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Instrução: Tendo em conta os pressupostos do conteúdo acima exposto, faça a tomada de notas
dos textos “O papel dos museus em Portugal”, “A linguagem dos animais” e “Uso do
portanto”, identificando e sublinhado apenas as palavras-chave.
É compreensível então que nessas circunstâncias reste pouca simpatia da parte do estudante
para com os museus; e isto agravado por um aparato que sugere quais devem ser as atitudes e
comportamentos adequados ao ambiente. Ao visitante dos museus é transmitida a ideia de que nesse
local carregado de responsabilidade o melhor a ser feito é observar “muito respeito”, “pouca
conversa” e lembrar que “esse lugar é um lugar de contemplação.” Atitude semelhante à que se tem
numa igreja, só que, nesse caso esse conjunto de normas vai contribuir decisivamente para
estabelecer preconceitos em relação à obra de arte, que dificilmente serão eliminadas.
Com a autoridade institucional de que foi investido, o museu de arte representou, pela sua
condição privilegiada, uma oportunidade única para sacratizar os objectivos seleccionados segundo
os sonhos e fantasias de uma classe dominante. O museu, em sua forma tradicional, serviu como
elemento mitificador da criação artistica, além do local onde as pessoas vão à procura de obras
“consagradas” feitas por uma elite da qual a maioria da população se sente afastada.
Tornou-se, então, numa tarefa obrigatória dos museus de arte, a luta para desmistificar certos
conceitos que distanciam o trabalho artístico do “homem comum”. É o que vem sendo feito, de
várias formas, pelo museu de Arte Moderna, sita na Quinta de Serralves, no Porto.
In: Fernanda Costa e Rogério de Castro, Revista Movimento nº93, adaptado
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A linguagem dos animais...
Para comunicar com os seus semelhantes, o homem pode utilizar um código verbal. Pode
utilizar também toda a espécie de outros códigos cujas unidades são, não grupos de sons, mas gestos,
cores, formas (o código de marinheiros, por bandeiras, e o código de estrada, são exemplos
clássicos).
A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas que ele constrói):
fala-se muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se que uma abelha, de regresso à colmeia, pode
indicar às outras com muita precisão o local onde se encontra uma fonte de alimento e a sua natureza
e quantidade. A natureza é transmitida pelo odor de que a abelha se impregna; a quantidade, pela
frequência dos sons que emite ao dançar, e a localização, por uma dança. A dança é circular, para
uma distância superior: a abelha percorre um circulo que atravessa, em diâmetro, em diâmetro, e cuja
orientação, em relação à vertical, marca a direcção do alimento em relação ao sol. Enquanto percorre
este diâmetro, agita o abdómen: a duração do bater de asas (o rítmo da dança) exprime a distância.
Actualmente, há tambem um grande interesse pela linguagem dos golfinhos: os golfinhos emitem
sons para comunicarem uns aos outros a destreza, o pedido de ajuda, a alegria, etc. O diálogo com os
golfinhos, que se orientam perfeitamente na obscuridade total e circulam facilmente a profundidades
variadas, poderia fornecer-nos informações de uma utilidade prática evidente. Procura-se também
fazer “falar” os chimpanzéns, mandar-lhes construír “frases”, etc.
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Uso do portanto
Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero, uma falta de rigor, mas
toda a gente já reparou que muita gente diz portanto, a torto e direito. Sobretudo gente culta, ou tida
como, vá-se lá saber em muitos casos, por que bulas, mais nas cidades do que no campo-políticos,
militares, advogados, médicos, engenheiros, professores, estudantes, jornalistas, escritores, todos
dizem portanto dando a ideia de que se trata de palavra indispensável, ou pelo menos útil à
comunicação.
Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que, portanto é uma conjunção
coordenativa conclusiva e acrescenta a lista que, noutros tempos era debitada de cor e salteado ao
menor aceno do que professor: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência. Simples
portanto. As coisas só se complicam (complicam é um modo de dizer...) com a crescente frequência
da palavra utilizada a propósito e a despropósito, mais a despropósito, acrescente-se já a bem da
verdade, inevitável como um tique, irritante como uma espera na paragem de autocarro.
In: PRAÇA, Afonso. Um Movimento de Ternura e Nada Mais, Lisboa, Editorial Notícias, 1995.