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ACIMA DE

Como Ensinar
DOIS
MILHÕES JÁ
VENDIDOS

Revisada
e

Seu
atualizada

Bebê a

Ler
A S U A V E R E V O L U Ç Ã O

• Glenn Doman •
Este é o livro que por quase meio século tem
aproximado as mães de seus bebês. É o primeiro da
série Suave Revolução e é um dos mais vendidos
internacionalmente.
Traduzido em mais de 18 línguas, já foi lido por
mães de todo o mundo. Estas mães tiveram a imensa
satisfação de ensinar os seus filhos dando-lhes a
importante dádiva da alfabetização.
“ Não é verdade que, se um grupo de pessoas
adquiriu conhecimento especial e talvez vital sobre
os bebês do mundo, propositalmente ou por acaso,
essas pessoas, gostem ou não, têm, de fato, uma
obrigação para com todas as crianças do mundo?

É óbvio que a resposta a essa pergunta é “Sim,


temos uma obrigação especial para com todas as
crianças do mundo”.

Nossa obrigação para com cada criança no mundo


é dizer à sua mãe o que aprendemos para que ela
decida com seu marido o que, se for o caso, gostaria
de fazer a respeito.

Glenn Doman

Este ebook não é uma versão oficial do livro e foi


produzido baseado na 2ª edição de “Como Ensinar Seu
Bebê a Ler” de Glenn Doman, publicado no Brasil pela
editora “Arte e Ofícios”.
Se você gostar do conteúdo, compre o livro impresso
e ajude a transmitir o conhecimento!
SOBRE O LIVRO
Escrito para pais, este livro
fascinante representa uma ideia
revolucionária: as crianças são
muito mais inteligentes do que
sonhamos. De fato, temos
desperdiçado os anos mais
importantes da vida de nossos
filhos, impedindo-os de aprender o
máximo possível, num período em
que é muito fácil para eles absorver
novos conhecimentos.
A leitura, diz o autor, não é uma
disciplina como a geografia, mas
função cerebral como visão ou
audição. Ele demonstra claramente,
ilustrando com fascinantes casos,
como é fácil ensinar uma criança
pequena a ler — e que considerável
benefício a leitura antecipada
representa para a mãe e para a
criança.
Glenn Doman, que foi
extremamente bem sucedido em
fazer crianças de cérebro lesado se
tornarem normais, descobriu que
estamos desperdiçando nossos
cérebros — e principalmente o de
nossos fihos — em larga escala.
Seu longo e minucioso estudo sobre
o crescimento da criança nos deu
provas dramáticas de que temos
subestimado sua capacidade e o
quanto são capazes de aprender
enquanto se divertem.
O tempo todo, o autor enfatiza que
este deve ser um processo alegre.
De fato, como mostra este livro
inspirador, aprender a ler não é
uma obrigação para os bebês ou
suas mães. É uma experiência rica
em alegria, diversão, realização e
orgulho. E, finalmente, abre mais
um maravilhoso caminho na longa
busca da maturidade plena.
Como Ensinar
Seu Bebê a Ler
A S U A V E R E V O L U Ç Ã O

Glenn Doman

TRADUÇÃO DE LOURDES VÉRAS NORTON


obras do autor

The Gentle Revolution Series

n Como Ensinar Seu Bebê a Ler

n O Que Fazer Pela Criança de Cérebro Lesado

n Como Multiplicar a Inteligência do Seu Bebê

n Como Dar Conhecimento Enciclopédico a Seu


Bebê (ainda não traduzido para o português)

n Ensine Matemática ao Bebê (ainda não traduzi-


do para o português)

n Como Ensinar Seu Bebê a Ser Fisicamente


Superior (ainda não traduzido para o portu-
guês).

Livros infantis

n Nose is Not Toes (não traduzido para o portu-


guês)
Este livro é respeitosamente
dedicado a minha esposa, Hazel
Doman, que, através das mães, tem
ensinado centenas de crianças de
cérebro lesado de um, dois e três
anos a gostar de ler.
É também dedicado a quatro
homens que, cada um a seu modo,
tornaram este trabalho e este livro
possíveis:
Samuel Henshaw
A. Vinton Clarke
Temple Fay
Jay Cooke
Eles deixaram pegadas de
gigantes pelos caminhos trilhados
pelo mundo e marcas profundas em
nosso cérebros e corações.
Sumário

Comunicação Especial do Autor 7


Introdução 9
Nota aos Pais 23

1. os fatos e Tomás 25
2. crianças pequenas querem aprender a ler 37
3. crianças pequenas podem aprender a ler 51
4. crianças pequenas estão aprendendo a ler 77
5. crianças pequenas devem aprender a ler 89
6. quem tem problemas, leitores ou não leitores 101
7. como ensinar seu bebê a ler 115
8. a idade perfeita para começar 165
9. o que dizem as mães 197
10. sobre alegria 219

Agradecimentos 233
Sobre o autor 237
comunicação especial
do autor sobre a nova
edição

Este livro viu a luz do dia pela primeira vez em


1964. Desde então dois milhões de cópias já foram
vendidas em vinte idiomas e outras estão a caminho.
Todas as coisas que dissemos na edição original, nos
parecem tão verdadeiras hoje quanto há vinte e sete
anos atrás.
Somente uma coisa mudou.
Atualmente há dezenas de milhares de crianças, de
bebês até jovens adultos que aprenderam a ler em
tenra idade por causa deste livro. Como consequência,
mais de cem mil mães escreveram para nos contar das
suas alegrias, emoções e prazer que sentiram ao
ensinar seus filhos a ler. Elas descreveram suas
vitórias e inovações e fizeram perguntas bastante
profundas.
Estas cem mil cartas representam uma coletânea de
saber inestimável e ideias luminosas a respeito de
crianças de pouca idade.
Elas também constituem a maior evidência em toda
a história do mundo de que crianças pequenas podem
aprender a ler, devem aprender a ler, estão aprendendo
a ler e acima de tudo, o que acontece quando elas vão
para a escola e o que ocorre depois que crescem.
Este precioso tesouro de conhecimentos é o que
torna esta nova edição não só importante, mas vital
8 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
para a nova geração de pais, cuja prioridade é a vida
de seus filhos.
O sétimo capítulo foi substancialmente modificado,
não para negar quaisquer dos princípios abordados
anteriormente, mas para aprimorá-los à luz da vasta
experiência que cem mil pais tiveram usando estes
princípios.
O oitavo capítulo é inteiramente novo e explica em
detalhes como iniciar a criança nas diferentes fases,
ou seja: recém-nascido, bebezinho, bebê e criança
pequena. Nele são apresentados pontos negativos e
positivos de cada uma dessas idades e como tirar
proveito das vantagens ao lidar com as desvantagens.
O nono capítulo também é inteiramente novo e é a
resposta às duas perguntas comumente feitas sobre o
ensino da leitura a bebês.

n 1. “O que acontece quando eles vão para a escola?”


n 2. “O que acontece com eles quando crescem?”
A maior parte dos pais faz estas perguntas
alegremente. Alguns poucos a fazem
preocupadamente. Aí estão as respostas, dadas pelos
próprios pais. Eles não estão falando de crianças
teóricas (que são a paixão dos profissionais), mas
lidando com oportunidades reais, dadas a crianças de
verdade, por magníficos pais de verdade.
Se depois de todo esse tempo e toda essa riqueza de
experiências um pai ainda precisar de um conselho,
em poucas palavras eu lhe direi:
Vá com alegria, siga o vento e não teste.
introdução

Começar um projeto de pesquisa clinica é como


pegar um trem com destino desconhecido. É cheio de
mistério e emoção, pois você nunca sabe se terá uma
cabine ou se irá na terceira classe, se o trem tem
restaurante ou não, se a viagem lhe custará pouco ou
todo o dinheiro que você possui, e, além do mais, se
você chegará ao seu destino ou a algum lugar exótico
que nunca sonhou conhecer.
Quando os membros da nossa equipe tomaram esse
trem, nas várias estações, esperávamos que nosso
destino fosse aperfeiçoar o tratamento de crianças com
graves lesões cerebrais. Nenhum de nós sonhou que,
se atingíssemos o objetivo, iríamos permanecer no
trem até chegar a um lugar onde as crianças lesadas
pudessem tomar-Se superiores às crianças normais.
A viagem já vai lá pelos vinte anos e as
acomodações são de terceira classe, o carro
restaurante tem servido sanduíches, noite após noite,
as três horas da manhã, na maioria das vezes. As
passagens custaram todos os nossos recursos. Alguns
de nós não viveram o bastante para terminar a viagem
— e nenhum de nós a perderia, por nada neste mundo.
Tem sido uma viagem fascinante.
A lista inicial de passageiros incluía um
neurocirurgião, um fisiatra (médico altamente
graduado com especialização em medicina física e
reabilitação), um fisioterapeuta, um psicólogo, um
educador, uma fonoaudióloga e uma enfermeira.
10 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Agora somos mais de cem, com diversos tipos de


especialidades adicionais.
O pequeno grupo havia sido formado
principalmente porque cada um de nós tinha sido
responsável por alguma fase do tratamento de
crianças com graves lesões cerebrais — e cada um de
nós estava fracassando individualmente.
Se você for escolher um campo criativo para
trabalhar, será difícil achar um com mais
possibilidades de progresso do que aquele em que o
fracasso tenha sido de cem por cento e o sucesso nulo.
Quando começamos o nosso trabalho há vinte anos
atrás, nenhum de nós havia ouvido falar, ou visto,
uma simples criança de cérebro lesado que tivesse
ficado boa.
O grupo que se formou a partir de nossos fracassos
individuais hoje seria chamado de time de reabilitação.
Naquele tempo, tão distante, nenhum desses termos
estava em moda e não nos considerávamos tão
importantes assim. Talvez nos víssemos mais clara e
comovidamente como um grupo que se havia formado,
semelhante a um comboio, na esperança de juntos
sermos mais fortes do que sozinhos.
Começamos por lidar com o problema básico que
confrontava todos os que se dedicavam à reabilitação
há vinte anos atrás. Este problema era o da
identificação. Haviam três grupos diferentes de
crianças com problema que eram sempre tratadas
como se fossem iguais. A verdade é que não tinham
nem mesmo o mais remoto parentesco.
Introdução 11

Elas eram frequentemente agrupadas naquele


tempo (e tragicamente ainda o são, em boa parte do
mundo) pela simples razão de serem parecidas e
agirem, às vezes, de maneira semelhante.
Estes três tipos de crianças constantemente
agrupados eram: deficientes com cérebros qualitativa e
quantitativamente inferiores, psicóticos de cérebro
normal e mentes perturbadas e, finalmente, crianças
com lesão cerebral, cujos cérebros haviam sido
normais até o instante em que ocorreu a lesão.
Nós estávamos preocupados somente com esta
última categoria, aquela que havia lesado um cérebro
perfeito ao momento da concepção. Nós ficamos
sabendo que, apesar de crianças psicóticas e
deficientes de fato serem em pequeno número,
centenas de milhares de crianças eram e são
diagnosticadas como tal, quando na verdade o seu
problema é lesão cerebral. Geralmente tais erros de
diagnóstico acontecem porque, em muitas das
crianças, a lesão cerebral ocorreu antes do nascimento.
Quando aprendemos a reconhecer após muitos anos
de trabalho, na sala de operações ou na cabeceira do
paciente, quais as que realmente tinham lesão
cerebral, pudemos nos dedicar ao problema em si — o
cérebro lesado.
Descobrimos que importava muito pouco (exceto do
ponto de vista da pesquisa) se a criança havia sofrido
a lesão antes, durante ou após o nascimento. Isto
equivalia mais ou menos a indagar se a criança havia
sido atropelada por um carro antes, durante ou depois
do meio-dia. O que realmente importava era descobrir
12 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

que parte do seu cérebro havia sido atingida, o grau da


lesão e o que poderia ser feito no caso.
Mais tarde descobrimos ser de pouca relevância
saber se o cérebro sadio havia sido lesado por
incompatibilidade com o fator Rh dos pais; pelo fato da
mãe ter tido uma doença infecciosa como a rubéola
durante o primeiro trimestre da gravidez; por
insuficiência de oxigênio no cérebro durante o período
pré-natal; ou por causa de um parto prematuro. O
cérebro também pode ser lesado por demorado
trabalho de parto; pela queda de cabeça aos dois
meses de idade provocando coágulos de sangue no
cérebro, por febre alta acompanhada de encefalite aos
três anos de idade; por ter sido atropelada aos cinco
anos ou por um outro grande número de fatores.
Repito que, embora isto fosse importante sob o
ponto de vista da pesquisa, sentíamo-nos como se
estivéssemos nos preocupando com o fato de uma
criança ter sido atingida por um carro ou um martelo.
O importante aqui era determinar que parte do cérebro
havia sido lesada, com que intensidade e o que
iríamos fazer a respeito.
Naquela época, os profissionais que lidavam com
crianças de cérebro lesado achavam que seus
problemas podiam ser resolvidos através do
tratamento dos sintomas que existiam nos ouvidos,
olhos, nariz, boca, peito, cotovelos, pulso, dedos,
quadris, tornozelos e dedos do pé. Uma boa parte do
mundo ainda acredita nisso.
Tal proposta não funcionou antigamente e nem
poderia.
Introdução 13

Em virtude de tal insucesso, nós concluímos que


para tratar os múltiplos sintomas da criança de cérebro
lesado, nós precisaríamos atacar a fonte do problema,
chegando ao cérebro propriamente dito.
Enquanto a princípio isto podia parecer uma tarefa
quase impossível ou pelo menos gigantesca, nos anos
subsequentes, nós e outros, descobrimos métodos
cirúrgicos e não cirúrgicos de tratar o cérebro.
Nós simplesmente acreditávamos que tratar dos
sintomas de uma doença e esperar que ela assim
desaparecesse não era médico, científico ou racional e
se todas essas razões não fossem suficientes para
fazer-nos abandonar tal empreitada, então permanecia
o fato incontestável de que as crianças de cérebro
lesado tratadas desta maneira nunca haviam ficado
boas.
Ao contrário, nós achávamos que se pudéssemos
tratar do problema em si, os sintomas desapareceriam
espontaneamente, na exata medida do nosso sucesso
ao lidar com a lesão no próprio cérebro.
Primeiro nós atacamos o problema do ponto de
vista não cirúrgico. Nos anos seguintes ficamos
convencidos de que se esperávamos ter sucesso com o
próprio cérebro lesado, precisávamos encontrar
maneiras de reproduzir os padrões neurológicos de
crescimento de uma criança normal. Isto significava
entender como o cérebro desta criança começa,
desenvolve-se e amadurece. Para tanto, observamos
com atenção muitas centenas de recém-nascidos,
bebês e crianças. Fizemos isto com muito cuidado.
14 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

À proporção que fomos aprendendo como ocorre o


crescimento normal do cérebro e seu significado,
começamos a descobrir que atividades básicas, velhas
conhecidas da criança normal como arrastar e
engatinhar, são de extrema importância para o
cérebro. Aprendemos que se tais atividades forem
negadas às crianças normais, em virtude de fatores
culturais, de meio ambiente ou sociais, seu potencial
tornar-se-á seriamente limitado. O potencial da
criança de cérebro lesado é ainda mais afetado.
À medida que aprendemos outras maneiras de
reproduzir este modelo de crescimento físico normal,
vimos crianças de cérebro lesado melhorando — ainda
que lentamente.
Foi por volta dessa época que os neurocirurgiões do
nosso grupo começaram a provar conclusivamente,
através de técnicas cirúrgicas bem sucedidas, que a
resposta estava no próprio cérebro. Haviam certos
tipos de crianças, com lesão cerebral, cujos problemas
eram de natureza progressiva e consequentemente
morriam cedo. Destacavam-se entre estas, as
hidrocefálicas, aquelas com “cabeça d’água”. Tais
crianças tinham cabeças grandes por causa da pressão
do liquido cerebrospinal (líquido cefalorraquidiano)
que não podia ser reabsorvido de maneira normal, em
virtude da lesão. Não obstante, o fluido continuava a
ser produzido como nas pessoas normais.
Ninguém era tão tolo a ponto de tratar dos sintomas
desta doença com massagens, exercícios ou aparelhos
ortopédicos. À medida que a pressão do cérebro
aumentava, as crianças morriam O nosso
neurocirurgião, trabalhando com um engenheiro,
Introdução 15

desenvolveu um tubo que carregava o excesso do


líquido cerebrospinal dos reservatórios chamados
ventrículos, situados no fundo do cérebro, até a veia
jugular e de lá para a circulação sanguínea, onde podia
ser reabsorvido de maneira normal. Este tubo possuía,
em seu interior, uma válvula engenhosa que permitia o
fluxo sanguíneo para fora, enquanto simultaneamente
impedia o sangue de voltar ao cérebro.
Este aparelho quase mágico foi cirurgicamente
implantado no cérebro e foi chamado desvio “V-J”.
Existem hoje no mundo cerca de vinte cinco mil
crianças que não estariam vivas, se não fosse por este
simples aparelho. Muitas destas crianças tem uma
vida comum e vão para a escola com as crianças
normais.
Aqui tínhamos uma bela prova da completa
inutilidade do tratamento dos sintomas de lesão
cerebral, assim como a incontestável e lógica
necessidade de tratar o próprio cérebro.
Outro método surpreendente servirá como exemplo
dos muitos tipos de neurocirurgia usados com sucesso
para resolver os problemas das crianças com lesão
cerebral.
Existem realmente dois cérebros: o direito e o
esquerdo. Estes dois cérebros são divididos no meio
da cabeça desde a frente até a parte de trás. Nas
pessoas normais o cérebro direito (ou, se você desejar,
o lado direito do cérebro) é responsável por controlar
o lado esquerdo do corpo, enquanto a metade
esquerda do cérebro é responsável pelas funções do
lado direito.
16 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se um dos lados do cérebro for muito lesado, os


resultados são catastróficos. O lado oposto do cérebro
ficará paralisado e a criança terá suas funções
bastante restritas. Muitas destas crianças apresentam
convulsões constantes e graves que não reagem aos
atuais medicamentos.
Não há necessidade de dizermos que estas crianças
também morrem.
O velho refrão daqueles que nunca tomaram
nenhuma atitude foi repetido por muitas décadas.
“Quando uma célula cerebral está morta ela está
realmente morta e não se pode fazer nada a respeito”.
Foi então, em meados de 1955, que os neurocirurgiões
de nosso grupo começaram a realizar um tipo quase
incrível de cirurgia nestas crianças que passou a ser
conhecida como hemisferectomia.
Hemisferectomia é exatamente o que o nome sugere
— remover cirurgicamente metade do cérebro
humano.
Começamos então a ver crianças com metade do
cérebro na cabeça e a outra metade — bilhões de
células cerebrais mortas e perdidas — numa jarra de
hospital. As crianças, no entanto não haviam morrido.
Ao invés disso começávamos a ver algumas que,
somente com meio cérebro, eram capazes debandar,
falar, e ir à escola. Várias delas estavam muito acima
da média em inteligência e no mínimo uma tinha o Q.I.
na faixa dos gênios.
Tomou-se patente que se metade do cérebro fosse
seriamente danificada, pouco importava ter uma
metade normal enquanto a parte lesada permanecesse.
Introdução 17

Por exemplo, se tal criança tivesse convulsões


causadas pelo lado esquerdo comprometido, ela seria
incapaz de demonstrar funções ou inteligência, até
que a parte lesada fosse removida permitindo ao
cérebro direito ileso assumir sem interferência, a sua
completa função.
Antigamente, sustentávamos, em oposição à crença
popular, que uma criança era capaz de ter dez células
mortas e nem ao menos ficarmos sabendo. Dizíamos
que ela talvez pudesse ter uma centena de células
cerebrais destruídas ou até mesmo um milhar e ainda
assim não seriamos capazes de percebê-lo.
Nem nos nossos sonhos mais ousados tínhamos
podido acreditar que uma criança pudesse ter bilhões
de células nervosas mortas e ainda assim atuar tão
bem ou melhor do que uma de inteligência normal.
Agora o leitor deve juntar-se a nós para fazer uma
pergunta. Quanto tempo levaria até olharmos para o
Juquinha, que tinha metade do seu cérebro retirada e
vê-lo agir tão bem quanto o Carlinhos, que possuía um
cérebro íntegro, sem perguntar, “O que há de errado
com o Carlinhos?” Por que o Carlinhos, que tinha o
dobro do cérebro do Juquinha não estava agindo duas
vezes melhor ou mais?
Tendo visto isto acontecer repetidamente, nós
começamos a olhar para a criança normal com muitas
dúvidas.
Será que elas estavam atuando tão bem quanto
poderiam? Aqui estava uma importante pergunta que
nunca tínhamos sonhado fazer.
18 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Enquanto isto, os integrantes do grupo que não


eram cirurgiões, começavam a aprender mais sobre o
crescimento e desenvolvimento do cérebro das
crianças sadias. À medida que nosso conhecimento da
normalidade crescia, nossos métodos simples para
reproduzir esta normalidade nas crianças de cérebro
lesado também melhoravam. Naquela altura,
começávamos a ver um pequeno número de crianças
lesadas ficando boas, só com o uso dos nossos
métodos não cirúrgicos, que estavam evoluindo e
sendo aprimorados.
Não é o propósito deste livro detalhar os conceitos
ou os métodos usados para resolver os inúmeros
problemas das crianças de cérebro lesado. Outros
livros, já publicados ou ainda em original, referem-se
ao tratamento das mesmas. Entretanto, o fato de que
isso vem acontecendo diariamente, é de grande
importância na compreensão da nossa descoberta que
as crianças normais são capazes de atuar de maneira
muito superior ao que vêm fazendo. É suficiente dizer
que técnicas extremamente simples foram planejadas
para reproduzir os padrões do desenvolvimento
normal em crianças de cérebro lesado.
Como exemplo, quando uma criança lesada não
pode mover-se adequadamente, ela é simplesmente
conduzida através de uma progressão ordenada dos
estágios do crescimento normal. Primeiro, a ajudamos
a mover braços e pernas, a arrastar e engatinhar e, por
último, andar. Ela recebe ajuda para fazer estas coisas
numa sequencia padronizada. Progride até estágios
mais avançados, da mesma maneira que uma criança
Introdução 19

avança na escola, quando recebe oportunidades


ilimitadas de participar das atividades.
Em breve, começamos a ver crianças seriamente
lesadas que atuavam em pé de igualdade com as
normais.
À medida que essas técnicas evoluíam começamos
a ver crianças de cérebro lesado desenvolverem-se tão
bem quanto crianças normais, de tal maneira a ser
impossível distingui-las umas da outras.
A proporção que o nosso conhecimento acerca de
normalidade e crescimento neurológico começou a ter
um claro padrão e os métodos de reprodução da
normalidade se multiplicaram, começamos a ver
algumas crianças de cérebro lesado atuando acima da
média ou a níveis superiores.
Isto foi muito emocionante. Foi até um pouco
assustador. Parecia claro que nós, no mínimo,
havíamos subestimado o potencial de cada criança.
Uma pergunta fascinante foi feita. Suponhamos que
pudéssemos observar três crianças: Alberto, com
metade do cérebro numa jarra; Carlinhos comum
cérebro normal; e Juquinha, que havia sido tratado por
métodos não cirúrgicos, e agora agia de modo normal,
embora tivesse milhões de células mortas em seu
cérebro.
Alberto, com metade do seu cérebro operado, era
tão inteligente quanto o Carlinhos. O mesmo se dava
com Juquinha, com milhões de células mortas dentro
da sua cabeça.
20 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O que havia de errado com o simpático Carlinhos,


normal e sem lesão?
O que havia de errado com as crianças normais?
Durante muitos anos o nosso trabalho vinha sendo
influenciado pela vibração que comumente antecede
acontecimentos importantes e grandes descobertas.
Através dos anos a névoa de mistério que cercava as
crianças de cérebro lesado vinha aos poucos sendo
dissipada. Nós também começamos a ver outros fatos
que não havíamos previsto. Eram fatos que se
referiam às crianças normais. Uma conexão lógica
havia surgido entre crianças lesadas (e, portanto,
desorganizadas neurologicamente) e as normais (ou
neurologicamente organizadas) quando antes só
existiam a respeito delas, fatos desconexos e
dissociados. Aquela sequencia lógica, como havia
surgido, apontava com insistência para um caminho
capaz de modificar o próprio homem para melhor.
Seria a organização neurológica demonstrada por uma
criança normal o fim deste caminho?
Agora, com as de cérebro lesado atuando tão bem
ou melhor do que as normais, a possibilidade do
caminho estender-se adiante podia ser totalmente
vislumbrada.
Sempre se considerou que o crescimento
neurológico e seu produto final eram um fato imutável
e irrevogável: esta criança podia e esta outra não. Esta
era inteligente e aquela não.
Nada podia estar tão longe da verdade.
Introdução 21

A verdade é que o crescimento neurológico, que


sempre consideramos fato estático e irrevogável, é um
processo dinâmico e em constante transformação.
Na criança severamente lesada vemos o processo de
crescimento neurológico totalmente bloqueado.
Na criança “retardada” vemos o mesmo processo
bastante vagaroso. Na criança normal ele acontece
num ritmo médio, e na superdotada em grande
velocidade. Chegamos agora à conclusão que as
crianças lesadas, normais e superdotadas não são três
tipos diferentes, mas, ao invés disso, uma espécie de
continuum que vai desde a extrema desorganização
neurológica provocada por lesão grave, passando pela
moderada desorganização neurológica causada por
dano leve ou moderado, chegando à quantidade
normal de organização neurológica da criança sadia,
até o seu mais alto grau demonstrado pela criança
superdotada.
Na criança severamente lesada conseguimos com
sucesso recomeçar o processo que havia sido
bloqueado e na “retardada” nós o aceleramos.
Estava bem claro que este processo de crescimento
neurológico podia ser acelerado tanto quanto
retardado.
Tendo repetidamente trazido crianças lesadas da
desorganização neurológica para um nível médio ou
superior usando simples técnicas não cirúrgicas,
tínhamos razão para acreditar que estas mesmas
técnicas, podiam ser utilizadas para aumentar a
quantidade de organização neurológica demonstrada
22 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

pela criança normal. Uma destas técnicas era ensinar


criancinhas de cérebro lesado a ler.
Em nenhuma situação a capacidade de aumentar a
organização neurológica é mais claramente
demonstrada do que quando se ensina um bebê
normal a ler.
nota aos
pais

Ler é uma das mais altas funções do cérebro


humano — de todas as criaturas da terra, somente o
homem pode ler.
A leitura é uma das funções mais importantes de
nossa vida, uma vez que todo conhecimento depende
da capacidade de ler.
É surpreendente que tenhamos levado tantos anos
para descobrir que quanto mais cedo a criança
aprender a ler mais fácil será para ela ler muito melhor.
As crianças podem ler palavras aos doze meses,
sentenças aos dois anos, e livros completos aos três —
e elas adoram.
A compreensão de que possuíam esta habilidade, e
a sua razão de ser, demorou muito para acontecer.
Ainda que não tenhamos começado a ensinar
criancinhas a ler nos Institutos antes de 1961, o
entendimento das funções cerebrais humanas
(necessárias para indicar a possibilidade disto ser
feito) havia levado vinte anos, de parte de todo o
nosso grupo de especialistas, para ser alcançada.
Esta equipe de desenvolvimentistas infantis,
médicos, especialistas em leitura, neurocirurgiões e
psicólogos havia começado seu trabalho com as
crianças de cérebro lesado e isto os levou a uma
extensa pesquisa sobre o desenvolvimento do cérebro
24 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

na criança normal. Por sua vez, conduziu-os as novas


e fascinantes descobertas sobre a maneira pela qual as
crianças aprendem, o que aprendem — e o que podem
aprender.
Quando a equipe tinha visto muitas crianças de
cérebro lesado lendo, e lendo bem, aos três anos ou
mais cedo, tomou-se óbvio para nós que alguma coisa
errada estava acontecendo às crianças normais. Este
livro é um dos resultados desta constatação.
O que ele afirma é precisamente o que vimos
dizendo aos pais de crianças lesadas ou normais,
desde 1961. O resultado de ter-lhes contado isto tem
sido muito gratificante para os pais e crianças assim
como para nós.
Este livro foi escrito por insistência desses pais, que
desejavam ver as nossas recomendações em forma de
livro para eles e para muitos outros.
os fatos e
Tomás

Venho lhe dizendo que ele pode ler.

[SR. LUNSKI]

Essa suave revolução começou de maneira


espontânea. O estranho é que no fim ela surgiu
acidentalmente.
As crianças, que são as suaves revolucionárias, não
sabiam que eram capazes de ler se tivessem os
instrumentos apropriados; e os adultos, na indústria
da televisão que lhes forneceu tais instrumentos, não
sabiam que as crianças possuíam tais habilidades nem
que a televisão iria desencadear a suave revolução.
A falta destes instrumentos explica porque
demorou tanto para isto acontecer, mas agora que já
os temos, nós pais, devemos nos tornar conspiradores
desta esplêndida revolução, não para tomá-la menos
suave, mas para acelerar o processo permitindo-as
colher mais rapidamente os seus frutos.
É realmente surpreendente que o segredo não tenha
sido descoberto pelas próprias crianças há muito
tempo atrás. É espantoso que elas, com toda a
inteligência que certamente possuem, não tenham
percebido isso antes.
26 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O único motivo pelo qual nós adultos não


revelamos este segredo para as crianças de dois anos,
há mais tempo, é porque nós também o
desconhecíamos. É claro que se soubéssemos jamais
teríamos permitido que permanecesse oculto em razão
da sua importância tanto para nós quanto para elas.
Nosso erro foi imprimir textos em letras muito
pequenas.
Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

É até possível fazer a letra muito pequena para ser


lida pela sofisticada trajetória visual — que inclui o
cérebro — do adulto.
É quase impossível fazer a letra muito grande para
ser lida.
O que é possível é fazê-la extremamente pequena e
foi exatamente isto que fizemos.
A trajetória visual pouco desenvolvida desde o
olho, passando pelas áreas visuais do próprio cérebro,
das crianças de um, dois ou três anos de idade, não é
capaz de diferenciar uma palavra da outra.
Só que agora, como já dissemos, a televisão tem
divulgado todo o segredo através dos comerciais. O
resultado é que quando o anunciante diz, ESSO, ESSO,
ESSO em voz alta, clara e agradável e
a palavra ESSO aparece na tela em
letras grandes, claras e bonitas,
Os fatos e Tomás 27

todas as crianças aprendem a reconhecê-la — e nem


ao menos sabem o alfabeto.
A verdade é que as crianças pequenas podem
aprender a ler. É seguro dizer-se que especialmente as
crianças pequenininhas podem ler, desde que, de
início, você faça as letras bem grandes.
Só agora sabemos de ambos os fatos.
Agora que sabemos, precisamos fazer algo a
respeito, porque tudo o que acontecer quando
ensinarmos os pequeninos a ler, será de grande
importância para o mundo.
Não é mais fácil para uma criança entender a
palavra falada do que a escrita? De jeito nenhum. O
cérebro da criança é o único órgão que possui
capacidade de aprender, “ouve” as palavras altas e
claras da televisão, através do ouvido e as interpreta
como só o cérebro é capaz. Simultaneamente, o
cérebro infantil “vê” as palavras grandes e claras,
através dos olhos, e as interpreta da mesma maneira.
Não faz diferença para o cérebro se ele “vê” algo ou
“ouve” o som. Ele pode entender bem o que ambos
querem dizer. Tudo o que é necessário é que o som
seja alto e claro ao ouvido e as palavras grandes e
claras aos olhos para que o cérebro possa interpretá-
las. A primeira providência tem sido tomada, a
segunda não.
As pessoas sempre falam com as crianças usando
um tom de voz mais alto do que o dos adultos.
Fazemos isto instintivamente sabendo que as crianças
não podem ao mesmo tempo ouvir e compreender o
tom de voz normal do adulto.
28 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Ninguém pensaria em falar com uma criança de um


ano num tom normal de voz — nós virtualmente
gritamos com elas.
Tente falar com uma criança de dois anos num tom
de conversa formal e não terá a menor chance dela
ouvi-lo ou entendê-lo. É provável que se estiver de
costas, nem mesmo prestará atenção ao que está
sendo dito.
Mesmo com uma de três anos, se falarmos em tom
de conversa, ela não vai prestar atenção ou ouvir,
especialmente se houver outros barulhos ou conversas
na sala.
Todos falam alto com crianças, e quanto menores
elas forem, mais alto devemos fazê-lo.
Suponhamos, em defesa da alegação, que nós
adultos tenhamos há muito tempo decidido falar uns
com os outros de maneira tão baixa, que criança
alguma seria capaz de ouvir ou entender. Suponhamos
que os sons fossem altos o bastante para tomar a
trajetória auditiva bastante complexa somente sendo
capaz de ouvir e compreender sofisticadas tonalidades
brandas, quando completasse seis anos de idade.
Sob essa série de circunstâncias, daríamos às
crianças testes de “prontidão para a audição” aos seis
anos. Se achássemos que elas poderiam “ouvir” mas
não “entender” palavras (o que seria o caso uma vez
que a trajetória auditiva não era capaz até agora de
distinguir sons brandos) então poderíamos introduzir
a linguagem falada, dizendo a letra A e depois B e
assim por diante até terminar o alfabeto, antes de
ensinar-lhes os sons das palavras.
Os fatos e Tomás 29

Somos levados a concluir que talvez houvesse um


grande número de crianças com problemas de
“audição” de palavras e frases, e talvez aparecesse um
livro popular intitulado Por que Joãozinho Não é
Capaz de Ouvir?
Foi isto o que fizemos com a linguagem escrita. Nós
a temos feito muito pequena para que a criança possa
“ver e compreender”.
Agora, façamos uma outra suposição.
Se estivéssemos sussurrando enquanto
simultaneamente escrevêssemos palavras e frases
muito grandes e distintas, as crianças seriam capazes
de ler, mas não de entender o que estava sendo falado.
Agora, suponhamos que elas descobrissem a
televisão com as suas letras grandes acompanhadas
de palavras faladas em voz clara e alta. Naturalmente,
todas as crianças poderiam ler as palavras, mas
muitas só começariam a entender a palavra falada na
surpreendente idade de dois ou três anos.
O que vem acontecendo atualmente com a leitura é
exatamente o contrário disto!
A televisão tem nos mostrado outros dados
importantes sobre as crianças.
O primeiro é que jovens assistem os “programas
infantis” sem prestar muita atenção; mas, como todos
sabem, assim que surge o comercial, correm para a
televisão para ouvir e ler o que o produto contém e
qual a sua utilidade.
O principal aqui não é que os comerciais de
televisão sejam dirigidos para crianças de dois anos ou
30 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

que a gasolina tenha algum fascínio especial sobre


garotos de dois anos, porque não tem.
A verdade é que as crianças podem aprender com os
comerciais porque a mensagem é repetida em letras
grandes e com volume suficiente e todas elas tem um
grande desejo de saber.
Elas preferem “aprender” a simplesmente divertir-
se com palhaços, e isto é um fato.
Como resultado disso, vemos crianças pequenas
que passeiam de carro pela rua e leem felizes o
anúncio da Coca-Cola, da Shell, ou da Esso, assim
como muitos outros — e isto é um fato.
Fica assim demonstrado que não precisamos
perguntar: “Podem as criancinhas aprender a ler?”
Elas já responderam que sim. A pergunta que deveria
ser feita é: “O que desejamos que elas leiam?”
Devemos restringir sua leitura a nomes de produtos e
sua composição química, ou devemos deixá-las ler
informações úteis que não provém necessariamente
das grandes agências de propaganda?
Observemos os fatos básicos:

n Crianças querem aprender a ler.

n Crianças podem aprender a ler.

n Crianças estão aprendendo a ler.

n Crianças devem aprender a ler.


Os fatos e Tomás 31

Devotarei um capítulo a cada uma dessas


afirmações. Cada uma delas é simples e verdadeira.
Talvez isto tenha sido grande parte do problema.
Existem poucos disfarces mais difíceis de serem
penetrados do que a enganadora fachada de
simplicidade.
Foi provavelmente essa simplicidade que dificultou
o entendimento ou a crença na absurda estória que o
Sr. Lunski nos contou sobre Tomás.
É estranho que demorássemos tanto a prestar
atenção no Sr. Lunski, porque quando vimos Tomás
pela primeira vez, nos Institutos, nós já sabíamos as
coisas que precisávamos saber para entender o que
estava acontecendo com ele.
Tomás era o quarto filho da família Lunski. Seus
pais tiveram pouco tempo para cursar escolas e
tiveram que trabalhar muito para sustentar os seus
três filhos normais. Na época em que Tomás nasceu, o
Sr. Lunski possuía uma taverna e estava progredindo.
Entretanto, Tomás nasceu com séria lesão cerebral.
Quando completou dois anos, foi submetido a um
exame neurocirúrgico num hospital de Nova Jersey.
Quando Tomás recebeu alta o neurocirurgião teve uma
conversa franca com o casal Lunski. Explicou que
pesquisas demonstravam que Tomás iria ter uma vida
quase que vegetativa, nunca iria andar ou falar, e
portanto deveria ser internado para o resto da vida.
Toda a determinação de uma descendência
polonesa, reforçada pela teimosia americana fez com
que o Sr. Lunski ficasse de pé dizendo: “Doutor, o
senhor está confuso. Este é o nosso filho”.
32 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Os Lunski passaram vários meses procurando


alguém que lhes dissesse que não precisavam internar
o seu filho. As respostas eram sempre as mesmas.
Por ocasião do terceiro aniversário de Tomás, o
casal havia encontrado o Dr. Eugene Spitz, chefe de
neurocirurgia do Hospital de Crianças da Filadélfia.
Depois de efetuar cuidadosos estudos
neurocirúrgicos em Tomás, o Dr. Spitz disse a seus
pais que, apesar do garoto ser severamente lesado,
talvez alguma coisa pudesse ser feita por ele, num
grupo de instituições, no bairro de Chestnut Hill.
Tomás chegou aos Institutos Para o
Desenvolvimento do Potencial Humano, em Filadélfia,
quando tinha somente três anos e duas semanas de
idade. Ele não se mexia nem falava.
A lesão cerebral de Tomás e os problemas dela
decorrentes, foram avaliados nos Institutos. Ele
recebeu um programa de tratamento que iria
reproduzir em seu cérebro os padrões de crescimento
e desenvolvimento de uma criança normal. Seus pais
aprenderam a fazer este programa em casa e foram
advertidos de que, se o cumprissem fielmente, Tomás
iria melhorar bastante. Eles deveriam voltar em dois
meses para uma reavaliação, e se Tomás tivesse
melhorado, para revisões do programa.
Ninguém tinha a menor dúvida de que os pais iriam
cumprir o programa. Eles assim o fizeram,
religiosamente.
Por ocasião de sua segunda visita, Tomás já podia
engatinhar.
Os fatos e Tomás 33

Foi quando os pais, inspirados pelo sucesso do


menino, empenharam-se a fundo no programa.
Estavam tão determinados que quando o seu carro
quebrou, no caminho de Filadélfia, por ocasião da
terceira visita, eles imediatamente compraram outro
carro e seguiram rumo aos Institutos. Eles mal podiam
esperar para nos dizer que Tomás já dizia duas
palavras “mamãe” e “papai”. Agora ele estava com
três anos e meio e podia engatinhar nas mãos e
joelhos. Aí, a sua mãe fez uma coisa que só mães
fariam.
Com o mesmo entusiasmo que um pai compra uma
bola de futebol para o seu filho homem recém-nascido,
ela comprou uma cartilha para o seu filho de três anos,
de cérebro severamente lesado somente capaz de dizer
duas palavras. Ela anunciou a todos que seu filho era
muito inteligente ainda que não pudesse andar e falar.
Qualquer um que tivesse bom-senso podia ver isso em
seus olhos!
Conquanto os nossos testes de inteligência em
crianças de cérebro lesado, naquele tempo, fossem
mais complexos do que os da Sra. Lunski, eles não
eram nem um pouco mais exatos. Concordamos que
Tomás era inteligente, apesar de não andar e falar,
mas ensinar a ler uma criança de cérebro lesado de
três anos e meio, isto já era outra coisa.
Nós prestamos muito pouca atenção quando a Sra.
Lunski nos disse que Tomás, agora com quatro anos,
podia ler todas as palavras da cartilha, muito mais
facilmente do que as letras. Estávamos mais
preocupados e contentes com a sua fala, em constante
progresso, assim como a sua mobilidade.
34 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Nesta mesma visita, seu pai nos disse que ele havia
lido todo o livro do Dr. Seuss chamado “Ovos Verdes
com Presunto”. Nós sorrimos polidamente e
escrevemos em sua ficha que sua fala e movimentos
estavam melhorando.
Quando ele fez quatro anos e meio seu velho pai
anunciou que Tomás podia ler e havia lido todos os
livros do Dr. Seuss. Anotamos em sua ficha que ele
estava progredindo muito, assim como o fato de que o
Sr. Lunski “havia dito” que Tomás podia ler.
Quando Tomás chegou para a sua décima primeira
visita, ele já tinha completado cinco anos. Apesar de
nós e o Dr. Spitz estarmos encantados com o seu
progresso, não havia nada indicando que esta visita
iria representar um dia muito importante para todas as
crianças. Nada, a não ser as costumeiras observações
sem muito sentido do Sr. Lunski.
Disse-nos ele que Tomás podia agora ler qualquer
coisa, inclusive a revista Seleções e mais, podia
compreendê-la, e ainda mais, que tudo isso acontecera
antes dele completar cinco anos.
Nós fomos salvos de fazer algum comentário a
respeito disso pela chegada do nosso almoço —
hambúrguer e suco de tomate. O Sr. Lunski, notando
a nossa falta de interesse, apanhou um pedaço de
papel da mesa e escreveu, “Glenn Doman gosta de
comer hambúrguer e tomar suco de tomate”.
Tomás, seguindo as instruções de seu pai, leu com
tom de voz e inflexão apropriados. Ele não hesitou
como fazem muitos meninos de sete anos que lêem
cada palavra em separado.
Os fatos e Tomás 35

“Faça outra frase”, nós dissemos devagar.


O Sr.J Lunski escreveu, “O pai do Tomás gosta de
beber cerveja e uísque. Ele é barrigudo porque bebe
cerveja e uísque na taverna do Tomás”.
Tomás havia lido somente três palavras em voz alta
quando começou a rir. A parte engraçada sobre a
barriga do papai estava na quarta linha porque as
letras eram bastante grandes.
Esta criança de cérebro severamente lesado estava
lendo mais rápido do que era capaz de dizer as
palavras em voz alta. Ele não estava somente lendo
como também lendo com velocidade e incrível
compreensão!
O fato de que estávamos assombrados, ficou claro
em nossos rostos. Olhamos para o Sr. Lunski.
“Eu venho lhes dizendo que ele pode ler”, disse o
Sr. Lunski.
Deste dia em diante nunca mais fomos os mesmos.
Esta era a última peça do quebra-cabeças num padrão
que se vinha formando por mais de vinte anos.
Tomás havia nos ensinado que mesmo uma criança
com sérios problemas neurológicos pode ler antes do
que as crianças normais costumam fazê-lo.
Imediatamente começamos a testar Tomás usando
uma bateria completa de testes aplicada por peritos
trazidos de Washington, por uma semana. Este
menino severamente lesado e mal tendo completado
cinco anos, podia ler melhor do que uma criança
normal com o dobro da sua idade, e com total
compreensão.
36 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Quando Tomás fez seis anos ele começou a andar,


embora ainda um tanto trêmulo. Ele já lia a nível de
sexta série (crianças de onze a doze anos de idade).
Tomás não ia passar a sua vida numa instituição, mas
seus pais estavam procurando uma escola “especial”
para colocá-lo no início do ano. Especial para cima e
não para baixo. Felizmente agora já existiam escolas
experimentais para crianças excepcionalmente
“superdotadas”. Tomás havia recebido o dúbio dom de
ter lesão cerebral e ao mesmo tempo possuir pais que
o amavam tanto e acreditavam que pelo menos uma
criança não estava desenvolvendo todo o seu
potencial.
No fim, Tomás foi o catalisador de vinte anos de
estudo. Talvez seja mais exato dizer que ele foi o pavio
de uma carga que vinha crescendo em força, há vinte
anos.
O mais fascinante é que Tomás queria muito ler e
divertia-se muitíssimo com isso.
crianças pequenas
querem aprender a ler

Eu desisto, não consigo separá-la da leitura


desde que completou três anos de idade.

[SRA. GILCHRIST, mãe de Maria, menina de


quatro anos. Newsweek (13 de maio de 1963)]

Não tem havido, na história do homem, um


cientista adulto com metade da curiosidade de
qualquer criança entre as idades de dezoito meses e
quatro anos. Nós adultos temos confundido esse
maravilhoso interesse de saber, com incapacidade de
concentração.
Nós temos observado nossos filhos com cuidado,
mas nem sempre fomos capazes de entender o
significado das suas ações. Isto acontece porque as
pessoas estão sempre usando duas palavras diferentes
como se significassem a mesma coisa. As palavras são
aprender e instruir.
O American College Dictionary assim define
aprender: “1. Adquirir conhecimento ou habilidade,
através do estudo, instrução ou experiência...”.
Instruir significa: “1. Desenvolver as faculdades e
capacidades através do ensino, instrução ou formação
escolar... e 2. Proporcionar educação; mandar para a
escola...”.
38 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Em outras palavras aprendizagem refere-se ao


processo que se realiza na pessoa adquirindo
conhecimento, enquanto instrução refere-se
normalmente ao processo de aprendizagem sob a
tutela de um professor ou escola. Ainda que todos
entendam isto, é comum ver-se estes dois
procedimentos serem confundidos, como se fossem
um só.
Por causa disto nós achamos, às vezes, que como a
educação formal começa aos seis anos, a
aprendizagem também deveria iniciar-se nesta idade.
Nada poderia estar mais longe da realidade.
A verdade é que a criança começa a aprender logo
após o nascimento. Quando completa seis anos de
idade e começa a educação formal, já assimilou uma
quantidade fantástica de informações, fato por fato,
talvez mais do que irá aprender pelo resto da vida.
Aos seis anos a criança já aprendeu os fatos básicos
sobre si e sua família. Ela já aprendeu tudo sobre os
seus vizinhos, seu mundo e suas relações com eles,
além de um número incalculável de fatos. Mais
significantemente, já aprendeu pelo menos uma língua
e, às vezes, mais de uma (As chances da criança
dominar um idioma após os seis anos são muito
pequenas).
Tudo isto antes dela colocar os pés na sala de aula.
A aprendizagem, através desses anos, acontece em
grande velocidade, a não ser que a impeçamos. Se a
apreciarmos e encorajarmos, este processo acontecerá
com incrível rapidez.
Crianças pequenas querem aprender a ler 39

Uma criancinha tem dentro de si o desejo ilimitado


de aprender.
Nós só podemos aniquilar inteiramente este desejo,
destruindo-a por completo.
Poderíamos quase sufocá-lo, se isolássemos a
criança. Lemos, ocasionalmente, acerca de um idiota
de treze anos que havia sido acorrentado ao pé da
cama, presumivelmente porque era um idiota. O
reverso, neste caso, é o verdadeiro. É bastante
provável que ele seja um idiota porque foi acorrentado
aos pés da cama. Para analisarmos este fato temos que
entender que somente pais psicóticos acorrentariam
qualquer criança. Um pai acorrenta a criança ao pé da
cama porque é psicótico e o resultado disso é uma
criança idiota porque lhe foram negadas todas as
oportunidades de aprender.
Podemos diminuir o desejo da criança de aprender,
limitando o número de experiências a que ela é
exposta. Infelizmente, é isto que vimos fazendo
universalmente, subestimando em muito a sua
capacidade de aprender.
Nós podemos aumentar sua aprendizagem
simplesmente removendo alguns dos impedimentos
físicos a ela impostos.
Somos capazes de multiplicar muitas vezes o
conhecimento que ela absorve, e até mesmo o seu
potencial, se reconhecermos a sua incrível capacidade
de aprender e simultaneamente a encorajarmos a tal.
Através da história, tem surgido casos isolados de
pessoas que ensinaram seus filhos pequeninos a ler, e
outras coisas avançadas, simplesmente encorajando-
40 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

os e valorizando seus feitos. Em todos os casos


encontrados, os resultados de tais oportunidades
domésticas pré-planejadas foram de “excelentes” a
“assombrosos” tomando as crianças felizes, bem
ajustadas e comum índice excepcional de inteligência.
É muito importante ter em mente que não foi por
considerá-las excepcionais que os pais haviam
decidido dar-lhes a chance de receber o maior número
de informações possível, em tão tenra idade. Ao
contrário, elas ficaram inteligentes porque seus pais
começaram a trabalhar muito cedo com elas.
Através da história os grandes professores têm
repetidamente salientado que devemos incutir o amor
pelo saber nos nossos filhos. Infelizmente eles não
foram capazes de nos ensinar muitas maneiras de
conseguir isto. Os antigos mestres hebreus ensinaram
os pais a fazer bolos, com o formato do alfabeto
hebraico, que a criança tinha que identificar antes de
poder comê-los. Da a mesma forma, palavras
hebraicas eram escritas na lousa com mel. Elas liam o
que estava escrito e lambiam o mel para que “as
palavras da lei fossem doces a seus lábios”.
Uma vez que um adulto, interessado em crianças,
saiba exatamente o que é possível ser feito, ele fica se
perguntando como é que alguém não descobriu isto há
mais tempo.
Olhe com cuidado para um bebê de dezoito meses e
veja o que ele faz.
Em primeiro lugar ele distrai todo mundo.
Por que isso acontece? Simplesmente porque ele
não para de ser curioso. Ele não pode ser dissuadido,
Crianças pequenas querem aprender a ler 41

disciplinado ou desprovido da sua vontade de


aprender, não importa o quanto tentemos convencê-lo
— e olha que nós tentamos bastante.
Ele quer aprender sobre o abajur, a xícara de café, a
tomada, o jornal e tudo o mais que estiver na sala —
o que significa que ele vai derrubar o abajur, derramar
o café, por o dedo na tomada e rasgar o jornal. Ele está
em constante aprendizagem e, é natural, que nós não
gostemos disso.
Pelo modo como age, concluímos que é hiperativo e
incapaz de prestar atenção, quando a verdade é que
presta atenção a tudo. Ele está sempre alerta de todas
as maneiras disponíveis para aprender sobre o mundo.
Ele vê, ouve, sente, cheira e prova. Não há outra forma
de aprender exceto pelos cinco caminhos ao cérebro, e
a criança usa todos eles.
Ele vê o abajur, puxa-o para baixo e olha, sente,
escuta, cheira e prova. Tendo a chance ele irá fazer isto
com cada objeto do aposento. Não pedirá para sair até
que tenha assimilado, através dos sentidos, tudo sobre
cada um dos objetos ao seu redor. Ele está tentando
aprender e, é claro, nós estamos fazendo o possível
para impedi-lo porque esta é uma aprendizagem muito
dispendiosa para nós.
Nós os pais, temos planejado vários métodos de
lidar com a curiosidade natural de nossas criancinhas
e, infelizmente, quase sempre isto ocorre em
detrimento da sua aprendizagem.
O primeiro deles é “dê-lhe algo para brincar que não
seja de quebrar”. Isto significa normalmente um
chocalho cor-de-rosa. Pode até ser um brinquedo mais
42 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

complicado do que um chocalho, mas ainda assim um


brinquedo. Tendo recebido o objeto a criança
prontamente olha para ele (é por isso que os
brinquedos têm cores vivas), balança-o (por isso é que
ele chocalha), toca-o (por este motivo os brinquedos
não têm pontas), prova-o (por isso é que a tinta não é
tóxica), e até mesmo cheira-o (nós ainda não
descobrimos como eles devem cheirar e por isso não
têm cheiro). Esse processo não leva mais que noventa
segundos.
Agora que ela já aprendeu tudo o que era possível
aprender neste momento, abandona-o e concentra a
sua atenção na caixa do brinquedo. A criança acha a
caixa tão interessante quanto o brinquedo — por isso
sempre devemos comprar aqueles que vem em caixas
— e aprende tudo sobre a caixa. Isto também leva
noventa segundos. Em verdade, a criança presta mais
atenção à caixa do que ao brinquedo. Uma vez que lhe
é permitido rasgar a caixa, ela pode aprender de que é
feita. Isto é uma vantagem que ela não tem sobre o
brinquedo, já que os mesmos são inquebráveis,
reduzindo a sua chance de aprender.
Nos parece, então, que deveríamos sempre comprar
brinquedos que venham em caixas, como uma boa
maneira de dobrar a sua atenção. Será que
conseguimos isto — ou simplesmente lhe demos
material para ocupar-se pelo dobro do tempo? Está
bem claro que a segunda alternativa é a verdadeira.
Em resumo, devemos concluir que o período de
atenção de uma criança está relacionado à quantidade
de material disponível que ela tenha para aprender, em
Crianças pequenas querem aprender a ler 43

vez de acreditar, como sempre o fizemos, que ela seja


incapaz de prestar atenção por muito tempo.
Se você observá-las, verá dezenas de exemplos do
que estamos falando. No entanto, apesar de toda a
evidência experimentada por nossos olhos, chegamos
frequentemente à conclusão de que a criança que tem
atenção curta, não é muito inteligente. Esta conclusão
pérfida encerra a implicação de que ela (como todas as
outras crianças) não é muito inteligente porque é
novinha. Então ficamos imaginando o que iríamos
pensar caso a garotinha de dois anos pegasse o
chocalho e ficasse brincando num canto por cinco
horas. Provavelmente seus pais ficariam preocupados
e com bons motivos.
O segundo método geral de tentar controlar suas
tentativas de aprender é o seguinte: “recoloque-a no
cercado”.
A única coisa certa sobre o cercado da criança é o
nome — é realmente um cerceamento. Deveríamos ao
menos ser honestos sobre essas coisas e parar de
dizer: “Vamos comprar um cercadinho para o bebê”.
Digamos a verdade e admitamos que o compramos
para nós.
Há uma estória em quadrinhos que mostra a mãe
sentada dentro do cercado, lendo muito contente,
enquanto seus filhos brincam do lado de fora sem
poder chegar a ela. Essa estória, além do lado
humorístico sugere outra verdade: a mãe, que já sabe
tudo sobre o mundo, pode se dar ao luxo de ficar
isolada, enquanto os filhos do lado de fora, que têm
muito a aprender, continuam suas explorações.
44 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Poucos pais compreendem o custo real de um


cercado. Ele não só restringe a capacidade da criança
aprender sobre o mundo, como também impede
seriamente o seu desenvolvimento neurológico
limitando as suas chances de arrastar-se e engatinhar
(processos vitais ao crescimento normal). Isso por sua
vez inibe o desenvolvimento de sua visão,
competência manual, coordenação viso-motora e
muitas outras coisas.
Nós pais, vimos nos persuadindo de que
compramos o cercado para proteger a criança, evitando
que se machuque ao mastigar o fio elétrico ou cair da
escada. Na verdade, a colocamos no cercado para que
nós não precisemos nos preocupar com a sua
segurança. Em termos de utilização de nosso tempo
estamos sendo cuidadosos com as coisas de menor
importância, e levianos em relação às que realmente
importam.
Se precisamos ter um cercado, seria mais sensato se
construíssemos um de aproximadamente 3,70m de
comprimento e 60cm de largura, onde o bebê pudesse
arrastar-se pelo chão, engatinhar e aprender durante
estes anos vitais para ele. Com um cercado desse tipo,
ela poderia arrastar-se pelo chão e engatinhar,
movimentando-se em uma linha reta de quase quatro
metros antes de atingir as grades do lado oposto. Tal
cercado é também conveniente para os pais, uma vez
que ocupa o espaço do lado da parede, ao invés de
todo ò aposento.
O cercado, como instrumento para medir a
aprendizagem, é infelizmente mais eficaz do que o
chocalho, porque quando a criança acabou de
Crianças pequenas querem aprender a ler 45

examinar o brinquedo que mamãe lhe deu por noventa


segundos ela joga-o fora (por isso ela atira longe o que
acabou de investigar) e do cercado não pode fugir.
Assim nós impedimos que a criança destrua coisas
(uma maneira de aprender) quando a confinamos.
Esse procedimento, que coloca a criança num vazio
físico, emocional e educacional, não falhará enquanto
formos capazes de aguentar os seu angustiantes gritos
para sair; ou presumindo-se que não possamos mais
aguenta-los, até que seja alta o suficiente para poder
pular para fora e continuar sua aprendizagem.
Será que isto tudo quer dizer que somos a favor
dela quebrar o abajur? De maneira nenhuma. Só
significa que temos tido muito pouco respeito com o
desejo da criança de aprender, apesar de todos os
claros indícios de que ela quer desesperadamente
aprender tudo o que puder, o mais rapidamente
possível.
Estórias inverídicas continuam a surgir, as quais,
ainda que falsas, são bastante reveladoras.
Há a estória de dois meninos de cinco anos no
Jardim da Infância que estavam no recreio quando um
avião passou rapidamente sobre a escola. Um deles
achava que era um avião supersônico, o outro disse
que não porque as asas não eram inclinadas para trás
o bastante. O sino tocou interrompendo a discussão e
um deles falou: “Agora temos que parar de pensar e
voltar a enfiar aquelas malditas continhas”.
A estória é exagerada, mas de implicação
verdadeira.
46 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Consideremos o menino de três anos que pergunta:


“Papai, por que o sol é quente?” “Como é que o
homenzinho entrou na televisão?” “O que faz crescer
as flores, mamãe?”
Enquanto a criança demonstra a sua curiosidade
eletrônica, astronômica, e biológica, nós, com
frequência dizemos a ela para ir brincar com seus
brinquedos. Ao mesmo tempo estamos concluindo que
ela é muito nova e tem uma atenção muito curta.
Certamente que tem — pelo menos para os
brinquedos.
Nós conseguimos conservar nossos filhos
cuidadosamente isolados da aprendizagem no período
em que o desejo de aprender está no auge.
O cérebro humano é o único recipiente, do qual se
pode dizer, que quanto mais se enche, mais irá caber.
Entre nove meses e quatro anos a capacidade de
absorver informações é sem igual, e o desejo de
aprender é tão grande que nunca mais será igualado.
Apesar disso, durante este período, nós mantemos
nossos filhos limpos, alimentados, protegidos do
mundo que os cerca — num vácuo de aprendizagem.
É irônico que, quando eles crescerem, iremos dizer-
lhes que são tolos porque não desejam saber sobre
astronomia, física ou biologia. Aprender, iremos dizer-
lhes, é a coisa mais importante da vida, e o é.
Nós temos, no entanto, nos descuidado do reverso
da moeda.
Aprender é também o maior jogo da vida, e o mais
divertido.
Crianças pequenas querem aprender a ler 47

Nós imaginamos que as crianças detestam aprender


especialmente porque a maior parte delas não gosta da
escola. Uma vez mais estamos confundindo ensinar
com aprender. Nem todas as crianças da escola estão
aprendendo — assim como, nem todas as que estão
aprendendo, o estão fazendo na escola.
Minhas próprias experiências na primeira série
foram típicas do que vêm acontecendo há séculos. Em
geral a mestra nos mandava sentar, olhar para ela e
escutar calados enquanto ela começava um doloroso
processo chamado ensinar que, segundo ela, seria
penoso para ambos, mas através do qual iríamos
aprender — ou então...
No meu próprio caso, aquela profecia da primeira
professora, provou ser correta. Foi doloroso e pelo
menos pelos próximos doze anos, eu detestei cada
minuto dela. Tenho certeza de que não fui o único.
O processo da aprendizagem deveria ser divertido
ao máximo, porque é, de fato, o maior jogo da vida.
Mais cedo ou mais tarde todas as pessoas inteligentes
chegam a essa conclusão. Mais e mais vezes ouvimos
alguém dizer: “Este foi um dia ótimo. Eu aprendi
muitas coisas novas”. Ou alguém diz: “Eu tive um dia
horrível, mas aprendi algo”.
Uma experiência recente, que culminou em muitas
outras similares, porém em situações menos
engraçadas, serve como um excelente exemplo de que
criancinhas querem aprender e que não são capazes de
distinguir aprendizagem de divertimento. Elas
mantêm esta atitude até que os adultos a convencem
de que aprender não é agradável.
48 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Nossa equipe estava atendendo uma menina de três


anos já há alguns meses e ela havia chegado ao ponto
no programa onde normalmente ensinamos leitura.
Era importante para a reabilitação dessa criança que
ela aprendesse a ler, porque é impossível inibir uma
função humana sem afetar, até certo ponto, a
totalidade das suas funções cerebrais. Ao contrário, se
ensinamos uma criança severamente lesada a ler, nós
estaremos auxiliando a sua fala, e outras funções. Foi
por esta razão que recomendamos, nesta visita, que a
garotinha deveria aprender a ler.
O pai da criança, compreensivelmente estava
descrente do fato de poder ensinar sua filhinha de
cérebro lesado, de três anos, a ler. Ele só foi
convencido pela esplêndida forma física e o progresso
na fala que a criança vinha obtendo até aquele ponto.
Quando ele retomou para uma reavaliação, dois
meses depois, ele nos contou o seguinte: Embora
tivesse concordado em agir conforme as instruções
recebidas, não havia acreditado que pudesse dar certo.
Ele decidira também, já que iria ensinar sua filha com
lesão cerebral, que o faria dentro do que imaginava ser
um ambiente “típico de sala de aula”.
Ele havia, portanto, construído uma sala de aula
completa com quadro-negro e carteiras, no seu porão.
E tinha convidado sua filha de sete anos para ajudar
nas aulas.
Como era de se prever, assim que ela deu uma
olhada na sala de aula deu gritinhos de alegria. Ela
tinha o maior brinquedo de toda a redondeza. Maior
que um carrinho de bebê, maior que uma casa de
boneca. Ela tinha a sua própria escola particular.
Crianças pequenas querem aprender a ler 49

Nas férias, a garotinha saiu pela vizinhança


recrutando cinco crianças, de três a cinco anos de
idade para “brincar de escola”.
Elas, com certeza, estavam entusiasmadas com a
ideia e concordavam em ser boazinhas, só para poder
ir para a escola como seus irmãos e irmãs. Elas
brincavam de escolinha durante os cinco dias da
semana, durante todo o verão. A de sete anos era a
professora e as outras menores, as alunas.
As crianças não foram forçadas a brincar disto. Era
simplesmente o melhor jogo que já tinham tido para
brincar.
A “escola” fechou no final das férias, quando a
professora de sete anos teve que ir para a segunda
série.
Como resultado, naquele bairro específico, existem
agora cinco crianças, com idades entre três e cinco
anos, que sabem ler. Elas não podem ler Shakespeare,
mas sabem ler as vinte e cinco palavras que sua
professora de sete anos lhes ensinou. Elas podem ler e
entender todas elas.
Certamente esta menina de sete anos deve ser
incluída entre os melhores educadores da História —
ou então devemos concluir que as crianças de três
anos querem aprender a ler.
Nós preferimos acreditar que é o desejo das de três
anos, mais do que a habilidade da de sete, que levou
as pequenininhas a aprenderem.
Finalmente, é importante notar que quando uma
criança de três anos aprende a ler um livro, ela presta
50 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

atenção a ele por longos períodos, parece inteligente e


para de quebrar abajures por completo; mas, ela tem
apenas três anos e ainda acha que brinquedos, são
interessantes por cerca de noventa segundos.
Naturalmente nenhuma criança quer aprender a ler
até ficar sabendo que a leitura existe. Todas elas
querem absorver informações sobre tudo o que as
rodeia, e sob as circunstâncias adequadas, a leitura é
uma dessas coisas.
crianças pequenas
podem aprender a ler

Um dia, há muito pouco tempo, eu a


encontrei no chão da sala folheando um livro de
francês. Ela simplesmente me disse, “Bem,
mamãe, eu já li todos os livros em inglês que
temos em casa.”

[SRA. GILCHRIST, Newsweek


(13 de maio de 1963)]

Crianças muito pequenas podem e aprendem a ler


palavras, sentenças e parágrafos, exatamente da
mesma maneira que aprenderam a ouvir palavras,
sentenças e parágrafos.
De novo, os fatos são simples — belos, porém
simples. Já dissemos que os olhos enxergam, mas não
são capazes de entender e os ouvidos escutam, mas
não podem igualmente compreender. Só o cérebro é
capaz de interpretar as mensagens que recebe.
Quando o ouvido capta ou seleciona palavras ou
mensagens, essa percepção auditiva é desmembrada
numa série de impulsos eletroquímicos e enviada ao
cérebro, que não os escuta propriamente, mas os
reúne e interpreta em termos do significado da
palavra.
Exatamente da mesma maneira, quando os olhos
captam uma palavra escrita ou uma mensagem, essa
52 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

percepção visual é desmembrada numa série de


impulsos eletroquímicos e enviada ao cérebro que
propriamente não vê, mas que os reúne, constituindo
assim o ato de ler.
O cérebro é um instrumento mágico.
Tanto a trajetória visual como a auditiva
atravessam o cérebro onde ambas as mensagens são
interpretadas pelo mesmo processo cerebral.
A acuidade visual e a acuidade auditiva têm muito
pouco a ver com isso, a não ser que sejam muito
fracas.
Existem muitos animais que veem ou ouvem
melhor do que qualquer ser humano. Apesar disso,
não importando quão sofisticada seja a sua capacidade
de ver ou ouvir, nenhum chimpanzé será capaz de
entender a palavra “liberdade” ainda que possa vê-la
através dos olhos e escutá-la através dos ouvidos. Seu
cérebro não é capaz disto.
Para começar a entender o cérebro humano, nós
devemos considerar mais o momento da concepção do
que o do nascimento, porque foi aí que o maravilhoso
e pouco conhecido processo do crescimento cerebral
começou.
A partir da concepção o cérebro humano cresce, de
maneira explosiva, em contínua escala descendente.
Explosiva e descendente.
Todo o processo está essencialmente completo aos
oito anos de idade.
Na concepção, o ovo fertilizado tem tamanho
microscópico. Doze dias mais tarde, o embrião está
Crianças pequenas podem aprender a ler 53

suficientemente desenvolvido para que o cérebro


possa ser diferenciado. Isso acontece muito antes da
mãe saber que está grávida, tão evidentemente rápido
é o seu grau de crescimento.
Embora esse índice de crescimento seja fantástico,
a velocidade é sempre menor que a do dia anterior.
Ao nascer, a criança pesa cerca de 4 quilos, o que
representa milhões de vezes o peso do ovo nove meses
antes, no momento da concepção. É obvio que se essa
proporção fosse a mesma nos nove meses seguintes,
como fora nos anteriores, a criança pesaria milhares
de toneladas aos nove meses de idade e muitos
milhões aos 18 meses.
O processo do crescimento cerebral equipara-se ao
do corpo, só que em grau descendente muito maior.
Isso pode ser visto claramente quando se observa que
ao nascer, o cérebro da criança perfaz onze por cento
do total do corpo, enquanto, no adulto, somente dois e
meio por cento.
Quando a criança completa cinco anos, o
crescimento do cérebro está concluído em oitenta por
cento.
Ao fazer oito anos está, como já dissemos,
virtualmente concluído.
Durante o período entre oito e oitenta anos temos
um crescimento cerebral menor do que o ocorrido num
único ano (o mais vagaroso de todos dos oito
primeiros anos), entre as idades de sete e oito anos.
Além desse conhecimento básico sobre o processo
de crescimento do cérebro, é também relevante
54 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

compreender quais dentre as suas funções são mais


importantes para o homem.
Há apenas seis funções neurológicas que são
exclusivas do ser humano, o caracterizam e o
distinguem das outras criaturas.
Estas seis funções são de uma camada do cérebro
conhecida como o córtex humano. Essas capacidades
exclusivas ao homem, estão presentes e funcionando,
aos oito anos de idade. Vale a pena conhecê-las.

n Somente o homem é capaz de andar inteiramen-


te na posição vertical.

n Somente o homem fala uma linguagem conven-


cionada, abstrata e simbólica.

n Somente o homem é capaz de combinar sua sin-


gular habilidade manual com a capacidade motora,
já mencionadas, para expressar sua linguagem.
Essas três capacidades são de natureza motora
(expressiva) e baseadas nas três seguintes, que são de
natureza sensorial (receptiva).

n Somente o homem entende a linguagem conven-


cionada, abstrata e simbólica que ouve.

n Somente o homem pode identificar objetos usan-


do unicamente o sentido do tato.

n Somente o homem vê de maneira a poder ler a


linguagem abstrata quando na forma escrita.
Aos oito anos de idade a criança é capaz de todas
essas funções uma vez que anda, fala, escreve, lê,
compreende a linguagem falada e identifica objetos
Crianças pequenas podem aprender a ler 55

pelo toque. É evidente que, daí por diante, nós


estamos tratando de uma série de multiplicações
laterais dessas seis funções exclusivamente humanas,
em vez do acréscimo de novas habilidades.
Uma vez que toda a vida futura do homem depende
muito dessas seis funções desenvolvidas nos oito
primeiros anos de vida, uma pesquisa e descrição das
várias fases que existem durante esse período, é de
extrema importância.

O PERÍODO DO NASCIMENTO A UM ANO

Esse período é vital para todo o futuro da criança.


É verdade que nós a mantemos aquecida,
alimentada e limpa, mas também limitamos
seriamente o seu crescimento neurológico.
O que lhe deve acontecer, durante este tempo,
poderia ser assunto de um livro inteiro. Basta-nos
dizer agora que, durante este período de sua vida, o
bebê deve ter ilimitada oportunidade de movimento,
para explorar o meio físico e adquirir experiência.
Nossa sociedade e civilização atuais geralmente irão
negar-lhe isto. Nas muito raras ocasiões em que
ocorrem, tais oportunidades resultam em crianças
física e neurologicamente superiores. O caráter do
futuro adulto, em termos de capacidade física e
neurológica, será mais fortemente determinado neste
período da sua vida do que em qualquer outro.
56 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O PERÍODO DE UM A CINCO ANOS

Este período é crucial para todo o futuro da criança.


Durante esse tempo, nós a amamos, tomamos
cuidado para que não se machuque, cercamo-la de
brinquedos e a mandamos para a escola maternal.
Totalmente inadvertidos, estamos fazendo o possível
para bloquear a aprendizagem.
O que deveria acontecer com ela, nesses anos
cruciais de sua vida, é o seguinte: deveríamos estar
satisfazendo a sua avassaladora atração pela matéria
prima bruta, que a criança quer absorver de todas as
formas possíveis, mas particularmente em termos de
linguagem falada, ouvida, impressa e lida.
É também durante esse período da vida que â
criança deveria aprender a ler, abrindo assim a porta
do tesouro dourado de todas as coisas escritas pelo
homem na História, a soma do conhecimento humano.
Durante esses anos de inigualável vivência e de
insaciável curiosidade, será firmado todo o intelecto da
criança. O que ela poderá vir a ser, com seus interesses
e habilidades futuras, será determinado nesta fase.
Um número ilimitado de fatores influenciará a sua
vida de adulto. Os amigos, a sociedade e a cultura irão
ter influência sobre o que fará no futuro e alguns
desses fatores poderão ser prejudiciais à sua plena
potencialidade.
Embora tais circunstâncias da vida de adulto
possam diminuir sua capacidade de aproveitar e
produzir, isto não ocorrerá nunca acima do potencial
que é estabelecido durante esse período decisivo. É por
Crianças pequenas podem aprender a ler 57

causa de tão importante motivo que deveriam ser-lhe


dadas, quando criança, as chances de adquirir
conhecimentos, o que ela aprecia mais do que
qualquer outra coisa.
É ridículo pressupor que quando a curiosidade
insaciável de uma criança é satisfeita, da maneira que
ela mais gosta, estamos despojando-a de sua infância
tão preciosa. Tal atitude seria completamente indigna
se não fosse tão frequentemente encontrada. Raras
vezes vemos pais que acreditam que há prejuízo para
a “preciosa infância”, quando notam a avidez com que
a criança se empenha ao ler um livro com a mamãe,
sobretudo quando comparada a seus gritos
angustiantes para sair do cercado ou com o tédio total
experimentado por ela em meio a uma montanha de
brinquedos.
Aprender durante esta fase da infância é, mais que
tudo, uma imperiosa necessidade e estaríamos
contrariando a natureza se tentássemos impedir que
isto acontecesse. Ela é necessária à sua sobrevivência.
O gatinho que “brinca” pulando sobre a bola de lã,
está apenas usando-a como vim substituto do rato. O
cachorrinho que “brinca” fingindo ser feroz com os
outros está aprendendo a reagir quando atacado.
A sobrevivência, no nosso mundo, depende da
nossa capacidade de expressão e a linguagem é o meio
usado para possibilitá-la.
O brinquedo da criança, como o do gatinho, é muito
mais aprendizagem do que diversão.
Uma de suas principais finalidades é a aquisição da
linguagem em todas as suas formas.
58 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Devemos ser cuidadosos e considerá-la como tal, e


não como um mero brinquedo divertido.
A necessidade de aprender, durante esses anos,
toma-se absoluta. Não é maravilhoso que uma
Natureza tão sábia tenha feito com que a criança
queira aprender? Não é terrível que tenhamos
compreendido tão mal esse pequenino ser e colocado
tantos empecilhos no curso desta Natureza?
Esse, portanto, é o período da vida no qual o
cérebro é uma porta aberta a todos os ensinamentos,
sem nenhum esforço consciente. É a época em que a
criança pode aprender a ler com facilidade e de modo
natural. Temos que dar-lhe a oportunidade para isso.
É ainda durante esse período, que ela pode
aprender uma língua estrangeira, ou mesmo cinco,
haja visto que os alunos hoje em dia, falham nessa
tarefa, no secundário e nas faculdades. A criança deve
ter esta chance. Ela vai aprender facilmente agora e
com grande dificuldade mais tarde.
Nessa época também é aconselhável que receba os
ensinamentos básicos sobre a linguagem escrita, o que
exigirá muito mais esforço, entre seis e dez anos. Ela
vai aprender agora muito mais rápido e mais
facilmente.
É mais do que uma oportunidade única, é um dever
sagrado abrir-lhe a comporta de todos os
conhecimentos básicos.
Nunca mais teremos outra oportunidade igual a esta.
Crianças pequenas podem aprender a ler 59

O PERÍODO DE CINCO A OITO ANOS

Este período é muito importante para o resto da


vida da criança.
É aqui nesta época, praticamente o final de seus
dias sensíveis e maleáveis de formação, que ela
ingressa na escola. Que período traumático poderá ser!
Que leitor não se lembra desta fase de sua vida, ainda
que tenha ocorrido há muito? A experiência da
entrada no Jardim de Infância e os dois anos seguintes
são, frequentemente, a mais remota recordação que
um adulto retém. Geralmente não é lembrada com
prazer.
Por que é necessário ser assim se as crianças
querem tão desesperadamente aprender? Podemos
interpretar isso como prova de que elas não o querem?
Ou é mais provável que estejamos cometendo erros
básicos muito importantes?
Quais seriam esses erros? Consideremos os fatos
neste caso.
Nós estamos pegando uma criança, que até então
passou pouco ou nenhum tempo fora de casa, e a
estamos introduzindo num mundo física e socialmente
desconhecido. Seria um indício da felicidade
experimentada no lar se a criança de cinco ou seis
anos não sentisse falta da mãe durante esta
importante fase de sua vida? Aí, ao mesmo tempo,
começamos a dar-lhe disciplina de grupo e educação
precoce.
Devemos ter em mente que a criança possui grande
capacidade de aprender, mas pequena habilidade para
60 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

efetuar julgamentos. O resultado disso é que ela


relaciona
a infelicidade de estar subitamente separada da
mãe à recente experiência escolar, e assim, desde o
início, a criança associa aprendizagem com o que é, na
melhor das hipóteses, uma vaga tristeza. Não se pode
dizer que este seja um bom início na tarefa mais
importante da sua vida.
A professora também irá sentir o terrível efeito
disto. É surpreendente que muitas enfrentem sua
missão mais com austera determinação do que com
uma feliz expectativa. Ela tem duas coisas contra si,
desde que vê a criança pela primeira vez.
Como seria melhor para o aluno, para a professora
e para o mundo se, por ocasião deste primeiro contato
com a escola, o novo estudante já tivesse adquirido e
conservado o gosto de aprender.
Se este fosse o caso, o amor da criança pela leitura
e pela aprendizagem, agora em vias de
aperfeiçoamento, contribuiria grandemente para
minimizar o golpe psicológico causado pela separação
de sua mãe.
Realmente, em casos relativamente raros, onde a
criança é introduzida na aprendizagem com pouca
idade, é agradável perceber como o seu amor pelo
saber se converte também em amor pela escola. É
significativo o fato de que, quando elas estão
indispostas, tentam muitas vezes esconder de sua mãe
(geralmente sem sucesso), para não serem impedidos
de ir à escola. Que diferença de muitos de nós que, na
Crianças pequenas podem aprender a ler 61

infância, fingíamos doença (geralmente não muito


bem) para não ter que ir ao colégio?
Nossa falha, no reconhecimento de tais fatores
básicos, nos tem levado a praticar ações pouco
psicológicas. Do ponto de vista educacional, a criança
de sete anos de idade está começando a aprender a ler
— mas sobre assuntos triviais, muito abaixo dos seus
interesses, conhecimento e capacidade.
O que deveria suceder à criança durante este
período de sua vida entre cinco e oito anos
(pressupondo-se que o que aconteceu nos períodos
anteriores foi adequado) é que ela recebesse com a
maior satisfação os assuntos que normalmente só
seriam apresentados entre as idades de oito e quatorze
anos.
É evidente que os resultados disto em grande escala
só podem ser bons, a não ser que queiramos aceitar
como premissa que ignorância conduz ao bem e o
conhecimento ao mal; que brincar com um brinquedo
deve resultar em felicidade enquanto aprender sobre
sua língua e acerca do mundo significa infelicidade.
Seria muito tolo pensar que, encher o cérebro com
ensinamentos poderia, de certa forma, esgotá-lo,
enquanto mantê-lo vazio o estaria poupando.
Uma pessoa cujo cérebro está repleto de
conhecimentos úteis que possam ser usados, é
facilmente tachada de gênio, enquanto uma outra sem
informações é chamada de idiota.
Quanto uma criança vai poder aprender sob essas
novas circunstâncias e a satisfação obtida com isso irá
constituir o objeto de nossos sonhos até que
62 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

cheguemos a um tempo quando uma grande


quantidade delas poderá ter essas novas
oportunidade. Não há dúvida de que o impacto dessas
crianças superiores no mundo só pode significar
coisas melhores.
A grande quantidade de conhecimentos que lhes
impedimos de receber, refletem bem a nossa falta de
valorização pelo seu talento. O muito que elas têm
conseguido aprender, apesar de nossos empecilhos, é
um tributo àquela imensa genialidade em absorver
informações.
A criança recém-nascida é quase que uma duplicata
exata de um computador eletrônico vazio, embora
superior a ele em todos os sentidos.
n Um computador vazio é capaz de receber uma
grande soma de informações prontamente e sem
esforço. Uma criança pequena também é capaz disso.
n Um computador é capaz de classificar e arquivar
tais informações. Uma criança também é capaz disso.
n Um computador é capaz de armazenar as
informações em caráter permanente ou temporário.
Uma criança também é capaz disso.
n Você não pode esperar que o computador lhe dê
respostas inteligentes até que você tenha lhe fornecido
informações primárias sobre as quais esteja baseada a
pergunta feita. O computador não é capaz. A criança
também não pode.
n Quando você coloca informações básicas
suficientes no computador, recebe respostas corretas e
Crianças pequenas podem aprender a ler 63

até mesmo julgamentos da máquina. O mesmo você


pode obter da criança.
n A máquina aceitará toda a informação que
receber, seja a mesma correta ou não. A criança
também o fará.
n A máquina não rejeitará nenhuma informação
que seja colocada nela de maneira apropriada. Nem
tampouco a criança.
n Se informações incorretas forem colocadas no
computador, futuras respostas baseadas neste
material serão incorretas. O mesmo acontecerá com a
criança.
E aqui termina o paralelo.
Se colocamos informação errada no computador,
podemos esvaziá-lo e reprogramá-lo. O mesmo não
acontece com a criança.
A informação básica colocada no cérebro da criança
para conservação permanente tem duas limitações. A
primeira delas é que se você coloca uma informação
errada no seu cérebro, durante os primeiros oito anos
de sua vida, é extremamente difícil apagá-la. A
segunda limitação é que, depois dos oito anos de
idade, ela assimilará a matéria nova vagarosamente e
com maior dificuldade.
Consideremos a criança do interior que diz “carrne”
ao invés de carne e a carioca que fala “chuvendo” ao
invés de chovendo. Muito raramente uma viagem ou a
instrução formal são capazes de eliminar o defeito de
pronúncia originária do lugar, o sotaque, por mais
charmoso que pareça. Acreditamos que a educação
64 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

posterior seja como um sofisticado verniz sobre o


aprendizado básico dos primeiros oito anos, um
momento de grande nervosismo irá desmanchá-lo por
completo.
Conta-se o caso de uma bela artista de teatro, sem
muita cultura, que casou-se com um homem rico. Ele
procurou educar sua nova esposa de todas as formas
e tudo parecia ir muito bem. Um dia, muitos anos
depois, ao descer de uma carruagem, com maneiras
próprias de uma dama educada, seu valiosíssimo colar
ficou preso na carruagem e rompeu-se, espalhando
belíssimas pérolas por todos os lados.
“Meu Jesus!” contam que ela gritou, “as pérolas de eu”.
O que é colocado no cérebro infantil durante os
primeiros oito anos de vida, provavelmente ficará por
lá. Temos, portanto que ter a certeza de só colocar
informações boas e corretas. Costuma-se dizer: “Dê-
me uma criança nos seus primeiro oito anos de vida e
depois disso você poderá fazer o que quiser com ela”.
Nada pode ser mais verdadeiro do que isso.
Todos sabem da facilidade com que as crianças
pequenas decoram textos, mesmo os que elas não
entendem de todo.
Recentemente vimos uma menina de oito anos
lendo numa cozinha onde um cachorro latia, um rádio
tocava e uma discussão de família chegava ao auge. A
garota estava decorando um poema para ser recitado
no dia seguinte na escola. Ela foi muito bem.
Se um adulto fosse escolhido para aprender uma
poesia hoje, para ser dita perante um auditório no dia
seguinte, ficaria apavorado. Supondo que tudo tivesse
Crianças pequenas podem aprender a ler 65

ido bem, se alguém pedisse para ele recitar a poesia


seis meses mais tarde, não seria capaz de lembrar-se
dela, mas recordaria certamente as que recitara
enquanto pequeno.
Embora uma criança seja capaz de absorver e reter
tudo que lhe é apresentado, durante estes anos tão
importantes, a sua habilidade de aprender um idioma
é sem igual, independente do fato da língua ser falada,
isto é, adquirida através do ouvido, ou por escrito,
através da visão.
Como já foi ressaltado, com o passar dos anos a
capacidade de absorver conhecimentos sem esforço
diminui. Cumpre lembrar também que, a cada dia, a
sua capacidade de julgamento cresce.
Consequentemente, as curvas ascendentes e
descendentes se cruzam.
Até chegar neste período em que as curvas se
encontram, a criança é superior ao adulto em alguns
pontos. Um deles é a capacidade de aprender idiomas.
Analisemos este fator singular de superioridade na
aquisição da linguagem.
O autor passou quatro anos tentando aprender
francês quando adolescente e quase adulto e esteve na
França por duas vezes. Porém, está certo ao dizer que
na realidade não fala francês. No entanto, cada criança
francesa normal e grande parte abaixo do normal,
sendo algumas mentalmente retardadas, aprenderam
a falar bem sua língua, usando todas as regras básicas
de gramática antes de completarem seis anos.
Essa ideia é, de certa maneira, desconcertante.
66 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

De início, pode parecer que a diferença não está


baseada num conflito crianças contra adultos, mas no
fato de que as crianças francesas moram na França,
escutam francês a toda hora e por todos os lados,
enquanto o adulto não.
Vejamos se esta é realmente a diferença ou se a
verdade está de acordo com a ilimitada capacidade da
criança e a grande dificuldade do adulto para aprender
línguas.
Algumas dezenas de milhares de oficiais do
exército americano têm sido mandados para países
estrangeiros e muito deles têm tentado aprender o
novo idioma. Vejamos o exemplo do Major John Smith,
de trinta anos e excelente forma física. Ele tem curso
superior e um Q.I. de pelo menos quinze pontos acima
da média. O Major Smith é transferido para um posto
na Alemanha.
Lá, começa a frequentar uma escola de língua
germânica, três noites por semana. As escolas de
idiomas do exército são excelentes e ensinam pelo
sistema de conversação empregando professores
muito experientes.
O Major Smith se esforça para aprender alemão, que
é muito importante para sua carreira e porque tem que
lidar diariamente com pessoas que falam as duas
línguas.
De qualquer modo, um ano mais tarde, quando vai
às compras, leva o seu filho de cinco anos e percebe
que o menino está se encarregando da conversação
porque pode falar melhor o alemão do que seu pai.
Como é isso possível?
Crianças pequenas podem aprender a ler 67

O pai aprende com o melhor professor que o


exército pôde encontrar, e ainda assim mal fala o
alemão, enquanto seu filho se exprime corretamente.
Quem ensinou à criança? Pessoa alguma. Só que ela
fica o dia inteiro em casa com uma empregada que fala
alemão. Quem ensinou alemão para a empregada? Na
verdade, ninguém.
O pai aprendeu alemão e não fala.
O filho não aprendeu alemão e fala.
A fim de que o leitor não fique preso na tentadora
armadilha que consiste em acreditar que a diferença
está nas condições ambientais do Major Smith e de seu
filho, mais do que na capacidade ímpar da criança e a
relativa incapacidade do adulto para aprender línguas,
consideremos rapidamente o caso da Sra. Smith. Vivia
na mesma casa e tinha a mesma empregada que a
criança. Ela não aprendeu mais alemão que seu
marido e sabia menos do que seu filho.
Se, na infância, o desperdício desta capacidade
única de aprender línguas não fosse tão triste e
lamentável, seria até divertida.
Caso a família Smith tivesse mais filhos quando
partiu para a Alemanha, a proficiência na língua seria
inversamente proporcional à idade dos membros da
família:

n O de três anos de idade, se existisse, aprenderia


mais alemão do que qualquer outro;

n O de cinco anos aprenderia bastante, mas não tão


bem quanto o de-três;
68 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

n O de dez aprenderia muito bem o alemão, mas


menos do que o de cinco;

n O de quinze aprenderia alguma coisa, mas logo


esqueceria;

n O pobre Major Smith e Sra. quase não aprende-


riam alemão.
O exemplo aqui demonstrado, longe de ser um caso
à parte, é quase que universalmente verdadeiro.
Temos conhecido crianças que têm aprendido francês,
espanhol, alemão, japonês ou iraquiano, sob essas
mesmas circunstâncias.
Outro ponto que gostaríamos de ressaltar, não é
tanto a capacidade inata da criança de aprender
idiomas, mas a incapacidade do adulto de aprender
línguas estrangeiras.
Fica-se horrorizado quando se consideram os
milhões de dólares gastos anualmente nas escolas
secundárias e universidades americanas, tentando
inutilmente ensinar línguas aos jovens que são quase
incapazes de aprendê-las.
Deixemos o leitor considerar se ele ou ela realmente
aprenderam uma língua no secundário ou na
faculdade.
Se depois de quatro anos, aprendendo francês na
escola, o leitor for capaz de pedir um copo d’água,
tente explicar que a água é gelada. Isso bastará para
convencer a todos, exceto os mais teimosos, que
quatro anos de francês não foram o bastante. Quatro
anos seriam mais do que suficientes para qualquer
criança pequena.
Crianças pequenas podem aprender a ler 69

Simplesmente não há dúvida de que uma criança,


longe de ser um adulto inferior ou de pouco tamanho
é, de certa maneira, superior à gente grande. Um
desses aspectos é a quase fantástica faculdade para
assimilar línguas.
Temos aceito, quase sem pensar, essa capacidade
verdadeiramente miraculosa.
Cada criança normal (e como tem sido dito, aquelas
com problemas também) aprende com efeito uma
língua completa entre as idades de um a cinco anos.
Aprende-a com o sotaque exato de seu país, seu
estado, sua cidade e sua família. Aprende-a sem
esforço aparente e exatamente como é falada. Quem
duplica esta façanha?
E ainda não é tudo.
Toda criança criada numa casa onde se fala duas
línguas, aprenderá as duas antes dos seis anos de
idade. Além do mais, ela falará a língua estrangeira
com o sotaque exato do local onde os adultos, que lhe
servem de modelo, aprenderam.
Se uma criança americana, de pais italianos
conversa com uma pessoa vinda da Itália, mais tarde,
poderá ouvir: “Ah, você é de Milão!” — se é que foi lá
que seus pais cresceram. “Posso reconhecer pelo
sotaque”. E isto acontece apesar da criança ítalo-
americana nunca ter deixado os Estados Unidos.
Todas aquelas criadas em casas onde se fale três
línguas, dominarão os três idiomas antes de completar
seis anos de idade e assim por diante.
70 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O autor, recentemente viveu essa experiência,


quando esteve no Brasil. Conheceu um menino de
nove anos, com inteligência média, que compreendia,
lia e escrevia nove línguas quase que fluentemente.
Avi Roxannes nasceu no Cairo, onde aprendeu
francês* árabe e inglês. Com o avô turco que vivia com
ele, aprendeu a língua síria. Quando tinha quatro
anos, a família mudou-se para Israel; foi quando uma
tia espanhola, por parte do pai, juntou-se a eles. Avi
aprendeu espanhol. Em Israel aprendeu mais três
línguas: hebraico, alemão e iídiche e, então, aos seis
anos de idade, quando se mudaram para o Brasil, Avi
aprendeu português.
Ao todo, os pais de Avi falavam tantas línguas
quanto ele; por isso mantinham conversação com seu
filho em cada um dos nove idiomas. Os pais de Avi,
acentuadamente melhores linguistas que a maioria
dos adultos, tendo aprendido cada um cinco línguas
durante a infância, quando se tratava de inglês ou
português, que aprenderam quando adultos, não
competiam de forma alguma com Avi.
Já comentamos anteriormente que tem havido na
História muitos casos cuidadosamente documentados
de pais que resolveram ensinar os seus filhos de pouca
idade a fazer coisas que foram e ainda são
consideradas extraordinárias.
Um desses é o da pequena Winifred, cuja mãe,
Winifred Sackville Stoner, escreveu um livro chamado
Educação Natural, publicado em 1914.
Essa mãe começou a incentivar a filha e criou
oportunidades especiais para ela aprender logo após o
nascimento. Discutiremos os resultados dessa atitude
Crianças pequenas podem aprender a ler 71

na aprendizagem de leitura de Winifred, mais adiante


neste livro. Por enquanto, vejamos o que a Sra. Stoner
tinha a nos contar sobre a capacidade de seu bebê com
a linguagem falada aos cinco anos de idade:
“Assim que Winifred pode exprimir suas
necessidades, comecei a ensinar-lhe o espanhol
através da conversação e com os mesmos métodos
diretos que eu usara para ensinar inglês. Escolhi o
espanhol por ser o mais simples dos idiomas
europeus. Quando Winifred completou cinco anos,
estava apta a expressar seus pensamentos em oito
idiomas, e, não tenho dúvida que ela poderia ter
dobrado o número então, se eu tivesse continuado o
nosso jogo de construção de vocábulos em várias
línguas. Só que, nessa época, eu comecei a pensar que
o esperanto iria ser o mais novo meio de comunicação
internacional, e, que apesar de estar desenvolvendo
sua aptidão linguística, um conhecimento de muitas
línguas não seria mais um grande benefício para
minha filha”.
Adiante a Sra. Stoner disse, “Os métodos comuns
do ensino de uma língua na escola, através de regras
gramaticais e tratados, têm provado ser um completo
fracasso, no que diz respeito à capacidade de alunos
para usarem a linguagem como meio de comunicação.
“Há professores de latim que vêm ensinando há
meio século e não sabem realmente o latim coloquial.
Minha filha tinha quatro anos de idade quando perdeu
a fé na sabedoria de certos professores de latim;
dirigiu-se a um deles, que não entendeu a saudação
‘Quid agis,’ e olhou-a estupefato, vendo que ela
72 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

continuava a falar dos pratos da mesa ‘ab ovo usque


ad mala’”.
Refletindo sobre a notável capacidade da criança de
aprender o idioma falado, acentuemos mais uma vez
que o processo, pelo qual a linguagem falada é escrita
e compreendida, é precisamente o mesmo.
Não podemos concluir então que as crianças
pequenas devam ter também singular habilidade para
ler um idioma? O fato é que uma vez dada esta
oportunidade, elas certamente demonstram
capacidade. Vejamos alguns exemplos disso.
Quando uma pessoa ou grupo é levado pela
pesquisa ao que parece uma nova e importante ideia,
é necessário tomar certas medidas, antes que se tome
dever do grupo a publicação e divulgação da mesma.
Primeiramente, a ideia deve ser testada na vida real
para ver quais são os seus resultados na prática.
Podem ser bons, maus ou indiferentes.
Depois, embora tais conceitos possam parecer
novos, é provável que alguém, em algum lugar, já os
tenha formulado, aplicado ou mesmo divulgado.
Além de privilégio, é também dever das pessoas
descobridoras da ideia, fazer uma cuidadosa pesquisa
em tomo dos documentos capazes de determinar o que
alguém mais já revelou sobre o assunto. Isto é
necessário, embora a ideia possa parecer inteiramente
nova.
No período de 1959 a 1962, nosso grupo ficou
sabendo que outras pessoas estavam trabalhando com
crianças pequenas no campo da aprendizagem da
Crianças pequenas podem aprender a ler 73

leitura, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.


Tínhamos uma ideia geral do que faziam ou diziam.
Embora concordássemos com muito do que estava
sendo feito, que certamente era uma boa coisa,
acreditávamos que a base de tal aprendizagem era
mais neurológica do que psicológica, emocional ou
educacional.
Quando começamos a estudar intensamente os
livros sobre o assunto, quatro fatos nos
impressionaram:

n 1. A iniciativa de ensinar crianças pequenas a


ler não era nova; na verdade vinha se estendendo
por séculos.

n 2. Frequentemente, pessoas de diferentes gera-


ções fazem as mesmas coisas, embora por razões
diversas e diferentes filosofias.

n 3. Todos os que decidiram ensinar crianças


pequenas a ler, vêm usando sistemas que, embo-
ra com técnicas diversas, têm vários fatores em
comum.

n 4. O mais importante é que em todos os casos que


encontramos de crianças pequenas que aprende-
ram a ler em casa, não houve um que fracassas-
se, qualquer que tenha sido o método.
Muitos dos casos foram cuidadosamente
observados e registrados detalhadamente. Poucos
foram mais claros que o caso acima mencionado da
pequena Winifred. A Sra. Stoner tinha chegado quase
às mesmas conclusões que as nossas sobre a leitura
74 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

precoce, embora ela o tenha feito sem o conhecimento


neurológico disponível a nós dos Institutos.
Há meio século, a Sra. Stoner escreveu:
“Quando minha filha tinha seis meses eu coloquei
uma barra de cartolina branca com 1,20m de altura em
volta das paredes de seu quarto. Num dos lados da
parede coloquei letras do alfabeto, cortadas de um
papel brilhante vermelho. Na outra parede eu formei
palavras simples com as mesmas letras vermelhas,
arrumadas em colunas, tais como: pão, cão, mão, bola,
mola, cola, pato, gato e rato. Você pode ver que só há
nomes comuns nesta lista.
“Depois que Winifred já sabia todas as letras,
comecei a ensinar-lhe as palavras na parede,
soletrando-as e fazendo rimas com elas...
“Através desses jogos de formação de palavras e
das impressões causadas na mente de Winifred
quando eu lia, ela conseguiu aprender a ler aos
dezesseis meses sem nunca ter o que se entende por
aula de leitura. Quatro de minhas amigas usaram este
método e tiveram sucesso. As crianças que foram
ensinadas desse modo puderam ler textos simples em
inglês antes de completarem três anos de idade”.
A história desta criança e de suas amiguinhas que
aprenderam a ler não é, de forma alguma, única.
Em 1918, foi-nos dado outro memorável exemplo.
Foi o caso de uma criança chamada Martha cujo pai,
um advogado, começou a ensinar-lhe a ler quando
tinha dezenove meses.
Crianças pequenas podem aprender a ler 75

Martha morava perto de Lewis M. Terman, um


famoso educador. Terman ficou abismado com o êxito
alcançado pelo pai de Martha, ensinando-a e pediu
que ele escrevesse M histórico detalhado daquilo que
havia conseguido. Este relato foi publicado com uma
introdução de Terman, ao Jornal de Psicologia
Aplicada, volume II (1918).
Por coincidência, o pai de Martha também usou
letras de imprensa vermelhas e grandes, do mesmo
modo que o autor e a Sra. Stoner.
Escrevendo sobre ela em Estudos Genéticos de
Gênios e Traços Mentais e Físicos de Crianças
Superdotadas (1925), Terman disse:
“Essa menina provavelmente já bateu o recorde
mundial de leitura precoce. Aos vinte e seis meses e
meio de idade, seu vocabulário de leitura estava acima
de setecentas palavras; e já aos vinte e um meses era
capaz de ler e entender frases simples e pensamentos
conexos, muito mais do que simples palavras soltas.
Nessa mesma época ela podia distinguir e dizer o
nome de todas as cores primárias.
“Quando ela tinha vinte e três meses, começou a
experimentar verdadeiro prazer quando lia. Aos vinte
e quatro, possuía vim vocabulário de leitura superior a
duzentas palavras e que crescera para setecentas, dois
meses e meio mais tarde.
“Aos vinte e cinco meses, leu fluentemente e com
expressão para um de nós, as cartilhas e livros de
leitura para principiantes, que nunca havia visto
antes. Nessa idade, sua aptidão era comparável a, no
76 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

mínimo, uma criança de sete anos que já houvesse


frequentado um ano de escola”.
Em Filadélfia, os Institutos Para o Desenvolvimento
do Potencial Humano, descobriram que era possível
ensinar a ler bem, mesmo as crianças de cérebro
lesado. Isso não prova que tais crianças sejam
superiores às normais; simplesmente mostra que
criancinhas podem aprender a ler.
E nós adultos deveríamos realmente permitir que
fizessem essa aprendizagem, no mínimo, pelo fato das
crianças se divertirem imensamente com ela.
crianças pequenas
estão aprendendo a ler

Parece tolo dizer que ele pode ler aos três


anos de idade, mas quando vamos ao
supermercado, ele lê os rótulos de muitas caixas
e latas de produtos.

[QUASE TODOS OS PAIS


DE CRIANÇAS DE TRÊS ANOS]

Em novembro de 1962, numa reunião de


educadores, médicos e outros interessados no
desenvolvimento neurológico das crianças, um
supervisor de educação do município contou-nos a
seguinte história:
Ele era educador há trinta e cinco anos e, duas
semanas antes da reunião, uma professora de Jardim
de Infância contou-lhe que, quando se preparava para
ler um livro para seus alunos de cinco anos, um dos
meninos ofereceu-se para lê-lo. A professora ressaltou
ser aquele um livro novo, que ele nunca vira antes,
mas o menino insistiu que poderia lê-lo. Ela decidiu
então que a maneira mais fácil de dissuadi-lo era
deixá-lo tentar. Ela o fez — e ele leu. Leu em voz alta
o livro inteiro para a sua classe, com perfeito
desembaraço e exatidão.
O supervisor enfatizou que durante trinta e dois
anos de sua vida como educador, ele ocasionalmente
78 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

ouvira histórias sobre crianças de cinco anos que


podiam ler livros, mas que nas últimas três décadas,
jamais havia visto uma que realmente pudesse.
Entretanto, nos últimos três anos, no mínimo uma
criança de cinco anos, em cada Jardim da Infância já
estava lendo.
Trinta e dois anos sem o conhecimento de alguma
que pudesse ler e, nos últimos três anos, aparecem no
mínimo uma em cada classe de Jardim de Infância! O
educador concluiu dizendo que havia investigado cada
caso, para determinar quem havia ensinado essas
crianças a ler.
“Você sabe quem ensinou cada uma delas a ler?”
perguntou ele ao especialista em desenvolvimento
infantil que dirigia o debate.
“Sim”, respondeu o outro. “Eu acho que sei. A
resposta é que ninguém os ensinou”.
O supervisor concordou que isto era a verdade.
De certo modo, ninguém havia ensinado essas
crianças a ler, assim como também, em certo sentido,
é verdade que não se ensina ninguém a entender a
linguagem falada.
Num sentido mais amplo, todas as pessoas e mais o
meio ambiente tinham ensinado as crianças a ler e a
entender o idioma falado.
Hoje em dia, a televisão está se tomando parte
integrante do meio ambiente de quase todas as
crianças americanas. Este foi o principal fator
acrescido à vida das crianças do Jardim de Infância.
Crianças pequenas estão aprendendo a ler 79

Vendo os comerciais de televisão que exibem


grandes e claras palavras acompanhadas de vozes com
pronúncia alta e nítida, as crianças estão,
inconscientemente, aprendendo a ler. Fazendo
perguntas-chaves a adultos desprevenidos quanto ao
que vem ocorrendo, esta aptidão vem se expandindo.
Através dos livros infantis, comprados pelos pais para
diverti-las, as crianças têm desenvolvido um
espantoso vocabulário de leitura.
Nos casos em que os pais estão cientes do que se
passa, eles têm ajudado espontânea e alegremente a
criança à ler. Normalmente o fazem apesar das
terríveis e vagas profecias de amigos bem
intencionados sobre algo horrível, mas difícil de
definir, que poderia acontecer à criança que
aprendesse a ler antes de frequentar a escola.
Embora não tenhamos feito propaganda de nosso
trabalho até meados de 1963, tivemos centenas de
visitantes, assim como estudantes formados pelos
Institutos que, antes de 1963, sabiam do nosso
interesse em ensinar crianças pequenas a ler.
Além deles, havia cerca de quatrocentas mães de
crianças com lesão cerebral que estavam ensinando
seus filhos, em diferentes estágios de aprendizagem,
sob nossa direção. Mais de cem dessas crianças de
cérebro lesado variavam em idade de um a cinco anos,
enquanto outras tinham de seis anos em diante.
Era inevitável que a notícia sobre o que estávamos
fazendo começasse a vazar para o público. No início de
1963 tínhamos recebido centenas de cartas. Em
meados do mesmo ano, após um artigo do autor sair
80 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

em uma revista americana, o volume de


correspondência atingia os milhares.
Uma pequena e surpreendente porcentagem dessas
cartas era de natureza crítica e delas trataremos mais
adiante, assim como das perguntas que provocaram.
Recebemos cartas de mães de toda parte dos
Estados Unidos e de muitos países estrangeiros. Está
vamos radiantes e recompensados por saber que um
grande número de pais de crianças de dois e três anos,
havia ensinado seus., filhos a ler. Em alguns casos
eles haviam feito isto há quinze anos ou mais. Muitas
dessas crianças estavam agora em faculdades, ou
formadas. Estas cartas constituem uma avalanche de
provas da capacidade de ler das crianças pequeninas.
Aqui estão trechos de algumas destas cartas
recebidas.

Prezados senhores:
... Pensei que talvez lhes interesse saber que eu ensi-
nei um bebê a ler há dezessete anos atrás. Não tenho ne-
nhum sistema na realidade, e, de fato, eu não sabia na
época que isto era incomum. Tudo aconteceu por causa
de meu amor pela leitura. Eu lia para minha filha quan-
do ela era muito novinha e aí fiquei adoentada por vá-
rios meses e precisei encontrar atividades passivas para
fazer com minha menina de dois anos e meio.
Nós tínhamos um jogo de letras de, aproximadamen-
te, cinco e oito centímetros de altura e cartões com pala-
vras simples. Ela ficou muito interessada nessas letras e
em encontrar correspondentes em nossos livrinhos.
Chegou até a aprender algumas simplesmente desen-
hando-as no ar.
Quando ela era ainda muito nova para ir ao Jardim de
Infância, já podia ler artigos no jornal sobre incêndios,
Crianças pequenas estão aprendendo a ler 81
que a deixavam assustada; e certamente havia deixado
as cartilhas para trás...
Ela agora é uma das primeiras da classe numa ótima
universidade, e mais, muito bem sucedida nos esportes,
na vida social e em diversas outras linhas de interesse e
habilidade. E é isto que o faturo reserva para, pelo me-
nos, esta pessoa que podia ler antes dos três anos...n

Prezado senhor:
... Eu vi a prova disto em minha própria filha. Ela tem
agora quinze anos de idade... está no segundo ano do
curso secundário e tem sido excelente aluna desde a pri-
meira série.
... Ela tem uma personalidade maravilhosa e é muito
querida por professores e colegas...
Meu marido é veterano inválido da Primeira Guerra
Mundial... Nenhum de nós teve educação suficiente pa-
ra ocupar um cargo vantajoso. Ele chegou à quinta série
e eu à oitava. Nosso ganho de vida foi conseguido atra-
vés de nossas viagens e vendas domiciliares de peque-
nos artigos... Compramos uma casa reboque de cinco
metros e meio... Nossa filha foi criada nela... Quando es-
tava com dez meses de idade, comprei para ela o seu pri-
meiro livro... Era na verdade uma cartilha, com gravuras
de objetos que cada letra representava: M para maçã, etc.
Em seis meses ela sabia o nome de cada objeto. Quando
fez dois anos dei-lhe uma cartilha maior e mais dois ou-
tros livros. Enquanto viajávamos era propício ensinar-
lhe. Quando parávamos nas cidades pelo caminho ela
precisava de algo para ser entretida. Se eu estava ven-
dendo, meu marido a mantinha entretida. Estava sempre
perguntando o queriam dizer os cartazes na rua... Meu
marido ensinava... Nós nunca lhe ensinamos o alfabeto.
Ela só o aprendeu mais tarde na escola... Ingressou aos
seis anos na primeira série e não teve dificuldade algu-
ma em obter as melhores notas. Ah, sim, nós ainda vi-
vemos numa casa reboque de dez metros de comprimen-
to. Uma extremidade é para seus livros... Temos uma
82 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
biblioteca municipal aqui e ela já devorou todo o estoque
de livros.
Sei que esta carta está muito longa e isso pode pare-
cer ostentação, mas não o é na realidade. Sei que se os
jovens pais quiserem empregar seu tempo, há muitas
crianças pequenas que podem fazer as mesmas coisas
que nossa filha tem feito, é só dar-lhes oportunidade.
Não se pode apenas pegar essas crianças e mandá-las
para a escola aos seis anos e esperar que elas aprendam
depressa, sem um trabalho preparatório desde o tempo
em que eram bebês.
... Se achar que esta carta será de ajuda para os jo-
vens pais, o senhor poderá publicá-la. Senão, está bem
de qualquer modo. O que é mais importante, é que eu
queria que o senhor soubesse que não ignoro que: “Você
Pode Ensinar Seu Bebê a Ler!”n

Senhores:
... Gostaria de acrescentar que isso pode ser feito por
qualquer amador como eu ... meu filho mais velho
aprendeu acidentalmente o alfabeto antes de completar
dezoito meses de idade ...
... Quando ele tinha três anos já perguntava o signi-
ficado das placas da estrada... e já lia mesmo antes de
entrar para o Jardim de Infância, com pouquíssima aju-
da a não ser as respostas que eu dava às suas pergun-
tas. Embora esteja agora na primeira série aprendendo a
escrever corretamente nesta classe, ele está tendo leitu-
ra e matemática com a segunda série, sendo quase um
dos primeiros alunos nessas matérias. Será que o Q.I. al-
to resulta dele ter aprendido a ler cedo ou o fato dele
possuir um Q.I. alto teria influenciado sua aprendizagem
precoce?
... Não tenho tido muito tempo para me dedicar ao
meu segundo filho e por isso ele não é tão estudioso.
Entretanto, não posso deixar de lamentar por ter dado
menos atenção a ele e talvez isto vá resultar em algum
atraso para sua vida.
Crianças pequenas estão aprendendo a ler 83
... Eu, por mim, digo que as crianças adoram apren-
der e são capazes de captar muitos ensinamentos em
tenra idade, quando isto é apenas mais um brinquedo
para elas.n

Prezado Senhor:
... Finalmente dando mostras de que crianças de dois,
três e quatro anos de idade podem aprender a ler, e, além
disso, querem aprender a ler. Minha filha única já sabia
todo o alfabeto... e pôde ler várias palavras aos dois
anos. Poucos dias após seu terceiro aniversário ela subi-
tamente, eu penso, compreendeu que várias palavras,
em sucessão, podiam produzir um pensamento conheci-
do como frase. Desde então, sua leitura tem progredido
rapidamente e agora, aos quatro anos e meio, ela lê no
mínimo tão bem quanto qualquer criança no fim do se-
gundo ano da escola.n

Uma médica norueguesa fez os seguintes


comentários:

Prezado senhor:
Venho ensinando a ler dois de meus três filhos de
quatro e três anos, usando uma técnica um pouco dife-
rente. Seus argumentos parecem-me convincentes. Pela
experiência que tenho, julgo seu método melhor do que
o meu e tentarei usá-lo com meu filho mais novo (sete
meses), no próximo ano.
... Na Noruega, a leitura é conservada em segredo
para os pré-escolares, como informação sigilosa, do
mesmo modo que fora a educação sexual, muitos anos
atrás, Apesar disso eu encontrei os seguintes resulta-
dos quando examinei duzentos deles: dez por cento es-
tava lendo satisfatoriamente e mais que uma terça par-
te conhecia todas as letras.
84 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
Penso que desenvolver as faculdades mentais é a
mais importante e arrojada tarefa de nossos tempos, e,
em minha opinião, o senhor tem feito um trabalho
realmente pioneiro.n

Parece-me necessário esclarecer que certas mães


têm ensinado seus filhos a ler, ou têm descoberto que
eles podem ler, antes mesmo da publicação deste livro
e não estão endossando os métodos aqui descritos.
Essas são simplesmente cartas escritas por mães
atentas, que concordam que as crianças podem
aprender a ler, estão aprendendo a ler, e devem
aprender a ler antes de entrar para a escola.
Em Yale, o Dr. O.K. Moore, vem há muito fazendo
pesquisa sobre um método de ensinar crianças a ler
em idade pré-escolar. Ele acredita que é mais fácil
ensinar uma criança de três anos do que uma de
quatro, uma de quatro do que uma de cinco, uma de
cinco mais do que uma de seis.
É claro que é mais fácil.
Deve ser.
Mesmo assim, quantas vezes não temos ouvido
dizer que as crianças não podem aprender a ler até
completarem seis anos — e que também não devem?
Há cerca de meio século atrás, uma mulher
chamada Maria Montessori foi a primeira
representante do sexo feminino a formar-se por uma
faculdade de medicina italiana. A Dra. Montessori
interessou-se por um grupo negligenciado de crianças,
vagamente classificadas como “retardadas”. Tal
classificação é anticientífica, uma vez que há centenas
de razões diferentes para explicar porque o
Crianças pequenas estão aprendendo a ler 85

desenvolvimento da criança pode ser retido. Não


obstante, Maria Montessori devotou a esse mal
compreendido grupo, tanto a sua experiência médica
quanto sua simpatia e respeito tipicamente femininos.
Trabalhando com essas crianças, ela começou a ver
que poderiam ser levadas a atuar em níveis mais altos
do que os de então, e que isso seria particularmente
verdadeiro, se esse treino começasse mais cedo do que
a idade escolar.
Decidiu a Dra. Montessori, após certo tempo, que
essas crianças deveriam ser trabalhadas através de
todos os sentidos e começou a ensinar-lhes usando
recursos visuais, auditivos e táteis. Seus resultados
foram tão satisfatórios que, algumas de suas crianças
“retardadas” passaram a agir tão bem quanto as sãs.
Em virtude disso a Dra. Montessori concluiu que as
crianças normais não estavam desenvolvendo todo o
seu potencial, e que deveriam ter esta oportunidade.
As escolas Montessori têm existido há muitos anos
na Europa, para crianças com problemas e também
para crianças normais. Agora, há escolas
montessorianas nos Estados Unidos, empenhadas em
ajudar crianças em idade pré-escolar a desenvolver
todo o seu potencial. Elas seguem um programa bem
extenso aos três anos de idade e, como resultado, a
maioria já está lendo aos quatro.
A escola mais antiga dos Estados Unidos é a
Whitby School, em Greenwich, Connecticut. Uma
visita a este lugar mostra-nos um grupo alegre de
crianças bem ajustadas e felizes, aprendendo a ler e a
realizar tarefas, que até agora têm sido consideradas
adiantadas para os pré-escolares.
86 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Um ano depois do programa de leitura ter sido


introduzido nos Institutos, havia duzentas e trinta e
uma crianças com lesão cerebral aprendendo a ler.
Dentre essas, cento e quarenta e três tinham menos do
que seis anos. As restantes contavam seis anos ou
mais, e não sabiam ler antes de iniciarem o programa.
Estas crianças, que apresentavam tanto problemas
físicos como de linguagem, vinham até nós a cada
sessenta dias. Por ocasião da visita, seu
desenvolvimento neurológico era testado (inclusive a
leitura). Os pais eram então preparados para o estágio
seguinte, como será descrito mais adiante, e enviados
para casa a fim de continuar o programa físico e o de
leitura.
Quando essas crianças com lesão cerebral tinham
estado no programa por períodos variando de uma
visita (sessenta dias) a cinco visitas (dez meses), cada
uma, individualmente, podia ler alguma coisa, desde
as letras do alfabeto até um livro inteiro. Muitas com
três anos e lesão cerebral podiam ler frases e livros
com total compreensão.
Como já foi dito, todo o relato anterior não prova
que elas são superiores às crianças normais, mas que
simplesmente as normais não têm desenvolvido o seu
potencial, como poderiam e deveriam.
Os casos citados não incluem as centenas de
problemas de leitura encontrados nos Institutos, por
crianças sem lesão cerebral, mas que têm ido mal na
escola por não poderem ler. Também não estão
incluídos os grupos de crianças normais de dois e três
anos de idade, a quem os pais estavam ensinando a ler
sob a orientação dos Institutos.
Crianças pequenas estão aprendendo a ler 87

Na universidade de Yale, como já vimos, o Dr. O. K.


Moore está ensinando crianças pequenas a ler.
A mesma coisa está acontecendo nas escolas
montessorianas.
Nos Institutos de Filadélfia também.
E é bem provável que outros grupos, desconhecidos
do autor, estejam também ensinando propo-
sitadamente crianças pequenas a ler, usando um
sistema organizado. Uma das intenções deste livro é
descobrir que outros grupos estão empenhados neste
trabalho tão importante.
Virtualmente, em todas as partes dos Estados
Unidos, crianças pequenas estão aprendendo a ler,
mesmo sem a orientação dos pais. Em consequência
disso, teremos que tomar algumas decisões.
O primeiro passo será saber se queremos ou não
que crianças de dois e três anos aprendam a ler.
88 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se decidirmos quê não, há no mínimo duas coisas a


serem feitas:

n 1. Livrar-se dos aparelhos de televisão, ou, pe-


lo menos, proibir que palavras sejam neles apre-
sentadas.

n 2. Tomar cuidado para nunca ler manchetes de


jornal ou nomes de produtos para as crianças.
Agora, se por outro lado não quisermos ter toda
essa preocupação, poderemos seguir o caminho mais
simples e deixar que leiam.
Se esta for a decisão, devemos então nos preocupar
com o que devem ler.
Acreditamos que o melhor é ensinar-lhes em sua
própria casa, com a ajuda de seus pais, ao invés de
pela televisão. É bastante fácil e os pais se divertem
quase tanto quanto as crianças.
Se as crianças estão lendo ou não, não é uma teoria
sobre a qual possamos discutir. E um fato. A pergunta
que fica é o que faremos a respeito?
crianças pequenas
devem aprender a ler

Naquele tempo, não sabia você que o começo


de cada tarefa é o que há de mais importante,
principalmente para os que são jovens e
sensíveis? Este e, pois, o melhor momento para
moldar-lhes o caráter, imprimindo-lhe a feição
que desejamos ver refletida.

[PLATÃO]

Herbert Spencer disse que o cérebro precisa de


alimento tanto quanto o estômago. A educação deve
começar no berço, só que de maneira interessante. O
homem, para o qual o conhecimento chega de maneira
desagradável, com ameaças e castigos, provavelmente
não será um bom estudante no futuro, enquanto
aqueles para os quais o conhecimento chega de forma
natural, na hora certa, estarão mais propensos a
continuar no futuro a autoeducação iniciada na
mocidade.
Nós já descrevemos várias crianças que obtiveram
sucesso aprendendo com suas mães, desempenhando-
se muito bem mais tarde; elas, porém, não fazem parte
da literatura profissional.
Vamos agora examinar o caso de Millie (Martha),
relatado por Terman quando a menina já estava
crescida.
90 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Quando Millie tinha doze anos e oito meses, estava


dois anos adiante das crianças de sua idade, cursando
então a última metade da nona série. Terman relata:
“No semestre anterior, ela foi a única de uma classe
de quarenta alunos a fazer parte do quadro de honra
da escola secundária”.
“Durante acompanhamentos ocorridos em 1927-
28, a primeira coisa que o supervisor chefe perguntou
à professora de Millie foi qual a matéria em que ela
mais se sobressaía. A resposta foi: ‘Millie lê
maravilhosamente’. Em conversa com o educador,
Millie afirmou que ‘gostaria de ler cinco livros por dia,
senão tivesse que ir à escola’. Ela também contou, com
simplicidade e sem presunção, que era capaz de ler
muito rápido e que havia lido os treze volumes de
Markham da coleção Real American Romance em uma
semana. Seu pai, duvidando que ela pudesse ler tão
rápido e ainda assimilar o conteúdo dos livros, fez-lhe
perguntas sobre o material lido. Millie respondeu a
todas satisfatoriamente”.
Terman conclui que não há evidência indicando que
Millie tenha sido prejudicada pelo fato de ter
aprendido a ler enquanto bebê, mas há muitas provas
de que suas altas aptidões eram devidas, ao menos em
parte, ao fato dela ter começado tão cedo.
O resultado de seus vários testes de Q.I. havia sido
acima de 140, e ela era forte e cheia de vida. Não
sofrerá nenhum obstáculo na adaptação social a seus
colegas, em média dois ou três anos mais velhos do
que ela.
Um Q.I. de 140 colocou Millie na categoria dos gênios.
Crianças pequenas devem aprender a ler 91

Muitos estudos indicam que um grande número de


adultos superiores e gênios eram capazes de ler muito
antes de ir à escola. Sempre se acreditou que essas
pessoas podiam ler muito cedo porque elas eram
superdotadas. Esta é uma premissa científica
adequada e nós sempre a aceitamos.
Agora, no entanto, à luz dos exemplos relatados
onde pais decidiram ensinar seus filhos a ler muito
antes de testes de inteligência serem possíveis, e antes
que pudéssemos ter motivo para acreditar que a
criança já era superior, nós temos algumas dúvidas.
Será que não foi porque aprenderam a ler cedo que
elas tomaram-se superiores?
O fato de existirem tantas pessoas superiores, e até
gênios, que podiam ler antes de ir à escola, sustenta
ambas as possibilidades muito bem.
Há, entretanto, maior evidência em favor da
segunda do que da primeira possibilidade, apesar
daquela ser também cientificamente válida.
A hipótese de que muitas pessoas, bastante
inteligentes, puderam ler cedo por serem gênios, se
apóia em base genética e pressupõe que tais pessoas
são superiores porque foram dotadas deste potencial
genético.
Nós não discordamos que existam diferenças
genéticas nas pessoas, nem queremos nos aprofundar
nesta velha discussão sobre o quanto o meio ambiente
influi comparado à genética, uma vez que esta não é a
finalidade principal deste livro.
92 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Mesmo assim, não podemos fechar os olhos à


extraordinária evidência que sustenta a influência da
leitura antecipada sobre o comportamento futuro.

n a. Muitas crianças que se mostraram superiores


aprenderam a ler antes que fosse possível provar
que elas eram incomuns. Na verdade, alguns pais
haviam decidido, antes da criança nascer, que a to-
mariam superior, ensinando-lhe a ler enquanto pe-
quenina. E assim o fizeram.

n b. Em muitos dos casos relatados, somente uma


das crianças aprendeu a ler cedo e provou ser supe-
rior, enquanto os outros irmãos e irmãs, na mesma
família, com os mesmos pais, não receberam este
ensinamento precoce e não se tomaram superiores.
Em alguns exemplos, o filho que aprendeu a ler foi
o primogênito. Em outras famílias, por diversos
motivos, a criança que aprendeu a ler cedo não foi
o filho mais velho.

n c. No caso de Tomás Lunski (e há muitos outros


semelhantes ao dele) não havia nada que indicasse
que ele havia recebido um dote genético especial.
Seus pais tinham menos do que uma educação se-
cundária, e não eram de forma alguma fora do co-
mum intelectualmente. Os irmãos e irmãs de Tomás
eram crianças normais. Além do mais, devemos
lembrar a todos que Tomás fora severamente lesa-
do e aos dois anos fora recomendado que ele pas-
sasse o resto da vida em uma instituição como “re-
tardado sem remédio”. Não há dúvida de que hoje,
Tomás é uma criança extraordinária, que lê e com-
preende no mínimo tão bem como uma criança nor-
mal, com o dobro da sua idade.
Crianças pequenas devem aprender a ler 93

Seria justo, científico ou mesmo racional


considerarmos Tomás como um “super dotado?”
Thomas Edson disse que gênio é dez por cento
inspiração e noventa por cento transpiração (é
interessante notar que o menino Thomas Edson fora
considerado como uma criança “retardada”).
Nós já discutimos em detalhe as seis funções
neurológicas pertencentes exclusivamente ao ser
humano, e destaquei que três delas são de natureza
receptiva e as restantes de caráter expressivo.
Parece lógico que a inteligência do homem seja
limitada pelas informações recebidas através dos
sentidos receptivos. A maior dentre estas é a
capacidade de ler.
É igualmente óbvio que se as três capacidades
receptivas do homem fossem bloqueadas, ele seria
mais um vegetal do que um ser humano.
A inteligência humana é limitada pelo conjunto das
três características únicas como ver, ouvir, resultando
em ler e entender a linguagem falada, e uma especial
capacidade de sentir que permite, se necessário, captar
a linguagem através do tato.
Destrua essas três habilidades receptivas e você
destruirá a maior parte do que distingue o homem dos
outros animais.
Limite essas três capacidades humanas e limitará a
inteligência do homem com a mesma intensidade.
E a não ser que uma delas seja imensamente alta,
nós teremos um ser humano de inteligência baixa.
94 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se uma for maior do que as outras, a pessoa agirá


no mais alto nível nesta área, desde que tenha toda e
qualquer oportunidade de receber informações por
meio desta simples habilidade.
Ninguém pode se sobrepor à sua mais alta
capacidade receptiva somada à oportunidade de usá-la.
O contrário é também verdadeiro. Se todas essas
três habilidades forem baixas num ser humano, então
aquela pessoa atuará a nível inferior, ou subumano.
Se pudéssemos imaginar uma situação na qual o
homem perdesse sua aptidão para ler e ouvir, seria
preciso ensinar à nova geração uma nova maneira de
expressão. É obvio que esta escolheria o sentido do
tato para comunicar-se como fez a primeira professora
de Helen Keller, já que a aluna, por causa da cegueira
e da surdez, não podia falar, ler ou escrever. Se a
habilidade de Helen Keller para receber a linguagem
através do tato fosse inferior, ela teria vivido ao nível
de um animal. Se o seu sentido do tato fosse nulo
como eram a sua visão e audição, ela teria tido uma
vida vegetativa.
Quando essas capacidades evoluem no ser humano,
seu desempenho também evolui.
Certamente que as crianças de cérebro lesado que
aprendem a ler cedo tem demonstrado habilidades
muito maiores do que outras também lesadas, que não
tiveram a mesma oportunidade. E as crianças normais
cujos casos foram citados, e muitas outras,
demonstraram agir a níveis muito mais altos do que as
de sua idade, que não tiveram a mesma oportunidade.
Crianças pequenas devem aprender a ler 95

Pode ser verdade que existam adultos “idiotas” que


compreendam a linguagem de maneira limitada, mas
não há gênios que não possam entendê-la — pelo
menos na nossa cultura.
É claro que devemos ter em mente que a
inteligência só pode ser relacionada ao meio cultural
de onde a pessoa provém. Um adulto aborígene
australiano trazido para a cidade de Nova Iorque,
submetendo-se a um teste de inteligência americano,
seria considerado “idiota” pelos nossos padrões.
Por outro lado, um adulto americano levado para
uma das tribos da Austrália, seria quase que indefeso,
nesse meio cultural, a não ser que outras pessoas do
lugar o protegessem, do mesmo modo que protegemos
os nossos idiotas. É claro que o “idiota” americano
não seria capaz de caçar alimento com um
bumerangue, pegar lagartos vivos e comê-los crus,
encontrar água, e, acima de tudo, entender o que os
outros diziam — pelo menos por um tempo.
A linguagem é o mais importante instrumento
acessível ao homem. Ele não possui pensamento tão
sofisticado a ponto de não poder ser formulado pela
linguagem. Se precisar de palavras adicionais, tem que
criá-las para poder expressar uma nova ideia.
Isto se observa bastante na nossa sociedade
tecnológica, onde milhares de palavras precisam ser
inventadas para descrever as novas invenções do
homem. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Quinta
Força Aérea treinou um grupo de índios americanos
em radiocomunicação e mandou-os para uma unidade
no Pacífico. Uma vez que poucos japoneses podiam
entender “Choctaw” ou “Sioux”, esperava-se que
96 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

tempo valioso fosse economizado por não haver


necessidade de mensagens em código.
Não funcionou. Simplesmente não havia palavras
na língua dos índios para descrever um avião de
bombardeio, um torpedeiro, injetar de combustível e
muitos outros termos da Força Aérea.
Virtualmente todos os testes de inteligência
aplicados a seres humanos dependem da capacidade
de receber a informação escrita (ler) ou da habilidade
de entender a informação falada. É assim que acontece
em nessa cultura.
Se a capacidade de ler for reduzida ou nula, não há
dúvida de que a capacidade de expressar inteligência
será também distintamente diminuída.
Entre os povos da terra há os que não têm uma
linguagem escrita, e os que possuem um idioma
rudimentar, e não só é verdade que tais tribos sejam
incultas, como também que sua inteligência e
criatividade sejam inferiores.
Os bebês esquimós são costurados dentro de um
saco de pele, nas costas da mãe, tendo assim
completamente bloqueadas as suas oportunidades de
arrastar-se e engatinhar até os três anos. Isto se toma
interessante quando consideramos que o
desenvolvimento cultural do esquimó tem
permanecido virtualmente imutável até pelo menos os
últimos três mil anos passíveis de registro. Os
esquimós não possuem linguagem escrita. O idioma
falado é bastante rudimentar.
Enquanto seja óbvio que a falta de material de
leitura ou incapacidade para ler resultam sem dúvida
Crianças pequenas devem aprender a ler 97

em falta de instrução, é infinitamente mais importante


o fato de que também resultam em inteligência
inferior.
É uma pergunta puramente acadêmica a que indaga
se os aborígenes australianos não podem ler por causa
de baixa inteligência ou se não têm inteligência porque
não podem ler.
A falta de leitura e falta de inteligência andam, lado
a lado, tanto nos indivíduos quanto em nações.
A recíproca é verdadeira.
A aptidão linguística é um instrumento vital.
Ninguém pode se imaginar tendo uma conversa com
alguém ou descrevendo um pensamento sofisticado na
linguagem de uma tribo amazônica, ainda que
pudesse dominar o idioma deles.
A capacidade de manifestar inteligência é
relacionada portanto, ao domínio da língua com que se
está lidando.
Não há nenhum teste de Q.I. válido para crianças
abaixo de dois anos e meio. Podemos começar
aplicando o teste de Stanford Binet numa criança de
dois anos e meio e ter resultados que sejam
considerados verdadeiros mais tarde. À medida que a
linguagem melhora, entretanto, os testes aplicados
tomam-se mais válidos e bem mais tarde outros como
o Weschler-Bellevue podem ser aplicados.
Naturalmente, a proficiência linguística requerida
de uma criança no exame de Q.I. é a cada ano mais
alta. Fica assim claro que se a sua habilidade verbal
98 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

for maior do que a de outras da mesma idade, ela será


considerada mais inteligente do que aquelas.
Tomás Lunski foi considerado como idiota sem
remédio aos dois anos, essencialmente porque não
podia falar (e, portanto expressar inteligência),
enquanto aos cinco anos era julgado superior porque
podia ler maravilhosamente.
Está mais do que claro que a capacidade de ler, em
tenra idade, tem muito a ver com expressão de
inteligência. No final, pouco importa se a capacidade
de exprimir inteligência é um teste válido por si só —
porque é o teste através do qual a inteligência é
determinada.
Quanto mais cedo a criança puder ler, mais chances
ela terá e consequentemente será uma boa leitora.
Estas são algumas razões pelas quais as crianças
devem aprender a ler quando são ainda pequenas:

n a. A hiperatividade de uma criança de dois ou três


anos é o resultado de uma sede infinita de conheci-
mentos. Recebendo a oportunidade de saciar esta
sede, pelo menos por certo tempo, ela será menos
hiperativa, poderá ser mais facilmente protegida
contra o perigo e mais capaz de aprender movimen-
tando-se e descobrindo coisas sobre si e o mundo
que a rodeia.

n b. A capacidade da criança de receber informa-


ções aos dois ou três anos jamais será igualada.

n c. É muito mais fácil ensinar uma criança a ler


nesta idade do que em qualquer outra época.
Crianças pequenas devem aprender a ler 99

n d. Crianças que aprendem a ler cedo absorvem


muito mais conhecimentos do que aquelas cuja ten-
tativas para aprender nesta idade foram frustradas.

n e. As crianças que aprendem a ler muito peque-


nas, têm melhor compreensão do que os jovens que
não tiveram tal oportunidade. É interessante escu-
tar um leitor de três anos que lê com expressão e in-
flexão, enquanto o de sete lê cada palavra separa-
damente, sem perceber a frase como um todo.

n f. Crianças que aprendem a ler muito novas ten-


dem a ler mais rápida e compreensivamente do que
as que não começam cedo. Isso é explicado pelo fa-
to das crianças novinhas não se sentirem intimida-
das pela leitura por não a considerarem como uma
“disciplina” cheia de abstrações assustadoras. As
criancinhas a veem como mais uma coisa fascinan-
te a ser aprendida. Elas não “ficam presas” aos de-
talhes, mas tratam a leitura de modo totalmente
funcional. E estão muito certas.

n g. Finalmente, e tão importante quanto as outras


razões já mencionadas — as crianças adoram
aprender a ler quando são ainda muito novinhas.
quem tem problemas,
leitores ou não
leitores?

Muitas dessas crianças são normalmente


classificadas de superdotadas, mas onde existem
registros adequados, vê-se que todos os leitores
precoces receberam uma grande quantidade de
estimulação prévia. Consequentemente, rotular
uma criança como superdotada, de forma
alguma dispensa a necessidade de estimulação...
se ela tiver que aprender.

[WILLIAM FOWLER,
Conhecimento Cognitivo na Infância]

Houve uma forte tentação de intitular este capítulo


“Alguma Coisa Terrível Está Para Acontecer”, uma vez
que seu propósito é tratar das predições funestas
relativas ao que pode acontecer com jovens que
aprendem a ler muito cedo. Também fiquei tentado a
chamá-lo de “Ninguém Ouve As Mães”, que é parte da
razão pela qual surgem tantos mitos sobre jovens.
Existe um mito espalhado pelo mundo, que só os
profissionais, de um tipo ou de outro, entendem as
crianças. Entre os números tipos de especialistas que
lidam com jovens há muitos que insistem que as mães:
102 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

n a. não sabem muito sobre crianças;

n b. não são boas observadoras de seus próprios


filhos;

n c. contam horríveis mentiras sobre as habilidades


de suas crianças.
Na nossa experiência, nada poderia estar mais
longe da verdade.
Enquanto já conhecemos mães que contam
histórias fantásticas e irreais sobre suas crianças e que
não as conhecem bem, nós acreditamos que essas são
muito raras. Muito pelo contrário, achamos que as
mães são cuidadosas e sensatas observadoras de seus
próprios filhos e são, além disso, completa e
absolutamente realistas.
O problema é que quase ninguém ouve as mães.
Nos Institutos, nós vemos mais de mil crianças de
cérebro lesado por ano. Não há nada que a mãe receie
mais do que ter uma criança dessas. E se ela suspeita,
quer saber no primeiro momento possível para que
possa começar logo o que deve ser feito.
Em mais de novecentos dos mil casos que
atendemos nos Institutos, foi a Mãe quem decidiu que
havia algo errado com seu bebê. Na maioria dos casos,
a Mãe teve o maior trabalho para convencer qualquer
pessoa — inclusive o médico da família e outros
profissionais — de que algo estava errado e alguma
coisa precisava ser feita naquele instante.
Não importa o quanto tentem convencê-la, ela
persiste até a situação ser reconhecida. Às vezes isto
Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 103

leva anos. Quanto mais ela ama o bebê, mais imparcial


será a sua avaliação. Se a criança tiver um problema,
ela não descansará até resolvê-lo.
Nos Institutos nós aprendemos a escutar as mães.
Entretanto, em relação às crianças normais, os
profissionais têm conseguido intimidar as mães. Eles
têm, com frequência, feito com que as mães repitam os
seus jargões profissionais que muitas vezes não são
nem entendidos. E o pior de tudo é que têm chegado
perto de inibir as reações instintivas das mães, em
relação aos seus filhos em crescimento, convencendo-
as de que estão sendo traídas por seus instintos
maternais.
Se esta moda pega, corremos o sério risco de
convencer as mães a verem seus filhos não como
crianças, mas como “trouxinhas” de um estranho
comportamento egoísta, dotadas de tal obscuro
simbolismo, que a mãe inexperiente não seria capaz
de entender.
Bobagem. Na nossa opinião, as mães são as
melhores que poderiam existir.
Não existe outra área onde tenhamos empurrado
tantos mitos e medos pela garganta das mães abaixo,
forçando-as a modificar seus instintos maternais, do
que no campo da aprendizagem pré-escolar.
Atualmente, elas passaram a acreditar em coisas
que pensam ser verdade só porque já as ouviram
inúmeras vezes. Nós vamos tentar, de maneira séria,
tratar destas afirmações que são mitos, de um jeito ou
de outro.
104 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O Mito: Crianças que leem muito cedo terão


1 problemas de aprendizagem.

O Fato: Em nenhuma criança que conhecemos pes-


soalmente, ou aquelas que aprenderam em casa ou
que lemos a respeito, isto foi verdade. De fato, a
maioria dos casos prova bem o contrário. Já falamos
sobre muitos dos efeitos da aprendizagem precoce.

É difícil entender porque há tanta surpresa em rela-


ção ao fato de uma alta porcentagem das crianças
ter problemas de leitura. Isto não deveria surpreen-
der ninguém. O que é espantoso é que alguém con-
siga aprender a ler, começando como a maioria co-
meça, quando sua capacidade de aprender fácil e
naturalmente já está quase no fim.

O Mito: As crianças que aprendem a ler muito


2 cedo serão pequenos gênios muito aborrecidos.

O Fato: Venham cá, criadores de mitos, examine-


mos o assunto. Serão os leitores precoces gênios ou
idiotas? É realmente surpreendente que, com fre-
quência, a mesma pessoa espalhe o primeiro e o se-
gundo mitos. E o certo é que nenhum deles é ver-
dadeiro. Onde encontramos leitores precoces,
vemos crianças alegres, bem ajustadas e que apro-
veitam mais a vida do que as outras. Não estamos
afirmando que a aprendizagem precoce irá resolver
todos os problemas da criança, porque se você pro-
curar muito, acaba encontrando uma que leu muito
cedo e é terrível. Na nossa experiência, você tem
que procurar mais para encontrar tal criança entre
os leitores precoces do que levaria para achar numa
que aprendeu a ler na escola. Nós afirmamos que é
Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 105

possível encontrar muitas e muitas crianças infeli-


zes e desajustadas dentre as que não podiam ler
quando entraram na escola. Estas são realmente
muito comuns.

O Mito: A criança que aprende a ler muito ce-


3 do irá causar problemas na primeira série.

O Fato: Este não é totalmente um mito, pois é meio


verdadeiro. Ela causará problemas de início. Não
para ela, mas para o professor. Uma vez que as es-
colas devem ser para o bem dos alunos e não dos
mestres, será preciso que ele faça um pouquinho de
esforço para resolver o problema. Diariamente, cen-
tenas de excelentes professores estão fazendo exa-
tamente isto, com facilidade. São aqueles poucos,
que não estão dispostos a esforço qualquer, em
grande parte responsáveis por manter esta reclama-
ção. Qualquer professor que se preze é capaz de li-
dar com seu leitor adiantado, em muito menos tem-
po do que levaria para resolver o problema da legião
dos que não sabem ler. De fato, um mestre de pri-
meira série, com uma classe cheia de crianças que
sabem ler e adoram fazê-lo, teria muito pouco com
que se preocupar. Esta situação também iria resol-
ver? Muitos problemas mais tarde, uma vez que
grande parte do tempo é dedicada, em todas as sé-
ries, aos que não estão lendo bem.

É uma pena que esse professor não possa resolver


todas as suas dificuldades (e ele tem dezenas delas)
tão facilmente quanto pode lidar com as crianças
que já sabem ler quando chegam ao primeiro ano.
Os bons educadores simplesmente resolvem o pro-
blema, dando a estes alunos livros que possam ser
106 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

lidos independentemente enquanto lutam para en-


sinar o alfabeto aos demais.

Muitos deles vão mais além e pedem que o aluno


leia alto para os amiguinhos. As crianças normal-
mente adoram fazer isso e demonstrar a sua capa-
cidade enquanto as outras ficam surpresas ao ver
que é possível. Os bons professores têm muitas so-
luções para este “problema”.

E o que fazer com os sem imaginação? Isto é um


problema, não é? É um problema para todas as
crianças da classe. Existem excelentes possibilida-
des de que isto irá ocorrer com a classe dele: o me-
lhor aluno na segunda série será o que já chegou
lendo à escola. Ele não precisou do primeiro ano
tanto quanto os outros. Ironicamente, mesmo o co-
légio que é contra crianças poderem ler antes da pri-
meira série, fica extremamente orgulhoso daquelas
que podem ler bem no segundo ano. Um dos proble-
mas mais fáceis que o bom professor tem que en-
frentar é o que fazer com a criança que sabe ler. O
mais difícil e o que requer mais tempo, é o da crian-
ça que ele não consegue ensinar a ler. Mesmo que
tudo isso não fosse verdade, alguém pensaria que
devemos impedir um jovem de aprender somente
para mantê-lo no mesmo nível de seus colegas?

O Mito: A criança que aprende a ler muito ce-


4 do ficará entediada na primeira série.

O Fato: Esta é a preocupação da maioria das mães


e é a pergunta mais sensata de todas. Para ser mais
exato, o que se está perguntando aqui é: “Será que
Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 107

a criança que já aprendeu demais não vai ficar en-


tediada na primeira série?”

A resposta é sim, há uma boa chance de que irá fi-


car aborrecida no primeiro ano assim como todas as
outras de sua classe. O leitor já viu dias mais com-
pridos do que aqueles que passou na primeira sé-
rie? Hoje as escolas são muito melhores do que no
tempo em que o autor foi ao colégio. Mesmo assim
pergunte à qualquer criança qual o tamanho do dia
escolar comparado como sábado ou domingo. Vocês
acham que a resposta significa que ela não quer
aprender? Absolutamente não, só que você não po-
de esperar que uma criança de seis anos, que já tem
um vocabulário sofisticado, fique muito entusias-
mada ao ler textos do tipo: “Veja o automóvel. É um
bonito carro vermelho”. A criança que precisa ler
tais frases pode não somente ver o carro, mas dizer
quem é o fabricante, em que ano foi construído, o
tipo de carroceria e provavelmente qual a potência.
E se houver mais alguma coisa que você queira sa-
ber sobre o automóvel vermelho, é só perguntar. Ela
sabe mais acerca do carro do que você. As crianças
continuarão a ficar aborrecidas na escola até que
sejamos capazes de dar-lhes material a altura do
seu interesse.

Supor que o jovem que sabe mais vai ser o mais en-
tediado é o mesmo que dizer que o que não sabe vai
ser o mais interessado e o menos aborrecido. Se a
classe for desinteressante, todos vão ficar desinte-
ressados. Se for excitante, só os que não forem ca-
pazes de entender, ficarão aborrecidos.
108 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

O Mito: A criança que aprende a ler muito ce-


5 do vai sentir falta da fonética.

O Fato: Ela pode não aprender fonética, mas não


vai sentir a sua falta. E isto é um fato.

O Dr. O. K. Moore, bastante mencionado anterior-


mente e um dos pioneiros no ensino da leitura a
crianças de três anos, recusa-se a participar da per-
pétua e periférica batalha travada entre os defenso-
res do método “global” e os que defendem o méto-
do “fonético”. Ele acha esta briga totalmente estéril.

Atualmente, não existe uma maneira “melhor” de


ensinar crianças pequenas a ler. Certamente que
não há meio exclusivo, do mesmo modo que não há
técnica para fazer a criança entender a linguagem
que escuta, pelo ouvido. Você pode perguntar a si
próprio: “Será que ensinei meu filho a ouvir pelo
método “fonético”, pelo “global auditivo” ou sim-
plesmente deixei que ele ouvisse a linguagem fala-
da?” Você pode também indagar: “Como é que ele
se foi?” Se ele aprendeu a ouvir e falar bem a lín-
gua, então o seu sistema foi muito bom.

Os materiais que usamos nos Institutos para ensi-


nar crianças pequenas a ler não contém bruxaria ou
qualquer tipo de magia. Eles são simplesmente uma
maneira organizada e simples de ensinar leitura a
crianças. São baseados no nosso conhecimento de
como o cérebro funciona e na nossa experiência
com crianças normais e de cérebro lesado. São sim-
plesmente a técnica que tem a virtude de funcionar
com grande parte das criancinhas.

Sim, é verdade. Sua criança não vai aprender foné-


Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 109

tica se aprender a ler quando novinha — e isto se-


rá ótimo.

O Mito: A criança que lê muito cedo terá pro-


6 blemas de leitura.

O Fato: Pode ser, mas as chances vão ser muito


menores do que se aprendesse a ler na época de
costume. Crianças que sabem ler não têm problemas
de leitura. Aquelas que não sabem é que vão ter.

O Mito: A criança que lê muito cedo ficará pri-


7 vada da sua preciosa infância.

O Fato: De todos os tabus acerca de crianças e lei-


tura, este é o maior contra senso. Vamos olhar por
um minuto para a vida real, examinando os fatos, e
não um punhado de ilusórios contos de fada.

Está a criança de dois e três anos de idade ocupada


a cada minuto do dia, divertindo-se com o que gos-
ta acima de tudo? O que ela mais gosta é de passar
cada minuto possível brincando e trabalhando com
sua família. Nada, nada mesmo, pode comparar-se
com a atenção total de seus parentes. Se a criança
puder, é isso que vai garantir para si.

Que crianças em nossa sociedade, nossa cultura e


nossa época têm tal infância? Pequenos detalhes
práticos estão sempre interferindo. Por exemplo:
Quem vai limpar a casa, lavar e passar a roupa, fa-
zer o jantar, lavar os pratos e ir ao supermercado?
110 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Na maioria dos lares que conhecemos, a mãe faz es-


tas coisas.

Às vezes, se a mãe é esperta e paciente o bastante,


ela pode fazer algumas dessas coisas com sua
criança de dois anos, apresentando-a ao ótimo jogo
de lavar pratos. Quando consegue, é uma coisa
muito boa.

No entanto, a grande maioria das mães que conhe-


cemos não é capaz de dividir suas tarefas com os fi-
lhos. O resultado disto é que, em média, a criança
de dois anos passa a maior parte do tempo gritando
para sair do cercado. Sua mãe simplesmente a colo-
cou ali para que não levasse choque, não fosse es-
magada, não se queimasse ou não caísse da janela
enquanto ela trabalhava pela casa.

É esta a preciosa infância da qual estamos falando


em desperdiçar aprendendo a ler? É assim em todas
as casas que conhecemos. Se este caso não é o da
sua casa e você está entre os poucos que podem e
dão ao seu filho de dois anos atenção constante, vo-
cê não tem com que se preocupar e existe uma
grande possibilidade de que ele já saiba ler. Não se
pode passar o dia todo com uma criança somente
brincando de “bate-palminhas”. Jamais conhece-
mos uma mãe, por mais ocupada que seja, que não
se obrigue a passar algum tempo do dia com seu fi-
lho, nos primeiros anos de sua vida. A questão é
como usar este tempo apropriadamente. Certamente
é verdade que não queremos desperdiçar um minu-
to do ‘ que poderia tomar uma criança mais alegre,
mais capaz e criativa.

Nós, que temos passado nossas vidas como mem-


Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 111

bros de uma organização que lida com o desenvol-


vimento de crianças, estamos convencidos de que
não há maneira mais alegre e produtiva, da mãe e
seu filho passarem alguns minutos juntos por dia,
do que na aprendizagem da leitura.

A alegria experimentada por ambos, à medida em


que a criança aprende a ler palavras, sentenças e
livres, não tem similar. Esta é uma das maiores
realizações de uma verdadeira infância.

Deixe-nos concluir voltando à Millie e seus pais. No


relato publicado a respeito dela, seu pai disse, resu-
mida e corretamente: “Se a aprendizagem da leitu-
ra não tivesse ocupado a mente do bebê, uma outra
atividade de menos importância o teria feito”.

A mãe de Millie, exercendo suas prerrogativas de


mãe, fez o último e talvez mais importante comen-
tário: “Nós gostamos tanto uma da outra que não li-
gamos se outras pessoas estão presentes ou não, só
que eu acho essa atitude um pouco egoísta”.

O Mito: A criança que lê cedo vai sofrer “ex-


8 cesso de pressão”.

O Fato: Se este mito quer dizer que é possível exer-


cer muita pressão sobre a criança simplesmente por
ensiná-la a ler, então é verdade. É também verdade
que podemos pressionar a criança ensinando-lhe
seja lá o que for.

Pressionar a criança por qualquer razão é uma toli-


ce e nós desaconselhamos isto. Não faça. Agora a
112 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

pergunta é: “O que tem pressionar a ver com dar


oportunidade, à criança, de aprender a ler?” Se o
leitor ou leitora decidir que quer seguir o conselho
deste livro a resposta é que não há relação entre
pressão e a maneira pela qual a criança aprende a
ler. De fato, além de aconselharmos os pais a não
pressionarem seus filhos, insistimos que, a não ser
que ambos estejam de bom humor e dispostos, não
se deve ao menos permitir que o bebê leia.
Existe mais um certo número de histórias
fantasmagóricas sobre as coisas terríveis que podem
acontecer quando se ensina um bebê a ler, só que em
toda a nossa experiência, nunca vimos um resultado
negativo. Todas as profecias funestas que ouvimos
foram baseadas em falta de compreensão do processo
de desenvolvimento cerebral, do qual a leitura deve
ser parte.
Acompanhando essa linha de pensamento,
devemos reiterar um dos aspectos mas importantes
que este livro procura estabelecer. Dito de maneira
simples, e do ponto de vista neurológico, a leitura não
é nem um pouco uma disciplina escolar: É uma função
cerebral.
Ler um idioma é uma função do cérebro tanto
quanto ouvir é também função cerebral.
Qual seria a nossa reação se encontrássemos a
audição em meio às outras matérias da criança como
geografia, escrita e civismo?
De certo iríamos perguntar o que estava a audição
fazendo ali, no meio das matérias escolares? A
audição, diríamos, é feita através do cérebro e não
Quem tem problemas, leitores ou náo leitores? 113

deve ser confundida com coisas que se aprende na


escola.
O mesmo acontece com a leitura.
A escrita, por outro lado, é uma apropriada
disciplina escolar.
A criança pode ser uma boa leitora e não saber
escrever bem. São dois processos inteiramente
diferentes. Ler é algo que o cérebro faz e a escrita é
uma matéria com regras inventadas pelas pessoas
fiara manta: a ordem em ambas. Quando a professora
ensina escrita, ela está transmitindo fatos retirados do
conhecimento acumulado pelo homem. Quando uma
criança lê, o seu cérebro não está preocupado com a
formação das palavras. Ele está realmente
interpretando pensamentos expressos pelo autor.
Deixemos que o leitor faça a si próprio duas
perguntas:

n 1. Pode ler qualquer palavra que não seja capaz


de escrever? Claro que sim — muitas.

n 2. Pode escrever palavras que não é capaz de ler?


É claro que não. Ler é uma função cerebral e a es-
crita um conjunto de regras. Assim como podemos
ler e entender palavras que não sabemos soletrar,
nós somos capazes até de ler e entender palavras
que não conseguimos pronunciar. O autor recente-
mente ouviu um professor famoso, com doutorado
e tudo mais, pronunciar errado uma palavra irregu-
lar. Ele vinha usando esta palavra há anos e de for-
ma correta. Mesmo que ele tivesse aprendido pelo
método fonético (como eu acho que foi o caso) ain-
da assim não teria conseguido pronunciar direito tal
114 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

palavra. Ele simplesmente havia aprendido a mes-


ma, através da leitura como nós aprendemos gran-
de parte das cem mil palavras que constituem um
vocabulário respeitável. Quantas dessas palavras
foram realmente aprendidas na escola? Somente
uma pequena porcentagem. Nós chegamos à escola
com um enorme vocabulário falado. Aprendemos a
ler no máximo mil palavras e a escrever mais umas
cem As restantes dezenas de milhares que acaba-
mos assimilando, aprendemos escutando, lendo e
raras vezes consultando o dicionário.
Por tudo isto, vocês poderiam pensar que somos
contra a escrita? É claro que não. A escrita é uma
matéria importante e própria para a escola.
Talvez um dia, no futuro, todos possam chegar a
conclusão de que as crianças podem aprender a ler em
casa, da mesma maneira que estão aprendendo a ouvir
agora. Que maravilha isto vai ser para a mãe
privilegiada, para a criança de sorte e para a
professora atarefada (que vai então poder dedicar
mais tempo a ensinar aos alunos toda a carga de
conhecimento que o homem tem acumulado). E que
bênção isto seria para o nosso sistema escolar,
atualmente com problemas financeiros, problemas de
instalações e de pessoal.
Olhe a sua volta e veja quais são as dificuldades
reais da escola.
Olhe para os dez melhores alunos de cada sala e
veja qual o fator mais comum a este grupo. Isto é fácil
— eles são os melhores leitores.
As crianças que não podem ler são o maior
problema da educação americana.
como ensinar
seu bebê a ler

Nós, mães, somos os oleiros e nossos filhos o


barro.

[WINIFRED SACKVILLE STONER,

A Educação Natural]

A maior parte das instruções começa por dizer que,


a não ser que sejam seguidas ao pé da letra, não
surtirão efeito.
Em contraste a essa afirmação, é quase certo dizer-
se que mesmo que o bebê seja ensinado de maneira
pouco adequada, ele irá ainda assim aprender mais do
que se você não tivesse feito nada; portanto, este é um
jogo no qual você sempre sai ganhando, de uma forma
ou de outra, mesmo que seja um péssimo jogador.
Você precisaria ir extremamente mal para obter um
resultado nulo.
No entanto, quanto mais inteligentemente você
brincar de ler com o seu filho, tanto melhor e mais
rapidamente ele irá aprender.
Se jogar de modo correto, tanto você quanto ele irão
aproveitar imensamente.
Vai levar menos do que meia hora por dia.
116 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Deixe-me fazer uma revisão dos pontos principais


de nosso conhecimento acerca de crianças, antes de
mostrar-lhe como ensinar seus filhos a ler.

n 1. A criança antes dos cinco anos absorve, com


grande facilidade, enorme quantidade de informa-
ções.

n 2. A criança antes dos cinco anos registra infor-


mações com incrível velocidade.

n 3. Quanto mais informações uma criança rece-


be antes dos cinco anos, tanto mais ela é capaz de
reter. Se tiver menos do que quatro será mais fácil
e, abaixo de dois, aprenderá tudo com facilidade e
eficiência.

n 4. A criança de menos de cinco anos tem enor-


me reserva de energia.

n 5. A criança abaixo de cinco anos tem enorme


sede de aprender.

n 6. A criança antes dos cinco anos pode e quer


aprender a ler.

n 7. A criança abaixo de cinco anos aprende intei-


ramente uma língua e pode aprender quantas mais
lhe forem ensinadas. Ela é capaz de aprender a ler
um ou mais idiomas, tão rapidamente quanto pode
entender a linguagem falada.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 117

FUNDAMENTOS DE ENSINO

COM QUE IDADE COMEÇAR


A pergunta sobre a idade em que se deve começar a
ensinar uma criança a ler é realmente fascinante.
Quando é que ela está apta a aprender?
Certa vez, uma mãe perguntou a um famoso
especialista do desenvolvimento infantil em que idade
ela deveria começar a ensinar seu filho.
“Quando nascerá a criança?” perguntou ele.
“Oh, ele já tem cinco anos”, disse a mãe
“Madame, vá correndo para casa. A senhora já
perdeu os cinco melhores anos da vida de seu filho”,
disse o especialista.
Acima de dois anos de idade a leitura vai se
tomando cada vez mais difícil. Se seu filho tem cinco
anos será mais fácil do que se tivesse seis. Com quatro
seria mais fácil, e com três ainda mais.
A melhor época para começar é aos doze meses de
idade ou menos, isto se você quiser gastar pouco
tempo e energia nesta tarefa.
Você pode realmente começar a ensinar o bebê
desde o nascimento. Afinal, nós falamos com o bebê
assim que ele nasce — e isso melhora a sua
capacidade de ouvir. Nós podemos dar-lhe, igualmente
a linguagem através dos olhos — o que desenvolverá
a sua capacidade de enxergar.
118 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Existem dois pontos vitais relativos ao ensino de


seu filho:

n 1. Sua atitude e abordagem do assunto.

n 2. O tamanho e a organização do material de


leitura.

ATITUDE E ABORDAGEM DOS PAIS.

Aprender é a maior aventura da vida. É desejável,


importante, inevitável e, acima de tudo é o maior e
mais estimulante jogo. Nossos filhos acreditam nisso e
sempre acreditarão até que os convençamos do
contrário.
Sua principal regra é que tanto pais quanto filhos
divirtam-se ao máximo com esta atividade. Os pais
devem entender que aprender é o jogo mais
emocionante da vida — e não uma obrigação.
Aprender é uma recompensa e não um castigo; é um
prazer e não uma obrigação; é um privilégio e não uma
coisa negativa.
Os pais devem ter isto sempre em mente, evitando
tudo o que possa destruir a espontaneidade da criança.
Existe uma lei a prova de erro que nunca se deve
esquecer. É a seguinte: Se você e seu filho não
estiverem se divertindo ao máximo — pare.
Certamente alguma coisa está errada.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 119

O MELHOR MOMENTO PARA ENSINAR

A mãe nunca deve iniciar o jogo da leitura exceto


quando ela é sua criança estiverem contentes e em boa
forma. Se seu filho estiver irritado, cansado ou com
fome, este certamente não será o melhor momento. Se
a mãe estiver aborrecida ou indisposta, esta também
não é a ocasião apropriada. Num mau dia, é melhor
nem tentar brincar de ler. Toda mãe e todo filho têm
dias onde as coisas não correm como deveriam. Nestas
ocasiões, uma atitude bastante sensata é guardar o
material de leitura. Todos sabemos que os dias
positivos são em muito maior número e a alegria de
aprender será maior quando tudo estiver indo bem.
Nunca tente ensinar nada à criança cansada, com
fome ou aborrecida. Descubra primeiro qual é o seu
problema e resolva-o. Aí então você pode voltar a
ensiná-lo e ambos irão divertir-se imensamente.

A DURAÇÃO IDEAL

Assegure-se de que a leitura seja ensinada por


breves períodos de tempo. De início, estarão
ensinando três vezes ao dia, mas cada sessão deverá
durar apenas alguns segundos.
Os pais devem agir com precaução ao decidirem
quando terminar a sessão.
120 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

PARE SEMPRE ANTES QUE SEU FILHO QUEIRA PARAR

Os pais devem antecipar o que a criança está


pensando e devem parar antes que ela deseje.
Se esta regra for observada com atenção, a criança
estará sempre implorando para brincar de ler e seu
desejo de aprender estará sendo desenvolvido ao invés
de anulado.

A MANEIRA DE ENSINAR

Se uma sessão de leitura consistir em cinco


palavras, frases, ou um livro, a chave do sucesso será
o seu entusiasmo. As crianças adoram aprender e o
fazem muito rapidamente.
Portanto, vocês devem mostrar o material muito
rapidamente. Nós, adultos, fazemos tudo muito
devagar comparados às crianças e não existe área
onde isto seja melhor exemplificado do que na forma
como os adultos geralmente ensinam as crianças
pequenas. Geralmente esperamos que as crianças
sentem-se e fiquem olhando para seus materiais como
se estivessem concentradas neles. Nós esperamos que
pareçam até um pouco tristes para mostrar que
realmente estão aprendendo. Só que as crianças não
acham que aprender é difícil, os adultos é que pensam
assim.
Quando você mostrar os cartões, vá o mais rápido
que puder. Sua prática irá melhorar com o tempo.
Pratique com o pai até sentir-se confortável para
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 121

trabalhar com a criança. Os materiais são


cuidadosamente desenhados para serem grandes e
precisos, a fim de que você possa mostrá-los
rapidamente, permitindo a seu filho vê-los com
facilidade.
De vez em quando a mãe aumenta a velocidade e
sua voz toma-se um pouco mecânica, perdendo seu
entusiasmo e a “musicalidade” natural. É possível
mantê-los e ainda assim ir bem depressa. Isto é muito
importante e precisa ser feito. O interesse e
entusiasmo de sua criança pelas sessões de leitura
estará estritamente relacionado a três coisas:

n 1. A velocidade com que você mostra os materiais.

n 2. A quantidade de material novo.

n 3. O entusiasmo da mãe.
A velocidade, por si só, pode determinar se uma
sessão vai ser bem sucedida ou não.
As crianças não olham fixamente para nada. Elas
não precisam. Elas são inteligentes e capazes de
rápida absorção, como uma esponja.

APRESENTANDO MATERIAIS NOVOS

Seria sensato, a este ponto, falar sobre a velocidade


individual de cada criança e como deveriam aprender
a ler ou qualquer outro assunto.
John Ciardi, escreveu em um artigo no Saturday
Review, em maio de 1963, que as crianças deveriam
122 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

ser ensinadas de acordo com a sua sede de saber e a


velocidade determinada pelo seu próprio apetite”.
Eu acredito que isto resume esta situação muito
bem.
Não tenham medo de seguir as coordenadas de
suas crianças. Vocês certamente ficarão assustados
com sua alegre disposição para aprender e a rapidez
com que isto ocorre.
Você e eu fomos criados num mundo que nos
ensinou que temos que aprender vinte palavras e ser
testados na sua totalidade, ou então...
Ao invés de cem por cento de vinte, que tal
cinquenta por cento de duas mil? Você não precisa ser
um gênio em matemática para saber que mil palavras
são mais do que vinte. O que eu estou querendo
demonstrar aqui não é só que as crianças são capazes
de reter cinquenta vezes mais do que lhes ensinamos.
O importante é o que acontece quando vocês lhes
mostram uma palavra a mais, em quaisquer dos casos.
É aí que está o segredo das crianças novinhas.
No primeiro caso, quando a criança já viu as vinte
palavras ad infinitum e ad nauseam o efeito que elas
vão ter sobre ela será sair correndo dali o mais rápido
possível. E este é o princípio básico da educação
formal. Nós, adultos, sabemos muito bem que esta é
uma técnica mortal. Nós tivemos que conviver com ela
pelo menos por doze anos.
Na segunda hipótese, a primeira palavra após as
duas mil é ansiosamente recebida. A alegria de
descobrir e aprender algo novo é atendida e a
curiosidade natural da criança saciada, como deve ser.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 123

Tristemente constatamos que o primeiro método


impede para sempre as possibilidades de
aprendizagem. O outro, abre as portas fazendo com
que fiquem protegidas contra futuras tentativas de
fechamento.
De fato, sua criança aprenderá muito mais do que
cinquenta por cento do que você ensinar. É provável
que aprenda de oitenta, a cem por cento. Mas, se ela
somente aprendesse cinquenta por cento porque você
lhe ofereceu muito, não acha que ficaria
intelectualmente feliz e satisfeita?
Além do mais, não é isso o que queremos?

CONSISTÊNCIA

Uma atitude sensata é organizar-se e colocar os


materiais em ordem antes de começar, para que seu
programa possa ser consistente. Um programa
modesto feito com alegria e consistência será muito
mais bem sucedido do que um sofisticado e
avassalador, feito esporadicamente. Um programa tipo
faz não faz não surtirá efeitos. Ver os materiais com
frequência é vital para a aprendizagem dos mesmos. O
prazer da sua criança deriva do conhecimento real e
isto se consegue através do programa feito
diariamente.
Entretanto, às vezes é preciso guardá-los por
alguns dias. Isso não deve ser um problema, desde
que não ocorra com frequência. Por vezes, é
necessário guardá-los por semanas ou meses. Quando
a mãe tem outro bebê, por ocasião de uma mudança,
124 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

uma longa viagem ou uma doença que cause alvoroço


na rotina da família. Neste período, é melhor deixar de
fazer totalmente o programa. Use o seu tempo para ler
para seu filho. Não tente aqui fazer meio programa.
Será igualmente frustrante para você e para ele.
Quando estiver pronta para voltar ao programa,
comece exatamente do estágio em que parou. Jamais
volte ao princípio quando recomeçar.
Isso tanto para um modesto programa de leitura,
quanto para aquele mais sofisticado. Faça o que for
conveniente a você, consistentemente. Então, verá a
alegria e a confiança de seu filho aumentarem, dia a dia.

PREPARAÇÃO DO MATERIAL

Os materiais usados para ensinar seu filho a ler são


extremamente simples. Eles são baseados nos muitos
anos de trabalho de um grande time de especialistas
que vêm estudando o desenvolvimento e o
funcionamento cerebral infantil. Eles são desenhados
em total reconhecimento ao fato de que ler é uma
função cerebral. Levam em conta as capacidades e
limitações do aparato visual das crianças e são
idealizados para atender a todas as necessidades da
visão e do cérebro, partindo das mais simples e
chegando até as mais complexas.
Todo o material deve ser feito em papel cartão
grosso e rígido, a fim de resistir ao manuseio nem
sempre cuidadoso.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 125

Você precisará de um bom estoque de cartolina


grossa cortada em tiras de 10 por 60cm. Se possível
compre-as já cortadas no tamanho certo. Isto irá lhe
economizar o tempo que seria gasto cortando papéis,
o que é mais demorado do que escrever palavras.
Você também irá precisar de um pincel atômico
grosso e vermelho. Compre o mais grosso possível.
Quanto mais espessa for a letra, melhor será.
Agora escreva cada uma das palavras nas tiras de
cartolina. Faça as letras com 7cm de altura. Use letras
minúsculas exceto no caso de nomes próprios, que, é
claro, começam com letra maiúscula. Caso contrário,
sempre use letras minúsculas, já que é assim que elas
irão aparecer nos livros.
Assegure-se de que suas letras sejam grossas. O
traço deve ter aproximadamente 1,5cm de largura, ou
mais. A intensidade é muito importante para que a
criança possa enxergar a palavra.
Escreva de forma clara e precisa. Use letra de forma
e nunca cursiva. Deixe uma margem de l,5cm ao redor
de cada palavra. Isto dará um espaço para seus dedos,
ao segurar o cartão.
1,5 cm

Mamãe 60 cm
7 cm 10 cm

Às vezes as mães ficam muito sofisticadas e


utilizam normógrafos para fazer seus cartões. Isto
produz letras muito bonitas, entretanto o tempo
despendido é enorme. Lembre-se de que seu tempo é
126 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

precioso. As mães têm que dividi-lo melhor do que em


qualquer outra atividade. Você precisa desenvolver um
sistema rápido e eficiente de preparar os cartões
porque vai precisar de muitos deles. Letra clara e
legível é bem mais importante do que perfeição. As
mães, com frequência, descobrem que os pais gostam
de poder participar do programa dos filhos e são
capazes de fazer ótimos materiais.
Sejam consistentes com o tamanho de suas letras.
A visão da sua criança precisa dessa consistência e
confiabilidade para funcionar bem. Isto é de grande
valia para ela.
No verso do cartão, escreva a palavra, no alto, do
lado esquerdo. Faça isto da maneira que for mais fácil
para você ver e ler.
Faça isto a lápis ou caneta. Caso contrário você terá
que olhar para a frente de cada cartão antes de
mostrá-lo à criança. Isso irá distraí-la e fazer com que
as palavras sejam apresentadas de forma mais
vagarosa.
Os materiais, no início, são feitos com letras
vermelhas grandes e grossas e progressivamente vão
diminuindo até chegar ao tamanho normal, em letras
pretas. No início elas são grandes por causa da
imatura trajetória visual, que não é capaz de enxergar
letrinhas, mas que cresce através do uso. À medida
que o caminho visual vai amadurecendo, o tamanho
da letra pode e deve ser reduzido.
As letras grandes são usadas de início pela simples
razão de que são facilmente visíveis. Elas são
vermelhas porque esta cor atrai as crianças. Para
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 127

começar, você pode preferir comprar o material já


pronto. O estojo “Como Ensinar seu Bebê a Ler” pode
ser obtido escrevendo-se para:
The Better Baby Press
8801 Stenlon Avenue
Philadelphia, Pa. 19118
U.S.A.
Uma vez que você comece a ensinar o seu filho a ler,
descobrirá que ele adquire novos conhecimentos
muito rapidamente. Apesar de enfatizarmos bastante
este fato com os pais, eles sempre se surpreendem com
a rapidez com que os filhos aprendem
Há muito tempo descobrimos que é melhor
preparar-se adiantadamente. Por este motivo, faça
pelo menos duzentas palavras antes de começar a
ensinar a sua criança. Assim, você terá bastante
material disponível e pronto para uso. Se você não
fizer isto, estará sempre defasada. A tentação de
mostrar as mesmas palavras várias vezes pode ser
grande. Se a mãe sucumbir a esta tentação, isto
representará o desastre para o seu programa de
leitura. O erro que a criança não tolera é ter que ver o
mesmo material repetidamente, por muito tempo além
do já deveria ter sido mudado.
Lembre-se de que o pecado capital é aborrecer a
criança pequena.
Seja esperta — comece adiante na preparação do
material e permaneça adiante. E se, por algum motivo,
você se atrasar na preparação de novos materiais, não
preencha os espaços mostrando as mesmas velhas
palavras de novo. Pare o seu programa por um dia ou
uma semana, até que você tenha se reorganizado e
128 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

faça novo material, para só então reiniciar de onde


parou.
A preparação do material pode e deve ser muito
divertida. Se você estiver preparando os materiais do
mês que vem, será divertido. Se estiver preparando o
material da manhã seguinte, não será.
Antecipe-se, permaneça à frente, pare e reorganize-
se se isto for necessário, mas não mostre material
antigo repetidamente.

RESUMO: INGREDIENTES BÁSICOS PARA UMA BOA


INSTRUÇÃO

n 1. Comece o mais cedo possível.

n 2. Esteja sempre alegre.

n 3. Respeite seu filho

n 4. Ensine somente quando você e seu filho es-


tiverem contentes.

n 5. Pare antes que a criança queira parar.

n 6. Mostre os materiais com rapidez.

n 7. Apresente materiais novos com frequência.


Como Ensinar Seu Bebê a Ler 129

n 8. Faça o seu programa consistentemente.

n 9. Prepare os seus materiais com cuidado e


mantenha-se na frente.

n 10. Lembre-se da regra à prova de erro.

O CAMINHO PARA A LEITURA


O caminho que você deverá percorrer para ensinar
seu filho é relativamente simples e fácil. Não importa
se você está começando com um recém-nascido ou
uma criança de quatro anos, ele é sempre o mesmo.
As etapas são as seguintes:

n Primeira etapa (Palavras simples);

n Segunda etapa (Pares de palavras);

n Terceira etapa (Frases);

n Quarta etapa (Sentenças);

n Quinta etapa (Livros).


130 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

PRIMEIRA ETAPA (palavras simples)

A primeira etapa consiste em ensinar seu filho a ler


usando quinze palavras inicialmente. Quando ele já
tiver aprendido estas quinze palavras, já estará pronto
para passar ao vocabulário propriamente dito.
Comece em uma hora do dia que sua criança esteja
descansada, receptiva e de bom humor.
Use a parte da casa que tenha o menor número de
distrações possíveis, tanto do ponto de vista auditivo
quanto visual. Por exemplo, não ligue o rádio ou
qualquer coisa que faça muito barulho. Use um canto
do aposento sem muita mobília ou objetos que possam
distrair a simples visão do seu filho.
Agora começa a diversão. Simplesmente segure a
palavra Mamãe, um pouco além do seu alcance e diga
claramente a ele: “Isto quer dizer Mamãe”.
Não lhe dê nenhuma descrição. Não há necessidade
de maior elaboração. Não lhe dê mais do que um
segundo. Em seguida, mostre a palavra Papai e com o
mesmo entusiasmo diga: “Isto quer dizer Papai”.
Mostre-lhe mais três palavras como fez com as duas
primeiras. É sempre melhor mostrá-las passando os
cartões de trás para diante, do que ao contrário. Isto
lhe permite olhar para o verso do cartão onde você
escreveu a palavra. Também significa que você pode
concentrar-se totalmente no rosto do seu filho. Você
quer dirigir toda sua atenção e entusiasmo para ele e
não perder tempo tendo que olhar a frente do cartão.
Não peça à criança para repetir as palavras à medida
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 131

que você ensina. No fim da quinta, dê-lhe um grande


abraço e beijo e demonstre todo o seu afeto. Diga-lhe
o quanto ela é esperta e maravilhosa.
Repita isto três vezes, durante o primeiro dia, da
maneira já explicada. As sessões devem ter um
intervalo mínimo de meia hora entre elas.
O primeiro dia termina e você acaba de dar o
primeiro passo para ensinar sua criança a ler (até aqui
você investiu no máximo três minutos).
No segundo dia, repita a sessão básica três vezes.
Acrescente um novo grupo de cinco palavras. Este
novo grupo deve ser mostrado três vezes no decorrer
do dia, como o primeiro, totalizando seis sessões.
Ao fim de cada sessão diga à criança o quanto foi
bem e quanto ela é inteligente. Diga-lhe que você a
ama e está muito orgulhosa dela. É prudente
demonstrar o seu amor com abraços e expressões
físicas de carinho.
Não a chantageie ou recompense com balas,
biscoitos ou algo parecido. Na velocidade com que ela
aprende, em breve você não teria recursos financeiros
suficientes para continuar recompensando-a deste
modo e estaria, igualmente, prejudicando a sua saúde.
Além do mais, biscoitos não são uma recompensa à
altura de uma tarefa tão importante, se comparados ao
seu amor e carinho.
A criança aprende com a velocidade da luz e se você
mostrar-lhe as palavras mais do que três vezes ao dia,
ficará entediada. Se você mostrar o cartão à criança
por mais de um segundo, perderá sua atenção.
132 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

No terceiro dia, acrescente um conjunto de cinco


palavras novas.
Agora, você estará ensinando a seu filho três
grupos de cinco palavras cada, três vezes ao dia. Você
e seu filho estarão tendo um total de nove sessões
espalhadas durante o dia, totalizando somente alguns
minutos.
As primeiras quinze palavras que você ensinar a
sua criança serão compostas de palavras gostosas e
comuns ao seu meio ambiente. Estas palavras devem
incluir os nomes dos parentes próximos, animais de
estimação, objetos da casa, atividades e comidas
favoritas. É impossível incluir uma lista exata dessas
quinze palavras, porque elas vão variar de acordo com
as preferências de cada um.
O único sinal de alerta no processo total é o tédio.
Nunca entedie a criança. Ir muito devagar pode ser
pior do que ir depressa. Lembre-se de que este bebê
inteligente poderá estar aprendendo o inglês,
suponhamos, neste momento. Portanto, não o
aborreça. Pense na coisa maravilhosa que você
conseguiu. Sua criança acabou de conseguir o feito
mais difícil de todo o processo da leitura; e talvez não
seja exagerado dizer que no processo da aprendizagem,
já que a leitura constitui a sua maior base.
Com a sua ajuda ela conseguiu duas coisas
extraordinárias:

n 1. Fez crescer sua trajetória visual e, principal-


mente, ensinou o seu cérebro a diferenciar um sím-
bolo do outro.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 133

n 2. Dominou uma das mais primitivas abstrações


de toda a sua vida: ela é capaz de ler palavras.
Uma palavrinha acerca do alfabeto. Por que não
começamos ensinando o alfabeto às crianças? A
resposta a esta pergunta é de enorme importância.
É uma premissa básica de ensino que devemos
começar com o que é concreto e sabido, daí passando
ao desconhecido e, por último, ao que é abstrato.
Nada poderia ser mais abstrato para um cérebro de
dois anos do que a letra b. É um tributo à genialidade
das crianças que elas sejam capazes de aprender isso
em qualquer época.
É óbvio que se um menino de dois anos fosse capaz
de argumentar com lógica, ele já teria esclarecido esta
situação com os adultos, há muito tempo.
Se assim fosse, quando mostrássemos a letra b, ele
poderia perguntar: “Por que esta coisa se chama b?
E nós, o que poderíamos responder?
“Bem, é um b por que... bem... ora, você não vê que
é um b, porque precisamos inventar... um símbolo...
para a letra b. E também a inventamos para... ah...”.
E assim teria ocorrido.
Finalmente, a maioria de nós diria certamente: “É um
b porque eu sou maior do que você. Por isso é um b”.
E esta seria uma razão tão boa quanto qualquer
uma, para explicar porque um b é um b.
Felizmente, nós não temos que ensinar isto às
crianças porquanto eles talvez não fossem capazes de
134 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

entender historicamente porque o b é b, eles entendem


que nós somos maiores e esta razão é suficiente.
Voltando ao assunto, elas conseguiram de alguma
maneira aprender estas vinte e seis abstrações visuais
e o que é mais, as vinte e seis abstrações auditivas que
as acompanham.
Isto não só totaliza cerca de cinquenta e duas
combinações possíveis de som e imagem, como um
número quase infinito delas.
E elas aprendem tudo isso, apesar de só ensinarmos
aos cinco ou seis anos, quando aprender já está
ficando cada vez mais difícil.
Graças a Deus nós não tentamos ensinar estudantes
de Direito, médicos ou engenheiros por meio de tais
abstrações, caso contrário, sendo adultos, eles jamais
seriam capazes de sobreviver a elas.
A diferenciação visual que seu filho conseguiu, na
primeira etapa, é muito importante.
Ler letras isoladas é difícil uma vez que ninguém
jamais comeu um b ou pegou um 6 para abrir e
descobrir de que é feito. É possível descascar uma
banana, pegar uma bola, comer batata, ou passear de
bote. Enquanto as letras que compõem a palavra bola
são abstratas, a bola não o é, permitindo-os mais
facilmente aprender bola do que simplesmente a letra b.
Também a palavra bola é muito mais diferente de
nariz do que o b é diferente do n.
Estas duas razões tomam as palavras mais fáceis de
serem lidas do que as letras.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 135

As letras do alfabeto não são unidades de leitura e


escrita. Mais do que sons isolados são componentes de
unidades de audição e fala. Palavras são unidades de
linguagem. As letras estão para a palavra, como o
barro, a madeira e a pedra estão para a construção de
edifícios. Os tijolos, vigas e pedras são os verdadeiros
elementos na construção da casa.
Muito mais tarde, quando a criança já puder ler
bem, lhe ensinaremos o alfabeto. A esta altura ela será
capaz de ver porque o homem precisou inventar o
alfabeto e para que necessitamos das letras.
Começamos ensinando uma criança pequena a ler
palavras usando o seu nome, os nomes de seus pais e
as palavras relacionadas ao seu “eu”. Estas são as
primeiras coisas que a criança aprende — sobre sua
família e seu corpo. Seu mundo começa de dentro e vai
devagarzinho se voltando para o exterior, como bem o
sabem os educadores.
Há alguns anos atrás, um especialista em
desenvolvimento infantil bastante inteligente
expressou através de letras mágicas, algo que iria
melhorar demais a Educação. Estas letras eram V.A.T.
— visual, auditivo e tátil. Foi dito que as crianças
aprendiam através de uma combinação da visão (V),
audição (A) e tato (T). No entanto, as mães sempre
disseram coisas como: “Este porquinho foi ao mercado
e este outro ficou em casa”, levantando os dedões para
que a criança pudesse ver (visão), falava alto para que
ela pudesse ouvir (audição), e apertando os dedões
para que ela pudesse sentir (tato).
De qualquer modo, nós sempre começamos com a
família e as palavras relativas à sua pessoa.
136 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

PARTES DO CORPO
mão cabelo perna ombro

joelho dedo olho umbigo

pé orelha boca unha

cabeça braço cotovelo dente

nariz polegar lábio língua

Aqui está o método que você deve usar a partir


deste ponto para acrescentar novas palavras e retirar
as conhecidas: simplesmente retire uma palavra por
dia que já tenha sido ensinada por cinco dias, e a
substitua por uma nova, em cada categoria. Os
primeiros três grupos já foram vistos por uma semana
e portanto você já pode substituir, em cada um deles,
uma palavra velha por uma nova. Daí a cinco dias,
retire uma palavra conhecida de cada uma das duas
últimas categorias que você acabou de acrescentar. Daí
por diante você deverá adicionar uma palavra nova
por grupo a cada dia e retirar uma velha. Nós
chamamos este processo de retirar palavras velhas de
“aposentadoria”. Entretanto, cada palavra aposentada
será chamada de volta à ativa quando chegarmos a
segunda, terceira, quarta e quinta etapas, como você
irá ver em breve.
As mães descobriram que, se você escrever a lápis
no verso do cartão a data em que foram apresentadas
poderá facilmente ver as que estão sendo ensinadas
há mais tempo e assim aposentá-las.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 137

PROGRAMA DIÁRIO

Conteúdo Diário: 5 jogos

Cada Sessão: Mostrar 1 jogo (5 palavras) de cada vez

Frequência: Cada jogo 3 vezes ao dia

Intensidade: Palavras em vermelho com 7 cm

Duração: 5 segundos

Novas Palavras: 5 dias (1 em cada jogo)

Aposentadoria
de Palavras: 5 dias (1 para cada jogo)

Vida Útil de
cada Palavra: 3x ao dia, por 5 dias = 15 x

Regra Básica: Sempre para antes da criança quiser


parar

Em resumo, você estará ensinando vinte e cinco


palavras por dia, divididas em cinco categorias de
cinco palavras cada. Sua criança estará vendo cinco
palavras novas por dia ou uma em cada grupo, e cinco
serão aposentadas diariamente.
Evite mostrar duas palavras juntas que comecem
com a mesma letra. Cabelo, caspa, e cabeça começam
com c e, portanto não devem ser ensinadas
consecutivamente. Ocasionalmente a criança pode
pensar que caspa é cabelo porque ambas começam
com c e são semelhantes na aparência. As crianças que
já aprenderam todo o alfabeto estão mais sujeitas a
138 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

cometer este erro do que aquelas que não o conhecem.


Sabê-lo, causa um pouco de confusão para as crianças.
Ao ensinar a palavra água, por exemplo, as crianças
podem reconhecer o a, seu velho conhecido, e
exclamar a ao invés de água.
De novo, temos que nos lembrar que a regra
máxima é não aborrecer a criança. Se ela estiver
entediada, há um sério perigo de você estar indo muito
devagar. Ela deve estar aprendendo muito depressa e
reagindo para que você ande mais rápido.
Se tudo correr bem, você dará em média, cinco
palavras novas por dia. Podem até ser dez. Se você for
esperta e entusiasmada o suficiente, seu filho pode
aprender até muito mais.
Quando seu filho tiver dominado as palavras
relativas “a ele”, você pode passar para a etapa
seguinte no processo da leitura. Ele agora tem duas
das mais difíceis fases, já ultrapassadas. Se teve
sucesso até agora, será difícil impedi-lo de ler por
muito mais tempo. A esta altura, tanto os pais
quanto a criança, já veem o jogo da leitura como uma
coisa bastante agradável, que lhes dá prazer. Lembre-
se de que você está criando no seu filho o amor pelo
saber que irá se multiplicar por toda a sua vida. Mais
corretamente, você estará reforçando uma gana de
aprender que não poderá ser negada, mas certamente
poderá ser deturpada e desperdiçada na criança
através de canais negativos. Jogue com alegria e
entusiasmo. Agora está na hora de acrescentar nomes
de objetos comuns ao meio-ambiente da criança.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 139

O VOCABULÁRIO DO LAR

O vocabulário “do lar” consiste nas palavras que


designam os objetos encontrados em casa como:
comidas, animais, e coisas que seu filho
normalmente faz.
A esta altura, ele já deve ter um vocabulário de
vinte cinco a trinta palavras. É aqui que devemos
resistir à enorme tentação de ensinar-lhe as mesmas
coisas repetidamente. Resista a esta tentação. Seu
filho achará isto aborrecido. As crianças adoram
aprender palavras novas e detestam revisar as velhas.
Você poderá ficar tentado a testá-la. De novo, não faça
isto. Testar a criança sempre produz tensão por parte
dos pais, e ela irá perceber isto bem depressa. Isto
pode fazer com que seu filho associe tensão e mal
estar com aprendizagem. Nós discutiremos este
assunto em maiores detalhes no próximo capítulo.
Mostre a seu filho, quanto você o ama e respeita, a
cada oportunidade.
As sessões de leitura devem sempre ser momentos
de alegria e afeição física. Isto se toma a recompensa
apropriada, a você e a seu filho, por todo o esforço que
ambos fizeram.

cadeira mesa porta

janela parede cama

banheira fogão refrigerador

televisor poltrona banheiro


140 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

OBJETOS

Esta lista deve ser aumentada ou diminuída para


refletir o meio-ambiente e coisas da família que são
únicos a ela.
Agora, continue a alimentar a fome de saber do seu
filho com as palavras que indicam “posse”.
Palavras que indicam posse (as coisas da criança):

caminhão cobertor meia

xícara colher pijama

sapato bola triciclo

escova travesseiro mamadeira

ALIMENTOS

suco leite laranja

pão água cenoura

manteiga ovo maça

banana batata morango


Como Ensinar Seu Bebê a Ler 141

ANIMAIS

elefante girafa hipopótamo

baleia gorila dinossauro

rinoceronte aranha cão

tigre cobra raposa

Como nas anteriores, estas listas devem ser


modificadas para melhor refletir as coisas que sua
criança possui e aquelas de que mais gosta.
Obviamente, isto irá variar de acordo com a idade,
tenha ela um ou cinco anos.
Ela irá aprender as palavras da mesma maneira que
vem fazendo até agora. Esta lista pode constar de dez
a cinquenta palavras, dependendo da escolha de pais
e filhos.
A relação de palavras de leitura (que aqui já deve
ser de aproximadamente cinquenta), foi até agora
composta simplesmente de substantivos. Aproxima
categoria, do vocabulário do meio ambiente, vai
refletir ação e assim iremos apresentar os verbos pela
primeira vez.
142 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

AÇÕES

bebendo dormindo lendo

comendo ouvindo jogando

correndo pulando nadando

sorrindo subindo rastejando

Para ter mais graça, quando for ensinar, a mãe


poderá efetuar a ação descrita (por exemplo) pulando,
e dizer: “A mamãe está pulando”. Então ela faz a
criança pular e diz: “Você está pulando”. Agora a
mamãe mostra a palavra para a criança e diz: “Esta
palavra quer dizer pulando”. E assim ela apresenta
todas as palavras que indicam “ação”. A criança vai
adorar esta parte porque estará participando
ativamente junto com sua mãe (ou pai) e estará
aprendendo também.
Quando seu filho tiver aprendido as palavras
básicas do seu ambiente, estará apto a ir adiante.
A esta altura ele deverá estar lendo mais de
cinquenta palavras e vocês dois deverão estar
adorando. Devo falar de duas coisas antes de
passarmos à próxima etapa que será o começo do fim
do processo de aprendizagem da leitura.
Se os pais ensinarem que ler é uma coisa agradável
(como idealmente deve ser) e não um dever ou
obrigação (que não constitui um bom motivo), então
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 143

tanto pais quanto os seus filhos devem estar se


divertindo imensamente com as sessões diárias.
John Ciardi, no seu artigo já mencionado, disse
acerca da criança: “... se ela recebeu amor (o que
basicamente significa que os pais e a criança
honestamente brincaram juntos)...”. Esta é uma
excelente definição de amor: brincar e aprender com sua
criança — e deveria estar sempre presente na mente
dos pais que estão ensinando os seus filhos a ler.
O próximo ponto a ser lembrado é a eterna
curiosidade das crianças acerca de palavras escritas e
faladas. Se a criança demonstra interesse por uma
palavra, seja qual for a razão, então seria sensato
anotá-la e incorporá-la à sua leitura. Ela aprenderá
bem rápido qualquer palavra que tenha despertado a
sua curiosidade.
Portanto, se a criança perguntar: “Mamãe, o que é
dinossauro?” ou “O que quer dizer microscópio?” será
prudente dar as respostas cuidadosamente e ir
depressa escrever as palavras, acrescentando-as ao
seu material de leitura.
Seu filho ficará muito contente e orgulhoso ao
constatar que está aprendendo coisas que partiram de
sua curiosidade natural.
144 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

SEGUNDA ETAPA (pares de palavras)

Uma vez que a criança tenha adquirido um


vocabulário básico de leitura será capaz de juntar duas
palavras para fazer pares de palavras (combinação de
dois substantivos).
Esta é uma importante etapa intermediária entre
palavras simples e sentenças completas.
Os pares de palavras criam uma ponte entre os
componentes básicos da leitura — substantivos — e a
próxima unidade — a sentença. É claro que a
capacidade de ler um grupo de palavras relacionadas,
chamado sentença, será o próximo grande objetivo.
Entretanto, esta fase intermediária de pares de
palavras, ajudará a criança a progredir em pequenos
passos e chegar ao nível seguinte.
Agora, a mãe revê o vocabulário de seu filho e
determina que pares de palavras podem ser feitos
usando as que já foram ensinadas individualmente. A
mãe vai precisar muito depressa de palavras
adicionais, que acrescentem significado às palavras
simples já ensinadas, para formar pares de palavras
que tenham sentido.
Uma categoria simples, bastante fácil de ensinar, é
a de cores principais.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 145

CORES
vermelho violeta azul

laranja preto rosa

amarelo branco cinza

verde marrom roxo

Estas palavras podem ter um pequeno quadrado


colorido, no verso do cartão.
A mãe pode ensinar o nome e então virar o cartão e
realmente mostrá-lo à criança.
Crianças novinhas são capazes de aprender isto
bem depressa e adoram demonstrar o quanto sabem,
dizendo o nome de todas as cores que reconhecem, por
todos os lugares. Depois que tiverem aprendido os
nomes das cores mais comuns, você poderá ensinar-
lhe uma enorme variedade de tons e matizes como
(índigo, cobre, prateado, dourado, castanho, verde-
oliva, abacate e etc.)
Uma vez que as cores, simples tenham sido
ensinadas, a mãe poderá fazer o seu primeiro grupo de
pares de palavras como:
morango vermelho unha rosa

olho azul unha violeta

caminhão vermelho cabelo castanho

banana amarela maçã verde

sapato preto refrigerador branco


146 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Cada uma dessas duas palavras, separadamente,


tem a grande vantagem de já ter sido aprendida pela
criança. O par contém dois elementos básicos, que lhe
dão alegria.
O primeiro é que ele está vendo uma palavra que já
conhecia e o segundo, é que apesar de conhecer as
duas palavras em separado, ele agora as vê
combinadas, formando uma nova ideia. Isto é muito
emocionante. Abre as portas para o entendimento da
magia da palavra escrita.
Divida os pares de palavras que você tiver criado em
dois grupos de cinco. Mostre cada categoria três vezes
ao dia, por cinco dias (ou menos). Ao final dos cinco
dias aposente um par de cada grupo, acrescentando
um novo por categoria. Continue a acrescentar um par
novo e retirar um conhecido por dia.
À medida que a mãe for progredindo desta forma,
sentirá a necessidade de acrescentar outros
“modificadores” de palavras, como os opostos:

OPOSTOS
grande pequeno comprido curto

gordo magro direito esquerdo

limpo sujo feliz triste

liso áspero vazio cheio

bonito feio escuro claro


Como Ensinar Seu Bebê a Ler 147

Novamente, dependendo da idade e experiência de


sua criança, você poderá ou não apresentar estas
palavras com uma figura atrás do cartão que esclareça
a ideia. “Pequeno” e “grande” são ideias muito
simples para uma criança pequena. Que criança não é
capaz de saber se um de seus irmãos recebeu alguma
coisa “maior” do que a dele? Nós, adultos, percebemos
isto como abstrações, e elas o são, mas a criança é
capaz de entendê-las rapidamente se forem
apresentadas de maneira lógica e direta. Estas ideias
estão relacionadas ao seu dia-a-dia, e são de certa
forma, próximas ao seu coração.
Agora podemos apresentar:

PARES DE PALAVRAS

xícara cheia xícara vazia

cadeira grande cadeira pequena

mamãe feliz mamãe triste

cabelo comprido cabelo curto

camiseta limpa camiseta suja

mão direita mão esquerda


148 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

TERCEIRA ETAPA (frases)

É muito simples passar dos pares de palavras para


frases. Ao fazermos isto, o salto é dado ao
acrescentarmos ação aos pares de palavras, criando
uma pequena sentença básica.

Mamãe está pulando

Juca está lendo

Papai está comendo

Mesmo comum vocabulário básico de cinquenta a


setenta e cinco palavras, as combinações possíveis são
inúmeras. Existem três maneiras excelentes de
ensinar frases simples, e, a mãe sensata não usará
somente uma, mas todas as três.

n 1. Aproveitando os cartões já prontos, faça al-


guns com a palavra “está”. Sente-se e junte cinco
cartões com nomes (de pessoas ou animais) e cinco
de “ações”. Selecione um de cada e terá uma frase.
Leia-a para seu filho. Agora, deixe a criança esco-
lher um de cada para fazer a sua frase. Leia a frase
para ela e juntos, façam de três a cinco frases. Aí
guardem os cartões. Lembre-se de mudar constan-
temente os substantivos e verbos para manter a
emoção da brincadeira.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 149

Mamãe está comendo

Papai está dormindo

Maria está sorrindo

Juca está correndo

Ana está subindo

A mamãe escolhe
Ana está subindo

A criança escolhe
Juca está correndo

n 2. Usando seus cartões de 10 x 60 cm, faça um


grupo de cinco frases. Você vai ter que diminuir o
tamanho da letra a fim de colocar três ou quatro pa-
lavras em um só cartão. Agora, faça suas letras com
5cm ao invés de 7cm de altura. Ao fazer isso deixe
espaço suficiente para que cada letra possa “respi-
rar”. Mostre-as três vezes ao dia por cinco dias
(ou menos). Então, acrescente duas novas frases
diariamente e retire duas conhecidas. Seu filho as
aprenderá mais rapidamente, portanto, você tem
que estar pronta para seguir em frente o mais
depressa possível.

O elefante está comendo 5 cm 10 cm

60 cm
150 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

n 3. Faça um simples livro de frases. Este livro


deve ter cinco sentenças com uma ilustração para
cada uma delas. O livro deve ter 20 x 45 cm com as
letras medindo 5cm cada. A página com a ilustração
deve vir separada e em seguida ao texto. É uma boa
ideia fazer do seu primeiro livro um simples diário
de suas atividades.
45 cm

20 cm
Juca está comendo

1 2

3 4

Juca está bebendo

5 6

7 8

etc.
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 151

O seu novo livro pode ser facilmente ilustrado


usando fotografias de seu filho fazendo estas coisas.
Este será o primeiro de uma longa série de livros que
marcarão o crescimento, a vida e o desenvolvimento
deles. São apreciados por todas as crianças que tem a
sorte de ter uma mãe que dispõe de tempo para fazê-
los. Cada um começa modestamente com dez páginas,
lidas duas ou três vezes ao dia pela mãe, por alguns
dias. Ai a mãe mostra um novo capítulo que usa o
mesmo vocabulário básico.
Estes maravilhosos diários feitos em casa são uma
maneira muito prática e real de exibir todas as fotos
que a mamãe vem acumulando por todos estes anos.

QUARTA ETAPA (sentenças)

Em verdade, as frases que acabamos de mencionar


são igualmente sentenças simples. Só que agora a
criança está pronta para o passo mais importante
depois de ser capaz de diferenciar palavras simples.
Agora ela pode lidar com frases inteiras que
expressem um pensamento mais completo.
Se nós só pudéssemos entender frases que já
tivéssemos visto antes, nossa leitura seria muito
limitada. Todo o mistério de um livro reside no fato de
descobrirmos o que ele tem a nos dizer de novo, que
nunca vimos antes.
152 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Reconhecer palavras isoladas e saber que elas


representam um objeto ou uma ideia é uma etapa
básica na aprendizagem da leitura. Poder saber que
quando as palavras são usadas em uma frase
significam uma ideia mais complicada é também um
passo importante e vital.
Agora podemos usar as mesmas técnicas utilizadas
quando começamos a ensinar as frases. Aqui, no
entanto, nós vamos além de três palavras. Ao invés de
escolher cinco substantivos e cinco verbos para
compor a sentença: “Mamãe está comendo”, nós agora
acrescentamos cinco objetos e apresentamos: “Mamãe
está comendo uma banana”.
Nesta fase, precisamos de cartões com os artigos
“a”, “um”, “uma”, “ou” e etc. Eles não precisam ser
ensinados separadamente, pois a criança os aprenderá
no contexto da frase onde eles têm um propósito e
fazem sentido. Fora do contexto, eles não representam
nada de interessante para as crianças.
Elas já usam o “a” ou “um” corretamente quando
falam e, portanto são capazes de entender que não são
palavras isoladas. É vital para a leitura que a criança
possa reconhecê-lo e lê-lo como uma palavra
separada, mas não é necessário que saiba defini-la. Da
mesma forma, todas as crianças aprendem a falar
corretamente antes mesmo de conhecer as regras
gramaticais. Além do mais, quem desejaria ter que
explicar o que é um artigo mesmo para uma criança de
dez anos? Portanto, não o faça. Assegure-se somente
de que ela possa lê-lo.
Quando você tiver feito sentenças de quatro
palavras usando as três técnicas descritas na terceira
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 153

etapa (frases) então você poderá acrescentar os


modificadores — adjetivos e advérbios — que dão vida
própria à frase:

Mamãe está comendo uma banana amarela 4 cm 10 cm

Uma vez mais, quando você acrescenta novas


palavras, precisa diminuir um pouco o tamanho da
letra. Agora diminua as letras para 4 cm. Deixe espaço
suficiente para cada palavra e, se preciso for, faça os
cartões com mais de 45 cm.
Se você vier brincando de fazer frases com sua
criança consistentemente, você já terá notado que ela
adora construir aquelas que são ridículas ou absurdas.

O elefante está tomando sopa

Papai está abraçando o morango

Juca está sentado no umbigo

Isto deve inspirar-lhe afazer o mesmo. É triste


constatar que nossa educação formal foi tão monótona
e estéril que, sem pensar, nós evitamos usar o humor
quando ensinamos. Nós fomos tão constantemente
lembrados para não ser “tolos” ou “agir de forma
ridícula” que pensamos ser contra a lei ter prazer em
ensinar ou aprender. Isto é a essência do absurdo
porque alegria é aprender e aprender é divertido.
Quanto mais nos divertimos, neste processo, tanto
mais estaremos aprendendo.
154 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Uma boa sessão de inventar frases normalmente


encontra a mãe e a criança cada uma querendo ser
melhor que a outra, criando combinações engraçadas
que terminam em cócegas, abraços e muito barulho.
Uma vez que cada sentença criada e escrita nos
cartões se baseia em palavras simples, que você já
ensinou cuidadosamente antes, é provável que seu
filho vá passar por muitas delas muito depressa.
Será sensato limitar o vocabulário a cinquenta
palavras e usá-las no maior número possível de frases
que você e seu filho sejam capazes de criar. Desta
maneira, a criança realmente vai ter reforçada a sua
aprendizagem. Sua confiança vai crescer tanto que
será capaz de ler uma nova sentença, não importando
a maneira como foi apresentada.
A esta altura, você ainda estará lhe mostrando
materiais. Você está lendo as frases e os livros, em voz
alta, para ela. Dependendo de sua idade, linguagem
adquirida e personalidade, sua criança pode estar
dizendo palavras em voz alta ou lendo sentenças para
você, naturalmente. Se isto for espontâneo, está muito
bem. Entretanto, a mãe não deve pedir que leia junto.
Nós iremos discutir este ponto detalhadamente no
próximo capítulo.
Quando você passar de frases de quatro palavras
para cinco ou mais, verá que, sem dúvida, vai começar
a faltar espaço no cartão ou nos livros.
Agora, por evolução, você tem que fazer três coisas:

n 1. Reduzir o tamanho da letra;


Como Ensinar Seu Bebê a Ler 155

n 2 Aumentar o número de palavras;

n 3. Mudar a cor da letra de vermelha para preta.


Comece por reduzir um pouquinho o tamanho. Você
não quer diminuir muito porque, senão, a criança terá
dificuldade para ler. Tente letras de 2,5 cm. Use-as por
algumas semanas. Se não parecer criar problemas,
então você poderá aumentar o número de palavras. Se
você já estiver utilizando frases de cinco, pode passar
para seis. Conserve, no entanto, a letra em 2,5 cm.
Continue com frases de seis palavras por mais um
pouco. Se tudo correr bem, então reduza o tamanho da
letra para 2,4 cm. A regra a ser lembrada neste período
é que não se pode reduzir o tamanho da letra e
aumentar o número de palavras ao mesmo tempo.
Primeiro reduza o tamanho e depois de um tempo
aumente a quantidade de palavras.
Estas duas coisas devem ser conseguidas
gradativamente. Lembre-se de que a sentença nunca
pode ser clara ou grande demais, mas que é possível
ser pequena ou muito confusa. Neste processo, você
não quer ir muito depressa.
Se reduzir o tamanho da letra ou aumentar o
número de palavras muito rapidamente, você verá a
atenção da criança decair. Ela poderá começar a olhar
para o lado, ou na sua direção porque o cartão ou a
página estão complexos demais para o seu
entendimento. Se isto acontecer, simplesmente volte
ao tamanho de letra anterior ou ao número de
palavras que você estava usando antes disso e verá
que seu entusiasmo retornará. Fique neste nível por
um bom tempo, antes de tentar nova modificação.
156 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Você não precisa realmente mudar o tamanho ou a


cor das palavras simples. Em verdade, nós
descobrimos que é mais fácil para a mãe e para o filho,
conservá-las grandes.
Entretanto, quando você estiver fazendo livros, com
letras de 2 cm ou seis palavras em uma página, nós
recomendamos que mude de vermelho para preto. À
proporção que as palavras se tomam menores, o preto
permite um maior contraste e uma página mais legível.
Agora, preparamos o cenário para a última e mais
emocionante das fases — o livro. Nós fincamos nossos
pés solidamente na porta criando muito livros com
pares de palavras, livros de expressões e livros de
sentenças. Estas etapas constituem a base e a
próxima, a substância.
O caminho já foi aberto, portanto, mãos à obra.

QUINTA ETAPA (livros)

Agora seu filho está pronto para ler um livro


apropriado e de verdade. Realmente, ele já leu
inúmeros feitos em casa, completou todas as palavras
simples e em pares, e já viu todas as frases que irá
encontrar no seu primeiro livro.
Esta cuidadosa preparação irá garantir o sucesso
deste, e de muitos outros que estão por vir.
Sua capacidade de lidar com palavras grandes,
simples e em pares, frases e sentenças, já foi
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 157

estabelecida. Agora ele tem que enfrentar a letra


pequena e um grande número de palavras em cada
página.
Quanto menor a criança, mais desafiante vai ser esta
etapa. Lembre-se de que você já o ensinou a ler e ao
mesmo tempo alimentou a sua capacidade visual, do
mesmo modo que o músculo cresce em virtude do uso.
Se você estiver diminuindo o tamanho da letra
muito depressa e assim mostrando uma que ela não é
capaz de ver com facilidade, você terá um claro indício
do tamanho ideal ao chegar a terceira e quarta etapas
do seu programa.
As palavras usadas são as mesmas e só diferem
pelo fato de se tornarem um pouco menores a cada
passo, e de você poder ver claramente se a criança
está aprendendo mais depressa do que sua visão
pode permitir.
Como exemplo, suponhamos que a criança tenha
completado com sucesso a terceira e a quarta etapas
lendo com facilidade palavras de 5 cm, porém tenha
dificuldade em ler as mesmas palavras no livro
propriamente dito. A resposta a isto é simples. As
letras são muito pequenas. Nós sabemos que a criança
pode ler as palavras de 5 cm com facilidade. Agora a
mãe simplesmente prepara palavras adicionais e
frases simples usando 5 cm. Escolha palavras simples
e imaginativas e frases que provoquem alegria a seu
filho. Depois de fazer isso por dois meses, volte ao
livro e às suas letrinhas.
Lembre-se de que se o tamanho for muito pequeno
você poderá ter problema para ler.
158 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se a criança tiver três anos quando você chegar à


letra de 2,4cm do livro, você certamente não ficará
retida neste ponto. Se seu filho tiver menos de dois
anos, quando chegar ao livro, é quase certo que você
vai precisar criar livros adicionais com letras de 3 e 5
cm para ele. Está bem. Tudo é leitura, e leitura de
verdade. Faz amadurecer o crescimento do cérebro
mais do que qualquer outra coisa.
Os pais agora precisam escolher o livro que vão
usar para ensinar sua criança a ler. Procure um que
tenha vocabulário semelhante ao que você já ensinou
em palavras simples e em pares de palavras e frases.
A escolha do livro a ser adotado é muito importante.
Deve preencher os seguintes requisitos:

n 1. O livro deve ter vim vocabulário de cinquen-


ta a cem palavras.

n 2. Não deve ter mais do que uma frase em cada


página.

n 3. O tamanho da letra tem que ser de aproxi-


madamente 2,4 cm.

n 4. O texto deve ser precedido e seguido de ilus-


trações em páginas separadas.
Infelizmente, no momento, poucos livros impressos
preenchem todos estes requisitos. Exemplos de livros
criados pela Better Baby Press com estas condições em
mente são:

n 1. Enough, Inigo, Enough

n 2. Inigo McKenzie, The Contrary Man


Como Ensinar Seu Bebê a Ler 159

n 3. You Can’t Stay a Baby Forever

n 4. Nose is Not Toes


Entretanto, um ou dois livros não serão suficientes
para j manter saciada a alegria e a fome de saber do
seu filho e você precisará de muitos deles. Portanto, a
mais simples maneira de manter o seu filho satisfeito
a esta altura é comprar livros impressos, bonitos e
bem escritos, e refazê-lo com as letras do tamanho que
a criança precisa. Aí a mãe pode cortar as gravuras e
montá-las no livro feito por ela.
Às vezes será preciso simplificar o texto para
acompanhar a capacidade de leitura de seu filho. Ou
você poderá encontrar livros com belas ilustrações e
um texto tolo e repetitivo que iria cansar a sua criança.
Neste caso, escreva outro texto com um vocabulário
mais sofisticado e frases estruturadas de maneira mais
madura.
O conteúdo do livro é vital. Seu filho vai querer ler
pelo mesmo motivo que os adultos procuram um livro.
Ele quer ser entretido e receber novas informações —
de preferência, os dois. Ele vai gostar de livros bem
escritos como os de aventura, contos de fada e
mistérios. Há um mundo maravilhoso de ficção já
escrito ou esperando a sua vez. A criança também vai
gostar de não ficção. Livros que contam a história de
pessoas famosas ou animais são muito populares
entre as crianças pequeninas.
Talvez a regra mais fácil a ser seguida seja: você
acha o livro interessante? Caso contrário, seu filho de
três anos também não vai sentir muito interesse por
ele.
160 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

É muito melhor que você lhe dê materiais mais


difíceis, obrigando-os a um maior esforço, do que dar-
lhe livros muito bobinhos e enfadonhos.
Lembre-se das seguintes regras.

REGRAS
n 1. Crie ou escolha livros que interessarão à sua
criança.

n 2. Apresente o novo vocabulário como palavras


isoladas, antes de começar o livro.

n 3. Faça o texto grande e claro.

n 4. Assegure-se de que seu filho precise virar a


página para ver a ilustração seguinte ao texto.

Uma vez que você tenha completado as etapas


acima, estará pronto para começar o livro com sua
criança.
Sente-se e leia o livro para ela. Talvez ela queira ler
algumas palavras ao invés de você. Se fizer isto
espontaneamente, muito bem. Isto vai depender muito
da sua idade e personalidade. Quanto mais nova a
criança menos ela desejará ler em voz alta. Neste caso,
você lê e ela segue junto.
Leia de maneira natural, com entusiasmo e voz
expressiva. Não há necessidade de apontar cada
palavra, à medida que você lê. Sua criança, no entanto,
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 161

poderá querer fazer isto. Se desejar, muito bem, desde


que não diminua o seu ritmo.
Leia o livro duas ou três vezes ao dia, por alguns
dias. Cada livro terá a sua própria vida útil. Alguns
estarão prontos para a prateleira em poucos dias
enquanto outros serão exigidos por muitas semanas.
Seu filho agora começará a sua própria biblioteca.
Uma vez que você tenha aposentado um livro, ele vai
para a estante. A criança poderá lê-lo depois, sozinha,
quantas vezes desejar.
À medida que esta maravilhosa biblioteca sob
medida vai aumentando, crescem igualmente o prazer
e o orgulho de seu filho. A esta altura, ele vai começar
a levar o seu livro predileto para todos os lugares
aonde for.
Enquanto outros meninos ficam aborrecidos no
carro, esperando na fila do supermercado ou sentados
num restaurante, este pequeno tem os seus livros, os
velhos amigos que ele adora e relê muitas vezes, e
também os novos que ele espera ansiosamente toda
semana.
A esta altura é impossível dar-lhe livros demais. Ele
os devorará. Quanto mais tem, tanto mais quer. Num
mundo onde trinta por cento das pessoas de dezoito
anos, no sistema escolar americano, se forma sem
poder ler os seus próprios diplomas, ou rótulos em
jarras de produtos, o problema de manter a criança
abastecida de livros é o certo.
162 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

RESUMO

Existem três níveis de compreensão no processo de


aprendizagem da leitura. À proporção que a criança
vai conquistando cada um deles, vai demonstrar
alegria a cada nova descoberta. A alegria que Colombo
sentiu, ao descobrir o Novo Mundo, não pode ter sido
maior do que a experimentada por elas em cada um
desses níveis.
Naturalmente, o primeiro prazer é a satisfação de
descobrir que as palavras têm um significado. Isto é
como decifrar um código secreto que compartilha com
os adultos. Ela vai simplesmente adorar.
O próximo ponto é que as palavras que lê podem ser
usadas em conjunto e assim ser mais do que meros
rótulos para os objetos. Esta é uma revelação nova e
fascinante.
A última descoberta que ela faz, pode ser a que os
pais irão notar com mais frequência. A maior delas é
que o livro representa mais do que a simples alegria de
decifrar os nomes secretos dos objetos. Muito além,
transforma uma infinidade de palavras em
comentários sobre coisas e pessoas. De repente, e com
grande alegria, o grande segredo explode sobre a
criança e o livro está de fato falando com ela, e com
mais ninguém. Quando a criança se dá conta disto (e
isto não acontece necessariamente até que tenha lido
muitos livros), nada será capaz de detê-la. Ela agora
vai ser uma leitora em todo o sentido da palavra. Será
capaz de entender que as palavras que conhece podem
ser rearrumadas para expressar ideias inteiramente
Como Ensinar Seu Bebê a Ler 163

diferentes. Ela não precisa mais aprender uma nova


categoria de palavras cada vez que ler alguma coisa.
Que grande descoberta! Poucas coisas na vida
poderão comparar-se a isto. Agora ela pode conversar
com um adulto sobre um novo assunto de cada vez
simplesmente ao pegar um livro.
Todo o conhecimento humano está à sua
disposição. Não só o conhecimento dos que a cercam,
na sua comunidade, como o de outros que elas jamais
conhecerão. Mais do que isto, as crianças poderão
aproximar-se de pessoas que viveram há muitos anos
atrás, em outras eras.
Começou o poder de controlar o seu futuro, como
veremos, através da sua capacidade de ler e escrever.
Porque o homem tem sido capaz de escrever e ler, lhe
foi possível passar para outros, séculos depois e em
lugares remotos, o conhecimento adquirido. O
conhecimento humano é cumulativo.
O homem é homem essencialmente porque pode ler
e escrever.
Isto é verdadeiramente importante para seu filho
quando aprender a ler. A criança poderá, a seu próprio
modo, contar-lhe sobre a sua grande descoberta, a não
ser que você mãe, não consiga ver. Se ela o fizer,
escute com atenção, respeito e amor. O que ela tem a
dizer é muito importante.
a idade perfeita
para começar

Ele não pode aprender mais cedo do que isto.

[WILLIAM RICKER, 1890]

Agora vocês entendem as etapas básicas para se


chegar à leitura. Elas se aplicam quaisquer que sejam
as idades de seus filhos. Entretanto, vocês estão
trabalhando com suas próprias crianças e as etapas
serão determinadas pela idade delas, ao começar o
programa.
A trajetória que acabamos de percorrer deve ser
seguida, pois funciona. Dezenas de milhares de pais
usaram este preciso método, para ensinar com sucesso
a seus filhos, do nascimento aos seis anos. Entretanto,
é preciso lembrar que o recém-nascido é bem diferente
do menino de dois anos. Um bebê de três meses não é
o mesmo que uma criança de três anos. Agora somos
capazes de aprimorar o programa, criando um para
cada grupo etário, do nascimento aos seis anos.
As etapas da trajetória são sempre iguais.
A sequência é a mesma para todas as idades.
Neste capítulo nós vamos dar em linhas gerais os
refinamentos e as nuances que irão aprimorar o seu
programa de leitura e permitir que você tenha sucesso
166 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

mais facilmente, qualquer que seja a idade do seu bebê


ao iniciá-lo.
Neste ponto pode haver uma grande tentação de ler
e estudar somente a parte que diz respeito ao seu
filho. Entretanto, é importante entender todos os
pontos descritos em cada item para que você seja
capaz de compreender, à medida que seu filho cresce e
se desenvolve, como mudar e redesenhar o seu
programa.
Sua criança vai estar em constante
desenvolvimento e o seu programa deve ser dinâmico
para acompanhar o seu ritmo.

O RECÉM-NASCIDO

É importante saber, se você for começar logo ao


nascimento, que no início o seu programa não será de
leitura propriamente dito — será um programa para
estimular a visão.
No contexto da nossa trajetória de leitura o recém-
nascido precisa desta etapa antes mesmo da primeira.
Nós a chamaremos de etapa zero ou programa de
estimulação visual. Ela precede à primeira, ou o
programa de leitura em si e o bebê precisa dela para
poder chegar a ler.
Ao nascer, o bebê só é capaz de enxergar claro e
escuro. Ele não distingue detalhes. Nas primeiras
horas e dias de vida, por breves períodos, ele começa
a ver, de maneira rudimentar, alguns contornos. À
medida que vamos estimulando a sua visão, nesta
A idade perfeita para começar 167

fase, ele começa a enxergar uns poucos detalhes por


breves períodos, ainda que mal. Quando digo breves
períodos estou falando de alguns segundos. Neste
ponto, enxergar contornos e detalhes é um esforço
monumental. A criança, no entanto, está disposta a
fazê-lo porque sua necessidade de ver é muito forte.
Recém-nascidos começam a ver a forma escura da
cabeça de sua mãe diante da luz de uma janela
ensolarada. Quanto mais oportunidade tem o bebê de
experimentar este contraste entre uma estável silhueta
e um fundo iluminado, melhor será a sua visão.
Uma vez que já é capaz de distinguir contornos ele
começará a buscar os detalhes dentro dessa
configuração. Os olhos, o nariz ou a boca de sua mãe,
são coisas que ele enxerga de início.
Não é nossa intenção, neste livro, descrever
minuciosamente o crescimento e desenvolvimento da
visão no recém-nascido. Entretanto, mostrar palavras
de leitura a um bebê, irá ter um papel preponderante
na estimulação e desenvolvimento da sua capacidade
de ver detalhes.
Esta capacidade é o resultado de estimulação e
oportunidade. Não é causada por um despertador
hereditário ajustado para soar exatamente nesta hora
e fazer com que as coisas aconteçam, como
antigamente se acreditava.
O recém-nascido a quem é dada a oportunidade de
ver silhuetas e minúcias, desenvolverá estas
habilidades mais depressa, podendo assim enxergar
sem esforço, deixando de ser funcionalmente cego
como era ao nascimento.
168 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Este programa de estimulação visual é extremamente


fácil e, quando se pensa a respeito dele, é totalmente
lógico. Afinal você vem falando com seu bebê desde
o nascimento. Ou melhor, vem falando com ele
durante os nove meses que precederam o parto, não?
Ninguém questionaria a validade de falar com o
bebê recém-nascido. Todos nós concordamos que
ouvir a sua língua é um direito de todos eles. E, no
entanto, a linguagem falada é uma imensa abstração.
Poderíamos dizer que não é mais nem menos abstrata
do que a escrita, mas a verdade é que o idioma falado
é muito mais difícil de ser entendido pelo bebê, do que
o escrito. A premissa básica de qualquer técnica de
ensino é a consistência. No entanto, quando estamos
usando a fala, é difícil ser consistente. Nós dizemos
para o bebê: “Como vai você?” Mais tarde: ‘‘Como vai
você?” E antes do fim do dia “Como vai você?”
Nós dissemos a mesma coisa três vezes. Será que
foi a mesma coisa?
Para a imatura trajetória auditiva do recém-nascido
foram três coisas diversas, cada uma com uma ênfase
diferente. Ele está procurando as diferenças e
semelhanças entre estas três perguntas.
Agora consideremos as vantagens da trajetória
visual. Nós pegamos um cartão branco com letras
grandes, grossas e vermelhas onde se lê “Mamãe”.
Nós o colocamos frente ao bebê e dizemos “Mamãe”.
Mostramos este cartão várias vezes ao dia. Cada vez
que o bebê vê o cartão, pensa ser o mesmo visto
anteriormente. De fato, parece o mesmo porque é o
mesmo. O resultado disto é que ele aprende muito
A idade perfeita para começar 169

mais fácil e rapidamente através da visão do que


aprenderia através da audição.
Comece com palavras simples. Escolha sete
palavras que são as mais usadas e mais necessárias ao
bebê. Seu próprio nome, as palavras Mamãe e Papai e
as partes do seu corpo. Este é um bom começo.
Se você está iniciando o programa com um recém-
nascido, seu primeiro grupo de palavras precisa ser
muito grande. Use um cartão que meça 15 x 60 cm. As
letras devem ter 13 cm de altura e 2 cm de espessura.
Você precisa de letras grossas para atingir a
intensidade apropriada para uma criança novinha.
Lembre-se de que isto é ainda, acima de tudo,
estimulação visual.
Se você está começando ao nascimento, ou logo
após, deve iniciar com uma só palavra. Normalmente
o nome de sua criança é um ótimo começo. Enquanto
você aconchega o bebê nos seus braços, mostre-lhe o
cartão a mais ou menos 45 cm de seu rosto e diga seu
nome. Agora, segure o cartão e espere. Ele fará o
possível para localizá-lo. Quando conseguir, diga a
palavra novamente de maneira alta e precisa. Ele
tentará focalizar sua visão por um ou dois segundos
— agora, guarde o cartão.
Porque um bebê ainda não vê silhuetas ou detalhes
existe a enorme tentação de mover o cartão diante dos
seus olhos, para atrair sua atenção.
Lembre-se, porém, de que esta última já é
excelente. A visão é que é pobre. Se nós
movimentarmos o cartão, rente a seu rosto, ele estará
tentando focalizar um objeto móvel. Isto é
170 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

infinitamente mais difícil do que um alvo fixo.


Portanto, você deve segurar o cartão, sem movê-lo, e
dar ao bebê o tempo necessário para focalizá-lo. De
início, deverá levar de dez a vinte segundos, ou mais,
mas a cada dia ele precisará de menos tempo para
achar o cartão e focalizar sua visão ainda que por
breves períodos. A capacidade de focalizar o cartão
será o resultado de quantas vezes você tiver mostrado
a palavra ao bebê. Cada oportunidade será um pouco
mais fácil do que a anterior.
É também extremamente importante fornecer
iluminação adequada. A luz deve ser dirigida para o
cartão e nunca para os olhos do bebê. Também deve
ser melhor do que aquela que eu e você precisamos.
Você está ampliando e acelerando o incrível
processo da visão humana desde a primitiva
capacidade de enxergar a luz até a sofisticada
habilidade de reconhecer o sorriso da mamãe, do outro
lado da sala.
No primeiro dia, apresente uma palavra. Mostre
esta palavra dez vezes por dia. Se puder mostrar mais
vezes, melhor ainda. Muitas mães guardam as
palavras de leitura perto do trocador de fraldas. Cada
vez que vão trocar o bebê pegam a palavra e mostram-
na uma vez. Isto funciona muito bem.
No segundo dia escolha outra palavra e apresente-
a dez vezes. A cada dia, nos próximos sete dias,
escolha uma palavra diferente e mostre-a dez vezes ao
dia. Repita este procedimento por três semanas. Isto
significa, por exemplo, que cada segunda-feira o bebê
verá a palavra Mamãe dez vezes.
A idade perfeita para começar 171

Agora, se você começou ao nascimento, o bebê de


três semanas será definitivamente capaz de focalizar
suas palavras mais depressa. De fato, quando você
pega uma palavra para mostrar, ele imediatamente
demonstra alegria e entusiasmo mexendo seu corpo e
balançando as perninhas.
Quando isto acontecer, deve ser um momento
bastante emocionante, porque agora você já sabe que
ele não somente está vendo e compreendendo o que
vê, mas está gostando da experiência. Isto é o mais
importante. A cada dia este programa de estimulação
visual vai se tomando cada vez mais fácil para o bebê
na proporção em que sua capacidade de focalizar e ver
detalhes vai se desenvolvendo.
Nos primeiros estágios do desenvolvimento da
visão você verá que esta capacidade não vai ser
constante e vai variar muito no decorrer do dia.
Quando ele estiver alimentado e descansado, será
capaz de usar suas habilidades visuais, mas ficará
logo cansado. Quando estiver com sono vai desligar a
visão e ver muito pouco. Se estiver com fome usará
toda a sua energia para convencer a mãe a alimentá-lo.
Portanto, você deve escolher a hora apropriada para
mostrar-lhe a palavra. Você vai aprender muito
depressa a prever os melhores momentos e evitar as
horas de sono ou fome. Às vezes, ele pode ficar
indisposto por um ou dois dias. Isto vai tomá-lo
emburrado e sem vontade na maior parte do tempo.
Não lhe mostre as palavras nestes dias — espere até
que ele fique bem-humorado de novo.
Aí, comece exatamente por onde havia parado. Não
há necessidade de voltar atrás e ensinar tudo de novo.
172 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Depois que as primeiras sete palavras tenham sido


repetidas, por três semanas, escolha algumas novas e
vá ensinando-as, pelo mesmo método, até que seu
filhinho possa ver detalhes com consistência e
facilidade. No bebê típico, que não recebeu
estimulação organizada, isto só irá acontecer em tomo
de doze semanas ou mais. Na criança com um
programa de estimulação organizado, isto poderá
ocorrer entre oito e dez semanas.
As mães são capazes de diagnosticar com
excelência quando o seu recém-nascido é capaz de
enxergar facilmente. A esta altura o bebê reconhece a
mamãe e reage de imediato ao seu sorriso sem precisar
de outras dicas auditivas ou táteis. Aqui, ele está
usando a visão durante a maior parte do tempo. É
somente durante os raros momentos de extremo
cansaço ou doença que ele a desliga por completo.
Você acaba de completar inteiramente a etapa zero
com o seu recém-nascido e ele já está pronto para
passar para a seguinte, ou seja, a primeira. Isto porque
você possibilitou seu filho a desenvolver sua visão. Ele
está pronto para começar a trajetória da leitura e
seguir o programa traçado aqui (no sétimo capítulo).
Uma vez que o bebê tenha visto palavras simples por
um ou dois meses, você poderá começar diretamente
com três grupos de cinco palavras, três vezes ao dia.
A este ponto seu programa irá passar de lenta e
deliberada estimulação visual para um programa de
leitura de ritmo muito rápido. Agora seu filho irá
assimilar palavras de leitura a uma velocidade incrível
e estará também recebendo a informação através do
ouvido de maneira igualmente surpreendente.
A idade perfeita para começar 173

COMEÇANDO COM UM BEBÊ (DE TRÊS A SEIS MESES)

Se você estiver começando com um bebê de três a


seis meses, ele estará recebendo a primeira fase do
programa de leitura. Esta etapa será a parte mais
importante do seu programa.
As duas coisas mais importantes a serem
lembradas são:

n 1. Mostre as palavras bem depressa.

n 2. Acrescente palavras novas com frequência.


A coisa mais maravilhosa acerca de um bebê
novinho é que ele é puramente intelectual. Ele aprende
qualquer coisa com total imparcialidade e sem nenhum
preconceito. Ele aprende por aprender, sem exigir nada
em troca. É claro que sua sobrevivência vai depender
desta característica. Esta é uma qualidade admirável e
não perde a sua importância pelo fato de estar
intimamente ligada à sua sobrevivência.
Ele é o tipo de intelectual que todos querem ser, mas
poucos conseguem. Ele adora tudo o que há para ser
aprendido. Será a sua glória e a nossa se formos
afortunados o suficiente para termos a chance de
ensiná-lo.
Entre três e seis meses de idade um bebê é capaz de
assimilar a linguagem com um ritmo surpreendente.
Ele também está vendo detalhes com consistência. Em
resumo, ele é capaz de captar o idioma falado sem a
menor dificuldade, desde que a informação seja dada
em voz alta e precisa. Ele pode absorver a linguagem
escrita se fizermos as letras grandes e grossas. O
174 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

nosso objetivo é manter as palavras de leitura de


maneira a que a criança possa vê-las com facilidade.
Neste estágio o bebê já usa sons para comunicar-se
conosco. Entretanto, vão ser precisos alguns meses até
que possamos compreender todos esses sons como
palavras, frases ou parágrafos que são. Nos termos
dos adultos, ele ainda não pode falar.
Já possui excelentes órgãos de sentidos para receber
informações sensoriais, mas ainda não desenvolveu a
parte motora de modo suficiente a devolver os
estímulos recebidos, de uma maneira que possamos
entender.
Sendo assim, alguém com certeza vai perguntar
como é que se pode ensinar o bebê a ler quando ele
ainda não fala. A leitura é feita através da visão e não
da fala. A leitura é o processo de assimilação da
linguagem na sua forma escrita. A fala é o meio de
expressar o idioma de forma oral.
A leitura e a audição são habilidades sensoriais.
Falar é uma capacidade motora tanto quanto escrever.
Falar e escrever exige capacidades motoras que o bebê
não possui ainda.
O fato da sua criança ser muito nova para falar as
palavras aprendidas não nega o fato de que você está
aumentando e enriquecendo a sua linguagem ao
ensiná-lo a ler.
Em verdade, o investimento de ensinar o bebê a ler
vai acelerar sua fala e aumentar o seu vocabulário.
Lembre-se que linguagem é linguagem, tanto
transmitida ao cérebro através dos olhos ou dos
ouvidos.
A idade perfeita para começar 175

Nos Institutos Para o Desenvolvimento do


Potencial Humano nós usamos a leitura como um
instrumento importante para ensinar crianças de
cérebro lesado a falar.
Ler em voz alta é impossível para um bebê de
quatro meses. Isto funciona a seu favor uma vez que
ninguém vai obrigá-lo a tal coisa. Ele pode ler, como
eu e você lemos — em silêncio, rápida e efetivamente.
Nesta idade as crianças são devoradoras de
informações. Elas provavelmente vão exigir mais do
que somos capazes de dar-lhes. Quando tiver
começado seu programa de leitura, irá constatar que
ao fim da sessão o bebê pedirá mais. Resista à
tentação de repetir as palavras ou ver outra categoria
de imediato. Ele é capaz de ver cinco ou seis grupos de
palavras e ainda pedir mais.
Você pode realmente mostrar várias categorias, uma
após a outra, por algum tempo para um bebê de três
ou quatro meses, mas esteja preparada para uma
mudança em futuro próximo, porque irá acontecer.
Lembre-se que ele é um gênio linguístico — esteja
preparada para dar-lhe grande quantidade de palavras
simples novas.
176 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

COMEÇANDO COM UM BEBÊ (DE SETE A DOZE MESES)

Se você estiver começando com um bebê de sete a


doze meses, as duas coisas mais importantes são:

n 1. Mantenha as sessões muito curtas.

n 2. Tenha sessões frequentes.


Como nós já dissemos, um bebê de quatro meses
pode querer ver todos os grupos de palavras um após
o outro. Entretanto, isto seria um desastre para os de
sete ou oito meses.
Use somente uma categoria de cinco palavras por
sessão e ao terminar guarde-as.
A razão para isto é muito simples. A mobilidade do
bebê está melhorando a cada dia. Aos três meses ele é
relativamente sedentário. Ele é um observador. Vai
olhar para as suas palavras por longos períodos. Os
adultos adoram isso e adquirem o hábito de mostrar-
lhe todas as palavras de uma só vez. Acostumamos-
nos a isto porque é fácil para nós. Só que o bebê está
mudando a cada dia. Ele está se tomando cada vez
mais móvel. Assim que estiver engatinhando pela
casa, todo um novo mundo de possibilidades abrir-se-
á para ele. Agora ele tem a sua carteira de motorista e
está morrendo de vontade de explorar tudo.
Repentinamente aquele pequeno tomou-se muito
ativo. Não tem mais tempo para sua leitura. Nós
ficamos frustrados. Onde é que erramos? Ele não deve
gostar mais de ler. Perplexos, nós desistimos.
E o bebê fica mais confuso ainda. Ele estava
adorando ler quando suas palavras desapareceram.
A idade perfeita para começar 177

Não que ele tivesse deixado de gostar de ler. Era que


agora ele estava mais ocupado. Tinha toda uma casa
para explorar. Todos aqueles armários da cozinha para
serem abertos e fechados, todas as tomadas para
serem examinadas, cada pelinho do tapete para ser
puxado e comido antes do pôr do sol. Você tem que
admitir que existem muitas coisas para um bebê de
sete meses procurar e destruir. Ele ainda quer explorar
a leitura, só que não tem mais tempo para cinquenta
palavras de uma só vez. Cinco por sessão é muito,
muito melhor.
Se mantivermos as sessões curtas, ele continuará a
devorar palavras a um quilômetro e meio por minuto.
É somente quando o atrasamos para a sua próxima
obrigação premente, demorando-nos mais do que
cinco segundos, que ele se vê forçado a abandonar o
navio deixando-nos sentados sozinhos, no meio do
chão da sala.
Nós adultos adoramos achar um esquema diário
que nos seja conveniente. Quando o encontramos
aderimos a ele seja qual for a situação. As crianças são
dinâmicas, estão sempre em mutação. Assim que nós
estabelecemos uma rotina, o bebê muda de nível e nós
temos que acompanhá-lo.
Sabendo disto, mantenha as sessões muito breves;
porque à medida que a mobilidade de seu filho for
aumentando você já estará habituada a sessões curtas,
como parte natural do seu horário bastante ocupado.
178 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

COMEÇANDO COM UM BEBÊ (DE DOZE A DEZOITO MESES)

Se você está começando a ensinar leitura a uma


criança nesta idade as duas coisas mais importantes a
serem lembradas são:

n 1. Mantenha as sessões bem curtas.

n 2. Pare antes que seu filho queira parar.


Em termos da trajetória de leitura, você aqui estará
dando ênfase a primeira e segunda etapas (Sétimo
Capítulo). À medida que você permite a criança
aprimorar este estágio de desenvolvimento da sua
capacidade de ler, o requinte máximo será manter as
sessões muito, muito curtas.
E a razão pela qual isto é muito importante é que
agora o desenvolvimento de sua mobilidade
desempenha um papel de extrema relevância.
Aos doze meses, a criança está andando ou
começando o processo de se movimentar em volta das
pessoas enquanto ainda segurando-se na mobília e
dando aos pouquinhos os primeiros passos, que irão
tomá-lo capaz de andar independentemente. Quando
completa dezoito meses, está não só andando com
firmeza, mas sendo capaz de correr. Isto é muito para
ser conseguido em seis curtos meses. Para conseguir
fazer estas coisas extraordinárias ele despende muito
tempo e energia.
Em nenhum outro período de sua vida o movimento
físico terá um papel de tanta importância quanto neste
momento. Pode ter a certeza de que se você tentasse
seguir o seu filho e fazer exatamente todas as coisas
A idade perfeita para começar 179

que ele fisicamente faz durante o dia, no fim de uma


hora você estaria absolutamente exausta. Isto já foi
tentado.
Nenhum adulto é capaz de fisicamente aguentar os
rigores experimentados por um bebê de doze a dezoito
meses, no decorrer de um dia normal.
Estas atividades físicas são de grande importância
para criancinhas. Durante este período de crescimento
e desenvolvimento temos que ser sensatos e adaptar o
programa de leitura às suas intensas atividades
físicas. Até este momento, na sua vida, cinco palavras
por sessão podem ter sido perfeitas. Entretanto, neste
estágio, talvez seja necessário diminuir para três, duas
ou até uma palavra por sessão.
Não há melhor preceito de ensino, que possa levá-lo
mais adiante, do que pare antes que seu filho queira parar.
Sempre pare antes que ele queira parar.
Sempre pare antes que ele queira parar.
Sempre pare antes que ele queira parar.
Este princípio é verdadeiro para o ensino de
qualquer assunto a todos os seres humanos, qualquer
que seja sua idade ou o seu estágio de
desenvolvimento.
É especialmente verdadeiro em se tratando de bebês
de doze a dezoito meses de idade.
Eles precisam de um esquema de alta frequência e
curta duração. Muitas sessões curtas serão
apropriadas. De fato, elas são quase que períodos de
repouso para o seu agitado esquema.
180 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Ele vai gostar de toda a trajetória de leitura da


primeira etapa de palavras simples até a quinta,
composta de livros. Ele vai se especializar na primeira
e segunda etapas porque é uma pessoa de ação que
não pode ficar parada por muito tempo. Sessões
breves e curtas serão o melhor para ele.

COMEÇANDO COM UMA CRIANÇA BEM PEQUENA

(DE DEZOITO A TRINTA MESES)

Começar qualquer coisa nova ou diferente nesta


idade é um desafio. É claro que elas são altamente
capazes e passarão da primeira para a quinta etapa
rapidamente desde que você tenha iniciado um
programa consistente. Há três pontos importantes a
serem lembrados quando estiver ensinando este
rapazinho:

n 1. Escolham as palavras que ele mais goste.

n 2. Comecem o seu programa de leitura gradual-


mente.

n 3. Passem de palavras simples e pares de


palavras para frases, o mais rapidamente possível.
A cada dia que passa ele se desenvolve e assume a
sua própria opinião. Começa com seus gostos e
aversões. A criança de um ano e meio não é mais o
puro intelectual que era aos três meses.
Se formos apresentar a linguagem de maneira
visual, nesta idade, devemos ter em mente que ele já é
A idade perfeita para começar 181

especialista no idioma falado. Embora ele já estivesse


falando há mais tempo, foi somente agora que os
adultos ao seu redor começaram a entender os seus
sons como palavras. E não é sem razão que, ao
perceber que está finalmente sendo entendido, ele
tenha muitas coisas e exigências a fazer.
É importante ter em mente que se uma ideia é dele,
é excelente. Se partiu de outras pessoas, pode não ter
a sua aprovação.
Ninguém é tanto o centro de atenções, com tanta
confiança, quanto esse jovenzinho. Esta é a sua glória,
e o seu programa precisa ser desenhado levando isto
em conta.
Olhe em volta no seu meio-ambiente. Veja as coisas
que ele adora. Estas são as que vai querer encontrar
nas suas palavras de leitura. Ele está muito além do
simples interesse nos seus dedinhos ou dedões. Ele
vai querer que seu vocabulário reflita uma escala
maior de seus pertences — suas comidas, ações e até
emoções. Você pode ensinar-lhe adjetivos e advérbios.
Portanto, a primeira coisa é selecionar as palavras com
cuidado. Descubra as que ele gosta. Jogue fora as que
lhe desagradam.
A segunda coisa importante é que você não pode ir
de zero até um programa de leitura completo, em um
só dia, com esse rapazinho.
Ao invés de começar no primeiro dia com três
categorias de cinco palavras como ensina o sétimo
capitulo, comece com um grupo de cinco somente. Isto
deverá despertar o seu interesse sem passar das
medidas. Você precisa sutilmente convencê-lo.
182 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Ele vai adorar suas palavras desde que decida que


são suas e foram ideia dele. Só que, de início, quem
escolhe é a mãe e ele ainda não as conhece.
Mostre-lhe aquele grupo de cinco bem depressa e
guarde-as em seguida. Volte mais tarde, em outra boa
hora. Daí a alguns dias acrescente outro grupo de
cinco palavras evoluindo junto com seu interesse e
assim continue a apresentar novas categorias de cinco
nos dias subsequentes.
É melhor deixá-lo um pouco desejoso, permitindo
que faça pressão sobre você para obter mais. Adiante,
você pode perguntar que palavras ele deseja ler,
acrescentando-as de imediato ao seu programa.
Assim que você tiver retirado palavras simples e em
pares, em número suficiente para poder fazer frases
engraçadas, faça-o. Ele adorará as sentenças, portanto
não espere até ter feito milhares de palavras para
começar as frases. Ele não é mais um bebê. Por este
motivo vai gostar mais de frases do que de palavras
simples e você deve aproveitar a chance.
Ele vai adorar concentrar-se na terceira etapa da
trajetória de leitura e mais além, desde que tenhamos
escolhido cada palavra simples usada na primeira fase
e cada par utilizado na segunda de acordo com suas
especificações e também que a primeira etapa tenha
surgido por evolução e não revolução.
Agora uma palavrinha sobre o fato do seu filho, de
dezoito a trinta meses, dizer as palavras em voz alta.
A criança de dois anos, como todos sabem, faz exata e
precisamente aquilo de que mais gosta. Se ele quiser
gritar as suas palavras, pode fazê-lo. Se ele não quiser
A idade perfeita para começar 183

dizê-las em voz alta, não precisa. O que estou dizendo


é que você deve ensinar seu filho, qualquer que seja a
sua idade, reconhecendo o direito dele demonstrar ou
não este conhecimento, da maneira que achar
conveniente.

COMEÇANDO COM UM JOVENZINHO (DE TRINTA A

QUARENTA E OITO MESES)

Um jovenzinho desta idade ou mais, quer chegar ao


final da trajetória de leitura (a quinta etapa)
imediatamente.
Entretanto ele precisa seguir as etapas
ordenadamente, desde a primeira, para poder chegar à
sua favorita — a quinta. Ele vai querer livros e
quantos mais melhor, mas também vai precisar de
mais tempo para aprender as palavras simples do que
um bebê.
As três coisas mais importantes são:

n 1. Ele não vai precisar de sofisticadas palavras


de leitura.

n 2. Ele não vai aprender palavras simples tão


rapidamente quanto um bebê.

n 3. Ele vai querer livros, livros e mais livros.


Aos trinta meses de idade sua criança não é mais
um bebê e sim um menino ou uma menina
crescidinhos.
184 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Seu filho neste estágio, não vai mais querer ser o


centro das atenções como há um ano atrás. No
entanto, sua personalidade agora está muito mais
estabelecida, assim como as suas preferências e
aversões.
Ele deve ajudá-la a desenhar o seu programa. Se
você fizer isto, o seu programa de leitura deverá ir
muito bem desde o início. Ao invés de usar partes do
corpo, comece com sua área de maior interesse e
entusiasmo. Se sua criança gosta de carros, comece a
ensinar-lhe palavras relacionadas a eles. Pode não
parecer, a você ou a mim, ser esta a melhor maneira de
começar, mas é importante usar a linguagem das
coisas que mais interessam, a seu filho. Ele tem todo
o tempo do mundo para aprender sobre coisas
mundanas como gato e rato. Seu filho quer palavras
com substância. Não o aborreça com partes do corpo a
não ser que sejam crânio, clavícula, úmero e etc. Estas
palavras o deixarão intrigado, expandindo o seu
conhecimento da língua.
Lembre-se que ele não é mais um bebê e por isso
não aprenderá tão depressa as palavras simples. Você
precisará voltar às palavras aposentadas, e usá-las
repetidamente nos; seus livros, para fazer dele um
leitor confiante.
Isto não quer dizer que você deva ir a passos de
tartaruga. Ele ainda vai aprender muito depressa. Só
não vai ser com a mesma velocidade que a de um
bebê.
Você vai precisar chegar aos pares de palavras,
frases e livros, mais rápido do que com crianças
menores. Estas últimas são capazes de assimilar um
A idade perfeita para começar 185

maior número de novos fatos e reter informações com


facilidade e sem tanta necessidade de reforço. Palavras
combinadas, frases e livros são a maneira ideal de
revisar o vocabulário dado, de uma forma divertida e
útil, para as crianças entre trinta e quarenta e oito
meses.
Mesmo depois de uma só sessão, a criança desta
idade pode pensar que sabe a palavra porque vai se
dar conta que já a viu antes. Entretanto, vai precisar
de mais contato com a mesma antes de poder
considerá-la como sua.
Você pode voltar e mostrar palavras já vistas, desde
que simultaneamente continue a acrescentar as novas.
Se ele souber que todo dia aparecem palavras novas,
não vai se importar de ver as mesmas de ontem ou
anteontem.
De novo, a chave de tudo é chegar às palavras
combinadas, frases e livros bem depressa. Isto fará
toda a diferença do mundo para ele. Se você insistir
em demorar muito tempo mostrando-lhe palavras
simples o tempo todo, perderá sua atenção. Ele precisa
usar suas palavras simples o mais cedo possível.
Ele adora a quinta fase, mas precisa de grande
quantidade de terceira e quarta etapas a fim de ter
certeza de que a primeira e a segunda tiveram todo o
reforço necessário.
186 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

COMEÇANDO COM UMA CRIANÇA (DE QUARENTA E

OITO A SETENTA E DOIS MESES)

Tudo o que foi dito de importante sobre a criança da


fase anterior é ainda muito mais verdadeiro em
relação àquelas entre quarenta e oito e setenta e dois
meses.
Vamos resumir estes pontos:

n 1. Ele não vai absorver fatos novos (palavras


simples) com a mesma rapidez de um bebê.

n 2. le não vai reter estes fatos novos tão facil-


mente quanto o bebê.

n 3. Ele terá de maneira muito forte desenvolvi-


das suas simpatias e antipatias.

n 4. Ele precisará de palavras combinadas, frases


e livros bem depressa para reforçar as palavras sim-
ples que foram aposentadas.

n 5. Ele deve criar o seu programa de leitura es-


colhendo o vocabulário que gosta e quer aprender.
Neste ponto as mães podem olhar para seus filhos e
dizer: “Bem, filho, acho que você já está ficando
velho”.
Não é verdade.
Sim, é verdade que comparado a um bebê de seis
meses o de dois anos já está meio velho, não é
surpreendente? Uma criança de quatro anos é um
absoluto “engolidor de fogo” comparado a uma de seis
A idade perfeita para começar 187

ou oito anos, portanto deixe de se preocupar e vá em


frente. Há inúmeros bons leitores que começaram aos
quatro anos.
Seu filho de quatro anos tem muita coisa boa a sua
espera, portanto, não perca tempo. Uma vez mais,
comece pelos seus pontos de interesse. Se ele adora
ferramentas, vá até o porão e pegue todas as que
encontrar. Comece por fazer palavras simples com os
nomes dos objetos que encontrar em sua casa.
Pegue um bom dicionário e procure sinônimos.
Então você pode pegar a palavra gordo e fazer uma
categoria só com os sinônimos de gordo: obeso, baleia,
hipopótamo, volumoso, graxo e etc. Isto irá render
muito com a sua criança.
Há mais de meio milhão de palavras no nosso
idioma e você não deve ter dificuldade em achar
centenas e mais centenas que serão fascinantes para
seu filho.
De novo, não perca seu sono com palavras do tipo
gato e rato. Comece com palavras sofisticadas e
mantenha-se assim. Quando a criança tiver começado
seu programa de leitura, ela pegará sozinha e com
facilidade as palavras simples do dia a dia. Será muito
fácil voltar e ensinar o vocabulário diário uma vez que
você já tenha colocado o pé na porta. A questão é que
você tem que partir do território dele e ter sua
concordância para brincar o jogo da leitura, e isto é
justo.
Depois que você tiver palavras suficientes para
fazer um livro, faça-o. Não espere para fazer um livro
depois que já tiver feito centenas de palavras simples.
188 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Depois de trinta ou quarenta, comece imediatamente a


fazer os livros usando as palavras que você tirou da
aposentadoria.
Seu filho quer livros, portanto dê-lhe muitos, feitos
com suas palavras simples. Você talvez precise fazer
dezenas e mais dezenas de livros com letras grandes.
Este será um pequeno investimento de tempo e
esforço, se considerarmos a sua satisfação ao devorar
os seus primeiros livros.
Nós conhecemos muitas crianças maravilhosas que
estavam lendo alegremente, nas bibliotecas locais, em
nível de sexta série quando tinham apenas seis anos.
Algumas não começaram a ler antes dos quatro anos,
quando já estavam “bem velhinhas”.
Neste estágio há uma grande tentação de pedir à
sua criança para ler em voz alta.
Ler alto é uma coisa que pedimos às crianças do
curso primário para ter certeza de que podem ler.
De fato, ler alto faz com que um bom leitor leia
devagar. Toda vez que a velocidade diminui o mesmo
acontece com a compreensão do que está sendo lido.
Quando a compreensão diminui, o prazer da leitura
também fica menor. Se pedirmos a um adulto normal
para ler em voz alta a primeira página do jornal,
quando terminar, ele imediatamente irá relê-la em voz
baixa para saber a que se referiam os artigos.
Ler em voz alta não é agradável para você ou para
mim. É uma ideia muito pobre para crianças no
primário, que estão lutando para aprender a ler aos
seis ou sete anos, quando é muito mais difícil para
elas conseguir isto do que para as pequenininhas.
A idade perfeita para começar 189

Mesmo para crianças mais velhas, pedir-lhes para


ler em voz alta faz diminuir bastante a velocidade da
sua leitura. Lembre-se que quando a velocidade
decresce, a compreensão diminui dramaticamente.
Portanto, qualquer coisa que comprometa a velocidade
põe em risco o entendimento. Com frequência,
crianças que aprendem a ler cedo, são leitores
dinâmicos.
Novamente o que estamos enfatizando aqui é uma
coisa bem simples: a leitura e feita com os olhos
através da visão e nunca com a boca através da fala.
Se seu filho quiser ler para você, muito bem Caso
contrário, deixe que leia em silêncio. Dessa forma será
capaz de ler mais rápido e melhor.
Acabamos de cobrir os elementos básicos de um
bom ensino, a trajetória a ser percorrida para ensinar
seu filho a ler e como começar com cada criança.

TESTANDO

Nós temos falado muito sobre ensinar e quase nada


acerca de testar.
Nosso conselho mais forte é não teste o seu filho.
Os bebês adoram aprender, mas detestam ser testados.
Nisto, eles se parecem muito com os adultos. Testar é
o oposto de aprender. É cheio de tensão.
Ensinar uma criança é dar-lhe um bom presente.
Testar-lhe significa pedir pagamento adiantado.
Quanto mais ele for testado, mais devagar e menos
irá aprender.
190 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Quanto menos você testá-lo, mais rápido e melhor


ele desejará aprender.
O conhecimento é o presente mais precioso que
você pode dar a seu filho. Dê-lhe isto com a mesma
generosidade com que lhe dá de comer.

O QUE É UM TESTE?

O que é um teste? Na sua essência é uma tentativa


de saber o que uma criança não sabe. É colocá-la na
berlinda ao pegar o cartão e perguntar-lhe “O que está
escrito aqui?” ou “Pode ler esta página alto para o
papai?” É essencialmente um desrespeito à criança
porque ela fica com a impressão de que pensamos que
não sabe ler até que possa prová-lo muitas e muitas
vezes.
A intenção do teste é negativa — é dirigida a expor
o que a criança não sabe.
Winston Churchil uma vez descreveu assim as suas
experiências na escola:
“Os exames me causavam muito sofrimento. Os
assuntos de que os professores gostavam eram
aqueles que eu menos apreciava... Gostaria que eles
tivessem me arguido para que eu pudesse responder o
que sabia. Eles sempre tentavam me perguntar o que
eu não sabia. Quando eu teria alegremente
demonstrado meu conhecimento, eles me fizeram
expor minha ignorância. Este tipo de tratamento só
teve um resultado: eu nunca me saí bem nos
exames...”
A idade perfeita para começar 191

Nunca teste o seu filho e não deixe ninguém fazê-lo.

OPORTUNIDADES PARA A RESOLUÇÃO DE

PROBLEMAS

Bem, o que pode uma mãe fazer? Ela não quer


testar seu filho, quer ensinar dando-lhe oportunidades
de experimentar a alegria de aprender e ser bem
sucedido.
Portanto, ao invés de testar sua criança ela lhe dá a
chance de resolver problemas.
O propósito da resolução de problemas é dar à
criança a oportunidade de demonstrar o que ela sabe,
se ela assim o desejar
É o extremo oposto ao teste. Um exemplo simples
de resolução de problemas seria mostrar-lhe dois dos
seus cartões favoritos. Vamos supor que você tivesse
escolhido “maçã” e “banana” e levantando-os
perguntasse: “Onde está banana?” Esta é uma boa
oportunidade para o bebê olhar ou tocar o cartão se
preferir. Se ele olhar para a palavra banana ou tocá-la,
você deve fazer o maior alvoroço. Se ele olhar para a
outra palavra você simplesmente diz: “Isto é maçã ” e
“isto é banana”. Você está alegre, entusiasmada e
calma. Se ele não responder à sua pergunta, segure a
palavra banana um pouco mais perto dele e diga: “Isto
é banana, não é?” Você ainda está alegre, calma e
entusiasmada. Fim da oportunidade. Respondendo de
qualquer maneira, ele será vencedor tanto quanto
você, porque as suas chances são muito boas se você
192 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

estiver calma, contente e entusiasmada. Ele vai ter


prazer de brincar de ler com você.
Com seu filho de dois anos você pode pegar os dois
cartões e fazer uma pergunta diferente: “O que você
comeu com o cereal hoje de manhã?”
A mesma oportunidade de resolver problemas para
uma criança de três anos seria: “O que é o que é, que
é amarela comprida e doce?”
Com os de quatro anos poderia perguntar: “Qual
destas cresce no Brasil?” E com as de cinco anos:
“Qual destas têm mais potássio?”
As mesmas duas palavrinhas simples e cinco
perguntas diferentes dirigidas para o conhecimento e
interesse da criança.
Uma pergunta feita apropriadamente cria uma
irresistível oportunidade de resolução de problemas.
É um mundo totalmente distante daquele tolo e
aborrecido que indaga: “O que está escrito aqui?”
Um bom exemplo seria cartões de leitura em forma
de bingo. A mãe escolhe um grupo de 15 a 30 palavras
aposentadas como: alimentos, animais ou opostos.
Então ela faz um grande cartão de bingo para cada
membro da família, só que ao invés de números ela
faz quadrados com grandes palavras de leitura
vermelhas. Um bingo para principiantes teria talvez
nove palavras num cartão. Cada cartão tem palavras
semelhantes, mas diferentes, e nenhum deve ser
idêntico ao outro. A mãe dá então nove fichas para
cada membro da família, e pede que marquem a
palavra que for “cantada”.
A idade perfeita para começar 193

A mãe começa a “cantar” as palavras, assegurando-


se de que cada criança tenha uma chance justa e
ajudando aquelas que tenham perdido uma ou outra.
Quem preencher primeiro seu cartão grita: “Bingo!”
Este jogo pode também ser feito com as figuras de
animais nos quadradinhos e a mãe mostrando cartões
com os nomes dos animais correspondentes. À medida
que a visão da criança vai progredindo, o mesmo
bingo pode ser feito com pares de palavras, e depois
frases ou sentenças. Existem muitos jogos que as
mães podem criar para dar à criança oportunidades de
usar o seu conhecimento de maneira agradável. É só
você pensar em um, que alguma mãe esperta já terá
usado com o seu filho, aproveitando cada minuto.
Estas sessões de oportunidade são uma bela
maneira da criança demonstrar o seu sucesso na
leitura e de você compartilhar esta alegria com ela. Se
ambos estiverem se divertindo aproveite, mas não
abuse. Não passe dos limites ainda que estejam
adorando.
Se você quiser mostrar-lhe dois cartões e dar-lhe
uma chance, não faça isso mais do que uma vez por
semana. Mantenha as sessões muito breves. Não lhe
dê mais do que uma oportunidade de resolver
problemas de cada vez.
Algumas crianças adoram escolher palavras e
fazem isto com muito prazer desde que você não
abuse. Outras não estão nem um pouco interessadas
nisto. Elas vão fazer o possível para desencorajá-la,
não respondendo à sua pergunta ou sempre, de
propósito, escolhendo a palavra errada. Nos dois casos
a mensagem é muito simples e clara — pare com isso.
194 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se, por qualquer razão você ou seu filho não


gostarem de resolver problemas então não o façam.
Estas oportunidades de “feedback” são mais para
você do que para seu filho. Sua criança estará mais
interessada em aprender coisas novas do que revisar
palavras que ela já sabe.

RESUMO

Uma vez que você já tenha começado a ensinar sua


criança a ler, uma ou duas coisas irão acontecer
indubitavelmente;

n 1. Você vai descobrir que tudo está indo muito


bem e que você está cada vez mais entusiasmada e
quer aprender mais sobre como ensinar seu filho,
ou —

n 2. Você pode ter dúvidas ou problemas.

Resolvendo seus problemas

Se você tiver alguma dúvida ou problema que não


possa resolver, faça o seguinte:

n 1. Releia os capítulos 7 e 8 com muito cuidado.


A maioria das perguntas técnicas sobre leitura são
descritas nestes dois capítulos. Você vai ver o que
não pegou da primeira vez e aí corrigir o que está
errado, facilmente. Se não, passe para a etapa 2.
A idade perfeita para começar 195

n 2. Releia este livro com cuidado. A grande maio-


ria das perguntas filosóficas sobre leitura estão ex-
plicadas aqui. Cada vez que você ler o livro, vai en-
tendê-lo num nível mais elevado uma vez que a sua
experiência em ensinar seu filho terá crescido. Você
vai achar a resposta que precisa; caso contrário,
passe para a etapa seguinte.

n 3. Boas professoras precisam de muito descan-


so. Durma mais. Mães, e em especial mães de cri-
anças novinhas, nunca dormem o suficiente. Avalie
o número de horas que você está dormindo regular-
mente. Acrescente uma hora. Se isto ainda não re-
solver o problema, leia o item de número 4.

n 4. Compre o vídeo COMO ENSINAR SEU BEBÊ


A LER, disponível através de:

The Better Baby Press


8801 Stenton Avenue
Philadelphia, PA 19118 USA
Tel: (215) 233-2050

Isto permitirá a você ver demonstrações de mães


ensinando seus filhinhos a ler. Muitas mães acham
isto bem útil. Isto lhe dará a confiança necessária.
Caso contrário, leia o número 5.

n 5.Escreva para nós e nos diga o que está fazen-


do e qual é a sua dúvida. Nós respondemos cada
carta pessoalmente e temos feito isto por mais de
vinte e cinco anos. A nossa resposta pode demorar
um pouco, porque temos mães do mundo todo que
escrevem para nós e queremos ter a certeza de que
você realmente explorou as etapas de um a cinco
muito bem. Se tudo falhar, porém, por favor, nos
escreva.
196 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Mais informações

Se quiser saber mais sobre como ensinar seu bebê,


faça o seguinte:

n 1. Assista o curso: “Como Multiplicar a


Inteligência do Seu Bebê”. Este é um curso de sete
dias para mães e pais. Ler é um dos muitos assun-
tos cobertos nesta semana. Este é um curso mar-
avilhoso que todo pai e toda mãe deveriam assistir
enquanto seus filhos são pequenos ou ainda nem
nasceram. Para maiores informações escreva ou
telefone para:

The Registrar
The Institutes for the Achievement of Human Potential
8801 Stenton Avenue
Philadelphia, PA 19118 USA
Tel: (215) 233-2050

n 2. Leia os outros livros da série Suave


Revolução relacionados na frente deste livro.

n 3. Compre os materiais da série Suave


Revolução relacionados na parte traseira deste
livro.

n 4. Escreva para nós e diga como está indo e co-


mo seu filho está progredindo. Sua informação é
preciosa para nós e de muito valor para a futura
geração de mães.
o que as mães dizem

Oh, que poder tem a maternidade!

[EURÍPEDES (março de 1990)]

Como Ensinar Seu Bebê a Ler foi escrito em 1963 e


publicado em 1964.
Mais de vinte e cinco anos se passaram desde que
este livro viu pela primeira vez a luz do dia. Ele
começou com recomendações, que minha esposa Katie
pediu que eu escrevesse, para que ela fosse capaz de
ensinar às mães instruções detalhadas que pudesse
usar como guia.
A noite que comecei a escrever está para sempre
gravada em minha memória. No começo, a minha
intenção era a de produzir quatro ou cinco páginas de
notas organizadas. Em pouco tempo já eram dez e, em
breve, uma ideia começava a se formar. Por que não
mimeografar e dar a cada mãe uma cópia das anotações
que Katie havia lhes ensinado? Excelente ideia.
Minutos tomaram-se horas e as instruções
passaram a ter vinte e cinco páginas. Acima de tudo,
elas pareciam claras e legíveis. De fato, pareciam tão
boas que talvez pudéssemos imprimi-las
permanentemente. É, talvez devessem ser impressas e
não mimeografadas, e impressas em forma de aula.
À medida que sentenças e parágrafos iam tomando
forma e o número de páginas aumentando, o
198 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

entusiasmo ia crescendo e com ele de repente, uma


súbita preocupação. Uma apostila deste tamanho, feita
com papel de boa qualidade, seria cara. Podia chegar a
custar centenas de dólares. Onde arranjaríamos o
dinheiro? Os Institutos eram e são uma instituição
filantrópica não só no sentido oficial dos governos
estadual e federal, como também no sentido
econômico. A equipe vivia com salários tão pequenos
que causavam embaraço. Será que o Conselho Diretor
aprovaria tal despesa, mesmo se arranjássemos o
dinheiro?
O entusiasmo como que estava acontecendo
suplantava as preocupações (a esperança sempre
crescente no peito humano...) com os recursos e a
apostila continuava a crescer bem rapidamente.
Muito depois de meia-noite tomou-se patente que
estava muito longo para ser uma apostila ou mesmo
um artigo, e havia ainda muito a ser dito. Estava claro
que ia ser um livreto, e um bem grosso. Meu Deus!
Pode nos custar até mil dólares para imprimir este
livreto. Nem pensar. O Conselho jamais autorizará tal
coisa. Até eu teria que votar contra a publicação deste
livrinho.
Puxa! Um livreto. Será que conhecíamos algum
fabricante de comidas para bebês que quisesse
patrociná-lo? Será que cobriria todas as despesas?
Que grande idéia.
A possibilidade de encontrar fundos que
sustentassem o livrinho fez aumentar o nosso
entusiasmo de escrevê-lo até as primeiras horas do dia
seguinte, uma vez que ele simplificaria a tarefa das
mães que iriam ensinar seus filhos a ler. À medida que
O que as mães dizem 199

as horas passavam, e as páginas continuavam a


crescer, a realidade conquistava a alegria. Já estava
muito grande para ser um livreto, ia ter cinquenta ou
cem páginas — ou até mais. A esperança de encontrar
um patrocinador começava a desaparecer. Era uma
pena, pois valia a pena e era importante.
O problema é que ele havia se tomado mais do que
um apanhado de instruções, uma apostila ou um
livreto, como eu havia planejado. Estava virando um
livro.
Um livro. Um livro? Minha nossa, ia ser um livro,
um livro! Você não precisa pagar para publicar um
livro. O editor é que paga a você.
Já era de manhã, mas a Katie ainda estava
acordada.
“Hazel Katie, espere até ouvir isso. Eu estou
escrevendo um livro, um livro olhe só! Não um outro
artigo para profissionais, mas um livro de verdade
para pessoas reais, MÃES E PAIS. O QUE VOCÊ ACHA
DISSO? ACHO QUE VOU PODER VENDER UNS CINCO
MIL DELES!”
“Vai ser um livro para as mães ensinarem seus
filhos a ler? perguntou Katie”.
Sim, de fato.
Desde aquela madrugada há mais de vinte e cinco
anos, Como ensinar seu bebê a ler já foi publicado em
mais de vinte línguas diferentes e continua a ser
traduzido em outros idiomas.
Desde aquela época, já houve centenas de
impressões e algumas edições.
200 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Mais de dois milhões de pais já compraram o livro


“de leitura”.
Quando o original foi publicado, havia algumas
centenas de pais que tinham ensinado seus filhos, em
sua maioria de cérebro lesado, a ler. Hoje, há centenas
de milhares de crianças normais, lesadas e já curadas,
que são capazes de ler.
Como é que sabemos disto?
Meu material mais precioso do mundo é uma
coleção de mais de cem mil cartas de pais que nos
escreveram para contar como foi bom ensinar seus
filhos a ler, quanto os bebês adoraram aprender a ler;
fazendo perguntas sobre bebezinhos, nos contando o
que aconteceu com seus filhos quando foram para a
escola e depois que cresceram.
Estas cartas constituem o maior conjunto de
evidências existente provando que as crianças
pequenas querem aprender a ler, estão aprendendo a
ler, e devem aprender a ler.
Estas cartas que continuam a chegar diariamente
são tão sensatas, afetuosas, charmosas e convincentes,
que se tomaram muito preciosas para mim.
De vez em quando, a desumanidade do homem
parece estar atingindo o seu máximo, e eu me
pergunto, muita vezes, se nós iremos sobreviver a nós
mesmos. Eu vou para meu escritório, tranco a porta,
tiro as cartas das mães e as leio. Em muito pouco
tempo, estou sorrindo, minhas esperanças para o
futuro do homem tomam-se certezas, e, de novo, é um
grande dia esta manhã.
O que as mães dizem 201

Eu achei que os pais lendo este livro gostariam de


ter uma prova do que aconteceu a outros pais que
leram o livro há mais tempo.
Estas cartas foram escolhidas ao acaso e
representam outras centenas bastante semelhantes às
que estamos publicando.
Estas citações foram retiradas de mais de cem mil
cartas. As escolhidas não são as mais bem escritas ou
menos, mais charmosas ou menos, mais entusiásticas
ou menos, mais científicas ou menos, mais convincentes
ou menos, mais tocantes ou menos. Elas representam
pais de classe média, tanto intelectual quanto
economicamente. Representam a América média, desde
tipos diferentes de trabalhadores até engenheiros,
médicos, advogados, cientistas e educadores.
O que todos eles têm em comum é o fato de amarem
seus filhos e de suas crianças constituírem a
prioridade suprema de suas vidas.
Estas crianças são de fato bem dotadas. Elas são
dotadas de pais que têm suas cabeças e corações no
lugar certo. Este é talvez o único dote verdadeiro.
Elas me dão a maior esperança possível.
Aqui está uma pequena amostra de mais de cem mil
cartas:

OPINIÃO DOS PAIS SOBRE RESULTADOS


...até agora ele adora ler a cada minuto livre. Ele real-
mente tem paixão pela leitura. A escola é fácil para ele.
Ele é feliz!
Baton Rouge, Louisiana n
202 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
Muito obrigada pelo seu livro, COMO ENSINAR SEU
BEBÊ A LER. Minha filha de dois anos está aprendendo
vorazmente a ler... Eu também não quero parar com a
leitura porque agora me dou conta deste maravilhoso e
pequenino ser que está sob a minha guarda ...
Deus abençoe pessoas como vocês que ajudam outros
como eu a ser uma melhor mãe, companheira e amiga de
minha pequena...
P.S. Eu soube que estava brincando o jogo das pala-
vras corretamente quando meu marido veio de outra
parte de nosso apartamento para ver o que era aquela
gritaria e barulho de palmas, e quando minha pequena
pediu, “Mais palavras!” quando as guardei. Um brinde a
aprender com alegria e felicidade verdadeiras!
Abilene,Texas n

Meu filho pode ler! Eu mal posso dizer-lhe como es-


tou empolgado e feliz.
Ele se lembrou do primeiro grupo de palavras que
não havia visto por dois meses...
Eu não posso agradecer-lhe o suficiente por este dom
de ensinar e irei continuar a fazê-lo.
P.S. Zachary tem treze meses de idade.
New Ringgold, Pensilvânia n

Minha filhinha (de dois anos) está aprendendo a ler


(com muita alegria, devo acrescentar) através do méto-
do apresentado no seu livro. Não preciso dizer que meu
marido e eu estamos muito entusiasmados e contentes
com o seu trabalho. Eu acredito que é ornais importante
acontecimento da “educação” infantil da atualidade, que
eu conheço, e como mãe eu o respeito muito por isso. Eu
poderia me estender, mas, tenho a certeza de que você já
ouviu isto antes...
Mesa, Arizona n
O que as mães dizem 203
Acabei de ler o seu livro COMO ENSINAR SEU BEBÊ
A LER e comecei-a ensinar minha filha de dezessete me-
ses a ler. Eu estou tão entusiasmado e empolgado com
esse projeto. Eu o encaro como o melhor presente de
aniversário que poderia dar a ela.
Lowell, Massachussetts n

Nós somos pais de duas crianças de seis anos e de-


zesseis meses. A nossa mais nova está aprendendo atra-
vés do seu método. Funciona (e muito bem) e Deus lhe
abençoe por isso...
Supomos que você escute isto com frequência, mas os
que usam o seu método não podem agradecer-lhe o sufi-
ciente. Você é muito admirado no nosso círculo de amigos...
Maharastra, India n

Eu tenho um filho de quatro anos com tanto apetite


de saber que aprendeu dez palavras no primeiro dia e
não queria ir dormir — e estava de pé no dia seguinte às
seis horas pronto para continuar...
Esta foi a maior descoberta da minha carreira de
mãe! Como eu gostaria de ter tido isto para fazer com
minhas outras crianças mais velhas (quarta, terceira e
primeira séries).
St. Johns, Arizona n

Nós compramos vários dos seus livros, seus materiais


de matemática e leitura, e os utilizamos para ensinar
nossa primeira filha (Emily), agora com quatro anos.
Ela continua a nos deliciar com suas habilidades e
alegria de aprender.
Nós achamos que, apesar das nossas sessões não se-
rem muito longas, nossa filha está tendo um bom come-
ço, e nós, uma relação bastante íntima e respeitosa...
Greene, Nova Iorque n
204 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
Muito obrigada pelo seu livro inovador, COMO ENSI-
NAR SEU BEBÊ A LER — ele inspirou-nos a tentar en-
sinar nosso sobrinho. Ele tem dois anos e três meses e
agora pode ler mais de 50 palavras em inglês, algumas
bem difíceis. Isto só dois meses depois de seus pais co-
meçarem o método com ele.
Achamos isto muito importante, levando-se em con-
sideração o fato deste menino ter nascido e residir nas
Filipinas, onde o inglês não é a língua mãe...
West Covina, Califórnia n

... Nossa Elizabeth tem 21 meses e seu apetite de sa-


ber nos fascina a cada dia. Minha mãe lhe viu num pro-
grama de televisão recentemente. Nós temos os seus dois
livros e começamos agora com o de leitura. Elizabeth po-
de ler “Mamãe” e “Papai”. Nós lhe agradecemos!
Ela nasceu com problema de coração e sobreviveu a
uma cirurgia cardíaca importante. Ela não é tão ativa
quanto outras crianças, mas diverte-se com este jogo de
leitura, tanto quanto eu. Não existem muitos jogos que
mantenham uma criança tão interessada...
Santa Maria, Califórnia n

Eu escrevi a você no ano passado para dizer que mi-


nha filha, então com dois anos, podia ler 60 palavras.
Um ano se passou e agora, tenho o prazer de lhe contar,
que ela lê livros como uma profissional. Ela lê qualquer
tipo possível de livro e entende! Eu lhe agradeço por CO-
MO ENSINAR SEU FILHO A LER. Eu gostaria que mais
mães soubessem que grande alegria é aprender para as
crianças pequenas. Eu acho que minha filha, Josie, lê
melhor do que outras de quatro anos (ou demais idade)!
... Estou muito agradecida por poder ajudar minha fi-
lha a ler. Ela gosta imensamente e me pede por favor pa-
ra “brincar de escola” com ela. Sim, crianças adoram
aprender!
Covington, Louisiana n
O que as mães dizem 205
Você fez o “impossível”. Seis meses atrás se alguém
tivesse dito que meu filho de dois anos iria ler antes de
três eu teria dito, “Impossível”.
Nova Orleans, Louisiana n

Eu li COMO ENSINAR SEU BEBÊ A LER quando nos-


so filho tinha 14 meses. Começamos devagar, fazendo
os materiais etc. Aos 18 meses, meu filho começou a fa-
lar claramente e, eu finalmente descobri que ele estava
retendo tudo! Ele nunca gostou de ser testado. Antes de-
le falar não era fácil saber , mas agora... ESPETACULAR!
Nós estamos super contentes com TUDO! Obrigada por
chamar nossa atenção.
Falls Church, Virginia n

Estou escrevendo para lhe dizer que nossa experiên-


cia tem sido maravilhosa. Comecei o programa com mi-
nha filha de dois anos e dois meses em fevereiro. No fim
de março ela estava lendo “Good Bye Mommy”. Agora,
com 34 meses e meio ela lê tudo o que está à vista. Ela
pode ler as palavras melhor do que as crianças de quin-
ta série com as quais convivi durante os meus dez anos
de magistério.
Omaha, Nebraska n

Comprei o seu livro, COMO ENSINAR SEU BEBÊ A


LER, quando a minha filha mais velha, Lara, tinha sete
meses e nós morávamos em Vancouver, Canadá. Ela en-
gatinhava para os cartões antes de poder falar e agora,
com quatro anos, está lendo muito bem.
Columbia Inglesa, Canadá n

Eu empreguei o seu método com minha neta de dois


anos e aos três ela já lia SELEÇÕES. Atualmente ela é
excelente aluna de uma escola de Los Angeles com 16
206 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
anos. Eu recomendo o seu livro a todas as jovens ma-
mães. Obrigada...
Escondido, Califórnia n

Eu li o seu livro, COMO ENSINAR SEU BEBÊ A LER


e estou bastante deliciado com os resultados obtidos
com minha criança de 35 meses de idade. Eu comecei a
ensiná-Ia há quatro dias e ela está aprendendo com ve-
locidade fenomenal! É claro que eu sou suspeita porque
ela é minha filha, mas este programa é mesmo entusias-
mante!
Orem, Utah n

Eu usei este método para ensinar minha filha a ler.


Ela é excelente leitora e tem sido assim desde que entrou
para a escola. Ela agora tem o seu próprio bebê...
Bishop, Califórnia n

Quando minha filha tinha um ano eu assisti um pro-


grama sobre os Institutos que mostrava crianças de cé-
rebro “deficiente” lendo e reconhecendo os pontinhos de
matemática, tentei usar as técnicas demonstradas com
meu bebê. Ela aprendeu a ler palavras aos dois anos,
frases aos três e livros completos aos quatro.
Stroudsburg do Leste, Pensilvânia n

... O que eu aprendi, fazia tanto sentido que eu come-


cei a ensinar meus gêmeos quando estavam com dois
anos. Agora eles tem treze e sempre foram os primeiros
da classe. De fato, eles quase sempre foram colocados na
escola em classes para “superdotados”. Aos três anos
eles liam fluentemente e com compreensão, e aos quatro
já escreviam. Esta foi uma das mais gratificantes expe-
riências que tive ao educar meus filhos.
Maple Ridge, Columbia Inglesa n
O que as mães dizem 207
Nós ensinamos com sucesso nosso filho a ler bem ce-
do, usando o COMO ENSINAR SEU BEBÊ A LER. Em
maio passado, no primeiro ano, ele foi o primeiro da
classe nos testes e sua leitura e compreensão estavam a
nível de quarta série.
Devo dizer que eu recebi o seu livro como uma brin-
cadeira, uma vez que eu leio muito.
Minha família achou engraçado quando eu comecei a
ensinar meu filho de um ano e meio. Só que as risadas pa-
raram quando aos 2 anos e meio ele começou a ler livros.
Nosso maior problema é que, nas viagens, ele pode
ler todos os anúncios de lanchonetes e quer parar em to-
das elas!
Piketon, Ohio n

Há vinte anos atrás eu encomendei o seu material de


leitura do LADIES HOME JOURNAL e decidi ensinar mi-
nha filha de dezoito meses. Agora ela tem 22 anos e é
uma jornalista estenografa, muito envolvida com as
suas palavras...
Escondido, Califórnia n

Há oito anos atrás, eu achei por acaso o seu livro CO-


MO ENSINAR SEU BEBÊ A LER e decidi experimentar o
seu método com minha filha de três anos. Foi um suces-
so total apesar das minhas tentativas não muito segu-
ras, e ela está lendo desde então.
Quando minha segunda filha nasceu, eu decidi que
iria fazer tudo certo desde o início, mas o tempo era cur-
to, apesar das minhas intenções, e ela recebeu ainda me-
nos do que a primeira. Uma vez mais, como sua irmã,
ela estava lendo muito melhor do que quaisquer outras
crianças.
Ao nascer meu filho, eu estava totalmente convenci-
da e, agora com quatro anos, ele surpreende a todos com
suas habilidades. Tem sido uma experiência muito gra-
208 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
tificante para mim e eu não trocaria o momento quando
cada um de meus filhos descobriu a leitura, por dinhei-
ro nenhum do mundo. Muito obrigado.
Petaluma, Califórnia n

PAIS TOTAIS
Por favor, desculpe-me se pareço conhecê-lo pessoal-
mente. Permita-me dizer “oi” depois de muitos anos
pensando em você e na equipe dos Institutos Para o
Desenvolvimento do Potencial Humano. A verdade é que
eu sinto que palavras não serão adequadas para expres-
sar meu reconhecimento e gratidão pelas palavras do
seu livro (COMO ENSINAR SEU BEBÊ ALER) e as suas
descobertas e de sua equipe, tão bem descritas por você.
Eu vi o seu livro pela primeira vez em 1972, logo
após o nascimento de meu filho, na livraria W.H. Smith
em Southhampton, na costa sul da Inglaterra. Em 1973
nos mudamos para as ilhas Maurício, no Oceano Indico.
Lá, nas praias de águas claras e à sombra das primave-
ras, ensinamos nosso filho a ler pelo seu método. Aos
três anos ele podia ler alegremente “Going to The Moon”
de P. D. Eastman. Meus sogros reclamaram quando vol-
tamos naquele ano à Inglaterra, que estávamos gastan-
do muito tempo lendo antes de dormir e ele era muito
novinho. Aos sete anos ele lia como se tivesse 11 e aos
13 ganhou uma bolsa de estudos completa para Harrow,
para surpresa e contentamento de toda a nossa extensa
família. Ele completará 17 anos em julho.
Nós também usamos seus métodos com minhas duas
filhas cujo amor à leitura dá gosto de ver.
Deixe-me dizer, também, que minha esposa, Jennifer,
começou a ensinar a filha de um amigo, possivelmente
com lesão cerebral, depois que o inspetor da escola dis-
se que ela iria levar os próximos seis meses “aprenden-
do” a letra C. Qualquer um pode ver a inteligência bri-
lhando nos olhos da pequena Arma Ross. Ela tem cinco
anos.
O que as mães dizem 209
A secretária do escritório onde trabalho tem um bebê
de 15 meses e está se divertindo em ensiná-lo a ler.
Jennifer e eu acreditamos que os seus métodos po-
dem ajudar muito a organização neurológica de Arma
Ross permitindo-lhe ficar em pé de igualdade com seu
irmão mais velho e a irmã mais nova ou, quem sabe, até
suplantá-los.
Muitíssimo obrigado, senhor, por seu trabalho e pela
força de suas descobertas e os benefícios recebidos por
minha família.
Se seus Institutos coletam informações para o prepa-
ro de estatísticas, é só nos avisar que mandaremos as
nossas.
Taunton, Inglaterra n

Eu queria agradecer-lhe por ter aberto um mundo ex-


citante para meus filhos.
Quando meu filho Aaron tinha três anos eu li o seu
livro, COMO ENSINAR SEU BEBÊ ALER. Cheio de sus-
peitas eu comecei o programa traçado. Seis meses mais
tarde, Aaron estava lendo um grande número de pala-
vras. Só que para minha maior surpresa, sua irmã (um
ano e meio) tinha aprendido junto com ele. Ela pegou as
palavras, um dia, e leu-as para nós uma por uma. Hoje
(cinco anos depois), minhas crianças estão espetacula-
res. Elas gostam da escola e adoram aprender. Trisha
(com quase sete anos) escreveu dois livros e inúmeras
estórias. Muito obrigada por sua pesquisa e seu livro.
Agora eu estou esperando o número 3. Eu adoraria
expandir isto com esta criança. Eu gostaria de ir até os
Institutos, só que não é financeiramente possível para
nós. Eu gostaria de saber sobre seu curso por correspon-
dência junto com nomes de livros e outros materiais dis-
poníveis. Também gostaria de receber qualquer informa-
ção sobre como ensinar línguas estrangeiras e música.
Eu já dei todo o que tinha para meus vizinhos próxi-
mos, assim como missionários, para que possam ensinar
210 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
seus filhos quando estão nas missões. Muito obrigada.
Newberg, Qregon n

Eu acabei de ler o seu novo livro, COMO MULTIPLI-


CAR A INTELIGÊNCIA DO SEU BEBÊ. Eu mal posso
dizer-lhe como estou feliz que você tenha escrito tal li-
vro. Você claramente merece um Prêmio Nobel.
Foi há vinte anos atrás que eu comprei COMO ENSI-
NAR SEU BEBÊ A LER e prontamente ensinei minha fi-
lha de três anos a ler, muito tempo antes dela ir à esco-
la. Os resultados foram (e são) impressionantes. Eu
defendi o conceito (e ainda o faço) com amigos que tem
filhos pequenos. Eu faço demonstrações com meus fi-
lhos e já dei até algumas cópias de seus livros de presen-
te. No entanto, até o momento, que eu saiba, ninguém
ensinou seus bebês a ler. Eu suponho que entendo um
pouco da sua frustração. Como Winston Churchil um vez
disse, “O homem ocasionalmente esbarra na verdade,
mas a maioria deles se levanta bem rápido e vai em fren-
te como se nada tivesse acontecido”.
Eu gostaria de conhecê-lo um dia. Eu trabalho com
computadores e minha especialização é em inteligência
artificial. Nós talvez tenhamos algo a dizer um ao outro.
Telefone para mim se vier a Washington algum dia.
Eu pergunto se seria interessante trazer minha filha
Katherine aos Institutos um dia desses? Ela estuda em
Bryn Mawr. Ela foi a finalista de um concurso de bolsas
de estudo por mérito e aos doze anos ganhou uma com-
petição nacional de poesias. Talvez ela pudesse dizer aos
alunos de suas turmas como é crescer como uma super-
criança (Ela é a favor).
Agora estou ensinando a minha mais nova, Bethany,
de um ano. Vou fazer, sem dúvida, um trabalho bem me-
lhor por causa de seu novo livro.
Fort Washington, Maryland n
O que as mães dizem 211
Meu primeiro contato com seus materiais foi em
1963 quando meu irmão nasceu. Minha mãe leu o seu
livro (recém publicado) e fez uma aposta com meu pai
que poderia ensinar seu bebê a ler. Ken lia, muito cedo,
algumas palavras que via na televisão naquela época.
Nós, suas três irmãs, ajudamos a brincar de palavras. A
mamãe escrevia palavras na lousa da cozinha e cortava
as cartolinas que vinham do tintureiro, nas camisas do
papai. Seu livro do bebê registra 55 palavras de leitura
no seu segundo aniversário e ele lia quase tudo ao com-
pletar três. Ele gostava de escrever quando criança e fez
alguns livros completos com ilustrações.
Quando Ken estava na escola primária eu cursava a
secundária, e comecei a ensinar-lhe elementos de álgebra
e geometria. Ele competiu em times de matemática no se-
cundário, e até hoje é ótimo nesta matéria. Eu poderia es-
crever um livro contando todas as coisas que meu irmão
conquistou quando criança. Eu estou convencida de que
é resultado de uma educação precoce. Ken recebeu mui-
tos prêmios e condecorações, foi o segundo da classe no
secundário e atualmente tem uma bolsa de estudos de
mérito na universidade onde cursa engenharia. Ele era (e
é) muito bem ajustado socialmente.
Eu agora tenho minha própria filha. Madeleine tem
dois anos e estou usando tanto os seus materiais de lei-
tura quanto os de matemática com ela. Eu também li
Kindergakten is Too Late e fiquei inspirada em ensinar-
lhe todo tipo de coisas como música clássica, ginástica,
geografia, filmes, a Bíblia, natação, e dar-lhe muitas ou-
tras oportunidades de aprender.
Ela tem uma grande coleção de quebra-cabeças e pas-
sa bastante tempo trabalhando neles. Ela está aprenden-
do os estados americanos nos mapas de seus quebra-
cabeças, países do mundo e presidentes americanos em
cartões. Ela é uma criança adorável com boa expressão
verbal, mente aguçada e excelente senso de humor! Eu
vou contar-lhe particularmente que ela está mais adian-
tada do que as outras crianças de sua idade, e as pes-
soas comentam isso o tempo todo.
Dallas, Texas n
212 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
Eu acabei de ler em SELEÇÕES como você ajudou
Joan Collins e seu marido a recuperar quase totalmente
sua filha depois do acidente de carro que sofrerá. Isto me
levou a escrever para agradecer-lhe, por ter me transmi-
tido como ensinar meu filho mais velho, agora com qua-
tro anos, a ler.
Meu pai, há três anos atrás, comprou para mim o li-
vro de Glenn Doman, COMO ENSINAR SEU BEBÊ A
LER e nossa vida já não é mais a mesma. Ele (meu fi-
lho) adora ler — nossa expedição de compras na sexta-
feira nos leva à biblioteca onde ele fica horas lendo en-
quanto eu vou aos supermercados e vejo as mães
arrastando suas crianças relutantes atrás de si.
Os livros desta semana incluíam palavras como “en-
furecedor”, “insubstituível” e “parafernália”, e todas
elas não o incomodaram nem um pouco...
Benfleet, Essex, Inglaterra n

Nossa ligação com você e o Instituto Evan Thomas


têm dado a mim e minha esposa, muitas oportunidades
de trabalhar com nosso filho e nossa filha mais nova,
Alexis, numa das épocas mate preciosas de sua vida
(Alexis tem quatro meses e já está recebendo seus
Pedaços de Inteligência e palavras simples diariamente).
Ela absolutamente adora isto. Alexandre não só vê os
seus cartões como também faz questão de passar alguns
para a irmã. Ele é um garoto feliz que todo dia vai para
a cama mais alegre e confiante. Ele não só é inteligente
como também agradável de se lidar. Ele nunca foi um
“terrível menino de dois anos” e agora já está com qua-
se três.
Alexandre está sendo sondado para fazer parte do
programa de super dotados da Universidade de
Columbia. Eles aceitam somente 14 crianças dentre mi-
lhares de candidatos, e lhe foi pedido que fizesse o tes-
te de Q.I. de Stanford Binet, administrado por escolha do
departamento de testes da universidade. Estamos ane-
xando uma cópia do mesmo para sua informação e co-
O que as mães dizem 213
mentários. Os psicólogos comentaram que seu Q.I. era
de mais de 160, mas o teste só podia medir até 160. O
psicólogo também comentou que Alexandre era, sem
dúvida, o menino mais inteligente que ele havia testado
(e ele vem testando crianças há muitos anos). Não é pre-
ciso dizer que ele vai continuar no programa “de casa”
do Instituto Evan Thomas, de qualquer forma, e que nós
consideramos isto como sua prioridade. Nós estamos
convencidos de que seu Q.I. é o resultado direto das suas
técnicas e programas.
Por favor, aceite meu agradecimento e os melhores
votos de boa saúde para que possa continuar suas pes-
quisas em prol do desenvolvimento das crianças.
Nova Iorque, Nova Iorque n

Só um bilhetinho informal para lhe dizer com é que


algumas das “Suas Crianças” estão indo. De fato, eu
queria usar o programa de datilografia do nosso compu-
tador e a impressora, mas quando fui buscar as fotos,
Alex tomou o meu lugar diante do computador e eu vou
ter que me contentar com esta velha máquina. Por favor,
desculpe os meus erros.
A grande novidade é que Benjamin (2 anos e meio)
está lendo independentemente, inclusive livros que ele
nunca vira antes. É claro, que isto não deveria nos sur-
preender ou a você, mas ainda fico maravilhado ao vê-
lo ler uma história para a “baby sitter” (ao invés do con-
trário). (Fotos 1 e 2.)
Fotos 3 e 4: É claro que Alex aos 4 anos meio, quer
algo mais profundo do que os “Três Porquinhos” do seu
irmão. Aqui ele está lendo (pela centésima vez) o
National Geographic Book of Our World, e estudando os
fatos do fim do livro com muito entusiasmo.
A de número 5 mostra Alex e Ben ocupados traba-
lhando: Alex está usando um lápis. Benjamin ainda não
sabe escrever a lápis, mas não fica nem um pouco
214 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
aborrecido. Ele usa a minha máquina de escrever!
Na sexta foto Benjamin copia palavras do seu livro
favorito.
Na sétima, enquanto Ben está batendo a maquina,
Alex se diverte com meu computador. Este programa que
ele está usando é recomendado para maiores de 10 anos.
Você vai gostar de saber que tudo o que eu fiz foi colo-
car o disquete para ele, deixando-o aos cuidados da “ba-
by sitter” enquanto fui às compras. Quando voltei, uma
hora depois, ele ainda estava entretido, brincando com o
programa. Uma vez que havia lido e deduzido as instru-
ções por si próprio, ele pôde então me explicar o seu fun-
cionamento e nos divertimos muito brincando (A gran-
de corrida do Maine à Califórnia, onde se tem que
responder perguntas sobre estados, para avançar em di-
reção ao oeste).
Oitava foto: Uma vista típica de Alex no seu quarto.
Como de costume, eu poderia continuar lhe dizendo
muitas coisas sobre estas crianças maravilhosas. Elas
nos dão tanta alegria, sem contar que às vezes nos dei-
xam sem fala de tanta admiração.
Por favor, dê muitas lembranças à equipe, principal-
mente à Susan Aisen, que tem sido muito prestativa co-
nosco, nos últimos anos.
De volta ao trabalho, você e eu!
Mãe Profissional “(adorando cada minuto)”
Merion, Pensilvânia. n

Eu li com considerável interesse tanto a sua carta so-


bre como ensinar bebês a ler e a informação contida na
Enciclopédia Britânica na sessão do programa de leitu-
ra Better Baby. Isto trouxe agradáveis memórias para
meu marido e eu, e aí eu peguei o seu livro COMO EN-
SINAR SEU BEBÊALER, e vi a data de 22 de outubro de
1964. Naquela época nosso filho Keith tinha 16 meses.
Um pouco antes de comprar o livro, havíamos lido um
O que as mães dizem 215
ar ti go sobre o seu trabalho nos Institutos Para o
Desenvolvimento do Potencial Humano acerca do mes-
mo assunto. Com grande entusiasmo, meu marido e eu
resolvemos ensinar Keith a ler. Nós preparamos nossos
cartões, muitos deles, e começamos o programa quando
Keith tinha dezessete meses. Os resultados foram difí-
ceis de acreditar.
Hoje, Keith tem dezenove anos, formou-se pelo San
Francis College em primeiro lugar e foi o orador da tur-
ma de Química e Biologia, com somente 15 anos. Ele es-
tá cursando Medicina e Ciência na Universidade de
Indiana e vai receber primeiro o seu mestrado e o dou-
torado daqui a um ano (aos 20 anos). Em dois anos vai
se formar em Medicina e depois escolher em que áreas
irá fazer especialização.
Dizer que estamos contentes com o sucesso de Keith
seria muito pouco. Não há a menor dúvida de que a ha-
bilidade de ler cedo aumentou o seu progresso através
dos anos; e, a propósito, ele é muito bem ajustado so-
cialmente — nunca teve problemas ao lidar com os ami-
gos, quase sempre cinco a sete anos mais velhos, e in-
variavelmente foi bem aceito por professores, colegas de
classe e pessoas com quem trabalhou.
Ele é muito bom organista — e construiu o seu pri-
meiro órgão, do tamanho de um para teatro, quando ti-
nha 9 anos. Ele toca bem violão e canta com o grupo de
jovens folcloristas na Igreja Católica de São Paulo, em
Bloomington, Indiana (no campus da universidade).
A biografia inclusa foi preparada por Keith, há apro-
ximadamente um ano, para atualização de uma bolsa de
estudos para a faculdade de Medicina, da qual participa
na Universidade de Indiana, em Bloomington.
Tendo em vista a sua óbvia alegria em saber de histó-
rias que deram certo, para afugentar a depressão, talvez
esta ajude a trazer um pouco de luz para a sua alma.
Nós adoraríamos ter notícias suas e, de esta maneira,
nós consideramos Keith como um dos seus produtos. Eu
tenho certeza de que você terá prazer de conhecê-lo um dia.
216 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
P.S Keith é um dos melhores alunos de sua classe na
Escola de Medicina, e este é o seu quarto ano de notas 10.
Ft. Wayne, Indiana n

Eu sei que você é um homem muito ocupado, mas es-


tou esperando que você possa ajudar-me. Eu tenho uma
filha de 16 meses e eu gostaria muito de poder ensiná-
la. Eu sei que já está ficando meio tarde para começar o
programa, mas espero que ela possa aproveitar se eu co-
meçar o mais rápido possível.
Eu li o seu livro, COMO ENSINAR SEU BEBÊ A LER
e comecei a ensinar “Mamãe” e “Papai”. Ela vem escu-
tando discos do Prof. Suzuki e de música clássica, des-
de que nasceu. Nós moramos em Camarões, na África
Central, e ela tem escutado o francês que é a língua fa-
lada aqui, nesta antiga colônia. Não temos piscinas
aquecidas nesta região e a única disponível é bastante
fria (surpreendentemente para a África) e por isso ainda
não ensinei Maria a nadar. Ela fica na água por períodos
curtos e está acostumada a ficar submersa. Ela ainda
mama no peito e tem uma dieta muito nutritiva, sem
açúcar, apesar de não estar recebendo grandes doses de
vitaminas (que não existem aqui). Eu passo muito tem-
po com minha filha que está muito adiantada em seu de-
senvolvimento.
Maria tem quatro irmãos mais velhos que brincam
muito com ela e a estimulam de muitas maneiras. Suas
idades variam de 7 a 12 anos e são ótimos com a irmã.
Eu ensinei a mais velha a ler aos 3 anos, usando o seu
livro e agora ela é excelente leitora e escreve muito bem.
Eu ensinei os outros a ler antes de irem para a escola e
todos são os primeiros da classe. Duas das crianças são
adotadas e, portanto, provém de genes diferentes (Como
é que a genética pode explicar isto? - Glenn Doman).
Eu espero que você possa me dar algum conselho. É
claro que pagarei por qualquer material que receber.
Agradeço imensamente a sua ajuda.
O que as mães dizem 217
P.S. Esqueci de mencionar que sou uma “sensei”
Suzuki (violino) e ensino minhas outras quatro crian-
ças, pois não há professoras aqui na África. Portanto es-
tou a par do vasto potencial de aprendizagem das crian-
ças. Existem exercícios para estimular o
desenvolvimento físico e coordenação?
a/c do Departamento de Estado n

Há treze anos atrás minha sogra me deu seu livro,


COMO ENSINAR SEU BEBÊ A LER. O livro já teve bas-
tante uso e os cartões parece que vieram da guerra.
Miketem 14 anos e está num programa de “superdo-
tados”, apto a cursar Informática III sem nenhuma edu-
cação formal e cronometra a sua velocidade de leitura
em cerca de 800 palavras por minuto.
Heather, com 12 anos tira “somente” 89 nos testes de
aptidão e 97 nos de vocabulário. Ela é exímia pianista e
toca nos encontros de jovens da igreja. Ela também toca
viola e flauta-doce. Eu sinto que evitei os problemas de
leitura, ensinando-os eu mesma.
Debi tem 10 anos, está no programa de superdotados
também, é talentosa e quase que precisamos de grades
para mantê-la longe dos livros.
Crystal tem 8 anos, é muito pequena para o progra-
ma de superdotados, e como o resultado de seus tes-
tes de aptidão foi 99 ela está aprendendo latim como
recompensa.
Sterling, de 6, adora os livros de Henry Huggins,
Clássicos Ilustrados, e qualquer livro ao seu alcance. No
ano passado, leu partes do dicionário.
Nossa última filha deverá chegar no mês que vem.
Muito obrigada pelo seu trabalho. Seu primeiro livro fez
um mundo de diferença.
Cedar Rapids, lowa n
218 Como Ensinar Seu Bebê a Ler
Eu fui um das primeiras mães “Doman”. Em 1965 eu
era uma gestante sem muito entusiasmo até ler em mar-
ço ou abril daquele ano, um artigo seu no Ladies Home
Journal intitulado “Como Ensinar Seu Filho a Ser um
Gênio”. No instante que eu li o artigo acendeu-se a Luz
Verde da Revelação! Abriu-se um vasto e brilhante ho-
rizonte e eu mal podia esperar pelo dia em que levaria
minhas crianças por este maravilhoso caminho. Eu ado-
rei preparar os cartões, achando isto calmo e repousan-
te. Durante os primeiros anos de Heather, nós fomos dos
Estados Unidos para o Chile, Perú e Brasil, e aonde ía-
mos um estoque de cartolina branca e pincéis atômicos
vermelhos nos acompanhavam. Quando a bagagem
atrasava, escrevíamos em janelas embaçadas, ou na
areia da praia e Heather era bilíngue em inglês e espa-
nhol e mais tarde aprendeu francês na primeira série, no
Canadá. Como eu desejaria ter tido também os materiais
de matemática, naquele tempo!
Eu fui para a escola na Inglaterra, há sessenta anos,
e meu marido no Canadá. Nenhum de nós pode se lem-
brar naquele tempo de alguma criança que não pudesse
ler, não importando seu nível econômico. Mesmo nas
mais pobres (financeiramente) casas havia uma tia, uma
solteirona, ou uma avó que tinha orgulho em ensinar às
crianças “as letras” como elas chamavam. Recentemente
meu marido teve a sua primeira experiência com um ra-
paz de vinte e poucos anos, recém formado no secundá-
rio, que não podia ler ou escrever. Em verdade, o dia em
que eu chegar diante do “Criador”, para prestar contas,
direi que minha maior contribuição foi ensinar minhas
crianças a ler.
Por favor, mande duplicatas dos materiais para mim
no endereço acima, assim como para os pais de
Christopher.
Nossos melhores votos pela continuação do bom tra-
balho dos Institutos, e meus agradecimentos de coração
por abrir para nós o mundo maravilhoso da infância.
Honolulu, Havaí n
sobre a alegria

Nós não nos conhecíamos bem até o dia em


que começamos juntas a brincar de aprender a ler.

[Muitas e muitas mães]

Por muitas gerações, os avós tem tentado dizer aos


seus filhos e filhas que aproveitem bem suas crianças
antes que eles cresçam e deixem suas casas. Como
muitos outros bons conselhos que têm sido passados
de geração em geração, este é raramente levado em
conta até que seja muito tarde para se fazer alguma
coisa a respeito.
Se é verdade que os pais de crianças de cérebro
lesado têm imensos problemas (o que é um fato), é
também igualmente verdadeiro que têm certas
vantagens sobre os pais das crianças normais. Uma
delas, reside no fato de que têm uma relação muito
mais íntima com os seus filhos. Em razão da natureza
da doença, pode chegar a ser dolorosa, mas é também
bastante preciosa.
Recentemente, durante um curso que eu estava
dando para pais de crianças normais em como ensinar
seus filhos a ler, eu disse de passagem: “E uma outra
razão excelente para ensinar o bebê a ler é que a
íntima relação que isto requer fará com que
experimentem a mesma alegria que os pais das
220 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

crianças de cérebro lesado sentem ao lidar com seus


filhos”.
Somente algumas frases mais tarde, pude perceber
os olhares confusos que meu comentário anterior
havia provocado.
Não me surpreende que pais de crianças normais
pensem que os pais de crianças de cérebro lesado
posam ter alguma vantagem e não só problemas. O
que me deixa surpreso é que a maioria de nós tenha
perdido o contato e íntima relação com nossos filhos,
tão importante para o futuro da criança e tão agradável
para nós.
As pressões da nossa sociedade e cultura tem nos
privado disto, de uma maneira tão sutil, que nós não
fomos sequer capazes de perceber que existia
anteriormente.
Sim, existia e vale a pena ser recuperada. Uma das
maneiras mais recompensadoras de reviver esta alegre
associação é através do ensino da leitura ao bebê.
Agora que você já sabe como fazê-lo, vamos dar-
lhes os últimos lembretes — algumas coisas a fazer e
outras tantas a evitar.
Vamos começar com os itens a serem evitados.

NÃO ABORREÇA SUA CRIANÇA

Isto é o maior pecado. Lembre-se que seu filho de


dois anos pode estar tentando aprender português ou
francês junto com o inglês que está assimilando tão
Sobre a alegria 221

bem. Portanto não o aborreça com coisas triviais e sem


importância. Existem três maneiras fáceis de entediá-
lo. Evite-as como à praga.

n a. Ir muito depressa o aborrecerá porque ele não


poderá aprender como deseja (Esta é a maneira me-
nos provável, porque poucas pessoas vão muito de-
pressa.)

n b. Ir muito devagar irá aborrecê-lo, porque ele é


capaz de aprender muito depressa. Muitos cometem
este pecado no seu desejo de ter certeza de que a
criança assimilou o material.

n c. Testá-lo muito é o erro mais provável de ente-


diá-lo. As crianças adoram aprender, mas não gos-
tam ser testadas. Esta é a razão principal para tan-
to alvoroço, cada vez que vão bem nos testes.
Dois fatores são responsáveis pela tendência a
testaria criança demais. O primeiro é o orgulho natural
dos pais em querer mostrar as habilidades de seu filho
para os avós, parentes e vizinhos. O segundo fator é a
vontade dos pais de terem certeza de que a criança
aprendeu bem as palavras, antes de passar à etapa
seguinte. Lembre-se que você não está dando a seu
filho um exame de faculdade, mas simplesmente
dando-lhe a chance de aprender a ler. Não é necessário
provar ao mundo que ele é capaz (Ele provará por si
próprio, mais tarde). Só você precisa ter certeza, e os
pais têm um sistema interno próprio, capaz de
determinar o grau de conhecimento ou ignorância de
seus filhos. Confie nele e o julgamento será fácil. Este
equipamento é composto de partes iguais de razão e
222 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

coração e, quando estas duas coisas estão de acordo,


quase sempre você tem um bom veredicto.
Nós não devemos esquecer tão cedo a conversa com
um eminente neurocirurgião pediátrico que estava
falando sobre uma criança de cérebro lesado. O
cirurgião era um homem cujos instintos eram
normalmente baseados em fria evidência científica.
Ele estava falando sobre uma criança de quinze
anos com o cérebro severamente lesado, paralítica e
muda, que havia sido diagnosticada como idiota. O
médico estava furioso. “Olhem para esta criança”, ele
insistia. “Ela foi diagnosticada como idiota
simplesmente porque parece um idiota, age como um
idiota e os testes de laboratório indicam que é idiota.
Qualquer um deveria poder ver que ela não é idiota”.
Houve um longo silêncio, embaraçoso, meio
assustador entre os residentes, estagiários,
enfermeiras e terapeutas que compunham a comitiva
do neurocirurgião. Finalmente, um estagiário mais
corajoso do que os outros perguntou: “Doutor, se tudo
indica que ela é idiota, como é que você pode saber
que ela não é?”
“Meu Deus”, respondeu o cientista, “olhe para os
seus olhos, homem, ninguém precisa de treino
especial para ver a inteligência brilhando neles!”
Um ano mais tarde nós tivemos o privilégio de ver
este mesmo paciente andar, falar e ler para o mesmo
grupo de pessoas.
Existem maneiras exatas dos pais determinarem o
que as crianças sabem, fora do domínio dos testes
comuns.
Sobre a alegria 223

Se você repetir com frequência um teste que a


criança tenha feito, ela vai ficar aborrecida e
responderá que não sabe, ou lhe dará uma resposta
absurda. Se você mostrar à criança apalavra “cabelo”
muitas vezes, ela poderá a certa altura, dizer que é
“elefante”. Ao fazer isso seu filho o está colocando
nos eixos. Preste atenção a ele.

NÃO PRESSIONE A CRIANÇA

Não empurre a leitura pela sua garganta abaixo.


Não esteja determinado a ensiná-la a ler. Não tenha
medo de fracassar. (Como seria possível? Se ele só
aprender três palavrinhas, vai estar melhor do que
senão soubesse nada.) Você não deve dar-lhe a
oportunidade de aprender a ler se um de vocês dois
não quiser. Aprender a ler é uma coisa muito positiva
que não deve ser convertida em negativa. Se a criança
não quiser brincar em qualquer fase do processo de
aprendizagem, adie tudo por uma semana. Lembre-se
que você não tem nada á perder e tem tudo a ganhar.

NÃO FIQUE TENSA

Se você não estiver calma, não brinque para aliviar


a sua tensão. A criança é extremamente sensível. Ela
saberá que você está tensa e isto vai passar um mal-
estar para ela. É muito melhor perder um dia ou uma
semana. Nunca tente enganar seu filho. Você não
conseguirá.
224 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

NÃO ENSINE PRIMEIRO O ALFABETO.

A não ser que a sua criança já tenha aprendido o


alfabeto, não o ensine até ter terminado este livro.
Fazer isto resulta, sem necessidade, num leitor
vagaroso. Lembre-se que palavras e não letras são as
unidades básicas da linguagem. Se ele já souber o
alfabeto, ainda assim você poderá ensiná-lo a ler. As
crianças são extremamente maleáveis.
Isto mais ou menos resume o que você não deve fazer;
Agora, vejamos o que deve ser feito, porque é muito
importante.

ESTEJA ALEGRE

Nós já dissemos neste livro que milhares de pais e


de cientistas ensinaram crianças a ler com esplêndidos
resultados.
Temos lidos sobre estas pessoas, nos correspondido
com algumas delas, e falado com outras. Constatamos
que os métodos usados variaram bastante. Os
materiais vão desde lápis e papel, a complicadas
máquinas científicas custando em torno de trezentos
mil dólares. Entretanto, e o mais importante, é que
cada um dos métodos empregados tinha três
elementos, de extrema relevância, em comum.

n a. Cada técnica usada para ensinar crianças


muito pequenas funcionou.

n b. Todos eles usaram letras bem grandes.


Sobre a alegria 225

n c. Cada um deles enfatizou a absoluta necessi-


dade de expressar sentimentos e a satisfação resul-
tante do processo.
Os primeiros dois pontos não nos surpreenderam
nem um pouco, mas o terceiro nos deixou atônitos.
Vocês devem se lembrar que muitas pessoas
dedicadas a ensinar crianças a ler não sabiam umas
das outras e às vezes estavam separadas até por
gerações diferentes.
Não é uma simples coincidência que todas elas
tenham chegado à conclusão de que a criança precisa
ser recompensada por seu sucesso através de
calorosos aplausos. Eles teriam chegado a esta
conclusão, mais cedo ou mais tarde.
O que é realmente incrível é que pessoas em 1914,
1918, 1962, 1963 e em outros tempos e lugares
diferentes, tenham chegado a uma conclusão comum
de que essa atitude poderia ser resumida em uma
palavra — alegria.
A satisfação dos pais vai estar diretamente
relacionada ao grau de sucesso obtido ao ensinar seus
filhos a ler.
Eu fui bastante tentado a intitular este capítulo —
“Louras Birutas” e devo contar-lhes uma história.
No decorrer dos anos, nós dos Institutos,
aprendemos a ter grande respeito pelas mães. Como
todo mundo nós somos culpados de fazer
generalizações e temos, ao menos por conveniência,
dividido as mães com quem temos lidado, em duas
categorias. O primeiro é um pequeno grupo de mães
altamente educadas, intelectualizadas, calmas, quietas
226 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

e quase sempre muito inteligentes. Este grupo foi


denominado: “As intelectuais”.
O segundo grupo, e de longe o maior, inclui todo
mundo que sobrou. Enquanto também inteligentes,
estas mulheres estão menos inclinadas a ser
intelectuais e são muito mais entusiasmadas do que as
primeiras. A este grupo nós chamamos “Louras
Birutas”, não tanto pela cor dos seus cabelos ou
inteligência, mas pelo seu entusiasmo exuberante.
Como todas as generalizações, as acima citadas
tiveram vida curta, mas nos permitiram pelo menos
uma rápida divisão das mães.
Quando descobrimos que as mães eram capazes de
ensinar seus filhos e isto era uma boa coisa, nós
dissemos: “Espere até que as mães descubram isto!”
Nós previmos, acertadamente, que todas as mães
ficariam eufóricas e abraçariam o processo com
entusiasmo.
Nós concluímos que a maioria das mães teria
sucesso ao ensinar seus filhos a ler, mas que o
pequeno grupo das mães intelectuais teria maior
sucesso do que a categoria das “Birutas”.
Quando os primeiros resultados começaram a
chegar, descobrimos que a verdade era exatamente o
contrário do que havíamos previsto. Os resultados
reforçaram as descobertas iniciais.
Todas as mães excederam a nossa expectativa, mas
as “Louras Birutas” estavam muito à frente das mães
intelectualizadas e quanto mais “biruta” a mãe,
melhores haviam sido os resultados.
Sobre a alegria 227

Ao fazermos uma análise dos mesmos, observando


o processo, ouvindo o que as mães tinham a dizer e
meditando sobre o assunto durante algum tempo, as
razões nos pareceram óbvias.
Quando a mãe calma e séria, pedia à criança para
ler uma palavra ou frase e ela o fazia, sua reação
normalmente era: “Muito bem, Maria. Agora
passemos para a próxima palavra”.
Por outro lado, a mãe super entusiasmada, dada a
mesma situação, gritaria: “Puxa vida! Isto é ótimo!”
quando a criança fosse bem sucedida. Estas eram
mães que demonstravam na voz a sua emoção e
grande alegria pelo sucesso de seu filho.
De novo, a resposta é simples. As crianças
pequenas entendem e reagem a “Puxa vida!” muito
melhor do que reagiriam a palavras elogiosas
cuidadosamente escolhidas. As crianças adoram
comemorações — portanto, dê-lhes o que desejam.
Elas merecem isto e vocês também.
Há inúmeras coisas que nós os pais temos que fazer
per nossas crianças. Temos que resolver todos os seus
problemas, tanto os poucos grandes e sérios quanto os
inúmeros de menor importância. Elas, tanto quanto
nós, têm direito a um pouco de alegria e é exatamente
isto que estamos lhes ensinando — a ser alegres.
Mas se a idéia de ensinar seu filho a ler não lhe
parece boa, não o faça. Ninguém deve ensinar sua
criança a ler só para estar em pé de igualdade com os
vizinhos. Se fizer isto, você é uma má professora. Se
você quiser ensinar pelo simples prazer de fazê-lo,
esta é uma esplêndida razão.
228 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Se temos que lidar com os problemas, por que não


compartilharmos também as alegrias com nossos
filhos, ao invés de permitir que estranhos o façam.
Que satisfação é abrir para a criança as portas do
mundo das palavras douradas, de esplendor e
admiração contidos nos livros de seu idioma. Isto é
bom demais para ser transferido a um estranho. Este
alegre privilégio pertence à mamãe e ao papai.

SEJA CRIATIVA

Há muito tempo nós aprendemos que se dissermos


às mães qual o objetivo de qualquer projeto que diga
respeito a seus filhos, se você lhes der em linhas
gerais o que deve ser feito, pode parar naquele
momento de se preocupar. Os pais são
extraordinariamente criativos e, se conhecem os seus
limites, normalmente inventarão métodos melhores do
que aqueles que foram aconselhados a usar.
As crianças têm várias características em comum
(entre elas está a capacidade de ler em tenra idade),
mas cada uma é bastante singular. Ela é um produto
da sua família, sua vida e sua casa. Gomo são todas
diferentes, há muitos jogos que a mãe pode usar para
fazer da leitura uma brincadeira agradável. Obedeça
as regras, mas vá em frente e acrescente coisas que
você sabe, irão agradar à sua criança. Não tenha receio
de modificar algumas coisas que tenham sido
mostradas aqui.
Sobre a alegria 229

RESPONDA A TODAS AS PERGUNTAS DE SEU FILHO

Ele vai ter mais de mil. Responda-as o mais séria e


exatamente que puder. Você acaba de abrir uma
grande porta ao ensiná-lo a ler. Não se surpreenda
com a enorme quantidade de assuntos que irão
interessá-lo. A pergunta mais comum que você vai
ouvir será: “O que é esta palavra?” E assim ele vai
aprender a ler todos os livros daqui por diante. Sempre
lhe diga qual é a palavra. Você vai constatar que seu
vocabulário básico vai crescer com muita rapidez se
fizer isto.

DÊ-LHE UM MATERIAL DE LEITURA CONVENIENTE

Existem tantas coisas maravilhosas para serem


lidas que pouquíssimo tempo deveria ser dedicado às
porcarias.
Talvez a coisa mais importante, de maneira geral, é
que a leitura lhe dá a oportunidade de passar mais
tempo em um contato pessoal, fascinante e próximo,
com o seu filho. Tire proveito de cada oportunidade de
estar com ele. A vida moderna tem separado as mães
de seus filhos. Eis a perfeita oportunidade de ficar
junto deles. O amor, a admiração e o respeito mútuo
resultantes deste contato valerão mil vezes a pena
todo o tempo despendido.
Parece conveniente terminar analisando o que isto
vai significar em relação ao futuro.
230 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Através da História o homem tem acalentado dois


sonhos. O primeiro deles e o mais simples é mudar o
mundo para melhor. Nós tivemos sucesso com isto, de
maneira fantástica. Na virada do século o homem não
era capaz de viajar mais rápido do que um pouco além
de 160 km por hora. Hoje ele é capaz de voar através
do espaço a mais de 27.000 km por hora. Nós criamos
drogas milagrosas capazes de dobrar o seu tempo de
vida. Nós aprendemos a projetar nossas vozes e
nossas imagens pelo espaço, através do rádio e da
televisão. Nossos edifícios são verdadeiros milagres de
altura, beleza e conforto. Nós mudamos o mundo à
nossa volta de maneira extraordinária.
E o homem propriamente dito? Ele vive mais
porque inventou melhores remédios. Ele está mais alto
porque os meios de transporte que inventou trazem
grande variedade de alimentos, portanto nutrição,
mesmo de lugares bem distantes.
E o homem em si? Existem agora homens comum
gênio criativo maior do que Leonardo da Vinci?
Melhores escritores do que Shakespeare? Há homens
com conhecimento mais amplo e visão de futuro
melhor do que Benjamim Franklin e Thomas
Jefferson?
Desde tempos imemoriais tem havido homens que
alimentaram o segundo sonho. Por séculos, alguns
tem ousado perguntar: “E o homem em si?” A medida
em que o mundo à nossa volta vai crescendo de
maneira mais complexa, deixando-nos meio sem
fôlego, sentimos a necessidade de uma espécie nova
de homem, melhor e muito mais sábia.
Sobre a alegria 231

Por necessidade, as pessoas tomaram-se mais


especializadas e limitadas. Não há mais tempo para
aprender sobre tudo. No entanto, temos que encontrar
maneiras de lidar com situações, para dar a mais gente
a oportunidade de receber os conhecimentos que a
humanidade tem acumulado durante todos esses anos.
Nós não podemos resolver estes problemas indo
para a escola pelo resto da vida. Quem vai dirigir o
mundo e ganhar o pão de cada dia?
Fazer o homem viver mais tempo não resolve este
problema. Mesmo se um gênio como Einstein tivesse
vivido cinco anos a mais, teria ele feito maiores
contribuições para o conhecimento do mundo? É
pouco provável. Longevidade não é sinônimo de
criatividade.
A resposta a este problema pode já ter lhe ocorrido.
Suponhamos que as crianças fossem expostas a esta
grande quantidade de conhecimento acumulada pelo
homem, cinco anos antes do que são agora. Imaginem
o que aconteceria se Einstein tivesse podido ter mais
cinco anos de vida criativa. Imaginem o que
aconteceria se as crianças pudessem assimilar toda a
sabedoria e conhecimento do universo, anos antes do
que lhes é agora possível.
Que raça e que futuro poderíamos ter, se não
desperdiçássemos a vida das crianças, numa época em
que sua capacidade de assimilar a linguagem de todas
as formas está no auge.
Certamente não se questiona mais se criancinhas
podem aprender a ler ou não. A pergunta agora é,
simplesmente, o que elas vão ler.
232 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

A questão de verdade, agora que ò segredo foi


revelado, é nova. Agora que as crianças podem ler e
assim aumentar seu conhecimento, além dos sonhos
mais ousados de qualquer um de nós, qual será o seu
grau de tolerância em relação a este velho mundo, e a
nós, seus pais, que podemos não parecer tão
inteligentes pelos seus padrões?
Há muito tempo atrás, alguém disse com sabedoria,
que a pena é mais poderosa do que a espada. Nós
devemos, acho eu, aceitar a crença de que o
conhecimento gera maior compreensão e assim coisas
melhores, enquanto a ignorância só leva ao mal.
As crianças já começaram a ler e assim a ampliar o
seu conhecimento. Se este livro só for capaz de fazer
com que uma leia mais cedo e melhor, terá
compensado o esforço despendido. Quem sabe o que
uma criança superior a mais vai significar para o
mundo? Quem pode afirmar, no fim de tudo, qual vai
ser para o homem, a soma total dos benefícios
resultantes deste grande e crescente movimento já
iniciado, esta suave revolução.
agradecimentos

Ninguém é capaz de escrever um livro totalmente


sozinho; atrás de toda obra há sempre uma longa fila
de pessoas que a tomaram possível. Em um passado
recente estas pessoas estavam em evidência, mas à
proporção que vão ficando para trás, a imagem dos
que colaboraram vai sendo obstruída e finalmente
bloqueada pela névoa do tempo. Outros que
contribuíram para um ideal passaram em total
obscuridade sem receber as glórias devidas.
Certamente a linhagem descendente deste trabalho
vai até o passado quase invisível para incluir aqueles
que cooperaram ainda que com uma simples frase ou
ideia, para completar o quebra-cabeças. Deve incluir
também um grupo de mães que sabiam, guiadas pelo
cérebro e pelo coração, que suas crianças eram mais
capazes do que o mundo acreditava possível.
Em resumo, além daqueles citados
individualmente, eu gostaria de agradecer a todos os
outros que, na história, acreditaram firmemente que
as crianças eram bem superiores a noção que os
adultos tinham delas.
234 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Entre muitos gostaria de destacar:


O Dr. Temple Fay, decano dos neurocirurgiões, que
tinha uma imensa curiosidade e singular capacidade
de questionar se “verdades” aceitas eram boas ou não,
e quem primeiro nos motivou.
Mary Blackburn, a eterna secretária, que vivia para
a Clínica das Crianças e que, podemos afirmar, morreu
por ela.
Dr. Eugene Spitz, neurocirurgião pediatra, que
acredita “não existir um ato mais radical do que ver
uma criança morrer, sabendo que ela vai morrer e não
fazer nada a respeito”. Ele tem feito bastante sobre
isto.
Dr. Robert Doman, Fisiatra e Pediatra, Diretor
Médico dos Institutos Para o Desenvolvimento do
Potencial Humano, que queria que olhássemos para
cada criança como se fosse única.
Dr. Raymundo Véras, Médico Fisiatra brasileiro, que
voltou a seu país para ensinar as professoras.
Dr. Carl Delacato, Diretor do Instituto Para
Tratamento de Problemas de Leitura, que não nos
deixava esquecer as crianças.
Dr. Edward B. LeWinn, Diretor do Instituto de
Pesquisa, que nos incitava-a examinar o líquido
cerebrospinal em busca de provas.
Florence Scott, enfermeira que gostava tanto de
crianças que tinha sua maneira própria de comunicar-
se com elas.
Agradecimentos 235

Lindley Boyer, Diretora do Rehabilitation Center at


Philadelphia, que nunca parou de nos motivar a
terminar o trabalho.
Greta Erdtman, secretária executiva que soube me
dar privacidade quando mais precisei.
Betty Milliner cujo trabalho foi minucioso.
Além deste grupo houve outras pessoas que nos
ajudaram e estiveram conosco nos dias de obscuridade
e pesquisa.
Helen Clarke, Herbert Thiel, Dora Kline Valentine,
Gene Brog, Lloyd Wells, Frank McCormick, Robert
Magee, Hugh Clarke, Gilbert Clarke, Harry Valentine,
Edward e Dorothy Cassard, General Arthur Kemp,
Hannah Cooke, Frank Cliffe, Chatam Wheat, Anthony
Flores, Trimble Brown, Adjunto Geral da Pensilvâria
Thomas R. White Jr., Edward e Pat O’DonnelI,
Theodore Donahue, Harold McCuen, John e Mary
Begley, Claude Cheek, Martin Palmer, Signe
Brunnstromm, Agnes Seymour, Betty Marsh, Dr.
Walter McKinney, Juiz Summerill, George Leyrer,
Raymond Schwartz, Ralph Rosenberg, Charlotte
Kornbluh, Alan Emlen, David Taylor, Brooke Simcox.
William Reimer, Emily Abel, Doris Magee, Joseph
Barnes, Norma Hoffman, Tom e Sidney Carroll, Bea
Lipp, Miles e Stuart Valentine, Morton Berman, John
Gurt e muitos outros.
O Conselho Médico que tem apoiado enormemente
o nosso trabalho. E aos médicos que têm, de coração,
dado toda a sua contribuição.
236 Como Ensinar Seu Bebê a Ler

Dr. Thaine Billingsley, Dr. Charles DeLone, Dr. Paul


Dunn, Dr. David Losow, Dr. William Ober, Dr. Robert
Tentler, Dr. Myron Segai e Dr. Richard Darnell.
Meus filhos Bruce, Janet e Douglas que
contribuíram inspiradora e materialmente para este
livro.
Robert Loomis, meu editor que lidou comigo de
maneira diplomática e paciente.
Por último o meu agradecimento é dirigido a esses
excelentes professores, as crianças, que me ensinaram
mais do que ninguém, especialmente Tommy Lunsky
e Walter Rice.
sobre o autor

GLENN DOMAN diplomou-se pela Universidade da


Pensilvânia em 1940 e começou sua pioneira batalha
no campo do desenvolvimento cerebral infantil,
somente interrompida para que pudesse servir como
oficial de honra da infantaria de combate, durante a
segunda guerra mundial. Ele fundou os Institutos Para
o Desenvolvimento do Potencial Humano em 1955. No
início dos anos 60, o trabalho mundialmente famoso
dos Institutos com crianças de cérebro lesado gerou
descobertas vitais sobre o crescimento e
desenvolvimento de crianças normais. Como Ensinar
Seu Bebê a Ler foi publicado em 1964. Seria o primeiro
do que logo se tomaria a série “Suave Revolução”. O
Que Fazer Pela Criança de Cérebro Lesado foi
publicado em seguida. Existem agora seis livros desta
série, e o mais recente é Como Tornar o Seu Bebê
Fisicamente Superior.
Seu mais precioso bem é uma coleção de mais de
cem mil cartas de mães do mundo inteiro, relatando
suas agradáveis experiências, ao ensinarem seus
filhos a ler.
Entre as honrarias recebidas de diversas partes do
mundo, destaca-se a ordem do Cruzeiro do Sul, do
governo brasileiro, pela sua contribuição em prol das
crianças do Brasil e do mundo.

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