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PRÉ-UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER Aula 9

DISCIPLINA: História PROFESSORES: Ana Carolina, Diogo Alchorne e Fabrício Sampaio


Data: 15 / 09 / 2020

REVOLUÇÕES INGLESAS E
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Grã-Bretanha: de potência marítima ao pioneirismo industrial
Entre o final do século XVIII e o início do XIX, a Grã-Bretanha tornou-se a maior potência econômica
mundial em razão, sobretudo, de seu pioneirismo industrial.

A industrialização na Inglaterra deve ser compreendida no contexto das transformações políticas ocorridas a
partir do século XVII. Com essas mudanças, a burguesia passou a controlar o poder político por meio do
Parlamento, que se transformou no principal órgão de governo na Inglaterra. Dominado pela burguesia, o
governo passou a aprovar medidas que estimulavam o crescimento industrial e comercial do país.

Para compreender todo o processo, precisamos voltar ao governo de Elizabeth I, filha de Henrique VIII e
Ana Bolena, responsável por várias medidas que levaram a Inglaterra a enfrentar as forças da Espanha,
grande potência naval do mundo na época. O aumento da frota e outras políticas adotadas pela rainha, como
a concessão de empréstimos e de monopólios, favoreceram a expansão comercial inglesa e atenderam aos
interesses da burguesia mercantil. No entanto, essas medidas desequilibraram as finanças do reino.

Para equilibrá-las, a Coroa solicitou empréstimos ao Parlamento, que controlava os impostos arrecadados,
negociou a venda de parte dos seus bens e ampliou a concessão e a venda de monopólios comerciais e
industriais.

Apesar dessas dificuldades, Elizabeth I conseguiu administrar o reino com habilidade: a rainha manteve-se
próxima ao Parlamento, incentivou a ação de corsários e expedições de exploração de terras na América,
consolidou o anglicanismo na Inglaterra e estimulou o desenvolvimento das manufaturas e do comércio. Por
causa dessas medidas, o reinado de Elizabeth I é considerado por muitos a “era dourada” da história da
Inglaterra.

Dinastia Stuart
A morte de Elizabeth I, em 1603, causou um grave problema sucessório, pois a rainha não deixou herdeiros
diretos. O trono inglês passou a seu primo, Jaime Stuart, rei da Escócia, que foi coroado com o título de
Jaime I da Inglaterra. Terminava, assim, a dinastia Tudor. O novo rei, porém, recebeu pouco apoio político
dos ingleses. Defensor da teoria do direito divino dos reis, Jaime I governou segundo os princípios
absolutistas, adotando medidas que desagradaram à maioria dos ingleses e desencadearam várias crises entre
a Coroa e o Parlamento.

Com a morte de Jaime I em 1625, seu filho Carlos I tornou-se rei da Inglaterra e da Escócia. Durante seu
reinado, os conflitos entre a Coroa e o Parlamento da época de seu pai se tornaram mais graves. A crise se
intensificou após o casamento do rei com a princesa católica Henriqueta Maria de França, fato que sinalizou
a reaproximação entre as igrejas Católica e Anglicana. Essa reaproximação provocou a perseguição
a presbiterianos e puritanos, cujas práticas religiosas foram toleradas durante os reinados de Elizabeth I
e Jaime I.
Em 1628, o Parlamento obrigou o monarca a assinar a Petição de Direitos, que proibia a Coroa de instituir a
cobrança de novos impostos sem a aprovação dos parlamentares. No ano seguinte, o rei dissolveu o
Parlamento e governou sozinho durante onze anos.

Para recuperar as finanças do reino, Carlos I retomou a cobrança de um imposto em desuso, o ship money –
que era arrecadado nas cidades portuárias e zonas litorâneas em tempos de guerra –, e a estendeu a todo o
reino. Por causa disso, da concessão de monopólios comerciais, dos gastos exagerados de sua corte e dos
conflitos religiosos, o governo de Carlos I tornou-se extremamente impopular, o que deu origem a uma
crise política.
Para tentar resolver a crise, Carlos I convocou o Parlamento em 1640. Os parlamentares opuseram-se
sistematicamente às iniciativas reais e exigiram o cumprimento da Petição de Direitos e a restrição do poder
do monarca. Carlos I respondeu com a invasão à Câmara dos Comuns e com a prisão de alguns de seus
líderes.

Parlamento inglês

O Parlamento estava dividido em duas câmaras: a dos Lordes e a dos Comuns. A Câmara dos Lordes
era ocupada pelos lordes espirituais – integrantes da cúpula do clero anglicano – e pelos lordes
temporais – nobres titulados (duques, barões, condes e outros) que pertenciam às grandes famílias
aristocráticas, desfrutavam de privilégios de nascimento e eram proprietários de grandes extensões de
terra.

Os lordes herdavam seus lugares na Câmara dos Lordes e constituíam o grupo mais rico e poderoso
da Inglaterra, pois detinham boa parte das propriedades rurais e ocupavam postos-chave na
administração pública, funções de polícia e de justiça. Os lordes eram, em sua maioria, adeptos da
Igreja Anglicana.

A Câmara dos Comuns era composta de pequenos proprietários rurais, burgueses e gentlemen,
pertencentes à gentry. Os gentlemen formavam uma nobreza de status. Eram comerciantes,
manufatureiros, traficantes de escravos e profissionais liberais que faziam fortuna e se tornavam
proprietários de terras. Os comuns representavam o conjunto da população, embora fossem eleitos
apenas pelas pessoas de posses. Eles eram, em geral, presbiterianos (integrantes da alta burguesia e
membros da gentry) e puritanos (integrantes da pequena e média burguesias, pequenos proprietários
rurais, arrendatários ou yeomen). A população representada pelos comuns foi a mais afetada pela
política econômica de Carlos I, responsável pelo aumento de impostos e pelo estabelecimento de
monopólios.

Vale destacar que, apesar do termo “comum”, só podiam fazer parte da Câmara dos Comuns
cidadãos do sexo masculino, letrados, que possuíam terras ou a renda mínima determinada.

Revolução Puritana
A demonstração de força por parte de Carlos I ao invadir o Parlamento precipitou uma longa guerra
civil, também conhecida como Revolução Puritana, que se estendeu de 1642 a 1649. O rei,
apoiado por católicos e anglicanos, foi combatido pelos parlamentares apoiados por puritanos e
presbiterianos.

Durante a guerra civil, o exército do Parlamento se organizou de maneira inovadora, com critérios
de promoção por mérito, o que se mostrou decisivo para a derrota das tropas reais. Comandado pelo
puritano Oliver Cromwell, o Exército de Novo Tipo (New Model Army) fornecia uma amostra
representativa da parcela da população que apoiava a Câmara dos Comuns: os soldados eram, em
sua maioria, pequenos burgueses, artesãos, proprietários rurais ou filhos de proprietários, seguidores
da corrente puritana e de outros grupos hostis à Igreja Anglicana. Os integrantes desse exército
tinham mais liberdade de organização e discussão do que os soldados do exército real. Em razão
disso, desse grupo armado surgiram ideias políticas que se propagaram pelo país.

As forças do Parlamento venceram diversas batalhas e conquistaram o país para os comuns.


Enquanto isso, os presbiterianos, que compunham a ala parlamentar mais moderada, assumiram a
hegemonia no Parlamento. Em 1646, com a derrota de Carlos I, concluiu-se a primeira fase do
conflito. Entretanto, os presbiterianos tentaram firmar um acordo com a realeza, preocupados com
as ideias democráticas defendidas sobretudo pelo Exército de Novo Tipo,
pelos niveladores (levellers) e por diversos grupos radicais, que contestavam a ordem estabelecida.

Em 1647, quando a maioria presbiteriana tentava desmobilizar o exército, Carlos I foi preso pelos
soldados. Meses depois, o rei fugiu para a Ilha de Wight, no sul da Inglaterra. Os monarquistas
recobraram o ânimo e, em 1648, mobilizaram-se na Escócia e em outros pontos da Grã-Bretanha,
iniciando a segunda fase da guerra civil. No entanto, foram novamente derrotados por Cromwell e
outros chefes das tropas parlamentares.

A hegemonia na Câmara dos Comuns passou, então, aos parlamentares favoráveis a Cromwell e aos
puritanos. Em 1648, os parlamentares moderados, ainda dispostos a negociar com o rei, foram
excluídos da Câmara. Em janeiro do ano seguinte, o Parlamento ordenou a decapitação de Carlos I
por traição e proclamou a república, ou Commonwealth.

República de Cromwell
O Conselho de Estado, presidido por Cromwell, passou a exercer as funções governamentais,
respondendo a um Parlamento unicameral; a Câmara dos Lordes foi extinta e Cromwell assumiu
as decisões administrativas e militares. Assim, sufocou uma rebelião de católicos e monarquistas
na Irlanda (1649-1650) e derrotou as tropas escocesas que apoiavam o herdeiro ao trono, pondo
fim à guerra civil.

O governo extinguiu as taxações arbitrárias e expediu, em 1651, os Atos de Navegação. Nesse


documento ficou estabelecido que todos os produtos que entrassem na Inglaterra deveriam ser
transportados apenas em navios ingleses, o que beneficiou os setores mercantis e a construção naval
do país.

A destruição causada pela guerra civil, porém, foi seguida por desastrosas colheitas, aumento do
custo de vida e rebaixamento dos salários. Para agravar a situação, as manifestações de oposição
foram aniquiladas pelo governo de Cromwell, que passou a ser visto como tirano.

Em 1653, diante da oposição dos conservadores e dos grupos radicais, Cromwell dissolveu o
Parlamento e assumiu o título de lorde protetor, o que na prática o converteu em ditador da
república inglesa. Quando Cromwell faleceu, em 1658, Richard, seu filho, assumiu o poder, mas
não tinha a mesma influência do pai. Logo foi deposto por nobres realistas aliados à dissidência
presbiteriana, que proclamaram Carlos II, filho do rei decapitado, soberano da Inglaterra e da
Escócia. Iniciou-se, então, a Restauração Monárquica.

Revolução Gloriosa
Carlos II foi coroado com o apoio da aristocracia e da alta burguesia. Em seu governo, o comércio e
as manufaturas expandiram-se, e a ciência foi estimulada por meio da experimentação e de uma
reforma educacional. Porém, os atritos continuaram a existir entre o rei e o Parlamento.
A Restauração seguiu seu curso com a ascensão ao trono inglês, em 1685, de Jaime II, irmão de
Carlos II, que morreu sem deixar herdeiros. O novo monarca, favorável ao catolicismo, logo se
tornou impopular. Quando tentou isentar os católicos do pagamento de algumas taxas, impostas a
eles por motivos religiosos, e indicou alguns dos seus líderes para cargos importantes, Jaime II foi
deposto do trono pela Revolução Gloriosa (1688-1689), movimento conhecido por se completar
com acordos políticos, sem violência.

O Parlamento estabeleceu um acordo com o protestante Guilherme de Orange, chefe do governo da


Holanda e casado com Maria Stuart, filha mais velha de Jaime II. Guilherme assumiu o trono inglês
como Guilherme III, com um novo regime político, a monarquia parlamentar constitucional.

Entre as leis estabelecidas nesse período, destacam-se o Ato de Tolerância (Toleration Act) e
a Declaração de Direitos (Bill of Rights). O Ato de Tolerância concedeu liberdade religiosa aos
cristãos, exceto aos católicos. Por sua vez, a Declaração de Direitos instituiu, entre outras medidas,
um tribunal para julgar os indivíduos, além de proibir o rei de suspender leis e implementar
impostos sem a permissão do Parlamento.

Revolução Industrial
A industrialização na Grã-Bretanha teve início por volta da década de 1760. Os fatores desse
pioneirismo britânico não devem ser creditados unicamente ao desenvolvimento tecnológico e
científico, mas também a condições favoráveis que já existiam no país antes do século XVIII.

Com a consolidação da monarquia parlamentar, após a Revolução Gloriosa, os parlamentares


representantes da burguesia transformaram o lucro privado e o desenvolvimento industrial em
prioridades para as iniciativas governamentais.

Além disso, o processo de cercamento das áreas comunais agrícolas, que havia se iniciado no século
XVI em virtude do lucrativo comércio de lã, foi impulsionado por uma série de leis (Enclosure
Acts) promulgadas pelo Parlamento a partir do século XVIII. Os cercamentos foram responsáveis
pela expropriação maciça dos camponeses que, para garantir sua sobrevivência, migraram para as
cidades e passaram a trabalhar nas minas e na produção manufatureira.

O aumento na produção de lã e algodão multiplicou a quantidade de manufaturas têxteis no país. O


lanifício estava ligado à economia camponesa, associado desde muitas gerações à criação de
ovelhas. Já a indústria algodoeira vinculava-se ao comércio ultramarino, tanto pelo fornecimento de
matérias-primas quanto pelo cultivo do algodão nas colônias americanas.

Outro importante fator que impulsionou a industrialização britânica foi a máquina a vapor, inventada por
Thomas Newcomen e aperfeiçoada por James Watt em 1769. Essa máquina transformava o vapor-d’água
em força motriz, que movimentava teares e fiandeiras, aumentando a produção têxtil.

Em razão desses fatores, desenvolveu-se na Grã-Bretanha um processo conhecido como Revolução


Industrial, que transformou o modo de produção conhecido até então.

“O homem passa a agente de direção, de manobra de aparelhos mais ou menos complicados. Assiste-se,
pois, à passagem da manufatura para a maquinofatura. [...] Enquanto antes se produzia para certo mercado,
constituído por pessoas conhecidas, agora se produz para um mercado anônimo; enquanto antes o artigo era
feito por um artesão, uma pessoa, agora o é pela máquina ou por várias pessoas, que dividem as tarefas [...].

O capitalista que acumulou bens e os investe nos grandes estabelecimentos vê multiplicar os seus recursos.
Não mais a produção domiciliar do artigo, mas a existência da fábrica, a agrupar até centenas de
trabalhadores. O empresário é o dono do aparelhamento e do material, o artesão é apenas o que vende sua
força para a fábrica: o proprietário terá o lucro [...], o operário terá o salário.”

IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 48-49.
(Coleção Tudo é história)

As indústrias metalúrgicas e siderúrgicas se desenvolveram no curso da Revolução Industrial. Sua demanda


estava ligada ao setor militar, à produção de máquinas utilizadas nas indústrias e, posteriormente, à
construção de ferrovias, responsáveis pelo transporte de mercadorias e de um enorme contingente de
pessoas.

Importância do ferro e do carvão


Utilizado na produção de maquinarias, tubulações e utensílios domésticos, na construção de edifícios, pontes
e ferrovias, entre diversas outras finalidades, o ferro tornou-se essencial para o desenvolvimento industrial
da Grã-Bretanha.

Os britânicos utilizavam carvão vegetal, oriundo da queima de madeira, como combustível e agente químico
nos fornos de redução do minério. A exploração desse carvão, porém, provocou a devastação de amplas áreas
florestais do país. Como a lenha tornou-se escassa, seu preço no mercado aumentou. Diante disso, os britânicos
passaram a utilizar carvão mineral, que era encontrado em abundância no país e tinha poder calorífico superior
ao do carvão vegetal.

A extração de carvão mineral aumentou com a invenção da máquina a vapor. Além de ser utilizado na
obtenção de um ferro mais resistente e barato, o carvão mineral foi usado como fonte de energia para as
indústrias e como importante combustível para as locomotivas e barcos a vapor. Ao dominar esses
processos, a burguesia britânica acumulou bens de capital, fundamentais para a consolidação da economia
industrial do país.

Industrialização e crescimento urbano


Antes do início do processo de industrialização, as cidades britânicas eram centros comerciais de
dimensões relativamente reduzidas, voltados para a administração, o comércio e a prestação de
serviços. Nelas viviam funcionários públicos, artesãos, mercadores etc. Porém, com o avanço da
indústria, as cidades se transformaram em virtude da concentração de grandes multidões nas áreas
fabris.

Nesses núcleos urbanos transformados pela indústria, os operários passaram a habitar bairros
populosos ou cortiços em péssimas condições sanitárias, geralmente próximos às fábricas. Os
burgueses viviam nos bairros mais ricos e se instalavam em casas confortáveis e suntuosas.

Trabalho na era industrial


A industrialização na Grã-Bretanha, mais do que fruto de uma revolução técnica e científica, representou
uma mudança social profunda, uma vez que transformou a vida dos seres humanos mediante elevados custos
sociais e ambientais.

Outro aspecto relevante foi o controle técnico do processo de produção, que deixou de pertencer aos
trabalhadores e passou para os donos das fábricas no momento em que se instituíram a divisão e o
parcelamento do trabalho. Como resultado, seguiu-se a alienação crescente do trabalhador, cada vez mais
afastado do produto final do seu esforço, sem conseguir visualizar o resultado e a finalidade de seu trabalho.

A vida dos primeiros trabalhadores das indústrias era insalubre. Os operários chegavam a trabalhar até 18
horas por dia em ambientes abafados, mal iluminados e sujos. Desempenhavam funções cansativas e
monótonas, o que os deixava vulneráveis a acidentes. Os salários eram baixos e não havia direitos
trabalhistas, como férias, pagamento de horas extras e descanso semanal remunerado. Quando sofriam
acidentes nas fábricas, ficavam doentes ou desempregados, os operários não contavam com nenhum tipo de
auxílio.

Muitos dos trabalhadores eram adultos do sexo masculino, mas os industriais também recorreram ao
trabalho feminino e à exploração da mão de obra infantil como opção para baratear o custo da produção. As
mulheres, geralmente recrutadas nas fábricas têxteis, recebiam salários menores que os dos homens, situação
que, ainda hoje, persiste em várias partes do mundo.

“O trabalho feminino barato foi um elemento-chave no desenvolvimento das indústrias têxteis europeias [...]
no conjunto da indústria, a força de trabalho feminina era cinco vezes mais numerosa do que a masculina.
[...] [As mulheres] Dormiam em armários sob os teares, e os seus salários eram guardados pelos patrões. [...]
As suas roupas estavam permanentemente molhadas e os dedos chegavam a perder a sensibilidade. Pior do
que isso, a tuberculose era galopante nas oficinas.”

HUFTON, Olwen. Mulheres, trabalho e família. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle (Dir.). História das mulheres: do
Renascimento à Idade Moderna. São Paulo: Ebradil, 1994. p. 36-37. v. 3.

As crianças também recebiam salários menores que os dos homens e seu trabalho era preferido pelos
industriais porque elas aprendiam as funções rapidamente e eram facilmente intimidadas para cumprir
ordens. Além disso, por serem pequenas, eram mais ágeis e tinham facilidade para movimentar-se por entre
as peças das máquinas. Além da extenuante jornada de trabalho, as crianças sofriam com os castigos físicos
caso adormecessem ou diminuíssem o ritmo do trabalho e corriam o risco de contrair doenças e sofrer
acidentes.

Organização dos trabalhadores


As primeiras organizações de trabalhadores britânicos, conhecidas como trade unions, formaram-se antes da
Revolução Industrial e, geralmente, eram ligadas aos ofícios artesanais. Esses grupos enviavam diversas
petições ao Parlamento, reivindicando, basicamente, aumentos salariais.

As mudanças trazidas com a Revolução Industrial, como a introdução de máquinas, o ritmo intenso de
trabalho, os baixíssimos salários e a falta de segurança e higiene nas fábricas, entre outros, aumentaram e
motivaram sucessivas reações por parte dos trabalhadores. Ao longo do século XVIII e no início do século
XIX, ocorreram formas violentas de protesto, como a inundação de minas, a queima de colheitas e a
destruição de máquinas por trabalhadores urbanos e rurais.
O movimento de destruição das máquinas recebeu o nome de ludismo em referência a Ned Ludd, que teria
quebrado os teares de uma fábrica têxtil. As ações dos ludistas alastraram-se pela Grã-Bretanha e por várias
outras regiões da Europa. Por isso, muitos deles foram presos e condenados ao enforcamento.

Outro movimento importante foi o London Corresponding Society, criado em 1792. A sociedade era
organizada em pequenos grupos, que reivindicavam mudanças como a redução da jornada de trabalho, a
igualdade de representação, o fim das pensões dadas às camadas dirigentes e a diminuição dos impostos.
Muitos membros dessa sociedade acabaram presos.

Para coibir esses movimentos, em 1799 o governo instituiu as Combinations Acts, leis que proibiam todas as
associações de trabalhadores na Grã-Bretanha. Apesar disso, muitas continuaram em atividade. Entre 1804 e
1805, por exemplo, cerca de 40 mil tecelões de toda a Escócia entraram em greve. Mais tarde, em 1810,
milhares de fiadores de algodão de Manchester também cruzaram os braços em protesto.

Em razão das lutas operárias, as Combinations Acts foram revogadas em 1825, mas outras leis foram criadas
punindo manifestações e greves, que passaram a ser consideradas crimes. Alguns anos depois, formou-se
a Grand National Consolidated Trades Union, primeira central de trabalhadores da Grã-Bretanha. Entre as
conquistas dos operários na época estavam a limitação do trabalho das crianças entre 9 e 13 anos a 8 horas
diárias e entre 13 e 18 anos a 12 horas diárias (1833), a proibição do trabalho feminino nas minas (1842) e a
redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias (1847).

Cartismo
Nas décadas de 1830 e 1840, os britânicos foram os primeiros a incorporar as ideias de democracia,
igualdade e coletivismo a um amplo movimento organizado por trabalhadores. Esse movimento teve suas
origens no Reform Act de 1832, que ampliou o direito ao voto entre os homens adultos da classe média e os
pequenos proprietários. Mas a maior parte da população, como as mulheres e os trabalhadores agrícolas e
industriais, continuou excluída do sufrágio.

Afastado da arena pública, o proletariado reclamava o direito de participar das eleições, porém enfrentava
forte resistência do Parlamento. Diante dessa situação, muitos trabalhadores alistaram-se em um movimento
que ficou conhecido como cartismo. Organizado por Feargus O’Connor e William Lovett, o movimento
teve início com uma petição conhecida como Carta do Povo, apresentada ao Parlamento em 1838. Nessa
carta, os trabalhadores defendiam seis pontos importantes:

 extensão do direito ao voto a todos os homens maiores de 21 anos;


 igualdade de representatividade para os distritos eleitorais;
 voto secreto;
 eleições anuais para o Parlamento;
 abolição do censo eleitoral (requisitos de propriedade para os candidatos à Câmara dos Comuns);
 remuneração das funções parlamentares.

Os cartistas publicavam suas propostas em jornais próprios e organizavam a coleta de assinaturas em


petições que enviavam ao Parlamento. A pressão que realizaram contribuiu para a aprovação de leis que
reduziram a jornada de trabalho e proibiram o trabalho infantil.

Em abril de 1848, os cartistas prepararam uma marcha de operários para apresentar uma nova petição aos
parlamentares. Eles esperavam que o número de manifestantes forçasse o Parlamento a conceder as
reformas, mas a petição foi rejeitada. Nesse ano, revoltas ocorriam em toda a Europa, mas o cartismo perdeu
sua força. Contudo, inspirou outros movimentos, cujos participantes posteriormente conseguiram obter a
aprovação de leis que melhoraram as condições de trabalho na Grã-Bretanha.

As mulheres e o cartismo
Muitas mulheres participaram de maneira ativa do movimento cartista, redigindo artigos e participando das
manifestações e petições, porém a Carta do Povo não incluiu a demanda pelo voto feminino. Com isso,
durante os séculos XIX e XX, as mulheres criaram organizações em defesa da igualdade de gêneros.

Em 1918, o Parlamento britânico aprovou o direito ao voto feminino apenas para as maiores de 30 anos que
cumprissem requisitos de propriedade. Somente dez anos depois, o Equal Franchise Act (1928) estabeleceu
condições semelhantes para o voto de mulheres e homens.

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