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Escola Superior de Educação de Santarém

Mestrado em Educação Pré-Escolar e em Ensino do 1º Ciclo


Educação para a Cidadania

Maus-Tratos

Discentes: Ana Sofia Reis


Cristina Grilo

Docente: Ramiro Marques


Ano Lectivo 2010/2011

Escola Superior de Educação de Santarém


Mestrado em Educação Pré-Escolar e em Ensino do 1º Ciclo
Educação para a Cidadania
Maus-Tratos
A crianças com Idade Inferior a 10 Anos

Discentes: Ana Sofia Reis


Cristina Grilo

Docente: Ramiro Marques

Janeiro de 2011

Índice

Introdução..................................................................................................................1
1. Definição de maltrato infantil.............................................................................2

2. Tipologias de maus-tratos...................................................................................4

3. Indicadores de maus-tratos..................................................................................6

4. Combate e prevenção dos maus-tratos................................................................9

5. Papel do educador/instituição na intervenção e prevenção da situação............11

6. Planificação.......................................................................................................12

Conclusão................................................................................................................14

Referências Bibliográficas......................................................................................16

Introdução

No âmbito da disciplina de Educação para a Cidadania, foi-nos pedido a elaboração de um


trabalho que visasse um dos temas que constituem o programa da referida disciplina. Embora o tema
por nós escolhido não esteja no programa, este é apresentado de um forma implícita, pois os maus
tratos são um forte violação dos direitos humanos e mais especificamente, dos direitos das crianças,
pois é sobre estas que recai a nossa atenção e pelas quais um educador deverá sentir-se responsável.
Assim, é dever do educador/professor estar atento a todos os sinais que as crianças possam dar, no
sentido não só de minimizar situações em que as crianças sejam vítimas deste tipo de violências, mas
sobretudo estar atento para que possa dar o seu contributo de forma a situações deste género não
ocorrerem.
Apesar das pesquisas por nós efectuadas nos terem apontado para diversos caminhos, quisemos
cingirmo-nos ao tema dos maus-tratos. Vamos trabalhar o tema dos maus-tratos às crianças, mais
especificamente as formas que poderemos utilizar para combater ou minimizar este tipo de violência,
mas num contexto profissional, ou seja, enquanto educadoras ou professoras.
Este trabalho é constituído por cinco subtemas, dentro do tema mais generalista que é os
maus-tratos, nomeadamente definição de maltrato infantil, tipologias de maus-tratos, indicadores de
maus-tratos, combate e prevenção dos maus-tratos e papel do educador/instituição na intervenção e
prevenção da situação. Esperamos, com a realização do trabalho, ficarmos a conhecer/saber mais sobre
este tema e principalmente termos uma base de suporte caso tenhamos alguma situação destas ao longo
da nossa vida profissional.

Definição de maltrato infantil


A definição de maltrato pode-se tornar pouco consensual, pois o que muitos consideram uma
violação dos direitos humanos, outros consideram que são situações naturais, porque estas apresentam-
se em conformidade com a sua cultura, a sua educação ou disciplina.
Desta forma tentaremos referirmo-nos a este tema de uma forma mais globalizante, tendo
por base a Recomendação n.º R (85) 4, do Conselho da Europa, que refere maus tratos como todo o
tipo de acto ou omissão que ponha em perigo a vida, a integridade corporal ou psíquica ou a liberdade
de uma pessoa ou que comprometa gravemente o desenvolvimento da sua personalidade” (Alberto,
2004).
No que respeita aos maus tratos infantis, esta é uma situação um pouco mais delicada, pois
as crianças devido à imaturidade que lhes é inerente, não apresentam a capacidade de se defenderem,
nem tão pouco de conseguirem denunciar estas situações, cabendo, por isso aos adultos o papel de
interpretarem os sinais de forma a agirem em prol dos direitos humanos, neste caso especifico dos
direitos das crianças.
Estas situações tornam-se mais difíceis de detectar porque os maus tratos infantis são por
vezes cometidos por acção dos pais, familiares e outros que provocam dano físico ou psicológico, ou
que violem os direitos e necessidades das crianças, no que respeita aos seus desenvolvimento
psicomotor, intelectual, moral e afectivo.
Estas carências podem se apresentar sobre a forma de negligência, que se pode definir
como um conjunto de carências de ordem material ou afectiva que violam os direitos e as necessidades
psico-afectivas e físicas das crianças.
Os direitos das crianças, bem como todos os aspectos que representam uma violação dos
mesmos, parecer estar bem definidos, nomeadamente através da Convenção dos Direitos das Crianças,
documento adoptado pelas Nações Unidas e ratificado pela maioria dos países, ou seja, 192 estados
membros desta organização. No entanto, para algumas culturas estes direitos parecem representar
aspectos sem sentido e sem qualquer tipo de aceitação, devido às constantes violações dos direitos das
crianças. Assim, e para Arruabarrena e Paul (2005), é importante termos em conta determinados
aspectos quando estamos perante uma situação de maltrato, nomeadamente perceber o que é ou não
maltrato e qual a necessidade de considerar os aspectos culturais e os costumes de um povo,
relativamente a uma situação de maltrato.
Estas são questões de difícil resposta, pois somos influenciados pela nossa própria cultura e
costumes, sendo muito difícil desligarmo-nos destes aspectos e realizarmos uma análise imparcial das
situações. Mas, independentemente de todos estes aspectos há que ter em conta que existem diversos
tipos de violência e que cada um deles poderá apresentar diferentes sinais, mas que todos eles merecem
a nossa melhor atenção, porque desde que exista violação dos direitos das crianças e uma consequente
interferência com todo o processo evolutivo, tanto a nível psíquico como físico, então teremos que agir
com a maior brevidade e cautela possível, pois estas situações podem levar a consequências
irreversíveis e que condicionam o desenvolvimento pessoal e social da crianças e posteriormente a sua
vida como adultos integrados numa sociedade.
As crianças como cidadãos que são, têm direito a crescer num ambiente o mais equilibrado
e harmonioso possível, pois só assim poderão ser cidadãos plenos numa sociedade cada vez mais
desafiadora e mais exigente do ponto de vista social e intelectual.

Tipologias de maus-tratos
Segundo Magalhães (2004), Alberto (2004) e Arruabarrena e Paul (2005), a violência exercida
sobre os menores manifesta-se de formas muito diferentes, nomeadamente, a negligência, os maus-
tratos físicos, o abuso sexual, o abuso emocional e a síndrome de Munchausen.

Negligência
A negligência constitui um comportamento de omissão, em relação aos cuidados a ter com o
menor, ou seja, não é proporcionada satisfação das necessidades em termos de cuidados básicos de
higiene, alimentação, segurança, educação, saúde, vestuário, afecto, estimulação e apoio. É considerada
negligência a permissão de comportamentos arriscados e perigosos para as crianças.
De acordo com Magalhães (2004), a negligência pode ser voluntária (intenção de causar danos)
ou involuntária (incompetência dos pais), podendo existir vários tipos de negligência, nomeadamente a
intra-uterina (durante a gravidez), física, emocional e escolar, além da mendicidade e do abandono
(rejeição total). E Alberto (2004) refere que a negligência é o tipo de abuso mais frequente e a forma
mais passiva de violência. Arruabarrena e Paul (2005) mencionam ainda que as suas consequências são
essencialmente psicológicas, pois não se apresentam de forma visível.

Maus-tratos físicos
Este tipo de maus-tratos corresponde a qualquer acção, não acidental, por parte dos pais ou
pessoa com responsabilidade, poder ou confiança, que provoque ou possa provocar danos físicos ao
menor.
O dano pode representar-se em lesões físicas traumáticas, doença, sufocação, intoxicação ou
síndrome de Munchausen por procuração. Pode tratar-se de uma ocorrência isolada ou repetida.

Abuso Sexual
O abuso sexual traduz-se pelo envolvimento do menor em práticas que visam a gratificação e
satisfação sexual do adulto e jovem mais velho, numa posição de poder ou de autoridade sobre aquele.
Trata-se de práticas que o menor, dado o seu estádio de desenvolvimento, não consegue
compreender e para as quais não está preparado, sendo incapaz de dar o seu consentimento.
“È um facto que a criança ainda é considerada propriedade do adulto, dos pais, negando-se-lhe
assim os direitos e condições de sujeito, pessoa e personalidade, sendo vista mais como objecto da
vontade e saber do adulto sem autonomia, sem características próprias nem subjectividade.” (Alberto,
2004).
No que respeita à idade limite, para se definir o menor, considera-se que ela será sempre teórica
(entre 16 a 18 anos), pois a percepção da experiência irá depender do desenvolvimento de cada sujeito,
não devendo esquecer as experiências no campo da sexualidade em que os adolescentes se envolvem.

Abuso emocional
Este tipo de abuso constitui um acto de natureza intencional caracterizada pela ausência ou
inadequação do suporte afectivo e do reconhecimento das necessidades emocionais do menor.
Este tipo de abuso é pouco valorizado e de difícil identificação, podendo ser exercido através de
insultos verbais, humilhação, ridicularização, desvalorização, ameaças, discriminação, rejeição,
abandono temporário, etc. Este tipo de abuso apresenta repercussões extremamente negativas ao nível
da personalidade e da socialização das crianças.
Tomemos o exemplo das “orelhas de burro” da escola: não há maltrato físico, o corpo não
sofreu qualquer tipo de violência, mas tem toda uma violência contra a dignidade da criança que estão a
catalogar publicamente, de forma negativa.

Síndrome de Munchausen
Há ainda um outro tipo de mau trato mais subtil e elaborado: o Sindroma de Munchausen por
procuração, em que há a simulação de doença e de sintomas por parte dos pais, que levam a criança a
ser sujeita a investigações clínicas repetidas, frequentemente agressivas. Aliás, quanto mais agressivas
são as manobras médicas, maior é a satisfação dos familiares. Esta é uma situação essencialmente
médica do foro da psiquiatria.

Indicadores de maus-tratos
Os indicadores ou sinais de alarme de maus-tratos constituem sinais e sintomas indicativos da
possibilidade de existência de uma situação deste tipo. Sempre que estiverem presentes alguns destes
indicadores, é de suspeitar a existência de maus-tratos ou de um contexto de risco para a criança.
Há que ter em conta que a maior parte das lesões nas crianças são acidentais, devido à forma
descuidada como brincam. Por outro lado, em qualquer idade, uma mudança subida do comportamento
pode ser um indicador de maus-tratos. Os indicadores podem aparecer isolados ou em conjunto e
aparecer subitamente ou de forma evolutiva.
Para Magalhães (2004), Alberto (2004) e Arruabarrena e Paul (2005) alguns dos diversos
indicadores de maus-tratos são os seguintes:

Negligência
Apenas serão indicados os sinais e sintomas de negligência física, uma vez que para as outras
formas há coincidência com o abuso emocional.
Sinais:
* Sinais físicos de negligência prolongada: atraso ou baixo crescimento, cabelo fino, abdómen saliente
e arrefecimento persistente;
* Carência de higienização - sujidade, inflamação genital e pediculose (que é uma doença parasitária
causada por piolhos);
* Alimentação e/ou hábitos inadequados;
* Vestuário inadequado em relação à época;
* Infecção leve, recorrentes ou persistentes;
* Hematomas ou outras lesões inexplicadas e acidentes frequentes por falta de supervisão de situações
perigosas;
* Ausência de cuidados médicos.
Sintomas:
* Atraso nas aquisições sociais e em todas as áreas da maturidade (linguagem, motricidade);
* Perturbação do apetite e comportamentos estranhos, como roubo de alimentos e tendência a enfartar-
se com a comida;
* Perturbações do sono (sonolência, apatia);
* Condutas para chamar a atenção dos adultos;

Maus-tratos físicos
Sinais:
* Lesões em locais pouco comuns aos traumatismos do tipo acidental para a faixa etária da criança;
* Lesões desenhando marcas de objectos (ex. fivela de cinto);
* Queimaduras ou suas cicatrizes com bordos nítidos (como nas queimaduras de cigarros) e com
localizações múltiplas, sobretudo na palma das mãos, planta dos pés, genitais e nádegas;
* Marcas de mordeduras;
* Intoxicação;
* Cortes e picadas;
* Escoriações sucessivas/inexplicáveis (“acidentes”);
* Dores vaginais ou anais, sangramento ou comichão.
Sintomas:
* Mudanças nas explicações ou recusa em explicar o processo de produção da lesão;
* Inadequação do intervalo de tempo entre a ocorrência e a procura de cuidados médicos;
* História de lesões repetidas, mesmo que a explicação para cada ocorrência pareça adequada.

Abuso sexual
Estes casos colocam grandes dificuldades de detecção e diagnóstico dado que:
Raras vezes resultam lesões físicas ou existem vestígios de outro tipo que constituam
indicadores, pois:
- Na maior parte dos casos com crianças pequenas não há penetração anal ou vaginal;
- Quando há penetração, a ejaculação dá-se muitas vezes, fora das cavidades;
- Frequentemente, a criança e as roupas são lavadas;
- Geralmente, o período entre a ocorrência e o exame médico-legal é superior a 48horas, o que
torna difícil, se não impossível, os estudos para pesquisa do esperma.
O tabu social implícito (vergonha, medo) dificulta o pedido de ajuda;
Os menores, sobretudo os de idade mais baixa, podem confundir a relação com uma
manifestação afectiva “normal” ou podem estar submetidos à pressão de segredo imposto pelo
abusador.
Sinais:
* Corrimento vaginal persistente ou recorrente;
* Inflamação dos órgãos genitais;
* Rotura do hímen;
* Hemorragia vaginal ou anal;
* Infecções urinárias repetidas;
* Doenças sexualmente transmissíveis;
* Presença de esperma no corpo ou na roupa do menor.
Sintomas:
* Dor/comichão na região vaginal ou anal;
* Perturbações funcionais: apetite; sono (terrores nocturnos), regulação dos esfíncteres;
* Obediência exagerada aos adultos e preocupação em agradar;
* Condutas sexualizadas: interesse e conhecimentos desadequados sobre questões sexuais;
* Desenhos ou brincadeiras sexuais explícitas;
* Não gostar de afectos, nem de contacto físico.

Abuso emocional
Os sinais e sintomas são similares aos que podem aparecer noutras situações, dai a dificuldade
de diagnóstico.
Sinais:
* Auto-mutilação (arranhar-se, arrancar cabelo);
* Fobias, medo do escuro, de casas de banho públicas…;
* Crónicas indisposições/dores;
* Excessivamente medrosa;
* Falta de espontaneidade, criatividade.
Sintomas:

* Perturbações funcionais: apetite, sono, controle dos esfíncteres, fala (gaguez), dores de cabeça;
* Perturbações cognitivas: dificuldades na aprendizagem, atraso no desenvolvimento da linguagem,
baixa auto-estima, e alterações da concentração, atenção e memória;
* Perturbações afectivas: choro incontrolado, sentimento de vergonha e culpa, medos concretos ou
indeterminados, inadequação na maturidade (muito infantil ou adulto), e dificuldade para lidar com
situações de conflito;
* Perturbações do comportamento: falta de curiosidade, excessiva ansiedade ou dificuldade nas
relações afectivas, relutância em voltar para casa, défice na capacidade para brincar/jogar;
* Alterações do foro psiquiátrico: agitação, mudanças súbitas de comportamento, comportamentos de
auto-mutilação, ansiedade, e regressão de algum comportamento.
Combate e prevenção dos maus-tratos
Segundo Alberto (2004), a investigação e a intervenção estão dependentes e inseridas num
contexto sociocultural e histórico. Nem sempre a violência contra a criança foi considerada como tal,
uma vez que nem sempre a própria criança era vista como merecedora de tais atenções. A forma de ver,
considerar e valorizar a criança foi atrasando de civilização para civilização, de povo para povo, de
cultura para cultura.
Com o passar do tempo, muda-se de uma fase de negação para uma fase de reconhecimento do
abuso como realidade. Esta consciencialização começa por surgir com os primeiros indicadores de
abuso físico, que aparecem no âmbito médico, nomeadamente fracturas que nunca poderiam ter sido
provocadas por acidentes. O assumir dessa situação levanta outras complicações, pois os pais abusivos
negam o maltrato, e reincidem punindo a criança quando regressam a casa.
O maltrato infantil é uma realidade actual, que desmascara a existência de uma concepção de
criança/objecto que se traduz não só em actos individuais de violência contra a criança, mas também
integra actos de violência colectiva, tais como: formas de discriminação, situações de pobreza, sem
direito à escola, habitação e sem oportunidades socioeconómicas e culturais. O próprio conceito de
criança assenta numa dimensão sociocultural que a suporta e alimenta, na medida em que promove a
ideia da criança como propriedade dos pais.
Há uma evolução histórica na atitude face à criança. Esta evolução processa-se de uma imagem
da criança enquanto propriedade do adulto, para uma perspectiva que realça as características
específicas desta fase de desenvolvimento. Mesmo assim, a evolução contínua a permitir situações de
abuso da criança, e as estruturas socioculturais actuais ainda suportam várias formas de maltrato
infantil, aceitando-as como modos de educação e de interacção entre o adulto e a criança. Por outro
lado, Gallardo (1994) refere que o conhecimento da extensão e gravidade do problema, a demora e
incerteza do sucesso da intervenção dos casos consumados, leva os profissionais de saúde a desejarem
cada vez mais uma prevenção eficaz.
A humanização e melhoria das condições de assistência materna e infantil, o aumento de
recursos (económicos, sociais, médicos, psicológicos e jurídicos) oferecidos à família são elementos
importantes na redução das situações de tensão e violência intra-familiar. A qualidade das consultas
pré-natais e do acolhimento nas maternidades deve favorecer o estabelecimento de uma relação
positiva entre mãe e filho; os técnicos de saúde devem ter uma formação capaz de numa forma atenta,
mas discreta, fazer a leitura e o seguimento da relação criança/família. Devem através de atitudes
pedagogicamente adequadas e oportunas fazer o reforço desta relação, sabendo no entanto evitar as
protecções exageradas, relativamente a resultados duvidosos.
De acordo com Papalia (2001), na medida em que o abuso e a negligência são muito mais
comuns entre pais jovens, pobres e com baixo nível educacional, os programas que procuram manter os
jovens na escola e prepará-los para uma profissão antes de terem filhos, podem prevenir o abuso.
Programas específicos de prevenção do abuso ajudam os pais, que se sentem esmagados pelas
exigências do seu papel parental, mostrando-lhes como cuidar dos bebés, dando-lhes pistas sobre como
encorajar um comportamento adequado e ensinando-lhes a ajudar as crianças a desenvolver as suas
competências linguísticas e sociais. Existem ainda outros programas, que proporcionam jardins-de-
infância subsidiados, apoio voluntário aos trabalhos domésticos, visitas domiciliárias e “casas de
descanso” temporárias ou “pais auxiliares” para casualmente substituírem estes pais que se sentem
bloqueados.
Quando os maus-tratos já estão a ocorrer, são possíveis diversos tipos de intervenção para parar
com o abuso ou tratar os problemas. Por vezes, para travar situações de abuso a criança deve ser
separada dos pais, porém é melhor manter a criança na família a parar com a situação de abuso. Os
serviços para crianças abusadas incluem albergues, educação de competências parentais e terapêuticas.
Organizações como “pais anónimos” oferecem grupos de apoio confidenciais e gratuitos, que se têm
mostrado eficazes a parar com o abuso físico e verbal. A hospedagem da criança em famílias de
acolhimento é uma alternativa para tirar a criança do perigo. No entanto, é uma alternativa instável uma
vez que é uma situação temporária e de emergências, podendo também ocorrer uma nova situação de
abuso. Por isso, o combate e prevenção dos maus-tratos a crianças são indispensáveis, são situações às
quais devemos dar muita importância e atenção, mas que têm de ser tratadas com muito cuidado,
tentando sempre revolve-las da melhor forma, tendo em vista o bem-estar da criança.

Papel do educador/instituição na intervenção e prevenção da situação


A escola é um dos espaços mais importantes no que se refere ao controlo e prevenção dos maus-
tratos, uma vez que o educador tem a possibilidade de observar as crianças diariamente, e perceber se
estas estão a ser vítimas de maus-tratos através do seu comportamento e aparência física. Além disso,
as crianças podem estabelecer uma relação de afinidade com os educadores, partilhando com estes os
seus sofrimentos.
Como refere Magalhães (2004), detectar situações de maus-tratos para além de social e legal, é
uma exigência pedagógica, assim sendo é fundamental que os educadores estejam preparados para
reconhecerem certos sinais de abuso, de forma a contribuir para uma intervenção precoce nestes casos.
É necessário que os educadores tenham uma formação específica e estabeleçam linhas de orientação
referentes aos modos de intervenção, no entanto existe sempre a duvida entre pedir a colaboração das
autoridades ou deixar o processo evoluir. Muitas das situações não requerem medidas formais e o ideal
seria conseguir resolver a maior parte delas na escola e na família, de uma maneira informal e
agradável, mantendo a família intacta, sem necessidade de recurso a instituições superiores.
Todavia o mau funcionamento ou inexistência de equipas interescolares constitui, na maioria
das vezes, barreiras à tentativa de resolução desses casos. Sendo assim, é necessária a existência de
equipas “multiprofissionais”, que possam agir especificamente de acordo com cada caso.
De acordo com Papalia (2001), o educador deve comunicar, de forma adequada, às crianças
mais novas que o seu corpo lhes pertence e que podem dizer não a qualquer pessoa que possa tentar
tocá-las ou beijá-las contra sua vontade, mesmo que seja alguém a quem amem e em quem confiam.
Também necessitam de saber que nunca serão culpadas pelo que um adulto possa fazer e que podem
falar com os seus pais ou educadores acerca de qualquer coisa sem medo de serem punidas. Necessitam
ainda de sentir com firmeza e confiança que os adultos querem cuidar delas e não magoá-las.
Felizmente, a maioria das crianças não sofrem maus-tratos. As crianças do período pré-escolar,
que têm uma boa saúde e cujas necessidades físicas básicas são satisfeitas, são capazes de fazer grandes
avanços no desenvolvimento cognitivo.

Planificação

Este tema, devido à sua complexidade, torna-se bastante difícil trabalhar com crianças, no
entanto consideramos que poderá ser desenvolvido com elas a partir do pré-escolar, mas no sentido de
fazê-las reflectir sobre as atitudes incorrectas perante os colegas e que possam levar a que se sintam
excluídos, sendo esta uma forma de maus-tratos, dentro do ambiente escolar.
A actividade será realizada em função de uma situação que possa ocorrer e que propicie a
elaboração de regras. Normalmente é realizada no início do ano lectivo, pois as crianças ainda não
estão familiarizadas com o ambiente escolar, nomeadamente com os colegas e com as regras que
devem ser tidas em conta, para um bom funcionamento da sala. Esta será uma planificação para um
tempo indeterminado, uma vez que a elaboração das regas de uma sala serão sempre acrescentadas
conforme as situações que vão surgindo no jardim-de-infância, bem como as situações que ocorram
entre as crianças.

Planificação de Actividade
Nome da Instituição:
Tema da actividade: que regas devemos ter na sala
Áreas de Objectivos de Descrição da actividade Recursos
Conteúdo aprendizagem
Área de - Reflectir sobre os - Inicia-se um diálogo com as crianças sobre a Materiais: Avalia
Formação valores e a necessidade das regras, quais as vantagens que - Material de observaç
Pessoal e importância da elas nos podem dar e como é que seria a escola escrita; as crianç
Social cidadania; sem regras. - Folhas; ou não
- Valorizar as - Conforme as crianças vão referindo o que se - Cartolina; colegas
vivências do grupo; pode e não pode fazer, o educador vai - Fotografias; si, e se
- Cumprir as regras; registando essa informação e clarificando ou - Material de em grup
- Respeitar os explorando a informação que possa estar desenho. Após
colegas e aceitar as menos objectiva. registo
diferenças. - Posteriormente, faz-se o registo das situações conversa
descritas anteriormente. Poderá ser feito por de form
fotografia ou desenho, ou outro meio sugerido os valo
pelas crianças. situaçõe
- Por fim elabora-se um livro ou um cartaz, fazer e q
para ficar exposto na sala, com as imagens correcto
representativas das regras e a respectiva uma das
legenda.
Conclusão

O maltrato é um fenómeno associado a diferenças socioculturais, sistemas de valores e


sensibilidades que interferem e contaminam todo o esforço de definição, intervenção e prevenção.
Apesar da dificuldade de estabelecer o que é maltrato infantil, a tendência actual é considerar
definições suficientemente amplas que ultrapassem as situações estremas e incluam formas mais
“ligeiras”, mas mais sistemáticas de maltrato e que se possam enquadrar em referências socialmente
aceites.
Para a realização deste trabalho encontrámos como dificuldades/obstáculos a conciliação das
diferentes perspectivas dos autores e a dificuldade em encontrar informação para o ponto cinco. No
entanto, consideramos que para se poder trabalhar temas, como o que aqui referimos, o educador
deverá ter em conta as várias antinomias que se deparam no caminho da educação e estão presentes na
sua estrutura, adoptando uma postura dinâmica na tentativa de superar os obstáculos que vão surgindo e
tal como refere Cabanas (s.d., cit in Figueiredo, 1999) o educador “…deve encarar a educação com
realismo, equilíbrio, prudência, compreensão e flexibilidade, mantendo-se atento a todas as
possibilidades do educando e também a todas as limitações, naturalmente insatisfeito com o seu
trabalho, mas também reconfortado com a segurança de não ter cometido erros graves.”.
Cabe ao educador um papel de observador atento, de forma a conhecer e compreender as suas
crianças, pois esta é uma forma de prevenir e de lidar com situações inerentes aos maus-tratos em que
grande parte das vezes as vítimas não exteriorizam verbalmente o que estão a sentir, recorrendo aos
comportamentos, para chamar a atenção.
Torna-se bastante importante que a formação inicial dos educadores/professores trate as
questões de cidadania, pois desta forma os profissionais poderão estar mais atentos a possíveis
problemas, que possam surgir, mas sobretudo desenvolver um trabalho em torno destes temas, que se
apresentam cada vez mais imperativos, pois tal como menciona Figueiredo (1999) é necessário
operacionalizar a educação para a cidadania, criando condições efectivas, para a sua concretização, pois
como educadores temos que aprender e ensinar a viver com as nossas diferenças, reforçando a unidade
onde é indispensável para defender o que nos é comum e encorajando a diversidade.
Ainda segundo a mesma autora, temos que considerar as questões de cidadania, como algo que
não se pode impor, tal como o conceito de liberdade, teremos que a construir, organizando-a como uma
tarefa, que deve ser o cerne da educação das crianças e jovens, na altura da formação da sua
personalidade, de forma a serem cidadãos plenos na idade adulta.
Referências Bibliográficas

Alberto, I. (2004). Maltrato e trauma na infância. Coimbra: Almedina.

Arruabarrena, M. I. & Paul, J. (2005). Maltrato a los niños en la familia, Evaluación y tratamiento.
Madrid: Pirámide.

Figueiredo, I. (1999). Educar para a cidadania. Lisboa: Edições Asa.

Gallardo, J. A. (1994). Maus-tratos à criança. Porto: Porto Editora.

Magalhães, T. (2004). Maus-tratos em crianças e jovens. Guia prático para profissionais. Coimbra:
Quarteto.

Papalia, D. et al. (2001). O mundo da criança. 8ª Edição. Lisboa: Editora McGraw-Hill.

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