Sei sulla pagina 1di 5

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA LEGA DO JUÍZADO

ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DE NAVIRAÍ – MS

Autos nº XXXXXXXX

CLUB MAIS ADMINISTRADORA DE CARTÕES


LTDA., já devidamente qualificado nos autos do processo de nú mero em
epígrafe, cuja parte adversa é JOSÉ DA SILVA, também devidamente
qualificado, vem, respeitosamente, por seu advogado subscritor, à Vossa
Excelência, com fundamento no art. 1.022 do Có digo de Processo Civil (Lei
13.105/2015), opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, em face da
decisã o de fls. XXX, pelas razõ es de fato e de direito a seguir aduzidas.

I – DA SÍNTESE PROCESSUAL E DA DECISÃO EMBARGADA

O embargante sofreu o ajuizamento de açã o de


indenizaçã o com pedido de tutela antecipada, cujo objeto é a inclusã o do
nome do auto nos ó rgã os de proteçã o ao cédito. Em 10 de junho de 2020, o
MM. Juíza proferiu decisã o de fls. XXXX no seguinte teor:

”Vistos, etc.

José da Silva, já qualificada nos autos, ingressou com Açã o em face


de Banco Bradescard S/A e outro, já qualificado nos autos.
Dispensado o relató rio de acordo com artigo 38 da Lei nº
9.099/95.

DECIDO

Trata-se de Açã o de declaraçã o de indébito c/c Indenizaçã o por


Danos Morais onde o autor objetiva que a sua divida junto com a
empresa ré seja declarada inexistente, bem como ser ressarcido
por seu nome ter sido inserido indevidamente nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito.

O autor celebrou à s fls. 151/152 acordo homologado à s fls. 153


com o requerido Club Mais Administradora de Cartõ es, tendo o
feito prosseguido com relaçã o ao Banco Bradescard S/A.

O banco réu alega em contestaçã o de fls. 53/66 que a inclusã o do


nome da parte autora nos cadastros restritivos de crédito foi
absolutamente lícita, resultando da existência de dívida junto ao
cartã o de crédito. E, havendo dívidas nã o pagas tempestivamente,
o Banco réu iniciou seu procedimento de cobrança, o qual inclui a
negativaçã o do nome dos devedores, por haver mero exercício
regular de direito.

Analisando as provas carreadas para os autos o pedido inicial


deve ser julgado parcialmente procedente.

O documento de fls. 24/26 demonstra que o nome do autor


encontra-se com restriçã o junto ao SCPC por dívida que ele alega
que nã o contraiu. Nã o tendo o Banco réu comprovado a
contrataçã o com o autor e os débitos por ele originados tem-se
que o nome dele foi endereçado de forma irregular, sendo
evidente a fraude resultante da negociaçã o e compra de
mercadorias que o autor desconhece, em especial realizada em
localidades de origem dos débitos que aduz jamais esteve, p. Ex.
Campo Grande-MS ou Sã o Paulo -SP.

O pedido referente a declaraçã o de inexistência do débito deve


prosperar, pois, em sua contestaçã o, a Ré nã o se desincumbiu de
desconstituir os fatos alegados pelo Autor na petiçã o inicial, o que
deveria fazer. Por consequência, ante a falta de comprovaçã o da
existência da dívida, presume-se nã o devido o débito que deu
origem a inscriçã o indevida do nome da Autora no cadastro de
maus pagadores, e, por tal motivo, a exclusã o de seu nome do
referido cadastro deve ser efetivada.

O Autor nã o contribuiu para a ocorrência do evento, pois nã o


formalizou qualquer contrato com a Ré, como demonstra as
provas dos autos.

Nã o havia motivo para realizar tal inscriçã o, assim como também


nã o havia motivo para que os efeitos da inscriçã o se prolongassem
no tempo, na forma como ocorreu. Comprovada encontra-se a
ocorrência de ato danoso atentató rio contra a moral do Autor. A
empresa Ré errou ao inscrever o nome do Autor nas centrais
restritivas de crédito e ao manter os efeitos da negativaçã o
indevidamente realizada. A empresa ré alega que nã o agiu com
culpa ao inscrever o nome do autor os ó rgã os de proteçã o de
crédito, afirmando que foi vítima de um golpe.

Os argumentos nã o prosperam. A ré é uma prestadora de serviço


e, portanto, tem responsabilidade objetiva pelos seus atos, a qual
só é afastada nas hipó teses do artigo 14, §3º, II do CDC, que nã o é
o caso dos autos. Ademais, a responsabilidade da empresa ré
advém do pró prio risco da atividade desempenhada.

Nas relaçõ es de consumo a responsabilidade do fornecedor é


objetiva. Neste sentido, Ronaldo Alves de Andrade ensina que “de
qualquer forma, se vista a situaçã o sob o prisma do CDC, aplica-se
a responsabilidade objetiva, sendo irrelevante, a nosso ver, o grau
de culpa, Nesse ú ltimo caso, somente será exonerado da
indenizaçã o o fornecedor de produtos ou serviços se provar caso
fortuito e força maior.” (Curso de Direito do Consumidor, Manole,
Sã o Paulo, 2006).

Ademais, a empresa ré, que é uma grande empresa, deveria ter se


cercado das cautelas devidas. Os aspectos acima elencados, em
consonâ ncia com a existência de culpa por parte da Ré, tornam
obrigató ria a conclusã o de que o Autor deve receber indenizaçã o
por danos morais.

A ré alega que o autor nã o demonstrou o dano sofrido. Todavia,


basta a demonstraçã o da lesã o e do nexo causal. A mera inscriçã o
indevida nos ó rgã os de proteçã o ao crédito já sã o capazes de gerar
indenizaçã o.

Com efeito, a inserçã o indevidamente do nome do autor nos


ó rgã os de proteçã o de crédito, sem dú vida alguma, causou-lhe
constrangimento, indignaçã o, tristeza, incô modo e dispendimento
de tempo ensejadores da reparaçã o desse dano moral, nos termos
dos artigos 186 e 927 do novo Có digo Civil.

Tais sentimentos sã o intrínsecos a cada pessoa e nã o tem como


ser provados, motivo pelo qual sã o, inclusive, aferíveis com base
nas regras da experiência comum subministrada pela observaçã o
do que ordinariamente acontece.

Embora se saiba que os valores morais de uma pessoa nã o podem


ser medidos em pecú nia, essa tem sido a forma encontrada de se
aliviar os efeitos dos danos suportados pela parte lesada e de
coibir a prática futura de atos lesivos pela parte causadora do
dano. O valor da indenizaçã o, por sua vez, ante a inexistência de
parâ metros legais, fica ao arbítrio do julgador, que deve agir com
cautela e bom senso.

Há que se sopesar, neste caso, que a empresa ré merece uma


puniçã o, para que tenha mais cuidado em suas prá ticas,
potencialmente capaz de causar danos a uma infinidade de
pessoas. Por tal motivo, devemos concebê-la capaz de suportar
ô nus que a iniba a prá tica de tais atos. Assim, arbitro os danos
morais em R$ 5000,00 (cinco mil reais). Quanto ao pedido de
indenizaçã o por danos materiais no valor de R$ 20,00 referente a
consulta de seu nome junto à Associaçã o Comercial de Naviraí,
este é improcedente, visto que o autor nã o comprovou o
pagamento da despesa.
Ante o exposto, e considerando o que mais consta nos autos,
JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO DO AUTOR, para
o fim de confirmar a tutela concedida à s fls. 41/43, declarando a
inexistência dos débitos objeto de discussã o nos autos que deram
origem à inscriçã o no nome do autor no cadastro de
inadimplentes, bem como condenar a parte ré Club Mais
Administradora de Cartõ es a pagar ao Autor a quantia de R$
5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos morais, que deverá ser
acrescida de correçã o monetá ria pelo INPC e juros de 1% ao mês,
desde a data do evento danoso em 16/02/2018 (fls.24/26). Por
fim, declaro resolvido o mérito, com fulcro no artigo 487, inciso I
do Có digo de Processo Civil. Sem custas e sem honorá rios
advocatícios (arts. 54 e 55 da Lei 9.099/95)”.

Contudo, data venia, houve contradição na referida


decisã o, haja vista que o embargante havia firmado acordo com o autor no
curso do processo, devendo, portanto, ser sanada.

Deste modo, nã o restou alternativa ao embargante


senã o a oposiçã o dos presentes embargos de declaraçã o.

II – DA CONTRADIÇÃO

Como já se afirmou anteriormente, a decisã o


embargada foi contraditó ria em relaçã o ao que foi decidido na audiencia de
conciliaçã o, firmado nas fls. n° XXX.

O embargante, como demonstrado nas fls. XXX do


processo em epígrafe, realizou acordo com o autor nos seguintes termos:

XXXXXXXX

XXXXXX

XXXX

Dessa forma, ao condenar o embargante, a M. M. Juíza,


data venia, nã o respeitou o que já havia sido decidido por meio da
conciliaçã o.
III – DA CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, requer sejam acolhidos os


presentes embargos de declaraçã o para suprimento da contradiçã o apontada,
para o fim de reforma da decisã o.

Nesses termos,
Pede deferimento.
Naviraí, 20 de setembro de 2020.
Kaíque Gomes Machado
OAB

Potrebbero piacerti anche