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Abril 2013 | ano VI • nº 61

LicicoN
Revista de Licitações e Contratos
Editorial

ISSN 1984371–2 A edição do mês de abril conta com uma série de assuntos importantes! A
Abril.2013 | nº 62 | ano VI Arena desse mês trata da hipótese de dispensa de licitação inserta no inc.
XX, do art. 24, da Lei 8.666/93.

Instituto Negócios Públicos do Brasil


Na seção ‘Jurisprudência Comentada’, aprecia-se a aplicação de penalidades
A LICICON é editada mensalmente pela equipe no âmbito do Pregão, bem como sua abrangência territorial, autoridade
jurídica da Consultoria Negócios Públicos competente para a aplicação, além de seu prazo de duração.
Presidente Já a seção ‘Edital Comentado’ aborda a temática relativa às licitações
Rudimar Barbosa dos Reis
exclusivas no âmbito da Lei Complementar 123/06.
Vice–Presidente
Ruimar Barboza dos Reis Na seção ‘Pareceres Jurídicos’ será abordada a possibilidade de contratação
Diretor direta de entidades pertencentes ao Sistema “S”, como também a questão
Rubim Fortes
referente à obtenção de cópia dos autos do processo licitatório, dentre
rubim@negociospublicos.com.br
outras questões interessantes.
Diagramação
Caroline Votto Esses são apenas alguns dos temas que poderão ser encontrados na edição
caroline@negociospublicos.com.br
deste mês da revista LICICON! Aproveite para conferir ainda, os temas
Consultoria Jurídica
Rogério Corrêa
analisados na seção ‘Respostas Objetivas’ e ‘Jurisprudência Simples’!
OAB/PR 36.981
Boa leitura!
Diretor Técnico/Consultoria

Elaine Cristina Bertoldo Equipe da Consultoria Negócios Públicos.


OAB/PR 44.585

Larissa Panko
OAB/PR 45.890

Melissa de Cássia Pereira


OAB/PR 48.147

Patrícia Bello dos Santos


OAB/PR 42.223

Revisão
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ParEcErEs Jurídicos.............................................................................04
1 Alterações contratuais. Percentuais para acréscimos e supressões aplicados de forma isolada. 4
2 Princípio da publicidade. Requerimento de cópia de processo administrativo. 8
3 Contratação direta de Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”). Organizações sociais. Considerações. 12
4 Licitação deserta do tipo técnica e preço. Necessidade do objeto. Procedimento a ser adotado. 15
5 Estipulação de compensações e penalizações financeiras. 16

rEsPostas obJEtivas..............................................................................25
1 É possível licitar coleta de lixo hospitalar por Pregão? 25
2 Ao encerrar o certame licitatório, independente da modalidade, homologa-se o certame primeiro e adjudica-
se os itens à empresa vencedora depois,ou vice-versa? 26
3 Pode ser constituída Comissão Especial de Licitação (CEL) para a realização de Pregão presencial
internacional? 27
4 Considerando que a Administração abriu certame licitatório, tendo como objeto a ‘Contratação de Empresa Especializada
na Prestação de Serviços de Informática – Gestão Arquivística’. Considerando que foi impetrado recurso contestando a
documentação apresentada pela empresa vencedora de alguns itens do certame,com alegação de que o atestado de capacidade
técnica apresentado não atendia,em quantidade,ao que diz o item 31.1 do edital do certame: 30
5 Esta Instituição necessita realizar pagamento de anuidade para Associação Brasileira de Educação Médica. É necessária a
elaboração de Termo de Referência, sendo esta despesa classificada como pagamento antecipado? Existe na legislação algum
tipo de referência para este tipo de pagamento? 32

Edital comEntado ..............................................................................34


Edital do Pregão Eletrônico para aquisição de materiais de limpeza 34

JurisPrudência comEntada ...................................................................37

A Aplicação de Sanções no Pregão 37


JurisPrudência ..................................................................................44
1 TCU – Acórdão 349/13 – Plenário

Admissível a flexibilização de critério de julgamento da proposta. Hipótese: quando o produto ofertado

apresentar qualidade superior à especificada no edital, não tiver havido prejuízo para a competitividade do

certame e o preço obtido revelar-se vantajoso para a administração. 44

2 TCU. Acórdão 395/13 – Plenário

Pregão. Contratação de serviços de assessoria de comunicação. Possibilidade. Necessária e precisa definição

do objeto e de suas especificações, em atendimento aos requisitos estabelecidos na Lei 10.520/02 e no

Decreto 5.450/05. 44

3 TCU. Acórdão 429/13 – Plenário

Lei 8.666/93. Aplicação da regra prevista no art. art. 48, §3º. Inaplicabilidade a licitantes já excluídos em

outras etapas da licitação, sendo possível sua aplicação ou aos licitantes desclassificados, ou aos licitantes

inabilitados, e não a ambas as hipóteses simultaneamente. 45

4 TCU. Acórdão 306/13 - Plenário

RDC. Possibilidade da abertura do sigilo do orçamento na fase de negociação de preços com o primeiro

colocado, desde que em ato público e devidamente justificado. 46

arEna................................................................................................47

índicE rEmissivo..................................................................................48
Pareceres Jurídicos Assunto
Alterações contratuais. Percentuais para acréscimos e supressões aplicados de forma isolada.

Legislação Aplicável
Lei 8.666/93.

Ementa
Alterações contratuais. Percentuais para acréscimos e supressões aplicados de forma isolada, sobre o valor inicial
atualizado do contrato. Exceção. Supressões por acordo entre as partes. Nova base de cálculo. Considerações.

Consulta Resposta
“Valor inicial do contrato (R$ As alterações de contratos administrativos dividem-se em duas
318.500,00), objeto: reforma.
grandes espécies, quais sejam, as ditas alterações consensuais, quan-
A área de engenharia solicitou
um aditivo negativo de 40,73% do avençadas de mútuo acordo entre a entidade contratante e o
- R$ 129.721,81 e um aditivo correspondente contratado de determinada avença, e as unilaterais,
1 positivo de 41,68% no valor de
+ R$ 132.757,29. Pergunta-se:
quando impostas pela Administração contratante ao particular. Estas
últimas, a seu termo, subdividem-se em qualitativas ou quantitativas
os percentuais dos aditivos
solicitados (positivo e negativo) e encontram-se disciplinadas nas alíneas do inc. I, do art. 65, da Lei
estão em consonância com o 8.666/93, respectivamente:
entendimento mais recente
do Tribunal de Contas da a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
União (TCU) e com o Acórdão adequação técnica aos seus objetivos;
1.216/11 – 2ª Câmara, por meio
do qual se determina considerar b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
as reduções ou supressões de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos
quantitativos de forma isolada por esta Lei;
e sempre sobre o valor original
do contrato?” Quanto às alterações quantitativas, individualmente considera-
das, estas dizem com a possibilidade de modificações tão-somente na
quantidade do objeto contratado, para mais ou para menos, dentro
dos limites fixados pela própria Lei 8.666/93, a saber:

Art. 65 – (...) omissis:

§1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais,


os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras,
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e,
no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de
50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

§2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabeleci-


dos no parágrafo anterior, salvo:

I. (VETADO)

II. as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.

Como se pode observar, determinada alteração unilateral que au-


mentar ou diminuir a quantidade do objeto contratado, limitar-se-
-á a 25 ou 50% sobre o valor inicial atualizado do contrato, em se
tratando, respectivamente, de obras, serviços ou compras em geral

4 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
ou de reforma de edifício ou equipamento. Tal regra é por acordo entre os contratantes. A Administra-
excepcionada na hipótese de acordo entre as partes, ção Consulente pretende aditivar o contrato de modo
quando a supressão, e apenas esta, poderá superar os a realizar um acréscimo no percentual de 41,68% e
referidos limites. uma supressão de 40,73% sobre o valor inicial atuali-
zado do contrato. Nesse sentido indaga se tais altera-
As alterações qualitativas, a seu termo, dizem com a
ções estão de acordo com o entendimento esposado
modificação do objeto em si ou, mais propria-
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no Acórdão
mente, de sua qualidade, em decorrência de al-
1.216/11 – 2ª Câmara, que assim preceitua:
terações do projeto ou de suas especificações.
Oportuno ressalvar, então, a existência de limites para Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em
a realização de alterações contratuais, mesmo quando Sessão de 2ª Câmara, ACORDAM, por unanimidade, com
qualitativas. fundamento nos arts. 143, inciso V, 235, 237, inciso VII e
parágrafo único, e 250, incisos I e II, do Regimento Interno/
Primeiramente, a norma não abre espaço para TCU, em conhecer da presente representação, para, no mé-
a contratação de um novo objeto através do rito, considerá-la parcialmente procedente, fazer as seguin-
contrato já em vigor, tampouco alterar o obje- tes determinações e arquivar o seguinte processo, de acordo
to tão radicalmente que resulte em alteração com os pareceres emitidos nos autos: (...)

de sua essência. Tem-se, pois, a primeira limitação


imposta a esta espécie de alteração: a impossibilidade
1.5.1.2. em futuras contratações, para efeito de
observância dos limites de alterações contratuais
1
de desnaturação do objeto contratado, sob pena de previstos no art. 65 da Lei 8.666/1993, passe a con-
burla à licitação e de contratação direta sem a devida siderar as reduções ou supressões de quantitativos
autorização legal. de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e
o conjunto de acréscimos devem ser sempre calcu-
Assim, ainda que para melhor adequação téc- lados sobre o valor original do contrato, aplicando-
nica aos objetivos pretendidos em determina- -se a cada um desses conjuntos, individualmente e
da contratação, através de modificação de seu sem nenhum tipo de compensação entre eles, os
respectivo projeto ou de suas especificações, o limites de alteração estabelecidos no dispositivo
legal;[1] (sem grifos no original).
núcleo essencial do objeto deve ser mantido.
Isto porque, o desencadeamento de um dado Da leitura do Acórdão supra é possível compreender
procedimento licitatório opera-se para a rea- que os percentuais de acréscimo e supressão devem
lização de uma contratação específica. Assim ser aplicados de forma isolada, isto é, se o contrato foi
sendo, diante da desnaturação do objeto, estar- acrescido em 40% do valor inicial atualizado do con-
-se-ia em verdade utilizando-se de determina- trato, por exemplo, (no caso de reforma de edifício ou
do contrato para um fim diverso daquele para equipamento), o mesmo poderá ser suprimido em até
o qual a licitação foi instaurada. 25% do valor inicial atualizado do contrato, salvo acor-
Além da limitação supra, referente ao objeto do entre as partes. O referencial para ambas alterações
contratado em si, a própria norma autorizado- continua sendo o mesmo: o valor inicial atualizado do
ra da realização das ditas alterações qualitati- contrato, desconsiderando eventuais acréscimos ou
vas, impõe-lhes outro limite. Seu desencadea- supressões já realizadas. O valor inicial atualizado nada
mento deve ter sido originado em decorrência mais é do que o valor inicial do contrato atualizado
da necessidade de melhor adequação técnica. pelos reajustes, revisões ou repactuações que já hou-
E, esta é a única hipótese descrita pelo legisla- verem sido oportunamente realizados.
dor em que será possível sua consumação. No entanto, é preciso ressaltar que caso o con-
No caso em tela, tratando-se o objeto do con- trato de reforma tenha sido acrescido em 30%,
trato de uma reforma, o limite percentual para por exemplo, somente restará a possibilidade
acréscimos é de 50% sobre o valor inicial atua- de novo acréscimo no percentual restante, ou
lizado do contrato. As supressões, por sua vez,
[1] TCU, Acórdão 1.216/11. Órgão Julgador: 2ª Câmara. Relator: Ministro
poderão ultrapassar o limite de 25%, desde que Aroldo Cedraz. DOU: 09/03/11.

www.negociospublicos.com.br 5
Pareceres Jurídicos seja, 20% sobre o valor inicial atualizado do
contrato. As supressões por sua vez, poderão
pressivas acordadas entre as partes, ou seja, para
além dos 25%, têm o condão de gerar nova base de
ultrapassar 25% do valor inicial atualizado do cálculo para fins de incidência do percentual máximo
contrato, caso haja acordo entre as partes. para eventuais acréscimos contratuais. Caso contrário,
Importante ressaltar, ainda, que de acordo com o TCU, deverá ser sempre observado o valor inicial atualizado
as “alterações contratuais supressivas, acordadas entre do contrato. Nesse sentido comenta Joel de Menezes
as partes, têm o condão de gerar uma nova base de NIEBUHR:
cálculo para fins de incidência do percentual máximo Recorda-se que, de acordo com o §1º do art. 65 da Lei nº
de 25%”. A esse respeito vide o Acórdão 2.331/11 – 8.666/93, o limite, tanto para os acréscimos quanto para as
Plenário: supressões, é de 25% do valor inicial atualizado. O valor ini-
cial atualizado é de R$ 100.000,00. Portanto, o limite para
186. Por outro lado, o posicionamento desta Corte de Con-
os acréscimos e para as supressões é de R$ 25.000,00.
tas, delineado pelo insigne Voto do Exmo. Sr. Ministro-Relator
Ubiratan Aguiar, no Processo nº 013.971/2001-7, de forma Pois bem, a Administração suprimiu 20%, reduzindo o valor
a encaminhar a Decisão nº 1.575/2002-Plenário, mencio- do contrato para R$ 80.000,00. Agora ele pretende acrescê-
nado pela Equipe da SECEX/AL, firmou o entendimento de -lo. Poderá fazê-lo em 25% calculado sobre R$ 100.000,00,

1 que as alterações contratuais supressivas, acordadas entre


as partes, têm o condão de gerar um nova base de cálculo
que é o valor inicial atualizado do contrato, somando R$
25.000,00. Estes R$ 25.000,00 devem ser somados a R$
para fins de incidência do percentual máximo de 25%., pois
80.000,00, que é o valor presente do contrato, decorrente
se estaria infringindo o art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/93,
da supressão anterior. Daí que o valor do contrato, com o
combinado com o art. 3º da Lei nº 8.666/93 e o art. 37,
acréscimo e depois da supressão, pode alcançar o máximo
caput e inciso XXI, da Constituição Federal.
de R$ 105.000,00. [3]

187. Por este Decisão, salvo melhor juízo, com as alterações Síntese conclusiva
supressivas promovidas pelo ‘Novo Projeto Básico’, com a
retirada da Ponte-Canal, em comum acordo entre as partes, Isto posto conclui-se que, no caso em tela, o objeto do
por meio do 2º Termo Aditivo, gerou-se uma nova base de contrato envolve reforma (que deverá ser de edifício
cálculo para a incidência do percentual máximo aplicável. ou de equipamento, nos termos do §1º, do art. 65, da
Lei 8.666/93), razão pela qual o limite percentual apli-
Em tese, não há limites para a redução contratual
consensual, mas, a partir do momento da redução cado para acréscimos contratuais é de até 50% e para
da avença, por força de supressões de serviços lici- supressões, até 25% sobre o valor inicial atualizado
tados e contratados, ascendeu ao mundo jurídico do contrato. Os percentuais de acréscimo e supres-
um novo contrato (aditivado por supressão), que são devem ser aplicados de forma individualizada, sem
será a nova base para fins de incidência do percen-
compensações.
tual máximo de 25%. Por esta metodologia, introduzida
pela Decisão nº 1.575/2002-Plenário, com a retirada do De acordo com o entendimento do TCU, apenas as
item de orçamento ‘Ponte-Canal’ do orçamento licitado e alterações contratuais supressivas acordadas
contratado, no valor de R$ 25.690.573,68 a preços
entre as partes, ou seja, para além dos 25%, têm o
de agosto/2002, por meio do 2º Termo Aditivo, o va-
condão de gerar nova base de cálculo para fins de in-
lor total do contrato passou de R$ 41.778.628,39
a preços de agosto/2002 para R$ 16.088.054,71 na cidência do percentual máximo para eventuais acrés-
mesma data de referência (diferença entre o total cimos contratuais. No caso em tela, a Administração
do contrato e o que foi suprimido). Portanto, esta Consulente poderá realizar acréscimos contratuais de
seria a nova base de incidência (R$ 16.088.054,71) até 50% e supressões que não superem 25% sobre o
do limite legal máximo de 25%[2] (sem grifos no ori-
valor inicial atualizado do contrato. Nestas hipóteses,
ginal).
não há que se falar em compensação entre acréscimos
Da leitura do Acórdão acima citado é possível com- e supressões, nos termos do que determina o Acórdão
preender que apenas as alterações contratuais su- 1.216/11 – 2ª Câmara do TCU.

[2] TCU. Acórdão 2.331/11. Órgão Julgador: Plenário. Relator: Ministro [3] NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Admi-
Valmir Campelo. Sessão: 31/08/11. nistrativo. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 834.

6 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
No entanto, caso a Administração pretenda realizar su- base de cálculo para fins de incidência do percentual
pressão para além do limite de 25%, a mesma deverá máximo para eventuais acréscimos contratuais.

ser acordada entre as partes. Neste caso, conforme o Salvo melhor juízo, considerados os elementos fáticos
Acórdão 2.331/2011- Plenário do TCU, as alterações fornecidos pela Consulente, esse é o entendimento da
Consultoria Negócios Públicos. LC
contratuais supressivas acordadas entre as partes, ou
seja, para além dos 25%, têm o condão de gerar nova por Melissa de Cássia Pereira.

www.negociospublicos.com.br 7
Pareceres Jurídicos Assunto
Princípio da publicidade. Requerimento de cópia de processo administrativo.

Legislação Aplicável
Constituição da República. Lei 8.666/93. Lei 12.527/11.

Ementa
Princípio da publicidade. Requerimento de cópia de processo administrativo. Impossibilidade de negativa.
Documentos sigilosos. Exceção. Necessária justificativa. Considerações.

Consulta Resposta
“Uma Ata de Registro de Preços Sabe-se que, na seara do Direito Administrativo, a relevância do Prin-
cujo objeto é CFTV, assinada
cípio da Publicidade é indubitável e, considerando isso, importante
em janeiro de 2011, já expirada,
iniciar o deslinde do questionamento em tela com os seguintes co-
2 inclusive o contrato decorrente
dela. Ocorre que neste mês
de janeiro uma pessoa física
mentários de Celso Antonio Bandeira de MELLO:

Consagra-se nisto o dever administrativo de manter plena transparência em


solicitou cópias do processo
seus comportamentos. Não pode haver em um Estado Democrático
administrativo.
de Direito, no qual o poder reside no povo (art. 1º, parágrafo único
Pergunta-se:
da Constituição) ocultamento aos administrados dos assuntos que
1) Existe alguém óbice para a
disponibilização das referidas a todos interessam, e muito menos em relação aos sujeitos individualmente
cópias? afetados por alguma medida.
2) Sendo um processo de
Tal princípio está previsto expressamente no art. 37, caput, da Lei
segurança de uma instituição
financeira não colocaríamos em Magna, ademais de contemplado em manifestações específicas do
risco o sigilo das especificações, direito à informação sobre os assuntos públicos, quer pelo cidadão,
localizações e outros itens pelo só fato de sê-lo, quer por alguém que seja pessoalmente in-
inerentes às câmeras, além da teressado. É o que se lê no art. 5º, XXXIII (direito à informação) e XXXIV,
própria segurança do banco? “b”, este último para o caso específico de certidão (a ser expedida no prazo
3) Pode-se omitir algum máximo de 15 dias, conforme a Lei 9.051, de 18.5.95) para defesa de direitos
documento? e esclarecimento de situações de direito pessoal. (...)
4) Pode-se solicitar algum
documento físico e original, Na esfera administrativa o sigilo só se admite, a teor do art. 5º, XX-
para conferência, da pessoa XIII, precitado, quando “imprescindível à segurança da Sociedade
interessada nas cópias? e do Estado”[1](o grifo não consta no original).
5) O tempo entre a realização
da licitação e a solicitação das Visto isso, compete frisar que, conforme apontada pelo referido au-
cópias não se constitui em zelo tor, o aludido Princípio encontra guarida, inclusive, em sede Consti-
para não disponibilizarmos?” tucional, destacando-se os seguintes dispositivos da Constituição da
República:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

(...)

[1] BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 19. ed. São
Paulo:Malheiros, 2005. p. 102-103.

8 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú- em face da sociedade e dos potenciais interessados. A ad-
blicos informações de seu interesse particular, ou ministração é serva da realização dos interesses coletivos
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas e da promoção dos direitos fundamentais. Justamente por
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res- isso, a Administração Pública tem o dever de atuar de modo
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à transparente, levando ao conhecimento público as propos-
segurança da sociedade e do Estado; tas, os modos de satisfação concreta das necessidades e
assim por diante.
Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do A publicidade é uma decorrência inafastável da
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos concepção democrática, que reconhece que a von-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- tade estatal traduz um processo de consenso a par-
blicidade e eficiência e, também, ao seguinte (o grifo não tir da participação aberta a todos os integrantes
consta no original). da Nação.

E, transpondo os apontamentos supra à seara das li- (...)


citações e contratos administrativos, há que se res-
O Princípio da publicidade impõe a divulgação e a
saltar que a Lei 8.666/93 consagra, expressamente,
possibilidade de pleno conhecimento por todos os
o princípio ora aludido. Entre os dispositivos que o
preveem destacam-se os seguintes:
interessados acerca da existência da licitação, da
existência e do conteúdo do instrumento convoca-
tório, das decisões da comissão de licitação etc[2](o
2
Art.3º. A licitação destina-se a garantir a obser-
vância do princípio constitucional da isonomia, a grifo não consta no original).
seleção da proposta mais vantajosa para a administração
e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
Especificamente acerca do preceito insculpido no ci-
será processada e julgada em estrita conformidade com tado art. 63, o autor afirma que:
os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
A regra é decorrência direta do princípio da ampla publi-
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade ad-
cidade da licitação e do contrato administrativo. Ao asse-
ministrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
gurar acesso de terceiros aos documentos da licitação, a
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
lei pretende não apenas evitar contratações sigilosas. Busca
dissuadir a prática de irregularidades. (...)
(...)

A lei presume que os licitantes derrotados têm interesse em


§3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
fiscalizar a correção da atividade administrativa. Refere-se
acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
expressamente a eles e permite que tenham amplo acesso
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a res-
ao conteúdo da contratação. Conhecedores mais profundos
pectiva abertura.
das peculiaridades da disputa aperceber-se-ão facilmente
Art.63.º É permitido a qualquer licitante o conhe- de qualquer desvio. Não se exige que o licitante indi-
cimento dos termos do contrato e do respectivo que o motivo que o leva a consultar os documentos.
processo licitatório e, a qualquer interessado, a Sua condição de licitante é suficiente para autori-
obtenção de cópia autenticada, mediante o paga- zar pleno acesso aos documentos[3](o grifo não consta
mento dos emolumentos devidos (o grifo não consta no original).
no original).
Desta feita, com base no exposto, tem-se que o prin-
Em comentários ao supracitado art. 3º da Lei 8.666/96, cípio da publicidade deve permear todos os atos ad-
Marçal JUSTEN FILHO aduz que: ministrativos (com exceção dos classificados como
sigilosos, de acordo com a Lei 12.527/11), dentre os
Em primeiro lugar, a publicidade é um instrumento de par- quais encontram-se os afetos a procedimentos licita-
ticipação democrática na formação da vontade estatal. O tórios, fazendo-se necessário franquear aos interessa-
procedimento administrativo orientado à contratação é o dos (licitantes ou não) acesso aos documentos acos-
resultado da conjugação das atuações públicas e privadas.
tados junto ao respectivo processo. Tal acesso deve
Isso significa que a Administração não se encontra numa [2] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Con-
posição jurídica de “proprietária” dos interesses envolvidos. tratos Administrativos. 15. ed. São Paulo: Dialética, 2012. p. 77-98.
Nem sequer se pode aludir a uma posição de superioridade [3] Ibidem, p. 872.

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Pareceres Jurídicos ser irrestrito, inclusive no que se refere às propostas
(depois de abertas), possibilitando-se ainda a obten-
contratos administrativos, cuja publicidade é expressamente
exigida pelo art. 3º da Lei n. 8.666/1993.
ção de cópias pelo particular interessado (mediante
o pagamento dos emolumentos devidos). 2. Ressalvadas as hipóteses constitucionais de sigilo
(segurança do Estado e da Sociedade e preservação
Assim, de acordo com exposto, depreende-se ser da intimidade de cidadão), todos os atos do Poder
vedado à Administração negar vistas/cópias do pro- Público devem ser transparentes, franqueando-se
cesso licitatório e respectivas contratações aos in- aos interessados e aos cidadãos ampla e irrestrita
teressados, ainda que os mesmos não estejam mais consulta[5](o grifo não consta no original).
vigentes.
Na mesma linha já se manifestou o Tribunal de Con-
E, nessa linha, importa citar as seguintes considera-
tas da União, que, por meio do Acórdão 1.305/08 – 1ª
ções de Diógenes GASPARINI:
Câmara, consignou que “permita o livre acesso dos
... na Administração Pública, é extraordinariamen- licitantes a toda a documentação do processo licita-
te relevante o princípio da publicidade. Atente-se tório, em observância aos arts. 3º, §3º, e 63 da Lei nº
que enquanto na Administração Privada vigora o princípio
8.666/93 e ao pleno exercício do contraditório e da

2
exatamente oposto que é o princípio do sigilo, o princípio
ampla defesa assegurados pela Constituição da Repú-
do segredo, na Administração Pública vige o princípio da
publicidade. A aplicação desse princípio muitas vezes é re- blica no art. 5º, inciso LV”.
legada a um plano secundário. Muitas e muitas vezes quan-
Desta forma, tem-se não ser possível a negativa do
do alguém chega, durante o transcorrer de um processo
licitatório e pede para o Presidente da Comissão: “Senhor fornecimento de cópias do processo, conforme soli-
Presidente, será que eu posso ver o processo desta licita- citado pelo interessado, salvo se, como visto, houver
ção?” O Presidente, todo cioso de suas responsabilidades, riscos à segurança do Estado, da sociedade ou da pre-
pega o processo e diz: “Não, o Senhor não pode ver este servação da intimidade de cidadão, hipótese na qual a
processo”. “E o princípio da publicidade”, retruca o interes- negativa de vistas/cópias deverá se limitar a tais docu-
sado no processo. “Aqui não tem princípio da publicidade
mentos (sigilosos), de forma devidamente justificada.
não. O Senhor requeira; o Senhor faça isso; o senhor faça
aquilo”. Esse comportamento, que não é raro, significa que Quanto à solicitação de documentos do interessa-
a aplicação do princípio da publicidade está sendo desvirtu-
do, salienta-se ser possível requerer que o mesmo
ada. Qual é a dificuldade? Aonde há ilegalidade em mostrar
apresente documentos de identificação pessoal, sen-
o processo para alguém? A própria lei licitatória diz
que qualquer interessado pode obter certidão ou do vedada a exigências de documentos que tenham
cópias autenticadas de todo o processo. Então, por o condão de obstar o acesso à informação desejada.
que negar vista daquele processo? Não há por quê Nesse sentido, segundo José Luiz LEVY:
[4]
(o grifo não consta no original).
Ainda que, nos termos constitucionais, todos são titulares
E, segundo posicionamento do Tribunal Regional da do direito de formular pedido de informações - tanto as
1ª Região: pessoas físicas como as jurídicas, tanto os nacionais como os
estrangeiros-, torna-se necessário que o requerente apresen-
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITA-
te um pedido revestido das exigências processuais que pos-
ÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. VISTA DOS AUTOS
sibilitem a análise adequada do seu conteúdo, em atenção à
E OBTENÇÃO DE CÓPIAS. PUBLICIDADE PRINCÍPIO DE
denominada “processualidade administrativa”, que decorre
OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA (ART. 5º, XXXIII, LX, ART. 37,
CAPUT, DA CF/88, ART. 2º DA LEI Nº 9.784/99 E ART. 3º do princípio do devido legal, aplicável também ao processo
DA LEI Nº 8.666/93). administrativo (art. 5°, LIV e LV da CF).

1. A Administração Pública está adstrita ao princípio da Em consequência, impõe-se que o peticionário, ao deduzir
publicidade, conforme previsto no art. 37, caput, da Cons- a sua pretensão, preencha os elementos básicos formais do
tituição Federal, sobretudo quando se trata de licitações e pedido e demonstre a sua legitimidade e interesse.

[4] <http://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/14a18_06_04/dioge- [5] TRF1. Acórdão 2003.34.00.033575-5/DF. Relator: Desembargadora Se-


nes_gasparini5. htm>. Acesso em 19/01/13. lene Maria de Almeida. DJ: 24/04/08.

10 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
Nesse sentido, devera o peticionário identificar-se através citantes ou não, aos quais, em relação ao pedido, pode
de seu nome completo, estado civil, profissão e dados ca- haver a solicitação de documentos de identificação).
dastrais de praxe.[6]
E, com base nisso entende-se pela impossibilidade de
Derradeiramente, aponta-se que o fato de o proce- negar-se o requerimento de cópias formulado, salvo
no caso de existência de documentos sigilosos que,
dimento em tela estar ou não vigente, assim como o
como apontado acima, possam comprometer a se-
tempo transcorrido desde a licitação, não se constitui
gurança do Estado, da Sociedade ou a intimidade de
em motivo hábil a não observância do Princípio da
cidadão – hipótese na qual o requerimento de vista
Publicidade e consequente negativa de cópia ao in- dos mesmos (e tão somente destes), poderá ser ne-
teressado. gado, mediante a devida justificativa.
Síntese conclusiva Por fim, ressalta-se que a vigência ou não dos proce-
Em razão do exposto, conclui-se que a publicidade dimentos cujas cópias foram requeridas, bem como o
lapso temporal decorrido desde a realização da licita-
deve permear toda ação administrativa (ressalvados
ção não afasta o dever de publicidade e transparência
os casos de necessário sigiloso), sob pena de invali-
ínsito às atividades administrativas (salvo nos casos
dação dos atos que se fizerem sem sua observância.
Sendo assim, tem-se que aos atos pertinentes aos
certames licitatórios promovidos pela Administração
em que a Lei local autorize a eliminação de documen-
tos – o que, por óbvio não é o caso, visto se tratar de 2
um procedimento recente, realizado em 2011).
deve ser garantido pleno acesso aos interessados (li-
Salvo melhor juízo, considerados os elementos fáticos
[6] LEVY, José Luiz. Das restrições aos pedidos de informações a ór- fornecidos pelo Consulente, esse é o entendimento
gão público. Revista Eletrônica de Direito do Estado (REDE) Salvador,
Instituto Brasileiro de Direito Público, nº 17, janeiro/fevereiro/março, da Consultoria Negócios Públicos. LC
2009. Disponível em: <http:www.direitodoestado.com.br/rede.asp>.
Acesso em 29.01.13. por Patricia Bello dos Santos

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Pareceres Jurídicos Assunto
Contratação direta de Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”). Organizações sociais.
Considerações.

Legislação Aplicável
Lei 8.666/93. Lei 9.637/98. Decreto-Lei 4.048/42.

Ementa
Contratação direta de Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”). Inexigibilidade. Aparente viabilidade
de competição. Impossibilidade. Dispensa. Possibilidade, desde que tais Serviços sejam qualificados como
organizações sociais. Art. 24, inc. XXIV, da Lei 8.666/93. Entendimento do Tribunal de Contas da União.
Requisitos da Lei 9.637/98. Impossibilidade de contratação no caso em tela. Serviço Social Autônomo
pertencente a outra esfera de governo. Julgamento ainda em trâmite acerca da (in)constitucionalidade do inc.
XXIV, do art. 24, da Lei 8.666/93.

Consulta Resposta
3 “Encontra-se em andamento, em
nossa entidade, ainda em fase
É sabido que é dever da Administração Pública instaurar pro-
preliminar, um estudo a respeito da cedimento licitatório para fins de contratação com tercei-
possibilidade de contratação direta, ros. A previsão expressa acerca da instauração de certames
via dispensa ou inexigibilidade, do licitatórios encontra respaldo, inclusive, em sede constitu-
SENAI-DF, para fins de prestação
de serviços de consultoria e cional. O art. 37, inc. XXI, da Constituição da República, con-
assessoria na área de uniformes/ signa expressamente o dever de licitar por parte da Admi-
vestuários, cujo resultado servirá de nistração Pública, com ressalva a alguns casos especificados
balizamento técnico de uma licitação
na legislação. Assim, a Lei 8.666/93, em seu art. 2º, determina
para a contratação de uniformes
a serem usados por servidores que as obras, serviços, compras, alienações, concessões, per-
da administração. Assim sendo, missões e locações da Administração Pública, submetem-se
solicitamos que a consultoria se ao disposto nela contido, ressalvadas algumas hipóteses. São
posicione a respeito da possibilidade
da referida contratação, indicando elas: licitação dispensada (art. 17 da Lei 8.666/93), licitação
o enquadramento jurídico-legal dispensável (art. 24 da Lei 8.666/93) e licitação inexigível
(dispensa ou inexigibilidade). (art. 25 da Lei 8.666/93).
Acrescento que o mesmo SENAI-
DF já foi contratado, via dispensa de No âmbito das contratações diretas, tem-se que para que
licitação, por outros órgãos federais,
uma licitação seja inexigível, nos termos do art. 25 da Lei
cujos resultados foram bastante
satisfatórios.” 8.666/93, deve haver o enquadramento do caso concreto
em uma das hipóteses descritas nos incisos do destacado
artigo ou em situação não descrita, mas em que haja com-
provada inviabilidade de competição, quando poderá
ser fundamentada diretamente no próprio caput do disposi-
tivo, ao que se denomina inexigibilidade inominada. Inviabili-
dade esta, passível de configuração nas seguintes hipóteses:

a) Singularidade/ausência de critérios objetivos de julgamen-


to do objeto a ser contratado;

b) Fornecimento do bem/prestação do serviço pretendido


por fornecedor/prestador exclusivo;

c) Ou, ao revés, existência de um número irrestrito de for-

12 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
necedores aptos ao atendimento da demanda da Aprendizagem Industrial[1]) são dotadas de persona-
Administração. lidade jurídica de direito privado, caracterizados
como Serviços Sociais Autônomos, consti-
Não nos parece, contudo, que se evidencie,
tuindo-se em paraestatais (que não fazem parte da
ex ante, no caso em tela, efetiva hipótese de
Administração Direta nem Indireta, mas que atuam
inviabilidade de competição na prestação do
ao lado do Estado [2]), necessário, observar-se o que
serviço em comento, conforme pretende o Con-
prescreve o inc. XXIV, do art. 24, da Lei 8.666/93:
sulente, dada a natureza do serviço (“consultoria
e assessoria na área de uniformes/vestuários, cujo Art. 24. É dispensável a licitação:

resultado servirá de balizamento técnico de uma


(...)
licitação para a contratação de uniformes a serem
usados por servidores”). Ao que parece, outras em- XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
presas/entidades poderão prestar o mesmo serviço, serviços com as organizações sociais, qualificadas no
âmbito das respectivas esferas de governo, para ati-
o que alija a possibilidade de contratação direta com
vidades contempladas no contrato de gestão (sem
base na inviabilidade de competição entre possíveis
grifos no original).
interessados.

Isto, esclareça-se, independentemente de a entidade


A dispensa de licitação com base no inciso acima
transcrito, como pode se observar, diz respeito
3
que se pretende contratar fazer parte do Sistema
apenas às organizações sociais, contudo, não sendo
“S” (entidades que gerem recursos decorrentes de aplicável aos serviços sociais autônomos, a princípio.
contribuições parafiscais, de desempenharem ativi- Visto que, embora existam semelhanças entre tais
dades de natureza pública no interesse das catego- institutos, os mesmos não se confundem. Os Ser-
rias profissionais que representam e de possuírem viços Sociais Autônomos são instituídos por
inúmeros privilégios próprios das pessoas jurídicas lei, com personalidade jurídica de direito privado
de direito público). A menos que, de forma jus- (repise-se), sem fins lucrativos; sendo que não pres-
tificada, a Administração demonstre que a in- tam serviço público delegado pelo Estado, mas ativi-
viabilidade de competição reside na presente dade privada de interesse público (serviços estatais
situação, razão pela qual se revelará inafastável a não exclusivos). Já as organizações sociais são
pessoas jurídicas de direito privado, instituída
inexigibilidade, sendo que a respectiva contratação
por particulares; sendo que a referida qualifi-
deverá observar as disposições contidas no art. 26
cação é dada pelo Poder Executivo do respec-
da Lei 8.666/93.
tivo ente federativo, com base na Lei 9.637/98. [3]
Dito isso, no que tange à possibilidade de dis-
Sendo que, para que determinada entidade qualificada
pensa de licitação, não se olvide que a contra- como organização social possa ser contratada de for-
tação com esse embasamento somente se le- ma direta pela Administração Pública, com espeque no
gitimará mediante o enquadramento do caso inc. XXIV, do art. 24, da Lei 8.666/93, faz-se obrigatória
vivenciado em uma das hipóteses legalmente a existência de contrato de gestão firmado junto ao
admitidas insertas nos incisos do art. 24 da Poder Público.
Lei 8.666/93, dentre as quais pode se destacar o
Ocorre que, muito embora a natureza jurídica de
inc. II, o qual remete à possibilidade de dispensa em
cada qual dos institutos necessariamente analisados
razão do valor, para serviços (que não sejam de en- (quais sejam os Serviços Sociais Autônomos e as
genharia). A subsunção à norma do caso que ora se organizações sociais) não se pode desconsiderar o
analisa dependerá do valor da contratação, portanto. entendimento exarado pelo Tribunal de Contas da

Noutro diapasão, outra hipótese de dispensa pode- [1] SENAI foi criado pelo Decreto-Lei 4.048/42.
ria ser enquadrada na análise que ora se faz. Con- [2] VARESCHINI, Julieta Mendes Lopes. Licitações e Contratos no Sis-
tema S. Curitiba: JML, 2007. p. 16.
siderando que as entidades integrantes do Sistema
[3] DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São
“S” (in casu, cite-se o SENAI – Serviço Nacional de Paulo: Atlas, 2012,.p. 558-565.

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Pareceres Jurídicos União acerca da matéria em questão. A Colenda
Corte de Contas entendeu, em resposta à
qualificados como organizações sociais, na forma da
Lei 9.637/98 e b) caso objeto a ser contratado se
consulta formulada pela Câmara dos Deputa- relacione com as atividades insertas no contrato de
dos, que os serviços sociais autônomos (enti- gestão[5] celebrado junto à esfera de governo à qual
dades pertencentes ao Sistema “S”) também pertence a Entidade que almeja a contratação. E, a
poderiam ser contratados com base no inc. esse respeito, utilizando-nos das palavras de Joel de
XXIV, do art. 24, da Lei 8.666/93. Observe-se Menezes NIEBUHR, observe-se que “o inciso não
excertos do Acórdão 421/04 – Plenário, cujo inteiro diz respeito à dispensa para a celebração de con-
teor recomenda-se a leitura: trato de gestão; antes pressupõe que a entidade já
o tenha celebrado, já tenha sido qualificada como
Ementa: Consulta formulada pela Câmara dos Deputados.
organização social, para então ser contratada direta-
Contratação, por parte da administração pública direta, de
mente pelo Poder Público a fim de lhe prestar ser-
bens ou serviços das entidades dos serviços sociais autô-
viços”. [6]
nomos com dispensa de licitação. Prerrogativa dada às
organizações sociais. Requisitos para contratação Transpondo tais fundamentos jurídicos ao caso que
com dispensa de licitação. Conhecimento. Orientação.
ora se analisa, legitimar-se-ia, com base no inc. XXIV,
Arquivamento.
do art. 24, da Lei 8.666/93, o desiderato da Entidade

3 (...)
Consulente, o qual se consubstancia na contratação
do SENAI-DF. No entanto, uma peculiaridade da
Os requisitos de aplicação do dispositivo (art. 24, inc. XXIV) norma em voga merece ser analisada mais aprofun-
são, portanto, referentes a dois aspectos, isto é, a pessoa dadamente: as organizações sociais necessitam
do contratado (Organizações Sociais, qualificadas no âm- ser qualificadas no âmbito da respectiva esfe-
bito das respectivas esferas de governo) e o objeto da con- ra de governo do Contratante. E, acerca deste
tratação (prestação de serviços para atividades contem- aspecto, é essencial a colação do ensinamento de
pladas no contrato de gestão). (...) Resulta que, sob o Marçal JUSTEN FILHO, o qual corrobora com o
mencionado fundamento legal, não é admissível a
entendimento de Jorge Ulysses JACOBY FERNAN-
contratação de pessoa jurídica não detentora do
DES, por aquele citado:
título, ainda que seu regime jurídico ou seus obje-
tivos sejam assemelhados aos das organizações so- Jacoby Fernandes entende que a dispensa de licitação se
ciais. (...) Nessa linha de raciocínio, conclui-se que aplica para contratação direta entre ente estatal e organiza-
os Serviços Sociais Autônomos somente poderiam ção social que integre a mesma esfera de governo. Esse en-
ser contratados por dispensa de licitação com base tendimento merece adesão.Veja-se que cada ente federativo
no art. 24, inciso XXIV, da Lei 8.666/93, caso aten- pode criar as suas próprias “organizações sociais”. Portanto,
dam sobretudo aos requisitos contidos nos arts. 2º, há organizações sociais federais e pode haver organizações
3º e 4º da Lei 9.637/98 e venham ser formalmente sociais estaduais e municipais. Quando se cogita de
qualificados, por ato do Poder Executivo, como Or- contratação direta, deverá ter-se em vista um vín-
ganizações Sociais nos termos do art. 1º da mesma culo estabelecido entre um ente integrante de uma
Lei e, ainda, caso o objeto da contratação seja re- órbita e uma organização social, assim qualificada
lacionado às atividades incluídas em contrato de perante a mesma órbita (sem grifos no original).[7]
gestão celebrado com a esfera de governo à qual
pertence o órgão ou entidade contratante (sem gri- Assim, in casu, considerando que a Entidade
fos no original).[4] Contratante pertence à esfera federal, a con-

Em síntese, então: tem-se que, com base no enten- [5] Lei 9.637/98. (...) “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por
contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a
dimento do TCU, os Serviços Sociais Autônomos, entidade qualificada como organização social, com vistas à formação
a exemplo do SENAI (entidade à qual se alude na de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades
relativas às áreas relacionadas no art. 1º”. “A execução do contrato
presente consulta), poderiam ser contratados via de gestão será supervisionada pelo órgão ou entidade supervisora da
dispensa de licitação, com fundamento no inc. XXIV, área de atuação correspondente à atividade fomentada; o controle que
sobre ela se exerce é de resultado”. (In DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.
do art. 24, da Lei 8.666/93, desde que preenchi- Op. cit, p. 565).
dos dois requisitos, a saber: a) tais Serviços sejam [6] NIEBUR, Joel de Menezes. Dispensa e Inexigibilidade de licitação
pública. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008, p. 519.
[4] TCU Acórdão 421/04 – Plenário. Relator Ministro Augusto Sherman [7] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Con-
Cavalcanti. DOU: 29/04/04. tratos Administrativos. 15. ed. São Paulo: Dialética, 2012, p. 393-394.

14 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
tratação que se almeja, com base na dispen- Síntese conclusiva
sa de licitação, restará obstaculizada, já que
a entidade que se pretende contratar, muito Diante do exposto, tem-se que a Entidade Consu-
embora pudesse ser designada como uma lente deverá dar continuidade à sessão, na forma
organização social, não pertence à esfera da presencial, não considerando a adjudicação impos-
Contratante, mas sim à esfera do Distrito ta, erroneamente, pelo sistema, já que a ausência de
Federal, com a qual deve guardar relação no apresentação de razões recursais não importa a de-
que tange ao contrato de gestão. cadência do direito de recorrer.

Por derradeiro, importante mencionar que a ADI Salienta-se, por fim, que o Tribunal de Contas da
(Ação Direta de Inconstitucionalidade) 1.923/DF, União ainda não se manifestou acerca da irregulari-
em trâmite no Supremo Tribunal Federal, põe em dade apontada pelo Consulente, sendo indispensável
discussão o inc. XXIV, do art. 24, da Lei 8.666/93, que a Entidade relate a situação à Secretaria de Lo-
sendo este passível, por conta disso, de ser conside-
gística e Tecnologia da Informação. LC
rado inconstitucional. No entanto, o julgamento de
tal ADI ainda não se encerrou. por Elaine Cristina Bertoldo

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Pareceres Jurídicos Assunto
Licitação deserta do tipo técnica e preço. Necessidade do objeto. Procedimento a ser adotado.

Legislação Aplicável
Constituição da República. Lei 8.666/93.

Ementa
Licitação deserta. Necessidade do objeto. Procedimento a ser adotado. Dispensa e inexigibilidade. Análise
em abstrato. Lei 8.666/93, art. 24, inc. V. Requisitos. Licitação do tipo técnica e preço. Elementos a serem
considerados.

Consulta Resposta
“A Administração realizou Questiona a Consulente se em determinada licitação, ao que nos pa-
uma licitação do tipo menor
rece, do tipo técnica e preço, diante da ausência de interessados, seria
preço e melhor técnica e esta

4 restou deserta. Para realizarmos


uma contratação direta são
possível a realização de contratação direta. À vista disso, cumpre-nos
inicialmente relembrar que, como regra, toda e qualquer contratação
necessárias novas propostas e pretendida pela Administração Pública, há que ser necessariamente
fornecedores que atendam todas precedida de procedimento licitatório. É o que dispõe o art. 37, inc.
as condições do edital? Por se XXI, da Constituição da República, bem como o art. 2º, caput, da Lei
tratar também de melhor técnica
8.666/93, sendo que as exceções a tal exigência, conhecidas de modo
como proceder na contratação
direta?” amplo, como hipóteses de contratação direta, encontram-se dispos-
tas na própria norma, quais sejam:
II Considerações prelimi- a) Licitação dispensada, nos termos do art. 17 da Lei 8.666/93: volta-
nares da especificamente à alienação de bens da Administração Pública e,
Em que pese não estar exatamente por isso, afasta-se, de plano, da avença pretendida pela
adstrita aos questionamentos Entidade Consulente (ao que nos parece, contrato de fornecimento);
apresentados pela Consulente,
b) Licitação inexigível, nos termos do art. 25 da Lei 8.666/93,
uma ressalva inicial merece
guarida, qual seja, os tipos de mediante enquadramento do caso concreto numa das hi-
licitação, ou seja, os critérios de póteses descritas nos incisos do destacado artigo ou em
julgamento por meio dos quais situação não descrita, mas em que haja comprovada invia-
a Administração Licitadora bilidade da competição, quando poderá ser fundamentada
procede à análise das propostas
diretamente no próprio caput do dispositivo, ao que se de-
apresentadas, encontram-se
listados nos incisos do §1º, do art. nomina inexigibilidade inominada. Inviabilidade esta, passível de
45, da Lei 8.666/93, quais sejam: configuração nas seguintes hipóteses:
menor preço, melhor técnica,
b’) Singularidade/Ausência de critérios objetivos de julgamento do
técnica e preço e, ainda, maior
lance ou oferta. Sendo que, nos objeto a ser contratado;
termos do §5º deste mesmo b’’) Fornecimento do bem/prestação do serviço pretendido
artigo, “é vedada a utilização
por fornecedor/prestador exclusivo (unicidade do presta-
de outros tipos de licitação não
previstos neste artigo”. Dito isso, dor/fornecedor), ou, ao revés;
ao que nos parece, a licitação
b’’’) Existência de um número irrestrito de fornecedores/prestadores
referenciada na presente consulta
de serviço aptos ao atendimento da demanda da Administração, mas
em verdade teria sido processado
em razão da singularidade do objeto, não seja possível se estabelecer
pelo tipo técnica e preço.
critérios objetivos de julgamento da proposta mais vantajosa.

16 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
Neste sentido, salvo se o bem a ser adquirido Neste sentido, antes de avaliarmos o modo pelo qual
pela Administração Licitadora só puder se for- a contratação direta em apreço viria a ser operacio-
necido por um único fornecedor (o que não nos nalizada em licitações que envolvam o fator técnica,
parece ser o caso, ante à anterior realização de levando-se em conta que apenas uma licitação fora
certame licitatório – o qual pressupõe a plura- realizada para a contratação do objeto que necessita
lidade de potenciais contratados), não haverá a Administração, caberá a esta, antes de mais nada, ava-
que se falar na instrumentalização de sua con- liar a viabilidade de realizar uma nova licitação como
tratação via inexigibilidade de licitação.
o mesmo objeto, antes de “partir para” a realização
c) Licitação dispensável, nos termos do art. 24 da Lei de uma contratação direta. Ademais disso, além desta
8.666/93: voltada, exclusivamente, às situações elenca- ponderação, deverá a Administração Licitadora avaliar
das de modo específico em seus incs. III a XXXII ou, de modo bastante detido o atual teor do correspon-
então, àquelas situações cujo valor estimado da contra- dente instrumento convocatório, isto, a fim de acaute-
tação esteja dentro dos valores limites delimitados em lar-se quanto à eventual existência de exigência exces-
seus incs. I e II. Neste sentido, salvo se o valor esti- siva ou desarrazoada, que tenha implicado na deserção
mado da contratação em liame não superar R$
do certame licitatório realizado.
8.000,00, hipótese em que será possível proce-
der-se contratação direta por meio de dispensa Isto porque, se assim o for, não será o caso de situa- 4
em razão do valor, resta-nos apenas, diante da ção concreta que autoriza a realização de contratação
deserção do certame licitatório referenciado, direta, ao revés, estar-se-á diante de hipótese a qual
analisar a possibilidade ou não de contratar-se evidencia a necessidade de nova licitação, escoimada
diretamente com espeque no inc. V, do mesmo dos vícios ora verificados, a fim de que nesta feita sim,
artigo, que assim dispõe: “Art. 24 - É dispensável a devidamente compareçam fornecedores interessados
licitação: (...) V - quando não acudirem interessados à em contratar com a Administração.
licitação anterior e esta, justificadamente, não puder
Dando continuidade à análise, à luz do disposto no inc.
ser repetida sem prejuízo para a Administração, man-
V, do art. 24, da Lei 8.666/93, em síntese, temos que
tidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas”.
três são as condições indispensáveis à realização de
Da exegese do supracitado dispositivo legal, tem-se tal hipótese de dispensa de licitação, quais sejam: 1) a
que o legislador ordinário autoriza o afastamento do anterior realização de licitação regular, sem vícios;
procedimento licitatório, por parte do administrador
2) o desinteresse dos particulares em contratar com
público, naquelas situações em que, embora tenham
a Administração, e 3) que a realização de uma nova
sido realizadas licitações oportuna e anteriormente,
licitação para a contratação do mesmo objeto já lici-
estas restem desertas, ou seja, não congreguem
tado importe em prejuízo para a Entidade Licitadora[1].
o comparecimento de nenhum particular in-
Acerca disso, destaca Marçal JUSTEN FILHO, que se
teressado em contratar com a Administração
pressupõe, para tanto, “... uma situação que originaria-
Pública. Sendo exatamente esta a situação enfrentada
pela Entidade Consulente. Contudo, não basta a sim- mente comportava licitação, a qual foi regularmente

ples ausência de interessados, para que esta hipótese [1] Sobre esta terceira condição, vale dizer que, in casu, uma terceira con-
de dispensa de licitação possa ser verificada no caso vocação ao que parece, conforme relato do Consulente, traria preju-
ízos para a Administração Pública, desde que adjacente a justificativa
concreto. Isto porque, o destacado inc. V, do art. 24, ao seguinte ensinamento doutrinário: “... realizar segunda convocação
para outra licitação trará prejuízos para a Administração, seja em conse-
da Lei 8.666/93, assevera que será dispensável a lici-
qüência do retardamento na execução do objeto, que poderia paralisar
tação “quando não acudirem interessados na licitação o serviço dele dependente, ou em função do aumento do custo, em
valor superior ao da força da verba orçamentária destacada para aten-
anterior e esta, justificadamente, não puder ser der à despesa; seja qual for o fundamento do prejuízo, haverá de
repetida sem prejuízo para a Administração...” ser explicitado, posto que a lei exige que a Administração jus-
tifique a inconveniência de repetir a licitação, o que equivale
(sem grifos no original). Desde que, portanto, in casu, se a apontar, concretamente, o prejuízo que dela resultaria”. (In
PEREIRA JÚNIOR, Jessé Torres. Comentários à Lei das Licitações
verifique que a realização de uma nova licitação resul-
e Contratações da Administração Pública. 5. ed. Rio de Janeiro:
tará em prejuízo para a Administração. Renovar, 2002. p. 270).

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Pareceres Jurídicos processada”[2], além da “... ausência de interessados em
participar da licitação anterior, o que provocou a frus-
convocatório, como também de todos os docu-
mentos que dele são parte integrante (§2º, do
tração da disputa.” [3]
art. 40, da Lei 8.666/93); se atestado pela Admi-
Adverte, ainda, Jorge Ulisses Jacoby FERNANDES, que nistração Licitadora que a realização de uma
a licitação anterior “... deve ter preenchido todos os nova licitação resultará em prejuízo ao interes-
requisitos de validade, inclusive com a permissão de se público, desde que observada a inalterabili-
oferta de preços”[4]. dade das condições estabelecidas, será cabível
a promoção de contratação direta, com base
Ou, nas palavras de JUSTEN FILHO, “não se aplica o
no inc. V, do art. 24, da Lei 8.666/93, com obser-
dispositivo quando a licitação anterior foi eivada de ví-
vância obrigatória das disposições contidas no
cio e daí derivou sua anulação”[5] Isto porque, nesta si-
caput do art. 26 e no seu parágrafo único, da Lei
tuação específica, será dever da Administração realizar
8.666/93.
nova licitação, escoimada das causas ensejadoras das
nulidades oportunamente constatadas, mesmo porque Respondendo, por derradeiro, aos questionamentos
para que se efetive a contratação direta nos termos formulados pela Consulente, não haverá necessida-

4
alhures enunciados, deverão ser mantidas todas as de da juntada de “novas propostas” nos moldes das
condições preestabelecidas. que seriam apresentadas por ocasião da realização
Não se pode olvidar, no âmbito desta abordagem, que de processo licitatório. Sendo suficiente a juntada de
a alteração das condições editalícias (quaisquer delas, uma única proposta que atenda às necessidades da Ad-
em especial o preço estimado para a contratação ou o ministração. Atendimento este aqui entendido como
máximo, caso este tenha sido estipulado) importaria, a a apresentação de uma proposta cujo conteúdo e,
bem da verdade, ofensa ao princípio da isonomia entre cujas condições de habilitação de seu respectivo pro-
os pretensos licitantes interessados e os particulares ponente, atendam sim às condições do edital, posto
que não se apresentaram interessados na época em que conforme repisado anteriormente, na contratação
que se procedeu ao primeiro (e/ou o segundo, con- direta deverão ser “mantidas (...) todas as condições
forme o caso que ora se analisa) certame licitatório. preestabelecidas”. Contudo, mesmo em se tratando de
Corroborando com este entendimento, observe-se “proposta única”, nos termos do já citado art. 26 da Lei
posicionamento exarado pelo Tribunal de Contas da 8.666/93, nos autos da contratação deverão constar
União: “b) determinar à Superintendência Regional do tanto a “razão da escolha do fornecedor ou executan-
Trabalho e Emprego no Amapá - SRTE/AP que: (...) b.3) te” (inc. II, do parágrafo único), quanto à “justificativa
quando se utilizar da dispensa de licitação prevista no do preço” (inc. III, do parágrafo único).
inc. V do art. 24 da Lei 8.666/93, mantenha inalte-
Neste sentido, no que tange à justificativa de preço,
radas todas as condições preestabelecidas no
esta, a princípio, será atestada por meio da juntada
certame licitatório anteriormente realizado”[6]
de orçamentos de outros particulares que forneçam
(sem grifos no original).
objeto similar. Contudo, levando-se em conta que nas
Do exposto, após a reavaliação do acervo do-
contratações que envolvem o critério técnica do exe-
cumental concernente ao certame licitatório
cutor, a análise da Administração Contratante não se
realizado, propugnada anteriormente, após
resume apenas ao fator preço do objeto; na hipótese
ser constatada a legitimidade do instrumento
da Entidade apurar, no caso concreto, que apenas um
[2] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Con- fornecedor dispõe da técnica adequada, em nosso en-
tratos Administrativos. 11. ed São Paulo: Dialética, 2005. p. 242.
tender, por analogia, a justificativa do preço poderá ser
[3] Id.
[4] FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação Direta sem Licita-
dar nos moldes procedidos nas situações de inexigibi-
ção. 6. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2006. p. 392 lidade de licitação, veja-se: “9.1.3. quando contratar a
[5] JUSTEN FILHO, Marçal. Op. cit., p. 243.
realização de cursos, palestras, apresentações, shows,
[6] TCU. Acórdão 1.634/10. Órgão Julgador: 2ª Câmara. Relator: Ministro
Augusto Sherman Cavalcanti. DOU 23/04/10. espetáculos ou eventos similares, demonstre, a título

18 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
de justificativa de preços, que o fornecedor cobra igual limite representado pela proposta de menor preço entre os
ou similar preço de outros com quem contrata para licitantes que obtiveram a valorização mínima (sem grifos no
original).
evento de mesmo porte, ou apresente as devidas jus-
tificativas, de forma a atender ao inc. III do parágrafo Por fim, levando-se em conta a já comentada ausência
único do art. 26 da Lei 8.666/1993;” [7]
(sem grifos no de previsão legal específica relativamente a circunstân-
original). cias nas quais deve ser procedida a hipótese de dispen-
Por fim, no que tange ao processamento em si da con- sa de licitação em comento, em se tratando de licitação
tratação direta, conforme já pontuado, o futuro contra- deserta que envolva o fator técnica, recomendamos,
tado terá que atender a todas as condições delimitadas por cautela, a formulação de consulta direta ao respec-
anteriormente pelo edital da licitação. Neste sentido, tivo Tribunal de Contas, a fim de verificar o seu enten-
em se tratando de licitação do tipo técnica e preço, em dimento específico sobre a matéria.
que pese não haver disposição legal específica sobre Síntese Conclusiva
o assunto, temos que nos autos da contratação deve-
Face tudo quanto exposto, emolduram-se as conclu-
rá haver não só demonstração relativa à justificativa
sões adiante elencadas:
do preço (nos moldes já explicitados), como também,
em nosso entender, deverá restar evidenciado que o
fornecedor selecionado atende aos requisitos técnicos
a) Diante de licitação deserta, será possível a realização
de contratação direta para a execução de seu objeto,
4
mínimos ao à satisfação da necessidade administrativa nas seguintes situações:
envolvida ou, em termos mais específicos, se obteria, se a.1) Se o bem a ser adquirido pela Administração Con-
estivesse participando da licitação, a pontuação mínima sulente só puder se fornecido por um único fornece-
exigida, analogamente ao que dispõem os incs. I e II, do dor (o que não nos parece ser o caso, ante à anterior
§1º, do art. 46, da Lei 8.666/93, veja-se: realização de certame licitatório – o qual pressupõe
Art. 46 – (...) omissis. a pluralidade de potenciais contratados), hipótese em
que será desencadeado processo de inexigibilidade de
§1º. Nas licitações do tipo “melhor técnica” será adotado o se- licitação;
guinte procedimento claramente explicitado no instrumento
convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administra- a.2) Se o valor estimado da contratação não superar
ção se propõe a pagar: R$ 8.000,00, hipótese em que será desencadeado pro-
cesso de dispensa de licitação em razão do valor;
I. serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas
exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita
a.3) Ou, ainda, se demonstrado que a realização de nova
então a avaliação e classificação destas propostas de acordo licitação com o mesmo objeto pode causar prejuízos
com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, ao interesse público, bem como, cumulativamente fo-
definidos com clareza e objetividade no instrumento convo- ram observadas todas as condições que anteriormente
catório e que considerem a capacitação e a experiência do norteavam o certame licitatório originário, poderá ser
proponente, a qualidade técnica da proposta, compreendendo
procedida dispensa de licitação com fundamento no
metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a
inc.V, do art. 24, da Lei 8.666/93.
serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes
técnicas a serem mobilizadas para a sua execução; b) Nesta última situação em específico, conforme vis-
to, não haverá necessidade da juntada de “novas pro-
II. uma vez classificadas as propostas técnicas, pro-
postas” nos moldes das que seriam apresentadas por
ceder-se-á à abertura das propostas de preço dos
licitantes que tenham atingido a valorização míni-
ocasião da realização de processo licitatório. Sendo
ma estabelecida no instrumento convocatório e à ne- suficiente a juntada de uma única proposta que atenda
gociação das condições propostas, com a proponente melhor às necessidades da Administração. Atendimento este
classificada, com base nos orçamentos detalhados apresenta- aqui entendido como a apresentação de uma proposta
dos e respectivos preços unitários e tendo como referência o cujo conteúdo e, cujas condições de habilitação de seu
respectivo proponente, atendam sim às condições do
[7] TCU. Acórdão 819/05. Órgão Julgador: Plenário. Relator: Ministro Mar-
cos Bemquerer. DOU 30/06/05. edital, posto que conforme repisado anteriormente, na

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Pareceres Jurídicos contratação direta deverão ser “mantidas (...) todas as
condições preestabelecidas”. Contudo, mesmo em se
demonstração relativa à justificativa do preço, como
também, em nosso entender, deverá restar evidenciado
tratando de “proposta única”, nos termos do já citado que o fornecedor selecionado atende aos requisitos
art. 26 da Lei 8.666/93, nos autos da contratação deve- técnicos mínimos ao à satisfação da necessidade admi-
rão constar tanto a “razão da escolha do fornecedor nistrativa envolvida ou, em termos mais específicos, se
ou executante” (inc. II, do parágrafo único), quanto à obteria, se estivesse participando da licitação, a pontu-
“justificativa do preço” (inc. III, do parágrafo único). ação mínima exigida, analogamente ao que dispõem os
incs. I e II, do §1º, do art. 46, da Lei 8.666/93.
c) Por fim, no que tange ao processamento em si da
contratação direta, em se tratando de licitação do tipo Salvo melhor juízo, considerados os elementos fáticos
fornecidos pela Consulente, esse é o entendimento da
técnica e preço, em que pese não haver disposição le-
Consultoria Negócios Públicos. LC
gal específica sobre o assunto, temos que nos autos
da contratação deverá haver não só a mencionada por Larissa Panko

20 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
Assunto
Estipulação de compensações e penalizações financeiras.

Legislação Aplicável
Lei 8.666/93.

Ementa
Licitação. Objeto da licitação com entrega imediata para 30 dias e obrigação de respectiva instalação no mesmo
prazo previsto. Termo contratual indispensável, consideradas as características e condições da entrega/prestação.
Possibilidade de atrasos e/ou entrega/instalação inadequada(s) pelo particular contratado. Obrigatoriedade da
estipulação de compensações e penalizações financeiras em edital de licitação. Regra prevista pelo art. 40 da Lei
8.666/93. Considerações gerais.

Consulta Resposta
“Para um objeto em específico, Sobre o contexto apresentado por nossa Consulente, vejamos al-
qual seja, a ‘contratação de pessoa
jurídica para fornecimento de
compressores e válvulas de
gumas considerações iniciais que se fazem necessárias à melhor
visualização da questão. A Lei 8.666/93, em seu art. 62 e §§, assim
5
estabelece para as situações descritas:
expansão para aparelho de ar
condicionado modelo splitão, Art.62º. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de
marca Trane, instalado no Tribunal concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e
do Júri X’, na contratação,
inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites
realizada pela modalidade
destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em
licitatória Pregão eletrônico,
constou apenas termo de garantia, que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais
não havendo termo contratual, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de com-
mas somente a nota de empenho pra ou ordem de execução de serviço.
uma vez que o bem era para
pronta entrega. §1º. A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou ato convo-
Acerca do art. 40, inc. XIV, catório da licitação.
alínea “d”, da Lei 8.666/93, o
fornecimento e a respectiva §2º. Em “carta contrato”, “nota de empenho de despesa”, “autorização de
instalação dos componentes nos compra”, “ordem de execução de serviço” ou outros instrumentos hábeis
condicionadores de ar, a serem aplica-se, no que couber, o disposto no art. 55 desta Lei.
realizados em oportunidade
única, no prazo de trinta dias e (...)
pagamento em igual prazo, por
si, desmerece a estipulação de §4º. É dispensável o “termo de contrato” e facultada a substi-
compensações ou penalizações
tuição prevista neste artigo, a critério da Administração e inde-
financeiras?”
pendentemente de seu valor, nos casos de compra com entrega
imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem
obrigações futuras, inclusive assistência técnica (grifamos).

Da leitura destes dispositivos podemos emoldurar as seguintes


conclusões:
a) Poderá haver substituição do termo de contrato por outro
instrumento hábil sempre que o valor da contratação não for
superior àquele estipulado para a utilização da modalidade Convite,
ou seja, até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras
e serviços de engenharia ou, ainda, até R$ 80.000,00 (oitenta mil
reais) para outros serviços (art. 23, da Lei 8.666/93, inc. I, alínea “a”
e inc. II, alínea “a”).

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Pareceres Jurídicos b) Independentemente do valor da contratação,
poderá ser afastada a obrigatoriedade de formalização
o valor da aquisição, somente se se tratar de compra
(inaplicável a regra, portanto, a obras e serviços) que
da avença mediante a celebração de termo de contrato se exaura com o fornecimento integral e imediato da
propriamente dito, naquelas contratações destinadas a coisa pelo vencedor à Administração, sem encargo
“compra com entrega imediata e integral dos previsto para depois da entrega.” [3]
bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações
Sobre a “nota de empenho”, a Lei 8.666/93 esclarece
futuras, inclusive assistência técnica” (grifamos). Nesse
em seu art. 62 e §4º, que se trata de um instrumento
caso específico, repita-se, a substituição independerá
alternativo e hábil a substituir o “instrumento de
do valor estimado para a contratação pretendida.
contrato” em casos em que a Lei permita esta faculdade,
Comentando o dispositivo, Odete MEDAUAR pontua como nos casos de compra com entrega imediata e
que: integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem
Nos casos de concorrência e de tomada de preços, de obrigações futuras, inclusive assistência técnica.
dispensas e inexigibilidades cujos preços correspondam a A nota de empenho é o instrumento procedimental
essas modalidades, é obrigatório o instrumento contratual
que autoriza o início dos serviços ou entrega do objeto
completo (art. 62). Para tanto, o art. 55 arrola as cláusulas
pelo Contratado.Trata-se de uma das formas previstas
necessárias(...). Nos demais casos o instrumento con-

5 tratual completo é facultativo, podendo a Administra-


ção substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
em lei para substituição do instrumento “contrato”
propriamente dito, a qual, em determinados casos,
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização pode ser inclusive dispensada.
de compra, ordem de execução de serviço (art. 62, caput). Note-se, oportuno lembrar que “a substituição
Nesses instrumentos resumidos serão incluídas, no que for
do termo de contrato é uma faculdade da
compatível, as cláusulas necessárias, sendo obrigatórios os
Administração. O mero enquadramento nas
elementos mencionados no art. 61 [1](grifamos).
hipóteses legais não autoriza concretamente a
Assim, percebe-se que o critério utilizado pelo substituição. Cada contratação merece análise
legislador não foi apenas o valor da contratação. De cuidadosa, considerando suas peculiaridades.
acordo com o §4º, este mesmo descarte do termo É importante avaliar se a utilização de outro
contratual é possível quando, independentemente do instrumento não oferece risco ao interesse
valor do contrato, a compra do bem for para entrega púbico diante de circunstâncias concretas”
imediata, integral e sem obrigações futuras (inclusive [4]
(grifamos).
assistência técnica).
Continuando este breve estudo, necessário se faz
Isso porque, “as compras da Administração Pública também abordarmos o termo “compras com entrega
deverão (‘sempre que possível’) submeter-se às imediata”. Tal peculiaridade envolve o lapso temporal
condições de aquisição praticadas no setor privado. de 30 dias, a contar da data da apresentação da
A Lei acolhe o informalismo do Direito Comercial, proposta. Não obstante, mesmo aquelas aquisições
sempre que inexistir riscos de maior dimensão para os que ocorrerem em prazo superior poderão ser objeto
interesses fundamentais”. [2] da simplificação do instrumento de contrato, desde
Portanto, tratando-se de compras com entrega que mantenham a característica da efemeridade do
imediata do bem, e não existindo obrigações futuras vínculo negocial, ou seja, desde que não se trate de
a serem atendidas pelo seu fornecedor, será possível, contrato de trato sucessivo, com duração protraída no
ao invés de celebrar-se a avença via termo de contrato, tempo (como, por exemplo, contrato de fornecimento
utilizar-se, nos termos do citado §4º, de qualquer outro de bens pelo período de 12 meses). Ressalvam-se
instrumento equivalente referenciado. as tratativas decorrentes de Sistema de Registro de
Jessé Torres PEREIRA JÚNIOR observa que “... haverá Preços, situação em que cada solicitação representa
sucedâneo do termo (de contrato), qualquer que seja [3] PEREIRA JÚNIOR, Jessé Torres. Comentários à Lei das Licitações
e Contratações da Administração Pública. 5. ed. Rio de Janeiro –
[1] MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 14. ed. São São Paulo: Renovar, 2002. p. 629.
Paulo: RT, 2010. p. 229. [4] PÉRCIO, Gabriela Verona. Contratos Administrativos sob a ótica
[2] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Con- da Gestão e da Fiscalização. Curitiba: Negócios Públicos, 2010. p.
tratos Administrativos. 13. ed. São Paulo: Dialética, 2005. p. 732. 34-35.

22 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Pareceres Jurídicos
uma contratação e pode ser formalizada, por exemplo, tais peculiaridades, e assim, indispensável ao
por autorização de fornecimento independente. bom recebimento dos materiais e regular
instalação dos mesmos (conforme o caso, seu
Com efeito, havendo obrigação a ser cumprida
recebimento provisório e/ou definitivo – art. 40,
futuramente,tal como a assistência técnica,por exemplo,
inc. XVI, da Lei 8.666/93).
mesmo que se trate de compra com entrega imediata
e integral, não caberá a formalização por instrumento Apesar de correta a previsão de termo de garantia,
outro que não o termo de contrato. Desse modo, a exigida ao contratado, primeiramente e, além disso,
rigor, o prazo deverá ser exíguo, suficiente apenas para deveria a Administração ter-se preocupado também
a entrega integral do bem adquirido, não restando com as condições de recebimento dos objetos, em
qualquer obrigação pendente de cumprimento futuro. especial sua correta instalação. Sobre este assunto,
esclarece Marçal JUSTEN FILHO:
Em nosso compreender, a situação narrada pela
Consulente pode ser enquadrada nesta conjuntura, As condições de recebimento não significam a forma de exe-
pois além da entrega imediata dos bens, outra obrigação cução da prestação devida. Correspondem às cautelas a se-
adicional foi exigida do contratado - a instalação dos rem adotadas pela Administração Pública par comprovação
novos objetos adquiridos, a ser realizada no mesmo de que o objeto apresenta perfeita adequação à descrição
prazo de 30 dias. Sobre esta condição (instalação contida no edital e no contrato. A lei distingue estre rece-

dos objetos licitados), devemos analisar alguns jaezes,


dentre eles:
bimento “provisório” e “definitivo” (art. 73). O recebimento
provisório dá-se no momento da tradição (se for o caso de
5
transferência da posse de coisa corpórea) ou da execução
• Em tese, as condições de instalação, locais, grau de física da utilidade que incumbe ao contratado. A Adminis-
depreciação dos aparelhos, enfim, dados consideráveis tração realiza exame superficial da coisa. Se esse exame já
relacionados aos equipamentos de ar condicionado apontar o inadimplemento, a Administração poderá efetivar
que receberiam os novos compressores/válvulas imediata recusa. Porém, a ausência de detecção de defeitos
deveriam ser conhecidos pelos licitantes, para fins de não significa liberação do contratado (sic). O recebimento da
prestação é meramente provisório. O recebimento definitivo
execução da parcela contratual referente à “instalação”
ocorrerá após promovidos os exames necessários ao com-
dos objetos licitados. Talvez esta necessidade, se assim
pleto controle de qualidade.
confirmada por profissional detentor do conhecimento
técnico conexo, pudesse, ainda, vir influenciar a escolha (...)
da modalidade licitatória selecionável ao caso, sempre
adequada à natureza, condições e características do Após recebido provisoriamente o objeto do contrato, a Ad-
objeto; ministração promoverá os exames, testes e verificações ne-
cessários. Caso encontre defeito, a coisa ou o serviço serão
•Deveria ter-se feito constar em edital, ainda, rejeitados e devolvidos ao particular no estado em que se
certo prazo destinado à vistoria e aprovação (pela encontrarem. A especificação dos exames e testes depende-
Administração) da adequada e satisfatória rá da natureza do objeto da prestação.
instalação dos compressores e válvulas de
expansão dos aparelhos de ar condicionado, para fins Quando se tratar de obras e serviços, a Administração
de promover-se, então, o correspondente pagamento. deverá designar servidor ou comissão de servidores para
promover a vistoria. De acordo com a natureza do objeto,
Em outras palavras, embora a contratação tenha-se poderá exigir-se que os servidores apresentem determinada
firmado por nota de empenho, devido ao seu objeto (e qualificação profissional ou técnica.
respectiva instalação - em tese realizada no momento
da entrega do mesmo), envolver prestação de entrega Quando se tratar de compras, deverão ser examinadas as
imediata, parte da obrigação (instalação) deveria ser especificações técnicas, as quantidades etc.
considerada e avaliada pela Administração, para fins de
O princípio do contraditório exige que o particular seja ou-
seu adequado “aceite”. Assim, embora entregue
vido e acompanhe os exames e verificações. Quanto a isso,
o objeto imediatamente, havendo obrigação aliás, o contrato costuma disciplinar as regras a serem segui-
sequencial (“instalação”, no prazo previsto de das. Consagra, de usual, os princípios adotados em controle
30 dias) a ser desenvolvida, entendemos que o de qualidade. Concluindo pela defeituosidade do objeto, a
termo de contrato seria a forma contratual mais Administração rejeitá-lo-á e comunicará o evento ao particu-
segura e adequada à contratação, considerando lar. Esse terá direito de acesso aos laudos e documentos pro-

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Pareceres Jurídicos duzidos pela Administração. Poderá requisitar a repetição
das provas já realizadas e realização de outras. Mantida a
imperiosa, destacando-se ao ocorrido seus incs. II, III,
XIV (especialmente alínea “d”) e XVI.
decisão de rejeição, o particular deverá adotar as providên-
“A Administração não pode receber, por liberalidade,
cias cabíveis. Se possível, caberá a ele reparar os defeitos.
objeto que não seja perfeito, pois não está investida
Se não, deverá substituir a coisa ou repetir a prestação. [5]
de competência para praticar atos dessa natureza. Por
Assim, prescindidas tais considerações, pela necessária isso, há o dever de rejeitar, total ou parcialmente, a
prestação defeituosa.” [6]
existência de digna aprovação pela Administração da
entrega dos objetos licitados e da correspondente Síntese Conclusiva
instalação dos mesmos, realizada no prazo de 30 dias
Ex positis, abstraídos os comentários tecidos à situação
pela contratada, além da existência de termo contratual,
fática apresentada, sobre a dúvida objetivamente
entendemos que a estipulação de compensações ou formulada entendemos que deveria constar em edital
penalizações financeiras também seriam indispensáveis. e no adequado termo de contrato, in casu, celebrado
Isso porque, no campo das probabilidades, por conveniência administrativa, tendo em vista as
peculiaridades que envolvem a execução do objeto em
consideramos previsível a hipótese de haver, nesta
liame, previsão relativa à estipulação de compensações

5
contratação, atrasos no cumprimento das obrigações
ou penalizações financeiras indispensáveis ao caso, bem
contratuais, tanto pela Administração (pagamento)
como ao cumprimento dos requisitos previstos no art.
quanto pelo contratado (entrega e instalação dos 40, da Lei 8.666/93, especialmente incs. II, III, XIV e XVI.
objetos licitados no prazo estabelecido e dentro das Salvo melhor juízo, considerados os elementos fáticos
condições de adequabilidade e funcionamento). fornecidos pela Consulente, esse é o entendimento da
Lembra-se que nestes casos, a observância dos Consultoria Negócios Públicos. . LC
requisitos previstos pelo art. 40 da Lei 8.666/93 seria por Rogério Corrêa.

[5] Op. Cit. p. 537 e 795. [6] Ibid., p. 797.

24 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Respostas Objetivas
1 Resposta
É possível licitar coleta de lixo Nos termos do art. 1º, caput, da Lei 10.520/02, “para aquisição de bens
hospitalar por Pregão? e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de
Pregão...” (sem grifos no original), sendo que nos termos de seu parágrafo
único, “consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste
artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado”. Sendo esta última redação, idêntica àquela verificada no art. 1º, §2º,
do Decreto 14.576/05 e, no art. 1º, parágrafo único, do Decreto 14.575/05
que regulam o Pregão, nas formas presencial e eletrônica, respectivamente,
no âmbito da Administração Consulente.
Perceba-se, então, que diferentemente do que ocorre nas modalidades
regidas pela Lei 8.666/93, cujo critério de seleção diz com o valor estimado
da contratação (critério quantitativo-valorativo - art. 23 da Lei 8.666/93),
em se tratando de Pregão não há valores monetários limites, bastando
que o objeto a ser contratado categorize-se como sendo comum (critério
qualitativo). Pois bem. Dito isso, a fim de responder ao questionamento
apresentado pela Consulente, em verdade, o que se precisa definir é se
o objeto questionado, qual seja, a coleta de lixo hospitalar, pode ou não
ser considerado comum. Neste sentido, diante da imprecisão legislativa no
que concerne à definição de bens e serviços comuns, uma vez que todo e
qualquer objeto deve ser objetivamente definido em edital, sob pena de
fracasso no atingimento da necessidade administrativa envolvida, veja-se o
que leciona a doutrina correspondente acerca da matéria, na pessoa de Joel
de Menezes NIEBUHR:

... bem e serviço comum são aqueles que possam ser definidos no edital por meio
de especificações objetivas, que se prestam a estabelecer o padrão de qualida-
de desejado pela Administração Pública, de acordo com características usuais no
mercado, sem que variações de ordem técnica eventualmente existen-
tes entre os bens e serviços ofertados por diversos fornecedores que
atendam a tais especificações objetivas sejam importantes ou decisi-
vas para a determinação de qual proposta melhor satisfaz o interesse
público e desde que a estrutura procedimental da modalidade pregão,
menos formalista e mais célere, não afete a análise da qualidade do
objeto licitado ou importe prejuízos ao interesse público [1](sem grifos
no original).

O Tribunal de Contas da União (TCU), a seu turno, assim já se manifestou:


“O que caracteriza um objeto como comum é a padronização de sua
configuração, que é viabilizada pela ausência de necessidade especial a ser
atendida e pela experiência e tradição do mercado”[2]. Além de afirmar
que “... a existência de bens e serviços comuns deverá ser avaliada pelo
administrador no caso concreto, mediante a existência de circunstâncias
objetivas constantes da fase interna do procedimento licitatório” [3]

[1] NIEBUHR, Joel de Menezes. Pregão Presencial e Eletrônico. 3. ed. Curitiba: Zênite, 2005. p.
61-62.
[2] TCU. Acórdão 165/03. Órgão Julgador: Plenário. Relator: Ministro Benjamin Zymler. DOU
17/03/03.
[3] TCU. Acórdão 817/05. Órgão Julgador: Primeira Câmara. Relator: Ministro Valmir Campelo. DOU
09/05/05.

www.negociospublicos.com.br 25
Respostas Objetivas Para determinar, portanto, se determinado bem/serviço é considerado
comum, no entender desta Consultoria Jurídica, as seguintes variáveis de-
verão ser avaliadas:
a) Existência no mercado de mais de um prestador/fornecedor apto à
execução do objeto a ser contratado – isto porque, em não o havendo
estar-se-á não só diante de hipótese que inviabiliza o uso do Pregão, mais
sim que prejudica a própria realização de licitação;
b) Se no segmento específico do objeto a ser contratado, este pode ser
considerado comum, no sentido de que não seria executado tão somente
para o uso/atendimento da Administração Contratante, estando disponí-
vel de modo amplo no mercado correspondente;
c) Se uma descrição em edital das características/especificidades do ob-
jeto a ser contratado, pura e simples (não sendo necessária, portanto,
a atribuição de critérios de pontuação tendentes à avaliação da técnica
preponderantemente empregada em sua execução), é capaz de resultar na
apresentação de proposta que atendam às necessidades da Administração.
Cumprirá, então, ao Setor Requisitante, numa análise específica do objeto
a ser contratado, de posse de elementos afetos à realidade de mercado
respectiva, bem como das especificidades/características que serão utili-
zadas para melhor descrevê-lo, sem desconsiderar, advirta-se, os padrões
exigidos e legalmente permitidos para a consecução do objeto dada a
sua peculiaridade e submissão à legislação específica (dentre elas, deve-se
observar, no que couber, a Lei 12.305/10 – que instituiu a Política Nacional
de Resíduos Sólidos), precisar se a coleta de lixo hospitalar pode ou não
vir a ser considerada serviço comum e, consequentemente, ser licitada
por meio de Pregão.
A título ilustrativo, por fim, traz-se à colação excertos de julgado do Tri-
bunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC), por meio do qual a Corte
de Contas catarinense entendeu pela inaplicabilidade do Pregão, ao que se
recomenda, por cautela, antes de uma decisão terminativa sobre a matéria,
por parte da Administração Consulente, a realização de consulta direta
aos seus respectivos órgãos de controle. Veja-se: “A modalidade pregão
não pode ser utilizada para contratação de empresa prestadora de ser-
viços de coleta, transporte e destinação final de resíduos sólidos com-
pactáveis e lixo hospitalar, haja vista a complexidade de tais serviços, que
demandam a responsabilidade técnica de um engenheiro sanitarista.”[4] LC

[4] TCE/SC. Prejulgado nº 1.680.

2 Resposta
Ao encerrar o certame A ordem inerente à prática dos atos de adjudicação e homologação é ob-
licitatório, independente jeto de polêmica na doutrina, a qual é suscitada em razão dos seguintes
da modalidade, homologa- dispositivos da Lei 8.666/93:
se o certame primeiro e Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo ad-
adjudica-se os itens à empresa ministrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
vencedora depois, ou vice- respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e
versa? ao qual serão juntados oportunamente:

(...)

26 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Respostas Objetivas
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;

Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes proce-
dimentos:

(...)

VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do


objeto da licitação.

Assim, pela redação do primeiro dispositivo legal acima transcrito a adju-


dicação antecede a homologação, enquanto que, de acordo com o inc. VI
do art. 43, a homologação antecede a adjudicação.
Visto isso, cita-se, na linha dos que entendem que a adjudicação deva pre-
ceder a homologação, Carlos Pinto Coelho MOTTA, segundo o qual:

O aparente conflito entre o art. 38, VIII (sic), e o art. 43, VI – ou seja, se a aplicação
seria realizada antes ou depois da homologação -, é, a nosso ver, aspecto de menor
relevância, pois ambos os atos são igualmente importantes para o epílogo eficaz do
procedimento. A vivência de situações concretas induz nossa opinião de que o cami-
nho mais lógico seria de proceder primeiramente à adjudicação (ato sob a responsa-
bilidade da comissão, autoridade competente ou pregoeiro, conforme a modalidade e
o disposto no instrumento convocatório), dado o caráter ratificatório e convalidatório
da homologação (feita pela autoridade superior). [1]

E, em sentido contrário, Marçal JUSTEN FILHO propugna que:

Pelo art. 43, inc. VI, não há antes da homologação, uma “adjudicação” nem haveria
possibilidade de a Administração adjudicar sem ter, anteriormente, homologado. A ho-
mologação deriva da análise global e completa dos trabalhos da autoridade respon-
sável pela licitação. A adjudicação concentra-se no resultado da licitação. Pressupõe a
homologação da qual decorre. [2]

Desta feita, ressalta-se que a adoção de uma ou outra ordem para a práti-
ca de tais atos dependerá da corrente que a Administração, amparada em
sua assessoria jurídica, entender por bem adotar.

Por fim, ressalta-se que, no entendimento desta Consultoria, considerando que a


finalidade da homologação é atestar a legalidade (regularidade do processo) e
conveniência (manutenção do interesse público em realizar a contratação) do pro-
cedimento, esta deve ser posterior à adjudicação[3], haja vista que, desta forma, este
ato também passará pelo crivo da autoridade superior. LC

[1] MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas Licitações e contratos. 12. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2011. p. 565.
[2] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 11.
ed. São Paulo: Dialética, 2005. p. 426.
[3] Na acepção de Joel de Menezes Niebuhr (in Licitação pública e contrato administrativo. 2.
ed. Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 578) o ato de “indicar o selecionado, o escolhido, aquele com
o qual a Administração deve firmar o contrato – é o que se denomina adjudicação”.

3 Resposta
Pode ser constituída
O conceito de Comissão é trazido pelo art. 6º, inc. XVI, da Lei 8.666/93,
Comissão Especial de
segundo o qual, para efeitos da aplicação da lei, as Comissões criadas
Licitação (CEL) para a
pela Administração podem ser permanentes ou especiais, tendo por
realização de Pregão
função essencial o recebimento, o exame e o julgamento de todos os
presencial internacional?
documentos e procedimentos relativos aos certames licitatórios e ao

www.negociospublicos.com.br 27
Respostas Objetivas cadastramento de licitantes.

Sobre a composição das Comissões, pelo magistério de Diógenes GAS-


PARINI, a regra geral é a de que todos os membros das Comissões sejam
integrantes da estrutura da Administração, ressalvadas aquelas excepcio-
nais hipóteses em que as peculiaridades do objeto exijam a convocação
de pessoas “estranhas”[1].

A doutrina administrativista costuma identificar, como funções das Comis-


sões, as mais variadas atividades. Toshio MUKAI, por exemplo, afirma que
a Comissão permanente “...tem atribuições genéricas, no sentido de que
todas as licitações cujos objetos não sejam especializados ou que sejam
sobre assuntos corriqueiros e normais sejam de suas atribuições”[2]. Já a
Comissão especial, segundo o autor “...é nomeada para julgar licitações
cujo objeto seja constituído por coisas especiais, que demandem conheci-
mentos específicos para o julgamento” [3].

Verifica-se, pelo exposto, que o que determinará a necessidade


de se instituir ou não uma Comissão Especial de Licitação é a
peculiaridade da licitação/objeto a ser contratado. Desse modo,
deverá a Administração verificar, primeiramente, qual a natureza e qual a
complexidade do objeto que será licitado, bem como as demais particula-
ridades do procedimento licitatório nele envolvido, a fim de identificar a
necessidade dos avaliadores deterem habilidades e conhecimentos técni-
cos específicos, capazes de melhor conduzir o certame.

Pois bem. O diferencial do caso concreto está no fato de o certame em


questão vir a ser realizado pela modalidade Pregão presencial (interna-
cional), o qual, segundo a lei, não é conduzido por uma “Comissão de
licitação”, mas sim por um único agente responsável (Pregoeiro), auxiliado
por uma Equipe de apoio.

Então, sobre o questionamento objetivamente proposto, no contexto sis-


têmico das normas (considerando-se também a possibilidade da aplicação
subsidiária da Lei 8.666/93 – art. 9º da Lei 10.520/02), para esta Consul-
toria Jurídica as orientações acima também se estendem ao Pregoeiro e
a sua Equipe de apoio, conforme a situação concreta (tendo em foco o
conhecimento necessário e específico da complexidade do objeto e da
licitação a ser realizada).

Note-se o seguinte esclarecimento de Marçal JUSTEN FILHO, sobre a


existência e distinção havida entre as Comissões da Lei 8.666/93:

A Lei distingue comissões permanentes e especiais justamente em função das pecu-


liaridades que as licitações possam apresentar. Em princípio, as atribuições
das comissões permanentes são genéricas. Julgam as licitações que versem sobre
objetos não especializados ou que se insiram na atividade normal e usual do órgão
licitante. Surgindo situações especiais, distinguidas pelas peculiaridades
do objeto licitado ou por outras circunstâncias, a Administração constituirá

[1] GAPARINI, Diógenes. Comissões de Licitação e demais órgãos colegiados referidos na


Lei 8.666/93. 2. ed. São Paulo: NDJ, 2002. p. 32.
[2] MUKAI, Toshio. Licitações e Contratos Públicos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 111.
[3] Id.

28 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Respostas Objetivas
comissão especial. As circunstâncias que conduzem à constituição de
uma comissão especial também impõem que os seus membros apresen-
tem condições para enfrentar e superar as dificuldades envolvidas no
caso [4](grifamos).

Em resumo: tanto objeto quanto condições especiais da licitação autori-


zam a eleição de membros detentores de conhecimentos específicos para
o julgamento e condução do certame.

Para o caso em tela, entendemos que a Administração deverá avaliar dois


pontos principais:

1º - A complexidade do objeto a ser licitado

Deve-se lembrar de que a modalidade Pregão (cujo julgamento se dá ape-


nas pelo critério do “menor preço”) comporta a licitação de bens/servi-
ços considerados “comuns”, os quais não possuem altas complexidades
técnicas/avaliativas para seu julgamento. Objetos que possuam complexi-
dade técnica são julgados pelo critério “melhor técnica” ou “técnica e pre-
ço”, cuja escolha da modalidade licitatória se dará entre aquelas previstas
pela Lei 8.666/93.

2º - A eventual existência de determinadas complexidades/pecu-


liaridades relativas ao procedimento licitatório

Nesse caso, a situação concreta apresentará particularidades e caracterís-


ticas diferenciadas que a afastem da habitualidade das licitações realizadas
em âmbito nacional.

Tomando o questionamento por arquétipo (embora tecnicamente seja in-


devida a realização de um “Pregão presencial internacional” sem o devido
conhecimento prévio da legislação e demais regras correspondentes a tal
procedimento), imaginemos que a realização do mesmo (a nível interna-
cional, inclusive) apresenta-se necessária à Administração Consulente, e
que até o presente momento ainda não teria realizado uma licitação desta
ordem.

Em tal condição, o fato de nunca ter realizado um Pregão internacional,


em nosso ver, poderia configurar apropriado enredamento ao julgamento
(alheio à habitualidade administrativa), do qual se exigiria, para a condução
do Pregão, determinado conhecimento específico. Assim, portanto, deve-
riam ser observadas certas condições, como a nomeação de Pregoeiro e/
ou Equipe de apoio com experiência apta à realização do procedimento
(ou a prévia capacitação/preparo dos servidores normalmente atuantes).
Para a Equipe de apoio, consoante entendimento doutrinário aqui esposa-
do, seria possível ainda convocar pessoas alheias à estrutura funcional da
Administração (em consideração ao termo “preferencialmente” – vide art.
10 do Decreto Federal 3.555/00). LC

[4] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


15. ed. São Paulo: Dialética, 2012. p. 794.

www.negociospublicos.com.br 29
Respostas Objetivas 4 Resposta
Pode ser constituída
Considerando que a Administração abriu certame licitatório,
Comissão Especial de
tendo como objeto a ‘Contratação de Empresa Especializada
Licitação (CEL) para a
realização de Pregão na Prestação de Serviços de Informática – Gestão Arquivística’,
presencial internacional? considerando que foi impetrado recurso contestando a docu-
mentação apresentada pela empresa vencedora de alguns itens
do certame, com alegação de que o atestado de capacidade téc-
nica apresentado não atendia, em quantidade, ao que diz o item
31.1 do edital do certame:

3.1. Qualificação técnica:

31.1. Comprovação de aptidão para desempenho de atividade per-


tinente e compatível em características, quantidades e prazos com o
objeto deste Pregão, que se fará através de apresentação de atestado
em nome do licitante, expedido por pessoa jurídica de direito público
ou privado.

O montante de documentos licitados varia de 6.000.000 a


7.000.000 (dependendo do item) e a empresa vencedora apre-
sentou atestado com aproximadamente 103.000 documentos
executados. Porém, a licitante vencedora possui outro atestado
de capacidade técnica com aproximadamente 11.635.000 docu-
mentos executados, que não havia sido apresentado anterior-
mente e que agora, em face do recurso impetrado, foi apresen-
tado como documentação habilitatória. Questionamos quanto
à possível aceitação do documento apresentado posteriormen-
te e se a desclassificação da mesma pelo descumprimento do
descrito no item 31.1 do edital do certame é plausível.

A requisição de atestados de capacidade técnica em licitações pauta-se


essencialmente na natureza e na complexidade do objeto a ser licitado, o
que torna esta exigência variável conforme cada caso concreto. Sua finali-
dade é a de assegurar que a futura contratada possui capacidade e respon-
sabilidade técnica para executar o objeto, dentro do prazo anunciado, com
qualidade e segurança. Neste sentido, faz-se necessário à Administração
conhecer a experiência das empresas.

A possibilidade de se exigir tal documento encontra fundamento norma-


tivo no art. 30, inc. II e §1º, da Lei 8.666/93. A exigência em questão diz
respeito à chamada “capacidade ou qualificação operacional” (relativa à
organização/empresa que participará da licitação). No que diz respeito
à “comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e
compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da lici-
tação”, esclarece Marçal JUSTEN FILHO:

A Administração apenas está autorizada a estabelecer exigências aptas a eviden-


ciar a execução anterior de objeto similar. Vale dizer, sequer se autoriza exigência

30 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Respostas Objetivas
de objeto idêntico. Um exemplo serve para esclarecer o problema. Se pre-
tende contratar obra consistente em edifício de nove andares, a Admi-
nistração não poderá excluir licitante que já tenha executado edifício
de nove andares. É que a qualificação para edificar prédio com dez
andares não é substancialmente diversa daquela exigida para o prédio
de nove andares. O raciocínio não prevalecerá quando existirem mo-
tivos técnicos que tornem o edifício de dez andares não similar ao de
nove realizado pelo licitante. (...) A Administração não está autorizada a fixar
exigências fundando-se na simples e pura “competência” para tanto. Sempre que
estabelecer exigência restritiva, deverá apresentar fundamento técnico-científico
satisfatório. Deve evidenciar motivos técnicos que conduzem à similitude entre o
objeto licitado e a exigência constante do edital [1](sem grifos no original).

Da leitura do trecho acima citado é possível concluir que não é necessária


a comprovação de aptidão para desempenho de atividade idêntica à licita-
da, sendo necessário apenas comprovar a execução de objeto similar, em
características, quantidades e prazos.

Outrossim, temos que o inc. II, do art. 30, da Lei 8.666/93, ao mencionar
“comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e
compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da li-
citação”, igualmente possibilita que as quantidades que se con-
sideram similares sejam indicadas no edital, a fim de imprimir
objetividade à análise a ser realizada pela Administração. Assim,
é necessário estabelecer quantitativos com vistas à indispensável segu-
rança do contrato. Nesse sentido, vide Acórdão 2.993/06 – 2ª Câmara do
Tribunal de Contas da União (TCU), por meio do qual a Colenda Corte
de Contas entendeu que: “É válida a exigência de quantitativos mí-
nimos a propósito da experiência anterior, desde que o aspecto
quantitativo, seja exigência essencial à identificação do objeto
licitado”[2](sem grifos no original).

Não há como se afirmar, de plano, qual seria o quantitativo mínimo que


poderia ser considerado compatível com o objeto licitado. Este deverá
ser definido pela própria Administração, considerando as circunstâncias
objetivas da contratação. Ressalta-se, no entanto, que o Tribunal de Contas
da União (TCU) vem manifestando posicionamento no sentido de que a
comprovação de, no mínimo, 50% do quantitativo pode ser considerada
compatível com o objeto licitado. [3]

[1] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 11.
ed. São Paulo: Dialética, 2005. p. 336.
[2] TCU. Acórdão 2.993/06. Órgão Julgador: 2ª Câmara. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
[3] A esse respeito vide Acórdão 1.052/12, do Tribunal de Contas da União (TCU). Órgão Julgador:
Plenário. Relator: Ministro Marcos Bemquerer. DOU 10/05/12:
Consoante a jurisprudência assente deste Tribunal, é indevido o estabelecimento de número míni-
mo de atestados de capacidade técnica, bem como a fixação de quantitativo mínimo nesses
atestados superior a 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos dos bens e serviços
que se pretende contratar, a não ser que a especificidade do objeto o recomende, situ-
ação em que os motivos de fato e de direito deverão estar devidamente explicitados
no processo administrativo da licitação” (sem grifos no original).

www.negociospublicos.com.br 31
Respostas Objetivas No caso em tela, ao que nos parece, a Administração não estabeleceu
quantitativo mínimo no edital. No entanto, percebe-se que a apresenta-
ção de atestado de capacidade técnica por parte da licitante declarada
provisoriamente vencedora do certame, relativo a apenas 103.000 do-
cumentos não é compatível com o quantitativo do objeto licitado, qual
seja, contratação de gestão arquivística em um quantitativo que varia de
6.000.000 à 7.000.000 documentos. É de fácil constatação que o quantita-
tivo apresentado está muito abaixo daquele que a Administração espera
ter sido executado pelo licitante. Por essa razão, correta é a conduta da
Administração em inabilitá-lo.

Ressalta-se, ainda, que a Administração não poderá aceitar o outro atesta-


do apresentado posteriormente, embora o mesmo apresente compatibi-
lidade com o quantitativo licitado, sob pena de violação aos princípios da
vinculação ao instrumento convocatório, da legalidade e da isonomia. Por
fim, no entendimento desta Consultoria, o ideal é que nos próximos cer-
tames, a Administração Consulente estabeleça no instrumento convoca-
tório todas as condições para a apresentação dos atestados de capacidade
técnica, inclusive no que diz respeito aos quantitativos mínimos, abaixo
dos quais os atestados não serão aceitos, de modo a evitar questionamen-
tos por parte dos licitantes. LC

5 Resposta
Esta Instituição necessita
De início, cumpre o esclarecimento de que a Associação Brasileira de
realizar pagamento de
Educação Médica (ABEM), a qual se alude na presente consulta, possui
anuidade para Associação
natureza jurídica de sociedade civil com atuação em âmbito nacional,
Brasileira de Educação
tendo por escopo os seguintes objetivos, além de outros elencados em
Médica. É necessária a
elaboração de Termo de seu site oficial: “aprimoramento da educação médica por meio do con-
Referência, sendo esta graçamento das escolas médicas e de saúde pública do Brasil, com vistas
despesa classificada como a atender às necessidades médicas do País e o aperfeiçoamento dos
pagamento antecipado? métodos de ensino nas instituições de ensino médico, compreendendo
Existe na legislação algum desde o processo de ingresso e avaliação do ensino-aprendizagem, até o
tipo de referência para este estudo e o aperfeiçoamento das teorias de educação médica”. [1]

tipo de pagamento?
Não se olvide, entretanto, que o ato de associar-se a qualquer institui-
ção (mesmo por parte de órgãos e entidades da Administração Pública)
é facultativo, vez que de acordo com o art. 5º, em seu inc. XVI, da
Constituição da República, “é plena a liberdade de associação para fins
lícitos”, sendo que “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado”, com base no inc. XX, igualmente do art. 5º em
referência.

Ocorre que, caso a Entidade Consulente, considerando-se a


natureza e os fins propugnados pela referida entidade associa-

[1] Disponível em: <http://www.abem-educmed.org.br/sobre_abem.php>. Acesso em: 27/12/13.

32 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Respostas Objetivas
tiva, considere ser de interesse público a respectiva associação

e desde que esteja devidamente justificado nos autos do pro-

cesso administrativo, o pagamento correspondente à anuida-

de/taxa exigível em questão poderá ocorrer por inexigibilidade

de licitação, em decorrência da inviabilidade de competição.

Mesmo porque, ao que parece, há apenas uma associação com

esses fins, com base nas informações contidas no site oficial da

ABEM. Informação esta que deverá ser averiguada pela Enti-

dade Consulente, posto que se consubstancia em fator deter-

minante para a caracterização da inviabilidade de competição

em voga.

Dando continuidade à análise, tem-se que as hipóteses de licitação inexi-

gível encontram-se estatuídas no art. 25, caput e incisos da Lei 8.666/93.

Esse dispositivo legal traz em seu bojo hipóteses em que a licitação

se revela descabida, seja por não existir mais de um particular apto a

atender o interesse público, seja diante da impossibilidade de julgamen-

to objetivo, ante as peculiaridades do objeto. Sendo necessário que se

publique (após a ratificação pela autoridade superior) a contratação na

imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para eficácia

dos atos, nos termos do art. 26, caput, da Lei 8.666/93.

Advirta-se, ainda, que, considerando a hipótese de a referida associação

(e consequente pagamento de anuidade/taxa) também se enquadrar no

inc. II, do art. 24, da Lei 8.666/93 (dispensa de licitação em razão do

valor – o que deverá ser constatado pela própria Administração Consu-

lente), o que nos leva à ilação de que o valor poderia se enquadrar no

dispositivo aqui em comento -, a publicação da contratação se tornará

dispensada, conforme entendimento enunciado pelo Tribunal de Contas

da União, no Acórdão 1.336/06 – Plenário.

No que concerne, por fim, à elaboração do Termo de Referência [2], esta

se revela necessária e obrigatória em sede da modalidade licitatória Pre-

gão, não se vislumbrando a sua aplicabilidade ao caso ora em análise. LC

[2] Segundo dispões o art. 8º, inc. II, do Decreto Federal 3.555/00, “o termo de referência é o docu-
mento que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração,
diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos
métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato”.

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Edital Comentado
por Consultoria Negócios Públicos
Edital do Pregão Eletrônico para aquisição de materiais de limpeza
Licitação Exclusiva para ME e EPP- (...)
EDITAL DO PREGÃO ELETRÔNICO Nº XXXX
OBJETO: Aquisição de materiais de limpeza destinados à XXXX , na forma contida neste
Edital e seus anexos.
- Licitação Exclusiva para ME e EPP- A XXXXX, a legislação mencionada no preâmbulo deste Edital:
pessoa jurídica de direito público, entidade da DATA: 11 de julho de 2011 HORÁRIO: 9:00
Administração Indireta do Estado de XXXX, inscrita hs. ENDEREÇO ELETRÔNICO: www.licitacoes-e.
no CNPJ sob o nº. XXXXXXX, com sede na Rua com.br RECEBIMENTO DAS PROPOSTAS: a partir
XXXXX, nos termos da Lei Estadual nº 5.119/1990, da divulgação do Edital no sítio http://www.licitacoes-e.
alterada pela Lei Estadual n° 5.762/1995 e reestruturada com.br.
pela Lei Estadual n° 6.785/2006, e este Pregoeiro, 2. DO OBJETO
designado pela Portaria nº. 0162/2011 – Reitoria/ 2.1. A presente licitação tem como objeto a aquisição
XXXX, publicada no Diário Oficial do Estado de de produtos e artigos de limpeza, destinados à XXXXX
XXXX de 29/06/2011, levam ao conhecimento,
a serem entregues de forma parcelada na cidade
exclusivamente, dos interessados qualificados
de XXXXX, conforme especificações e condições
como microempresa ou empresa de pequeno
constantes no Termo de Referência – Anexo I.
porte, inclusive cooperativas assim qualificadas,
2.2. O objeto licitado poderá sofrer acréscimos ou
aptos a se beneficiarem do tratamento
supressões, nas mesmas condições contratuais, dentro
diferenciado e favorecido estabelecido pela
dos limites previstos no §1º do art. 65 da Lei Federal
Lei Complementar nº 123/2006, que, na forma
nº 8.666/1993.
da legislação pertinente, especialmente Lei Federal
3. DAS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO
nº 10.520/2002, Decreto Estadual nº 1.424/2003,
3.1. Poderão participar da presente licitação
Decreto Estadual nº 3.548/2007, Lei Complementar
exclusivamente os interessados qualificados
nº 123/2006, Lei Federal nº 11.488/2007, Lei Federal
nº 5.764/71, Decreto Estadual nº 4.123/2009, Decreto como microempresa ou empresa de pequeno
Estadual nº 4.054/2008 e, subsidiariamente, Lei Federal porte, inclusive cooperativas assim qualificadas,
nº 8.666/1993 e Lei Estadual nº 5.237/1991, farão aptos a se beneficiarem do tratamento
realizar licitação na modalidade Pregão Eletrônico, diferenciado e favorecido estabelecido pela Lei
do tipo menor preço por item, mediante as Complementar nº 123/06, cadastrados ou não
condições estabelecidas neste Edital. 1. DA SESSÃO no Sistema de Cadastramento Unificado de
PÚBLICA 1.1. A abertura da presente licitação dar- Fornecedores – SICAF, que atenderem a todas
se-á em sessão pública, dirigida pelo Pregoeiro, a ser as exigências constantes deste Edital e seus
realizada conforme indicado abaixo, de acordo com Anexos.

COMENTÁRIO DA CONSULTORIA dos Municípios. De acordo com o art. 47 do diplo-


ma legal citado:
Importante ressaltar, primeiramente, que em aten-
ção ao que determina o inc. IX, do art. 170 da Art. 47. Nas contratações públicas da União, dos Esta-
dos e dos Municípios, poderá ser concedido tratamento
Constituição da República, a Lei Complementar LC
diferenciado e simplificado para as microempresas e em-
123/06 estabelece normas gerais relativas ao trata-
presas de pequeno porte objetivando a promoção do de-
mento diferenciado e favorecido a ser dispensado senvolvimento econômico e social no âmbito municipal e
às microempresas e empresas de pequeno porte no regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e

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regulamentado na legislação do respectivo ente. artigo 23, inciso II, alínea a, da Lei nº 8.666/93, mo-
dalidade essa que em não muito tempo pode ser extinta,
A realização de licitações exclusivas para microem- dando lugar unicamente aos pequenos pregões exclusivos
presas e empresas de pequeno porte é uma das for- para microempresas e empresas de pequeno porte.
mas por meio da qual se busca atender o disposto
no art. 47. Nesse sentido dispõe o inc. I, do art. 48, A respeito da prática da nova sistemática tratada, con-
da LC 123/06: forme o artigo 49, os artigos 47 e 48 não serão aplicados
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 des- quando não houver previsão no edital, não houver um
ta Lei Complementar, a administração pública poderá mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos enquadra-
dos como microempresas ou empresas de pequeno porte
realizar processo licitatório:
sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as
I - destinado exclusivamente à participação de microem- exigências estabelecidas, quando o tratamento diferen-
presas e empresas de pequeno porte nas contratações cujo ciado não for vantajoso para a Administração Pública
valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (sem ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do ob-
grifos no original). jeto a ser contratado, ou quando a licitação for dispen-
sável ou inexigível.
No entanto, em algumas hipóteses, a licitação exclu-
siva não poderá ser aplicada. A esse respeito impor- Então, nem sempre a regra das licitações exclusivas para
tante citar o disposto no art. 49 do diploma legal microempresas e empresas de pequeno porte, em razão do
acima citado: valor, será aplicada. [1]

Art. 49. Não se aplica o disposto nos arts. 47 e 48 desta Desse modo, compreende-se que nem sempre as
Lei Complementar quando: licitações cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oiten-
ta mil reais) serão exclusivas para microempresas
I - os critérios de tratamento diferenciado e simplificado e empresas de pequeno porte. A licitação exclusiva
para as microempresas e empresas de pequeno porte não não poderá ser realizada quando não houver pre-
forem expressamente previstos no instrumento convoca- visão no edital, não houver um mínimo de 3 (três)
tório; fornecedores competitivos enquadrados como mi-
croempresas ou empresas de pequeno porte sedia-
II - não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores com- dos local ou regionalmente e capazes de cumprir
petitivos enquadrados como microempresas ou empresas as exigências estabelecidas, quando o tratamento
de pequeno porte sediados local ou regionalmente e ca- diferenciado não for vantajoso para a Administra-
pazes de cumprir as exigências estabelecidas no instru- ção Pública ou representar prejuízo ao conjunto ou
mento convocatório; complexo do objeto a ser contratado, ou quando a
licitação for dispensável ou inexigível.
III - o tratamento diferenciado e simplificado para as
O Decreto Federal 6.204/07, que regulamenta o
microempresas e empresas de pequeno porte não for tratamento favorecido, diferenciado e simplificado
vantajoso para a administração pública ou representar para as microempresas e empresas de pequeno
prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser con- porte nas contratações de bens, serviços e obras
tratado; na Administração Pública Federal, estabelece reda-
ção semelhante à prevista nos arts. 48 e 49 da LC
IV - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos
123/06. De acordo com o art. 6º do Decreto Fe-
dos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
deral:
1993.
Art. 6º Os órgãos e entidades contratantes deverão rea-
Em comentários a esse dispositivo, Jonas LIMA sa- lizar processo licitatório destinado exclusivamente à par-
lienta: ticipação de microempresas e empresas de pequeno porte
De todo o modo, é interessante mencionar que a idéia nas contratações cujo valor seja de até R$ 80.000,00
inicial constante no projeto da lei era de que o limite (oitenta mil reais).
para essas licitações fosse de R$ 50.000,00 (cinqüenta
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo
mil reais), mas houve ampliação para R$ 80.000,00
(oitenta mil reais), ou seja, exatamente o limite vigente [1] LIMA, Jonas. Licitações à Luz do Novo Estatuto da Microem-
para a licitação na modalidade de convite, nos termos do presa. Campinas: Servanda, 2008. p. 89-91.

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por Consultoria Negócios Públicos quando ocorrerem as situações previstas no art. 9º, devi- da competição é vantajoso para o contratante, ou não
damente justificadas (sem grifos no original). causa prejuízo para o conjunto ou complexo do objeto

Enquanto a LC 123/06 prevê a faculdade de reali- a ser contratado, vez que, quanto maior a competição,
zação de licitações exclusivas quando o valor não ul- maior a chance de obter propostas melhores. Não se ol-
trapassar R$ 80.000,00, o Decreto Federal 6.204/07 vide também, que médias e grandes empresas têm po-
determina a obrigatoriedade da realização de li- tencialmente maior capacidade econômico-comercial, ao
citação exclusiva para microempresas e empresas
menos em tese.
de pequeno porte quando o valor não ultrapassar
R$ 80.000,00. No entanto, assim como prevê a LC
Por derradeiro, o afastamento dos médios e dos gran-
123/06, o Decreto Federal 6.204/07 estabelece hi-
póteses em que a licitação exclusiva não poderá ser des dos certames pode ser prejudicial não somente em
realizada. Nesse sentido dispõe o art. 9º do ato nor- relação à proposta de preço, mas também, sob, o ângulo
mativo citado: da capacidade técnica para executar o objeto do futuro

Art. 9º Não se aplica o disposto nos arts. 6º ao 8º quan- contrato. [2]


do:
Segundo o doutrinador, a licitação exclusiva para mi-
I - não houver um mínimo de três fornecedores compe- croempresas e empresas de pequeno porte restrin-
titivos enquadrados como microempresas ou empresas de ge a competição. Quanto maior o número de lici-
pequeno porte sediados local ou regionalmente e capazes tantes, incluindo médias e grandes empresas, maior
de cumprir as exigências estabelecidas no instrumento
a chance de se obter melhores propostas. O autor
convocatório;
sustenta, por fim, que médias e grandes empresas
II - o tratamento diferenciado e simplificado para as têm potencialmente maior capacidade econômico-
microempresas e empresas de pequeno porte não for van- -comercial e capacidade técnica para executar o ob-
tajoso para a administração ou representar prejuízo ao
jeto do futuro contrato.
conjunto ou complexo do objeto a ser contratado;
Para Marçal JUSTEN FILHO: “a vontade legislativa
III - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos não é a restrição absoluta da disputa, mas a compe-
dos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 1993; tição entre pequenas empresas. Sob esse prisma, a
vedação à participação de empresas de maior porte
IV - a soma dos valores licitados nos termos do diposto
nos arts. 6º a 8º ultrapassar vinte e cinco por cento do apenas poderá ser justificada se houver uma efetiva
orçamento disponível para contratações em cada ano e concreta competição entre pequenas empresas.”
civil; e [3]

V - o tratamento diferenciado e simplificado não for


No entendimento desta Consultoria, o objetivo do
capaz de alcançar os objetivos previstos no art. 1º, jus- legislador, ao estabelecer as licitações exclusivas, é
tificadamente. louvável, uma vez que busca promover o desenvol-
vimento econômico e social no âmbito municipal
Parágrafo único. Para o disposto no inciso II, considera-
e regional, a ampliação da eficiência das políticas
-se não vantajosa a contratação quando resultar em pre-
ço superior ao valor estabelecido como referência. públicas e o incentivo à inovação tecnológica. No
entanto, é preciso ressaltar que caberá a cada ente
Ressalta-se, ainda, que José Anacleto Abduch SAN-
federativo regulamentar tal prerrogativa, que não
TOS critica a aplicação da licitação exclusiva para
poderá ser aplicada caso se configurem as hipóteses
micro e pequenas empresas:
previstas no art. 49 da LC 123/06. LC
A norma complementar foi editada na contramão da
orientação constitucional e da práxis administrativa, [2] SANTOS, José Anacleto Abduch. Licitações e o Estatuto da Mi-
para impor limitação para a participação nos certames, croempresa e Empresa de Pequeno Porte. Curitiba: Juruá, 2008. P.
142-143.
reduzindo assim a competitividade. Não se imagina
[3] JUSTEN FILHO, Marçal. O estatuto da microempresa e as licita-
qual seria o argumento juridicamente válido para pro- ções públicas: comentários aos artigos da Lei complementar nº 123
var que o afastamento das médias e das grandes empresas atinentes a licitações públicas, p. 77.

36 LICICON | Abril 2013 | ano VI


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A Aplicação de Sanções no Pregão
TCU - Acórdão 3.171/11 – Plenário¹
Identificação 237. Atualmente, esse dispositivo é regulamentado
pela Lei 8.666/1993, que institui normas para licita-
Acórdão 3.171/11 - Plenário
ções e contratos da Administração Pública, e pela Lei
10.520/2002, que institui modalidade de licitação de-
Processo
nominada pregão, para aquisição de bens e serviços
002.509/2011-3
comuns.

Sumário 238.As duas normas são leis ordinárias, logo, de mesma


hierarquia. No entanto, as normas do segundo diploma
FISCOBRAS 2011. FORNECIMENTO DE TRILHOS
legal, por ser esse especial, tratam especificamente da
PARA CONSTRUÇÃO DA FERROVIA DE INTE-
modalidade pregão e prevalecem em relação ao pri-
GRAÇÃO OESTE-LESTE (FIOL) E EXTENSÃO SUL
meiro no que tange à modalidade.
DA FERROVIA NORTE-SUL. PREGÃO. REVOGA-
ÇÃO DO CERTAME. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE 239. Reforça esse entendimento o art. 9º da Lei
IRREGULARIDADE GRAVE QUE SE ENQUADRE 10.520/2002, que prevê: ‘Aplicam-se subsidiariamen-
NO DISPOSTO NO INCISO IV DO §1º DO ART. 94 te, para a modalidade de pregão, as normas da Lei nº
DA LEI 12.309, DE 9/8/2010 (LDO 2011) E NO IN- 8.666, de 21 de junho de 1993’ (grifo nosso). Isso sig-
CISO IV DO §1º DO ART. 91 DA LEI Nº 12.465, DE nifica que, quando um tópico possuir disciplinamento
12/8/2011 (LDO 2012). RECOMENDAÇÕES. CIÊN- próprio na Lei do Pregão, fica afastada a aplicação da
CIA AO CONGRESSO NACIONAL. Lei de Licitações e Contratos.

Ministro Relator 240. Essa é a posição adotada por este Tribunal, a exem-
plo dos Acórdãos 1925/2006-TCU-Plenário (relatoria
André Luís de Carvalho
do Ministro Augusto Nardes) e 114/2007-TCU-Ple-
“Relatório: (...) nário (relatoria do Ministro Benjamin Zymler). Neste
último, constou no voto do Relator que ‘não se afigura
V.5.3. Análise
cabível, portanto, defender a aplicabilidade da Lei nº
IV.5.3.1. Da sanção prevista no art. 7º da Lei 10.520/2002 8.666/93, uma vez que esta norma somente é aplicável
236. A Constituição Federal de 1988 estabelece no in- aos pregões de forma subsidiária e que, em relação a
ciso XXI do art. 37 que: este tópico, a norma específica possui disciplinamento
próprio, o qual afasta a Lei de Licitações e Contratos’.
‘ressalvados os casos especificados na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contrata- 241. O tópico aplicação de penalidades, no âmbito das
dos mediante processo de licitação pública que asse- aquisições de bens e serviços comuns realizadas na

gure igualdade de condições a todos os concorrentes, modalidade pregão, encontra-se regulado pelo art. 7º
da Lei 10.520/2002, que dispõe:
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ‘Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de valida-
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à de entregar ou apresentar documentação falsa exigida
garantia do cumprimento das obrigações.’ para o certame, ensejar o retardamento da execução
de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou frau-
[1] TCU. Acórdão 3.171/11. Órgão Julgador: Plenário. Relator: Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho. DOU 30/11/11. dar na execução do contrato, comportar-se de modo
inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de

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licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Fede- IV – declaração de inidoneidade, conforme o inciso IV
ral ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou do artigo 87 da Lei nº 8.666, de 1993; e
nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que
V – impedimento de licitar e contratar com a União,
se refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei, pelo prazo
Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme o
de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previs-
art. 7º da Lei nº 10.520, de 2002.
tas em edital e no contrato e das demais cominações
legais.’ (sem grifo no original) §1º A aplicação da sanção prevista no inciso III deste
artigo impossibilitará o fornecedor ou interessado de
242. Vê-se que houve uma opção legislativa de adotar
participar de licitações e formalizar contratos, no âm-
sanção própria, mais rigorosa, aos participantes de
certames realizados mediante modalidade pregão. Tal bito do órgão ou entidade responsável pela aplicação
escolha deveu-se à necessidade de coibir condutas que da sanção.
viessem a embaraçar o andamento dos trabalhos, haja §2º A aplicação da sanção prevista no inciso IV deste
vista o fim buscado pelo legislador de agilizar as con- artigo impossibilitará o fornecedor ou interessado de
tratações governamentais, para fazer frente a processo, participar de licitações e formalizar contratos com a
até então, moroso, burocrático e muitas vezes inefi- Administração Pública.
ciente, consoante consignado na exposição de motivos
da medida provisória que deu origem à lei. §3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
artigo impossibilitará o fornecedor ou interessado de
243. Tal agilização foi implementada na lei com a in-
participar de licitações e formalizar contratos com a
trodução de facilidades e a redução de formalidades
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios.
e exigências em relação aos procedimentos adotados
nas modalidades tradicionais. Dessa forma, se de um §4º O disposto nos parágrafos anteriores não impedirá
lado deu-se maior liberdade, por outro se estabele- a atualização cadastral do sancionado.’
ceu sanção mais severa para contratações por meio de 246. Ante essas considerações, constata-se que não
pregão do que aquelas estipuladas na Lei de Licitações
há lacuna na Lei 10.520/2002 em relação à imposição
e Contratos.
de sanção em certame realizado na modalidade pre-
244. Portanto, verifica-se que a sanção disposta no art. gão, de modo que, acerca desse tópico, mostra-se im-
7º da Lei 10.520/2002 não se confunde com aquelas pertinente a aplicação analógica ou subsidiária da Lei
previstas no art. 87 da Lei 8.666/1993, visto que são 8.666/1993.
penalidades distintas.
247. Uma vez definido que a sanção disposta no art. 7º
245. Essa posição, de que se tratam de sanções distin- da Lei 10.520/2002 é diferente daquelas previstas no
tas, é corroborada pela Instrução Normativa SLTI/MP art. 87 da Lei 8.666/1993, passa-se ao exame da abran-
2, de 11/10/2010, que estabelece normas para o funcio- gência dos efeitos da sanção e da autoridade compe-
namento do SICAF no âmbito dos órgãos e entidades tente pela sua aplicação.
integrantes do Sistema de Serviços Gerais. O art. 40
desse regulamento dispõe que: IV.5.3.1.1. Abrangência dos efeitos da sanção prevista
no art. 7º da Lei 10.520/2002
‘Art. 40. São sanções passíveis de registro no SICAF,
além de outras que a lei possa prever: 248. Quanto à abrangência da penalidade imposta com
base no art. 7º da Lei do Pregão – se compreende to-
I – advertência por escrito, conforme o inciso I do art.
dos os órgãos e as entidades do ente da federação ou
87 da Lei nº 8.666, de 1993;
se está limitada ao órgão ou à entidade que a aplicou
II – multa, na forma prevista no instrumento convoca- –, o texto da lei dispõe que ‘ficará impedido de licitar
tório ou no contrato, conforme o inciso II do art. 87 da e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
Lei nº 8.666, de 1993; Municípios’, de modo que não deixa dúvida de que a
III – suspensão temporária, conforme o inciso III do art. sanção incide sobre o ente federativo a que pertence
87 da Lei nº 8.666, de 1993; o aplicador da sanção, ou seja, sobre todos os órgãos

38 LICICON | Abril 2013 | ano VI


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e entidades da respectiva esfera. O referido dispositivo subsidiária da Lei de Licitações e Contratos, por essa
legal não dá margem à interpretação diversa. razão os entendimentos apresentados acerca dos in-

249. Esse é o entendimento desta Corte de Contas, cisos III e IV do art. 87 desta Lei não são úteis para o
conforme consignado no Voto condutor do Acórdão presente caso.
653/2008-Plenário, de relatoria do Ministro Benjamin 253. Além disso, destaque-se que, no texto do disposi-
Zymler, que enfrentou a questão relativa à abrangência tivo relativo à penalidade na Lei do Pregão, supratrans-
do art. 7º da Lei do Pregão: crito, existe a conduta ‘falhar ou fraudar a execução do
‘(...), a lei do pregão utilizou expressamente o termo contrato’, na qual se insere a sanção em análise, con-
‘União’ não havendo justificativas exegéticas para se soante consignado no DOU, por isso não há motivo
considerar esse termo como ‘órgão ou entidade atu- para alegar omissão e socorrer-se subsidiariamente às
ante no caso concreto’, sob pena de se subverter o sanções estipuladas no art. 87 da Lei 8.666/1993.
claro comando da lei. Veja-se a respeito as lições de
254. De acordo com o explanado até o momento,
Carlos Maximiliano:
não há que se falar em utilização subsidiária da Lei
‘A prescrição obrigatória acha-se contida na fórmula 8.666/1993 para fins de aplicação de sanção em cer-
concreta. Se a letra da lei não é contraditada por ne- tames regidos pela Lei 10.520/2002. Entretanto, ainda
nhum elemento exterior, não há motivo para hesita- que por hipótese, se admitisse a interpretação defendi-
ção: deve ser observada. A linguagem tem por objetivo da pela Dismaf e pelos responsáveis, de que a penalida-
despertar em terceiros pensamento semelhante ao de do art. 7º da Lei do Pregão equivaleria ao do inciso
daquele que fala; presume-se que o legislador se esme-
III do art. 87 da Lei de Licitações e Contratos, melhor
rou em escolher expressões claras e precisas, com a
sorte os manifestantes não teriam.
preocupação meditada e firme de ser bem compreen-
dido e fielmente obedecido. Por isso, em não havendo 255. Tanto na oitiva quanto nas razões de justificativa,
elementos de convicção em sentido diverso, atém-se o citam-se posições doutrinárias, jurisprudências desta
intérprete à letra do texto.’’ (Hermenêutica e Aplica- Corte de Contas e decisões em ações propostas na
ção do Direito, 15ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 1995. Justiça Federal por empresas que não participaram do
p. 110-111). Pregão 4/2011, todas na linha de que a punição do in-
ciso III do art. 87, combinado com o inciso XI do art.
250. A lei dá margem de liberdade apenas quanto à de-
finição do prazo de vigência dessa penalidade, que está 6º da Lei 8.666/1993 implica suspensão temporária de
limitada ao máximo de cinco anos. Logo, uma vez de- participação em licitação e impedimento de contratar
terminada a imposição da sanção, somente na fixação com o órgão, a entidade ou a unidade administrativa
do quantum cabe a análise discricionária da autoridade que a aplicou (Administração).
competente para aplicá-la. 256. No que tange a esse ponto, necessário mencionar
251. No caso concreto, a sanção aplicada pela ECT à o recente Acórdão 2218/2011-TCU-Primeira Câmara,
empresa Dismaf tem como fundamento o art. 7º da que acolheu voto revisor do Ministro Walton Alencar
Lei 10.520/2002 e como origem a conduta irregular Rodrigues, no qual este Tribunal, na mesma linha do
da empresa na execução dos contratos firmados com Superior Tribunal de Justiça (REsp 151.567/RJ, REsp
a ECT (peça 68, p. 196). Portanto, os argumentos tra- 174.274/SP e RMS 9707/PR), passou a entender que a
zidos nas razões de justificativa e na oitiva acerca da sanção prevista no inciso III do art. 87 da Lei de Licita-
interpretação da abrangência do inciso III do art. 87 ções e Contratos abrange toda Administração direta e
da Lei 8.666/1993 não se aproveitam na presente si- indireta e que se presume a fraude quando a empresa
tuação, uma vez que não dizem respeito à penalidade que participar de procedimento licitatório possuir ob-
em análise. jeto social similar e ao menos um sócio-controlador e/
252. Conforme já exposto, em se tratando de contra- ou sócio gerente em comum com a entidade punida
tação por meio da modalidade pregão, a sanção cabível com a referida sanção ou com a declaração de inido-
é a do art. 7º da Lei 10.520/2002, afastando a aplicação neidade, nos seguintes termos:

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‘1. A vedação à participação em licitações e à contrata- 264. No segundo caso, ao se adotar subsidiariamente a
ção de particular incurso na sanção prevista no inciso Lei 8.666/1993, verifica-se que este diploma legal tam-
III do art. 87 da Lei 8.666/93 estende-se a toda a Admi- bém é silente sobre o assunto, uma vez que, conforme
nistração direta e indireta. explicitado anteriormente, a sanção preceituada na Lei
do Pregão não é a mesma daquelas previstas na Lei de
2. Incumbe a cada órgão da Administração impedir a
Licitações e Contratos.
participação de sociedade empresária que comparece
a certame licitatório no intuito de esquivar-se de san- 265. Nesse caso, deve-se adotar a mesma sistemática
ção aplicada por ente diverso da Administração. de interpretação utilizada na Lei de Licitações e Con-
tratos, qual seja: quando não há uma autoridade es-
3. Presume-se fraude quando a sociedade que procura
tabelecida expressamente, como ocorreu em relação
participar de certame licitatório possui objeto social
à declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
similar e, cumulativamente, ao menos um sócio-con-
com a Administração Pública (§3º do art. 87), depreen-
trolador e/ou sócio-gerente em comum com a entida-
de-se que a autoridade competente é aquela responsá-
de apenada com as sanções de suspensão temporária vel pelo certame, consoante acontece com os incisos I,
ou declaração de inidoneidade, previstas no inciso III e II e III do art. 87 da Lei 8.666/1993.
IV do art. 87 da Lei 8.666/93.
266. Ambas as linhas de raciocínio coadunam-se com
Voto Revisor: (...) o disposto no art. 17 da Lei 9.784/1999, que regula
261. Pelas razões expendidas, conclui-se que quem so- o processo administrativo no âmbito da Administra-
frer a sanção disposta no art. 7º da Lei 10.520/2011 ção Pública Federal, nos seguintes termos: ‘inexistindo
ficará impedido de licitar e contratar com toda a esfera competência legal específica, o processo administrati-
(Administração direta e indireta) do órgão ou entidade vo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
que a aplicou e deve ser descredenciado no Sicaf, ou grau hierárquico para decidir’.
nos sistemas de cadastramento de fornecedores refe- 267. Em qualquer das hipóteses, conduz-se à mesma
ridos no inciso XIV do art. 4º da mesma lei, pelo prazo autoridade competente, qual seja, a autoridade respon-
de até cinco anos. sável pelo pregão.

IV.5.3.1.2. Autoridade competente para aplicação da 268. Pode parecer abuso de poder ou um excesso a
sanção prevista no art. 7º da Lei 10.520/2002 autoridade responsável pelo pregão ter competência
para sancionar uma empresa em face de toda a Ad-
262. Em relação à alegada omissão de autoridade com-
ministração Pública da esfera a que pertence, mas o
petente para aplicar a sanção prevista no art. 7º da Lei
impedimento da Lei 10.520/2002, assim como as de-
do Pregão, um exercício de exegese leva às seguintes
mais sanções da Lei 8.666/1993, é decorrente do prin-
possibilidades: (i) por não haver na Lei 10.520/2002
cípio da moralidade, elevado a princípio constitucional
restrição quanto à autoridade responsável por aplicá-
com previsão expressa no art. 37. Da mesma forma, se
-la, a competência recai sobre a autoridade competen-
uma empresa não é digna de contratar com um órgão
te responsável pelo pregão; (ii) por haver omissão na
porque feriu tal princípio, não tem lisura em relação a
Lei do Pregão quanto à indicação da autoridade com-
outros órgãos ou entidades...”
petente por aplicar essa sanção, conforme preceitua
o art. 9º da mesma lei, aplicam-se subsidiariamente as Publicação:

normas da Lei de Licitações e Contratos. Ata 52/2011 - Plenário

263. Na primeira hipótese, uma vez que a Lei do Pre- Sessão 30/11/2011
gão não restringe nem remete a aplicação da sanção
Dou vide data do DOU na ATA 52 - Plenário, de
a uma autoridade específica, considera-se competente
30/11/2011
aquela que, dentro da estrutura do órgão ou entidade,
seja responsável pelo certame, nos termos dos incisos
Acórdão
I e IV do art. 3º da Lei 10.520/2002. (...)

40 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Jurisprudência Comentada
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ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da (...)
União, reunidos em Sessão Extraordinária do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em: Publicação

(...)
Ata 51/2012 – Plenário
9.5.2. ao Município de Britânia/GO, a fim de que, em fu-
turos editais de licitação, que envolvam recursos públi-
Sessão 10/12/2012
cos federais, abstenha-se de incluir cláusulas de qualifi-
cação técnica que restrinjam indevidamente o caráter
Dou vide data do DOU na ATA 51 - Plenário, de
competitivo do certame tal como verificado no Edital
da Concorrência nº 2/2012. 10/12/2012

COMENTÁRIO DA CONSULTORIA pondeu” o TCU no que tange aos seguintes ques-


tionamentos:
O julgado em comento analisou de forma bastante
didática a temática aplicação de sanções no Pre- 1) Diante do descumprimento de contrato origi-
gão, enfrentando dentre outros aspectos, o exame nário de licitação instaurada por meio de Pregão,
dos seguintes aspectos: penalidades cabíveis – Lei qual é penalidade cabível?
10.520/02 X Lei 8.666/93, bem como sua abran- 1.1) É possível a aplicação da Declaração de Ini-
gência territorial; autoridade competente para a doneidade inserta no inc. IV, do art. 87, da Lei
aplicação; além de seu prazo de duração. 8.666/93 em sede de Pregão?
Vejamos, então, qual foi o posicionamento adotado “236. A Constituição Federal de 1988 estabelece
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), para cada no inciso XXI do art. 37 que:
um desses assuntos. Sendo que, os entendimen-
tos apresentados pela Corte de Contas da União, ressalvados os casos especificados na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contrata-
conforme se verá, consolidaram posições já ante-
dos mediante processo de licitação pública que asse-
riormente apresentadas e defendidas pela doutrina
gure igualdade de condições a todos os concorrentes,
correlata. Mas, antes disso, a fim de melhor contex- com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
tualizar o tema sub examen, relembremos o que mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
dispõe o art. 7º da Lei 10.520/02, in verbis: termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
Art. 7º - Quem, convocado dentro do prazo de validade garantia do cumprimento das obrigações.
da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de en-
tregar ou apresentar documentação falsa exigida para 237. Atualmente, esse dispositivo é regulamentado
o certame, ensejar o retardamento da execução de seu pela Lei 8.666/1993, que institui normas para licita-
objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
ções e contratos da Administração Pública, e pela
execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo
Lei 10.520/2002, que institui modalidade de licita-
ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de lici-
tar e contratar com a União, Estados, Distrito ção denominada pregão, para aquisição de bens e
Federal ou Municípios e, será descredenciado no serviços comuns.
Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de fornece-
238. As duas normas são leis ordinárias, logo,
dores a que se refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei,
de mesma hierarquia. No entanto, as nor-
pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das
multas previstas em edital e no contrato e das demais mas do segundo diploma legal, por ser esse
cominações legais (sem grifos no original). especial, tratam especificamente da moda-
lidade pregão e prevalecem em relação ao
Dito isso, num esquema de estudo, relativamente
primeiro no que tange à modalidade.
aos assuntos referenciados, vejamos o que “res-

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Jurisprudência Comentada
por Negócios Públicos Consultoria 239. Reforça esse entendimento o art. 9º da Lei aplicador da sanção, ou seja, sobre todos os
10.520/2002, que prevê: ‘Aplicam-se subsidiaria- órgãos e entidades da respectiva esfera. O
mente, para a modalidade de pregão, as normas da referido dispositivo legal não dá margem à inter-
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993’. pretação diversa. (...)

Isso significa que, quando um tópico possuir 250. A lei dá margem de liberdade apenas
disciplinamento próprio na Lei do Pregão, quanto à definição do prazo de vigência des-
fica afastada a aplicação da Lei de Licitações sa penalidade, que está limitada ao máximo
e Contratos. de cinco anos. Logo, uma vez determinada
a imposição da sanção, somente na fixação
240. Essa é a posição adotada por este Tribunal,
do quantum cabe a análise discricionária da
a exemplo dos Acórdãos 1925/2006-TCU-Ple-
autoridade competente para aplicá-la. (...)
nário (relatoria do Ministro Augusto Nardes) e
114/2007-TCU-Plenário (relatoria do Ministro VOTO REVISOR (...)
Benjamin Zymler). Neste último, constou no voto
261. Pelas razões expendidas, conclui-se que
do Relator que ‘não se afigura cabível, por-
quem sofrer a sanção disposta no art. 7º da Lei
tanto, defender a aplicabilidade da Lei nº
10.520/2011 ficará impedido de licitar e con-
8.666/93, uma vez que esta norma somente
tratar com toda a esfera (Administração
é aplicável aos pregões de forma subsidiá-
direta e indireta) do órgão ou entidade que
ria e que, em relação a este tópico, a norma
a aplicou e deve ser descredenciado no Sicaf, ou
específica possui disciplinamento próprio, o
nos sistemas de cadastramento de fornecedores
qual afasta a Lei de Licitações e Contratos’.
referidos no inciso XIV do art. 4º da mesma lei,
(...)
pelo prazo de até cinco anos” [2](sem grifos no ori-
246. Ante essas considerações, constata-se que ginal).
não há lacuna na Lei 10.520/2002 em relação à
3) Quem é a Autoridade Competente para a apli-
imposição de sanção em certame realizado
cação do impedimento de licitar e contratar?
na modalidade pregão, de modo que, acer-
ca desse tópico, mostra-se impertinente a “262. Em relação à alegada omissão de autorida-
aplicação analógica ou subsidiária da Lei de competente para aplicar a sanção prevista no
8.666/1993” [1](sem grifos no original). art. 7º da Lei do Pregão, um exercício de exegese
leva às seguintes possibilidades: (i) por não haver
2) Qual é a abrangência territorial do impedimen-
na Lei 10.520/2002 restrição quanto à autorida-
to de licitar e contratar disciplinado pelo art. 7º da
de responsável por aplicá-la, a competência recai
Lei 10.520/02?
sobre a autoridade competente responsável pelo
2.1) Qual é o prazo de duração de tal penalidade? pregão; (ii) por haver omissão na Lei do Pregão
quanto à indicação da autoridade competente por
“248. Quanto à abrangência da penalidade imposta
aplicar essa sanção, conforme preceitua o art. 9º da
com base no art. 7º da Lei do Pregão – se com-
mesma lei, aplicam-se subsidiariamente as normas
preende todos os órgãos e as entidades do ente
da Lei de Licitações e Contratos.
da federação ou se está limitada ao órgão ou à
entidade que a aplicou –, o texto da lei dispõe que 263. Na primeira hipótese, uma vez que a
‘ficará impedido de licitar e contratar com a União, Lei do Pregão não restringe nem remete a
Estados, Distrito Federal ou Municípios’, de modo aplicação da sanção a uma autoridade es-
que não deixa dúvida de que a sanção incide pecífica, considera-se competente aquela
sobre o ente federativo a que pertence o que, dentro da estrutura do órgão ou en-

[1] TCU. Acórdão 3.171/11. Órgão Julgador: Plenário. Relator: Minis-


tro-Substituto André Luís de Carvalho. DOU 30/11/11. [2] Id.

42 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Jurisprudência Comentada
por Negócios Públicos Consultoria
tidade, seja responsável pelo certame, nos ridade estabelecida expressamente, como ocor-
termos dos incisos I e IV do art. 3º da Lei reu em relação à declaração de inidoneidade para
10.520/2002. licitar ou contratar com a Administração Pública
(§3º do art. 87), depreende-se que a autoridade
264. No segundo caso, ao se adotar subsidiaria-
competente é aquela responsável pelo certame,
mente a Lei 8.666/1993, verifica-se que este diplo-
consoante acontece com os incisos I, II e III do art.
ma legal também é silente sobre o assunto, uma vez
87 da Lei 8.666/1993. (...)
que, conforme explicitado anteriormente, a sanção
preceituada na Lei do Pregão não é a mesma da- 267. Em qualquer das hipóteses, conduz-se à
quelas previstas na Lei de Licitações e Contratos. mesma autoridade competente, qual seja, a
autoridade responsável pelo pregão” [3](sem
265. Nesse caso, deve-se adotar a mesma sistemá-
grifos no original) LC
tica de interpretação utilizada na Lei de Licitações
e Contratos, qual seja: quando não há uma auto-
[3] Id.

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Jurisprudência
TCU – ACÓRDÃO 349/13 – PLENÁRIO
Resumo do Acórdão que se refere ao desempenho, quanto à durabilidade’.
“Representação formulada por empresa noticiou su- Noticiou ainda que a norma técnica que trata desse
postas irregularidades no Pregão Eletrônico 21/2011, quesito foi posteriormente alterada para admitir a
conduzido pelo Centro de Obtenção da Marinha no gramatura 203 g/m2 para os tecidos desses unifor-
Rio de Janeiro – COMRJ, cujo objeto é o registro de mes. Concluiu, então, não ter havido afronta ao inte-
preços para fornecimento de macacão operativo de resse público nem aos princípios licitatórios, visto que
combate para a recomposição do estoque do Depó- o procedimento adotado pela administração enseja-
sito de Fardamento da Marinha no Rio de Janeiro. A rá a aquisição de produto de qualidade superior ao
unidade técnica propôs a anulação do certame funda- desejado pela administração contratante, por preço
mentalmente em razão de a proposta vencedora ter significativamente inferior ao contido na proposta da
cotado uniformes com gramatura superior à da faixa segunda classificada. Ressaltou também a satisfatória
de variação especificada no edital (edital: 175 a 190 g/ competitividade do certame, do qual participaram 17
m2; tecido ofertado na proposta vencedora: 203 g/
empresas. E arrematou: ‘considero improvável que a
m2), o que deveria ter ensejado sua desclassificação.
repetição do certame com a ínfima modificação do
O relator, contudo, observou que o tecido oferta-
edital (...) possa trazer mais concorrentes e gerar
do ‘é mais ‘grosso’ ou mais resistente que o previsto
um resultado mais vantajoso ...’. O Tribunal, então,
no edital” e que o COMRJ havia reconhecido que o
ao acolher proposta do relator, decidiu julgar par-
produto ofertado é de qualidade superior à prevista
no edital. A esse respeito, anotou que a Marinha do cialmente procedente a representação, ‘em face da
Brasil está habilitada a ‘emitir opinião técnica sobre a verificação de apenas de falhas formais na condução
qualidade do tecido’. Levou em conta, ainda, a mani- do Pregão Eletrônico 21/2011, que não justificam a sua
festação do Departamento Técnico da Diretoria de anulação’.” (Publicado no Informativo de Jurisprudên-
Abastecimento da Marinha, no sentido de que o pro- cia sobre Licitações e Contratos nº142, do Tribunal
duto atenderia ‘à finalidade a qual se destina, tanto no de Contas da União). LC

TCU – ACÓRDÃO 395/13 – PLENÁRIO


Resumo do Acórdão da Lei 10.520/2002 e do Decreto 5.450/2005, não
“Representação contra o Pregão Eletrônico 47/2012 havendo reparos a fazer, no caso concreto, quanto à
do Ministério dos Transportes questionou a utiliza- escolha da modalidade pregão para a contratação em
ção da modalidade em face do objeto licitado: con- exame’. Não obstante, ressalvou que ‘não há enten-
tratação de empresa especializada em prestação de dimento firmado no Tribunal sobre a obrigatoriedade
serviços de apoio técnico de assessoria de comunica- e a adequação do uso da modalidade pregão na con-
ção para execução das políticas, estratégias e ações tratação de serviços de assessoria de comunicação.
de comunicação do órgão. Alegou a representante Fatores como a qualidade dos serviços e a capacidade
serem os serviços pretendidos especializados e de de atendimento a necessidades específicas do contra-
natureza intelectual, o que não se coadunaria com a
tante precisam ser cuidadosamente sopesados, como
categoria bens e serviços comuns, inerente à modali-
forma de assegurar que a empresa contratada atenda
dade pregão. O relator entendeu não existir, no caso
satisfatoriamente as demandas das entidades gover-
em análise, a irregularidade apontada. Verificou haver
no edital a definição precisa do objeto, com especifi- namentais’. O Tribunal, então, ao endossar proposta
cações, exigências e quantitativos objetivamente deli- do relator, julgou a representação improcedente.”
mitados, com o que estariam ‘atendidos os requisitos (Publicado no Informativo de Jurisprudência sobre
necessários ao enquadramento, como comuns, dos Licitações e Contratos nº142, do Tribunal de Contas
serviços específicos a serem prestados, nos termos da União). LC

44 LICICON | Abril 2013 | ano VI


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Jurisprudência
TCU – ACÓRDÃO 429/13 – PLENÁRIO
Resumo do Acórdão A inabilitação do licitante importa preclusão do seu

“Representação de empresa apontou supostas ir- direito de participar das fases subsequentes’. Citou

regularidades no Pregão Presencial (Internacional) ainda o Acórdão 2.048/2006-Plenário, no qual restou

232/2012, realizado pela Comissão Nacional de Ener- consignado que,’se um único licitante preencher os

gia Nuclear e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nu- requisitos estabelecidos no edital, não se deve admitir

cleares (Ipen), com vistas à aquisição de cela de dispen- o saneamento dos vícios por parte dos demais. Além
sa e processamento de radiofármaco. Destaque-se, disso, a regra não pode ser aplicada relativamente a
entre elas, a aplicação indevida do disposto no art. 48, licitantes já excluídos em outras fases no curso da
§3º, da Lei 8.666/1993, uma vez que não se poderia licitação’. Ressaltou que no Pregão há uma inversão
permitir que licitantes inabilitadas e desclassificadas de fases, mas que,’ainda assim, há etapas distintas da
reapresentassem novos documentos. Segundo a re- licitação (...). E como a aplicação do art. 48, §3º, da Lei
presentante, o dispositivo legal citado prevê situações 8.666/1993 ao pregão se dá de forma subsidiária ... o
alternativas, evidenciadas pela conjunção ‘ou’. O Rela- entendimento adequado acerca da aplicação do dis-
tor observou que, no mencionado Pregão, ‘em razão positivo ao pregão deve ser mesmo aquele segundo
da desclassificação de duas propostas e da inabilitação o qual se considera distintamente as etapas do pro-
do único proponente com proposta classificada, deci- cedimento’. O Tribunal, então, ao acolher proposta
diu o pregoeiro pela aplicação do referido dispositivo, do relator, considerou parcialmente procedente a
de modo que fixou prazo para que todos os licitantes representação, sem determinar a anulação do certa-
credenciados reapresentassem propostas ou novos me, ‘uma vez que o procedimento adotado não influiu
documentos...’. Concluiu que, de fato, houve irregu- no resultado do pregão’. Em relação à irregularidade
laridade no procedimento adotado. Ressaltou que ‘o apontada, deu ciência ao Ipen de que a regra prevista
dispositivo prevê a possibilidade da chamada ‘repesca- no art. 48, §3º, da Lei 8.6668/1993 não pode ser apli-
gem’ das propostas ou das habilitações, de modo que cada a licitantes já excluídos em outras etapas no cur-
sua aplicabilidade está adstrita a cada uma das duas fa- so da licitação, ‘sendo possível sua aplicação ou aos
ses (ou etapas) previstas em uma licitação: ou se apli- licitantes desclassificados, quando houver desclas-
ca na fase de habilitação, quando todos os licitantes sificação de todas as propostas, ou aos inabilitados,
são inabilitados, ou se aplica na fase de classificação quando todos os licitantes participantes da fase de
das propostas (julgamento), quando não há propos- habilitação forem considerados inabilitados, e não a
ta classificada’. Valeu-se, então, de deliberação deste ambas as situações simultaneamente ...’. Precedentes
Tribunal (Decisão 85/1998-Plenário) segundo a qual a mencionados: Decisão 085/1998-Plenário e Acórdão
própria interpretação sistêmica da Lei 8.666/93 indica 2.048/2006-Plenário.” (Publicado no Informativo de
a distinção entre as duas fases da licitação, ‘pois esse Jurisprudência sobre Licitações e Contratos nº142,
diploma legal em seu art. 41, §4º, preconiza que: §4º do Tribunal de Contas da União). LC

TCU – ACÓRDÃO 3.378/12 – PLENÁRIO


Resumo do Acórdão so apontou possível quebra de sigilo do orçamento na
A“Ainda no âmbito da auditoria realizada em obras no fase de negociação efetuada após a definição da me-
Aeroporto Internacional de Salvador/BA, o diretor da lhor proposta da fase de lances. A negociação ocor-
unidade técnica encarregada da instrução do proces- reu porque o menor lance fora significativamente su-

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por Consultoria Negócios Públicos
Jurisprudência perior ao valor orçado. Como o valor final negociado
representou desconto irrisório (0,023%) em relação
notadamente por se tratar de novidade em matéria
licitatória, pois ‘existem situações em que não vislum-
ao orçamento da administração, a ocorrência poderia bro como manter, de modo judicioso e a estrito rigor,
apontar para quebra do sigilo do orçamento em be- o sigilo na fase de negociação’. Após apresentar situa-
nefício da empresa licitante e em prejuízo à obtenção ções hipotéticas para corroborar seu entendimento,
de proposta mais vantajosa. O relator considerou concluiu: para se ‘fazer valer a real possibilidade de
não haver elementos materiais mínimos para cor- negociar, desde que em ato público e devidamente
roborar a ocorrência da irregularidade. Considerou justificado, não vejo, em princípio, reprovabilidade
também que, não obstante o momento da publicação em abrir o sigilo na fase de negociação’. O Tribunal,
do orçamento estar previsto na Lei 12.462/2011 (ime- então, endossou o entendimento do relator quanto a
diatamente após o encerramento da licitação, art. 6º) essa questão.” (Publicado no Informativo de Jurispru-
e no Decreto 7.581/2011 (imediatamente após a adju- dência sobre Licitações e Contratos nº141, do Tribu-
dicação do objeto, art. 9º), a questão merece cautela, nal de Contas da União).. LC

46 LICICON | Abril 2013 | ano VI


Arena Negócios Públicos
A
ARENA NEGÓCIOS PÚBLICOS reinterpreta as Arenas Romanas numa metáfora comparativa. Den-
tro de um contexto de opiniões diferenciadas, buscamos, por meio do compartilhamento de ideias, a
ampliação do conhecimento sobre diversos temas polêmicos, estimulando a prática da interpretação
legal, criando um ambiente favorável à quebra de paradigmas e mudança de conceitos.

Esta edição do 56º LICICON-BATE apresenta aos leitores o seguinte mote:

Somente pessoas jurídicas constituídas na forma de associação podem ser


Assunto: contratadas por meio da dispensa de licitação prevista no inc. XX, do art. 24, da
Lei 8.666/93 ?¹

1) Entendendo pela possibilidade de que a contratação somente é possível com associações,


assim aduz Jorge Ulisses Jacoby FERNANDES:

A forma jurídica do contratado deverá ser associação civil congregadora dos portadores de deficiência
física ou de seus responsáveis. Outras entidades não estão abrangidas, como fundações de amparo aos
deficientes físicos, sociedades beneficentes que auxiliem deficientes, igrejas e empresas, que não podem
se utilizar desse dispositivo para serem contratadas diretamente. ²

[1] “Contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins [2] FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação direta sem licitação:
lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da dispensa de licitação: inexigibilidade de licitação: comentários às
Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento modalidades de licitação, inclusive o pregão: procedimento exigidos
de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o para a regularidade da contratação direta. 7.ed. Belo Horizonte:
praticado no mercado”. Fórum, 2007. p. 488-498.

2) Entretanto, defendendo ser possível a contratação de pessoas jurídicas constituídas sob


outras formas, Marçal JUSTEN FILHO comenta que:

A contratação faz-se com a associação, a qual não pode ter fins lucrativos, parece inquestionável que
também pode fazer-se a contratação com outras entidades que desempenham idêntica função, ainda
que sob forma jurídica diversa. Assim, não há impedimentos em contratar-se fundação, por exemplo.

[3] JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos


Administrativos. 15. ed. São Paulo: Dialética, 2012. p. 383.

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Índice Remissivo
Índice Remissivo
Admissível a flexibilização de critério de julgamento da proposta. Licitação do tipo técnica e preço. Lei 8.666/93, art. 24, inc. V.
Hipótese: quando o produto ofertado apresentar qualidade Elementos a serem considerados. (PA04, p.16)
superior à especificada no edital, não tiver havido prejuízo para a
competitividade do certame e o preço obtido revelar-se vantajoso Liberdade de associação. Pagamento de taxa/anuidade.
para a administração (Jurisprudência simples, p.39) Considerações. (RO05, p.32)

Alterações contratuais. Percentuais para acréscimos e supressões Licitação. Adjudicação. Homologação. Ordem dos atos. Polêmica
aplicados de forma isolada, sobre o valor inicial atualizado do doutrinária. Entendimento da Consultoria. Considerações. (RO02,
contrato. Exceção. Supressões por acordo entre as partes. Nova p.26)
base de cálculo. Considerações. (PA01, p.4)
Licitação exclusiva para ME/EPP. Requisitos. (Edital Comentado,
Bens e serviços comuns. Conceituação. Definição legal. p.34)
Entendimento doutrinário e jurisprudencial. (RO01, p.25)
Licitação. Processo findo. Requerimento de cópia. Negativa.
Coleta de lixo hospitalar. Contratação por Pregão. Entendimento Impossibilidade. (PA02, p.8)
do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC). Inaplicabilidade.
(RO01, p.25) Licitação deserta. Licitação do tipo técnica e preço. Elementos a
serem considerados. (PA04, p.16)
Coleta de lixo hospitalar. Contratação por Pregão. Variáveis a
serem consideradas.Análise pelo Setor Requisitante. Necessidade. Organizações Sociais. Contratação direta. Considerações. (PA03,
(RO01, p.25) p.12)

Comissão especial de licitação x Pregão presencial internacional. Pregão. Cabimento. Contratação de bens e serviços comuns.
Único agente responsável pela condução do Pregão: Pregoeiro, (RO01, p.25)
auxiliado por uma Equipe de apoio. Necessária avaliação do objeto
Pregão. Contratação de serviços de assessoria de comunicação.
(simples ou tecnicamente complexo) e de outras peculiaridades
Possibilidade. Necessária e precisa definição do objeto e de suas
envoltas no procedimento. Escolha da modalidade cabível. (RO03,
especificações, em atendimento aos requisitos estabelecidos na
p.27)
Lei 10.520/02 e no Decreto 5.450/05. (Jurisprudência simples,
Compensações e penalizações financeiras. Licitação. Objeto p.44)
da licitação com entrega imediata para 30 dias e obrigação de
respectiva instalação no mesmo prazo previsto. Termo contratual Pregão. Sanções. Abrangência. (Jurisprudência Comentada, p.44)
indispensável, consideradas as características e condições da Pregão. Sanções. Autoridade Competente. (Jurisprudência
entrega/prestação. Possibilidade de atrasos e/ou entrega/instalação
Comentada, p.37)
inadequada(s) pelo particular contratado. Obrigatoriedade da
estipulação de compensações e penalizações financeiras em edital Pregão. Sanções. Lei 8.666/93. Inaplicabilidade. (Jurisprudência
de licitação. Regra prevista pelo art. 40 da Lei 8.666/93. (PA05, Comentada, p.37)
p.21)
Pregão. Sanções. Prazo de duração. (Jurisprudência Comentada,
Contratação direta. Associação de portadores de deficiência. p.37)
Art. 24, inc. XX, da Lei 8.666/93. Forma jurídica do contratado.
Considerações. (Arena, p.47) Pregão presencial internacional x possibilidade de criação de
Comissão especial de licitação. Único agente responsável pela
Contratação por inexigibilidade de licitação: art. 25, caput, da Lei condução do Pregão: Pregoeiro, auxiliado por uma Equipe de
8.666/93, em tese. Possibilidade de duplo enquadramento por apoio. Necessária avaliação do objeto (simples ou tecnicamente
ausência de licitação: art. 25 e inc. II, do art. 24, da Lei 8.666/93. complexo) e de outras peculiaridades envoltas no procedimento.
Dispensa de publicação. (RO05, p.32)
Escolha da modalidade cabível. (RO03, p.27)
Contratação direta de Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”).
Princípio da publicidade. Requerimento de cópia de processo
Organizações sociais. Considerações. (PA03, p.12)
administrativo. Impossibilidade de negativa. Documentos sigilosos.
Dispensa de licitação. Art. 24, inc. XX, da Lei 8.666/93. Pessoas Exceção. Necessária justificativa. Considerações. (PA02, p.8)
jurídicas constituídas na forma de associação. Única forma
Qualificação técnica.Atestado de qualificação técnica. Necessidade
admitida para contratação. Entendimentos Divergentes. (Arena,
p.47) de comprovação de compatibilidade no que diz respeito ao
quantitativo do objeto licitado. (RO04, p.30)
Lei 8.666/93. Aplicação da regra prevista no art. art. 48, §3º.
Inaplicabilidade a licitantes já excluídos em outras etapas RDC. Possibilidade da abertura do sigilo do orçamento na fase
da licitação, sendo possível sua aplicação ou aos licitantes de negociação de preços com o primeiro colocado, desde que
desclassificados, ou aos licitantes inabilitados, e não a ambas as em ato público e devidamente justificado. (Jurisprudência simples,
hipóteses simultaneamente. (Jurisprudência simples, p.44) p.44)

Licitação deserta. Lei 8.666/93, art. 24, inc. V. Requisitos. (PA04, Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”). Contratação direta.
p.16) Considerações. (PA03, p.12)

48 LICICON | Março 2013 | ano VI

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