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CURSO

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4 Mulheres Escritoras
as pioneiras do século XIX
Gildênia Moura e Carla Castro

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Realização
Bárbara de Alencar, Jovita Feitosa
e Maria Tomásia
são tipos que honram o nosso sexo
pela sinceridade do
sentimento que as impelem
a transpor o poético
domínio do lar”
Alba Valdez, em Dias de Luz:
recordações da adolescência (1907)

1.
NEM PERNAS,
NEM BRAÇOS
CRUZADOS
uando falamos em lite-
ratura de autoria femi-
nina cearense, logo nos
vem à mente o nome
de Rachel de Queiroz
(1910-2003). Nascida em
Fortaleza no dia 17 de
novembro de 1910 e fa-
lecida no Rio de Janeiro
em 4 de novembro de
2003, a autora foi tradu-
tora, romancista, poeti-
sa, jornalista e cronista. Eternizada pelo ro-
mance de estreia O quinze e pela vasta obra
produzida, foi ela a primeira mulher a ingres-
sar na Academia Brasileira de Letras, em 1977.

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Entretanto, Rachel pertence à literatura dos to da crítica literária nacional, procuramos
séculos XX e XXI. Você pode se perguntar: e fontes locais que pudessem preencher
nos séculos anteriores a mulher cearense essa lacuna, entre eles: Dolor Barreira, Má-
não participava do mundo das letras? Have- rio Linhares, barão de Studart e Sânzio de
ria, portanto, outras escritoras que lhe ante- Azevedo, mas ainda assim havia poucas
cederam? Teriam sido além de intelectuais, referências sobre as escritoras desse perí-
também atuantes nos movimentos sociais odo. Entre elas: Alba Valdez (1874-1962),
como, por exemplo, na causa abolicionista? a primeira mulher a ingressar na Academia
Quem teriam sido as pioneiras escritoras ce- Cearense de Letras, pioneira ao levantar a
arenses do século XIX ao início do século XX? bandeira do feminismo no estado ao ser
A nossa curiosidade é ainda maior se le- uma das fundadoras da Liga Feminista
varmos em consideração que “a Belle Épo- Cearense ainda em 1904; Francisca Clo-
que [no Ceará, de 1860 a 1930] foi sem dúvi- tilde (1862-1935), professora, poetisa, dra-
das a época de ouro da instituição literária, maturga, autora do romance A divorciada,
tanto no Brasil, como na Europa e em todo em 1904; as irmãs Henriqueta Galeno
o mundo, marcado pela influência cultural (1887-1964) e Júlia Galeno (1890-1978),
europeia”. (SEVCENKO, 1989, p.226) filhas do poeta Juvenal Galeno e Emília
Para responder a essas questões, bus- Freitas (1855- 1908), autora do romance A
camos em vão encontrar os seus nomes rainha do ignoto, em 1899.
nos compêndios Formação da Literatura Esses eram os nomes de escritoras ci-
Brasileira, de Antonio Candido, e História tados com maior recorrência nos estudos
Concisa da Literatura Brasileira, de Alfredo sobre a Literatura Cearense, mas não para-
Bosi. Diante dessa notória invisibilização mos neles, fomos mais além, descruzamos
histórica ou mesmo pelo desconhecimen- os braços da crítica e desbravamos arquivos
públicos, banco de dados de periódicos,
percorremos páginas e páginas das mais
CONFEITOS diferentes fontes bibliográficas para encon-
trar essas mulheres de mãos dadas com o
nosso passado literário.
Emília Freitas, nacionalmente Neste módulo, você irá conhecer um
projetada na contemporaneidade, pouco mais sobre essas escritoras que moti-
pela redescoberta do seu vam nossos estudos dentro e fora da acade-
romance A rainha do ignoto (1899), mia. Iremos discutir, na poesia e na prosa, o
produziu também poemas, alguns seu legado, além de refletir sobre a presença
publicados em jornais da época e a ausência de cada uma delas na literatura
e outros reunidos no livro e na historiografia cearense do século XIX e
Canções do lar (1891). início do século XX. Vem com a gente!

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2.
apagamento das produções artísticas
e científicas de autoria feminina com
o intuito de silenciá-las e invisibilizar suas
produções intelectuais. No Ceará, é possível
POETISAS verificarmos isso ao consultarmos os livros
de literatura e de história cearenses.
À MARGEM Para ilustrar essa discussão, citamos,
Fico feliz, as mulheres não estiveram assim por exemplo, os nomes das irmãs Amélia
tão ausentes do romance brasileiro, apenas de Alencar Mattos e Olga de Alencar Mat-
foram lançadas ao oblívio. Ainda surgirão tos que, ainda em 1902, editaram o jornal O
outras. No Ceará, terra de matriarcado, Astro, originário de Baturité e que anos de-
com heroínas, potentadas, guerreiras pois transferiu-se para Fortaleza. O periódi-
valentes, abolicionistas, haveria de haver co dirigido por mulheres foi editado durante
romancistas anteriores a Rachel de Queiroz. sete anos e ainda assim os nomes de suas
“Mas a rotina da educação provinciana, a dirigentes são completamente desconheci-
timidez, a resignação um tanto oriental do dos da história, da literatura e da imprensa
seu temperamento, tudo leva a negligenciar cearenses. O Astro é, em plena virada do sé-
o cultivo do espírito em proveito das culo, um valioso exemplo de afirmação
utilidades da feminilidade tradicional”, do poder de atuação das mulheres fora
como escreveu nosso poeta Antônio Sales, do ambiente doméstico e à frente de im-
citado no livro da professora Cecília Maria portantes estabelecimentos comerciais.
Cunha, Além do amor e das flores: primeiras Nesse sentido, foram os periódicos os
escritoras cearenses. principais meios de publicação para muitas
das escritoras brasileiras. O Ceará não foge
Ana Miranda, em “As nitio-abás a esta regra, sendo a poesia escolhida como
de antigamente” (O POVO) o gênero inicial da nossa formação literária
desde os Oiteiros, sendo naturalmente o
A literatura, e particularmente o jornalismo, pórtico também para o ingresso das primei-
foi o primeiro universo masculino a se ras mulheres na literatura cearense.
deixar invadir, estranhamente sem muitas Por exemplo, Úrsula Garcia (1864-
dificuldades, pelas mulheres. Certamente 1905), que além de poetisa, foi cronista,
as mulheres, sempre relegadas aos ofícios ensaísta e a primeira mulher nordestina
domésticos, eram consideradas inofensivas a fazer jornalismo político. Entre tantas
porque incapazes. Nesta perspectiva, a funções e cargos que ocupou, foi membro
linguagem “sutil e perfumada” seria o da Liga Feminina do Ceará, do Le Monde
melhor disfarce. Marche e da Oficina Literária Martins Júnior.
Anne Carrier Em 1902, fundou, juntamente com Amélia
Beviláqua – esposa do jurista Clóvis Bevi-
láqua –, a revista feminina O Lyrio. Sobre a
oje sabemos que não só no
autora, o escritor Dimas Macedo nos revela:
Ceará, mas em todo o mun-
Colaborou em jornais e revistas do Ceará e,
do, houve um apagamento
em Pernambuco, registrou assídua presen-
histórico do nome das es- ça nas páginas de O Lyrio, e ali publicou O
critoras. Para a pesquisado- livro de Bella, em 1901, segundo Raimun-
ra Constância Lima Duarte, do de Menezes, no seu Dicionário literário
este fenômeno se chama brasileiro (Rio, 2ª ed., 1978). Para Luís da
“memoricídio”. O termo é Câmara Cascudo, Úrsula Garcia foi “um es-
pírito tranquilo e doce, a exemplo das mo-
utilizado para se referir ao ças prendadas de outrora. Escreveu muito,

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mas sua produção está esparsa e ignorada.
Diversos artigos de política regional, de sua BOLACHINHAS MALACA
CHETAS
autoria, divulgados sem assinatura, eram
dados como pertencendo aos jornalistas
do tempo, tal a graça do retoque, a delica- Com os jornais, revistas e livros vindos
deza do estilo, a finura dos reparos e a força do estrangeiro ou mesmo publicados
convincente da argumentação”. A palestra “Memoricídio” foi proferida
no Brasil, mas com influência europeia,
durante o XVIII Seminário Internacional
Na obra História literária do Ceará, Mário os papéis destinados às mulheres
Mulher & Literatura, no dia 14 de agosto
Linhares nos conta que Úrsula Garcia “deixou ficaram restritos às funções familiares
de 2019, na Universidade Federal de
vultoso número de poesias publicadas em e domésticas, com o enaltecimento
Sergipe (UFS), campus São Cristóvão,
revistas e jornais, nas quais ressalta um su- da figura da “mãe”. O Ceará também
no auditório da Reitoria, com o subtítulo
ave sentimento lírico, uma requintada deli- tentou incorporar a cultura europeia.
“o apagamento da história das mulheres
cadeza de coração”. (LINHARES, 1948, p.106). A Fortaleza de 1860 a 1930 recebeu
na literatura e na imprensa”.
Dessa primeira geração de mulheres reformas urbanas com características
de letras, destacamos ainda nomes pouco francesas, período denominado de
conhecidos como o da poeta Abigail Sam- Belle Époque. A influência europeia
paio (1897-1990). Nascida em Paracuru (CE) não ficava apenas nas construções e
em 9 de dezembro de 1897, filha de Josué reformas de prédios, mas também nos
Assis Sampaio e Luiza Vieira Sampaio. Pu- costumes, na moda, na literatura e na
blicou o livro Luar de prata, em 1923, e não educação da burguesia fortalezense.
Luar de pátria como descrevem erronea-
mente alguns livros, como Evolução da poe-
sia e do romance Cearenses, de Artur Eduar-
do Benevides, e inúmeros sites da internet.
Luar de Prata foi traduzido e publicado em
espanhol, em 1929, no Uruguai. Em colabo-
ração com sua irmã Maria Sampaio publi-
cou Átomos e scentelhas (1928), Corolas de
cristal (versos) e Manacá. A poetisa colabo-
rou em diversos jornais e revistas do Brasil,
do Uruguai e da Argentina, e faleceu em 29
de novembro de 1990.
Maria Sampaio de Andrade (1888-
1975), irmã de Abigail Sampaio, nasceu
também em Paracuru (CE), no dia 7 de
janeiro de 1888. Seus poemas foram pu-
blicados em diversas revistas e periódicos
nacionais e internacionais. Casada com o
jornalista Claro de Andrade Júnior, tiveram
cinco filhos. A poetisa, além de coautora
do livro Átomos e scentelhas, publicou po-
emas em O malho, bem como nas revis-
tas Fon-Fon e Vida doméstica, do Rio de Ja-
neiro. A autora faleceu no ano de 1975 e foi
sepultada no distrito de Guaribas, em São
Gonçalo do Amarante (CE). O poema “Pa-
racuru”, a seguir, de Átomos e scentelhas, é
uma homenagem a sua terra natal:

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Volto ao fim de algum tempo a essa terra onde tive
Meu berço, e que tristeza e que mudança agora!... MALACA
Álacre
No seu regaço amigo e doce já não vive
Aquela mesma gente álacre e sã de outr’ora. CHETAS
Alegre, animada
O mesmo glauco mar, o mesmo céu embora! Ana Facó assinava com o pseudônimo
– Invólucro vazio – arrasada Ninive –
E numa compunção em que a alma se estertora,
“Nítia-Abá” que, em tupi-guarani,
Genuflexa a rezar por longo tempo estive. significa “ninguém”.

Miserére da dor em requiem de agonia


Mandei ao céu de além na asa da ventania, Entretanto, só conseguiu publicar o seu
Que passava também cantando uma oração.... livro de contos e os dois romances em for-
Contraste do que foste, eu vejo, em triste assomo, mato seriado de folhetins em jornais: Jornal
Que tu, terra infeliz, porém bendita, és como do Ceará (1907), como confirma Abelardo F.
Uma esfera sem luz perdida na amplidão. Montenegro em O romance cearense (1953)
A revista Vida doméstica, do Rio de Ja- (AZEVEDO, 1976, p. 208), e Minha palmató-
neiro (abr/1930), em uma breve resenha de ria, em A República (1899). Este, destinado
Átomos e scentelhas as apresenta: à educação moral de seus alunos, traz, em
tom humorístico, característico da produção
Maria e Abigail Sampaio são duas irmãs.
Ambas poetisas e de inspirado estro,
ficcional da autora, os modismos e esnobis-
como se pode ver pelos sonetos que se- mos da época, como o “afrancesamento” da
guem. Maria [...] não oculta nos Átomos alta sociedade fortalezense na Belle Époque.
os seus pendores parnasianos. É uma O conjunto de sua obra só saiu impres-
poetisa de talento. O melhor trabalho da so em formato livro entre 1937 e 1938, após
parte que lhe coube é o soneto “Árvore”. A
sua morte, por iniciativa de sua família.
sra. Abigail produziu parte de Scentelhas,
que se distingue por um tom de ingenui- As narrativas dos romances de Ana ver-
dade: pequeninos episódios sentimen- sam sobre histórias de “amor contrariado”.
tais, emoções panteístas, tudo numa A primeira, Nuvens, acontece no seio da
autêntica estilização acentuadamente mocidade da capital cearense, em plena
jeune-fille. É dela o soneto “Velhice”. Belle Époque, enquanto que Rapto jocoso
A este grupo de mulheres pioneiras, de- traz como cenário uma aldeia no interior
vemos trazer o nome de Ana Facó (1855- cearense – Beberibe (CE). Mais uma vez há o
1922). Professora, por profissão – atuou predomínio do tom divertido e até irônico da
como diretora do primeiro Grupo Escolar narrativa, privilegiando os diálogos repletos
de Fortaleza, em 1907, lá atuando até apo- – com certo excesso de tratamento proposi-
sentar-se em 1913 –, a escritora, por sua tal de linguagem – de expressões e provér-
vez, colaborou bem menos nos periódicos, bios populares, uma marca das produções
mas em compensação, redigiu mais livros regionalistas. Os costumes da época, como
do que as demais escritoras de sua época. bailes, brincadeiras e casamentos matutos
São eles: Rapto jocoso: romance popular são cuidadosamente descritos, ao passo que
histórico (1937) e Nuvens, ambos roman- as personagens são construídas nitidamen-
ces, Minha palmatória (1906), contos edu- te enraizadas na realidade cearense com o
cativos, Comédias e cançonetas, inventário predomínio da análise psicológica de suas
de peça teatrais, Páginas íntimas (1938), protagonistas. A ação do romance é rápida,
memórias, e Poesias, entre outros – como, o que é uma novidade para a época, e pre-
No bonde, também de poesias, e textos dominam o humor e as cenas pitorescas que
dispersos em outros periódicos. tornam ainda mais leve e agradável a leitura.

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BOLACHINHAS Emancipam-se os escravos
E a mulher escrava jaz, PASSANDO
Ângela Barros Leal atesta que o
Sem que seja discutida
Sua escravidão mantida A LIMPO
Por quem dela mui se apraz,
poema “Alnira”, da primeira parte Qual não crendo que haver possa
de Poesias, foi encenado em quase Em Dicionário de literatura cearense de
Mulher livre e doce paz.
todas as escolas cearenses, mesmo [...]
Raimundo Girão e Maria da Conceição
depois da morte da autora. Negar-lhe toda a ciência, Sousa, na Cronologia da cultura cearense
E até seu próprio dever de Silva Nobre e no importante Dicionário
Não lhe ensinas. Mas se um dia crítico de escritoras brasileiras de Nelly
Cede ingênua, sem porfia,
MALACA Às seduções do teu ser,
Novaes Coelho o nome da poetisa
cearense foi erroneamente grafado
CHETAS No lamaçal da miséria
Sacudida vai gemer. como Antonieta Sampaio e não como
Antônia. Somente ao encontrar o raro
Cecília Cunha conclui que “[...] Ana Facó exemplar de Relíquias do coração, na
O Romantismo aliado ao
pode ser considerada como a autora que biblioteca da Universidade de Fortaleza,
compromisso social de Victor
mais insiste em abordar aspectos da é que a pesquisadora Carla Castro
Hugo era o modelo literário
vida feminina em seus escritos.” descobriu a grafia correta de seu nome.
preferido por Ana Facó, que
Por último, gostaríamos ainda de incluir
mantinha em sua sala, em
no hall das escritoras cearenses pioneiras
destaque, um retrato do escritor.
Antônia Sampaio Fontes (1884-1963). Esperamos, ao apresentar essas escrito-
Nascida em Baturité, em 24 de fevereiro de ras ao público leitor, dar voz a elas, artistas
1884, filha de Antônio Jardim e Maria Sam- que tiveram significativa participação no
Geraldina Amaral, biógrafa e ex-aluna
paio Jardim. Casou-se com Israel Pinheiro enriquecimento cultural, educacional e in-
de Ana Facó, diz sobre seus romances (jor-
Fontes, fugindo da seca foi com o esposo telectual cearense e que não devem jamais
nal Âncora, em 1952): “[...] deu um aspecto
para o Acre, voltando para o Ceará anos de- ser silenciadas pelo esquecimento da crítica.
cuidadoso, principalmente no que se refe-
pois. O casal teve seis filhos. A poetisa fale- Conhecê-las é oportunizar também o en-
re à forma, à linguagem; e não se esqueceu
ceu no dia 2 de março de 1963. Seus poemas contro com novos mananciais, estabelecer
ela que a fabulação também deve preocu-
foram reunidos e publicados postumamen- diálogos com o cânone, criar bases para fu-
par a artista. Não se impressionou apenas
te por seu neto Eduardo Fontes, em dois li- turas pesquisas. Ansiamos também que você
com a plástica, burilando a palavra, mas
vros Relíquias do coração e Samambaia. tenha ainda mais curiosidade em conhecer
com a concepção, com o processo mental
A seguir, o poema “Rosas” de Antônia as mulheres que escreveram e escrevem em
que daria corpo e alma às personagens,
Sampaio Fonte, publicado em A Razão (1930): sua cidade, em seu estado, em seu país.
saliência e cor aos fatos e coisas.”
Mas se esta seção se dedica a falar das Já desfralda a flâmula da Aliança!
poetisas cearenses, não podemos dei- O céu se abre e mãos cadenciosas
Jogam do Além, em profusão mil rosas,
xar de incluir aqui a obra poética de Ana Por sobre vós, ó bravos da esperança!
Facó: Poesias (1937). A pesquisadora Cecí-
lia Cunha nos descreve que o livro é “com- Rosas de amor, de fé, perseverança,
Da cor do sangue, ó almas valorosas!
posto de três partes: o lar, o jardim, mãe e
Avante pois, que as lindas perfumosas,
a filha. O início é bastante descritivo do lar Sirvam de glória a paz que já se alcança.
onde moram mãe e filha, pois o pai está
Rosas no peito e rosas nas granadas,
morto. O ponto central [...] é a descoberta
Rosas no mar e ao longe das estradas,
do amor de Alnira: o sofrimento e depois a Rosas no altar da Pátria que estremece!
felicidade.” (CUNHA, 2008, p. 207). Rosas do Azul que vêm de João Pessoa,
Para aguçar ainda mais a sua curiosida- Que despertando, em rosas abençoa
de sobre a autora, o poema “A mulher”: Esse raiar de sol que resplandece!

CURSO literatura cearense 55


3.
ANNA NOGUEIRA BAPTISTA
E A PARTICIPAÇÃO FEMININA
NA PADARIA ESPIRITUAL
Eu não sei que tristeza indefinida
Traz-me um luar assim... Ave erradia,
em um misto de dor e de alegria,
voa minh’alma em busca d’outra vida.
Anna Nogueira Baptista, em “Ao luar”,
Almanach de Pernambuco (1930)

Padaria Espiritual foi uma


agremiação literária ideali-
zada pelo irrequieto escritor
Antônio Sales. Falaremos
mais sobre ela no próximo
módulo, mas, por ora, o
que importa é que em seu
“Programa de Instalação”,
uma espécie de Estatuto,
dizia que a Padaria era uma
“sociedade de rapazes de letras e artes”.
Entretanto, em seu periódico, intitulado O
Pão, encontramos dois poemas da escrito-
ra Anna Nogueira Baptista (1870-1967). O
primeiro deles, “No templo” (30 de setem-
bro de 1896, ed. 34, ano III, pg. 6), sugere
uma prece a Nossa Senhora, pedindo a aju-
da para as ternas mães e noivas amorosas.
Nesta suave hora de sol posto
Nossa Senhora, a boa Mãe Clemente,
Sorri p’ra nós do trono seu fulgente
Cheia de amor e de inefável gosto.

Ela, consolação, arrimo, encosto


Dos que na vida lutam tristemente,
Abre o seu coração bondosamente
E carinhosa inclina o meigo rosto.

Recebe as orações dos desgraçados,


As mansas preces dos afortunados,
De onde resumam doces contrições...

Ouve as sentidas queixas piedosas


Das tenras mães e noivas amorosas
Que põem nela os frágeis corações...

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A autora parecia prenunciar o desas- (29 de setembro de 1897), quando da distri-
tre pessoal que haveria de acometê-la três buição de Dolentes, de Lívio Barreto, e em O
anos depois da publicação. Pois, casada Pará (4 de janeiro de 1899 – a sessão havia
com o poeta Manoel Sabino Baptista, a es- sido realizada em 20 de dezembro de 1898),
critora ficaria viúva três anos depois, após onde, ao lado de Rodolfo Teófilo, Walter Ca-
uma doença que duraria oito dias. Anna, valcanti, Arthur Teófilo e Antônio de Castro,
mãe de dois filhos e esperando um terceiro ela declama “Ele passou” (versos).
se viu de uma hora para outra precisando se E quem seria essa única mulher a per-
valer da sua própria fé e do trabalho como filar entre os padeiros da Padaria Espiritu-
professora para o sustento da família. al? Nascida em Icó em 22 de outubro de
O segundo poema publicado n’ O Pão 1870, a autora desde cedo dedicou-se aos
(31 de outubro de 1896, ed. 36, Ano III, pág. 8) estudos de francês e à produção poética.
se intitula Vita nuova (“A dor é como coruja/ O jornal Libertador (13.12.1886) estampou
Não gosta de claridade.”). Essa foi a última o seu poema “Não sei cantar” quando ela
edição do periódico. Em nossas pesquisas tinha apenas 16 anos.
evidenciamos que a colaboração de Anna Sua colaboração em periódicos foi
Nogueira Baptista vai além dessas publica- muito expressiva assinando sonetos, mas
ções, como podemos perceber nos jornais surpreendentemente também assinando
que descrevem as fornadas da Padaria em traduções de poetas franceses, como Paul
que a escritora também participava e é cita- Verlaine, François Coppée e Sully Prudhom-
da entre os presentes, como em A República me. Transferindo-se para Fortaleza, parti-
cipou de rodas literárias e colaborou com
periódicos locais, como Libertador, Consti-
tuição, A República, O Domingo, O Repórter, A
Evolução (jornais), A Quinzena e Almanaque
do Ceará (revistas). Encontramos registros
de publicações em outros estados, como
Pernambuco, Rio de Janeiro e Maranhão.
Em 1896, Anna casou-se com Sabino Bap-
tista, o “Sátiro Alegrete” da Padaria Espiritu-
al. Em 1899, o casal decidiu viver em Belém
do Pará. Sabino, a fim de fazer os prepara-
tivos de chegada da família, parte sozinho
e quando retorna da sua viagem é acome-
tido pela varíola, vindo a falecer no dia 16
de agosto de 1899. No ano seguinte, Anna
passa a viver com a sua irmã em Recife, de
onde colabora com a revista O Lyrio. Apenas
aos 94 anos de idade, seus netos e bisnetos
se reuniram para publicar Versos, sua única
obra publicada em vida. Dois anos depois,
Anna Nogueira falece no Rio de Janeiro.

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4.
A INVISIBILIDADE
DA PROSA CEARENSE
DE AUTORIA FEMININA
os séculos XIX e início do intelectualidade feminina tomou um impul-
século XX, no Ceará, houve so maior no Brasil. Destacam-se na escola
vozes femininas que en- romântica cearense as seguintes escritoras:
frentaram a sociedade con- Serafina Pontes, Ana Facó, Emília Frei-
servadora, época em que tas e Francisca Clotilde. Observa-se que
somente os homens pode- a partir de 1870, com o fortalecimento da
riam se destacar tanto nas imprensa, as mulheres puderam participar
letras como na educação. desse universo literário. Entretanto, a par-
Algumas mulheres tiveram ticipação feminina ainda era tímida, com
coragem de participar des- receio de represálias da sociedade, na qual
te universo masculino, umas obtiveram dominava a opinião masculina.
apoio da família, outras, ao contrário, tive-
ram que romper com ela e com os valores
religiosos e sociais para buscarem seu so-
nho de liberdade. E muitas, naturalmente,
sofreram por causa destas rupturas.
É a partir dos meados do século XIX, no
movimento literário do Romantismo, que
passamos a ter a presença de mulheres
atuando nesse território masculino, mas
ainda timidamente. Contudo, com o ad-
vento do Realismo e do Naturalismo e do
espírito cientificista dessa escola literária, a

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Em 1887 é criado o Clube Literário. Dois
meses depois, surge a revista A Quinzena. A SABATINA Porém, é com a revista mensal A Estrela que
sua colaboração será mais profícua, atu-
participação feminina em A Quinzena veio ando durante os 15 anos de existência do
a partir do seu terceiro número, com Fran- Francisca Clotilde também escreveu periódico, conforme veremos mais a seguir.
cisca Clotilde, educadora da Escola Nor- um livro de contos, publicado em Em 30 maio de 1892 foi fundada, em
mal do Ceará, publica “A Educação moral 1897, sob o título Coleção de contos. Fortaleza, a agremiação literária Padaria
das crianças na escola”. Em julho do ano Nele permanece o predomínio dos Espiritual, que passou a ser conhecida na-
seguinte, Francisca Clotilde lançaria com o moldes românticos que percorreu toda cionalmente devido à original fanfarrice do
seu companheiro, o capitão Antônio Duar- a sua produção literária. Em sua obra seu “Programa de Instalação”. Contudo, sem
te Bezerra, e um outro colega, o semanário mais popular, o romance A divorciada participação feminina, era uma academia
científico, literário e noticioso A Evolução, (1902), apesar do título parecer uma voltada para os homens das letras, com ex-
que duraria até 1889. evocação à luta feminista, a obra em ceção da presença de dois poemas de Anna
Entretanto, apesar da autora assinar nada levanta bandeiras de ativismos Nogueira em seu periódico O Pão. Paralela-
grande parte dos textos, o seu nome não políticos, tampouco traz características mente à Padaria Espiritual, surge na capital
consta na primeira página do periódico. da escola literária realista. da província mais um grupo com manifesta-
Aliás, ela aparece, às vezes e mais discre- Aproveite e faça a sua leitura deste ções literárias, o Centro Literário, em 1894,
tamente, como “colega de redação”, como clássico. Comprove, reflita, discorde, que publicou a revista Iracema. O Centro
constatamos em A Evolução de 19.12.1888. critique. Ele está disponível na permaneceu por dez anos, vindo a desapa-
Ainda em 1888, o nome de F. Clotilde é Biblioteca Virtual do seu Ambiente recer em 1904. Apesar da grande atuação
incluído, com destaque desta vez, no grupo Virtual de Aprendizagem (AVA). literária, há apenas uma participação femi-
dos colaboradores da revista O Domingo. nina no Centro Literário, a de Alba Valdez.

CURSO literatura cearense 59


BOLACHINHAS fase, com a exclusão de Alba, não há partici-
pação de mulheres nem como sócias e nem MALACA
como patronas, o que só voltaria a aconte- CHETAS
Maria Rodrigues Peixe, a “Alba cer em 1937, com o seu retorno ao quadro.
Valdez”, ingressou a primeira vez na No ano de 1905 algumas agremiações
Heloísa Buarque de Holanda constata
Academia em 1922, na Cadeira nº ainda atuavam, apesar da pouca produ-
que “A primeira agremiação literária
8, foi retirada em 1930, em outra ção. Tem-se, no entanto, participação fe-
feminina de que se tem notícia foi a
reforma, e reingressou em 1937 minina no Almanach do Ceará com os so-
Liga Feminista Cearense, fundada
na cadeira nº 22. Antônio Sales netos “Manhã no campo” de Josefa Forte e
em 1904 por Alba Valdez, identificada
a apresenta como “a pena mais “Ninho desfeito” de Francisca Clotilde. Em
no meio literário como defensora do
aprimorada que tem produzido a relação à prosa, há “Fragmentos de meu
direito da ascensão cultural, econômica
mentalidade feminina.” livro de impressões”, de Adília de Luna
e política para mulheres.”
Freire, nome de matrimônio de Adília de
Albuquerque Moraes.
Ainda no ano de 1894, período de uma Naquele período, a revista A Estrela é
forte produção literária em Fortaleza, tem- considerada o meio impresso que mais
-se a implantação da Academia Cearense, permaneceu em circulação no Ceará, de
em 15 de agosto. Essa associação teve algu- 1906 a 1921, sendo organizada apenas por
mas fases. Na primeira, era constituída por mulheres. Inicialmente, por Antonieta Clotil-
trinta sócios e durou até 17 de julho de 1922. de, filha de Francisca Clotilde, e Carmen Tau-
Em sua primeira fase criou uma revista lite- maturgo, em Baturité (CE). Depois, com a mu-
rária, de 1896 a 1914, intitulada Revista da dança de Francisca Clotilde e a família para
Academia Cearense. A Academia teve sua Aracati, a revista ficou sob os cuidados de An-
segunda fase de 1922 até 1930. O número tonieta e Francisca Clotilde. Destacaram-se
de associados foi elevado para quarenta, nos meados do século XIX na escrita feminina
incluindo Alba Valdez, sendo ela a primeira na prosa: Alba Valdez, com o livro de crôni-
participação feminina da agremiação. A cas Em Sonho... (fantasias), Francisca Clotil-
terceira fase da Academia se inicia em 1930, de, com o romance A divorciada, Emília Frei-
também com quarenta membros. Nessa tas com A rainha do ignoto e Ana Facó, com
os romances Rapto jocoso e Nuvens.
Conheça mais sobre estas escritoras e
suas obras no material complementar deste
módulo, disponível na Biblioteca Virtual do
seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

60 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


5.
A VIDA SOCIAL, POLÍTICA
E LITERÁRIA DAS PIONEIRAS
obre a presença feminina na cena Em 1904, fundou a primeira “associação de
pública, somente algumas escri- letras”4 feminina: a Liga Feminista Cea-
toras tentaram ingressar nos no- rense com a ajuda, por exemplo, das irmãs
vos grêmios literários que se mul- Alencar e de Adília de Luna Freire. Como ve-
tiplicaram, a partir de 1875, em mos, o pioneirismo da escritora não foi so-
Fortaleza. No século XIX, somente mente na literatura, mas também nas áreas
Francisca Clotilde pertenceu ao da educação e do jornalismo onde colabo-
Clube Literário (1887-1888). No rou escrevendo para jornais e revistas, em
século XX, foi a vez de Alba Val- Fortaleza, e em outras cidades do Brasil.
dez firmar presença em diversas agremia- Há quem diga que ela serviu até de inspi-
ções, sendo em algumas delas pioneira: foi ração ao pintor Raimundo Cela (1890-1954)
sócia do Centro Literário a partir de 19001, para a imagem feminina da Liberdade no
da Sociedade de História e Geografia do célebre painel “Abolição dos Escravos” de
Ceará2, em 1911, e foi a primeira mulher a 1938, fato lembrado no discurso de posse
pertencer a Academia Cearense de Letras3. de Eduardo Campos (1923-2007), em 1963,
na cadeira de número 22 que havia perten-
1 Criado em 1894, o Centro sofreu nessa cido à Alba Valdez na Academia Cearense
data uma grande reorganização, ingressando
de Letras. Durante a primeira guerra mun-
37 novos membros.
2 Ela ingressará no Instituto do Ceará somente dial, Alba Valdez foi a primeira secretária da
em 1936, ocupando a cadeira antes pertencente Cruz Vermelha Cearense, em 1918, enquan-
à Júlia Leão de Vasconcelos to Henriqueta Galeno foi uma de suas nu-
3 Quando a Academia Cearense de Letras passou merosas diretoras.
por uma reorganização em 1930, a escritora foi
retirada por ser “considerada da velha guarda”, Fortaleza: ed. Henriqueta Galeno, 1971, p. 487.
segundo Olga Monte Barroso, em seu livro Somente em 1953, foi reintegrada na agremiação.
Mulheres do Brasil: pensamento e ação, vol.2, 4 A República, 24.06.1904, p.2.

CURSO literatura cearense 61


Por falar em Henriqueta Galeno, em Os abusos da oligarquia acciolina é um
1919 foi a vez da escritora protagonizar um caso à parte de repercussão nas letras cea-
círculo literário na sociedade cearense da renses. Coube à Francisca Clotilde a reação
época em que pudessem também partici- feminina contra os desmandos do governa-
par as mulheres escritoras. Assim, nascia dor Nogueira Acioli que, à imagem das For-
o Salão Juvenal Galeno, que tinha, entre talezenses reunidas em dezembro de 1911
seus objetivos, divulgar o trabalho artístico- numa Liga Feminina Pró-Ceará Livre, fez
-literário do seu pai, o poeta Juvenal Ga- campanha em Aracati para o candidato da
leno, e reunir a intelectualidade cearense. oposição, Franco Rabelo, escrevendo arti-
O Salão, hoje Casa de Juvenal Galeno, gos na Folha do Comércio (1912).
prossegue em atividades até os dias atuais, Sobre a causa feminista existem muitas
sendo o equipamento cultural mais antigo contradições das mulheres de letras, que
em exercício no estado. em geral não assumem uma posição clara,
Em 1902, as irmãs Alencar fundariam, seja no direito de trabalhar, de votar ou de
em Baturité, o periódico O Astro do qual fa-
lamos anteriormente.
Na causa abolicionista, os nomes das
escritoras Emília Freitas – reconhecida
como a “poetisa dos escravos” – e Fran-
cisca Clotilde são os que mais se desta-
cam. Em janeiro e março de 1883, Emília
Freitas pronunciou diversos discursos para
a recém-criada sociedade abolicionista
feminina Cearenses Libertadoras, sob o
comando de Mária Tomásia. Além disso em
seu romance A rainha do ignoto, a escrito-
ra também denunciava a escravidão, além
da causa republicana e do espiritismo. En-
quanto isso, Francisca Clotilde publicava
no principal órgão abolicionista, Liberta-
dor, diversos poemas saudando a abolição
dos escravizados no Ceará. Participaram
também dessa causa, escritoras como
Serafina Pontes e Ignácia de Mattos Dias.

62 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Gildênia Moura de Araújo.
se divorciar. A exceção é, sem dúvida, Ana
Facó que em Páginas íntimas, escrito an-
CONCLUSÃO Mulheres beletristas e educadoras:
Francisca Clotilde na sociedade cearense
tes de 1915, mas publicado apenas após a Cursista, lacunas devem ter ficado nesse
– de 1862 a 1935. Tese (Doutorado em
morte da autora, como já dissemos, recla- trabalho, contudo o lado positivo de uma Educação). Fortaleza: Universidade
ma da falta de oportunidades de trabalho pesquisa é isso: nunca tem fim, passando Federal do Ceará (UFC), 2012, 356f.
e de vida para a mulher, da desigualdade de uma mão para outra. Cada ponto que ___________. A Divorciada de Francisca
entre os sexos e do homem, que “fez da não pôde ser desvendado por completo, ou Clotilde. In: SILVA, Fernanda M. D.
mulher fonte sedutora de suas distrações algo que ficou nas entrelinhas, remete-nos a da e MENEZES, Jailene de A. (orgs.).
novos estudos. Assim, todo trabalho de um Escritores cearenses: múltiplos olhares.
e deu-lhe para campo de suas ações o Fortaleza: Premius, 2013. p.21-37. ISBN:
lar, somente o lar”. Ela termina saudando pesquisador está sujeito a outros estudos,
978-85-7924-283-0
a abertura do mercado do trabalho para pesquisas e descobertas. Claro, evitando-se
os “achismos” e “ouvi dizer”, embasados no ______________. A destemida Francisca
a mulher, que, neste início de século XX, Clotilde. In: ANDRADE, Francisco A. et al
“felizmente (...) já vai competindo com o cotejamento, análise e reflexão de boas fon-
(orgs.). Mulheres e histórias: sedução por
homem em grande número de empregos”. tes, mesmo que contraditórias. saberes e ações. Curitiba, PR: Editora CRV,
Contudo, podemos afirmar que essas 2016, p. 191-198. ISBN: 978-85-444-1179-7
mulheres ousaram e não se amedronta- AZEVEDO, Sânzio de. Literatura
ram em enfrentar uma sociedade conser- Cearense. Fortaleza: Academia Cearense
vadora, patriarcalista e patrimonialista. de Letras, 1976.
Elas contribuíram para uma nova realida- BARREIRA, Dolor. História da Literatura
de feminina no solo cearense, com direito Cearense. Fortaleza: Editora Instituto do
à participação e atuação em um universo Ceará, 1948 (1º e 2º Tomos).
tão considerado masculino: a intelectua- BITTENCOURT, Adalzira. Dicionário bio-
lidade. Esperamos que, com este módulo, bibliográfico de mulheres ilustres,
tenhamos despertado os leitores a futuras notáveis e intelectuais do Brasil
(ilustrado). Volume 1. Rio de Janeiro:
investigações, pois no universo do gêne- Editora Pongetti, 1969.
ro feminino, no meio da intelectualidade,
CASTRO, Carla. Resquícios de
tanto na literatura como nas demais artes,
memórias: dicionário biobibliográfico de
ainda há muito para ser estudado. escritoras e ilustres cearenses do século
XIX. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2019.
CUNHA, Cecília. Além do amor e das flores:
primeiras escritoras cearenses. Fortaleza:
Expressão Gráfica e Editora, 2008.
GIRÃO, Raimundo; SOUSA, Maria da
Conceição. Dicionário de Literatura
Cearense. Fortaleza: Imprensa Oficial do
Estado, 1987.
GIRÃO. Valdelice Carneiro. Bibliografia
Cearense séculos XIX e XX – 1º Volume
(1825-1930). Fortaleza: ABC Editora, 2001.
LINHARES, MÁRIO. História Literária
do Ceará. Rio de Janeiro: Jornal do
Comércio/Rodrigues & Cia, 1948.
MACEDO, Dimas. Literatura Feminina
Cearense – Introdução. Disponível
em: http://dimasmacedo.blogspot.
com/2012/08/literatura-feminina-
cearense-introducao.html.

CURSO literatura cearense 63


AUTORAS
Este curso é parte integrante do programa
Circuito de Artes e Juventudes 2019, Pronac nº 190198,
processo nº 01400.000464/2019-94, em parceria com a
Gildênia Moura Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania.

Graduada em Letras (UFC) e Pedagogia (Unip), FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)


com especialização em Literatura (Uece), detém João Dummar Neto Presidente
mestrado em Letras (UFC), doutorado em Educação André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro
(UFC) e pós-doc em História da Educação (UFPB). Marcos Tardin Gerente Geral
Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos
Professora (aposentada) da Rede Pública Municipal
Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes
de Maracanaú e da Rede Estadual do Ceará (Seduc- e Fabrícia Góis Analistas de Projetos
Crede 1), atuando na célula de formação de
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
professores. Tutora da Universidade Aberta do Brasil Viviane Pereira Gerente Pedagógica
(UAB), UFC Virtual e Uece-EaD. Integra a Academia Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos
Maracanauense de Letras (AML), cadeira nº 14, cuja Joel Bruno Designer Educacional
patrona é a escritora Francisca Clotilde. CURSO LITERATURA CEARENSE
Raymundo Netto Coordenador Geral,
Carla Castro Editorial e Estabelecimento de Texto
Graduada em Pedagogia, Letras/Português e Direito, Lílian Martins Coordenadora de Conteúdo
Emanuela Fernandes Assistente Editorial
é especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico
Brasileira. Cursa o mestrado em Literatura Comparada Miqueias Mesquita Diagramador
na UFC, onde investiga a Literatura de autoria feminina Carlus Campos Ilustrador
cearense do século XIX. É autora de A Vida em Versos e Luísa Duavy Produtora
Resquícios de Memórias: dicionário biobibliográfico de ISBN: 978-65-86094-22-0 (Coleção)
escritoras e ilustres cearenses do século dezenove. ISBN: 978-65-86094-26-8 (Fascículo 4)

ILUSTRADOR
Carlus Campos
Artista gráfico, pintor e gravador, começou a carreira
em 1987 como ilustrador no jornal O POVO. Na
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