Sei sulla pagina 1di 6

UM MUNDO SEM LEI.

MAS DEUS É JUIZ

DANIEL: Deus é Juiz

A liderança cristã num ambiente multicultural muitas vezes se apercebe exatamente


nessas circunstâncias desfavoráveis e de grande pressão. O mundo que nos cerca parece
um mundo absolutamente sem lei, em que ela própria é instável e depende de inúmeras
circunstâncias para que seja mantida. A sociedade secularizada e altamente relativizada
em que nos encontramos é terreno propício a desqualificações e desmandos dos mais
variados níveis.
As pessoas que lideramos nesta geração encontram-se com angústias intensas em seu
coração, sem conexão clara com aquilo que se pode ou não fazer, sem perceberem de
forma lúcida quais são seus limites e quais são as reais intenções daqueles que nos
cercam. Dessa forma encontramos muitíssimas pessoas em nossas igrejas, as quais,
mesmo havendo sido libertas do jugo do pecado, continuam agrilhoadas no coração por
algemas de sentimentos e constrangimentos que praticamente lhes provam a assertiva de
que realmente vivemos num mundo sem lei, cujas fronteiras éticas e morais são
volúveis e instáveis, com toda sorte de medos interiores. Ao mesmo tempo,
externamente, precisam parecer cada vez mais fortes e lutadores, a fim de não serem
tragados pelos demais.
A liderança que Deus nos entrega nessa sociedade pode ser delicada, em que nada
temos a oferecer em termos concretos aos olhos das pessoas que nos cercam.
Oferecemos a fé num Deus que é desacreditado, o aconchego num grupo, a igreja, que é
menosprezada, e uma exigência de viver pelo que não se vê, mas no que se crê
inquestionavelmente.
Quando esse mundo que aparenta não ter lei se materializa diante de nossos olhos,
precisamos nos lembrar que Deus é a nossa justiça absoluta, nosso Juiz. Foi isso que
Daniel foi mostrar ao caos babilônico, a uma terra cuja lei era arbitrária e que tinha
afrontado a liberdade de filhos de Deus. Embora todos os demais amigos de Daniel
fossem filhos do mesmo Deus, é inegável a posição de liderança que Daniel tinha sobre
eles e sobre os demais desde o primeiro momento.
Daniel quer dizer “Deus é Juiz”. E Daniel foi uma espécie de juízo vivo de Deus
enquanto operou na corte babilônica. As narrativas do livro não deixam dúvida disso a
nenhum de nós.
2

Mas há vários outros lugares nas Escrituras em que encontramos essa ideia, como nos
lembra Russel Shedd em seu livro O líder que Deus usa, ao nos dizer:

“Davi deu valor à justiça. Considere a maneira que ele desafiou a


prática de distribuição dos despojos da batalha entre os homens. Ele se
assegurou de que os homens fracos recebessem um montante igual e
justo.”1.

Neste episódio lembrado pelo autor, a justiça praticada pelo líder foi manifestada numa
completa mudança de hábitos comuns àqueles tempos. O comum era que apenas os
soldados em combate direto tivessem o direito de repartir os despojos tomados aos
derrotados nas batalhas, mas Davi instituiu um novo modelo, em que os soldados que
ficaram cuidando dos bens dos soldados que foram à frente de combate, também
passaram a ter direito a parte dos despojos. Isso foi possível porque a liderança de Davi
sobre seus homens visava a fazer cumprir a justiça que Davi entendia como sendo de
Deus sobre os que o cercavam.
O mesmo autor prossegue falando a respeito do princípio de justiça, ainda tocando na
vida de Davi e sua busca por estabelecer justiça em sua liderança, que o

“insensato Nabal quase perdera sua cabeça por não reconhecer que a
liderança de Davi baseava-se em um senso vital de justiça (lSm 25),
em vez de subornos, favoritismos e ‘panelinhas’. O general Joabe, que
servira Davi tão habilmente nas batalhas, mas que pecava na falta
deste princípio crucial de orientar sua vida pela justiça, finalmente
perdeu sua vida como uma consequência da falta de justiça.”2

Ora, tudo isso nos mostra que há em Deus uma preocupação constante com a justiça.
Uma vez que Deus estabelece líderes em meio às pessoas de suas gerações, o próprio
Deus espera que tais líderes sejam movidos pela justiça e que implantem e lutem por
estabelecer a justiça de Deus entre os homens. O líder que Deus levanta não se destina
apenas a pregar o Evangelho, embora essa seja sua principal vocação. De fato, ao pregar
o reino de Deus, cabe ao líder que Deus levanta pregar todas as circunstâncias do
Evangelho, o que inclui o bem, a paz, a justiça, etc.: a presença do caráter do próprio
Deus como fator de pregação e de construção da própria essência da sociedade que nos
cerca.

1
SHEDD, Russel P. O líder que Deus usa. Tradução: Edmilson A. BIZERRA. São Paulo, SP: Vida
Nova, 2000.
2
Idem
3

Assim trabalharam Daniel e seus amigos. Homens de Deus postos por circunstâncias
adversas no meio de uma sociedade estranha, e que souberam se posicionar e liderar
inúmeras pessoas que as cercaram ao longo de seu ministério na Babilônia. O resultado
foi positivo, o nome de Deus foi glorificado, e os efeitos da liderança desses homens são
sabidos e seguidos até hoje, cerca de 2,5 mil anos após o ocorrido.
Mark Shaw, em seu Lições de Mestre, ao mencionar Martinho Lutero diz que o
incômodo do reformador tinha muita conexão com a questão da justiça de Cristo, que é
imputada a nós pelo próprio Senhor. Diz ele:

Para um monge esgotado espiritualmente, que vivia em uma época


contaminada pela ansiedade mal resolvida, a verdade da justificação
pela fé parecia ser uma cura milagrosa. Lutero escreveu que, quando
entendeu que a justiça de Cristo é imputada (transferida) sobre nós, os
‘portões do paraíso’ pareciam se abrir diante de seus olhos. 3

Entendemos que a liderança inequívoca de Lutero em termos de Reforma e posterior a


ela também deve nos falar de forma profunda a respeito da questão de justiça,
particularmente a justiça de Deus que vem sobre a raça humana. Como líderes
levantados por Deus numa sociedade multicultural, nosso papel será apregoar livre e
poderosamente que o mundo jaz no maligno4, que toda maldade (injustiça) é decorrente
do afastamento de Deus5, mas que Deus é totalmente justo6, e que levanta seus líderes
para trazer justiça ao homem7.
Já o expoente do avivamento britânico John Wesley cria na perfeição humana, o que é
altamente questionável do ponto de vista de uma formulação doutrinária reformada. No
entanto, é inegável sua contribuição para a formação de cristãos piedosos, dada a sua
ênfase na questão da espiritualidade equilibrada. A santidade, nesse contexto, é o que
3
SHAW, Mark. Lições de mestre: 10 insights para a edificação da igreja local. Tradução: Jarbas
ARAGÃO. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 1997. P. 23.
4
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno”. (1 João 5.19)
5
“Cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e
malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem
misericórdia”. (Romanos 1.29-31)
6
“Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e
não há nele injustiça; é justo e reto”. (Deuteronômio 36.4)
7
“Todo o Israel ouviu a sentença que o rei havia proferido; e todos tiveram profundo respeito ao rei,
porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça”. (1 Reis 3.28 )
4

forma uma identidade de líderes cristãos comprometidos com a aplicação da justiça de


Deus em seu entorno. Segundo lemos em Shaw, não podemos ignorar

que a busca pela santidade é um objetivo proposto pela Bíblia. Os


efeitos positivos dessa busca eram numerosos: ação social cristã,
renovação da família, redução nas taxas de crimes e imoralidade e
assim por diante. A ênfase na santidade pessoal e social evitou que o
movimento de grupos pequenos de Wesley se tornasse restritivo e
acomodado. Quando a santidade e a justiça são os alvos do
discipulado, um cristão decidido pode ser formado, alguém que
realmente poderá transformar tanto a Igreja quanto a sociedade. 8

De acordo com essa postura, a santidade é a base para a formação de cristão – um futuro
líder. Voltando a Daniel, o que temos ao longo da leitura do livro bíblico é a exposição
da vida de servos devotados do Senhor, cuja preocupação maior era uma vida santa,
buscando ao Senhor e querendo executar sua vontade. Isso os tornou líderes realmente
usados por Deus numa sociedade multicultural: essa deve ser a realidade buscado por
líderes cristãos em nossos dias.
Finalmente, falando a respeito de William Wilberforce, e citando parte de seus escritos,
levanta a questão de que o verdadeiro cristianismo leva os cristãos a lutar por melhores
condições, particularmente a justiça. A liderança cristã persegue os ideais de Deus, o
que faz com que queira promover esses princípios no entorno de sua liderança,
conectando a falta disso a um desfalecimento da missão cristã. Diz o autor:

Conforme Wilberforce ensinou em A Practical View, o cristianismo


vital impele os cristãos a lutar pela justiça. A separação entre ação
social e paixão espiritual fará com que esse cristianismo se apague e
feneça, como ocorre quando separamos uma brasa acesa do fogo. 9

Haja o que houver no nosso entorno, precisamos fazer de nossa jornada de líderes no
contexto da multiculturalidade em que estamos imergidos a mesma coisa que Deniel
fez. Jamais podemos nos desviar do conhecimento de que Deus é o nosso juiz, e que
dele só advêm julgamentos totalmente justos.
Diante do Senhor devemos depositar nossas causas, e, pelo tema deste trabalho, as
causas que afligem a liderança que Deus nos confiou, sendo Deus o justo juiz, único que
julga de forma totalmente justa as nossas causas. Diz a palavra do Senhor em Jeremias
8
SHAW, Mark. Lições de mestre: 10 insights para a edificação da igreja local. Tradução: Jarbas
ARAGÃO. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 1997. P. 170.
9
Ibidem. P. 222.
5

11:20: “Mas, ó SENHOR dos Exércitos, justo Juiz, que provas o mais íntimo do
coração, (...) a ti revelei a minha causa.”
6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Bíblia Sagrada. 2. ed. Tradução ao português: João Ferreira de Almeira. Revista e


Atualizada no Brasil. Barueri: SBB, 1993.

LAWRENCE, Bill. Autoridade pastoral: servindo a Deus, liderando o rebanho. São


Paulo, SP: Vida , 2002.

SHAW, Mark. Lições de mestre: 10 insights para a edificação da igreja local.


Tradução: Jarbas ARAGÃO. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 1997.

SHEDD, Russel P. O líder que Deus usa. 1ª. Tradução: Edmilson A. BIZERRA. São
Paulo, SP: Vida Nova, 2000.

STOTT, John. Ouça o Espírito, ouça o mundo. Tradução: Silêda Silva Steuernagel. São
Paulo, SP: ABU, 2003.

STOTT, John R. W. Los Desafíos del Liderazgo Cristiano. 3ª. Tradução: n.d. Buenos Aires:
Certeza, 2002.

Potrebbero piacerti anche