Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Pós-Graduação
sistemas de comunicação digital em Engenharia
Elétrica
RESUMO
13
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de são de informação não ocorre de forma ideal. Como limitações físicas do sistema,
Pós-Graduação
pode-se citar:
em Engenharia
Elétrica ¨ A capacidade de realizar a fonte transmissora e o receptor. Entenda-se como a
possibilidade de implementação prática de modelos teóricos estudados e planeja-
dos.
¨ O ruído inerente do sistema de comunicação. A forma mais básica e inseparável de
ruído existente em sistemas eletrônicos de comunicação é o térmico. Embora seja
possível tratá-lo, não é possível eliminá-lo dos sistemas eletrônicos (HAYKIN,
1996; TAUB; SCHILLING, 1986). A existência de ruído no processo de comuni-
cação pode fazer com que um símbolo emitido por uma fonte sofra alterações, não
sendo entendido ou corretamente decodificado pelo receptor do sistema.
¨ A potência finita do transmissor. Uma maneira de reduzir a interferência provocada
por certa potência de ruído inerente ao processo de comunicação é elevar a potên-
cia do sinal codificado a ser transmitido. Entretanto, existem fatores práticos que
limitam a potência do transmissor.
¨ Sensibilidade finita do receptor. Um aumento da sensibilidade do sistema de recep-
ção pode ser conseguido através de uma implementação prática do receptor que
busque melhor eficiência, ou dotando o mesmo de melhores condições de identifi-
car o sinal codificado do ruído do sistema.
¨ Resposta em freqüência do canal de comunicação. Um canal ideal permite a passa-
gem de todas as componentes de freqüência do sinal, promovendo alterações cons-
tantes de fase e de amplitude. Em situações físicas reais, os canais de comunicação
permitem a passagem de certos intervalos de freqüências com limites tipicamente
finitos. Nesse intervalo, as componentes do sinal costumam sofrer alterações de
fase e de amplitude distintas entre si, devido às características particulares de cada
canal. A resposta em freqüência do canal pode possuir característica estacionária
ou não estacionária. Como exemplo desta última pode-se citar um canal de comu-
nicação celular, com o receptor se movimentando em relação a fonte. Quando é
estudado um novo sistema, verifica-se qual a melhor faixa de freqüências aproveitável
do canal de comunicações. Na seqüência projetam-se o transmissor e o receptor
para que operem preferencialmente dentro dessa faixa.
Ruído
Diagrama 1 – Diagrama de blocos básico do sistema de comunicação e os sinais
de interesse no processo de equalização.
15
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de Em relação à maneira de implementar o tratamento dos símbolos recebidos
Pós-Graduação
nesses equalizadores, diz-se que os algoritmos adaptativos podem ser de processamento
em Engenharia
Elétrica de blocos de dados ou de processamento em tempo real. Por algoritmo de tempo real
entenda como aquele cuja velocidade de cálculo de correções dos coeficientes do
filtro é pelo menos igual à velocidade de recepção de símbolos pelo mesmo.
Nos algoritmos adaptativos que tratam blocos de dados, os símbolos recebi-
dos são previamente armazenados até que formem um conjunto ou bloco de tamanho
preestabelecido. Somente então o algoritmo do equalizador processa esse bloco de
dados para obter as condições de ajuste necessárias dos coeficientes do equalizador,
a fim de compensar os efeitos do canal de comunicação sobre os símbolos recebidos.
Esse processo pode ser repetido consecutiva e iterativamente, com o objetivo de
manter os coeficientes do equalizador atualizados em relação às alterações de caracte-
rísticas que possam ocorrer com o canal de comunicação, de interesse em diversas
situações reais não-estacionárias.
Nos algoritmos adaptativos de tempo real, a cada recepção de novo símbolo
do canal é promovido o cálculo recursivo dos coeficientes do mesmo, buscando o
ponto ótimo de operação do equalizador. Por ponto ótimo entenda como o conjunto
de coeficientes que melhor compensam os efeitos do canal de comunicação naquele
momento, dentro do critério de equalização preestabelecido (HAYKIN, 1996;
WIDROW; STEARNS, 1985). De uma maneira geral, pode-se dizer que é possível
executar cálculos matemáticos mais elaborados nos algoritmos de equalização em blo-
co, enquanto nos algoritmos de tempo real tende-se a buscar uma maior simplicidade
computacional nos cálculos, para que os mesmos possam ser processados em tempo
real com a recepção simbólica pelo sistema equalizador. Por outro ponto de vista,
estes últimos exigem menos capacidade de memória para armazenagem de informa-
ção dos símbolos recebidos nos circuitos equalizadores, resultando em implementações
mais simples que os de processamento de bloco. Se adicionalmente é necessária a
compensação de variações de características do canal que ocorrem rapidamente em
ambientes não estacionários, o algoritmo adaptativo de tempo real pode ser uma apli-
cação bem mais interessante e eficaz que o de processamento de blocos.
Os equalizadores adaptativos podem ser implementados utilizando duas téc-
nicas: a de equalização supervisionada ou a de equalização autodidata.
16
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Diagrama 1 devidamente amostrados ou na forma discreta no tempo. No Esquema 1, Cadernos de
Pós-Graduação
observa-se d(n), que corresponde ao sinal de treinamento usado no processo de
em Engenharia
equalização. O sinal y(n) é a seqüência simbólica recebida e equalizada. O sinal e(n) Elétrica
corresponde ao erro desse processo. A seqüência e(n) é obtida comparando o sinal
de treinamento esperado d(n) com o sinal equalizado y(n). A partir da informação de
erro e(n), o algoritmo implementado efetua a correção dos coeficientes do filtro do
equalizador, com o objetivo de minimizar a média quadrática de e(n) , por exemplo.
Para testes e verificações da eficiência do algoritmo supervisionado, pode-se
usar como sinal d(n) o sinal original a(n) devidamente defasado. Essa defasagem tem o
objetivo de compensar atrasos dos sinais provocados pelo canal e pelo filtro do equalizador.
Na prática, é comum o uso de sinais de treinamento d(n) pré-armazenados no receptor.
Durante o processo de ajuste do equalizador, a fonte emite a seqüência a(n) de treinamen-
to e o algoritmo do equalizador então compara, através de e(n), o sinal recebido e equalizado
y(n) com a seqüência armazenada d(n). Após o término do processo de treinamento dos
coeficientes do filtro, o equalizador passa a operar em modo dito de decisão direta. Nessa
situação, o sinal y(n) após ser tratado por um decisor é utilizado como sinal de treinamento
d(n). Por decisor entenda como o módulo do receptor que compara os símbolos da se-
qüência y(n) com o alfabeto simbólico possível de ser produzido pela fonte. A seguir, ele
escolhe o símbolo desse alfabeto que estiver mais próximo do fornecido por y(n), apontan-
do este como sua decisão ou saída. São exemplos desse tipo de equalização: o algoritmo
do gradiente estocástico, conhecido como LMS - Least Mean Squares (WIDROW;
STEARNS, 1985), e o algoritmo dos mínimos quadrados recursivo, conhecido como
RLS - Recursive Least Squares (HAYKIN, 1996).
Ruído
_
Atraso ou d(n) e(n) Algoritmo de Equalização
Armazenamento Prévio
(da seqüência de treinamento)
+ para Correção de
Coeficientes do Filtro
+
Esquema 1 – Esquema básico do processo de equalização adaptativa supervisionado.
17
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de WEINSTEIN, 1990). Em tais condições, a partir das características estatísticas do
Pós-Graduação
sinal emitido a(n) e o sinal no receptor u(n), o método estima o sinal que foi transmi-
em Engenharia
Elétrica tido. Então é possível compensar, ou equalizar, os efeitos do canal de comunicação
sobre os símbolos emitidos pela fonte. O Esquema 2 apresenta o diagrama de blocos
básico desse processo autodidata.
Os métodos de equalização autodidatas podem ser classificados em dois gru-
pos. Os que efetuam o processo de equalização determinando as características esta-
tísticas de segunda ordem (variância ou potência) dos sinais transmitidos, compensan-
do suas alterações, chamados de métodos autodidatas de segunda ordem (HAYKIN,
1996). Outros métodos, chamados de HOS ou EOS (high order statistics ou estatís-
ticas de ordem superior) efetuam o processo de equalização determinando as caracte-
rísticas estatísticas de ordem superior a dois dos sinais transmitidos, compensando
suas alterações (HAYKIN, 1992). Estas estatísticas normalmente são conceituadas
matematicamente através das definições de cumulantes estatísticos e de funções espe-
rança (HAYKIN, 1996). Exemplos de algoritmos de métodos que trabalham nesta
modalidade: de Godard (1980) e de Shalvi e Weinstein (1990). As técnicas de
equalização são mostradas de forma simplificada no Esquema 3.
Ruído
Algoritmo de Equalização
para Correção de
Coeficientes do filtro
Equalizador
Assistido Autodidata
18
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
3 APLICAÇÕES DA EQUALIZAÇÃO AUTODIDATA E SEUS Cadernos de
Pós-Graduação
DESAFIOS em Engenharia
Elétrica
A equalização supervisionada muitas vezes é inviável, parcialmente eficiente
ou complexa de ser implementada. Como exemplo pode-se destacar:
a) equalização de sinais em telefonia celular móvel e em transmissões/recepções mó-
veis mais genericamente;
b) equalização e identificação de sinais sísmicos;
c) melhor equalização do sinal de ECG (eletrocardiograma) recebido através de
transdutores elétricos fixados sob a pele humana;
d) equalização de sinais captados por microfones que podem ser movimentados livre-
mente em ambientes.
No escopo de comunicação digital, a necessidade da equalização autodidata
destaca-se em duas situações:
¨ Compensação de alterações na comunicação digital entre rádio bases e satélites ou
sondas de comunicação. Nessa situação, a transmissão de informação é efetivada
com a fonte emissora movimentando-se em relação ao receptor, o que provoca
alterações dinâmicas nas características do canal de transmissão (SOARES; LE-
MOS; COLCHER, 1995; TANENBAUM, 1997). Pode ser utilizado então um
algoritmo para equalização do canal, autodidata ou supervisionado, com boa ca-
pacidade de busca recursiva do ponto ótimo de operação. Essa busca ou ajuste do
ponto ótimo de operação pelo equalizador necessita ocorrer em velocidade maior
que a de variação de coeficientes do canal a ser equalizado.
¨ Equalização de sinais em telefonia celular móvel e em transmissões e recepções
móveis, mais genericamente. Constitui-se um desafio comum para a construção de
sistemas baseados em rádio comunicação, o tratamento da interferência inter-sim-
bólica provocada pela propagação de sinais eletromagnéticos por múltiplos cami-
nhos ou percursos. Esse fenômeno ocorre basicamente devido à existência de obs-
táculos entre o transmissor e receptor, que provocam reflexões e refrações das
ondas transmitidas. Isso faz com que a antena do receptor capte sinais oriundos de
caminhos diversos e, por conseqüência, com atrasos de propagação diferentes.
Esses diversos sinais recebidos de forma superposta pela antena podem provocar
alterações nos símbolos emitidos originalmente pela fonte ou ainda interferência
entre os mesmos. Tais alterações simbólicas podem ser agravadas se for conside-
rado o movimento relativo entre a fonte e o receptor, alterando as condições de
reflexão de múltiplo percurso de maneira dinâmica. Esse fenômeno é conhecido na
literatura como fading ou desvanecimento do sinal (CHISHTIE, 1997; HOOLE,
1994; PROAKIS, 1989).
As alterações simbólicas do sistema descrito limitam a capacidade de trans-
missão do canal. Por capacidade do canal entenda como a taxa de máxima de trans-
missão simbólica possível de ser realizada livre de erros, considerando as limitações
MACKENZIE
19
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de físicas inerentes dos sistemas de comunicação (SHANNON, 1948). Existem duas
Pós-Graduação
correntes de estudos, cujos resultados são aplicados nos sistemas de rádio comunica-
em Engenharia
Elétrica ções, para o tratamento de alterações simbólicas. A primeira atua na origem da trans-
missão, estudando as formas mais eficazes de codificação simbólica para o canal de
comunicação. Tais técnicas são, em geral, calcadas em conceitos da Teoria de Infor-
mação, oriunda dos estudos iniciais de Shannon (SHANNON, 1948). A segunda atua
na recepção dos símbolos transmitidos pelo canal, estudando, em geral, técnicas e
algoritmos eficientes e eficazes de equalização.
Nas caracterizações de comunicação móvel, o fenômeno de interferência inter-
simbólica por reflexões de múltiplos percursos é agravado pela característica não es-
tacionária do mesmo. Isso é devido à possibilidade de transmissão de informações
com o movimento do receptor em relação ao transmissor, fazendo com que os trajetos
de múltiplos percursos e as características do canal de comunicação sofram alterações
com o tempo. Um problema teórico enfrentado é o projeto de equalizadores adaptativos
que operem de forma eficiente para tais situações. É muito importante, então, obter
um algoritmo com boa capacidade de busca do ponto ótimo de operação, em função
de alterações dinâmicas de parâmetros do canal. Também é extremamente desejável
que o mesmo seja autodidata, para evitar a necessidade de retreinar periodicamente o
equalizador com seqüências simbólicas específicas, aspecto que reduziria o ciclo de
trabalho útil do sistema de comunicação.
u(n) + y(n)
Recepção
Seção Direta + Decisor
Seção de
Realimentação
MACKENZIE
23
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de O padrão de rede locais sem fio especificado pelo subcomite 802.11 do IEEE
Pós-Graduação
(Wireless LAN) para velocidades de transmissão de dados de 11, 5 ou 1 Mbps, reco-
em Engenharia
Elétrica menda a utilização de equalização adaptativa baseada em algoritmos como o DFE. O
objetivo é o de fazer com que o equalizador seja capaz de compensar eventual ISI
intensa causada por reflexões de múltiplo percurso do sinal transmitido.
MACKENZIE
24
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
¨ O algoritmo supervisionado LMS é bastante simples e robusto de ser Cadernos de
Pós-Graduação
implementando, embora não possua características ótimas de convergência. É pos-
em Engenharia
sível notar que é utilizado em várias soluções comerciais de comunicação de dados. Elétrica
¨ Os métodos de equalização autodidatas são, em sua concepção, mais interessantes
que os supervisionados, por dispensarem a utilização de seqüência de treinamento.
Por outro lado, os algoritmos atuais exigem uma maior capacidade de processamento
dos DSPs que alguns algoritmos supervisionados, como o LMS.
¨ Os algoritmos autodidatas possuem desafios ainda não bem resolvidos analitica-
mente. Como exemplo, é válido citar a questão do processo de inicialização do
filtro do equalizador. Ele determina o desempenho do processo de equalização e,
hoje, ainda não possui solução determinista, que garanta sempre o melhor desem-
penho de equalização possível.
Os aspectos exemplificados e abordados, sobre a utilização comercial em
comunicação digital de algoritmos de equalização adaptativa, enfatizam a importância
e a necessidade de estudos e pesquisas que busquem esclarecer e melhorar o desem-
penho dos métodos e algoritmos autodidatas de equalização.
5 CONCLUSÕES
MACKENZIE
25
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
Cadernos de Adaptive equalization techniques used in digital communication
Pós-Graduação
em Engenharia
systems
Elétrica
ABSTRACT
REFERÊNCIAS
MACKENZIE
26
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.
SHALVI, O.; WEINSTEIN, E. New criteria for blind deconvolution of non- Cadernos de
minimum phase systems (channels). IEEE Transactions on Information Theory, Pós-Graduação
(IT-36), New Jersey, p. 312-321, 1990. em Engenharia
Elétrica
______. Super-exponential methods for blind deconvolution. IEEE Transactions
on Information Theory, (IT-39), New Jersey, p. 504-519, 1993.
SHANNON, C. E. The mathematical theory of communication. Bell System
Technology Journal, New York, v. 27, p. 379-423, 623-656, 1948.
SMALLEY, D. Equalization concepts: a tutorial. Atlanta: Texas Instruments, 1994.
SOARES, L. F. G.; LEMOS, G.; COLCHER, S. Redes de computadores. 2. ed.
Rio de Janeiro: Campus, 1995.
TANENBAUM, A. S. Redes de computadores. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
TAUB, H.; SCHILLING, D.L. Principles of communication systems. New York:
McGraw-Hill Book, 1986.
TREICHLER, J. R.; FIJALKOW, I.; JOHNSON, C. R. J. Fractionally Spaced
Equalizers: how long should they really be? I.E.E.E. Signal Processing, New
Jersey, v. 13, p. 65-80, 1996.
TRETTEN, S. A.; BUEHLER, C. J. V.34 Transmitter and Receiver
Implementation on the TMS320C50 DSP. Maryland: Texas Instruments, 1997.
UNGERBOECK, G. Theory on speed of convergence in adaptive equalizers for
digital communications. IBM J. Res. Dev., [S. l.], v. 16, p. 546-555, 1972.
WIDROW, B.; STEARNS, S. D. Adaptive signal processing. New Jersey:
Prentice Hall, 1985.
MACKENZIE
27
Cad. de Pós-Graduação em Eng. Elétrica São Paulo, v. 3, n. 1, p. 13-27, 2003.