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UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE NAVIRAÍ

CURSO DE DIREITO
Prof. Fernando Machado
Direito Tributário
Prova P1
Observações importantes:
a) Conteúdo copiado da internet não será considerado.
b) Cópias entre alunos não serão corrigidas.
c) As respostas devem ter no mínimo 15 linhas.
d) A prova deverá ser enviada pelo moodle. Caso o aluno não consiga deverá
comunicar o professor (fernandomachado@uems.br ou (67) 99603-7259)
e) O prazo para envio da prova será de 7 dias.
f) A prova será disponibilizada impressa para retirada na secretaria, caso seja
necessário.
g) Cada questão vale 2,5 pontos. Na correção serão avaliados o atendimento dos itens
especificados, a construção teórica, adequação da linguagem técnica e clareza do texto.

Nome: Kaíque Gomes Machado


RGM: 37411

1. “Governo zera taxa para importação de arroz: O Comitê-Executivo de Gestão da


Camex (Câmara de Comércio Exterior) anunciou nesta 4ª feira (9.set.2020) que vai zerar a
alíquota do imposto de importação para o arroz. A determinação tem validade até 31 de
dezembro, para 400 mil toneladas do grão com casca. O arroz é 1 dos itens da cesta básica
que mais encareceram em 20201”.
Com base nessa informação, elabore um parecer acerca da legalidade da medida,
identificando, no mínimo, os seguintes itens: (i) característica fiscal e extrafiscal dos
tributos, (ii) princípio da legalidade em matéria tributária e suas exceções, e (iii) os
fundamentos normativos cabíveis.
Resposta:

A característica fiscal dos tributos diz respeito a sua função principal: a arrecadação
de valores com a finalidade de custear as atividades estatais, mas essa não é a única. Um
tributo pode, também, ser utilizado com forma de incentivar ou desincentivar ações dos
pagadores de impostos, isso se dá como a intervenção do Estado na economia, aumentando
ou diminuindo, por exemplo, a taxa de produtos importados. Essa última função tem o nome
de extrafiscal.
O princípio da legalidade, que é uma das bases do estado democrático de direito,
também está presente no direito tributário. Neste ramo, como regra, este princípio, em
síntese, protege o contribuinte ao estabelecer que ninguém será obrigado a cumprir dever
tributário que não tenha sido criado por meio de lei, pela pessoa política competente. Isto é,
somente lei ordinária, em regra, pode criar ou majorar tributos.
1
Disponível em https://www.poder360.com.br/economia/governo-zera-taxa-para-importacao-de-arroz/,
acesso em 12 de setembro de 2020.
De forma taxativa, a Constituição Federal 2 e o Código Tributário Nacional 3
apresentam os casos em que poderá ser mitigado, por meio de decreto, o princípio da
legalidade. Essas exceções dizem respeito a tributos relativos ao comércio, pois
desempenham um papel de regular/incentivar a economia. São eles: II, IE, IPI, IOF, CIDE,
ICMS e atualização do valor monetário da base de cálculo.
Dessarte, o Chefe do Executivo federal, através da CAMEX4, zerou a alíquota para
Importação de arroz, visando suprir a demanda interna do país. Essa medida tem como
fundamento a exceção ao princípio da legalidade tributária prevista na CRFB/88 5, que
permite que o Imposto de Importação seja regulado pelo Presidente da República. Portanto,
a deliberação do Executivo Federal está em conformidade com a legislação e princípios
tributários pátrios.

2
Art. 153, §1°, art. 177, §4°, I, b e art. 155, IV, da CRFB/88.
3
Art. 97, §2°, do CTN.
4
Resolução GECEX N° 87, de 09 de setembro de 2020.
5
Art. 153, §1° da CRFB/88.
2. Analise o seguinte texto e responda aos questionamentos a seguir:
“Justiça proíbe prefeitura de Campina Verde de cobrar taxa de limpeza urbana
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve liminar que interrompe a cobrança
de dois impostos em Campina Verde, município do Triângulo Mineiro. As taxas de limpeza
urbana e de expediente foram suspensas pela Justiça de 1ª instância a pedido do Ministério
Público de Minas Gerais (MPMG), que alegou inconstitucionalidade na cobrança. O
descumprimento da decisão acarreta multa de R$ 1.576,00 por cobrança indevida. Somente
a parte da taxa de limpeza urbana relativa ao serviço de coleta e remoção de lixo domiciliar
está permitida.
Cobrada junto com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e disciplinada pela Lei
Municipal nº 1345/1998, a taxa de limpeza urbana refere-se a vários serviços, como o de
varrição, lavagem e reparação de vias e logradouros públicos, o de coleta e remoção de lixo
domiciliar, o de limpeza de galerias pluviais, bueiros e bocas de lobo e o de conservação de
calçamento e pavimentação”6.
Com base no texto apresentado, responda se a decisão do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais (TJMG) foi adequada, enfrentando na resposta os seguintes itens: conceito de
tributo, conceito de taxa e o fundamento da inconstitucionalidade, indicando os
fundamentos normativos.
Resposta:

Tributo, segundo o art. 3° do Código Tributário Nacional, é “toda prestação


pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada”. Ou seja, tributo é uma obrigação legal e que tem por sujeito ativo
(credor) a pessoa política e por sujeito passivo qualquer pessoa que a lei aponte como
devedora. Tributo pode ser considerado um gênero que possui algumas espécies.
A taxa é considerada uma espécie de tributo, cujo fato gerador é configurado por
uma atuação estatal. Ou seja, ao se pagar uma taxa há uma contraprestação da administração
pública. Essa contrapartida que o Estado dá em relação as taxas é referente a serviços
públicos divisíveis. Por sua vez, são considerados divisíveis os serviços que podem ser
aferidos individualmente, cidadão por cidadão: emissão de passaporte, por exemplo. O fato
gerador da taxa sempre é uma atividade específica: o exercício do poder de polícia ou a
prestação de serviços e sua alocação à disposição do contribuinte, como disciplina o art. 145,
II, da CRFB/88.

6
Disponível em https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/justica-proibe-prefeitura-de-campina-
verde-de-cobrar-taxa-de-limpeza-urbana.htm, acesso em 11 de setembro de 2020.
Nesse diapasão, o Supremo Tribunal Federal (STF), no RE 382519 RJ, decidiu que a
taxa de limpeza, nos casos em que não há apenas a coleta de lixo, mas também englobar a
limpeza de logradouros públicos é uma prestação indivisível, ou seja não é possível
mensurar o valor que cada cidadão deve, de forma individualizada. Portanto, sua cobrança
por meio de taxa é inconstitucional.

A taxa de expediente nada mais é do que uma forma que a cobrança que a
administração pública fazia para emitir guias de arrecadação ao contribuinte. No entanto o
STF, no RE 789218/MG, decidiu que a emissão de guias é de interesse único da
administração pública (não há contrapartida do Estado), por isso, a cobrança dessa taxa foi
considerada inconstitucional.

Dessa forma, a decisão do TJMG foi adequada ao caso concreto, visto que se
encontra respaldada em entendimentos jurisprudenciais da Egrégora Corte.
3. Atente para a seguinte notícia.
“A pedido de Defensora, Justiça determina suspensão de cobrança de contribuição de
melhoria
Após esgotadas as possibilidades de solução administrativa, a Defensora Pública que atua na
Comarca de Tangará da Serra, Shalimar Bencice, garantiu, na Justiça, a suspensão imediata
do lançamento de contribuição de melhoria incidente sobre imóvel de assistida, bem como a
isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O pedido de tutela de urgência em
Ação Anulatória de Débito Fiscal foi deferido pelo Juiz Angelo Judai Junior.
De acordo Defensora, a Prefeitura realizou a pavimentação asfáltica e drenagem superficial
da região onde está localizado o imóvel da assistida, tendo notificado a mesma do
lançamento da contribuição de melhoria referente à realização da obra. “O Executivo
municipal, no entanto, não fez menção à valorização imobiliária no edital de notificação e
lançamento do imposto”7.
Com base no texto apresentado, responda: A ilegalidade sustentada na Ação
Anulatória de Débito Fiscal procede? A valorização imobiliária pode ser presumida?
(Na resposta deverão constar os conceitos e fundamentos normativos aplicáveis).
Resposta:

O art. 145, III, da CRFB/88 prevê a espécie de tributo chamada Contribuição de


Melhoria, já os art. 81 e 82 do CTN regulam a matéria. Ela pode ser cobrada desde que haja
a realização de obras públicas que resultem em valorização do imóvel localizado nas áreas
que, direta ou indiretamente, são beneficiadas pela construção. Isto é, a valorização do
imóvel deve ser consequência da obra pública.
Esse tributo é cobrado com a finalidade de custear a obra, mas para fazê-lo, o ente
público deve respeitar os requisitos mínimos previstos no art. 82 do CTN. Outro ponto que
deve ser respeitado é que a valorização do imóvel não pode ser presumida, ou seja, o Estado
não pode cobrar a Contribuição de Melhoria sem que comprove a valorização (esta não pode
ser presumida). A comprovação dar-se-á mediante avaliações anteriores e posteriores à obra,
com a finalidade de aferir precisamente a valorização obtida. Se não for respeitado essas
formalidades, o ente público não poderá cobrar o tributo.
Para formar a base de cálculo do tributo será a diferença entre o valor do imóvel
antes e depois da obra. Não pode o Estado cobrar com base exclusivamente no custo da
obra. Ademais, há dois limites que devem ser respeitados na hora da cobrança: o limite
global e o limite individual. O primeiro diz respeito ao valor total gasto na obra, ou seja, não
se pode, ao somar todos os valores arrecadados, ser maior do que o gasto total com a obra.

7
Disponível em http://www3.defensoriapublica.mt.gov.br/portal/index.php/noticias/item/11066-a-pedido-
de-defensora-justica-determina-suspensao-de-cobranca-de-contribuicao-de-melhoria, acesso em 11 de
setembro de 2020.
Já o segundo disciplina que não se pode cobrar mais do que o valor acrescido ao imóvel,
mesmo que o custo da obra seja maior que o da valorização individualmente.
Portanto, dos fatos narrados, a ilegalidade sustentada na Ação Anulatória de Débito
Fiscal procede, visto que “o Executivo municipal não fez menção à valorização imobiliária
no edital de notificação e lançamento do imposto”, contrariando, pois, o art. 82 do CTN.
4. Leia atentamente.
“Nova taxa da iluminação pública entra em vigor: A nova taxa de iluminação pública
de Vinhedo, que começaria a valer no último mês de novembro, agora vai vigorar apenas
a partir de janeiro de 2020. A cobrança virá embutida na conta de energia elétrica do
vinhedense e tem a finalidade específica de subsidiar melhorias na rede de iluminação
pública da cidade, uma das maiores reclamações dos moradores. Segundo a Prefeitura, a
arrecadação com a taxa atual, que incide sobre a conta de luz do vinhedense, não é
suficiente para cobrir os custos com o serviço na cidade”8.
De posse destas informações, responda: É possível a tributação de serviço de
iluminação por meio de taxa? Qual o tributo adequado para este serviço? Explique
atentando para os conceitos, diferenças e fundamentos normativos aplicáveis.
Resposta:

No início era cobrada a Taxa9 de Iluminação Pública. No entanto, o Supremo


Tribunal Federal editou a súmula 670 afirmando que “o serviço de iluminação pública
não pode ser remunerado mediante taxa”, por se trata de um serviço global, ut universi.
Após esse entendimento sumulado do STF, o legislador editou a Emenda
Constitucional 39/02, criando a Contribuição de Iluminação Pública (CIP), dando
competência privativa/exclusiva aos Municípios e ao Distrito Federal, classificando a
CIP como uma Contribuição especial. Porém o assunto voltou a ser discutido no STF,
que editou a Súmula Vinculante n° 41, disciplinando que “o serviço de iluminação
pública não pode ser remunerado mediante taxa”.
A CIP, por sua vez, adequa-se ao artigo 3° do CTN, pois é uma prestação
pecuniária de pagamento obrigatório, instituída por lei e não caracteriza uma sanção por
ato ilícito. Por isso, a CIP enquadra-se perfeitamente no conceito de tributo. Ademais, o
art. 16 do CTN define que imposto “é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.

Uma das finalidades dos impostos é subsidiar serviçs gerais que não pode ser
mensurado (serviços uti universi). Isto é, serviços que beneficiam a sociedade como um
todo, não um grupo específico. Ao analisar o art. 149-A da CRFB/88, as súmulas do STF
e o art. 16 do CTN, abstrai-se que o serviço de iluminação pública, que é um serviço uti
universi, deve ser financiado por impostos. Esse é, também, o entendimento do ST
expresso no Agravo de Instrumento 463910/MG:

8
Disponível em https://www.jornaldevinhedo.com.br/nova-taxa-da-iluminacao-publica-comeca-a-valer-em-
janeiro-de-2020/, acesso em 12 de setembro de 2020.
9
Taxa, segundo o art. 145, II, da CRFB/88, é uma espécie de tributo, que tem como fato gerador uma atividade
específica do Estado, consubstanciada no exercício do poder de polícia, o Serviço Público específico e
divisível.
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. IPTU. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA
DOS ENTES POLÍTICOS. EXTENSÃO ÀS AUTARQUIAS. ALÍNEA A DO
INCISO VI DO ART. 150 DA MAGNA CARTA. PRECEDENTES. TAXA DE
ILUMINAÇÃO PÚBLICA (TIP) E TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA (TLP).
INEXIGIBILIDADE. ATIVIDADES ESTATAIS QUE NÃO SE REVESTEM
DAS CARACTERÍSTICAS DE ESPECIFICIDADE E DIVISIBILIDADE. A
imunidade tributária recíproca dos entes políticos, prevista na alínea a do inciso
VI do art. 150 da Magna Carta, "é extensiva às autarquias, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às
delas decorrentes". Precedentes: AI 495.774-AgR, Relator o Ministro Sepúlveda
Pertence, e os REs 212.370-AgR, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence; e
220.201, Relator o Ministro Moreira Alves. É assente nesta colenda Corte que as
taxas de iluminação pública e de limpeza pública se referem a atividades estatais
que se traduzem em prestação de utilidades inespecíficas, indivisíveis e
insuscetíveis de serem vinculadas a determinado contribuinte, não podendo ser
custeadas senão por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais 10.
Agravo desprovido.

(STF - AI: 463910 MG, Relator: Min. CARLOS BRITTO, Data de Julgamento:
20/06/2006, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 08-09-2006 PP-00036
EMENT VOL-02246-04 PP-00659)

Dessa forma, a CIP não pode ser cobrada por meio de Taxas, mas pela espécie
tributária Imposto, conforme entendimento do STF.

10
Grifo nosso.

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