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Sobre Educação a Distância

Roberto Leher
Professor da Faculdade de Educação
e vice-presidente da Adufrj
(Seção Sindical dos Docentes da UFRJ)

A educação a distância e, mais amplamente, o uso das tecnologias de informação e


comunicação, deveria ser pensada como um meio adicional do processo de formação
acadêmica, tal como vem ocorrendo nos países centrais. A concepção de que a EaD
serve como modalidade de ensino de graduação de larga escala é algo presente
basicamente nos países capitalistas dependentes. Isso não ocorre nos países centrais.
Como a EaD nas instituições privadas está inserida no circuito da mercantilização, todo
o processo é precário: é um negócio cujo foco é a venda de serviços de certificação em
larga escala, basicamente por meio de monitores, tutores e bolsistas precarizados que
não dispõem de conhecimento e autonomia sequer para assessorar a leitura e os
exercícios que compõem a formação. Cada estudante é concebido como um cliente
individual. Não existem as mediações pedagógicas imprescindíveis para a formação e,
por isso, os titulados não chegam a ter uma formação superior, mas uma certificação.
No caso das instituições públicas, o objetivo é diferente, pois, via-de-regra, não é
puramente mercantil, embora os convênios com os municípios permitam a remuneração
de docentes na forma de complementação salarial.

Entretanto, as públicas vivem um paradoxo: se optarem por utilizar a EaD como um


meio complementar — assegurando um tempo significativo para a formação presencial,
por meio de vivências em laboratórios; assegurando tempo de contato não apenas com
os monitores, mas, também, de grupos de estudantes com os docentes efetivos —, o
número de formandos sempre será muito baixo, tornando a modalidade muito mais
custosa do que seria uma formação presencial por meio da interiorização da
universidade ou mesmo por meio da concessão de bolsas para que os estudantes do
interior possam estudar na capital. Se optarem pela formação massiva, inteiramente a
distância, com base em trabalho precarizado de bolsistas, os resultados não são
diferentes das privadas e mercantis. Em suma, as duas alternativas são ruins. O melhor
seria pensar essas tecnologias como recursos suplementares, objetivando melhorar a
qualidade da formação universitária plena.

O Parecer do Conselho Federal de Biologia é muito bem fundamentado e é muito


acertado. Adicionalmente, contribuiu para chamar a atenção de um fato gravíssimo, a
derrama de diplomas que não expressam a conclusão de uma etapa da formação
acadêmico-profissional dos jovens, propiciando um debate mais profundo sobre a
matéria.

Entretanto, o Parecer do CFBio não abona o uso da EaD para a formação de


professores, apenas não se manifesta sobre a questão porque a formação de professores
não está subordinada à fiscalização do Conselho. Pelo teor do Parecer, o que se aplica
no mérito à formação do bacharel biólogo se aplica também ao professor. Infelizmente,
o próprio MEC reduz a formação do professor ao conceito de "facilitador", "monitor",
"prestador de apoio pedagógico". É nesse escopo que a EaD é utilizada na diplomação
de professores.
A formação humana é um processo complexo, sutil, em que o aprendizado não decorre
apenas da existência de uma boa apostila, de bons softwares, como em geral são os
materiais elaborados pelas universidades públicas, mas das interações discursivas, da
vivência em espaços que propiciem a aprendizagem, processos que não podem
prescindir da mediação do docente e do próprio coletivo de estudantes. A função social
da universidade não é “coisificar” a juventude como recurso humano, mas formar
pessoas capazes de produzir conhecimento crítico e de atuarem na sociedade com base
em uma ética pública, objetivando enfrentar os grandes problemas dos povos. Nada
disso é possível pela EaD.

(Fonte: http://www.olharvirtual.ufrj.br/2006/?id_edicao=209&codigo=4)

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