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Freitas
O Ofício da História
Profº Me. Ubiratã F. Freitas
APOSTILA DE
HISTÓRIA 1º ANO
ENSINO MÉDIO
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SUMÁRIO
Aula 01................................................................................. 03
Aula 02................................................................................. 06
Aula 03................................................................................. 10
Aula 04................................................................................. 14
Aula 05................................................................................. 18
Aula 06.................................................................................22
Aula 07................................................................................. 25
Aula 08.................................................................................28
Aula 09................................................................................. 28
Aula 10.................................................................................33
Aula 11................................................................................. 36
Aula 12................................................................................. 40
Aula 13................................................................................. 42
Aula 14................................................................................. 44
Aula 15.................................................................................46
Aula 16................................................................................. 49
Aula 17.................................................................................52
Aula 18................................................................................. 54
Aula 19.................................................................................56
Aula 20................................................................................. 59
Aula 21................................................................................. 62
Aula 22................................................................................. 64
Aula 23................................................................................. 67
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Aula 01
INTRODUÇÃO A HISTÓRIA
As Origens do Homem
Introdução
As vivências humanas expressam o contexto histórico de cada época. O estudo do passado e a
compreensão do presente não se relacionam de forma determinista; as “soluções de ontem” não servem para
os problemas de hoje. Sem um processo de recriação que considere mudanças e permanências históricas, as
experiências do passado não podem ser aplicadas no presente, mas podem ser analisadas para formar um
futuro melhor.
A palavra História
Historien – no grego antigo “procurar saber”, “informar-se”. Então história significa procurar.
(Jacques Le Goff).
História – Uma palavra polissêmica possui diversos significados como:
- História ficção, livros de aventura, novelas de televisão, filmes, etc.
- História processo vivido, as lutas e sonhos, alegrias e tristezas de uma pessoa ou de um grupo social fazem
parte de sua história.
- História conhecimento. A produção de um conhecimento que procura entender como os seres humanos
viveram e se organizaram desde o passado mais remoto até os dias de hoje. Um saber preocupado em
desvendar as historicidades das vivências humanas.
Tempo e História
A compreensão das relações entre passado e presente é uma das mais intrigantes questões da
história. “A escrita da história não pode ser isolada de sua época”. O historiador vive seu tempo; a história
que ele escreve está ligada à história que ele vive – tempo presente. O historiador trabalha para seu tempo
não para a eternidade.
Historiografia
É o processo de escrita da história presente, ou seja, o que o historiador escreve sobre os fatos
históricos que se apresentam, dentro de sua compreensão. A história, como forma de conhecimento, é uma
atividade continua de pesquisa.
O historiador investiga e interpreta as ações humanas que, ao longo do tempo, provocaram
mudanças e continuidades em vários aspectos da vida pública ou privada: na economia, nas artes, na
política, no pensamento, nas formas de ver e sentir o mundo, no cotidiano, na percepção das “diferenças”.
Origem Humana
Diferentes sociedades têm dado várias respostas para questão do surgimento do ser humano na
Terra. Nesse caso, surgiram duas versões do aparecimento do homem na terra; o Criacionismo e o
Evolucionismo.
- Criacionismo, parte do princípio da criação de Deus, sendo o grande criador de tudo que hoje conhecemos,
criando o homem a imagem de deus, distinguindo-o dos outros animais por sua espiritualidade.
- Evolucionismo, parte de um princípio que o homem surgiu na Terra, a partir de um ancestral, em um
processo evolutivo e adaptação ao meio onde vive, onde a seleção natural faz a diferença pela luta pela
sobrevivência.
3
Pré-História
É a parte da história que estuda os vestígios dos primeiros homens que originaram a espécie
humana – na visão evolucionista. As disciplinas que estudam a pré-história são a Paleontologia Humana e a
Arqueologia Pré-Histórica.
- Paleontologia Humana, estuda os fósseis dos corpos dos seres humanos pré-históricos, como ossos, dentes,
e partes mais resistentes que se preservam no de correr dos anos.
- Arqueologia Pré-Histórica, estuda os objetos feitos pelos humanos pré-históricos, procurando descobrir
como vivam, a partir de sua produção de utensílios como instrumentos de pedra, cerâmica e sepulturas. Ou
seja, a sua cultura material.
- A Pré-História está dividida em dois períodos: o Paleolítico e Neolítico.
- O Paleolítico está dividido em três períodos, sendo eles:
- Paleolítico Inferior,
- Paleolítico Médio,
- Paleolítico Superior.
Essa subdivisão do Paleolítico se dá o desenvolvimento da espécie humana, onde toda sua evolução
caracteriza a sobrevivência da espécie. O período Neolítico vai se caracterizar pela manifestação da
produção e apropriação do homem a Terra.
Hominídeos
Cientistas chamam de Hominídeos a família biológica da qual possivelmente fazem parte os seres
humanos atuais e seus parentes ancestrais. Os primeiros fósseis humanos mais antigos foram encontrados na
África, se ramificando para outras regiões da Terra como Europa, Ásia, Austrália e América.
Em processo de evolução um dos Hominídeos que se desenvolveu com características humanas foi
o Australopithecus – termo que significa macacos dos sul – viveram na África por volta de 4milhões de
anos. Teve um desenvolvimento que originou cinco tipos de Australopitecos:
Por volta de 2 milhões de anos, a árvore da família dos hominídeos apresentava dois ramos
principais: Australopithecus que se extinguiu a cerca de 1 milhão de anos; e o gênero Homo, que chegou ao
homem atual.
O desenvolvimento do homem se da seguinte forma:
Período Neolítico
A partir dos 1000 a.C. os grupos Homo sapiens sapiens, passam de um processo de caçador e
coletor, há produtor de alimentos, causando uma grande transformação em sua forma de vida. Praticaram
agricultura, a domesticação e criação de amimais organizaram os primeiros núcleos urbanos. Etc.
Aula 02
A Mesopotâmia abrigou as primeiras sociedades conhecidas, por volta do IV milênio antes de Cristo.
O nome Mesopotâmia significa ‘terra entre dois rios’ foi atribuído à região pelos antigos gregos, dadas a sua
localização entre os rio Tigre e Eufrates, ou seja, essa região ficou conhecida pela historiografia como “O
Crescente Fértil”. Atualmente, na maior parte antiga da Mesopotâmia localiza-se o Iraque, onde existem
mais de 10 mil sítios arqueológicos, são fontes de estudos para se conhecer a história dos povos
mesopotâmicos.
As primeiras civilizações
A prática da agricultura e da pecuária aconteceu em vários locais diferentes do mundo. A
importância das atividades agrícolas pode ser exemplificada pelo fato de que, até o século VI a.C., não havia
moeda cunhada na economia mesopotâmica. A cevada e alguns metais, como prata e o cobre, eram
utilizados como padrão de valor nas trocas comerciais.
Principais povos
Na região mesopotâmica viveram diferentes povos: sumérios, acádios, babilônicos, assírios e
caldeus. Ao longo da história, esses povos confrontaram-se em vários momentos. Grupos nômades e
seminômades, das montanhas ou do deserto, atacavam as populações sedentárias que viviam nos vales e nas
planícies, onde havia terras férteis para plantar e para criar rebanhos.
Transformações sociais
A Mesopotâmia foi uma das primeiras regiões do mundo em que ocorreu a chamada “revolução
agropastoril”. O desenvolvimento da agricultura e da pecuária foi modificando a forma como os grupos
humanos se organizavam. Alguns deles começaram a controlar a produção de alimentos, permaneciam mais
tempo nos lugares que ocupavam, passando a formar aldeias agrícolas e pastoris.
Na agricultura destacam-se os cultivos de cavada (produção d pão), trigo, linho (confecção de
tecidos), sésamo (gergelim, usado para extração de óleo para alimentação e iluminação), tâmaras, legumes,
etc. Na pecuária, criavam-se ovelhas, cabras, porcos, bois e asnos.
Primeiras cidades
Algumas aldeias mesopotâmicas deram origem às primeiras cidades, como Ur, Uruk, Nippur, Kirch,
Lagash e Eridu, por volta de 4 mil anos atrás. Formavam aglomerações com várias construções (casa,
templos, ruas, pontes, palácios) eram geralmente cercadas por muralhas, visando a sua proteção.
Essas cidades continuavam muito ligadas à vida rural, misturando o espaço urbano com áreas de
plantações ou pastoreio. No entanto, nas cidades surgiu um grande número de novos ofícios: carpinteiros,
ourives, cortadores de pedra, ceramistas, pedreiros, tecelões e comerciantes. O possível surgimento das
cidades é que o aumento da população nas aldeias toraram-se necessárias novas formas de organização de
trabalho, da justiça, da religião, e da segurança dos habitantes e bens econômicos.
O filosofo alemão Friedrich Engels em sua obra A Origem da Família, da Sociedade privada e do
Estado, faz menção sobre a questão do escravismo primitivo que se tornou uma constante ação na vida do
homem, levando em conta mecanismos que levaram o próprio homem a se tornar uma ‘mercadoria’,
revelando a gênese do escravismo antigo.
“Numa fase bastante primitiva do desenvolvimento da produção, a força de trabalho do homem se
tornou apta para produzir consideravelmente mais do que era preciso para a manutenção do produtor.
Essa fase de desenvolvimento é, no essencial, a mesma em que nasceram a divisão do trabalho e a troca
entre indivíduos. Não se demorou muito a descobrir a grande ‘verdade’ de que também o homem podia
servir de mercadoria, de que a força de trabalho do homem podia chegar a ser objeto de troca e consumo,
desde que o homem se transformasse em escravo. Mal os homens tinham descoberto a troca e começaram
logo a ser trocados, eles próprios. O ativo se transformara em passivo, independentemente da vontade
humana.” (ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Sociedade privada e do Estado. São Paulo: Global,
1984, p. 86.).
Aula 03
A expressão Antiguidade Clássica faz referência ao grande significado atribuído à civilização greco-
romana, cuja importância histórica foi resgatada no contexto do Renascimento durante os séculos XV e XVI
pelos humanistas. Para eles os valores culturais greco-latinos, considerados de alta qualidade, portanto
clássicos (expressão origem latina associada àquilo que é considerado excelente), estavam na gênese
histórica do mundo ocidental. A história da Grécia Antiga pode ser dividida em vários períodos que tiveram
características específicas. Observe a linha do tempo nos quais estes vários períodos são representados.
2000 a.C. 1200 a.C. 800 a.C. 500 a.C. 338 a.C. 145 a.C.
Período Período Período Período Período
Creto-Micênico Homérico Arcaico Clássico Helenístico
O mundo grego transcendeu os limites geográficos da Grécia na atualidade. Aliás, o próprio conceito
de ‘grego’ na Antiguidade era bastante diferente do que é corrente nos dias de hoje. De acordo com o senso
comum, acredita-se que a Grécia Antiga era um ‘país’, assim como os que existissem na atualidade. Porém,
esse conceito seria estranho no mundo grego da Antiguidade. Afinal, eram considerados gregos aqueles que
se identificavam como tal, isto é, falavam a mesma língua, tinham tradições comuns, acreditavam ter uma
ascendência também comum, cultuavam os mesmos deuses, embora cada pólis tivesse o seu próprio deus da
cidade (ou deusa) protetor, e tinham, portanto, uma identidade cultural específica.
No final do Período Arcaico (do século VIII a.C. ao século a.C.) que, em diversos momentos e em
várias regiões da Grécia (Continental, Peninsular e Insular), surgiram e se multiplicaram as pólis.
Diferentemente das cidades contemporâneas, a pólis era autônoma, isso é, gozava de uma total
independência, tendo suas próprias leis, moeda, força militar, organização política e deuses protetores.
O conceito do que era ser grego na Antiguidade ganhou maior complexidade com a expansão
colonial, uma vez que, a partir desse momento, eles passaram a se autodenominar helenos, isto é, habitantes
da Hélade, ou seja, do mundo grego. Assim, onde houvesse gregos, lá estava à Grécia, presente, portanto,
nas várias colônias fundadas tanto no litoral do Mar Negro quanto no sul da Itália (Magna Grécia) ou litoral
sul da atual França.
A expansão colonial provocou inúmeras transformações no mundo grego, dentre as quais se
destacam:
O “lugar” dos áfricos imposto pela história européia: ao longo da história ocidental, os africanos
foram conquistados, escravizados, inferiorizados e estigmatizados pelo preconceito racista. O milenar tráfico
de escravos rendeu fortunas a algumas elites econômicas e muita miséria, exploração e sofrimento a dezenas
de milhões de africanos. Como foi efetivado este lamentável quadro da história africana? Que heranças
deixaram?
A história tradicional do Ocidente, marcada por uma visão eurocentrista, quase sempre tratou como
não relevante à história de outras regiões. Esse olhar, que tem subordinado e diminuído a importância de
outros povos e que apresenta a Europa como eixo do movimento evolutivo, foi impulsionada desde a
Antiguidade, época em que a região mediterrânea era definida como o centro do mundo. A África, desde
então, passou a ser vista como distante, como a região dos “homens de faces queimadas” Daquele período
até o final da Idade Média, especialmente com a religiosidade cristã medieval, ganhou impulso a associação
da cor negra ao pecado e ao demônio, firmando a visão preconceituosa em relação aos povos africanos.
A ideia da supremacia européia e consequente inferioridade de outras culturas, especialmente as
africanas, consolidaram-se durante a Idade Moderna, quando a Europa passou a centralizar o poder
econômico, politico e militar mundial. Para respaldar essa “inferiorização” da África, apontado então como
região do mal, no livro do Gênesis, Noé, amaldiçoou seu filho e toda sua geração futura. Pelo livro bíblico, e
lenda, diz que os filhos de Cã foram morar em uma região que o sol brilhava muito, queimando sua pele e
tornando-os negros.
Por séculos prevaleceu à mentalidade de enquadramento de inferioridade dos africanos num grau da
escala evolutiva, a mesma que classificava vários povos em avançados ou atrasados ou civilizados e
primitivos. Impunha-se a ideia de que o homem africano era incapaz de produzir cultura e história,
argumento que serviu aos escravagistas e aos imperialistas do século XIX, que, alias, utilizaram o discurso
justificador de “civilizar” a África.
Com frequência, os meios de comunicação somente veiculam notícia sobre conflitos internos no
continente africano, explicitando em um sensacionalismo capitalista os problemas sociais e miliares,
principalmente a fome nos países mais pobres da África. Mas a África é muito mais que um continente
pobre e sem uma perspectiva positiva para o futuro. O que na verdade acontece, é que a ganância do homem
ocidental trouxe para o continente africano os problemas que não foram resolvidos no Ocidente, sendo
assim, depois de vários séculos de exploração e discriminação, os resultados são apresentados de forma que
o mundo todo tenha pena de um continente que sofreu atrocidades estereotipadas que classificaram a África
como um continente exótico e atrasadas, ignorando suas peculiaridades históricas.
A história da África entre os séculos VI e XVI, demonstram uma diversidade cultural muito
acentuada e pouco valorizada, a sua rica distinção cultural e geográfica, percebe-se que os povos africanos
criaram instituições políticas sólidas e constituíram importantes impérios, como o de Mali e o de Songai,
além de reinos influentes em sua época, como os dos Iorubas e o de Gana.
Por volta do século VI, a África era habitada por muitos povos, com línguas, costumes e
religiosidades diferentes. Esses povos apresentavam variadas formas de organização política e social: havia
desde pequenos grupos nômades até reinos e impérios com complexas formas de organização política e
social.
O Reino de Gana
Os povos soninquês viviam em aldeias localizadas entre os rio Senegal e Níger, provavelmente desde
o século VIII a.C. No final do século IV, algumas ladeias se aliaram para garantir a segurança de suas terras
contra as ameaças dos povos nômades. A união política desses grupos permitiu também o controle do
comércio com as caravanas vindas do norte, por meio da cobrança de tributos.
Já pelo século seguinte, esses vilarejos constituíram o reino de Gana, que tinha sua riqueza garantida
pelo ouro extraído na região mais ao sul do rio Niger. A palavra “gana” era o titulo dado ao soberano, que
posteriormente passou a denominar todo o reino. O soberano era o responsável pela organização
administrativa, militar e tributária e justiça. A partir do século X, pós quase quinhentos anos de crescimento
e prosperidade, o reino de Gana entrou em um período de estagnação. Os ataques dos berberes convertidos
ao islamismo (século IX) e dos almorávidas (século XI) desorganizaram a sociedade soninquês e suas
atividades econômicas.
A expansão islâmica e seu contato com os povos soninquês levaram à convivência das duas culturas
em algumas cidades, sendo verificados tanto os cultos animistas quanto a fé muçulmana. No entanto, as
campanhas dos almorávidas para total conversão dos soninquês ao islamismo geraram conflitos. Entre os
séculos XI e XIII, houve uma série de embates entre almorávidas e soninquês. A capital do reino, Koumbi
Saleh, foi disputada pelos dois grupos a fim de garantir o controle político do reino. No século XIII, outros
dois povos do Sudão colaboraram para o fim de Gana.
O Reino do Congo
Próximo à bacia do rio Congo, a sudeste do continente africano, formou-se o reino do Congo. As
tradições orais, registradas por europeus nos séculos XVI e XVII, conta que o reino teve origem com a
migração de um grupo banto que atravessou o rio Congo no século XIV, indo da margem norte até as terras
mais ao sul, onde ficaram conhecidos como muchicongos.
O líder desses povos, Nimi a Luqueni, casou-se com a filha do soberano local e tornou-se o
manicongo, “senhor do Congo”. com o tempo os muchicongos integraram-se aos povos locais e, por meio de
casamentos a alianças, o manicongo, conseguiu estender seu poder sobre diferentes linhagens, constituindo
reino do Congo. O manicongo vivia na capital Banza Congo, com as mulheres, seus conselheiros e alguns
escravos. As aldeias sob seu domínio eram governadas por um chefe originário das famílias que viviam
naquelas áreas e um chefe indicado pelo manicongo.
As terras eram férteis e a agricultura predominava. Além disso, a caça e a pesca beneficiavam-se das
longas áreas de savanas e dos numerosos rios. Havia também as trocas com os povos da costa, de onde vinha
o sal. Estima-se que no século XVI o reino do Congo se estendia por uma área de aproximadamente 160 mil
quilômetros quadrados, com cerca de cinco milhões de habitantes.
O Reino de Monomotapa
Entre os povos xonas, que habitavam aparte mais sul do continente africano, entre os rios Zambeze e
Limpopo, formou-se o reino Monomotopa. O soberano era ao mesmo tempo, líder político e religioso, porém
apenas as regiões próximas ao centro de poder do reino estavam diretamente sob seu controle. Os povos
xonas beneficiavam-se da fertilidade das áreas ribeirinhas, para a agricultura, e o ouro e cobre, além do
comércio com os grupos que habitavam a costa.
Durante o século XV, os xonas expandiram-se em direção ao norte e edificaram construções altas,
com muralhas de pedra circulares conhecidas como zimbábues. Nesse período, o reino Monomotapa
conheceu certa estabilidade política, que foi perdida apenas no século XVI, quando o poder se fragmentou
devido os conflitos com povos vizinhos, desintegrando o reino.
Ruinas - Zimbábues
Aula 06
São poucas as informações históricas bem fundamentadas a respeito dos primeiros tempos da história
romana. Na gênese dessa história, predominam os mitos. Os dados que existem sobre esse período de foram
obtidos através de descobertas a arqueológicas que possibilitaram uma revelação das origens de Roma.
A península Itálica era ocupada por etruscos, ao norte; Latinos, sabinos e samnitas, ao centro; e
gregos, que ocupavam terras ao sul (Magna Grécia), desde a expansão colonial ocorrido no princípio do
Período Arcaico.
Os etruscos, povo que vivia na região da atual Toscana, exerceram grande influência na própria
formação de Roma, muito embora as pesquisas históricas sobre esse período sejam limitadas, uma vez que
sua escrita ainda não foi decifrada. De qualquer forma, parece certo que, por volta do século VI a.C., os
etruscos chegaram à região do Lácio – berço original de Roma – e deixaram influências marcantes na
civilização romana, pois, além de serem bons agricultores, ativos comerciantes e hábeis no trabalho com o
bronze e com a cerâmica, foram influenciados pelos gregos da Magna Grécia, com os quais mantinham
relações comerciais.
Desde os primeiros tempos de sua existência, Roma enfrentou conflitos com povos vizinhos. Nesse
período, eram frequentemente os conflitos e disputas por terras e colheitas. Ao mesmo tempo, os romanos
tinham a necessidade de conquistar novas terras para uma população sempre crescente. A cada guerra, Roma
melhorava seus equipamentos e a organização de seu exército.
A forma pela qual certo território era conquistado determinava o modo como os romanos tratavam o
povo dominado. Os conquistadores que se aliavam a Roma tinham de fornecer forças militares aos romanos
e recebiam direitos parciais ou totais de cidadania. Já os que se recusavam a se render e acabavam
derrotados e massacrados ou escravizados e tinham suas terras tomadas.
Ao final do século III a.C., os romanos já haviam conquistado quase toda a península Itálica. Essas
conquistas provocaram grandes modificações na sociedade romana, destacando-se as seguintes:
Assim como na Grécia, em Roma havia três origens para a escravidão: a guerra, a descendência e o
endividamento. Entretanto, de acordo com a historiografia tradicional, era com as guerras que Roma
conseguia a maior parte dos escravos. O contingente destes aumentou de forma expressiva no período da
República e no início da fase imperial.
No mundo romano, os escravos eram considerados uma propriedade e um “instrumento” nas mãos do
senhor, e podiam pertencer tanto a particulares quanto ao Estado. De um modo geral, trabalhavam nas
grandes obras públicas, como pontes, aquedutos, monumentos e estradas, na agricultura, na extração
mineral, na atividade artesanal ou como criado doméstico. Os mais especializados e cultos eram secretários,
músicos, tecelões e professores. Escravos também atuavam em espetáculos públicos ou privados,
caracterizados pela extrema violência. Tal era o caso dos gladiadores.
A Crise do Escravismo Antigo
O Império Romano atingiu sua máxima extensão no século II d.C. durante o governo de Trajano (98-
117). No entanto, a partir de então, não foram realizadas novas conquistas. Pelo contrário, várias regiões
foram abandonadas ou reconquistadas pelos “Bárbaros”, designação atribuída pelos romanos a todos aqueles
que não falavam Latim, viviam além das fronteiras do Império e possuíam uma “cultura inferior”, isto é, não
haviam sido romanizados.
Ao mesmo tempo, os gastos do Estado romano eram crescentes, não apenas com a manutenção das
legiões, como também com a administração, a distribuição gratuita de trigo e os espetáculos públicos
(torneios, lutas e corridas), ou seja, Pão e Circo.
No entanto, as receitas do Estado tendiam a diminuir, uma vez que a organização da produção e a
geração de riquezas despendiam, em grande parte, do trabalho de escravos, e o número destes, a partir de
então, começou a declinar. Menos escravos, menor produção, menor arrecadação de impostos etc. gastos
cada vez mais crescentes. Essa equação comprometeu a economia romana. Assim, a crise do escravismo
tornou-se também uma crise do Estado com repercussões no conjunto da sociedade.
Muitos imperadores recorreram à desvalorização da moeda, o denário, para cobrir gastos do Estado,
o que levou muitos particulares a reterem as “moedas boas”, isto é, aquelas que continham uma porcentagem
maior de ouro ou prata, comprometendo uma economia até então essencialmente monetária. Ao mesmo
tempo, um processo inflacionário contínuo tomou conta da economia. O resultado disso é que passou a ser
comum o pagamento em produtos e não em dinheiro.
Diante da crise financeira, da crescente ameaça dos povos “bárbaros”, dos conflitos sociais, da crise
do Estado e de uma insegurança generalizada, muitos proprietários de latifúndios deixaram as cidades e
foram buscar segurança nas grandes propriedades rurais autossuficientes. Nelas uma nova forma de trabalho
passou a predominar, uma vez que o abastecimento de escravos estava definitivamente comprometido. Essa
nova organização da produção ficou conhecida pela expressão colonato.
Os colonos estavam vinculados a terra e ao proprietário desta, não podendo abandoná-la. No período
final do Império Romano, portanto, as cidades perderam sua antiga importância ao mesmo tempo em que a
ruralização da sociedade e da economia se impôs, especialmente em sua parte ocidental. Considere-se que, já
como sintoma da própria crise, em 395 o Império Romano foi dividido em Império do Ocidente, capital
Roma, e Império do Oriente, capital Constantinopla.
Aula 07
O Islamismo
Arábia Islâmica
A construção do Estado árabe iniciou-se com Maomé (570-632), um mercador da cidade de Meca
que fundaria o Islamismo, religião monoteísta cujos seguidores também são chamados de muçulmanos.
Quando Maomé iniciou suas pregações, dizia que os ídolos do templo deveriam ser destruídos, pois havia
um só deus criador universal, Alá. Isso provocou a reação dos sacerdotes de Meca, pois estava eca mudando-
se para Medina, onde congregou e difundiu a nova religião organizando um exército de fiéis. Essa saia de
Maomé de Meca ficou conhecida de Hégira.
Em 630 Maomé invade conquista Meca destruindo os ídolos da Caaba, mas deixando a pedra negra
que representa o símbolo de união. A partir dai o Islamismo foi se expandindo pela Arábia, e diversos povos
forma se unificando em torno da nova religião. Assim, por meio da identidade religiosa, criou-se uma nova
organização política e social entre eles e formou-se o Estado Islâmico, de governo teocrático. Com a morte
de Maomé, o poder religioso, político e militar, ficou centralizado nas mãos dos califas.
A expansão Islâmica
Quando invadiram Império Persa, os árabes estavam longe de serem grupos tribais, como as
comunidades que ali habitavam antes do início da pregação de Maomé. Constituiu um exército muito bem
organizado e motivado, ima vez que, além do saque e da conquista de territórios e riquezas, buscavam a
expansão da fé, a concretização de um estilo de vida inspirado pelo profeta.
Um dos motivos da expansão islâmica nessa primeira fase foi à tolerância então praticada pelo
governo islâmico em relação aos territórios ocupados. Além do domínio das cidades e da determinação de
tributos, a serem pagos pelas populações dominadas, pouca coisa mudou. Os habitantes do território
conquistados podiam manter suas religiões e tradições.
Cultura Islâmica
Depois de conquistarem as mais diferentes regiões, os muçulmanos não se limitavam a cobrar
tributos dos povos submetidos. As autoridades procuravam aprofundar a compreensão do conhecimento
produzido pelos que ali viviam antes deles.
Com essa busca de conhecimentos, ocorreu um processo de assimilação dessas diversas culturas,
assim como sua difusão. Essa assimilação não se limitou às áreas conquistadas. Os conhecimentos vindos
das mais longínquas regiões, como a China, com quem os muçulmanos mantinham relações de comércio,
também foram incorporados e difundidos.
A produção do conhecimento
Esse desenvolvimento era garantido por um trabalho de tradução para o árabe de tudo o que
considerassem significativo da cultura dos povos dominados. A circulação constante desse material por todo
o Império garantia que as contribuições das diferentes civilizações fossem comparadas e analisadas por
sábios islâmicos com formações variadas. Isso permitia que eles realizassem sínteses desses conhecimentos
antes dispersos e que chegassem, através deles, a novas e importantes descobertas e desenvolvimentos.
Assim, entre o século VII e IX, os muçulmanos travaram contato com diferentes culturas de povos
conquistados pela expansão islâmica. Eram regiões do Oriente Próximo, da Península Balcânica, do sul da
Ásia e até da Índia.
Nesse período ocorreram traduções para o árabe de obras persas, romanas, gregas e indianas dos mais
diversos ramos de conhecimento. Eram áreas como matemática, astronomia, astrologia, ética, mecânica,
física, filosofia, arquitetura, geometria e medicina. Essa literatura foi distribuída por todo Império Islâmico.
O mundo cristão só conheceu vários desses textos muito tempo mais tarde, graças a essas traduções.
Aula 08
Médio é uma palavra usada para designar algo que está no meio, que exprime uma posição
intermediaria entre um ponto e outro. Na periodização eurocêntrica estabelecida no século XVII, a Idade
Média estaria no meio da história, entre Idade Antiga e a Idade Moderna. Assim, o período da
aproximadamente mil anos, que vai convencionalmente da queda de Roma até a tomada de Constantinopla
pelos turco-otomanos em 1453, foi chamada de Idade Média.
A Idade Média está dividida em duas partes: Alta Idade Média e Baixa Idade média.
↓ ↓
Transição progressiva do
↓ escravismo para a servidão
A ALTA IDADE MÉDIA
↓ ↓
Sobrevivência do Império Romano do Oriente (Bizâncio)
Formação progressiva
↓ ↓ do feudalismo na
Europa Ocidental
↓ ↓ Formação
do Reino
↓ ↓ franco ↓
↓ ↓
↓ → →→→ Família dos merovíngios
↓ (reis indolentes) Destaque
↓ para o major domus
Carlos Martel
Apogeu com Justiniano (527-
565): Unificação
- conquistas árabe com ↓
- Corpus Juris Civilis Maomé: ↓
- Catedral de Santa Sofia Islamismo
↓ ↓
↓ ↓ Dinastia carolíngia
fundada por Pepino, o
↓ ↓ Breve.
↓ ↓ Apogeu com Carlos
↓ Magno, Imperador do novo
↓ Expansão: fechamento Império Romano do
↓ do Mediterrâneo ↓
↓ ↓
↓ ↓
843: Tratado de Verdun (divisão do Império Carolíng
↓ ↓
↓ ↓
↓ ↓
↓ ↓
↓ ↓
↓ ↓
↓ Predomínio da ordem feudal na Europa
↓
↓ ←←←←←←←←
Queda de
Constantinopla em 1453
– invasão dos turco-
otomanos
Aula 09
O feudalismo é uma organização social típica da Idade Média europeia, caracterizada pelo sistema de
grandes propriedades territoriais isoladas (feudos) pertencem à nobreza e ao clero e trabalhadores pelos
servos da gleba, numa economia de subsistência. O sistema era organizado segundo uma extensa e
intrincada hierarquia de feudos. A terra única fonte de poder, era recebida pelo senhor, em caráter
hereditário. O senhor beneficiário da doação de um feudo tornava-se vassalo do doador suserano, qualquer
que fosse o titulo nobiliárquico deste (rei, conde, visconde, etc.), ficando ambos ligados por laços de
lealdade e ajuda mútua. A propriedade da terra não era plena. O senhor que a recebia em doação não podia
vendê-la e a propriedade era herdada pelo filho primogênito.
A Sociedade Feudal
Essa sociedade se estrutura em relações de suserania e vassalagem tornando o poder muito
descentralizado. Tais relações eram estabelecidas quando um nobre concedia terras a outro nobre menos
poderoso, também poderia ser em forma de concessões de cobrança de impostos, pedágios em pontes e
estradas, tudo em troca de lealdade e ajuda mútua. Na prática os próprios reis eram senhores feudais com
domínios limitados. A sociedade feudal baseava-se na existência de dois grupos sociais – senhores e servos -
, podendo ser caracterizada como estamental, na medida em que as categorias eram claramente definidas e
não era comum qualquer tipo de modalidade. Cada senhor ocupava uma grande propriedade rural
denominada feudo o qual era dividido em três partes:
Primeira: grande extensão de terra que era chamada domínio senhorial, era usado pelo senhor
e seus agentes diretos e englobava, no centro, o castelo, o moinho e as oficinas artesanais.
Segunda: era dividida em parcelas concedidas a camponeses (servos) de condição semilivre,
pois não podiam abandonar o feudo e estavam obrigados a corvéia. - terceira: a propriedade
senhorial, bosques, pradarias, era utilizada conjuntamente pelo senhor e pelos servos. Embora
o senhor fosse o proprietário das terras, o servo tinha aposse, isto é, o usufruto da sua faixa de
terra, e também a propriedade dos seguintes meios de produção: arado, enxada e outras
ferramentas para agricultura. Em troca de concessão, o camponês era obrigado a produzir um
excedente econômico para o senhor e, principalmente, da corvéia, base de relação servil. Em
cada feudo, o senhor fazia as leis, administrava a justiça, cunhava moedas, exigiam-se
impostos aos mercados que transitavam por suas terras e estipulava o tributo que os
camponeses livres e os servos tinham que pagar. Cada feudo era economicamente
autossuficiente.
A economia feudal
No feudo eram produzidos os alimentos necessários aos servos e ao nobre, bem como roupas,
instrumentos de trabalho e armas. Os camponeses pagavam impostos ao senhor em produto (parte da
colheita) em trabalho nas terras senhoriais (corveia) ou em dinheiro. Também os habitantes das cidades
(burgo) tinham que pagar uma taxa ao senhor das terras em que se localizavam. O feudo estava dividido em
três partes:
Dentro da estrutura feudal, os campos abertos (manso comunal) eram de uso coletivo, também fazia
parte os bosques, a coleta de madeira para diversas atividades, como lenha e construção de utensílios
diversos. A reserva senhorial, terra, borque, pomar, tudo pertencia exclusivamente ao senhor, tudo que era
produzido era de sua propriedade privada, não dividia com os servos, pois os mesmos já tinham suas faixas
de terra para plantar e pagar seu arrendamento ao senhor feudal. O castelo era de uso exclusivo do senhor
feudal, mas também abrigava artesões, ferreiros e dava proteção aos servos quando atacados por outros
senhores em busca de novas terras, para anexar a seus feudos. O senhor também detém a terra e o poder –
incompleto – sobre os servos; cabe a esses uma pequena posse individual, as ferramentas, fornece ao senhor
uma contribuição que é inicialmente em trabalho, e ligava-se ao senhor por uma relação de dependência.
A agricultura na Alta Idade Média teve um aumento de produção, visto que novas técnicas forma
empregadas para um bem comum. Uma forma de plantio foi empregada, o sistema trienal que tem uma
eficácia e forma de regeneração do solo, perfazendo assim, uma rotatividade de plantio, assim um aumento
de produção agrícola.
O Trabalho Feudal
O trabalho na sociedade feudal estava fundado na servidão, relação que mantinha os trabalhadores
preso aterra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços. Nessa época era comum que
as pessoas nascessem, vivessem e morressem sem jamais sem sair do mesmo lugar, atrelados às obrigações
para como o senhor de feudo. A exploração do trabalho serviu era legitimada pela a Igreja. Na ordenação
dos papeis sociais, sua concepção ideológica contribuía para isso. Para a Igreja, cada membro da sociedade
tinha deveres a cumprir em sua passagem pela terra, o que disseminava uma mentalidade favorável à
condição subordinada dos servos. Segundo a Igreja, era dever do servo trabalhar, do clérigo rezar e do nobre
proteger militarmente a sociedade. A servidão é uma forma de obrigação imposta o produtor pela força e
independentemente de sua vontade para satisfazer certas exigências econômicas de um senhor, quer tais
exigências tomem a forma de serviços a prestar ou de taxas apagar em dinheiro ou em espécie. Os servos
deviam uma serie de obrigações para os senhores, normalmente conhecidas como impostos feudais. As
principais delas são:
- corvéia: trabalho obrigatório nas terras do senhor (manso senhorial), executando diversos trabalhos além
da agricultura, durante alguns dias da semana.
- talha: porcentagem da produção obtida no trabalho no manso servil;
- banalidades: impostos, pagos em produtos, pela utilização de equipamentos pertencentes ao senhor (forno,
moinho, celeiro).
A Igreja Medieval
O triunfo do cristianismo contribuiu para a forte religiosidade que marcou a mentalidade medieval.
Foi nessa época que a Igreja começou a organizar-se com o objetivo de zelar pela homogeneidade dos
princípios da religião cristã e promover a conversão dos pagãos. Presentes em todos os níveis de uma
sociedade marcada pela religiosidade, os membros da Igreja medieval fomentavam valores como a
passividade e subordinação dos homens comuns perante o senhor, tanto o senhor espiritual (clérigo),
encarregado de proteger as almas, quanto o senhor feudal da terra (nobre), que protegia os corpos. O poder
da igreja, portanto, não estava revestido ao plano espiritual, mesmo que fosse importante a espiritualidade
nesse período, mas revestido de um poder temporal. Isso porque ela foi, pouco a pouco, transformando-se na
maior proprietária de terras da Idade Média e construindo fortes vínculos com a estrutura feudal. Além dos
territórios diretamente controlados pelo papa, o alto clero e varias ordens religiosas dispunham de muitos
feudos.
Aula 10
A formação do feudalismo se deu na Alta Idade Média (século V ao X), toda sua estrutura social vai
se concretizar nesse período, formando uma sociedade estamental ou de ordem composta de três
seguimentos hierarquizados: ordem religiosa, ordem de nobreza (cavalheiros) e ordem dos camponeses
(povo). Para o Clero o esquema de três ordens era um símbolo da harmonia social, no qual cada seguimento
exercia uma função necessária para a sociedade. Esse modelo de ordens submetia toda sociedade aos
mandos da Igreja, fortificando assim todo seu poder.
A Baixa Idade Média (século X ao XIV) foi marcada por profundas transformações na sociedade, as
quais conduziram à superação das estruturas feudais e à progressiva estruturação do futuro modo de
produção capitalista. No plano econômico, um sistema agrícola de autossuficiência foi substituído por uma
economia comercial. No plano social, a hierarquia estamental foi se desintegrando, surgindo paralelamente
um novo grupo social ligado ao comércio: a burguesia. Politicamente, o poder pessoal e universal dos
senhores feudais foi sendo gradualmente substituídos pelo poder centralizador dos soberanos, originando as
monarquias nacionais européias.
Essas mudanças, que marcaram o início da Baixa Idade Média, emergiram das próprias contradições
da estrutura feudal, que se mostrou incapaz de atender às necessidades da população européia. O feudalismo
conservou por muito tempo muitas de suas características, o correndo uma transição gradativa, que só
atingiria a maturidade alguns séculos depois.
A Indústria Feudal
Embora a vida econômica da Idade Média se baseasse principalmente na produção agrícola de
subsistência, desde os primórdios do período medieval comerciantes e artesãos asseguraram, ainda que em
bases precárias, a produção e a circulação de bens entre os domínios senhoriais. Essas pessoas habitavam os
burgos, lugares fortificados que impulsionaram a retomada da vida urbana. O estilo de vida de seus
habitantes, os burgueses, mostrava-se bem diferente daquele que ocorria nos feudos.
De início, os burgos surgiram em pontos estratégicos dos feudos e permaneceram sob controle dos
nobres. O desenvolvimento econômico foi acelerado a partir da vida urbana. Já no século XIII, antigos
núcleos de origem romana haviam sido revitalizados e muitos burgos tinham se transformado em cidades
importantes.
A indústria manufatureira (indústria aqui entendida como um conjunto das atividades que participam
da fabricação de produtos manufaturados a partir de matérias-primas) se expandiu nesse período em resposta
às necessidades de vestiário e moradia e às exigências das constantes guerras.
Alguns setores artesanais, entretanto, sustentaram-se e desenvolveram-se no período, trabalhando
para a nobreza e o alto clero: armeiros, que serviram aos nobres guerreiros; ourives, pintores e construtores,
que trabalhavam na edificação de catedrais e castelos etc. inovações técnicas aplicadas aos trabalhos
agrícolas também foram observadas nessa época, como a utilização dos “arados de ferro” no lugar dos de
madeira, mais franco e menos eficiente, e o aperfeiçoamento de “moinhos hidráulicos”. Buscou-se ainda
expandir as terras cultivadas com o aterramento de pântanos e a derrubada de floresta. No entanto, a
população continuava acrescer em ritmo mais acelerado que o da produção.
Desenvolveram-se também, o comércio marítimo costeiro e o terrestre, realizados a curta distância.
As feiras que o corriam na região de Champagne atraíram negociantes de várias partes da Europa.
Caravanas de mercadores compravam e vendiam peles, mel, cera, trigo, madeira, minerais, vinho, sal e
tecidos. O mundo do trabalho também assistiu a transformações importantes durante a Baixa Idade Média.
Algumas das obrigações servis, já os camponeses passaram a exigir salário pelo trabalho ou parte do
excedente da produção. Alguns vendiam seus excedentes em feiras e outros abandonaram as lavouras e se
especializaram na produção artesanal e no comércio.
Nos burgos, desenvolveram-se as corporações de ofício. Responsáveis pela organização e
distribuição de determinados produtos manufaturados, essas associações típicas da sociedade medieval
reuniam profissionais do mesmo ramo, desde os mestres de perícia reconhecida até os aprendizes. Todas
essas mudanças provocadas pelo incremento comercial, manufatureiro e urbano ocasionaram os confrontos
entre as visões de mundo dos senhores feudais, por um lado, e dos comerciantes e artesãos.
A Crise e a Cidade
A fome, a peste e a guerra despovoaram os campos e provocaram escassez de mão de obra, uma vez
que grande parte das pessoas que não tinham sido vitimadas pela peste ou pela guerra haviam se deslocado
para as cidades. A mão de obra abundante no inicio da Baixa Idade Média, tornou-se rara e,
consequentemente, melhor remunerada. Nesse contexto, os senhores feudais ficaram enfraquecidos, pois
deixaram de receber os tributos que garantiam as suas rendas. Houve, então, um recrudescimentos da
exploração do trabalho servil, precipitando uma série de revoltas nos campos.
Podemos dizer que houve uma inversão da tendência que prevalecia desde então: a produção rural
passou a organizar-se em função do mercado urbano. Com o declínio da aristocracia feudal e a ascensão da
burguesia urbana, o eixo dinâmico da sociedade europeia passou dos campos para as cidades. Desta forma,
tinha início uma dinâmica social até então rara no rígido sistema social das ordens medievais, ou seja, as
chances de mobilidade social tornaram-se viáveis. Os grupos sociais que constituíram o setor excluído dos
privilégios feudais passaram a questionar a ordem social e a pôr em xeque a função social da nobreza.
O movimento cruzadista
O crescimento comercial estimulou o primeiro movimento de expansão militar do Ocidente cristão.
O motivo oficial da primeira Cruzada foi de inspiração política e religiosa. Convocada pelo papa Urbano II
tinha como objetivo conquistar Jerusalém, a Chamada terra Santa, considerado o berço do cristianismo.
Para encorajar a participação nas Cruzadas, a Igreja concedeu indulgência plena, isto é, perdão de
todos os pecados para aqueles que morressem em combate. Partiram para a Terra Santa muitos cavaleiros da
nobreza feudal e outros tantos cavaleiros errantes, homens sem feudo cujas oportunidades de ascensão social
estavam restritas aos prêmios em torneios, ao serviço mercenário e, com muita sorte, à possibilidade de casar
com uma dama da alta nobreza.
Essa união de forças em torno de uma causa comum diminuiu os frequentes conflitos entre os
senhores feudais pela posse da terra. Até então o clero havia se esforçado para pôr um fim à violência dos
guerreiros e proteger de seus ataques o restante da sociedade desarmada.
Foram cinco as Cruzadas, não foram somente essas expedições, ocorridas ao longo de quase 200
anos, que levaram ao renascimento comercial da Europa, mas elas, certamente, contribuíram para sua
dinamização. As Cruzadas tiveram um papel significativo na mentalidade europeia. O espírito delas seria
importante motivação para a reconquista cristã da Península Ibérica e o desenvolvimento das grandes
navegações que levaram a conquista da América.
Aula 11
O Humanismo Renascentista
O Humanismo, desenvolvido principalmente entre os séculos XV e XVI, caracterizou-se pela
concepção de que o ser humano é criatura e criador do mundo em que vive. E, dessa maneira, pode ser
construtor de si mesmo. Deus criou o homem conferindo-lhe a liberdade de construir a si mesmo. Por isso,
desde o nascimento o homem não tem uma natureza defina ou um destino pré-estabelecido. Ou seja, ele
pode ser juiz ou artesão supremo de sua vida, modelando-se na obra que ele próprio escolheu. Dessa forma,
tanto poderá designar em um ser bestial quanto ascender a realidades sublimes.
Os humanistas, num gesto ousado, tendiam a considerar como mais perfeita e mais expressiva a
cultura (antiga, grega e romana) que havia surgido e se desenvolvido no seio do paganismo, antes do
advento de Cristo. A Igreja, portanto, para quem a história humana só atingira a culminância na Era Cristã,
não poderia ver com bons olhos essa atitude. Não quer isso dizer que os humanistas fossem ateus, ou que
desejassem retornar ao paganismo. Muito longe disso, o ceticismo (crença) toma corpo na Europa somente a
partir dos séculos XVII e XVIII. Eram todos cristãos e apenas desejavam reinterpretar a mensagem do
Evangelho à luz da experiência e dos valores de Antiguidade. Valores esses que exaltavam o indivíduo, os
feitos históricos, à vontade e a capacidade de ação do homem, sua liberdade de atuação e de participação na
vida das cidades. A crença de que o homem é a fonte de energias criativas ilimitadas, possuindo uma
disposição inata para a ação, a virtude e a glória. Por isso, a especulação em torno do homem e de suas
capacidades físicas e espirituais se tornou a preocupação fundamental desses pensadores, definindo uma
atitude que se tornou conhecida como antropocentrismo. A coincidência desses ideais com os propósitos da
camada burguesa é mais do que evidente.
Com o humanismo abandonava-se o uso dos conhecimentos clássicos tão-somente para provar
dogmas e verdades religiosas, descartando-se a erudição medieval confinada nas bibliotecas ou na clausura
dos mosteiros. Impulsionava-se a paixão pelos clássicos Greco-romanos numa busca de sabedorias e belezas
“esquecidas” pela Idade Média.
Leonardo da Vinci: considerado o símbolo do Renascimento, sua obra atingiu quase todos os
campos do conhecimento humano. Suas obras mais famosas são a Monalisa, Anunciação e A
virgem dos rochedos.
Miguel Ângelo Buonarroti, ou Michelangelo: destacou-se como escultor, arquiteto e pintor.
Imortalizou-se e, obras como o projeto da cúpula da basílica de são Pedro e os afrescos da
Capela Sistina (juízo final, Dilúvio e Criação de adão) e por suas notáveis esculturas (Davi,
Moisés e Pietá).
Rafael Sânzio: foi um grande pintor de retratos e Madonas (representações da Virgem Maria
com o Menino Jesus), também foi o autor de diversos afrescos no Palácio do Vaticano.
Literatura Renascentista
O renascimento cultural foi impulsionado pela invenção da prensa de tipos móveis de metal do
alemão Johann Gutemberg, a qual possibilitou a reprodução e divulgação das obras literárias em grande
escala. Os escritores Renascentistas escreviam em línguas nacionais, criticavam e ridicularizavam os valores
da sociedade medieval. Dentre os escritores, destacam-se: Dante Alighieri com a divina comédia, Petrarca
com a obra O Cancioneiro, Boccaccio com Decameron, Erasmo de Roterdã “pai do humanismo”, escreveu
Elogio da Loucura; Thomas Morus autor de A utopia; Camões e sua obra Os lusíadas; Miguel de Cervantes
com Don Quixote de La Mancha; William Shakerspeare, o homem mais destacado da Renascença inglesa,
escreveu uma vasta obra para o teatro, como Hamlet, Romeu e Julieta, Sonhos de uma noite de verão e
Otelo.
A Ciência Renascentista
A pesar da interferência da Igreja católica, que continuava impondo dogmas, a ciência desenvolveu-
se durante o renascimento cultural. Dentre os vários expoentes da ciência renascentista, podemos destacar:
O século XV inaugurava um novo período do processo histórico da Europa ocidental: possuir terras
já não era mais sinônimo de poder; as relações sociais de dominação e de exploração também não eram as
mesmas do mundo feudal; mudanças qualitativas na economia europeia abriram espaço para uma nova
ordem política e social.
Tendo suas origens do feudalismo, o mundo moderno evoluiria até culminar no seu oposto – o
capitalismo do mundo contemporâneo. Assim, em muitos aspectos, o mundo moderno constituiu uma
negação do mundo medieval, embora ainda não se caracterizasse como um todo sólido, maduro,
apresentando-se como uma época de transição. Foi o período de consolidação dos ideais de progresso e de
desenvolvimento, que reforçou o pensamento racionalista e individualista, valores burgueses que iriam
demolir o universo ideológico católico-feudal. Entre os séculos XV e XVIII, estruturou-se uma nova ordem
socioeconômica, denominada capitalismo comercial. Durante esse período, a nobreza, ainda garantia por
suas propriedades e títulos uma posição social em vantagem a burguesia comercia que se desenvolvia e que
ainda, estava longe de ser classe dominante, com prestígio junto à aristocracia.
Assim, sendo um período de transição, a importância do comércio e da capitalização, que
constituíram a base sobre a qual se desenvolveria o sistema capitalista. Como decorrência um novo Estado,
novas normas e novos valores forma gerados segundo as novas exigências do homem ocidental.
A Suíça separou-se do Sacro Império em 1499 e a Reforma protestante iniciou-se em seu território
com Ulrich Zwinglio (1489-1531), que levou as ideias de Lutero ao país em 1529, desencadeando violenta
guerra civil, da qual ele próprio foi vítima. Pouco depois, chegou a Genebra o francês João Calvino (1509-
1564), que logo passou a divulgar suas ideias, fundando uma nova corrente religiosa.
As ideias de Calvino fundamentavam-se no princípio da predestinação absoluta, segundo o qual
todos os homens estavam sujeitos à vontade de Deus, e apenas alguns estariam destinados à salvação eterna.
O sinal da graça divina estaria em uma vida de virtudes, dentre as quais o trabalho diligente, a sobriedade, a
ordem e a parcimônia (contenção de gastos). Dessa forma, a doutrina calvinista exaltava características
individuais necessárias às práticas comerciais. Suas ideias, portanto, estavam mais próximas dos valores
capitalistas.
Inspirado em Lutero, Calvino considerava a Bíblia a base da religião, não sendo necessária sequer a
existência de um clero regular. Criticava o culto ás imagens e admitia apenas os sacramentos da eucaristia e
batismo. O calvinismo expandiu-se rapidamente por toda a Europa, mais do que o luteranismo, na medida
em que atendia às expectativas espirituais da burguesia. Assim, atingiu os Países Baixos e a Dinamarca,
além da Escócia, (John Knox) cujos seguidores foram chamados presbiterianos, da França (huguenotes) e da
Inglaterra (os puritanos).
A Reforma na Inglaterra
A Reforma Protestante foi desencadeada na Inglaterra pelo rei Henrique VIII (1509-1547), que
obteve dividendos políticos com o processo. Tendo como pretexto a anulação de seu casamento com
Catariana de Aragão para casar-se com Ana Bolena, o monarca inglês rompeu com o papa. Em 1534
publicou o Ato de Supremacia, criando a Igreja anglicana, da qual era o líder. Excomungado pelo papa,
reagiu, confiscando os bens dos membros da Igreja distribuídos pelo reino.
Apesar de assemelhar-se externamente ao catolicismo, com a manutenção das imagens e do clero, o
conteúdo da doutrina anglicana aproximava-se do calvinismo. Serviu aos interesses políticos do rei e às
expectativas da burguesia e foi à seita puritana que mais buscou enfatizar os aspectos calvinistas da religião.
A Contra Reforma
A expansão das doutrinas protestantes pela Europa gerou uma reação da Igreja, que buscou reverter o
quadro, num movimento que ficou conhecido como Contra Reforma. Uma iniciativa pioneira foi à fundação
da Companhia de Jesus, ordem religiosa criada pelo ex-soldado espanhol da região basca Ignácio de Loyola.
Organizando em rígida hierarquia e submetidos a uma disciplina quase militar, os “soldados de Cristo”,
como foram chamados, buscaram combater o protestantismo por meio do ensino e da expansão da fé
católica. Daí deriva o projeto da catequese indígena na América e nos demais continentes onde havia
colônias europeias.
Em 1542, o papa Paulo III convocou o Concilio de Trento, com o objetivo de discutir assuntos
religiosos, inclusive com teólogos protestantes. Nenhum consenso foi possível, e o Concilio acabou apenas
por reafirmar os princípios católicos, condenado o protestantismo. Entretanto, algumas medidas
moralizadoras começaram a ser tomadas, como a proibição da venda de indulgências e a criação de escolas
para a formação de eclesiásticos. Pouco antes do Concilio de Trento, o papa restabeleceu a Inquisição, agora
sob a forma do tribunal do Santo Ofício. Sempre em nome do combate ás heresias e comandada pelo
superior da ordem jesuítica, nas décadas seguintes, a Inquisição condenou a tortura e a morte milhares de
pessoas na Europa e nas colônias além-mar.
Foi criado o Index, lista de livros proibidos pela Igreja católica. Qualquer obra considerada contraria
aos princípios da fé, incluindo livros científicos (de Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros), as
Bíblias protestantes e, inúmeros outros autores, faziam parte dessa lista.
A Contra Reforma não destruiu o protestantismo, mas limitou a sua expansão. Seu sucesso mais
duradouro encontra-se na América, onde as iniciativas catequéticas dos jesuítas, nos séculos XVI e XVII,
deram frutos, sendo hoje a América Latina o local de maior concentração de católicos no mundo.
Reforma da Igreja
O Contexto da Reforma
O processo de centralização monárquica, em andamento na Europa desde o final da Idade Média,
tornou-se tenso o relacionamento entre os reis e a Igreja, até então detentora de sólido poder temporal.
Assim, além do domínio espiritual sobre a população, os membros do clero detinham o poder político-
administrativo sobre os reinos. Roma – Isto é, o papa – recebia tributos feudais provenientes das vastas que
essa prática passasse a ser questionada pelos monarcas.
Dentro da própria Igreja, dois sistemas ideológicos se defrontavam. De um lado, o tomismo, corrente
predominante assumida especialmente pela cúpula romano-papal, que via no livre-arbítrio e nas boas obras o
caminho para a salvação. Do outro, a teologia agostiniana, fundada no princípio da salvação pela fé e
predestinação.
Um ingrediente poderoso na crise religiosa que se delineava foi a desmoralização do clero. Os abusos
e o poder excessivo de seus membros (do alto e baixo clero) contradiziam abertamente suas pregações
moralizadoras. Embora condenassem a usura e desconfiasse do lucro, os membros da Igreja praticavam-nos
de forma desenfreada. O comércio de bens eclesiásticos, o uso da autoridade para garantir privilégios, o
desrespeito ao celibato clerical e até a venda de cargos eclesiásticos não eram raros na Igreja desde o final da
Idade Média. O maior escândalo talvez fosse o da venda de indulgencias, isto é, do perdão dos pecados
cometidos pelos fiéis em troca de pagamentos a religiosos.
Nas universidades, o movimento de crítica ganhava vulto, principalmente em Oxford, na Inglaterra,
com John Wyclif, e em Praga, na Boêmia (Sacro Império Romano-Germânico), com João Huss. Wyclif
atacou severamente o sistema eclesiástico, a opulência do clero e a venda da indulgencias, defendendo o
confisco dos bens da Igreja na Inglaterra e a adoção dos votos de pobreza material do cristianismo primitivo.
Huss encampou as críticas de Wyclif e associou-se à independência da boêmia, que estava sob domínio do
Sacro Império, sendo seus seguidores chamados de hussitas. Huss acabou sendo preso, condenado e
queimado por decisão do Concílio de Constança, em 1415.
A Reforma Luterana
O grande rompimento iniciou-se na Alemanha, região do Sacro Império Romano-Germânico. A
Alemanha era ainda basicamente feudal, agrária, com alguns enclaves mercantis e capitalistas ao norte. A
Igreja era particularmente poderosa no Sacro Império, onde possuía cerca de um terço do total das terras. A
nobreza alemã por essa razão encontrava-se ansiosa por diminuir a influência da instituição, além de cobiçar
suas propriedades, o que estimulou ainda mais o rompimento.
A Reforma teve início com Martinho Lutero (1483-1546), membro do clero e professor da
Universidade de Wittenberg. Crítico pregava a teologia agostiniana da predestinação, negando os jejuns e
outras práticas comuns apregoados pela Igreja. Em 1517, em Wittenberg, o monge insurgiu-se contra a
venda de indulgência realizada pelo dominicano João Tetzel, escrevendo um documento conhecido como As
95 teses, que radicalizava publicamente suas críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520, o papa Leão X
redigiu uma bula condenando Lutero, exigindo sua retratação e ameaçando-o de excomunhão.
Queimando a bula em público, a reação de Lutero agravou a situação, ampliando suas consequências.
Estabeleceu-se uma verdadeira crise política, na qual a nobreza alemã dividiu-se, em parte a favor, mas, em
sua maioria, contra o papa. O imperador Carlos V convocou uma Assembléia, chamada Dieta de Wornms,
em 1521, na qual o monge foi considerado herege.
Acolhido por parte da nobreza, Lutero passou a dedicar-se à tradução da Bíblia do latim para o
alemão e a desenvolver os princípios da nova corrente religiosa. Mais tarde, em 1530, a Confissão de
Augsburgo fundamentou a doutrina luterana. Seu conteúdo incluía:
Ao subordinar a Igreja ao Estado, Lutero atraiu a simpatia de grande parte da nobreza alemã,
ampliando o apoio à nova doutrina. Entretanto, essas mesmas ideias serviram para inspirar a revolta
camponesa dos anabatistas. Liderados por Thomas Münzer, camponeses viram, na quebra da autoridade
religiosa, uma possibilidade de romper com a estrutura feudal, passando a confiscar terras, inclusive da
nobreza.
Lutero, entretanto, condenou violentamente os anabatistas, pregando a utilização da força para
exterminá-los. Repeliu também a burguesia, pois considerava o dinheiro um instrumento do demônio para a
disseminação do pecado. A partir de 1555, a Paz de Augsburgo, estabeleceu que cada governo dentro do
Sacro Império pudesse escolher sua religião e a de seus súditos de acordo com a vontade de seus príncipes.
Aula 15
A grande crise dos séculos XIV e XV, marcada pela Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra
durante o século XIV, desestabilizou as rotas comerciais que cruzavam a França, essas eram importantes
para a articulação do comércio continental, ficaram comprometidas pela guerra, tornando necessário o
estabelecimento de caminhos alternativos.
Ao mesmo tempo, a Peste Negra devastou a população européia em muitas áreas, levando à violenta
retração dos mercados consumidores e, portanto, da atividade comercial. Finalmente a fome generalizada,
provocada pela escassez de alimentos que configuraram no cenário de destruição da guerra, completou o
contexto do que ficou conhecido como a crise do século XIV.
A diminuição da população européia criou uma situação na qual a retomada da atividade comercial
se faria de forma lenta, na mesma medida da própria expansão demográfica. O desvio de metais preciosos
para o Oriente, com o objetivo de se comprarem especiarias e outros artigos de luxo, favoreceu para o
esgotamento das minas de metais preciosos de ouro e prata no continente europeu, tornando limitada a oferta
de moedas, estrangulando o comércio. E, finalmente, o monopólio da lucrativa rota mediterrânea das
especiarias, exercido pelas cidades italianas, notadamente Veneza, restringia a possibilidade de lucros de
outras cidades europeias.
Esses fatores acabaram de forçar a burguesia européia a buscar novas rotas alternativas para expandir
o comércio, e a saída evidente era a navegação atlântica. Teve origem aí o processo de expansão marítima
européia. A empreitada de enfrentar a desconhecida navegação no Oceano Atlântico exigia investimentos de
vulto, que estavam muito além das possibilidades de qualquer cidade europeia isoladamente. Em outras
palavras, era necessária a mobilização ampla de recursos, o que foi feito em escala nacional, tornando a
centralização monárquica um verdadeiro pré-requisito para a expansão marítima da Europa.
As Navegações Portuguesas
A progressiva participação lusa no comércio europeu ganhou impulso no início do século XV.
Assim, a precoce centralização monárquica (Revolução de Ávis, 1385), associando os poderes políticos
concentrados nas mãos do rei e aos interesses do setor mercantil, teve papel decisivo na montagem das
grandes navegações portuguesas.
Esse contexto foi ainda favorecido pelos estudos náuticos liderados pela atuação do infante D.
Henrique, o navegador (1394-1460). D. Henrique atraiu para sua residência, em Sagres, navegadores
cosmógrafos, cartógrafos, mercadores e aventureiros, desde o início do século XV. Tal conjunto de
conhecimentos tornou viável o projeto expansionista português e seu desejo de viagens pelo Oceano
Atlântico, o que contribuiu para atingir as Índias, superando as limitações ao comércio continental europeu
do século XV.
Pouco apouco, ganhou corpo o objetivo português de realizar o périplo africano, isto é, a viagem em
torno da África. Nesse quadro, as expedições portuguesas avançaram, a cada ano, milhas em direção ao sul,
atingindo pontos cada vez mais distantes do litoral da África e ilhas do Atlântico (Açores, Madeira, Cabo
Verde). A exploração das ilhas inabitadas e recém-conquistadas contou com uma política de povoamento
baseada na agricultura e na pecuária. Além da criação de gado, foram implantados cultivos, principalmente
de trigo, vinhas e cana-de-açúcar. A divisão da nova terra em capitanias hereditárias – sistema pelo qual o rei
escolhia entre seus nobres os administradores (capitães-donatários), no qual devia promover o povoamento e
a exploração econômica do novo território –, era uma forma de aperfeiçoar a colonização, sendo adotada
posteriormente nas terras da América portuguesa.
O processo de expansão portuguesa:
As Navegações Espanholas
Pouco antes de a expansão marítima portuguesa atingir seu objetivo de chegar às Índias, a Espanha
acabou por organizar expedições atlânticas, tornando-se a segunda monarquia europeia a fazê-lo. A primeira
viagem espanhola, bastante modesta, foi concebida em 1492, por um navegador genovês, Cristóvão
Colombo. Partiu do porto de Palos na Espanha, no mês de agosto, em três caravelas (Nina, Pinta e Santa
Maria) com o propósito de atingir as Índias contornando o globo terrestre, navegando sempre em direção ao
Ocidente. Assim, buscava-se uma rota alternativa àquela controlada pelos portugueses no sul, em torno da
África. Colombo chegou ao continente americano pensando ter alcançado as Índias e morreu acreditando
nisso. Atlântico, Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o navegador Américo Vespúcio confirmou
tratar-se de um novo continente.
A essa altura, portugueses e espanhois, espalhados pelo Atlântico detinham o monopólio das
expedições oceânicas, sendo seguidos por outras nações a partir do início do século XVI, especialmente
França e Inglaterra. Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo
que outras nações começassem a se aventurar nos novos territórios: em 1493, a bênção do papa Alexandre
VIU a esse acordo levaram à edição da Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo tratado de
Tordesilhas.
Esse estipulava que todas as terras situadas a oeste do meridiano de Tordesilhas (a 370 léguas a oeste
do arquipélago de Cabo Verde) pertenceriam à Espanha, enquanto as terras situadas a leste seriam
portuguesas, como é possível observar no mapa. Outras nações européias rejeitaram esse tratado, e a disputa
pelos territórios recém “descobertos” seria um marco na Idade Moderna, que se iniciava.
Aula 16
O Mercantilismo – 1º Ano
O Estado Moderno
A idade moderna inicia-se em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos e estende-se até
1789 com o início da Revolução Francesa. O século XV marcou uma nova fase do processo histórico da
Europa Ocidental. Estruturou-se uma nova ordem socioeconômica – O Capitalismo Comercial. A nobreza
mantinha as “aparências” de poder por causa das suas terras e títulos. Embora estivessem em dificuldades
financeiras, ainda sim, a alta burguesia queria se estabelecer e permanecer no poder com as novas regras da
economia. Já a pequena burguesia ascendente, mesmo com próspero comércio, não conseguia ser a classe
dominante junto à aristocracia.
A Idade Moderna, na verdade, pode ser considerada como um período de transição, que valorizou o
comércio e a capitalização, que serviriam de base para o desenvolvimento do sistema capitalista.
O Estado moderno também é conhecido como Estado Absolutista, porque o poder estava
concentrado nas mãos de poucos (reis e ministros) que se aproveitavam das limitações dos grupos sociais
dominantes (a nobreza e a burguesia) para controlar a política.
O Estado dependia dos impostos arrecadados sobre as atividades comerciais e manufatureiras. Por
isso, era necessário que o Estado tivesse membros da alta burguesia em cargos do governo, incentivar o
lucro, a expansão dos mercados comerciais e a exploração das colônias.
Nesse período, teve um estado interventor, que atuava em todos os setores da vida nacional. Na
economia, essa intervenção manifestou-se através do mercantilismo.
O MERCANTILISMO
Mercantilismo foi o conjunto de teorias e práticas de intervenção econômica do sistema absolutista.
Era um sistema complexo e envolvia teorias exatas sobre produção manufatureira, utilização da terra e do
poder do Estado. Pode-se dizer que era uma política de controle e incentivo, onde o estado buscava garantir
o seu desenvolvimento comercial e financeiro e também o seu poder. Portanto, pode-se afirmar que o
absolutismo forneceu a base política necessária para o mercantilismo.
Sua base principal foi:
Pacto colonial
Sistema que consistia na passagem obrigatória pela metrópole dos produtos que entravam ou saíam
da colônia. Todos os produtos manufaturados da metrópole deveria produzir, de acordo, com as exigências
do mercado, para garantir lucros à coroa e a burguesia.
A Espanha logo enriqueceu, por causa do acúmulo de metais preciosos. Mas o excesso desses metais
gerou em longo prazo, problemas para a economia espanhola. Tanto que diminuiu as atividades agrícolas
fazendo a Espanha ficar dependente das importações. Esse problema também se espalhou por outros países
europeus.
Esta crise favoreceu os países produtores como França, Holanda e Inglaterra, a fortificar suas
exportações e acumular capital, visto que estes países se voltaram para o comércio exterior favorecendo
novas tecnologias agrícolas para a produção como meio de entesouramento.
A Colonização América
A expansão colonial iniciada pelos países europeus no século XV nas grandes navegações constitui
um dos capítulos mais importantes da história moderna. Se, por um lado, seus defensores veem nela uma
incontestável ação civilizadora, é certo que, por outro, ela acarretou a desaparição de importantes culturas e
a sujeição de numerosos povos às necessidades e interesses coloniais.
Eram duas horas da madrugada do dia 12 de outubro de 1492 quando o marujo da caravela gritou:
“Terra, terra”. A frota de Cristóvão Colombo enfim chegava a algum lugar. Em 3 de agosto a nau Santa
Maria e as caravelas Pinta e Niña tinham zarpado do porto de Palos, no sul da Espanha. Em 6 de setembro, a
expedição fez escala nas ilhas Canárias e partiu com as embarcações rumo ao desconhecido. Em 12 de
outubro chegou a uma ilha do arquipélago das Bahamas, Colombo colocou o nome da ilha de São Salvador.
Navegou para a outra ilha que batizou de São Domingos.
Embora os europeus agissem como se estivessem descobrindo um novo mundo, o continente
americano já era habitado, há muito tempo, por diversas culturas, com diferentes formas de organização
social. Na época da chegada dos europeus, três grandes impérios se destacavam: o Asteca, e Maias na
Mesoamérica (denominação dos povos que vivam na América central e, extremo sul da América do Norte) e
o Inca, na região andina.
Após a chegada de Colombo, as Antilhas se tornaram o ponto de partida para as novas conquistas.
Ali, foi explorado o ouro de aluvião (rios, córregos). No início, em geral, os europeus eram bem recebidos e
bem tratados pelos nativos. Predominavam as alianças, a miscigenação, as trocas culturais e o escambo
(troca de mercadorias). Ao poucos os maus tratos e as novas doenças trazidas pelos espanhóis causaram
epidemias que dizimaram grandes contingentes de ameríndios. Com o avanço dos europeus pelo continente,
a conquista sobre a população nativa tornou-se mais intensa. Dois exploradores espanhóis, Fernão Cortês e
Francisco Pizarro, lideraram a primeira fase da ação europeia sobre a América.
Em 1519, o grupo liderado por Fernão Cortez chegou a Tenochtitlán, capital asteca, onde foi bem
recebido pelo imperador Montezuma. Tempos mais tarde, porém, um conflito entre espanhóis e astecas
eclodiu. Após intensa batalha com utilização de cavalos, arcabuzes e canhões, os espanhóis derrotaram os
guerreiros astecas. Em 1521, Cortez tomou a capital do Império Asteca.
Dez anos mais tarde, uma expedição comandada por Francisco Pizarro dominou o Império Inca,
cujas proporções territoriais eram enormes. Aproveitando-se da crença dos incas em suas boas intenções,
Pizarro conseguiu se aproximar do imperador Atahualpa e prende-lo. Ao realizar alianças políticas com
facções dissidentes, os espanhóis puderam contar com o apoio de grupos insatisfeitos com a dominação inca.
Cuzco, a capital do Império Inca foi devastada e saqueada em 1533. Homens, mulheres e crianças foram
torturados para revelarem tesouros escondidos. Nos Andes, a resistência mais tenaz dos incas perdurou por
algumas décadas, até a execução do imperador Tupac Amaru I, em 1571. Assim ficou a estrutura
administrativa da Espanha nas terras da América:
A pesar do esplendor cultural dos grandes impérios americanos, as culturas nativas não conseguiram
resistir aos homens que vieram do mar. Os massacres e as doenças reduziram drasticamente a população
ameríndia. Os contatos propiciados pelas novas conquistas desencadearam grandes epidemias, provocando
uma enorme taxa de mortalidade. Doenças contagiosas como a varíola dizimaram populações nativas
inteiras. As guerras de conquistas e a subnutrição contribuíram muito para a dominação cultural e política
europeia. Poucas vozes européias se ergueram para denunciar o massacre da população indígena. Entre elas,
destaca-se a do frei dominicano Bartolomé de Las Casas (1484-1566), que se opôs à ideia de “guerra justa” e
denunciou as atrocidades realizadas pelos espanhóis em território americano.
Para quem defendia a ação violenta contra os indígenas, a guerra era justa, pois, de outra maneira,
tais povos não abdicariam de seus costumes “bárbaros” e não se submeteriam aos espanhóis. Lãs Casas foi
contra esse pensamento, denunciando que a tortura e o assassinato dos nativos da América eram movidos
apenas pela ganância e crueldade dos espanhóis. Segundo ele, que também desejava a conversão dos
indígenas ao cristianismo, a palavra e o convencimento deveriam vir antes da espada.
Mesmo cona atuação de Las Casas, as conquistas européias provocaram a destruição e
desestruturação social e econômica das populações locais. Grandes impérios nativos deixaram de existir e os
habitantes que restaram foram submetidos a várias formas de trabalho em favor dos espanhóis.
Aula 18
As Sociedades Pré-Colombianas
Na época da chegada dos europeus na América, estima-se que sua população estivesse próxima de
cem milhões de habitantes, irregularmente distribuídos pelo continente e em diferentes estágios de
desenvolvimento. “havia de tudo entre os indígenas da América: astrônomos e canibais, engenheiros e
selvagens da Idade da Pedra. Mas nenhuma das culturas nativas conhecia o ferro nem o arado, nem o vidro e
a pólvora, nem empregava a roda, a não ser em pequenos carrinhos.” (GALEANO, Eduardo. As veias
Abertas da América Latina, 1981).
Os ameríndios mais avançados tecnologicamente e que possuíam sofisticada organização social
cultural formavam a maioria da população americana no século XV. Isto porque o aumento demográfico
decorrente da agricultura neolítica permitiu que se formassem, em certos locais, concentrações
populacionais, resultando na urbanização, processo que caracterizou séculos e até milênios da história dos
povos pré-colombianos.
Em meio a esta evolução, surgiram sociedades divididas em classes sociais com um Estado
estruturado e dominador, que impunha tributos, transformando a ordem tribal em civilizações com crescente
complexidade de organização e cultura, especialmente na América Central e nos Andes. Na primeira,
destacaram-se as civilizações Maias e Astecas e regiões andinas, a Inca, não sendo, porém, as únicas.
Sociedades Pré-Colombianas
Os mesoamericanos
A região mesoamericana corresponde à boa parte dos atuais países como México, Guatemala, El
Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica, produziram ao longo de 25 séculos diversas civilizações
poderosas, destacando-se a dos Olmecas, Maias, Toltecas e principalmente a dos Astecas.
Das primeiras civilizações mesoamericanos a dos Olmecas é considerada a fundadora da “cultura
mãe” da América Central, cujo desenvolvimento situa-se entre um pouco antes de 1000 a.C. até pouco
depois do século V a.C. A economia olmeca estava baseada na agricultura de feijão, milho e abobora ao
longo dos rios e caça e pesca. Toda vida olmeca estava ligada aos vários centros religiosos cerimoniais.
Existia um comércio baseado em pedras preciosas (jade e outras) para adorno, produziam uma cerâmica
rudimentar, criaram uma escrita e um calendário pouco conhecido, os quais serviram de base para o
desenvolvimento das civilizações posteriores.
Os Olmecas construíram a cidade de Teotihuacán por volta de 100 a.C. localizada a nordeste da atual
Cidade do México, com predomínio social, centro administrativo e religioso, com palácios, pirâmides,
avenidas, praças e bairros planificados, pertenciam a uma aristocracia guerreira e aos funcionários da
administração estatal, possuía uma população superior a de 80 mil habitantes.
A Civilização Maia
Ocupando uma região que correspondia hoje a península mexicana de Iucatã, Guatemala, Beleze e
Honduras, na América Central, atingiu o seu apogeu econômico cultural entre os séculos III e XI,
organizando-se em cidades-estados, como Palenke, Tikal, Copan, entre outras. O predomínio social cabia a
uma elite militar e sacerdotal, de caráter hereditário, comandada pelo Halach Uinic, responsável pela
administração e cobrança de impostos. Nos arredores das cidades ficavam as ladeias de camponeses
submetidos à servidão coletiva.
No século IX, floresceram cidades-estados que antes eram de pouca expressão, como El Tajin (atual
Vera Cruz), xochicalco (Atual Morelos) E Colula (atual Puebla), as quais pouco depois entraram em declínio
devido a invasões estrangeiras. Quando chegaram os espanhóis, no século XV, todas as cidades maias
estavam arruinadas, beirando a total desintegração, uma decadência de vários séculos cujas razões são ainda
pouco conhecidas. Ao final da civilização Maia surgiram novas hegemonias de invasores mesoamericanos,
destacando-se por um breve período a dos Toltecas e, a seguir, a dos mexicas, também conhecidos por
Astecas.
A Civilização Asteca
De todas as grandes culturas pré-colombianas da região mesoamericana, a asteca foi a mais
grandiosa. A civilização Asteca reuniu um império que e estendia desde o oeste mexicano até o sul da
Guatemala, uma área superior a trezentos mil quilômetros quadrados, envolvendo uma população próxima
de 12 milhões de habitantes. Sua capital, Tenochtitlán (hoje cidade do México), espalhava-se por 13
quilômetros quadrados e tinha uma população perto de cem mil pessoas, segundo estimativas mais seguras
(há quem chegue a apontar quinhentos mil habitantes).
Em seu apogeu, o império asteca era sustentado pelo domínio sobre povos vizinhos, obrigados a
pagarem tributos, o que era conseguido com alianças, confederações e constantes expedições punitivas dos
astecas, assemelhando-se muitíssimo às civilizações da Antiguidade Oriental, como Egito e Mesopotâmia.
A Civilização Inca
Por volta de 1438, formou-se na região do atual Peru o Império Inca. Chamava-se Tawantinsuyo, em
quechua, principal língua falada nos Andes. No Império Inca, o principal deus era Inti, o deus sol. O império
cobrava tributos das aldeias vizinhas, chamadas ayllus, que cultivavam vários tipos de batata nas terras altas
do território, transportados da serra ao litoral no lombo de lhamas. Os incas foram os únicos na América a
domesticas animais para o trabalho.
Por terem conquistados vastas áreas com diferentes ambientes ecológicos e climáticos, desde o frio
altiplano andino até a quente costa peruana, o Império Inca pôde desenvolver atividades bem variadas. Na
verdade, o Império Inca era imenso, incluindo os atuais Peru, Bolívia, e Equador, o sul da Colômbia e o
noroeste argentino. Os incas estavam em plena expansão na região amazônica quando foram conquistados
pelos espanhóis, na década de 1530.
Uma diferença importante entre os impérios inca e asteca reside na forma de tributação. No caso
asteca, como vimos, embora o tributo em trabalho fosse essencial, predominava o pagamento em gêneros
agrícolas ou artesanato enviado a Tenochtitlán. No caso inca, prevalecia o tributo em trabalho, conhecido
como mita. Esse trabalho era uma oferenda ao deus sol, encarnado no próprio soberano dos incas, chamado
também de Inca.
Aula 19
Astecas
Na América, a organização de sociedades mais complexas, como a dos Astecas, Maias e Incas, não
ocorreu ao mesmo tempo em que no Oriente próximo ou na Europa. Aliás, os processos históricos não são
nunca os mesmos em todas as sociedades. O próprio continente americano mostra evidências dessa
afirmação. Na América, durante séculos, conviveram (e ainda convivem) inúmeros povos com realidades
históricas bem distintas: povos nômades de cultura primitiva, como muitas tribos norte-americanas, os
esquimós (Alasca), os ianomâmis e os xavantes (Brasil), que viviam (alguns ainda vivem) basicamente da
caça e da coleta, os tupis-guaranis (América do Sul), os pueblos (América do Norte) e os aruaques (América
Central), sedentários e agrícolas; e, finalmente, os povos de culturas mais complexas – maias, incas e
astecas.
Calendário Asteca
O povo mexica, mais conhecido como asteca, é originário da região de Aztlán (daí a palavra asteca),
no sul da América do Norte. Ele se estabeleceu no planalto mexicano (especificamente nas ilhas do lago
Texcoco), junto com outros povos, após uma longa marcha, em 1168 d.c. No ano de 1325 eles começaram a
construção de sua cidade, Tenochtitlán, que no século XV seria uma das maiores cidades do mundo.
Organização Política - A formação do Império Asteca
A formação do Império asteca baseou-se na aliança de três grandes cidades, texcoco, Tlacopán e a
capital, Tenochtitlán, estendendo seu poder por toda a região. As relações políticas que se estabeleceram
entre elas e as regiões que controlavam ainda não são muito claras. Contudo, pode-se afirmar que não era
uma estrutura rigorosamente centralizada, como ocorreria entre os incas.
Na confederação Asteca conviviam inúmeras comunidades com idiomas, costumes e culturas
diferentes (zapotecas, mixtecas, totonacas, etc.) A unidade entre elas dava-se em torno de aspectos religiosos
e, principalmente, através da centralização militar dos astecas e da arrecadação dos impostos em
Tenochtitlán. As diversas províncias da região que, além dos tributos, elas deveriam fornecer contingentes
militares e submeter-se aos tribunais da capital.
O Império asteca atingiu seu apogeu entre 1440 e 1520, quando foi inteiramente destruído pelos
colonizadores espanhóis liderados por Cortés. Após diversas incursões colonizadoras em agosto de 1521 o
Império Asteca foi inteiramente conquistado. Diversas razões levaram à derrota asteca a primeira é
propriamente militar: a guerra, para os astecas, tinha como objetivo a dominação político-militar, para os
espanhóis a guerra era de conquista e extermínio. Além disso, as estratégias militares e, principalmente, o
armamento bélico dos colonizadores eram bem mais avançados. Outro motivo importante foi a proliferação
de várias doenças e epidemias entre os astecas (a mais forte foi a varíola). Um fato adicional que contribuiu
muito para a derrota asteca foi a aliança estabelecida entre alguns povos da região (tlaxcaltecas, totonecas,
etc.) e os espanhóis. A intenção imediata desses povos era derrotar a hegemonia dos astecas na região, e os
espanhóis eram fortes aliados para alcançar esse objetivo. Todavia, eles não puderam prever o que lhes
aconteceria após a derrota asteca, com a consolidação da colonização européia.
A Economia Asteca
A sustentação da economia do Império estava baseada justamente no pagamento dos tributos em
mercadorias. A não destruição das cidades submetidas e a manutenção relativa do poder local incluíam-se
nessa lógica de arrecadação dos tributos, que variavam muito. Estima-se que, no final do Império,
Tenochtitlán recebia toneladas de milho, feijão, cacau, pimenta seca; centenas de litros de mel, milhares de
fardos de algodão, manufaturados têxteis, cerâmicas, armas, além de animais, aves, perfumes, papel, etc.
A produção agrícola estava baseada essencialmente nos cereais, sobretudo no milho que, na verdade,
foi à base da alimentação das civilizações pré-colombianas. É bem provável que essas sociedades não
teriam se desenvolvido sem o milho, pois ele as sustentava e possibilitava o crescimento de suas
populações.
A posse das terras tinha uma característica muito interessante: o Estado asteca era proprietário de
todas as terras e as distribuía aos templos, cidades e bairros (calpulli). Já nas cidades e bairros, a exploração
da terra tinha um caráter coletivo, todo adulto tinha direito de cultivar um pedaço de terra para sobreviver e o
dever de trabalha-la. Na fase final do Império, essa relação foi se modificando, pois sacerdotes, comerciantes
e chefes militares se desobrigaram de trabalhar na terra, criando uma forma de diferenciação social.
A Sociedade Asteca
Foi uma sociedade fundada em aspectos religiosos e na guerra, aqueles que detinham mais poder
eram os sacerdotes, seguidos dos chefes militares e dos altos funcionários do Império. Os altos funcionários
militares e do Estado recebiam a denominação tecuhtli (dignitário), eram escolhidos pelo soberano e tinham
uma série de privilégios (não pagavam impostos e viviam em grandes residências).
Logo abaixo estavam os calpullec, espécies de administradores dos bairros (calpulli). Inicialmente
eles eram escolhidos pelos habitantes dos bairros, mas com o tempo passaram a ser indicados pelos
soberanos.
O comércio externo era realizado por poderosas corporações de comerciantes, os pochtecas. O
comércio de luxo entre as cidades era monopolizado por eles. Em razão do rápido enriquecimento desse
setor da sociedade, ele foi ganhando gradativamente poder e distinção.
A maioria dos artesãos trabalhava vinculada a algum senhor (tecuhtli), e muitos mantinham oficinas
em palácios e templos. O imposto era pago em artigos de sua especialidade e não eram obrigados ao trabalho
coletivo.
A maior parte da população estava entre os macehualli, que eram homens livres com direito a
cultivar um pedaço de terra para sua sobrevivência, embora devessem obrigações como pagamento de
impostos em mercadorias (a maior fonte de arrecadação), prestar o serviço militar e o trabalho coletivo
(construir, conservar e limpar estradas, pontes e templos).
Os tlatlacotin formavam o estrato social mais baixo, composto geralmente por prisioneiros de guerra,
condenados, desterrados. Em troca de casa, comida e trabalho, eles se vinculavam a um amo. Isso não
significava que eram escravos, pois podiam torna-se livres e possuir bens.
Os Incas
Origens
O povo incaico é originário de uma região entre o lago Titicaca e a cidade de Cuzco, no Peru. A
partir daí os incas expandiram-se por uma área que abrangia desde o sul da Colômbia, passando pelo
Equador, Peru, Bolívia e norte da Argentina, até o sul do Chile Esse Império chegou a reunir cerca de 15
milhões de pessoas, de povos com línguas, costumes e culturas diferentes.
Antes da construção do Império incaico viviam nessa região povos com culturas e formações sociais
avançadas, que se costuma denominar pré-incaicos. Eles estavam distribuídos por toda a costa leste do
continente sul-americano, nas serras e no altiplano andino; os chavin viviam nas serras peruanas; os manabi,
no litoral do equador; os chimu, no norte do Peru; e havia ainda os chinchas, mochicas, nazca, e outros.
Talvez grande demonstração do desenvolvimento desses povos pré-incaicos seja Tiahuanaco. Tratava
–se de um grande centro cerimonial (hoje suas ruínas estão a cerca de 100 Km de La Paz, capital da Bolívia)
que recebia periodicamente milhares de pessoas por Ano. Estima-se que essa civilização que parece ter sido
influenciada pelos chavin, estabeleceu-se na região por volta do século X d. C.
A Sociedade Inca
O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que ocorria em sua vasta extensão
territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um imperador com poderes sagrados hereditários, reverenciado
por todos.
Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a nobreza.
Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia administrativa e militar. Os cargos
administrativos eram distribuídos entre membros da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O
caráter guerreiro do Império privilegiava a formação e educação militar. Como os burocratas, essa camada
privilegiada era mantida graças aos tributos arrecadados pelo Estado.
Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito de trabalho nos ayllus, eram obrigados
a cultivar as terras do Inca e dos curacas e a pagar os impostos em mercadorias. Além disso, o estado os
obrigava a trabalhar nas obras públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços.
Havia também os artesãos especializados, considerados artistas (pintores, escultores, ceramistas,
tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e feiticeiros (cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas
medicinais, etc.).
Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram escravos. Às vezes algum povo
conquistado também se tornava escravo. Eles não trabalhavam na produção, e suas funções eram
eminentemente domésticas.
Economia Inca
A base da economia inca estava nos ayllu, espécie de comunidade agrária. Todas as terras do Império
pertenciam ao Inca, logo, ao Estado. Através da vasta rede de funcionários, essas terras eram doadas aos
camponeses para a sua sobrevivência. Os membros de cada ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas terras do
Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos.
A base da produção agrícola era o milho, seguido pela batata, tomate, abóbora, amendoim, etc. Nas
áreas mais altas e com dificuldades de obtenção de água, o milho tinha de ser plantado nos terraços feitos
nas encostas das serras com canais de irrigação.
A domesticação de lhamas, vicunhas e alpacas foi importante para o fornecimento de lã, couro e
transporte. Os cachorros-do-mato e porcos tinham importância secundária.
O comércio era muito precário e restringia-se basicamente aos bens de luxo destinados à corte.
Cultura Inca
Lembrando o que já foi dito, o Estado inca utilizou-se das inúmeras conquistas das civilizações pré-
incaicas para controlar e manter seu Império.
Eles faziam um uso abancado da matemática, conheciam inclusive o zero; conheciam muito bem a
astronomia, pois o Sol representava o deus mais importante, podendo prever eclipses e fazer calendários;
usavam pesos e medidas padronizados.
Os trabalhos dos incas na manufatura do ouro, da prata e do cobre maravilharam os espanhóis. Além
disso, produziam cerâmica, tecidos coloridos, esculturas e pinturas.
Machu Pichu
Talvez as maiores produções incaicas estejam relacionadas com a arquitetura e a engenharia. Por
meio delas foi possível construir pirâmides, palácios, pontes e caminhos; cidades como Cuzco e Machu
Pichu, que reuniam milhares de pessoas e mantinham uma rica ordem urbanística. E os famosos terraços
irrigados nas serras e montanhas para a produção agrícola.
Conclusão
Concluímos então que quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente
habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam
diferentes estágios de desenvolvimento cultural e material, classificados em sociedades de coletor-caçadores
e sociedades agrárias. Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior destaque: os maias, os
astecas e os incas. Alcançaram notáveis conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar
técnicas complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Desenvolveram técnicas diferentes de agricultura.
Enquanto o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos astecas e incas decaíram
perante a conquista espanhola.
Aula 21
Os Maias
Origens
Antes que os maias se radicassem em algumas regiões da América Central, existiam aí povos
originários, como os otomies e otoncas. Vindos da América do Norte, após décadas vagando pela América
Central, os maias estabeleceram-se no Yucatán e áreas próximas, por volta de 900 a. C. A produção do
milho e a influência dos olmecas forram mito importante para o seu desenvolvimento.
A área ocupada pelos maias pode ser dividida em duas regiões. A das terras altas (área abrangida
hoje por El Salvador e Guatemala) estava voltada para o Pacífico e, apesar de possuir boas condições
naturais, não teve muita importância para a construção da civilização maia.
É comum dividir-se o processo de construção da civilização maia em uma primeira fase (317-987) e
uma segunda fase (987-1697). A primeira fase teria se iniciado em 317 d.C. Essa data, na realidade, tem
como referência o mais antigo objeto maia encontrado até hoje. Sabe-se que essa civilização já existia antes
de 317, mas não se dispõe ainda de informações precisas a respeito desse período.
A Sociedade Maia
A sociedade começou a desenvolver-se, com destaque para três cidades: Chichen-Itzá, Mayapan e
Uxmal. Em 1004 foi criado a Confederação Maia, que reuniu essas três grandes cidades. Dezenas de cidades
e povoados são criados ao longo dos duzentos anos seguintes, expandindo seu poder político na região. Após
o período de união (entre os séculos X e XI), as cidades da Confederação entram em confronto, sendo
Mayapan a vitoriosa. A hegemonia política dessa cidade foi sustentada por uma forte base guerreira.
Inúmeras revoltas explodem na região, e em 1441 Mayapan é incendiada; As grandes cidades são
abandonadas por causa das guerras.
As lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos, epidemias, etc.), as guerras externas e
principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade maia à decadência. Quando os europeus
chegaram à região (1559), os sinais de enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista
mais fácil. Em 1697, a última cidade maia (Tayasal) é conquistada e destruída pelos colonizadores.
Cada cidade tinha um chefe supremo (halach uinc), e o cargo era hereditário.
Os camponeses e artesãos compunham a maioria da população (mazehualob) eram obrigados a pagar
os tributos, a trabalhar nas grandes obras e moravam nos bairros mais distantes dos centros. Os escravos,
geralmente por conquinsta, serviam a um senhor, mas não trabalhavam na produção.
A Cultura Maia
Os conhecimentos de astronomia dos mais eram realmente avançados, e seus observatórios, bem-
equipados. Eles podiam prever eclipses e elaboraram um calendário de 365 dias. Para o desenvolvimento da
astronomia, a matemática era um elemento fundamental, daí terem acumulado conhecimento nessa área.
A atividade médica e a farmacêutica também eram bastante desenvolvidas, o que foi reconhecido até
pelos colonizadores. As peças teatrais, os poemas, as crônicas, as canções, tinham uma função literário-
religiosa bem evidente.
Mas a arquitetura e a engenharia representam as áreas do conhecimento mais desenvolvidas pelos
maias. Seus grandes centros religiosos, as pirâmides, as cidades com edifícios de vários andares, os canais de
irrigação e os reservatórios de água maravilham os conquistadores europeus.
Aula 22
AMÉRICA INGLESA