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 Ideias

Ciência e ética

“Estamos vivendo entre a última geração humana mortal e a


primeira imortal”

José Luis Cordeiro: o autor do livro “A Morte da Morte” afirma que as


novas tecnologias vão tornar a humanidade imortal em 25 anos.| Foto:
Reprodução/ Wikipedia
PorJones Rossi
 [23/12/2019] [15:16]
Em 2029, vamos parar de envelhecer. Apenas 16 anos depois, em 2045,
haverá tecnologias capazes de nos transformar novamente em jovens, não
importa quão velhos estejamos. Ninguém mais vai morrer por
envelhecimento. E todos serão eternamente jovens e saudáveis. A previsão é
feita pelo engenheiro venezuelano José Luis Cordeiro e pelo matemático
inglês David Wood, autores do livro "A Morte da Morte", recém-lançado no
Brasil pela editora LVM.

Cordeiro e Wood defendem que inovações na medicina e na genética como o


CRISPR (método de edição genética) e as células-tronco serão capazes em
poucos anos de não só interromper o envelhecimento como fazer toda a
humanidade — mesmo os idosos — rejuvenescer. A imortalidade deixará de
ser ficção e se tornará realidade.

Em conversa com a Gazeta do Povo, José Cordeiro, de 57 anos, engenheiro


mecânico formado pelo respeitado Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), explica o que falta para a humanidade se tornar imortal, como será a
sociedade do futuro e se valerá a pena viver em um mundo assim.
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Gazeta do Povo: A armadilha malthusiana, teoria segundo a qual a


população cresceria demais e todos passariam fome, foi desarmada. Mas
não corremos o risco de torná-la realidade se as pessoas pararem de
morrer?
José Cordeiro: Há problemas bons e problemas ruins. Se vivermos mais
tempo e vivermos saudáveis então esse será um bom problema. Para mim, o
verdadeiro problema do mundo é que a população está se estabilizando,
começando a diminuir. Na Europa, a população está diminuindo. Na Rússia,
diminuindo. No Japão, diminuindo. Na China, a população está começando a
diminuir. A população está ficando estável até mesmo no Brasil. Antes as
pessoas falavam em 300 milhões de habitantes no Brasil, mas isso não vai
mais acontecer. São populações cada vez mais velhas. O que nos leva à
questão do envelhecimento, a principal causa de mortes no mundo. No mundo
desenvolvido mais de 90% das pessoas morre das doenças relacionadas ao
envelhecimento, principalmente doenças cardiovasculares, câncer, e doenças
neurodegenerativas.
Não basta parar de morrer, o senhor e David Wood defendem no livro
que as pessoas viveriam para sempre jovens e saudáveis. Como seria essa
sociedade baseada na juventude e na imortalidade? Não correria o risco
de se tornar uma sociedade hedonista, niilista, sem ideais elevados?
Cordeiro: Seria uma sociedade muito melhor, muito mais educada, mais
experiente. A vida vai ser muito melhor. E, é claro, tudo isso seria opcional.
Porque mesmo agora as pessoas que desejam morrer podem morrer. Não é
obrigatório “não morrer”. Também temos pessoas que se suicidam hoje. Mas
eu trabalho para que as pessoas vivam mais tempo, jovens e saudáveis.
Como ficariam questões como assassinato, aposentadoria e trabalho em
um futuro sem morte? Por exemplo, se uma pessoa de 40 anos hoje no
Brasil for assassinada, levando em conta a expectativa atual, ela terá pelo
menos 30 anos de vida roubados. Mas nesse futuro sem morte um
assassinato estará tirando centenas ou até milhares de anos de uma
pessoa. Então provavelmente essa sociedade consideraria o assassinato
algo ainda mais grave, se isso é possível, do que hoje. Isso levanta
questões até sobre o que fazer com um assassino: seria razoável ou
mesmo viável manter alguém preso por milhares de anos, por exemplo?
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Cordeiro: O valor da vida vai crescer, porque poderemos viver muito tempo.
Se a vida é importante agora, será muito mais importante no futuro. Vamos ter
mais experiência, mais conhecimento, mais educação, e acho que as pessoas
serão ainda melhores também. Em média, a humanidade será muito melhor, e
por isso não teremos muitos criminosos. Eles vão compreender que vamos
viver mais tempo e o mundo será mais pacífico. Vamos viver mais, mas com
pessoas mais civilizadas, mais educadas e mais humanas. É bom lembrar que
o primeiro direito humano é o direito à vida. E não só a vida das pessoas
jovens, o direito à vida é de todas as pessoas, das pessoas velhas também.
Nesse futuro que o senhor vislumbra as pessoas ainda teriam permissão
para tarefas e práticas que possam as colocar em risco, desde dirigir um
carro a praticar esportes radicais? As pessoas não correriam o risco de se
tornar mais medrosas, cautelosas ao ponto da inação?
Cordeiro: Acidentes continuarão acontecendo, homicídios tragicamente
devem continuar acontecendo, mas isso não impedirá que a sociedade em
geral seja melhor, que as pessoas sejam melhores e mais humanas. Se
vivermos mais, também seremos mais éticos com o meio-ambiente e a
natureza. Como vamos viver mais tempo, não haverá mais a história de
preservar para as gerações seguintes: nós mesmos seremos as próximas
gerações. Por isso entendo que as consequências da longevidade estendida
serão todas positivas. Não vejo consequências negativas, mesmo que a
população aumente.
Quais seriam as consequências positivas?
Cordeiro: Não podemos encarar o aumento da população apenas como mais
bocas para alimentar, e sim como cérebros para criar, imaginar e descobrir.
Mais pessoas significam mais ideias e mais inovação. Por isso que a
humanidade avançou tanto nos últimos anos, porque agora temos mais
pessoas tentando. Com a população estabilizada, isso se torna um problema,
ainda mais porque nas próximas década começará a colonização do espaço, a
partir do planeta Marte. As pessoas também vão se reinventar constantemente.
Você provavelmente vai trabalhar 20 anos como jornalista e depois sai para
viajar de férias e depois mais 20 anos como arquiteto. Depois tira férias
novamente, de cinco anos, dez anos, e vai trabalhar talvez como pintor, artista.
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O que falta para a ciência estender a vida de forma mais radical? As


pessoas que estão nascendo agora vão viver 200, 300 anos?
Cordeiro: Ainda não temos capacidade de controlar o envelhecimento ou
mesmo revertê-lo, mas o mundo mudou muito na última década. A tecnologia
para isso está aparecendo. O prêmio Nobel de Medicina de 2012 foi
concedido ao japonês Shinya Yamanaka pela reprogramação celular. Ele
transformou células velhas em novas mudando apenas quatro genes. Isso era
impensável há uma década. Agora sabemos que é possível reverter o
envelhecimento, que é possível mudar a idade das células. Os cientistas agora
trabalham para mudar a idade dos órgãos e depois de todo o organismo. Isto
está só começando. Estamos vivendo tempos mágicos, entre a última geração
humana mortal e a primeira geração humana imortal. Eu pergunto às pessoas:
vocês querem estar entre os primeiros que vão morrer ou entre os primeiros
que vão viver jovens para sempre? Eu não quero viver para sempre como
velho. Quero viver como jovem. Deveremos ter tecnologia para rejuvenescer
as pessoas no máximo até 2045. Por isso não quero morrer. Quero chegar até
2045. E, ainda melhor, quero ser mais jovem em 2045 do que sou hoje.
Vou tentar chegar vivo até lá…
Cordeiro: 2045 é data determinada para que as pessoas, não importando a
idade, rejuvenesçam. Mas antes, em 2029, a medicina já vai permitir que a
cada ano que você viva ganhe outro ano de vida. Até chegar em 2045, quando
teremos a tecnologia de rejuvenescimento biológico.
Me parece que o senhor tem muita confiança na tecnologia e na
capacidade dos homens de serem bons, uma visão um pouco
rousseauniana da humanidade. O que faz o senhor acreditar tanto que as
pessoas serão boas neste mundo onde ninguém morre?
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Cordeiro: Ainda teremos acidentes, homicídios e suicídios. Mas o conjunto


da humanidade vai melhorar. Hoje a humanidade está muito melhor que um
século atrás, ou um milênio atrás. Um professor de Harvard chamado Steve
Pinker escreveu um livro muito bom chamado "Os Anjos Bons da Nossa
Natureza". Ele mostra como hoje somos muito melhores, muito mais
humanos, mais educados, mais éticos e mais civilizados do que em qualquer
período da história. Este é o melhor momento para estar vivo. Eu acho que
isto tende a continuar, que vai melhorar ainda mais. As pessoas vão se
preocupar mais com o futuro da humanidade pois elas farão parte deste futuro.
Por exemplo, vamos ter muito mais cuidado com a natureza.
Por que encarar o envelhecimento como uma doença e não como algo
natural do ser humano?
Cordeiro: Primeira coisa: a vida é para ser vivida. Há pessoas que dizem que
a morte dá significado à vida. Isto é ridículo! É como falar que o divórcio dá
significado ao matrimônio. Mais vida significa uma vida melhor. A
imortalidade foi o primeiro sonho da humanidade. O mais velho conhecido,
"A Epopeia de Gilgamesh", da Mesopotâmia, era sobre imortalidade. Nós,
humanos, sempre almejamos a imortalidade, e agora, pela primeira vez na
história, temos a tecnologia para reverter o envelhecimento.
Se as pessoas passarem a viver tanto tempo, mais de mil anos, por
exemplo, como o senhor acha que as religiões serão impactadas. Sendo
imortais, as pessoas não vão começar a achar que elas próprias são
deuses, já que a imortalidade é uma qualidade exclusivamente divina?
Cordeiro: A humanidade vai mudar totalmente com a imortalidade biológica.
Toda a sociedade, todas as estruturas tradicionais, a educação, o matrimônio,
vai mudar. Imagine viver mil anos com a mesma pessoa. Antes o matrimônio
era até que a morte os separasse. Tudo vai mudar. Por isso é difícil saber
como será a sociedade, pois a tecnologia avança muito rapidamente. Em 100,
200 anos no futuro o próprio conceito de humano vai mudar muito em razão
das novas tecnologias.
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