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TEXTOS DE APOIO

Introdução ao conceito de qualidade de vida


Historicamente, desde os anos 60 do século XX, que a expressão qualidade de vida tem sido utilizada de
forma cada vez mais frequente. No entanto, enquanto conceito científico pode revelar-se ambíguo, a não ser
que seja objecto de uma definição precisa (Wolfensberger, 1994). Alguns autores (Fleck, 1999a; Noll, 2000)
indicam que a sua origem tem raízes no contexto político, apontando como referência o discurso do Presidente
americano Lyndon Johnson, que, em 1964, referiu que “o progresso social não pode ser medido através do
balanço dos bancos mas através da qualidade de vida proporcionada às pessoas”.
O interesse pela qualidade de vida (QDV) surgiu igualmente ligado aos sistemas de indicadores sociais (Cummins,
2000; Rapley, 2003), em que prevalecia uma abordagem essencialmente economicista que analisava o cresci-
mento económico das sociedades através da evolução do respectivo PIB ou do rendimento per capita.
A evolução do conceito de QDV tem-se encontrado também associada a diversos referenciais teóricos que reflec-
tem conceitos como: satisfação com a vida, felicidade, existência com significado e bem-estar subjectivo, na gene-
ralidade dos casos utilizados indiscriminadamente como sinónimos (Frisch, 2000; Taillefer, Dupuis, Roberge & Le
May, 2003). Este facto tem contribuído para dificultar a delimitação científica do conceito. No entanto, ainda que
relacionados, estas designações são estruturalmente diferentes do conceito de qualidade de vida (Frisch, 2000).
O interesse e aplicabilidade da expressão QDV na área da saúde decorre sobretudo da definição de Saúde
assumida pela Constituição da Organização Mundial de Saúde – OMS (1948) como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença. Esta definição implica que
as iniciativas de promoção de saúde não sejam apenas dirigidas ao controlo de sintomas, diminuição da mor-
talidade ou aumento da expectativa de vida, mas valorizando igualmente aspectos como o bem-estar e a quali-
dade de vida. Sendo assim, na literatura clínica termos como “estado de saúde”, “impacto da doença”, “invali-
dação da doença” surgem associados, de forma directa ou inversa, à qualidade de vida, contribuindo para a
confusão conceptual.
Devido ao facto da QDV ser estudada em diversos contextos e em diferentes populações, têm sido utilizados diver-
sos indicadores para a avaliar. De uma forma geral, cada definição reflecte o contexto e os indicadores estudados.
Como refere Feinstein (1987, cit. por Taillefer, Dupuis, Roberge & Le May, 2003), the idea [of QoL] has became a kind
of umbrella under which are placed many different indexes dealing with whatever the user wants to focus on (p. 294).
Foi neste contexto, de simultânea relevância e de falta de precisão conceptual do conceito de qualidade de
vida, ao qual correspondia uma proliferação de instrumentos de avaliação, muitos deles sem base conceptual e
a maioria ancorados na cultura americana, que, no início da década de 90, a OMS reuniu um conjunto de peri-
tos pertencentes a diferentes culturas (WHOQOL Group) com o objectivo de debater o conceito de QDV e,
subsequentemente, construir um instrumento para a sua avaliação: o WHOQOL.
A definição de qualidade de vida foi a primeira preocupação do WHOQOL Group (1994). Logo nos primeiros
documentos do Grupo, QDV surge definida como a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, den-
tro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objectivos,
expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL Group, 1994, p. 28). Esta definição explicita uma concepção
abrangente de QDV, influenciada de forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de indepen-
dência, relações sociais, crenças pessoais e suas relações com aspectos do meio envolvente em que o indiví-
duo está inserido (WHOQOL Group, 1995).
A coerência entre a definição dada e o instrumento de avaliação construído está bem patente na estrutura mul-
tidimensional do WHOQOL. Este instrumento foi construído de acordo com uma metodologia própria (WHO-
QOL Group, 1994, 1995) que alguns de nós descrevemos de forma mais pormenorizada em artigos anteriores
(Canavarro et al., no prelo; Rijo et al., no prelo). Composto por seis domínios (físico, psicológico, nível de inde-
pendência, relações sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/crenças pessoais), em cada um, várias
facetas da qualidade de vida sintetizam o domínio particular de qualidade de vida em que se inserem, num total
de 24 facetas específicas e uma de QDV geral. Cada faceta do WHOQOL pode ser caracterizada como uma
descrição de um comportamento, um estado, uma capacidade ou uma percepção ou experiência subjectiva.
A primeira versão em língua portuguesa do WHOQOL-100 foi desenvolvida para Português do Brasil, em Porto
Alegre (Fleck et al., 1999a, 1999b, 2000). A versão em Português de Portugal encontra-se actualmente tam-
bém disponível (Canavarro et al., no preloa; Canavarro et al., no prelob; Rijo et al., no prelo; Vaz Serra et al., no
preloa; Vaz Serra et al., no prelob).
Canavarro et al., 2005: 1

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TEXTOS DE APOIO

Indicadores de avaliação da saúde e estado de saúde das populações


Uma das preocupações da investigação em saúde é o desenvolvimento ou melhoria de indicadores que pos-
sam suportar a monitorização da saúde e/ou dos factores de risco, relacionando-os, sempre que possível, com
as condições do meio ambiente (físico e social).
Os indicadores são unidades de medida seleccionadas que têm como finalidade representar uma determinada
área de interesse, neste caso a relação entre o ecossistema ou ambiente físico e social e a saúde humana. O
resultado final da sua utilização são modelos ambientais, scores de medição da saúde humana ou do bem-
-estar. É indispensável definir com clareza quais os indicadores que nos podem oferecer uma leitura da reali-
dade, em termos de causas de morte ou estado de saúde (directamente através da percepção individual ou
indirectamente pela análise de taxas de morbilidade, mortalidade, etc.) e bem-estar e a sua relação com os
factores de risco. Os indicadores devem ser acessíveis, representativos, válidos e de confiança, devendo igual-
mente ser desagregáveis e comparáveis ao longo de diferentes séries físicas (espaço) e cronológicas (tempo).
Por vezes, os indicadores utilizados apenas nos revelam uma parte da realidade. Por exemplo, quando se uti-
liza a mortalidade padronizada com o objectivo de conhecer a saúde da população, deve ter-se em conta que
se trata de um indicador grosseiro que funciona pela negativa, revelando, apenas parcialmente, as condições
de incidência da doença ou do estado de saúde.
Em 1994 foi apresentado pela Community Health Profile (Working Group, Ontario Ministry of Health) um docu-
mento onde foram examinadas várias características relativas aos indicadores em saúde: 1. a integridade dos
dados (composição dos registos, natureza das amostras dos inquéritos); 2. os objectivos dos códigos geográ-
ficos (código postal vs subdivisão dos censos); 3. a confidencialidade e acesso aos dados; 4. a discrepância
dos dados. Este documento contribuiu quer para a definição dos indicadores relevantes, quer para a constru-
ção das bases de dados de suporte. Daqui resulta, por exemplo, a necessidade dos indicadores relativos à
morbilidade e à mortalidade serem mais trabalhados. Por um lado, adaptando e melhorando o actual sistema
de informação dos serviços de saúde (i.e. rigor no preenchimento, uniformização na codificação, etc.) e, por
outro lado, redesenhando os inquéritos de saúde e os relatórios de resultados no sentido de incluir um con-
junto mais largo de determinantes, incluindo os factores de risco do ambiente psicossocial. Os cientistas
sociais e os planeadores também necessitam de fazer ligações, com carácter retrospectivo, com os factores
relacionados com a vida dos indivíduos (percursos profissionais, mudança(s) de residência, comportamentos
ao longo de um período temporal com significado: 10 a 50 anos) e os factores de exposição (individuais e ou
da comunidade). Só assim o trabalho dos investigadores se torna proveitoso e é possível desenvolver indi-
cadores relativos à espacialização da saúde humana.
Tem sido feito um grande esforço para melhorar os indicadores ao nível da sua alimentação, isto é, na melhoria
da recolha da informação a utilizar e ao nível da sua composição, reconhecendo-se a necessidade de desen-
volver novos indicadores que possam retratar mais claramente a relação entre o meio ambiente e a saúde
humana. Até agora os cientistas naturais têm tido um contributo substancial na medição dos factores de risco
na saúde (morte) das populações. Todavia, a ligação entre as condições ambientais de risco e a saúde
humana necessita de ser reforçada com indicadores que tenham esse propósito ou sejam desenhados com
esse objectivo específico. Nesse sentido, Cole e outros (1998) referem que, para os indicadores terem capaci-
dade de fornecer informação consistente, devem ser divididos em variáveis, fazendo alusão explícita ao traba-
lho desenvolvido em 1973 pela OCDE, em que são identificados vários tipos de desagregação: idade, sexo,
etnia, religião, características de bem-estar (anos de educação, rendimento da família), características contex-
tuais (dimensão da comunidade, tipo de ocupação), etc.. Se os indicadores forem semelhantes, é possível a
sua comparabilidade em séries espaciais e temporais, permitindo o estudo da associação entre os resultados
em saúde e as condições do meio, em diferentes lugares e/ou tempos.

Santana, 2005: 48

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Diabetes mellitus
A diabetes mellitus é, fundamentalmente, o resultado da secreção inadequada de insulina ou da incapacidade
dos tecidos para responder à insulina. A diabetes mellitus insulinodependente (DMID), também chamada
diabetes mellitus tipo l, afecta aproximadamente 3% das pessoas com diabetes e é causada pela diminuição
da secreção de insulina. Desenvolve-se em resultado da destruição auto-imune dos ilhéus pancreáticos e os
sintomas surgem após a destruição de aproximadamente 90% deles. Normalmente, a DMID desenvolve-se
com maior frequência nos jovens. Embora a hereditariedade possa ter algum papel no desenvolvimento da
situação, o início da destruição dos ilhéus pancreáticos pode estar relacionado com uma infecção viral do pân-
creas.
A diabetes mellitus não insulinodependente (DMNID), também designada por diabetes mellitus tipo ll,
resulta da incapacidade dos tecidos para responder à insulina. A DMNID declara-se, geralmente, em pessoas
com mais de 40-45 anos, embora a idade de instalação da doença varie consideravelmente. A doença é afec-
tada por uma forte componente genética, mas a sua verdadeira etiologia é desconhecida. Uma hormona peptí-
dica, chamada leptina, produzida pelas células adiposas, parece diminuir a resposta dos tecidos-alvo à insulina.
É possível que a produção excessiva de substâncias como esta seja responsável pela DMNID. Em alguns casos,
podem existir receptores de insulina anormais ou anticorpos que se liguem a uma receptor de insulina deterio-
rado ou, noutros casos, podem ocorrer anomalias nos mecanismos que activam os receptores de insulina.
A DMNID é mais comum que a DMID. Aproximadamente 97% dos diabéticos têm DMNID. O número reduzido
de receptores funcionais de insulina torna a absorção de glicose pelas células muito lenta, o que origina níveis
de glicemia elevados após as refeições. Os doentes com DMNID são normalmente obesos, embora tal não
seja universal. Os níveis elevados de glicemia fazem com que as células adiposas convertam a glicose em gor-
dura, ainda que a velocidade com que as células adiposas absorvem a glicose esteja reduzida. O aumento da
glicemia e da produção de urina conduzem à hiperosmolalidade do sangue e desidratação celular. O uso redu-
zido de nutrientes e a desidratação celular provocam letargia, fadiga e períodos de irritabilidade. Os níveis
elevados de glicemia originam infecções recorrentes e prolongam a cicatrização.
Os doentes com DMNID não sofrem de grandes aumentos súbitos da glicemia nem de destruição tecidular
grave, porque a captação lenta de glicose continua a ocorrer, ainda que os receptores de insulina sejam defei-
tuosos. Em algumas pessoas com DMNID, a produção de insulina pode diminuir porque as células dos ilhéus
pancreáticos atrofiam e, assim, desenvolvem concomitantemente DMID. Aproximadamente 25% a 30% de
doentes com DMNID são tratados com insulina, 50% fazem medicação oral para aumentar a secreção de insu-
lina e a eficiência da utilização da glicose; os restantes controlam os níveis de glicemia com exercício e dieta.
As provas de tolerância à glicose são usadas para diagnosticar a diabetes mellitus. Em geral, consistem na
ingestão de grandes quantidades de glicose depois de um período de jejum. São colhidas amostras de sangue
durante várias horas e os casos em que a elevação dos níveis de glicemia é persistente são fortemente sugesti-
vos de que a pessoa sofre de diabetes mellitus.
Demasiada insulina em relação à quantidade de glicose ingerida conduz a uma situação de choque insulínico.
Níveis altos de insulina fazem com que os tecidos-alvo absorvam glicose muito rapidamente. Como resultado,
os níveis de glicemia caiem rapidamente para níveis baixos. Dado que o sistema nervoso depende da glicose
como principal fonte de energia, os neurónios funcionam mal devido a uma falta de energia metabólica. O
resultado é uma série de respostas do sistema nervoso, tais como desorientação, confusão mental e convul-
sões. A administração de demasiada insulina, a ingestão de alimentos em quantidade insuficiente após uma
injecção de insulina ou um aumento do metabolismo da glicose devido ao excesso de exercício realizado por
um doente diabético podem desencadear choque insulínico.
Informações recentes apontam para que as lesões causadas nos vasos sanguíneos e a redução da actividade
nervosa podem ser minoradas em todos os diabéticos se a glicemia for mantida sempre dentro dos limites nor-
mais. Contudo, manter a glicemia dentro de limites normais em todos os momentos requer atenção acrescida
ao regime alimentar e determinações frequentes da glicemia, e aumenta a probabilidade de sofrer de hipoglice-
mia, a qual provoca sintomas de coma insulínico. Uma dieta rigorosa e uma rotina de exercício são muitas
vezes componentes eficazes da estratégia do tratamento para a diabetes mellitus; em muitos casos, a dieta e o
exercício são adequados para controlar a DMNID.

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 635 (adaptado)

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Carta de Otava para a Promoção da Saúde


Promoção da Saúde: A Promoção da Saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e
das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas
aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio. Assim, a saúde é enten-
dida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida.
A saúde é um conceito positivo que acentua os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas.
Em consequência, a Promoção da Saúde não é uma responsabilidade exclusiva do sector da saúde, pois
exige estilos de vida saudáveis para atingir o bem-estar.
Pré-requisitos para a Saúde: As condições e recursos fundamentais para a saúde são: paz, abrigo, educa-
ção, alimentação, recursos económicos, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.
A melhoria da saúde decorre da garantia destas condições básicas.
Advogar: a saúde é um recurso da maior importância para o desenvolvimento social, económico e pessoal e
uma dimensão importante da qualidade de vida. No seu conjunto, os factores políticos, económicos, sociais,
culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem ser favoráveis ou nocivos à saúde. A promoção da
saúde visa tornar estes factores favoráveis à saúde, por meio da advocacia da saúde.
Capacitar: a promoção da saúde centra-se na procura da equidade em saúde.
A promoção da saúde pretende reduzir as desigualdades existentes nos níveis de saúde das populações e
assegurar a igualdade de oportunidades e recursos, com vista a capacitá-las para a completa realização do
seu potencial de saúde. Para atingir este objectivo, torna-se necessária uma sólida implantação num meio
favorável, acesso à informação, estilos de vida e oportunidades que permitam opções saudáveis. As popula-
ções não podem realizar totalmente o seu potencial de saúde sem que sejam capazes de controlar os factores
que a determinam. Este princípio deve aplicar-se igualmente às mulheres e aos homens.
Mediar: as condições básicas e as expectativas face à saúde não podem ser asseguradas unicamente pelo
Sector da Saúde. Acima de tudo, a promoção da saúde exige uma acção coordenada de todos os intervenien-
tes: governos, sectores da saúde, social e económico, organizações não governamentais e de voluntários,
autarquias, empresas, comunicação social. As populações de todos os meios devem ser envolvidas enquanto
indivíduos, famílias e comunidades.
Aos grupos profissionais e sociais e aos profissionais da saúde incumbe a maior responsabilidade na mediação
dos diferentes interesses da sociedade na prossecução da saúde.
As estratégias e programas de promoção da saúde deverão ser adaptados às necessidades locais e às possi-
bilidades de cada país e região, considerados os diferentes sistemas sociais, culturais e económicos.
Intervir em Promoção da Saúde significa: Construir Políticas Saudáveis. A promoção da saúde está para
além da prestação de cuidados de saúde. Inscreve a saúde na agenda dos decisores políticos, em todos os
sectores e a todos os níveis, consciencializando-os das consequências para a saúde das suas decisões e
levando-os a assumir as responsabilidades neste campo.
Uma política de promoção da saúde combina diversas abordagens complementares, incluindo a legislação, as
medidas fiscais, os impostos e as mudanças organizacionais.
A acção coordenada que leva à saúde, ao rendimento e às políticas sociais cria maior equidade. A acção con-
junta contribui para garantir bens e serviços mais seguros e saudáveis, instituições públicas mais saudáveis,
ambientes limpos e mais aprazíveis.
Uma política de promoção da saúde exige a identificação de obstáculos para a adopção de políticas públicas
em sectores não estritamente de saúde e propostas para os ultrapassar. O objectivo é que as opções saudá-
veis se tornem as mais fáceis para os responsáveis políticos.
Criar Ambientes Favoráveis: as nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Não se pode isolar a
saúde de outros interesses. Os elos indissolúveis entre a população e o seu meio constituem a base para uma
abordagem socioecológica da saúde.
O princípio orientador a nível mundial das nações, das regiões e das comunidades é a necessidade de encora-
jar os cuidados mútuos – cuidar uns dos outros, das comunidades e do ambiente natural. É preciso assegurar
a conservação dos recursos naturais do planeta, numa perspectiva de responsabilidade global.

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A alteração dos padrões de vida, do trabalho e dos tempos livres tem tido um impacte significativo na saúde. O
trabalho e os tempos livres deveriam ser uma fonte de saúde para as populações. A maneira como a socie-
dade organiza o trabalho deveria ajudar a criar uma sociedade saudável. A promoção da saúde gera condições
de vida e de trabalho seguras, estimulantes, satisfatórias e agradáveis.
É essencial avaliar sistematicamente o impacte que o ambiente, em rápida evolução, tem na saúde – particular-
mente nas áreas da tecnologia, do trabalho, da produção de energia e da urbanização. Desta avaliação deve-
rão decorrer acções que assegurem benefícios positivos para a saúde pública. A protecção dos ambientes
naturais ou criados pelo Homem e a conservação dos recursos naturais devem ser tidos em conta em qual-
quer estratégia de promoção da saúde.
Reforçar a Acção Comunitária: a promoção da saúde desenvolve-se através da intervenção concreta e efec-
tiva na comunidade, estabelecendo prioridades, tomando decisões, planeando estratégias e implementando-as
com vista a atingir melhor saúde. No centro deste processo encontra-se o reforço do poder (empowerment)
das comunidades, para que assumam o controlo dos seus próprios esforços e destinos. O desenvolvimento
das comunidades cria-se a partir dos seus recursos materiais e humanos, com base na auto-ajuda e no
suporte social, no desenvolvimento de sistemas flexíveis que reforcem a participação pública e orientem para a
resolução dos problemas de saúde. Tudo isto exige um acesso pleno e contínuo à informação, oportunidades
de aprendizagem sobre saúde, para além de suporte financeiro.
Desenvolver Competências Pessoais: a promoção da saúde pressupõe o desenvolvimento pessoal e social,
através da melhoria da informação, educação para a saúde e reforço das competências que habilitem para
uma vida saudável. Deste modo, as populações ficam mais habilitadas para controlar a sua saúde e o
ambiente e fazer opções conducentes à saúde.
É fundamental capacitar as pessoas para aprenderem durante toda a vida, preparando-as para as suas dife-
rentes etapas e para enfrentarem as doenças crónicas e as incapacidades. Estas intervenções devem ter lugar
na escola, em casa, no trabalho e nas organizações comunitárias e ser realizadas por organismos educacio-
nais, empresariais e de voluntariado e dentro das próprias instituições.
Reorientar os Serviços de Saúde: no que se refere ao sector da saúde, a responsabilidade da promoção da
saúde deve ser partilhada com os indivíduos, grupos comunitários, profissionais e instituições de saúde e com
os governos. Todos devem trabalhar em conjunto pela criação de um sistema de cuidados de saúde que con-
tribua para a prossecução da saúde.
Para além das suas responsabilidades na prestação de cuidados clínicos e curativos, os serviços de saúde
devem orientar-se cada vez mais para a promoção da saúde. Estes serviços têm de adoptar um amplo man-
dato que seja sensível e que respeite as especificidades culturais. Devem apoiar os indivíduos e as comunida-
des na satisfação das suas necessidades para uma vida saudável e abrir canais de comunicação entre o sector
da saúde e os sectores social, político, económico e ambiental.
Reorientar os serviços de saúde exige também que se dedique uma atenção especial à investigação em saúde
e às alterações a introduzir na educação e formação dos profissionais. Tal perspectiva deve conduzir a uma
mudança de atitudes e de organização dos serviços de saúde, focalizando-os nas necessidades totais do indi-
víduo, enquanto pessoa, compreendido na sua globalidade.
Em Direcção ao Futuro: a saúde é criada e vivida pelas populações em todos os contextos da vida quoti-
diana: nos locais onde se aprende, se trabalha, se brinca e se ama. A saúde resulta dos cuidados que cada
pessoa dispensa a si própria e aos outros; do ser capaz de tomar decisões e de assumir o controlo sobre as
circunstâncias da própria vida; do assegurar que a sociedade em que se vive cria condições para que todos os
seus membros possam gozar de boa saúde.
Solidariedade, prestação de cuidados, holismo e ecologia são temas essenciais no desenvolvimento de estra-
tégias para a promoção da saúde. Em consequência, quem está envolvido neste processo deve considerar
como princípio orientador que as mulheres e os homens têm de ser tratados como parceiros iguais em todas
as fases de planeamento, implementação e avaliação das actividades de promoção da saúde.
Compromisso para a Promoção da Saúde – os participantes nesta Conferência comprometem-se a:
(1) intervir no domínio das políticas públicas saudáveis e advogar, em todos os sectores, um claro compromisso
político para a saúde e a equidade; (2) contrariar as pressões a favor dos produtos nocivos e da depleção de
recursos, das más condições de vida, dos meios insalubres e da má nutrição; e centrar a atenção em temas de
saúde pública, tais como a poluição, os riscos ocupacionais, as condições de habitação e os aglomerados

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populacionais; (3) combater as desigualdades em saúde, dentro e entre diferentes grupos sociais e comunida-
des; (4) reconhecer as pessoas e as populações como o principal recurso de saúde; apoiá-las e capacitá-las
para se manterem saudáveis, através de meios financeiros ou outros, e aceitar a comunidade como a voz
essencial em matéria de saúde, condições de vida e bem estar; (5) reorientar os serviços de saúde e o modo
como se organizam no sentido da promoção da saúde; partilhar o poder com outros sectores, outras discipli-
nas e, acima de tudo, com as próprias populações (6) reconhecer a saúde e a sua manutenção como o maior
investimento e desafio social e considerar os diferentes modos de vida numa perspectiva ecológica global.
A Conferência apela a todos os interessados para que se aliem ao seu compromisso, com vista à criação de
uma forte aliança em favor da saúde pública.
Apelo à Intervenção Internacional: a Conferência apela à Organização Mundial de Saúde e às outras organi-
zações internacionais que advoguem a promoção da saúde em todos os fóruns apropriados e apoiem os paí-
ses no desenvolvimento e implementação de estratégias e programas de promoção da saúde. Os participantes
na Conferência estão firmemente convictos que, se as pessoas de todos os meios – as organizações não
governamentais e de voluntariado, os governos, a Organização Mundial de Saúde e todas as outras instâncias
a quem tal diz respeito – se unissem e apresentassem estratégias para a promoção da saúde, em conformi-
dade com os valores morais e sociais que enformam a presente Carta, a Saúde Para Todos no Ano 2000 tor-
nar-se-ia uma realidade.

Direcção-Geral de Saúde in www.dgsaude.pt, em 2007-11-14

A roda
O modelo que utiliza uma roda (figura 1) é uma forma de representar as relações Homem-ambiente. A roda
consiste numa área central (o hospedeiro ou Homem) que tem o seu núcleo genético. Rodeando o hospedeiro
está o ambiente, esquematicamente dividido em três sectores: biológico, social e físico. Os tamanhos relativos
dos diferentes componentes da roda dependem da doença específica em causa. Nas doenças hereditárias o
núcleo genético está relativamente grande. Para uma infecção como o sarampo, o núcleo genético terá menos
importância; o estado imunitário do hospedeiro e o sector biológico do ambiente terão uma contribuição mais
importante.
O modelo da roda implica a necessidade de identificar múltiplos factores etiológicos da doença sem salientar o
agente da doença. Por exemplo, o modelo da roda não atribui ao vírus da raiva maior importância do que ao
animal reservatório da doença. Todavia, o modelo da roda não encoraja o delinear separado dos factores do
hospedeiro e do ambiente, uma distinção que é útil nas análises epidemiológicas.

Ambiente social
Ambiente Hospedeiro
biológico
Núcleo genético
Homem

Ambiente físico
Figura 1: O modelo da roda de interacções Homem-ambiente

Mausner e Kramer, 2004: 59 (adaptado)

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O lado masculino da gravidez adolescente


O discurso em torno da gravidez na adolescência tem tido como particular ênfase a rapariga; se o lado fe-
minino tem sido alvo de grande interesse, já o lado masculino vem sendo, senão irrelevado, considerado ape-
nas enquanto elemento importante para a vivência da rapariga.
A experiência clínica na consulta de adolescentes tem-nos mostrado uma aproximação cada vez maior dos
pais e, inclusivamente, que uma considerável parte deles também são adolescentes.
De facto, a vivência da paternidade tem mudado ao longo dos tempos; é cada vez maior a importância dada
aos homens em todo o processo de gravidez/parentalidade, o que se reflecte e é reflectido pelo comporta-
mento que actualmente observamos quer nos adultos, quer nos adolescentes que vão ser pais.
Estamos já longe de considerar o pai “provedor” de sustento e autoridade na família, sem espaço para emo-
ções, mimos ou cuidados aos filhos, distantes da vivência da gravidez e do parto.
As últimas décadas têm evidenciado, de múltiplas formas, uma transformação/valorização do papel do pai quer
na vivência da gravidez, quer no modo como vive a parentalidade.
São vários os autores que nos seus estudos sobre transição para a parentalidade consideram que, também
para o homem, a gravidez é uma fase repleta de emoções, sentimentos contraditórios, ambivalentes e confli-
tuosos, agradáveis, umas vezes, repletos de ansiedade, outras; também aos homens se exigem adaptações,
reavaliações e ajustes psicológicos (May e Perrin, 1985; Colman e Colman, 1994; Camus, 2000).
Datam dos anos sessenta as primeiras referências na literatura à importância do pai durante a gravidez e o
parto; nessa altura, atribui-se-lhe uma função de suporte emocional à mulher e um consequentemente melhor
acolhimento à criança (Camus, 2000).
Estas primeiras referências não tinham ainda em conta a própria vivência do homem, valorizavam a sua impor-
tância na perspectiva da mulher e do filho. Actualmente, podemos já perspectivar a questão de outro modo; os
homens grávidos e pais dos nossos dias são considerados como aqueles que:
1. Vivem dois níveis de experiência de gravidez:
a) a reactiva ao contexto físico e psíquico da mulher grávida (têm consciência da importância do apoio dado
à mulher e da necessidade de se adaptarem às alterações físicas e psicológicas dela);
b) a que se refere à sua própria experiência de homem expectante; estão mais conscientes da importante
transição que ocorre na sua vida e procuram a sua própria experiência pessoal.
2. Experienciam, ao longo da gravidez, uma elaboração de paternidade que lhes permite estar em contacto
com a parte feminina e materna da sua personalidade (Leff, 2001; Clereget, 1980).
3. Enquadram o actual momento emocional que lhes dá espaço para expressar as suas emoções e expectativas.
Neste âmbito predominam os estudos com adultos; questionamo-nos de como serão estas vivências no ado-
lescente que ainda vive as transformações e emoções próprias da adolescência.
Ao contrário do crescente interesse no pai adulto, o pai adolescente é raramente mencionado nos estudos.
Barret e Robinson (1985) acreditam que o estereótipo negativo do pai adolescente, habitualmente considerado
como inconsequente, irresponsável, aventureiro e impulsivo (Correia, 2004), é a principal causa da des-
preocupação da sociedade pelas suas necessidades emocionais.
Lyra (1997), citado por Pedro (2002), alerta-nos para a relação perversa da sociedade adulta para com o
jovem; segundo o autor, ao anular socialmente a paternidade adolescente, acaba por se legitimar a ausência
paterna, já que esta postura dificulta ao rapaz pensar, prevenir ou assumir a condição de pai, real ou potencial.
Com base em diversos estudos, Miller (1997), citado por Pinto (2005), afirma que os pais adolescentes experi-
mentam ansiedade resultante da confrontação entre as exigências da adolescência e as exigências quer da
paternidade, quer da relação com a namorada (também adolescente), quer das responsabilidades familiares e
sociais, quer ainda das decisões paternais a tomar.
Para o rapaz que vive a “crise” da adolescência, aparece também a iminência de uma paternidade não pla-
neada e a vivência de uma “crise” de gravidez; estes factores convergentes obviamente acarretam uma sobre-
carga psicológica (Correia, 2004).

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TEXTOS DE APOIO

Pinto (2005) conclui do seu estudo com os rapazes adolescentes que vão ser pais que há uma maior ansie-
dade e uma baixa auto-estima destes quando comparados com adolescentes que não têm as namoradas grá-
vidas.
Por outro lado, Barret e Robison (1985), nos EUA, concluíram que, afinal, os pais adolescentes se envolvem
com a gravidez e o parto, se preocupam com a rapariga e se imaginam a cuidar do bebé. Tudo isto acompa-
nhado de vivências emocionais contraditórias e confusas, próprias do ser adolescente.
Trindade e Bruns (1996), no Brasil, e Pedro (2001), em Portugal, confirmaram a intensidade e conflitualidade
dos sentimentos dos adolescentes concomitante com o seu interesse pelo exercício da paternidade.
Podemos, pois, afirmar que o jovem adolescente que vai ser pai não se limita a uma passividade e a uma mera
presença no espaço de consulta; tem emoções em torno da gravidez da sua companheira, é participante no
processo gravídico e tem imaginário de paternidade. Sendo assim, todo o discurso da gravidez da adolescên-
cia tem de incluir toda a panóplia de problemáticas inerentes a este “lado masculino”.

Sexualidade e Planeamento Familiar, n.º 40/41: 17 (adaptado)

Métodos de contracepção
Muitos são os métodos usados para prevenir ou para interromper a gravidez, incluindo métodos que impedem
a fecundação (métodos contraceptivos), que previnem a implantação do futuro embrião (DIU) ou que removem
o embrião ou o feto implantados (aborto). Muitas destas técnicas são bastante eficazes quando são adequada
e persistentemente utilizadas.
Métodos Comportamentais: a abstinência, ou abstenção de relações sexuais, é uma maneira segura de evi-
tar a gravidez, quando praticada com perseverança. Não é um método eficaz se for usado só ocasionalmente.
O coito interrompido consiste na retirada do pénis da vagina mesmo antes da ejaculação. Este é um método
para evitar a gravidez que não oferece nenhuma confiança, visto que requer uma perfeita consciência e von-
tade para retirar o pénis no momento correcto. Também ignora o facto de se encontrarem já alguns esperma-
tozóides nas emissões pré-ejaculatórias. O método do ritmo, ou abstinência periódica, requer a abstinência
de relações sexuais perto do período da ovulação. O principal factor do sucesso deste método é a capacidade
para predizer com exactidão o momento da ovulação. Embora o método do ritmo ofereça alguma protecção
contra a possibilidade de engravidar, não deixa de ter uma taxa relativamente alta de fracasso, devido tanto à
impossibilidade de prever a data da ovulação como à não abstenção perto do momento da ovulação.
Métodos barreira: o preservativo é uma membrana de origem animal, borracha ou látex. Aplicado sobre o
pénis erecto, o preservativo masculino funciona como uma barreira, pois o esperma é depositado dentro deste
e não na vagina. Os preservativos também protegem contra as doenças transmitidas sexualmente. O preser-
vativo feminino também actua como método de barreira. Pode ser colocado dentro da vagina pela mulher
antes do coito. Os outros métodos que impedem os espermatozóides de atingir o óvulo, uma vez depositados
na vagina, incluem a utilização de diafragma e os agentes espermicidas. O diafragma é uma calote de borracha
ou de plástico flexível que se coloca sobre o colo uterino, no interior da vagina, onde impede a passagem de
espermatozóides da vagina para o útero através do canal cervical. Os espermicidas mais frequentemente
utilizados são espumas ou cremes que destroem os espermatozóides. São inseridos na vagina antes da rela-
ção sexual. Quando usada, a combinação de preservativos com espumas ou cremes é muito mais eficaz do
que a utilização de cada método per se. As irrigações vaginais com espermicida, que removem e destroem os
espermatozóides, são algumas vezes utilizadas, mas a sua utilização, só por si, não é muito eficaz.
Amamentação: a amamentação impede a ocorrência do ciclo menstrual durante alguns meses após o nasci-
mento. Os potenciais de acção, enviados para o hipotálamo em resposta à sucção, são causadores da liberta-
ção de ocitocina e prolactina, também inibem a libertação de FSH e de LH pela adeno-hipófise. Portanto, a lac-
tação impede o desenvolvimento de folículos ováricos e a ovulação. No entanto, apesar da amamentação
contínua, os ciclos ovárico e uterino acabam por recomeçar. Porque a ovulação acontece antes da mens-
truação, o facto de confiar na amamentação para prevenir a gravidez não é garantia de eficácia.

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TEXTOS DE APOIO

Métodos químicos: os estrogénios e a progesterona sintéticos sob a forma de contraceptivos orais (a pílula
do controlo da gravidez) suprimem eficazmente a fertilidade nas mulheres. Estas substâncias podem ter mais
do que uma acção, mas reduzem a libertação de LH e de FSH pela adeno-hipófise. Os estrogénios e a proges-
terona estão presentes em concentrações suficientemente elevadas para induzirem, sobre a hipófise, um efeito
de feedback negativo que vai impedir o grande aumento da secreção de LH e de FSH que desencadeia a ovu-
lação. Ao longo dos anos, a dose de estrogénios e de progesterona nas pílulas de controlo da natalidade tem
sido reduzida. As pílulas contraceptivas de baixa dosagem actuais têm menos efeitos colaterais do que as
anteriores. Existe um risco acrescido de enfarte do miocárdio ou de acidente vascular cerebral nas mulheres
utilizadoras de contraceptivos orais que fumam, são hipertensas ou têm perturbações da coagulação. Para a
maioria das mulheres, a pílula é eficaz e tem uma frequência mínima de complicações, pelo menos até aos
trinta e cinco anos. Os químicos semelhantes à progesterona, como a medroxiprogesterona (DepoProvera),
que por injecção intramuscular são libertados lentamente no sistema circulatório, podem actuar como contra-
ceptivos eficazes. Este grupo de químicos, injectados, pode prevenir a gravidez por um prazo até três meses,
dependendo da quantidade injectada. Um fino tubo de silicone contendo um químico semelhante à progeste-
rona, como o sistema Norplant, pode ser implantado sob a pele, usualmente no braço. Os químicos são len-
tamente libertados no sistema circulatório. Os implantes podem ser eficazes por períodos que podem atingir
até cinco anos. A menstruação normalmente não ocorre nas mulheres que usam este método contraceptivo,
visto que os níveis de progesterona são elevados. As vantagens, sobre os outros métodos químicos de con-
trolo da natalidade, dos químicos semelhantes à progesterona, injectados ou implantados, decorrem do facto
de deixar de ser necessária a toma diária da pílula. Os efeitos a longo prazo dos químicos semelhantes à pro-
gesterona ainda não foram tão exaustivamente estudados como o foram os das pílulas contraceptivas,
estando ainda a ser avaliados. Uma nova droga, a mifepristona (RU486), bloqueia a acção da progesterona,
causando a descamação do endométrio, como acontece no período da menstruação. Como bloqueia os
receptores da progesterona, o endométrio sofre alterações semelhantes às que são provocadas pela di-
minuição dos níveis de progesterona. Por conseguinte, pode ser utilizada para induzir a menstruação e reduzir
a possibilidade de nidação sempre que a relação sexual ocorreu perto da fase da ovulação. Também poderá
ser utilizada para interromper a gravidez. Existe ainda a pílula da manhã seguinte, de composição similar à da
pílula anticonceptiva. Por vezes, aconselha-se a tomar o dobro das pílulas, após uma relação sexual não prote-
gida, no espaço de três dias e, por vezes, novamente após mais 12 horas. Pode ser usada esta técnica ou ou-
tras semelhantes, após relações sexuais sem recurso a contraceptivos, mas a sua eficácia é de apenas 75%.
Os níveis elevados de estrogénio e progesterona podem, em alguns casos, inibir o pico pré-ovulatório da LH,
podem alterar a rapidez de transporte do ovo fertilizado da trompa para o útero ou inibir a implantação. O efeito
preciso de níveis elevados de substâncias semelhantes a estrogénio e progesterona depende do ponto do
ciclo menstrual em que são tomadas.
Métodos cirúrgicos: a vasectomia é um método vulgarmente utilizado para tornar os homens perma-
nentemente incapazes de fertilização, sem afectar o seu desempenho sexual. A vasectomia é uma intervenção
cirúrgica que consiste na secção e sutura do canal deferente de cada testículo no interior da bolsa escrotal.
Este processo impede os espermatozóides de passarem pelo canal deferente e ser parte do esperma. Como
só uma ínfima parte do esperma provém dos testículos e dos epidídimos, a vasectomia tem um efeito menor
sobre o volume de esperma ejaculado. Os espermatozóides são reabsorvidos no epidídimo. Um método
comum de controlo da natalidade permanente nas mulheres é a laqueação das trompas, um processo que
consiste no encerramento e secção ou na clampagem das trompas uterinas, através de uma incisão da parede
abdominal. É um processo que interrompe a passagem dos espermatozóides até ao óvulo. A laparoscopia, um
procedimento em que um instrumento especial é inserido na cavidade abdominal através de pequenas inci-
sões, é utilizada, habitualmente, de modo que só são necessárias pequenas incisões para efectuar a interven-
ção. Em alguns casos, a gravidez é interrompida por um processo cirúrgico designado por aborto. O método
mais frequentemente utilizado na execução do aborto é a inserção de um instrumento no útero, através do
colo uterino. O instrumento raspa a superfície do endométrio e ao mesmo tempo é feita uma forte sucção; o
endométrio e o embrião nele implantado são descolados e aspirados para fora do útero. Normalmente, esta
técnica só é utilizada quando a gravidez não atingiu o terceiro mês.
Prevenção da nidação: os dispositivos intra-uterinos (DIU) são inseridos no útero através do canal cervical e
impedem a implantação normal do embrião no endométrio. Alguns dos primeiros modelos de DIU produziam
graves efeitos colaterais, entre os quais a perfuração uterina, e, como consequência, muitos DIU foram retira-
dos do mercado. No entanto, hoje em dia, a utilização do DIU na prevenção da gravidez é considerada eficaz.

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 1061

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TEXTOS DE APOIO

Contracepção de Emergência
Contracepção de Emergência é um conjunto de métodos contraceptivos que podem ser utilizados depois de
uma relação sexual não protegida para prevenir um possível gravidez. O método mais conhecido e utilizado é o
hormonal – a pílula contraceptiva de emergência, também conhecida por pílula do dia seguinte.
A Contracepção de Emergência pode ser utilizada nas 72 horas que se seguem a uma relação sexual não pro-
tegida, se: (1) não foi utilizado qualquer método contraceptivo ou (2) houve falha ou erro na utilização de um
método contraceptivo: se o preservativo rompeu ou ficou retido na vagina; se houve falha do coito interrompido
(“se o cuidado falhou”); se houve erro no cálculo do período fértil (os “dias perigosos”); se o dispositivo se des-
locou; (3) em casos de relações sexuais forçadas (por exemplo, violação).
A Contracepção de Emergência não é abortiva. Actua de várias formas para prevenir uma gravidez, consoante
a altura do ciclo menstrual em que é tomada. Assim: (1) a Contracepção de Emergência pode impedir ou atra-
sar a ovulação (impedir a saída do óvulo do ovário da mulher); (2) a Contracepção de Emergência pode impedir
a fertilização (o encontro do óvulo com o espermatozóide); (3) a Contracepção de Emergência pode impedir a
implantação dum ovo na parede do útero, acontecimento que a ciência médica define como o início de uma
gravidez.
Se a mulher já estiver grávida, isto é, se o ovo já estiver implantado no útero, a Contracepção de Emergência é
totalmente ineficaz, embora não tenha qualquer efeito nocivo sobre o feto ou a gravidez.
A Contracepção de Emergência pode prevenir 3 de cada 4 gravidezes não desejadas. Evitando as gravidezes
não desejadas, ela reduz o recurso ao aborto. Contudo, não protege das Doenças de Transmissão Sexual
(DTS). Por isso, deve utilizar-se sempre preservativo, simultaneamente, para prevenir uma gravidez e uma DTS.
A Contracepção de Emergência pode ter efeitos desagradáveis, incluindo náuseas e por vezes vómitos. Algu-
mas mulheres também referem dores de cabeça, tensão mamária ou retenção líquida. Embora todos estes
efeitos não tenham qualquer gravidade sob o ponto de vista médico, desencorajam a utilização repetida da
Contracepção de Emergência como contracepção habitual.
Este método é também menos eficaz para prevenir uma gravidez e é mais caro do que a maior parte das for-
mas habituais de contracepção habitual, outros dois factores que desaconselham o seu uso de rotina.
O seu uso frequente não é recomendável, tanto pelos efeitos secundários que provoca quanto pela sua menor
eficácia contraceptiva em relação a outros métodos contraceptivos, não provocando, contudo, riscos para a
saúde das utilizadoras.
A Contracepção de Emergência é utilizada há cerca de 20 anos em muitos países do mundo e foi considerada
segura para a saúde da mulher pela Organização Mundial de Saúde e muitas outras Agências Mundiais de Saúde.
A Contracepção de Emergência deve estar disponível em: centros de saúde; consultas de planeamento fami-
liar; serviços de urgência; farmácias.
Algumas sugestões:
• Se não deseja uma gravidez, não tenha relações sexuais não protegidas. Use sempre um método con-
traceptivo.
• Vá anualmente ao seu médico de família, ginecologista ou consulta de planeamento familiar mais próxima.
• Se tiver algum problema ou dúvida sobre o método contraceptivo que está a utilizar, contacte rapidamente
um técnico que a esclareça, mas não interrompa a utilização do método.
• Se está a tomar medicamentos e a usar a pílula, informe-se junto do seu médico de família ou do seu farma-
cêutico se o medicamento pode interferir com a eficácia do método.
• Se é mãe ou pai de um(a) jovem adolescente, assegure-se que ela ou ele estão devidamente informados
sobre a necessidade de contracepção e os locais a que podem recorrer para a obter. Não vale a pena espe-
rar que não aconteça nada...
• Se tem uns dias de atraso, não interrompa a utilização do contraceptivo e faça rapidamente um teste de gravidez.
• Se é homem, não deixe para as mulheres uma responsabilidade que também é sua.

Folheto da APF – Associação Para o Planeamento da Família, 2000 (adaptado)

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TEXTOS DE APOIO

Heredogramas
O heredograma constitui a melhor forma de proceder ao registo gráfico dos membros de uma família. A elabo-
ração de um heredograma começa com as informações dadas pelo propositus.

Propositus (indivíduo que atrai a atenção do União ilegítima


médico para a necessidade de fazer o estudo
da família e de elaborar o heredograma).

Indivíduo do sexo masculino, não afectado

Indivíduo do sexo feminino, não afectado ou Casamento


Indivíduo de sexo desconhecido

? Número de indivíduos sem indicação do sexo

3 Três indivíduos normais do sexo feminino


Dois casamentos de um mesmo
indicados colectivamente
indivíduo e um divórcio
5 Cinco indivíduos normais do sexo masculino
indicados colectivamente Casamento entre consanguí-
neos
4 Quatro indivíduos normais de ambos os
sexos indicados colectivamente
Casal sem descendentes
Indivíduo do sexo masculino falecido

Indivíduo do sexo masculino com análise cro-


mossómica normal Infertilidade

Indivíduo do sexo feminino afectado

Indivíduo do sexo masculino examinado; não


Fratria (conjunto de filhos de um
apresenta a doença
casal)
Indivíduo do sexo feminino não examinado; é
provável que tenha a doença do propositus Gémeos monozigóticos

Indivíduo do sexo masculino heterozigoto


para um alelo autossomático recessivo
Gémeos dizigóticos
Indivíduo do sexo feminino heterozigoto (por-
tador) para um gene recessivo ligado ao X

Viveu menos de um dia ? Gémeos de zigotia desconhe-


cida
Nado-morto
Indivíduo adoptado pela família
Indivíduo do sexo feminino com doença here-
ditária diferente da apresentada pela propo-
sita (designação dada ao propositus se for do
sexo feminino) Indivíduo dado para adopção

Gravidez em curso

Aborto espontâneo
1 1 Genótipo correspondente a loci
2 2 polimórficos
Interrupção voluntária da gravidez (IVG) de 3 3
feto do sexo feminino afectado 4 4

Símbolos mais comummente usados na elaboração de heredogramas.

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TEXTOS DE APOIO

Extracção de DNA
Toda a informação necessária para criar um organismo encontra-se no DNA. Esta molécula é usada durante o
período de vida de um organismo para fornecer instruções para milhões de processos celulares que ocorrem
constantemente. Para estudar o modo como essas informações são comunicadas à célula, a comunidade
científica isolou o DNA e estudou o modo de interacção do DNA com as proteínas e RNA. Este trabalho labora-
torial usa um processo semelhante ao utilizado pelos primeiros cientistas quando começaram com as investi-
gações sobre DNA. Para isolar o DNA, as células são fragmentadas e o DNA separado do conteúdo lipídico
das membranas da célula e dos organitos. Em seguida, o DNA é separado das proteínas. Contudo, é bom
realçar que nesta actividade se utilizam procedimentos e instrumentos muito simples que não permitem a
separação do DNA das proteínas e do RNA, mas possibilita a visualização do conteúdo nuclear, sob a forma
de filamentos brancos.
A actividade proposta remete, assim, para uma actividade prática simples, realizada a partir de produtos e
materiais comuns no dia-a-dia e que podem ser facilmente encontrados nas nossas cozinhas, de modo que os
alunos possam repetir o protocolo em casa.
A utilização de células do epitélio bucal proporciona uma actividade prática rápida e eficaz, uma vez que per-
mite a visualização do DNA sem a necessidade de recorrer a procedimentos complexos. Desta forma, os alu-
nos podem observar o seu próprio DNA. Para a realização desta actividade, os alunos devem conhecer a orga-
nização da célula e função dos organitos celulares.
No procedimento descrito, a adição do sal (NaCl) no início da experiência proporciona ao DNA um ambiente
favorável. O sal contribui com iões positivos que neutralizam a carga negativa do DNA. Numerosas moléculas
de DNA podem coexistir nessa solução. Já o detergente afecta as membranas, porque elas são constituídas
por lípidos. Com a rotura das membranas, o conteúdo celular, incluindo as proteínas e o DNA, soltam-se e dis-
persam-se na solução. O DNA não se dissolve no álcool, na concentração que usamos na nossa experiência.
Como resultado, o DNA aparece à superfície da solução ou precipita. O DNA é menos denso que a água e que
a mistura aquosa dos restos celulares. Assim, na nossa experiência ele surge à superfície da solução aquosa.

http://www.dbio.uevora.pt/LBM/Foco/Extraccao/Extraccao_DNA.html#_Toc485235127

Tipos de sexo
Para se compreenderem as ambiguidades sexuais, caberá referir as diferentes formas de definir o sexo indivi-
dual: cromossómico, gonádico, genital, somático, psicológico, social e legal.
O sexo cromossómico baseia-se na constituição cromossómica do indivíduo como resultado da determina-
ção sexual que ocorre no momento da fecundação. Pode ser 46, XX ou 46, XY.
O sexo gonádico tem a ver com a presença de testículos nos embriões 46, XY, por diferenciação dos esbo-
ços gonadais primordiais, mediada pela expressão do gene SRY (ou nos embriões 46, XX que sejam portado-
res do gene SRY), ou de ovários nos embriões 46, XX.
O sexo genital masculino resulta da diferenciação dos canais de Wolff em epidídimo, vesículas seminais e
canal deferente. O sexo genital feminino resulta da diferenciação dos canais de Müller em trompas, útero e
parte superior da vagina. A definição do sexo genital inclui também as estruturas anatómicas resultantes da
diferenciação dos esboços embrionários da genitália externa do pénis, escroto e próstata, no sexo masculino,
ou em clítoris, grandes lábios e pequenos lábios, no sexo feminino. Para que ocorra a diferenciação genital
masculina, é essencial que tenha havido diferenciação testicular, que se verifique a produção de testosterona e
que esta actue sobre as células-alvo, bem como o metabolismo da testosterona em diidrotestosterona. As
alterações do equilíbrio hormonal podem perturbar o normal desenvolvimento dos órgãos genitais, conduzindo
a ambiguidades sexuais.
O sexo somático é definido em função dos caracteres sexuais secundários. O seu desenvolvimento inicia-se
com a puberdade. No sexo masculino, a puberdade tem lugar por volta dos 12 a 13 anos, no ambiente hormo-
nal determinado pelo aumento da produção de androgéneos. Comporta o crescimento dos testículos e do
pénis, o início da actividade prostática e da produção de espermatozóides, o crescimento do sistema piloso

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TEXTOS DE APOIO

axilo-púbico e da barba, a mudança de voz para tom mais grave e a acentuação do desenvolvimento da cintura
escapular. No sexo feminino, a puberdade tem início mais precocemente do que no sexo masculino, em média
por volta dos 11 anos. Manifesta-se através do crescimento mamário e da pigmentação das auréolas mamárias,
o desenvolvimento do sistema piloso axilo-púbico (com morfologia púbica feminina), o desenvolvimento dos
genitais internos e externos, a acentuação da cintura pélvica e a menarca (início dos ciclos menstruais).
O sexo psicológico tem a ver com a auto-imagem. A identidade de cada indivíduo forma-se nos primeiros
anos de vida, conduzindo à auto-identificação de cada indivíduo como sendo do sexo masculino ou do sexo
feminino.
O sexo social diz respeito ao sexo que a sociedade atribui a cada indivíduo.
O sexo legal baseia-se nos dados registados nos documentos legais de identificação de cada indivíduo, no
que tem a ver com o sexo.
Regateiro, 2003: 330

Marcos da tecnologia reprodutiva


Ano Marcos da tecnologia reprodutiva

1677 Anton van Leuwenhoek observa esperma pela primeira vez.

1780 Lazzaro Spallanzani insemina artificialmente cães.

1785 Primeiro nascimento humano confirmado, após inseminação artificial, executada pelo cirurgião escocês John Hunter.

Paolo Mantegazza propõe o congelamento de esperma humano para que os soldados mortos em combate pos-
1866
sam, ainda assim, deixar descendência.

É noticiada a fertilização de oócitos humanos no exterior do organismo. O anúncio é, mais tarde, posto em causa,
1944
mas constituiu o ponto de partida para novas investigações.

1953 Primeira gravidez gerada utilizando esperma congelado.

1954 Um tribunal de Ilinois (EUA) considera que a inseminação com esperma de um dador é adultério.

1960 A Food and Drug Administration (FDA) aprova a utilização da pílula anticoncepcional.

1974 Primeiros animais transgénicos.

Robert Edwards e Patrick Steptoe implantam o embrião que se tornaria Louise Brown, o primeiro bebé proveta
1977
(FIV – fertilização in vitro).

1982 O Banco de Esperma da Califórnia disponibiliza esperma de dadores a mulheres solteiras ou divorciadas e lésbicas.

É localizado a primeira doença genética por Huntington.


1983
Primeira gravidez gerada a partir de um embrião congelado.

Primeira gravidez gerada a partir de ovos congelados. Contudo, os índices de sucesso desta técnica são ainda
1986
muito baixos.

Primeiras tentativas bem-sucedidas de diagnóstico genético pré-implantação (DGP), as quais estiveram na génese
1989
de nascimentos em 1990.

1992 Primeiras gravidezes geradas após injecção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI).

1996 Nasce o primeiro clone de um mamífero, a ovelha Dolly.

1997 Uma transferência citoplasmática tem como consequência o nascimento de uma criança com ADN de três adultos.

1999 Novos métodos de diagnóstico genético pré-implantação (DGP) podem diagnosticar anomalias cromossómicas.

2000 Primeiro “esboço” do genoma humano.

2003 Células semelhantes a ovos obtidas a partir de células estaminais.

2004 Um rato é gerado a partir da fusão de dois oócitos.

2005 Um mulher de 66 anos torna-se a mulher mais idosa a dar à luz graças a esperma e oócitos de dadores.

2006 Nascimento de ratos criados com esperma produzido em laboratório.

NewScientist, 2574: 49

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TEXTOS DE APOIO

Sentidos e receptores sensoriais


Tipo de sentido Tipo de receptor Receptor / Órgão sensorial Início da resposta

Tacto Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores

Pressão Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores


Somático

Temperatura em torno
Temperatura Termorreceptores Provavelmente terminações nervosas
das terminações nervosas

Propriocepção Mecanorreceptores Terminações nervosas / Vários Compressão dos receptores

Irritação das terminações nervosas


Dor Nociceptores Provavelmente terminações nervosas
(i.e. mecânica, química ou térmica)
Visceral

Dor Nociceptores Provavelmente terminações nervosas Irritação das terminações nervosas

Pressão Mecanorreceptores Provavelmente terminações nervosas Compressão dos receptores

Ligação de moléculas a receptores


Olfacto Quimiorrecptores Neurónios olfactórios / Mucosa olfactória
de membrana

Células receptoras do paladar / Ligação de moléculas a receptores


Paladar Quimiorrecptores
Botão gustativo de membrana
Especial

Modificações químicas nos receptores


Visão Fotorreceptores Cones e bastonetes / Olho
iniciadas pela luz

Ondulação das microvilosidades das


Audição Mecanorreceptores Células pilosas / Orelha (órgão de Corti)
células receptoras

Ondulação das microvilosidades das


Equilíbrio Mecanorreceptores Terminações nervosas / Vários
células receptoras

Tipo de terminação nervosa Estrutura Função

Dor, prurido, cócegas, temperatura,


Terminação nervosa livre Ramificada, sem cápsula
movimento articular e propriocepção
Expansões achatadas na extremidade dos axó-
Disco de Merkel nios; cada expansão está associada a uma Tacto ligeiro e pressão superficial
célula de Merkel
Enrolado em torno dos folículos pilosos ou
estendendo-se ao longo do eixo do pêlo, cada
Tacto ligeiro; responde à deformação
Receptor do folículo piloso axónio destina-se a diversos pêlos e cada pêlo
muito ligeira do pêlo
recebe ramos de diversos neurónios, do que
resulta uma considerável sobreposição
Cápsula de diversas camadas celulares em
Pressão cutânea profunda. vibração e
Corpúsculo de Pacini forma de casca de cebola, com uma terminação
propriocepção
nervosa central
Diversos ramos de um axónio único associado a
Corpúsculo de Meissner células epitelióides em forma de cunha e rodea- Discriminação de dois pontos
dos por uma cápsula de tecido conjuntivo
Axónio ramificado com muitas protuberâncias
Tacto ou pressão contínuos; responde à
Órgão terminal de Ruffini (knobs) terminais pequenas rodeadas por uma
depressão ou estiramento da pele
cápsula de tecido conjuntivo
Três a dez fibras musculares estriadas encerra-
Propriocepção associada à detecção do
das numa cápsula de tecido conjuntivo laxo,
Fuso muscular estiramento muscular; importante para o
estriadas apenas nas extremidades, com termi-
controlo do tónus muscular
nações nervosas sensoriais no centro
Rodeia um feixe de fascículos tendinosos e está
incluído numa cápsula delicada de tecido con- Propriocepção associada ao estira-
Órgão tendinoso de Golgi juntivo; as terminações nervosas ramificam-se mento de um tendão; importante no
com pequenas dilatações aplicadas sobre fascí- controlo da contracção muscular
culos tendinosos individuais

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 477

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TEXTOS DE APOIO

Sinapses eléctricas
Os impulsos são transmitidos de uma célula nervosa a outra nas sinapses, que consistem em junções onde o
axónio ou alguma outra parte de uma célula (célula pré-sináptica) termina nos dendritos, no soma ou no axónio
de outro neurónio ou, em alguns casos, numa célula muscular ou glandular (célula pós-sináptica). Na maioria
das junções sinápticas, a transmissão é química; o impulso no axónio pré-sináptico induz a secreção de um
neurotransmissor, como acetilcolina ou serotonina. Esse mediador químico liga-se aos receptores existentes na
superfície da célula pós-sináptica e essa ligação desencadeia eventos que abrem ou fecham canais existentes
na membrana da célula pós-sináptica. No entanto, em algumas junções, a transmissão é eléctrica, ao passo,
que num pequeno número de sinapses combinadas é tanto eléctrica quanto química. Seja como for, a trans-
missão não é uma simples transferência de potencial de acção da célula pré-sináptica para a pós-sináptica. Os
efeitos da descarga em cada terminação sináptica podem ser excitatórios ou inibitórios e, quando a célula pós-
-sináptica é um neurónio, a soma de todos os efeitos excitatórios e inibitórios é que determina se o potencial
de acção será gerado. Por conseguinte, a transmissão sináptica é um processo complexo que permite a gra-
dação e o ajuste da actividade neural necessária para a função normal.
Nas sinapses eléctricas, as membranas dos neurónios pré e pós-sinápticos estão em estreito contacto e for-
mam-se junções comunicantes (gap junction) entre as células. À semelhança das junções intercelulares obser-
vadas noutros tecidos, essas junções formam pontes de baixa resistência através das quais os iões passam
com relativa facilidade. Ocorrem sinapses eléctricas e mistas nos mamíferos, observando-se a ocorrência de
acoplamento eléctrico, por exemplo, entre alguns dos neurónios no núcleo vestibular lateral.
Nestas junções sinápticas eléctricas, o impulso que chega à terminação pré-sináptica gera um potencial pós-
-sináptico excitatório (PPSE) na célula pós-sináptica, que, em virtude da ligação de baixa resistência entre
ambas, tem uma latência muito mais curta que o PPSE gerado na sinapse onde a transmissão é química. Nas
sinapses mistas ocorre uma resposta de latência curta, bem como uma resposta pós-sináptica de latência
mais longa e mediada quimicamente.

Ganong, 2005: 75 (adaptado)

Áreas funcionais do córtex cerebral


A figura mostra uma vista lateral do córtex cerebral esquerdo, com algumas das suas áreas funcionais identifi-
cadas. As vias sensoriais projectam-se para regiões específicas do córtex cerebral, que se designam por áreas
sensoriais primárias (receptoras), onde estas sensações são recebidas.
A maior parte da circunvolução pós-central (circunvolução parietal ascendente, ou pós-rolândica) é designada
por córtex somático sensorial primário (somestésico primário) ou área sensorial geral. Os termos área,
região funcional do córtex cerebral ou apenas córtex têm o mesmo significado. As fibras que transportam a
informação sensorial geral, tal como a dor, a pressão e a temperatura, fazem sinapse no tálamo com os neuró-
nios talâmicos que retransmitem a informação para o córtex sensorial somático primário.
Sulco central
(rego de Rolando)

Córtex motor Cortex somatos-


primário -sensorial primário

Área pré-motora Área somatos-


-sensorial associativa

Área pré-frontal Área sensorial


da fala
(área de Wernicke)
Área motora da
fala (área de Broca)
Córtex visual
primário

Córtex auditivo
primário Área visual
associativa

Área auditiva Área do gosto


associativa

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 485

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TEXTOS DE APOIO

Lípidos, colesterol e doenças cardiovasculares


No retículo endoplasmático liso das células epiteliais do intestino, os ácidos gordos livres combinam-se com
moléculas de glicerol para formar triglicéridos. As proteínas sintetizadas nas células epiteliais ligam-se a gotícu-
las de triglicéridos, fosfolípidos e colesterol, formando quilomícrons, que abandonam as células epiteliais e
entram nos quilíferos do sistema linfático das vilosidades. Os quilomícrons vão para os capilares linfáticos e não
para os sanguíneos, porque aqueles não têm membrana basal e são mais permeáveis a partículas de grandes
dimensões (os quilomícrons têm cerca de 0,3 mm de diâmetro). São constituídos por 90% de triglicéridos, 5%
de colesterol, 4% de fosfolípidos e 1% de proteínas, são conduzidos pelo sistema linfático à corrente sanguí-
nea e por esta ao tecido adiposo. Antes de entrarem nos adipócitos, os triglicéridos são novamente decom-
postos em ácidos gordos e glicerol, que, uma vez nas células, são novamente convertidos em triglicéridos,
ficando armazenados até ser necessária uma fonte de energia em qualquer parte do organismo. No fígado, os
quilomícrons de lípidos são armazenados, convertidos noutras moléculas ou utilizados como energia. Os quilo-
mícrons remanescentes, com excepção dos triglicéridos, são conduzidos pela circulação até ao fígado, onde
são desdobrados.
Como os lípidos são insolúveis ou pouco solúveis em água, são transportados, no sangue, combinados com
proteínas hidrossolúveis. A combinação de lípidos com proteínas origina lipoproteínas. Os quilomícrons são um
tipo de lipoproteínas. Outras são referidas como lipoproteínas de alta ou baixa densidade. A densidade diz
respeito à compacticidade de uma substância e corresponde à relação entre a sua massa e o volume. Os lípi-
dos são menos densos do que a água e tendem a flutuar. As proteínas, mais densas que a água, tendem a
submergir. Uma lipoproteína com um componente lipídico elevado tem uma densidade muito baixa, enquanto
uma lipoproteína com um grande componente proteico tem uma densidade relativamente elevada. Como os
quilomícrons são constituídos por cerca de 99% de lípidos e só 1% de proteínas, têm uma densidade extrema-
mente baixa. As outras principais lipoproteínas de transporte são lipoproteínas de muito baixa densidade
(VLDL), compostas por 82% de lípidos e 8% de proteína; as lipoproteínas de baixa densidade (LDL); com-
postas por 75% de lípidos e 25% de proteína; e as lipoproteínas de alta densidade (HDL), compostas por
55% de lípidos e 45% de proteína.
Cerca de 15% do colesterol do organismo é obtido através dos alimentos ingeridos; os restantes 85% são sin-
tetizados pelas células do organismo, principalmente no fígado e na mucosa intestinal. A maior parte dos lípi-
dos que chegam ao fígado, ou que aí são sintetizados, são transformados em VLDL. A maior parte dos triglicé-
ridos são removidos das VLDL para serem armazenados no tecido adiposo; desta forma, as VLDL
transformam-se em LDL.
O colesterol das LDL é indispensável para a produção das hormonas esteróides no córtex das glândulas
suprarrenais e de ácidos biliares no fígado, sendo ainda um componente importante das membranas plasmáti-
cas. As LDL são conduzidas às células dos diversos tecidos pela circulação sanguínea. As células têm recep-
tores LDL nas “fossas” da sua superfície que se ligam às LDL. Quando esta ligação ocorre, as “fossas” da
superfície da célula transformam-se em vesículas endocitárias e o LDL entra na célula por endocitose mediada
por um receptor. Cada fibroblasto, como exemplo de uma célula tecidular, tem 20-50.000 receptores LDL à
superfície. Estes receptores estão confinados às “fossas” da superfície celular, mas ocupam apenas 2% da
superfície. Quando chega ao interior, a vesícula endocitária combina-se com um lisosoma e a LDL é desdo-
brada nos seus componentes para utilização celular.
Para além do colesterol e outros lípidos das LDL, as células também produzem o seu próprio colesterol.
Quando o aporte e a produção combinados de colesterol são superiores às necessidades da célula, é activado
um sistema de feedback negativo que diminui a quantidade de receptores LDL e a produção de colesterol
celular. As células agrupam os lípidos em excesso em HDL, transportadas ao fígado para reciclagem ou elimi-
nação.

Colesterol e doença coronária


O colesterol é o principal constituinte das placas de aterosclerose. Existe uma relação positiva entre os níveis
de colesterolémia e doença coronária. Níveis de colesterol superiores a 200 mg/100 ml aumentam o risco de
ocorrência de doença coronária. São factores de risco cumulativos à hipercolesterolémia: a hipertensão, a dia-
betes mellitus, o tabagismo e os baixos níveis de HDL. Os baixos níveis de HDL estão relacionados com obesi-
dade, sendo elevados pela perda de peso. O exercício aeróbio pode diminuir os níveis de LDL e elevar os de
HDL. A ingestão de gorduras saturadas eleva a colesterolémia através da estimulação da produção de LDL e

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TEXTOS DE APOIO

da inibição da produção dos receptores LDL, o que favoreceria a produção de HDL e a depuração de coleste-
rol. A ingestão de gorduras insaturadas baixa a colesterolémia. A substituição na dieta das gorduras por glíci-
dos também pode baixar a colesterolémia. A American Heart Association recomenda que, num adulto, o
aporte calórico diário obtido a partir das gorduras não seja superior a 30% e que apenas 10% corresponda a
gorduras saturadas. A ingestão de colesterol não deve exceder os 300 mg/dia. Não se devem ingerir mais de
200 g de carne por dia, preferencialmente galinha, peixe ou carne magra. Apenas se devem comer dois ovos
por semana e o leite deve conter menos de 1% de gordura. Contudo, as crianças necessitam de maiores
quantidades de gordura para estimular um desenvolvimento cerebral normal, recomendando-se o consumo de
leite gordo. Também existem dados que apontam para o perigo nos adultos da redução drástica dos valores
da colesterolémia para níveis inferiores a 180 mg/100 ml. O colesterol é necessário para a estrutura normal das
membranas plasmáticas. Níveis de colesterol demasiadamente baixos podem conduzir a fragilidade da parede
dos vasos e aumentar o risco de ocorrência de hemorragia cerebral.
Um número reduzido de indivíduos tem uma disfunção genética que interfere com a produção ou funciona-
mento dos receptores LDL, o que conduz a uma má depuração dos LDL, determinando uma situação denomi-
nada por hipercolesterolémia familiar. Estes indivíduos desenvolvem normalmente aterosclerose prematura e
têm tendência a morrer de doença cardíaca ainda jovens. Nalguns tipos desta doença, o receptor de LDL não
é produzido; noutros, é produzido mas tem uma afinidade para com as LDL inferior ao normal. Existem ainda
outras situações em que o receptor se liga às LDL, mas o complexo receptor LDL não entra para a célula por
endocitose.

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 912

Fluxo sanguíneo nos tecidos durante o exercício


Durante o exercício, o fluxo sanguíneo sofre grandes alterações nos tecidos. A nível dos músculos esqueléti-
cos, pode ser 15 a 20 vezes superior ao de repouso. O aumento do fluxo sanguíneo é o resultado de me-
canismos reguladores locais, nervosos e hormonais. Quando o músculo esquelético está em repouso, só 20%
a 25% dos capilares estão abertos, enquanto durante o exercício estão-no na totalidade.
Baixas tensões de oxigénio, resultantes de grandes aumentos da actividade muscular ou da libertação de
substâncias vasodilatadoras, tais como ácido láctico, dióxido de carbono e iões de potássio, provocam di-
latação dos esfíncteres pré-capilares. O aumento da estimulação simpática e da libertação de epinefrina pela
medula supra-renal originam vasoconstrição cutânea e visceral, assim como algum grau de vasoconstrição
nos vasos dos músculos esqueléticos. Apesar disso, a resistência ao fluxo no músculo esquelético diminui por-
que os capilares estão abertos. Dado que a resistência ao fluxo sanguíneo na pele e nas vísceras aumenta, o
sangue é desviado das vísceras e da pele para os vasos dos músculos esqueléticos.
O movimento dos músculos esqueléticos, que comprime as veias de forma cíclica, e a contracção venosa
aumentam grandemente o retorno venoso para o coração. O aumento da pré-carga e da estimulação simpá-
tica fazem elevar a frequência cardíaca e o volume de ejecção, os quais aumentam o débito cardíaco. Como
consequência, a pressão arterial pode aumentar 20 a 60 mmHg, o que ajuda a manter o fluxo sanguíneo nos
vasos dos músculos esqueléticos.
Em resposta à estimulação simpática, pode haver alguma diminuição do fluxo sanguíneo através da pele, no
início do exercício. Todavia, como a temperatura do corpo sobe em resposta ao aumento da actividade, os
receptores de temperatura no hipotálamo são estimulados e os potenciais de acção das fibras nervosas sim-
páticas, causadoras de vasoconstrição, diminuem e os de algumas fibras nervosas causadoras de vasodilata-
ção parecem aumentar, originando vasodilatação cutânea. Como consequência, a pele fica avermelhada ou
rosada e grande parte do excesso de calor é perdido à medida que o sangue circula através dos vasos dilata-
dos.
O efeito global do exercício sobre a circulação é aumentar grandemente o fluxo através dos músculos exercita-
dos e mantê-lo mais baixo nos outros órgãos, embora suficiente para satisfazer as suas necessidades metabó-
licas.

Seeley, Stephens, Tate, 2005: 766

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TEXTOS DE APOIO

Relação entre o tabagismo dos pais e o consumo de tabaco dos filhos


Um dos mais graves comportamentos de risco praticado pelos adolescentes é o consumo de tabaco fumado.
Fumar cigarros nestas faixas etárias produz problemas de saúde significativos, especialmente um aumento do
número e da gravidade dos problemas respiratórios. Quanto mais cedo a pessoa começar a fumar, mais gra-
ves serão as consequências para a sua saúde a curto, médio e longo prazo. Por outro lado, as pessoas que
fumam em idades mais precoces correm um risco acrescido de se tornarem dependentes do tabaco, por
comparação com as que começam em idades mais tardias.
É igualmente sabido que o consumo de tabaco está associado com o consumo de álcool e de outras drogas.
O tabaco é, geralmente, a primeira droga a ser usada pelos adolescentes que mais tarde vêm a consumir o
álcool, a marijuana e outras drogas duras. Apesar da gravidade desta conduta, trata-se de um comportamento
cada vez mais difundido e em expansão, especialmente entre os jovens, e considerando esta faixa etária, nas
raparigas.
Os dados do Health Behaviour in School – Aged Children: 11-15 anos – HBSC de 2002, (estudo efectuado por
equipas de investigadores de vários países em colaboração com o Gabinete Regional da OMS da Europa)
mostram que aos 13 anos de idade, e em Portugal, fumavam diariamente 5,3% das raparigas e 8% dos rapa-
zes. Aos 15 anos de idade a percentagem de fumadores diários era de 19,5% nas raparigas e de 13,1% nos
rapazes. No mesmo ano, a média de fumadores diários nos países do estudo HBSC era de 4,4% nas rapari-
gas e 5,2% nos rapazes de 13 anos de idade e subia para os 16,9% nas raparigas e para os 18,1% nos rapa-
zes de 15 anos de idade.
Comparando os dados do HBSC de 1997-1998 com os obtidos em 2002, verificou-se um grande aumento da
prevalência do consumo de tabaco nos dois sexos, tendo este aumento sido particularmente acentuado no
sexo feminino.
Para se tomarem medidas eficazes de prevenção do consumo de tabaco, é necessário conhecer em detalhe
quando e porque se começa a fumar. Por outro lado, os resultados das pesquisas efectuadas sobre a etiologia
do consumo de tabaco parecem indicar que fumar é um comportamento fundamentalmente psicossocial, ou
seja, motivado por fortes influências sociais.
O tabagismo dos pais, bem como as suas atitudes em relação ao tabaco, têm sido associados de uma forma
constante com o tabagismo dos jovens. As crianças criadas num ambiente familiar em que os adultos não
fumam e os pais desaprovam o consumo do tabaco têm menos probabilidades de se tornar fumadores habi-
tuais. A influência dos pais parece máxima na fase de transição do consumo “experimental” para o consumo
“regular”. Se conseguirmos influenciar o tabagismo dos pais e as suas atitudes perante o tabaco, isso ajudará
a reduzir o tabagismo nos jovens.
Para além de ser um dos factores mais fortemente relacionados com o consumo de tabaco, fumar no domicílio
é uma forma de maltratar as crianças, pois é hoje reconhecida a toxicidade do fumo ambiental do tabaco na
saúde, em particular das crianças e dos asmáticos.
O Relatório do Cirurgião Geral dos EUA de 2004 é conclusivo quanto ao impacto negativo do fumo do tabaco
nas doenças respiratórias em crianças e adolescentes. Existem evidências suficientes para inferir de uma rela-
ção causal entre fumo do tabaco, desenvolvimento e função pulmonar diminuídos, sintomas respiratórios
(tosse, expectoração, pieira e dispneia) e crises em doentes asmáticos, crianças e adolescentes.
Dada a gravidade do consumo de tabaco pelos pais, pelo facto de constituir um mau modelo para os filhos e
por atentar contra a sua saúde se fumarem no domicílio, decidimos realizar um estudo para determinar a rela-
ção entre o consumo de tabaco dos pais e o dos filhos.
Sendo assim, verificou-se que:
Um) 40,1% dos alunos da amostra percepcionam que o pai fuma e 17,6% que as suas mães são fumadoras.
Estes dados mostram que são elevadas as percentagens de mães e de pais fumadores.
Dois) cerca de 38% dos alunos estão expostos diária ou ocasionalmente ao fumo ambiental do tabaco, pelo
facto dos seus familiares mais próximos (pai, mãe ou irmão) fumarem diária ou ocasionalmente em casa.
Três) a percentagem de alunos fumadores diários e semanais é maior no grupo de alunos cujos pais fumam
(respectivamente 5,2% e 5,7%) do que no grupo de alunos filhos de pais que não fumam (respectivamente
3,3% e 2,0%), sendo as diferenças estatisticamente significativas.

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TEXTOS DE APOIO

Quatro) a percentagem de alunos fumadores diários (8,7%) é maior no grupo de alunos cujas mães fumam do
que no grupo de alunos filhos de mães que não fumam (3,1%), sendo as diferenças estatisticamente significati-
vas.
Cinco) a influência do consumo de tabaco pelas mães parece ser mais importante do que o dos pais. Verifica-se
que a percentagem de alunos fumadores no grupo de filhos(as) de mães fumadoras é de aproximadamente
9%, enquanto no grupo de filhos(as) de mães não fumadoras essa percentagem é de cerca de 3%, ou seja,
três vezes menor. No grupo de filhos de pais fumadores a percentagem de alunos fumadores diários é de
cerca de 5%, sendo de 3% no grupo de filhos de não fumadores.
Seis) a percentagem de alunos fumadores é maior no grupo de alunos cujo pai fuma diária ou ocasionalmente
em casa do que no grupo de alunos filhos de pai fumador mas que não fuma em casa, sendo as diferenças
estatisticamente significativas.
Sete) a percentagem de alunos fumadores é maior no grupo de alunos cuja mãe fuma diária ou ocasionalmente
em casa do que no grupo de alunos filhos de mães fumadoras mas que não fumam em casa. Provavelmente,
com uma amostra maior esta diferença teria dado um valor estatisticamente significativo.
Os dados do estudo permitem concluir que o consumo de tabaco pelos pais/mães no domicílio é um impor-
tante factor microssocial de risco relacionado com o consumo de tabaco pelos filhos.
Por outro lado, os resultados revelam que uma percentagem elevada de alunos está exposta ao fumo ambien-
tal do tabaco pelo facto de um dos familiares (pai, mãe ou irmão) fumar dentro de casa.
A via mais eficaz de proteger as crianças da exposição ao fumo passivo no domicílio é promover a cessação
do tabagismo nos pais dos alunos ou, pelo menos, sensibilizá-los para não fumarem em casa.
Os pais devem, assim, ser o “alvo” principal das acções de prevenção e, sobretudo, de tratamento do taba-
gismo. Os profissionais de saúde têm um papel fundamental em controlar o tabagismo dos pais para evitar o
“contágio” e reduzir a exposição dos conviventes ao fumo ambiental do tabaco.
O diagnóstico e tratamento do tabagismo devem merecer dos profissionais de saúde o mesmo envolvimento
que estes têm em relação a outros factores de risco, até porque neste momento existem várias abordagens
demonstradamente eficazes no que respeita à cessação do tabagismo. Tal como já fazem um diagnóstico e
tratamento de outras patologias (hipertensão, dislipidemias, obesidade, etc.), os profissionais de saúde devem
cada vez mais diagnosticar e tratar a população fumadora.
A negligência do sistema de saúde em relação a este problema custa um preço elevado em termos de doença
evitável, vidas perdidas e custos económicos que já nada justifica, pois na última década foram desenvolvidos
métodos terapêuticos eficazes para o tratamento da dependência tabágica.
Os médicos de família, os médicos de trabalho, os pediatras, os pneumologistas, os ginecologistas e outros
profissionais devem convencer os pais a deixar de fumar pelos seguintes motivos: a) para não prejudicarem a
sua e a saúde dos filhos no caso de fumarem em casa; b) para deixarem de constituir um mau exemplo para
os filhos; c) para terem maior autoridade para recomendar a adopção de comportamentos saudáveis, em
geral, e de não fumar, em particular; d) para criarem um ambiente de apoio, passivo e activo, às acções de
prevenção antitabágicas desenvolvidas na escola; e) para melhorarem o rendimento económico do agregado
familiar.
A escola tem também um papel importante na prevenção do consumo de tabaco pelos pais, sobretudo no que
se refere ao consumo domiciliário.
O envolvimento dos pais de crianças escolarizadas na Promoção e Educação para a Saúde poderá ser feito
pelo director de turma, através da organização de reuniões, colóquios ou outras actividades na escola. Outra
forma de atingir os pais, que por motivos vários não participam nas acções promovidas pela escola, é por meio
de correspondência. O envio de cartas ou panfletos pode ser uma via eficiente de envolver os pais nos esfor-
ços preventivos.
Os jornais escolares são também uma via potencial para atingir os pais. Muitos encarregados de educação não
lêem jornais diários ou semanários, mas lêem certamente as publicações escolares, pois sabem que podem ter
notícias relevantes sobre as actividades realizadas na escola dos seus filhos. A mensagem a enviar aos pais é a
de que não devem fumar pelo menos na presença dos filhos, jamais o devem fazer em casa pelos prejuízos que
causam aos conviventes e às crianças em particular e que devem ter uma atitude negativa em relação ao possí-
vel consumo pelos filhos. É importante, também, que os acompanhem nas suas actividades e que controlem o

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TEXTOS DE APOIO

dinheiro que lhes dão. Esta mensagem pode ser passada igualmente pelos próprios alunos (filhos ou educan-
dos) através do seu envolvimento em campanhas organizadas na escola, por exemplo, no âmbito da disciplina
de Formação Cívica ou na Área de Projecto. É também uma forma de ensinar os alunos a participar na vida
social e comunitária. As Associações de Pais devem ajudar a escola nos seus esforços preventivos, organizando
jornadas de sensibilização para os pais dos alunos.

Precioso, Macedo, Rebelo, 2007: 259 (adaptado)

Acção no organismo e fontes alimentares dos ácidos gordos


e do colesterol
Os lípidos/gorduras de que necessitamos são produzidos pelo organismo, mas, também, obtidos da alimentação.
De acordo com a sua estrutura química, os ácidos gordos podem ser saturados, monoinsaturados ou polin-
saturados, e vão actuar de forma diferente, tendo influência na saúde e risco de doenças (quadro 1). Os ali-
mentos são constituídos pela mistura dos três em proporções variáveis.

Tipo de ácidos gordos Acção no organismo Fontes alimentares

Saturados (característicos das Lacticínios de elevado teor em gordura


gorduras). (leite, queijos “gordos” e outros deriva-
dos, como as natas e manteiga) gordura
Ácidos gordos “trans” (resul- Aumentam os níveis de colesterol sanguíneo. de constituição de carnes (carnes ver-
tantes das gorduras hidrogena- melhas), pele de aves, produtos de sal-
das obtidas pelo processa- sicharia/charcutaria.
mento industrial).

Monoinsaturados Diminuem os níveis de colesterol sanguíneo. Azeite e óleo de amendoim.

Polinsaturados Não elevam os níveis de cotesterol sanguíneo. Óleos vegetais (milho, girassol, soja,
sésamo), frutos secos e gordura de
Exemplo: Ómega 3 (ácido Indicado como possuindo um papel protector constituição de carnes brancas (aves).
gordo polinsaturado essencial – contra doenças do coração. Peixes “gordos”, como a sardinha, o
não produzido pelo organismo). salmão e a cavala.

Outras substâncias lipídicas Acção no organismo Fontes alimentares

Fazer parte da estrutura das membranas celula- Existe apenas em produtos de origem
res. animal: carnes, leites e queijos “gordos”,
Colesterol próprio dos alimentos Necessário para a formação dos ácidos da bílis, manteiga, aves (pele), produtos de char-
vitamina D e hormonas. Aumenta os níveis de cutaria/salsicharia, órgãos e vísceras,
colesterol sanguíneo. mariscos e ovo (gema).

Quadro 1 Os alimentos na roda, 2003: 17 (adaptado)

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TEXTOS DE APOIO

Conteúdo do rótulo
O rótulo é o “Bilhete de Identidade” de um produto, por isso, para além da função publicitária, o rótulo deve ser
fundamentalmente um meio de informação que facilita ao consumidor uma escolha adequada e uma actuação
correcta na conservação e consumo do produto. Assim, as indicações devem ser completas, verdadeiras e
esclarecedoras quanto à composição, qualidade, quantidade, validade ou demais características que entrem
na composição do produto.
A rotulagem corresponde ao conjunto de menções e indicações, inclusive imagem e marca de fabrico ou de
comércio, respeitantes ao produto alimentar que figuram sobre a embalagem em rótulo, etiqueta, cinta, gar-
gantilha, letreiro de documento, acompanhando ou referindo-se ao respectivo produto. É obrigatório que o
rótulo contenha: (1) denominação de venda – designação do produto pelo seu nome (bolacha, carne, gelado,
ovos, etc.). Não pode ser dissimulada, encoberta ou substituída por marca de comércio ou designação de fan-
tasia. Sempre que o consumidor possa ser induzido em erro, a denominação de venda deve incluir indicação
do estado físico do produto ou do tratamento específico a que foi submetido (fumado, concentrado, reconsti-
tuído, congelado, liofilizado, etc.); (2) a lista de ingredientes e aditivos deve ser elaborada por ordem decres-
cente das quantidades; (3) quantidade líquida ou quantidade de produto contido na embalagem expresso em
volume (litro) ou em massa (quilograma); (4) data de durabilidade mínima ou data-limite de consumo, ou seja, a
data até à qual o produto alimentar conserva as suas propriedades específicas nas condições de conservação
apropriadas. A data de durabilidade mínima deve constar sempre na embalagem e ter a seguinte designação:
“consumir de preferência antes de”. A data-limite de consumo também é obrigatória e é representada pela ins-
crição: “Consumir até”. Nos produtos que duram menos de 3 meses: o mês e o dia. Nos produtos que duram
entre 3 e 18 meses: o ano e o mês. Nos produtos que duram mais de 18 meses: o ano; (5) condições espe-
ciais de conservação, utilização e modo de emprego, quando os produtos careçam de especiais cuidados de
conservação ou utilização e o seu modo apropriado exija indicações especiais; (6) região de origem, quando a
sua omissão seja susceptível de induzir o comprador em erro quanto à real origem do produto (exemplo: vinho
do Porto, pão de Mafra); (7) indicação que permita identificar o lote ao qual pertence o alimento. Nome, firma
ou denominação social e morada do produtor, importador ou armazenista, retalhista ou outro vendedor, con-
forme a entidade responsável pelo lançamento do produto no mercado.
Estão isentos da indicação da data de durabilidade mínima o açúcar, o vinho, os frutos e hortícolas frescos, o
sal, o vinagre, os bolos de pastelaria, os gelados, etc. Estão isentos da indicação da quantidade líquida os pro-
dutos vendidos à peça ou pesados à vista do comprador e sujeitos a perdas consideráveis da sua massa ou
volume (exemplo: alguns tipos de queijo e fruta), os produtos cuja quantidade líquida é inferior a 5 g ou 5 ml,
com excepção das especiarias e das plantas aromáticas, os produtos habitualmente vendidos por números de
unidades, desde que esse número possa facilmente ser contado do exterior ou indicado no respectivo rótulo.
(exemplo: ovos).
É obrigatório que o rótulo seja: (1) escrito em português ou, sendo noutra língua, totalmente traduzido. Excep-
tua-se a denominação de venda quando se possa traduzir, ou seja, internacionalmente consagrada; (2) escrito
em caracteres indeléveis facilmente visíveis e legíveis, em local de evidência e redigidos em termos concretos,
claros e precisos, não podendo ser dissimulados ou separados por outras menções ou imagens.

Direcção-Geral do Consumidor in www.portaldaempresa.pt, em 2007-11-15 (adaptado)

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