula por
endocitose.
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TEXTOS DE APOIO
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TEXTOS DE APOIO
Quatro) a percentagem de alunos fumadores diários (8,7%) é maior no grupo de alunos cujas mães fumam do
que no grupo de alunos filhos de mães que não fumam (3,1%), sendo as diferenças estatisticamente significati-
vas.
Cinco) a influência do consumo de tabaco pelas mães parece ser mais importante do que o dos pais. Verifica-se
que a percentagem de alunos fumadores no grupo de filhos(as) de mães fumadoras é de aproximadamente
9%, enquanto no grupo de filhos(as) de mães não fumadoras essa percentagem é de cerca de 3%, ou seja,
três vezes menor. No grupo de filhos de pais fumadores a percentagem de alunos fumadores diários é de
cerca de 5%, sendo de 3% no grupo de filhos de não fumadores.
Seis) a percentagem de alunos fumadores é maior no grupo de alunos cujo pai fuma diária ou ocasionalmente
em casa do que no grupo de alunos filhos de pai fumador mas que não fuma em casa, sendo as diferenças
estatisticamente significativas.
Sete) a percentagem de alunos fumadores é maior no grupo de alunos cuja mãe fuma diária ou ocasionalmente
em casa do que no grupo de alunos filhos de mães fumadoras mas que não fumam em casa. Provavelmente,
com uma amostra maior esta diferença teria dado um valor estatisticamente significativo.
Os dados do estudo permitem concluir que o consumo de tabaco pelos pais/mães no domicílio é um impor-
tante factor microssocial de risco relacionado com o consumo de tabaco pelos filhos.
Por outro lado, os resultados revelam que uma percentagem elevada de alunos está exposta ao fumo ambien-
tal do tabaco pelo facto de um dos familiares (pai, mãe ou irmão) fumar dentro de casa.
A via mais eficaz de proteger as crianças da exposição ao fumo passivo no domicílio é promover a cessação
do tabagismo nos pais dos alunos ou, pelo menos, sensibilizá-los para não fumarem em casa.
Os pais devem, assim, ser o “alvo” principal das acções de prevenção e, sobretudo, de tratamento do taba-
gismo. Os profissionais de saúde têm um papel fundamental em controlar o tabagismo dos pais para evitar o
“contágio” e reduzir a exposição dos conviventes ao fumo ambiental do tabaco.
O diagnóstico e tratamento do tabagismo devem merecer dos profissionais de saúde o mesmo envolvimento
que estes têm em relação a outros factores de risco, até porque neste momento existem várias abordagens
demonstradamente eficazes no que respeita à cessação do tabagismo. Tal como já fazem um diagnóstico e
tratamento de outras patologias (hipertensão, dislipidemias, obesidade, etc.), os profissionais de saúde devem
cada vez mais diagnosticar e tratar a população fumadora.
A negligência do sistema de saúde em relação a este problema custa um preço elevado em termos de doença
evitável, vidas perdidas e custos económicos que já nada justifica, pois na última década foram desenvolvidos
métodos terapêuticos eficazes para o tratamento da dependência tabágica.
Os médicos de família, os médicos de trabalho, os pediatras, os pneumologistas, os ginecologistas e outros
profissionais devem convencer os pais a deixar de fumar pelos seguintes motivos: a) para não prejudicarem a
sua e a saúde dos filhos no caso de fumarem em casa; b) para deixarem de constituir um mau exemplo para
os filhos; c) para terem maior autoridade para recomendar a adopção de comportamentos saudáveis, em
geral, e de não fumar, em particular; d) para criarem um ambiente de apoio, passivo e activo, às acções de
prevenção antitabágicas desenvolvidas na escola; e) para melhorarem o rendimento económico do agregado
familiar.
A escola tem também um papel importante na prevenção do consumo de tabaco pelos pais, sobretudo no que
se refere ao consumo domiciliário.
O envolvimento dos pais de crianças escolarizadas na Promoção e Educação para a Saúde poderá ser feito
pelo director de turma, através da organização de reuniões, colóquios ou outras actividades na escola. Outra
forma de atingir os pais, que por motivos vários não participam nas acções promovidas pela escola, é por meio
de correspondência. O envio de cartas ou panfletos pode ser uma via eficiente de envolver os pais nos esfor-
ços preventivos.
Os jornais escolares são também uma via potencial para atingir os pais. Muitos encarregados de educação não
lêem jornais diários ou semanários, mas lêem certamente as publicações escolares, pois sabem que podem ter
notícias relevantes sobre as actividades realizadas na escola dos seus filhos. A mensagem a enviar aos pais é a
de que não devem fumar pelo menos na presença dos filhos, jamais o devem fazer em casa pelos prejuízos que
causam aos conviventes e às crianças em particular e que devem ter uma atitude negativa em relação ao possí-
vel consumo pelos filhos. É importante, também, que os acompanhem nas suas actividades e que controlem o
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TEXTOS DE APOIO
dinheiro que lhes dão. Esta mensagem pode ser passada igualmente pelos próprios alunos (filhos ou educan-
dos) através do seu envolvimento em campanhas organizadas na escola, por exemplo, no âmbito da disciplina
de Formação Cívica ou na Área de Projecto. É também uma forma de ensinar os alunos a participar na vida
social e comunitária. As Associações de Pais devem ajudar a escola nos seus esforços preventivos, organizando
jornadas de sensibilização para os pais dos alunos.
Polinsaturados Não elevam os níveis de cotesterol sanguíneo. Óleos vegetais (milho, girassol, soja,
sésamo), frutos secos e gordura de
Exemplo: Ómega 3 (ácido Indicado como possuindo um papel protector constituição de carnes brancas (aves).
gordo polinsaturado essencial – contra doenças do coração. Peixes “gordos”, como a sardinha, o
não produzido pelo organismo). salmão e a cavala.
Fazer parte da estrutura das membranas celula- Existe apenas em produtos de origem
res. animal: carnes, leites e queijos “gordos”,
Colesterol próprio dos alimentos Necessário para a formação dos ácidos da bílis, manteiga, aves (pele), produtos de char-
vitamina D e hormonas. Aumenta os níveis de cutaria/salsicharia, órgãos e vísceras,
colesterol sanguíneo. mariscos e ovo (gema).
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TEXTOS DE APOIO
Conteúdo do rótulo
O rótulo é o “Bilhete de Identidade” de um produto, por isso, para além da função publicitária, o rótulo deve ser
fundamentalmente um meio de informação que facilita ao consumidor uma escolha adequada e uma actuação
correcta na conservação e consumo do produto. Assim, as indicações devem ser completas, verdadeiras e
esclarecedoras quanto à composição, qualidade, quantidade, validade ou demais características que entrem
na composição do produto.
A rotulagem corresponde ao conjunto de menções e indicações, inclusive imagem e marca de fabrico ou de
comércio, respeitantes ao produto alimentar que figuram sobre a embalagem em rótulo, etiqueta, cinta, gar-
gantilha, letreiro de documento, acompanhando ou referindo-se ao respectivo produto. É obrigatório que o
rótulo contenha: (1) denominação de venda – designação do produto pelo seu nome (bolacha, carne, gelado,
ovos, etc.). Não pode ser dissimulada, encoberta ou substituída por marca de comércio ou designação de fan-
tasia. Sempre que o consumidor possa ser induzido em erro, a denominação de venda deve incluir indicação
do estado físico do produto ou do tratamento específico a que foi submetido (fumado, concentrado, reconsti-
tuído, congelado, liofilizado, etc.); (2) a lista de ingredientes e aditivos deve ser elaborada por ordem decres-
cente das quantidades; (3) quantidade líquida ou quantidade de produto contido na embalagem expresso em
volume (litro) ou em massa (quilograma); (4) data de durabilidade mínima ou data-limite de consumo, ou seja, a
data até à qual o produto alimentar conserva as suas propriedades específicas nas condições de conservação
apropriadas. A data de durabilidade mínima deve constar sempre na embalagem e ter a seguinte designação:
“consumir de preferência antes de”. A data-limite de consumo também é obrigatória e é representada pela ins-
crição: “Consumir até”. Nos produtos que duram menos de 3 meses: o mês e o dia. Nos produtos que duram
entre 3 e 18 meses: o ano e o mês. Nos produtos que duram mais de 18 meses: o ano; (5) condições espe-
ciais de conservação, utilização e modo de emprego, quando os produtos careçam de especiais cuidados de
conservação ou utilização e o seu modo apropriado exija indicações especiais; (6) região de origem, quando a
sua omissão seja susceptível de induzir o comprador em erro quanto à real origem do produto (exemplo: vinho
do Porto, pão de Mafra); (7) indicação que permita identificar o lote ao qual pertence o alimento. Nome, firma
ou denominação social e morada do produtor, importador ou armazenista, retalhista ou outro vendedor, con-
forme a entidade responsável pelo lançamento do produto no mercado.
Estão isentos da indicação da data de durabilidade mínima o açúcar, o vinho, os frutos e hortícolas frescos, o
sal, o vinagre, os bolos de pastelaria, os gelados, etc. Estão isentos da indicação da quantidade líquida os pro-
dutos vendidos à peça ou pesados à vista do comprador e sujeitos a perdas consideráveis da sua massa ou
volume (exemplo: alguns tipos de queijo e fruta), os produtos cuja quantidade líquida é inferior a 5 g ou 5 ml,
com excepção das especiarias e das plantas aromáticas, os produtos habitualmente vendidos por números de
unidades, desde que esse número possa facilmente ser contado do exterior ou indicado no respectivo rótulo.
(exemplo: ovos).
É obrigatório que o rótulo seja: (1) escrito em português ou, sendo noutra língua, totalmente traduzido. Excep-
tua-se a denominação de venda quando se possa traduzir, ou seja, internacionalmente consagrada; (2) escrito
em caracteres indeléveis facilmente visíveis e legíveis, em local de evidência e redigidos em termos concretos,
claros e precisos, não podendo ser dissimulados ou separados por outras menções ou imagens.
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