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Bruno Pucci2
Resumo:
1
Esta Comunicação foi apresentada no Colóquio Internacional “Mimesis e Expressão”, na
FAFICH-UFMG, Belo Horizonte, em abril de 1999
2
Professor titular da Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, professor titular
aposentado da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, pesquisador do CNPq,
coordenador do Grupo de estudos e pesquisa “Teoria Crítica e Educação”, com auxílio à
pesquisa da FAPESP. E-mail:
A oposição entre o pensamento dialético e o pensamento mimético3. O
serem dialéticos, para serem críticos, têm que superar (aufheben) o momento
espírito, a fúria metódica que não deixa fora nada, a intolerância contra o
3
Jeanne Marie Gagnebin, no ensaio Do conceito de Mímesis no Pensamento de Adorno e
Benjamin, trabalha, de maneira precisa e agradável, as categorias “pensamento dialético e
pensamento mimético”. Cf. GAGNEBIN, J.M. Sete aulas sobre Linguagem, Memória e História.
Rio de Janeiro, Imago, 1997, pág. 81-105.
4
ADORNO, T. W. Dialéctica negativa. Versión caslellana de José Maria Ripalda. Madrid: Taurus
Ediciones, 1975, p. 58 (Utilizei, nos extratos citados da Dialética Negativa neste ensaio, a
tradução de Newton Ramos-de-Oliveira, UNESP-Araraquara).
semelhanças extra-sensíveis5. É o conhecimento produzido pelas manifestações
dialéticas.
imita6.
semelhanças”, Benjamin levanta a dúvida de que talvez não haja nenhuma das
pela faculdade mimética. Por outro lado Adorno, em diversos momentos de sua
5
BENJAMIN, W. A doutrina das semelhanças. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. In ––. Obras
Escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Editora Brasiliense, 6ª ed., 1993, p. 112.
6
ADORNO,T.W., Teoria estética. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988, p. 145.
7
Cf. idem, p. 108.
Teoria estética, nos mostra que a construção é, na obra-de-arte, o representante
mesmas, para dizer o que elas não conseguem dizer. Apresentam-se como
enigmas, para serem decifradas. Por que não falam, são incapazes de fornecer
razão qualquer, é fazê-la capitular diante do heterônomo. Somente uma arte que
Por sua vez, a filosofia precisa da arte para corrigir sua própria rota,
8
Idem. p.72
9
KURZ, R. O fantasma da arte. Tradução de José Marcos Macedo. In Folha de São Paulo. 04
de abril de 1999, Caderno Mais!,p.5.
10
Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p.147.
falava da gradual aquisição do hábito de pensar com beleza: Os talentos mais
disciplina mais rigorosa dos filósofos e dos matemáticos11. Por sua vez, Schiller
(1759-1805) evocava o bem que a arte faz aos sentidos e à razão: Todos os
outros exercícios dão à mente uma habilidade particular qualquer, mas colocam-
ilimitado.(...) Depois de uma bela música ficamos com a sensação ativa, de uma
bela poesia, com a imaginação viva, de uma bela obra pictórica e belo edifício,
11
BAUMGARTEN, A. G. Estética. Tradução de Míriam Sutter Medeiros. In DUARTE, R.(Org.) O
Belo Estético: textos clássicos de estética. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997, p. 87.
12
SCHILLER, J. C. F. Über die ästhetische Erziehung des Menschen in einer Reihe von Briefen.
Tradução de Verlaine Freitas. In DUARTE, R.(Org.) O Belo Estético: textos clássicos de estética.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997, p. 123 e 125.
refúgio do comportamento mimético. Nela, o sujeito expõe-se, em graus
seja possível no seio da racionalidade e se sirva dos seus meios, é uma reação
do estético. Diz ele, em um dos aforismos: (...) a filosofia não pode sobreviver
sem seu esforço lingüístico. (...) apenas como linguagem o semelhante conhece
conhecimento que quer o conteúdo, quer a utopia. (...) O colorido que não pode
ser apagado procede do não ser. Quem o serve é o pensar, uma parte do ser
13
ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 68.
14
ADORNO, T. W. Dialéctica negativa, p. 62-63.
favor de outra, pois isso engendraria a morte da arte e da filosofia e/ou a
total e anula aquilo que a incendeia e que lhe é contrário a expressão, então a
da dialética move-se mais pelos extremos. É o que Adorno afirma nas “Minima
um dos extremos (entre o mimético e o racional) não o que ficou no meio; quem
lógica, em que é apenas num que o outro se realiza, não no meio. A construção
não é correção ou certeza objetivante da expressão, mas deve, por assim dizer,
uma diferença clara entre “ir aos extremos” na tensão dialética entre o mimético
15
Cf. ADORNO, T. W.O ensaio como forma. Tradução de Flávio R. Kothe. In COHN, G. Theodor
W. Adorno. São Paulo: Editora Ática, 1986, p. 171-2.
16
Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 73.
17
ADORNO,T.W. Minima moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz
Eduardo Bicca. São Paulo: Editora Ática, 1992, p. 74
18
ADORNO,T.W., Teoria estética, p.58.
e o racional e hipostasiar, absolutizar, dicotomizar um dos momentos do
processo.
filosofia.
nas análises da obra de arte e da reflexão filosófica, possa ser o eixo condutor
contrário do espírito e, por outro lado, aquilo a partir do qual ele se incendeia.
satisfaz o seu ‘telos’ onde se eleva a partir do que deve ser construído, dos
imagem que dela brota gera estranheza, inquietação, negação. É por isso que a
19
ADORNO,T.W., Teoria estética, p.139.
face manifesta da expressão estética é a dissonância, o choro a que faltam as
processa duplamente. A primeira é aquela que faz com que a obra de arte seja
De outro lado, a arte faz bem à filosofia. Esta, em sua angústia solitária
fonte de vida. Dizia ele: Se somente a arte consegue tornar objetivo com
20
Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 393 p. 130, 138.
21
ADORNO,T.W., dialéctica negativa, p.203.
22
ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 393
nasceu da poesia e foi nutrida por ela, e com ela todas aquelas ciências que ela
sabe, nas águas férteis da arte, a filosofia descobrirá nos objetos que estão
se levar pelo curso familiar da fala, a linguagem filosófica escrita exige, da parte
23
SCHELLING, F. W. J. System des transzendentalen Idealismus. Tradução de Romero Alves
Freitas. In DUARTE, R.(Org.) O Belo Estético: textos clássicos de estética. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1997, p.147
24
ADORNO,T.W., Dialéctica negativa, p. 20-21.
25
ADORNO,T.W., Mimina moralia, p. 88.
ao expressado. O que é dito com desleixo é mal pensado26. Em outro texto já
teria dito: Quem (...) sob o pretexto de servir com abnegação a uma causa,
causa27.
negada, mas ainda possível pode coabitar a mesma casa com a arte –
26
ADORNO,T.W., Dialéctica negativa, p.20-21.
27
Cf. ADORNO,T.W., Mimina moralia, p.74