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Ensaios de Permeabilidade
Entretanto, tanto o ensaio de carga constante quanto o de carga variável possuem uma grande
deficiência, pois ambos os ensaios são realizados sem considerar o adensamento e o
confinamento do solo. Sabe-se que com o decorrer do tempo, o maciço adensa, o que
modifica o seu índice de vazios inicial e a estrutura inicial do solo. Sendo assim, os
parâmetros de permeabilidade obtidos por estes ensaios podem não ser representativos para os
cálculos de projeto da barragem.
Ensaios de adensamento
Durante muitos anos o ensaio de cisalhamento direto foi muito utilizado para a avaliação da
resistência dos solos. Na atualidade é realizado devido à sua fácil execução e ao baixo custo
(Juarez & Rico, 1976). O ensaio é executado em uma caixa constituída de duas partes, uma
primeira parte fixa que contém aproximadamente a metade da amostra, e uma segunda móvel
que contém a metade restante. Duas pedras porosas, uma localizada na parte inferior, e outra
na parte superior da amostra, permitem a drenagem livre de amostras saturadas. A parte
superior móvel, tem um elemento no qual é possível a aplicação de uma carga horizontal no
plano de separação das duas peças, provocando desta forma, a ruptura do corpo de prova ao
longo deste plano bem definido. Sobre a parte superior da caixa de cisalhamento, é possível a
aplicação de carga vertical, proporcionando uma pressão normal no plano de ruptura, n. Esta
pressão pode ser livremente definida pelo operador do equipamento (Juarez & Rico, 1976). A
adição de extensômetros ao equipamento permite a medição de deslocamentos da amostra nas
direções horizontal e vertical. A Figura 2.1 mostra um esquema do equipamento de
cisalhamento direto.
Amostra de Solo
Pedra Porosa
Caixa Inferior Fixa
Existem duas formas de realização dos ensaios de cisalhamento direto. A primeira consiste
em definir e aplicar a carga vertical para atingir a pressão normal no plano de ruptura. Após
este procedimento, continua-se a induzir na amostra uma deformação controlada, definida por
uma taxa de deformação fixada pelo operador do equipamento (velocidade de cisalhamento).
Durante o processo de deformação da amostra é medida a força tangencial T, aplicada ao
corpo de prova. Este procedimento é conhecido como Ensaio de Cisalhamento a Deformação
Controlada. Já a segunda forma consiste em alcançar a pressão normal no plano de ruptura, e
posteriormente, procede-se induzindo no corpo de prova incrementos da força tangencial T,
medindo os deslocamentos horizontais e verticais geradas pela aplicação desta força
tangencial. Este procedimento recebe o nome de Ensaio de Cisalhamento Direto a Tensão
Controlada.
O ensaio também apresenta grandes vantagens como ser de fácil execução, os princípios
teóricos básicos serem de fácil entendimento, e a moldagem dos corpos de prova ser de rápida
execução. Outras vantagens são que podem ser elaborados equipamentos de maiores
dimensões a um custo relativamente menor que para outro tipo de ensaios e que as
propriedades medidas como ângulo de atrito e coesão podem ser considerados de boa
representatividade. O equipamento pode ser utilizado para ensaios drenados e para a medida
da resistência ao cisalhamento residual, pelo processo de múltipla reversão da direção de
cisalhamento.
Este ensaio é um caso particular do ensaio triaxial onde a tensão confinante é nula. Na área de
barragens de terra geralmente estes ensaios são preteridos em relação aos ensaios triaxiais. A
maior aplicação destes ensaios é no caso de argilas saturadas onde a resistência à compressão
simples deveria ser semelhante a resistência destes solos em ensaios Q (na realidade um
pouco inferior se é considerada a tração nas bordas do corpo de prova). A coesão das argilas
neste caso pode ser tomada igual a 0,43 a 0,50 da resistência à compressão simples. Outra
aplicação destes ensaios está na determinação da sensitividade das argilas.
Ensaio Triaxial
O ensaio triaxial é muito versátil, pois pode ser feito simulando diversas condições de
carregamento de campo para determinação das características de tensão e deformação do solo.
Sendo assim, ele é de extrema importância para simulações de diversas condições encontradas
em um barramento.
Célula Triaxial
A célula triaxial consiste de uma câmara, geralmente de acrílico transparente, assentada sobre
uma base metálica em uma prensa. O corpo de prova é colocado sobre o pedestal, onde há
uma ligação com a base da célula. A carga axial é aplicada pelo pistão e a câmara, cheia de
De uma forma geral, o ensaio é feito aplicando-se uma tensão confinante à amostra e,
depois,varia-se a tensão vertical em relação à horizontal. Esta diferença entre tensões é que
levará o solo a romper por cisalhamento e é chamada de tensão desviadora ( d 1 3 )
Nota-se que não se trata verdadeiramente de um ensaio em três eixos, já que se usa uma
amostra cilíndrica submetida à variação de tensões em dois eixos somente, sendo as tensões
horizontais as mesmas em todas as direções. Na camada real de solo, porém, ocorre uma outra
tensão principal de valor intermediário à maior e a menor. O ensaio triaxial verdadeiro é
considerado o ensaio triaxial cúbico, onde é possível aplicar três tensões diferentes em uma
amostra em formato de cubo, como mostrado na Figura 2.5. A importância disto é poder
considerar a influência da tensão principal intermediária (2).
O ensaio pode ser executado por deformação controlada ou por tensão controlada. No
primeiro caso, aplica-se uma velocidade de deformação determinando-se a velocidade de
deslocamento da base da prensa.
As condições drenadas e não drenadas podem ser investigadas. Para uma condição drenada, à
medida que a carga é aplicada na amostra, permite-se a saída do fluido dos vazios pela
abertura de uma válvula apropriada. Um ensaio não drenado pode ser feito pela não
permissão de saída de fluido dos vazios durante o ensaio. Em geral, entende-se o termo
ensaio drenado pelo fato de a válvula apropriada está aberta para permitir alívio de excesso
poropressões, gerados a partir da aplicação de cargas. Porém, um ensaio drenado é aquele
que além de ter a válvula apropriada aberta tem uma taxa de aplicação de tensão lenta o
suficiente de modo que nenhum excesso de poropressão exista durante o ensaio.
As poropressões podem também ser medidas ao longo de todo o ensaio por meio de
transdutores de poropressões, que são instrumentos capazes de transformar uma variação de
sinal elétrico ou de resistência em tesão.
Descrevem-se a seguir, alguns dos tipos de diferentes ensaios que podem ser realizados pela
abertura ou fechamento da válvula de saída do fluido dos vazios:
Nos casos em que se tem a necessidade de determinação da pressão neutra e/ou realização de
ensaios em condições saturadas, é comum se encontrar os nomes destes ensaios com uma
barra por cima ou com um índice indicando a saturação, como, por exemplo, CU.
Se o ensaio for conduzido em areia, a velocidade de cisalhamento poderá ser grande, com
ruptura ocorrendo por exemplo, em 20 min. Já no caso de argilas de baixa permeabilidade, a
velocidade de cisalhamento terá de ser muito baixa para que permita que a drenagem ocorra,
podendo um ensaio demorar dias.
Resultados de Ensaio
Para um solo sem coesão saturado ou parcialmente saturado, o ensaio CD dará o mesmo
ângulo de atrito que os de solo seco, a não ser que o material tenha um coeficiente de
permeabilidade baixo e/ou o ensaio foi feito a uma taxa de deformação rápida.
O teste triaxial fornece dados para plotar um círculo de Mohr usando a pressão de célula
como 3 e a correspondente 1, tensão principal maior, na ruptura da amostra. Plotando dois
ou quatro círculos de Mohr usando resultados de ensaio baseados em diferentes pressões de
câmara 3 para cada teste, em amostras de solo com aproximadamente a mesma densidade e
mesmo teor de umidade, a envoltória de resistência pode ser obtida traçando-se a tangente aos
círculos. A inclinação será assumida como o ângulo de atrito interno e o intercepto no eixo
das tensões cisalhantes, o intercepto de coesão na equação de Mohr–Coulomb ( equação 2.1):
c tan g
Se um medidor de variação de volume ou uma bureta graduada são conectadas ao ensaio pela
saída de drenagem, pode-se fazer medições de variação de volume da amostras saturadas sob
diferentes tensões desviadoras e servem também, como já dito, para indicar o final do estágio
de adensamento.
Pressão de Câmara
A pressão de câmara 3 deve ter alguma relação com a pressão que ocorre no local em que se
deseja implantar a obra. Usualmente, três ou mais ensaios triaxiais são executados e o valor de
3 deve incluir um valor que reflita o corrente estado de tensão e outros valores baseados na
expectativa de aumento nas tensões verticais devido ao projeto que será instalado.
Valores Típicos de ’
A tabela 2.1 apresenta alguns valores típicos para solos granulares com grãos angulosos.
Contudo, a utilização de tabelas contendo valores típicos deve ser utilizada com ressalvas.
Caso o material que estiver sendo analisado não o for angular, uma areia de rio, por exemplo,
que devido ao transporte tem forma mais arredondada, estes valores não são válidos. Além
disso outros fatores, como presença de contaminantes, como a mica, podem reduzir o ângulo
de atrito do solo.
Esta tendência de areias compactas apresentarem pico e dilatância desaparece quando se tem
elevadas tensões confinantes. Para estes casos, a inclinação inicial da curva tensão
deformação diminui e, conseqüentemente, o módulo de Young. Isto também ocorre com as
areias fofas. Isto acontece devido à quebra dos grãos da areia pelas elevadas tensões.
1 1
N.A. Máximo Normal
f
3 3
1
3
1
1
3
3