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em Medicina Veterinária
de Pequenos Animais
Leandro Z. Crivellenti e
Sofia Borin- Crivellenti
2^ Edi çã o
Editora
CASOS DE ROTINA
em Medicina Veterinária
de Pequenos Animais t
4
Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Sofia Borin -Crivellenti
Editora MedVet, 2â edição, 2015
ISBN: 978-85-62451-36- 2
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seja este eletrónico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia
autorização escrita da Editora.
2a EDIÇÃO
Editora
MedVet
Dedico este livro à memória do meu pai Luiz
e às três grandes mulheres da minha vida,.
Ç. «‘ •
MICHIKO SAKATE
Médica Veterinária pela Universidade Estadual Paulista
( Unesp), Câmpus de Botucatu, SP. Mestre em Medicina Ve-
terinária pela Unesp, Câmpus de Botucatu, SP. Doutora em
Patologia Experimental e Comparada pela Universidade de
São Paulo ( USP ), São Paulo, SP. Pós-doutorado em Toxicolo-
gia Animal pela Tokyo University of Agriculture and Technolo-
gy, Japão. Livre- docente em Toxicologia Animal pela Unesp,
Câmpus de Botucatu, SP. Professora Adjunto de Clínica Médi-
ca de Pequenos Animais da Unesp, Câmpus de Botucatu, SP.
Experiê ncia na área de Medicina Veteriná ria, com ê nfase em
Toxicologia Animal, atuando principalmente nos seguintes te-
mas: praguicidas, rodenticidas, animais peçonhentos, intoxi-
cação medicamentosa, plantas tóxicas, cães e gatos.
TATIANA CHAMPION
Graduada em Medicina Veteriná ria pela Universidade Federal
do Paraná, Curitiba, PR. Especialização Latu sensu em Clínica
de Animais de Companhia pela Pontifícia Universidade Cató-
lica do Paran á, Curitiba, PR. Residência em Clínica Médica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias ( FCAV ) da Universidade Es -
tadual Paulista ( Unesp) , Câ mpus de Jaboticabal, SP. Mestrado
e Doutorado em Medicina Veterinária (Clínica Médica) pela
FCAV / Unesp, Câmpus de Jaboticabal, SP. Professora de Clí-
nica de Animais de Companhia da Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus Realeza, PR.
MENSAGEM DOS AUTORES ( 2â edição)
Sofia e Leandro
PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
1 ANESTESIOLOGIA
Denise Tabacchi Fantoni
Denise Aya Otsuki
Cardiopatas .... 1
Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventrículo Direito• •
9 1
Cardiomiopatia Dilatada vr• i 2
Cardiomiopatia Hipertrófica.... 3
Distúrbios de Condução ...... 4
Bloqueio Atrioventricular de Primeiro Grau
( BAV 1 Grau) 4
Bloqueio Atrioventricular ( BAVT) de Segundo
Grau e Terceiro Grau 5
Bloqueio de Ramo Direito ( BRD ) 6
Doen ça do Nó Sinoatrial ( DNSA ) 7
Doença Valvular Crónica de Mitral ( DVCM ) 9
Patência de Dueto Arterioso ( PDA ) 11
Dilatação/ Torção Vólvulo-Gástrica 14
Disfun ção Respiratória 16
Bronquite e Asma 16
Colapso de Traqueia 18
Pneumonia 18
Síndrome das Vias Aéreas dos Cães Braquicefálicos 19
Dist úrbios Neurológicos 21
Epilepsia Primária 21
Estado Epiléptico ou Convulsões em Série 22
Trauma Cranioencefálico 24
Trauma Medular 27
Dist ú rbios Reprodutivos 28
Gestação 28
Piometra 30
Doença Renal Crónica 32
Endocrinopatas 34
Diabetes Mellitus 34
Feocromocitoma 36
Hiperadrenocorticismo (HAC) 38
Obesidade 39
Geriátrico (sem outras enfermidades) 41
Hepatopatas 42
Neonatos/ Filhotes 44
Obstrução Urinária 46
Pacientes com Neoplasias 48
Apêndices
Avaliação do Paciente Segundo a Associação
Americana de Anestesiologistas 50
AINEs - Seletividade por COX2 51
Choque Hemorrágico 51
Critérios de Diagnóstico de Sepse e Choque Séptico 52
Escada de Dor e Analgesia 53
Fluidoterapia Transoperatória - Doses Recomendadas
de acordo com o Porte da Cirurgia 53
Sedação e Anestesia para Procedimentos Ambulatoriais
e/ ou Pouco Invasivos ( Mínimo Trauma Cir úrgico e
Sangramento) 54
Bibliografia 55
2 CARDIOLOGIA
Joã o Paulo da Exaltação Pascon
Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventr ículo Direito 61
Cardiomiopatia Chagásica Canina 62
Cardiomiopatia Dilatada Canina ( CMD) 63
Cardiomiopatia Dilatada Felina 65
Cardiomiopatia Hipertrófica Felina 66
Cardiomiopatia Restritiva Felina 68
Comunica ção Interventricular (CIV ) 68
Dirofilariose 69
Displasia de Valva Tricúspide 72
Efusão Pericá rdica 73
Endocardiose 75
Endocardite Infecciosa 77
Estenose Aórtica 77
Estenose Pulmonar : 78
Hipertensão Arterial 79
Hipertensão Arterial Pulmonar ( HAP ) 80
Persistê ncia de Dueto Arterioso ( PDA ) 81
Tetralogia de Fallot 82
Tromboembolismo Arterial ( Felinos) 83
Apêndices
Classificação Funcional da ICC 85
Classificação da Endocardiose Valvar Canina 85
Classificação Clínica da Dirofilariose 86
Grau de Intesidade do Sopro ( I a VI ) 86
Focos de Auscultação Cardíaca 86
Representação Gráfica do Registro Eletrocardiográfico
Normal em Pequenos Animais 87
Valores Eletrocardiográficos de Referência 87
Principais Ritmos e Arritmias de Cães e Gatos 88
Bibliografia 90
3 DERMATOLOGIA
Mariana Cristina Hoeppner Rondelli
Mirela Tinucci -Costa
Abscesso Cutâneo 91
Acne ou Foliculite ou Furunculose do Focinho 92
Adenite Sebácea 93
Alopecia Psicogênica 94
Atopia ou Dermatite Atópica ou Alergia Ambiental 95
Blefarite 98
Celulite Juvenil ou Piodermite Juvenil 99
Ceratose de Ponto <de Apoio (“Calo de Apoio” ) 100
Complexo Pê nfigo 101
Criptococose 103
Demodiciose 104
Dermatite Acral por Lambedura .... 106
Dermatite Actínica ou Dermatite Solar 107
Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas ( DAPE)
ou Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas ( DAPP)
ou Dermatite Alérgica à Saliva de Pulgas ( DASP ) .... 109
Dermatite Alérgica de Contato ou Dermatite de
Contato Irritativa 112
Dermatite Trofoalérgica ou Hipersensibilidade
Alimentar 113
Dermatite Úmida Aguda (DUA) 115
Dermatofitose 115
Dermatomiosite Familial Canina e Dermatomiosite
Não Familial Canina 117
Dermatose ou Seborreia Marginal Canina da Orelha .. 118
Escabiose Canina 119
Escabiose Felina 120
Farmacodermia ou Reação Urticariforme a Medica ções... 121
Fístula Perianal 121
Foliculite Bacteriana Superficial ou Profunda 122
Foliculite Eosinof ílica ou Furunculose Eosinof ílica .. 123
Impetigo pu Dermatite Pustular Superficial 124
Intertrigo ou Dermatite das Dobras Cutâneas 124
Lúpus Eritematoso Discoide ( LED ) 125
Lúpus Eritematoso Sistémico ( LES) - Complicações
Dermatológicas 126
Malasseziose ou Dermatite por Malassezia 127
Miíases Primá ria ( Berne) e Secund á ria 128
Otite Externa Bacteriana 130
Otite Externa Fú ngica 131
Otite Externa Inflamatória ou Alérgica 132
Otite Média/ Interna Bacteriana 133
Oto- Hematoma 134
Queimadura 135
Seborreia 136
Úlcera Indolente Felina ou Úlcera Eosinofílica Felina 137
Vitiligo 138
Apêndice
Guia de Coleta de Amostras em Dermatologia
Veterinária 139
Bibliografia 143
4 DOENÇ AS INFECCIOSAS
Marlos Gonçalves Sousa
Actinomicose 145
Babesiose 146
Bartonelose 147
Blastomicose 148
Borreliose 149
Botulismo 150
Brucelose 151
Cinomose 152
Coccidioidomicose 153
Complexo Respiratório Felino 155
Criptococose 156
Cytauxzoonose 157
Dirofilariose 158
Erliquiose 159
Esporotricose 160
Hepatite Infecciosa Canina 161
Hepatozoonose 162
Herpesvirose Canina 163
Histoplasmose 163
Imunodeficiência Virai Felina ( FIV) 164
Leishmaniose 166
Leptospirose 167
Leucemia Virai Felina ( FeLV) 168
Micobacterioses 169
Micoplasmose Hemotrópica Felina ( Hemobartonelose) •• 170
*
Neosporose 171
Nocardiose 172
Panleucopenia Felina 173
Parvovirose / Coronavirose Canina 174
Peritonite Infecciosa Felina ( PIF) 175
*
Tétano 176
Toxoplasmose 178
Traqueobronquite Infecciosa Canina ( Tosse dos Canis ) 179
Tripanossomíase 180
Apêndices
Diluição do Interferon a 181
Teste de Sensibilidade à Antitoxina Tetânica 182
Bibliografia 182
Apêndices
Artrografia 226
Membros Acometidos por Alterações Locomotoras e
Neurológicas 227
Bibliografia 227
6 ENDOCRINOLOGIA
Sofia Borin-Crivellenti
Cetoacidose Diabética ( CAD ) 231
Diabetes Insipidus ( Dl ) 235
Diabetes Mellitus ( DM ) Canino 237
Diabetes Mellitus ( DM ) Felino 240
Hiperadrenocorticismo ( HAC) Canino
( Hiperadrenocortisolismo/Síndrome de Cushing) 242
Hiperparatireoidismo ( HPT ) 250
Hipertireoidismo Felino (Tireotoxicose) 254
Hipoadrenocorticismo (Doença de Addison ) 257
Fíipotireoidismo Canino ( FíTC ) 260
Apêndices
Algoritmo da Abordagem Clínica do Paciente
Hipercalcêmico 262
Curva Glicê mica 264
Testes da Função Tireoidiana 264
Testes de Concentração Urinária 266
Testes do Eixo Hipofisário- Adrenal 268
Tipos de Insulina e Cálculo das Unidades Terapêuticas 270
Bibliografia 272
7 ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS
Tatiana Champion
Asma Felina 275
Bronquite Crónica Canina 278
Colapso de Traqueia 280
Complexo Respiratório Felino 282
Edema Pulmonar Cardiogênico 282
Efusões Pleurais 282
Piot órax 284
Quilotórax 285
Fibrose Pulmonar Idiopática Canina 286
Hipertensão Pulmonar 288
Paralisia de Laringe 289
Pneumonia Aspirativa .. 290
Pneumonia Bacteriana 292
Pneumopatias Intersticiais 293
Respiração Paroxística Inspiratória ( Espirro Reverso) 294
Rinite 295
Sí ndrome das Vias Aéreas dos Cães Braquicefátycos 297
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA ) ... 298
Traqueobronquite Infecciosa 300
Tromboembolismo Pulmonar 300
Apêndices
Lavado Broncoalveolar 302
Lavado Traqueal ou Traqueobrônquico 303
Bibliografia 305
8 GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA
Carolina Franchi João
Cirrose / Fibrose Hepática 309
Coccidiose 311
Colângio- Hepatite Felina 312
Colecistite 314
Colite Bacteriana 316
Coprofagia 317
Corpo Estranho Gástrico ou Intestinal 317
Corpo Estranho Linear 318
Dilatação / Torção Vólvulo - Gástricas 319
Doença Inflamatória Intestinal 321
Doença Periodontal 323
Encefalopatia Hepática ( EH ) 325
Estenose Pilórica Hipertrófica 326
Fístula Perianal 327
Gastrite Aguda 329
Gastrite Crónica 330
Gastroenterite Virai 331
Giardíase .... 332
Hepatite Crónica 333
Insuficiência Pancreática Exócrina ( IPE) 335
Intussuscepção 336
Lipidose Hepática Felina 337
Megaesôfago 338
Pancreatite Aguda 339
Pancreatite Crónica 341
Parasitismo Intestinal 342
Shunt Portossistêmico 343
Torção Vólvulo-Gástrica 344
Verminose 344
Apêndices
Antieméticos ( opções) 344
Cintilografia Portorretal 345
Classificação das Diarreias 345
Diferenciais entre Vómito e Regurgitação 346
Dosagem Sé rica dos Ácidos Biliares 346
Êmese ( Forçada ) 346
Enema Contrastado 347
Laxantes 348
Portografia Mesenté rica Cir úrgica 349
Teste de Tolerâ ncia a Amónia 349
Teste para Detecçã o de Tripsina Livre Fecal 349
Trâ nsito Gastrointestinal ( Estudo Contrastado) 350
Bibliografia 351
9 HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA
Sofia Borin -Crivellenti
Anemia Hemolítica 355
Anemia Hemolítica Imunomediada ( AHIM) 356
Anemia Hemorrágica Aguda 359
Anemia Hemorrágica Crónica 361
Anemias Hipoproliferativas ( Hipoplásicas) 362
Aplasia/ Hipoplasia da Medula Óssea 364
Coagulação Intravascular Disseminada ( CIVD ) 366
Hemofilias 369
Lúpus Eritematoso Sistémico ( LES ) 370
Policitemia Absoluta 372
Policitemia Relativa / 374
Trombocitopenia Imunomediada ( TIM ) 375
Apêndices
Fluidoterapia Parenteral 376
Hemogasometria 379
Transfusão Sanguí nea 380
Bibliografia 385
10 INTOXICAÇÕ ES E ENVENENAMENTOS
Michiko Sakate
Paulo César Jark
Acidente com Abelhas 389
Acidente Botrópico 391
Acidente Crotálico 392
Acidente Elapídico ( Gênero Micrurus) 394
Acidente Laquético ( Gênero Lachesis ) 395
Araneísmo 396
Aranha - Marrom ( Loxosceles spp.) 396
Aranha Armadeira ( Phoneutria spp.) 397
Escorpionismo 398
Intoxicação por Acetoaminofeno
( Paracetamol®, Tylenol® ) 400
Intoxicação por Ácido Acetilsalicílico
( Aspirina, AAS, Melhorai Infantil) 401
Intoxicação por Amitraz ( Triatox -Bayer )
®
403
Intoxicação por Avermectinas e Milbemicinas 404
Intoxicação por Bufotoxina ( Veneno de Sapo) 405
Intoxicação por Cumarí nicos e Idandiônicos
( Rodenticidas) 406
Intoxicação por Estricnina 408
Intoxicação por Fenazopiridina ( Pyridium )
®
409
Intoxicação por Fluoroacetato de Sódio 410
Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos 411
Intoxicação por Piretrinas e Piretroides 413
Apêndice
Organogramas das Intoxicações e Envenenamentos ..415
Bibliografia 417
11 NEFROLOGIA E UROLOGIA
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Cistite Bacteriana 419
Cistite Idiopática dos Felinos ( Cistite Intersticial Felina ) .. 419
Divertículos Vesicouracais 421
Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos ( DTUIF)
- Gatos Não Obstruídos 422
Doen ça do Trato Urinário Inferior dos Felinos ( DTUIF)
- Gatos Obstruídos 423
Doença Renal Congénita 426
Doença Renal Crónica ( DRC) em Cães 428
Doença Renal Crónica ( DRC ) em Gatos 436
i
Apêndices
Biópsia Renal 476
Diálise Peritoneal ( DP) 477
Estadiamento do Doente Renal Crónico 477
Estimativa da Taxa de Filtração Glomerular 479
Hemodiálise ( HD ) 480
U- P/ C ( Razão Proteína / Creatinina Urinária) 480
Uretrocistografia Retrógrada 481
Urografia Excretora 481
Variação do Volume Urinário e da Frequência de
Micção 482
Bibliografia 482
12 NEONATOLOGIA
Camila Infantosi Vannucchi
Maria Lúcia Gomes Lourenço
Anasarca Congénita 487
Anencefalia, Lisencefalia e Hidrocefalia 488
Atresia Anal/ Fístula Retovaginal 490
Brucelose Canina 491
Conjuntivite Neonatal 493
Fenda Palatina / Lábio Leporino 494
Herpesvirose Canina 496
Hipoxemia Neonatal 497
Isoeritrólise Neonatal Felina 499
Onfaloflebite Neonatal 500
Septicemia Neonatal 501
Síndrome do Filhote Nadador 503
Síndrome do Leite Tóxico 504
Síndrome Hemorrágica do Neonato 506
Tr íade Cr ítica do Recém- Nascido ou Síndrome do
Definhamento 507
Ví rus Minuto Canino (VMC ) 510
Apêndices
Aleitamento Artificial do Neonato 511
Sondagem Orogástrica 512
Via de Acesso Intraóssea (IO) 513
Terapêutica Neonatal 514
Bibliografia 515
14 NUTROLOGIA
M árcio Antonio Brunetto
Sandra Prudente Nogueira
Sofia Borin -Crivellenti
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Manejo Nutricional das Cardiopatias (geral ) 607
Manejo Nuticional da Colangite e
Colângio- Hepatite Felina 613
Manejo Nutricional da Colite 614
Manejo Nutricional da Constipação, Obstipação e
Megacólon Felino 615
Manejo Nutricional do Paciente com
Diabetes Mellitus ( DM ) 617
Manejo Nutricional da Dilatação
Vólvulo-Gástrica ( DVG ) 619
Manejo Nutricional da Doença Inflamatória
Intestinal ( DII ) 621
Manejo Nutricional da Doença Renal Crónica ( DRC) 623
Manejo Nuticional da Encefalopatia Hepática ( EH ) 627
Manejo Nutricional da Gastrite Aguda 631
Manejo Nutricional da Gastrite Crónica 634
Manejo Nuticional da Hepatite Crónica e
Cirrose Hepática 635
Manejo Nutricional das Hepatopatias 637
Manejo Nutricional da Insuficiência Pancreática
Exócrina ( IPE ) 642
Manejo Nuticional da Lipidose Hepática Felina ( LHF) 644
Manejo Nutricional do Megaesôfago 649
Manejo Nutricional do Paciente com Neoplasia 650
1
*
-
Apêndices
Avaliação Nutricional ( Escore de Condição
Corporal ) 663
Como Prescrever e Calcular a Dieta 668
Dietas Caseiras 671
Fluidoterapia Microenteral 672
Nutrição Enteral 673
Nutrição Parenteral ( NP) 676
Tubos Alimentares 678
Bibliografia 679
15 OFTALMOLOGIA
Alexandre Pinto Ribeiro
Atrofia de Retina Hereditá ria 683
Atrofia de Retina por Enrofloxacino 684
Atrofia de Retina por Ivermectina 684
Catarata 685
Catarata Diabética 687
Ceratite Superficial Crónica ( Panus Oftálmico) 689
Ceratoconjuntivite Seca (CCS) 690
Conjuntivite Folicular 691
Conjuntivite Neonatal 692
Degeneração Corneai 692
Distiquíase 693
Distroíias Corneais 694
Ectrópio 695
Entrópio 695
Episclerite/ Esclerite 697
Esclerose Lenticular 698
Everção da Cartilagem da Terceira Pálpebra 698
Flórida Spots ou Ceratopatia da Flórida 699
Glaucoma Primário 699
Glaucoma Secundário 701
Laceração Palpebral 702
Lágrima de Má Qualidade 703
Manifestação Ocular do Complexo Respiratório
dos Felinos 704
Obstrução do Dueto Nasolacrimal 705
Olho Azul/ Ceratopatia Bolhosa 706
Proptose Traumática do Bulbo do Olho 707
Protrusão da Glândula da Terceira Pálpebra 708
Sequestro Corneai 709
Subluxação/ Luxação da Lente 710
Triquíase 712
Úlcera de Córnea com Destruição do Limbo 713
Úlcera de Córnea Indolente
(Ceratite Superficial Espont ânea Crónica ) 714
Úlcera de Córnea Profunda 715
Úlcera de Córnea Superficial 716
Uveíte Anterior 718
Uveíte Posterior e Panuveíte 720
Apêndices
Eletrorretinografia em Flash 721
Teste da Lágrima de Schirmer 722
Bibliografia 722
16 ONCOLOGIA
Andrigo Barboza De Nardi
Carcinoma de Células Transicionais 727
Carcinoma Espinocelular 728
Carcinoma Inflamatório 730
Hemangiossarcoma ( HSA ) 731
Insulinoma 733
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA ) !... 735
Leucemia Linfocítica Crónica ( LLC) 738
Linfomas em Cães 739
Linfomas em Gatos 744
Mastocitomas 749
Melanoma 751
Mesotelioma 752
Mieloma Múltiplo 754
Neoplasias Mamárias Malignas em Cadelas 756
Neoplasias Mam árias Malignas em Gatas 758
Neoplasias Prostáticas 759
Neoplasias Testiculares 760
Osteossarcoma 760
Sarcoma Histiocítico (SH) 762
Sarcomas de Aplicação 763
Sarcomas de Tecidos Moles (STM ) 765
Tumor Venéreo Transmissível (TVT) 766
Apêndices
Cuidados com os Animais em Quimioterapia
Antineoplásica 767
Cuidados na Manipulação de Quimioterápicos
Antineoplásicos 768
Tabelas de m 2 770
Bibliografia 771
17 TERIOG ENOLO GIA
Tathiana Ferguson Motheo
Abscessos Prostáticos 775
Cistos Foliculares ( CF ) 778
Cistos Paraprost áticos 780
Cistos Prostáticos 782
Criptorquidismo 783
Dermatite Escrotal 784
Distocia ou Parto Anormal 784
Eclâmpsia, Febre do Leite ou Hipocalcemia Pós- Parto 787
Fimose 789
Hidrocele 790
Hiperplasia e Prolapso Vaginal 791
Hiperplasia Fibroadenomatosa Mamária Felina ( HFMF ) . 792
Hiperplasia Prostática Benigna ( HPB) 794
Mastite 797
Metaplasia Escamosa Prostática 798
Metrite 799
Neoplasia Prost ática 800
Neoplasias Testiculares 801
Orquite e Epididimite 803
Parafimose 804
Piometra - Complexo Hiperplasia Endometrial Cística 805
Piometra de Coto 808
Prolapso Uterino 808
Prostatite Aguda 809
Prostatite Crónica 811
Pseudogestação ( Pseudociese ou Gravidez Psicológica ) •••• 811
Sí ndrome do Ovário Remanescente 812
Subinvolução dos Sítios Placentários (SSP) 813
Torção Testicular 813
Vaginite 814
Apêndices
Bacté rias e Antibióticos na Doença Prostática 816
Citologia Vaginal 816
Determinação do Volume Prostático em Cães 817
Perfil Hormonal do Ciclo Estral de Cadelas .... 818
Bibliografia 818
18 VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÃO
Alexandre Gonçalves Teixeira Daniel
Paulo S érgio Salzo
Cães Adultos Saudáveis 821
Cães Adultos Saudáveis Não Imunizados Anteriormente . 822
Cães Imunossuprimidos ou Portadores de Doen ças
Cr ónicas 822
Filhotes de Cães Saudáveis 823
Filhotes de Cães Que Não Tiveram Acesso ao Colostro .... 824
Filhotes de Gatos Saudáveis 824
Filhotes de Gatos Origin ários ou Mantidos em
Ambientes Superpopulosos 825
Gatos Adultos 826
Gatos Adultos em Ambientes Superpopulosos 827
Gatos Imunossuprimidos 828
Giardíase 829
Leishmaniose 829
Traqueobronquite Infecciosa Canina 830
Apêndices
Tipos e Classificação de Vacinas para Gatos . 831
Vacinas Disponíveis no Mercado Brasileiro.. 833
Bibliografia 837
CARDIOPATAS
CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNICA
DO VENTRÍCULO DIREITO
DESCRIÇÃO: Cardiomiopatia com predisposição racial
para o Boxer e que está relacionada a infiltração de teci-
do gorduroso no ventrículo direito e esquerdo gerando
focos de arritmia, geralmente, batimentos ventriculares
prematuros (VPC) e taquicardia ventricular, podendo
causar síncope, fraqueza, morte súbita, ou evoluir para
insuficiência cardíaca congestiva (vide “Cardiomiopatia
arritmogênica do ventrículo direito”, cap. 2. Cardiologia ).
AVALIA ÇÃO PR É- ANESTÉSICA: O ECG recente deno-
tará a presença de arritmia e sua gravidade. Exames labo-
ratoriais de rotina devem ser solicitados para se excluir
qualquer outra alteração, assim como os distú rbios hi-
droeletrolíticos devem ser descartados.
PROTOCOLOS /MONITORAÇÃ O: Os Boxers, assim
como os demais cães braquicefálicos, são especialmen -
te sensíveis aos fenotiazínicos, que no entanto podem
ser utilizados em doses baixas - acepromazina 0,02-
0,03 mg/ kg, IM. É sempre importante relembrar que no
animal com estado de alerta normal, e excetuando-se
aqueles de idade avançada, quando se restringe o uso da
MPA, certamente as doses dos fá rmacos de indução se-
rão invariavelmente mais elevadas, ou seja, deve- se pesar
1
2 CAP ÍTULO 1
CARDIOMIOPATIA DILATADA
DESCRIÇÃO: Doença do miocá rdio caracterizada por
disfunção sistólica com dilatação do ventrículo esquer-
do ou de ambos os ventrículos. Algumas raças são pre -
dispostas dentre elas o Dobermann, o Cocker Spaniel e
o Boxer. Os animais podem evoluir para insuficiência
card íaca congestiva e podem apresentar arritmias como
fibrilação atrial ( FA), taquicardia ventricular, bloqueio
de ramo esquerdo, entre outras ( vide “Cardiomiopatia
dilatada”, cap. 2. Cardiologia).
AVALIAÇÃ O PR É- ANEST É SICA: Exames laboratoriais
de rotina, ECG, ecocardiograma recente e RX de tórax
são fundamentais para a avaliação da gravidade do qua -
dro. Valores da fração de ejeção ( FE ) inferiores a 35%
refletem doença grave. A FA pode ocasionar trombo,
tornando o exame ecocardiográfico recente essencial nos
animais com esta arritmia, assim como a necessidade de
terapê utica anticoagulante.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: O objetivo nesta
anestesia é evitar a depressão miocárdica induzida por
ANESTESIOLOGIA 3
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
DESCRIÇÃO: Enfermidade mais prevalente em gatos e
que cursa com hipertrofia do ventrículo esquerdo, obs-
trução dinâmica da via de saída do VE, regurgitação mi-
tral, disfunção diastólica e arritmias.
AVALIAÇÃO PR É- ANEST É SICA: À auscultação de ga -
tos, a presença de sopro pode ser indicativa da doença.
Exames ecocardiogr áfico e eletrocardiográfico são de
fundamental importância para se analisar a gravidade da
doen ça. Medicações como betabloqueadores ou inibido-
res de canais de cálcio devem ser mantidos até o dia da
cirurgia, mesmo em jejum.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: A MPA pode ser reali-
zada com opioides fracos ( meperidina 2-3 mg/ kg ou tra-
madol 2-4 mg/ kg) e/ ou acepromazina. Evitar uso de fár-
4 CAP ÍTULO 1
DISTÚRBIOS DE CONDUÇÃO
Cada dia se torna mais frequente a anestesia de pacientes
com dist ú rbios da condução, tanto para serem submeti-
dos a procedimentos n ão relacionados a doença, como
para seu tratamento (vide “ Principais ritmos e arritmias”,
Apêndice, cap. 2. Cardiologia ).
Classe Descriçã o
Com risco de doenç a cardíaca, mas sem alteração
A
estrutural do coração ou sinais clínicos (sopro)
B1 DVCM, assintomá ticos, sem remodelamento cardíaco
B2 DVCM, assintomáticos, com remodelamento cardíaco
Alteração estrutural do cora çã o com sinais clínicos de
C
ICC (atuais ou anteriores ao tratamento)
ICC refratária ao tratamento padrã o, requerendo
D
intervenções especializadas
DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA
BRONQUITE E ASMA
DEFINIÇÃO: Asma - doença inflamatória das vias aéreas
de causa possivelmente alérgica, com ac ú mulo de muco
e contração da musculatura bronquial, causando limita -
ção da passagem de ar (vide “Asma felina”, cap. 7. Enfer-
ANESTESIOLOGIA 17
COLAPSO DE TRAQUEIA
DEFINIÇÃO: Obstru çã o da traqueia causada por dege-
neração progressiva da cartilagem traqueal, levando ao
achatamento dorsoventral da traqueia (vide “Colapso de
traqueia”, cap. 7. Enfermidades respiratórias).
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉSICA: Além de exames de ro-
tina como ECG, hemograma e painel bioquímico, devem
ser realizados exames radiogr áficos ou fluoroscópico
para avaliação do colapso. També m deve ser avaliada a
presença de outras alterações nas vias aéreas superiores
como colapso laríngeo, eversão de sáculos laríngeos.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: A escolha do proto -
colo anestésico depende do estado geral individual. Os
animais devem ser sedados para diminuir o estresse e a
agitação, que podem agravar a disfunçã o respiratória, e
aqueles muito dispneicos devem receber suplementação
de oxigénio antes da indução. A indução e a intubação
devem ser realizadas de forma rápida para evitar a dessa-
tura ção. A intuba çã o deve ser realizada com sonda com
comprimento suficiente para ultrapassar a entrada do
tórax, tomando- se o cuidado para não realizar uma intu -
bação seletiva de um dos brônquios.
A monitoração deve incluir ECG, pressão arterial não
invasiva ( PANI ), oximetria e capnografia.
A analgesia pós-operatória deverá ser realizada de acor-
do com o grau de dor do procedimento cir ú rgico (vide
Apêndice “Escala de dor e analgesia” ).
PNEUMONIA
DEFINIÇÃO: Inflamação nos pulmões causada por agen -
tes bacterianos, virais ou f ú ngicos (vide “ Pneumonias”,
cap. 7. Enfermidades respirató rias ).
ANESTESIOLOGIA 19
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
EPILEPSIA PRIMÁRIA
DEFINI ÇÃ O: Epilepsia primária ou idiopática é a condi-
ção clínica de convulsões crónicas recorrentes sem causa
definida (ausência de alterações neurológicas estruturais
ou alterações metabólicas ) e idade de in ício entre 1 e 5
anos. Embora menos frequente, pode ser observada tam -
bém em gatos (vide “Epilepsia”, cap. 13. Neurologia).
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉ SICA: Exames de tomografia
computadorizada ou resson ância magn ética e avalia -
ção do líquido cerebroespinhal (LCE ) podem ajudar a
excluir outras condições neurológicas. Os exames pré -
- anestésicos dependerão da condição geral do paciente,
idade e comorbidades.
PROTOCOLOS /MONITORAÇÃ O: Os efeitos dos agen -
tes anestésicos na atividade elétrica cerebral deverão ser
considerados para a escolha do protocolo anestésico, evi -
tando a administração de fá rmacos potencialmente epi-
leptogênicos. Fármacos como alfentanil, cetamina, enflu-
rano, isoflurano e sevoflurano podem causar atividades
22 CAPÍTULO 1
ESTADO EPILÉPTICO
OU CONVULSÕES EM SÉRIE
DEFINIÇÃ O: Condição de risco caracterizada por ativi-
dade convulsiva prolongada por mais de 5 minutos ou
ocorrência de dois ou mais episódios convulsivos sem
recuperação de consciência completa entre eles. O tra-
tamento rápido é extremamente necessário, pois trinta
ANESTESIOLOGIA 23
TRAUMA MEDULAR
DEFINI ÇÃO: A lesão medular traumática pode envolver
luxação ou fratura vertebral, protrusão traum ática de
disco intervertebral, contusão de parênquima medular e
hemorragia extra-axial. As causas relatadas são acidente
automobilístico, queda, esmagamento, mordidas, projé -
til balístico. A lesão do tecido nervoso pode ser classi-
ficada em prim ária ( rompimento resultante do impacto
traumático) ou secundá ria ( resultante de mediadores in -
flamatório e radicais livres, agravada por alterações sis-
témicas como hipotensão, hipóxia, hiper / hipocapnia, hi-
per / hipoglicemia, hipertermia e dist ú rbio eletrolíticos)
(vide “ Trauma vertebromedular”, cap. 13. Neurologia).
DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS
GESTAÇÃO
DEFINIÇÃO: A anestesia em um animal gestante ocorre
não só em procedimentos obstétricos, mas também em
gestantes submetidas a diversos procedimentos durante
o período gestacional, e deve-se considerar não só as al-
terações fisiológicas da gestação, mas també m a farma-
cologia dos agentes anestésicos e os efeitos depressores
sobre os sistemas cardiovascular e neurológico do feto/
neonato. Além disso, grande parte das cirurgias obstétri-
cas é realizada após complicação da gestação e/ ou parto,
colocando em risco a saúde da mãe e dos filhotes. O pro-
tocolo anestésico deve proporcionar uma rápida recupe-
ração materna, com mínima depressão do neonato.
ANESTESIOLOGIA 29
PIOMETRA
DEFINIÇÃO: Afecçã o multissistêmica que afeta cadelas e
gatas, na qual o útero enfermo leva à endotoxemia com
comprometimento de vá rios órgãos, como fígado e rins,
e até mesmo ao choque séptico, com alterações hemodi-
nâmicas e hidroeletrolíticas importantes (vide “Piome-
tra”, cap. 17. Teriogenologia ).
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉSICA: Os exames pré-anes-
tésicos devem incluir hemograma, proteí na total, perfil
bioquímico, ECG e, nos casos mais graves, eletrólitos
e hemogasometria. São frequentemente encontrados
anemia, comprometimento hepático e renal. O quadro
clínico deve ser avaliado com cuidado, identificando os
diferentes graus de sepse e choque séptico (vide Apêndi-
ce “Crité rios de diagnóstico de sepse e choque séptico” ).
PROTOCOLOS /MONITORAÇÃO: As altera ções hidroe-
letrolíticas devem ser corrigidas, estabilizando o animal
em choque séptico antes da anestesia. A administração
de fluido deve ser realizada de acordo com a necessidade
e resposta de cada paciente. A administração de fárma -
ANESTESIOLOGIA 31
ENDOCRINOPATAS
DIABETES MELLITUS
DESCRIÇÃO: Diabetes mellitus ( DM ) é uma das endocri-
nopatias mais frequentes no cão, e a forma mais comum
observada é a insulinodependente, semelhante ao diabe-
tes tipo I humano. Sua incidência é maior em cães acima
de 8 anos e frequentemente está associado a doen ças in-
tercorrentes como hiperadrenocorticismo e pancreatite
(vide “ Diabetes mellitus”, cap. 6. Endocrinologia ).
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉSICA: Pesquisar histórico de
diabetes, controle glicêmico, presen ça de doenças inter-
correntes, dieta habitual e medicações em uso. Exames
pré-operatórios devem incluir avaliação cardiológica e
exames laboratoriais de rotina (hemograma, função re-
nal e hepática, triglicérides, colesterol, exames de urina).
Cães diabéticos podem apresentar elevações em enzimas
hepáticas FA, ALT e GGT. A adequação do controle gli-
cê mico deve ser verificada com medidas de glicemia, au -
sência de poliú ria e polidipsia importantes, além da ava-
ANESTESIOLOGIA 35
FEOCROMOCITOMA
DESCRIÇÃO: Tumores secretores de catecolaminas lo-
calizados geralmente na glâ ndula adrenal, cujo principal
sintoma é a hipertensão arterial.
ANESTESIOLOGIA 37
HIPERADRENOCORTICISMO (HAC)
DESCRIÇÃO: Hiperadrenocorticismo é uma endocri-
nopatia comum em cães idosos, que se caracteriza pelo
aumento da produção de cortisol pela adrenal. Pode ser
causado pela secreção aumentada de ACTH pela glându -
la pituitária ( ACTH dependente) (85% dos casos) ou por
tumor primário de adrenal (15% ). Os sinais são variados
e podem incluir poliú ria / polidipsia, alterações derma -
tológicas, abdó men pendular e fraqueza muscular (vide
“Hiperadrenocorticismo”, cap. 6. Endocrinologia ).
OBESIDADE
DESCRIÇÃ O: A obesidade é um verdadeiro desafio para
o anestesista. Inicialmente é muito difícil se avaliar o im -
pacto do sobrepeso na dosagem de anestésicos e adju-
vantes. A ventilação é a maior prejudicada pois em face
da compressão do tórax pelo maior peso do abdómen
e da própria caixa torácica, ocorre diminuição da capa -
cidade residual funcional (CRF), do volume pulmonar
total e do volume expirado resultando em hipoxemia
e shunts, distú rbios agravados pela anestesia. Ainda, o
obeso apresenta menor tolerância à apneia fazendo com
que na indução seja comum a dessaturação arterial de
oxigénio.
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉSICA: Exames clínicos de
rotina e laboratoriais são fundamentais, sobretudo para
serem descartadas alterações de função hepática e renal,
CAP ÍTULO 1
40
HEPATOPATAS
DESCRIÇÃO: A hepatite crônica /cirrose pode ser defi-
nida como alteração hepática importante com duração
superior a 6 meses. Várias são as causas, entre elas, pode-
- se citar as infecções f ú ngicas, bacterianas, virais, desor-
dens imunomediadas, fármacos (acetaminofeno), além
de causas desconhecidas. O fígado é um órgão com uma
reserva importante, assim, para que haja comprometi-
mento de sua função, mais de 75% de seu parê nquima
precisa estar comprometido; porém nesse estágio o ani -
mal se encontrará em um quadro grave e, para a aneste-
sia, este paciente é problemático pois grande parte dos
fármacos empregados é metabolizada pelo fígado (vide
“Cirrose/ fibrose hepática”, cap. 8. Gastroenterologia e
hepatologia ).
AVALIAÇÃO PR É- ANESTÉSICA: Dimensionar a magni-
tude do comprometimento do órgão é o princípio desta
anestesia e, como o fígado é responsável por diferentes
funções no organismo, uma avaliação global é funda -
mental. Enzimas hepáticas ( ALT, AST) aumentadas in-
dicam lesão hepatocelular, enquanto a fosfatase alcalina,
ANESTESIOLOGIA 43
NEONATOS /FILHOTES
DEFINIÇÃO: Para cães e gatos, o período neonatal se es-
tende até 6 semanas de idade e é caracterizado por gran -
de imaturidade dos sistemas respiratório, cardiovascu -
lar, hepático e renal, além de diferenças na composição
corporal e na termorregulação, o que resulta em pouca
reserva cardiopulmonar, por exemplo pouca tolerân -
ANESTESIOLOGIA 45
AP Ê NDICES
COX1
Pressão
arterial
Normal u
Pulso Normal Acelerado Filiforme Imperceptível
Mucosas Ró seas Hipocoradas Pálidas Cian óticas
Perda 40%
10% 20% 30%
sangue
Débito
Normal Diminuído Oligúria Anúria
urinário
PERDA DE SANGUE fff-CHOQUE HEMORRÁGICO
to
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DE SEPSE E CHOQUE SÉPTICO
Infecçã o + Manifestações sistémicas de inflamaçã o
•Febre ou hipotermia
•Taquicardia
•Taquipneia
•Hiperglicemia sem diabetes
•Leucocitose/leucopenia
•Hipotensã o arterial (PA 5 <90 mmHg ou PAM <70 mmHg ou PAD <40 mmHg)
SEPSE •Hipoxemia (Pa02/Fi02 <300)
« Oligúria
•t creatinina
•Trombocitopenia
•Coagulopatias
•Hiperbilirrubinemia
•Hiperlactatemia
•t tempo de refil capilar
Sepse + Disfunção orgâ nica ou Hipoperfusã otecidual (hipotensão, t lactato,
SEPSE GRAVE
oligúria) n
>
TJ
CHOQUE SÉPTICO Sepse + Hipotensão persistente após fluidoterapia adequada (PAM <65 mmHg) H'
o
.
pOftífciOTUAr êil ’ *
FLUIDOTERAPIATRANSOPERATÓRIA -
'
DOSES RECOMENDADAS DE ACORDO COM O PORTE DA CIRURGIA
Porte da cirurgia s Taxa de infusão
Pequeno 3- 5 mL/kg/h
Médio 5-10 mL/kg/h
cn
Grande >10 mL/kg/h*
* De acordo com par âmetros de volemia, perdas de sangue e/ou fluidos corpóreos.
SEDAÇÃO E ANESTESIA PARA PROCEDIMENTOS AMBULATORIAIS E /OU POUCO INVASIVOS Ul
4^
(MÍNIMO TRAUMA CIRÚRGICO E SANGRAMENTO)
PROCEDIMENTOS - PORTE
ASA
PEQUENO MÉDIO GRANDE
RX, retirada de pontos, colocaçã o de sonda Punçã o de medula óssea, lavado traqueal, Mielografia, punçã o de liquor, tomografia
uretral, biópsia cutâ nea com punch reduçã o de fraturas/imobiliza ção
Acepromazina (0,05 mg/kg, IM) + opioides Acepromazina (0,05 mg/kg, IM) + opioides Acepromazina (0,05 mg/ kg, IM) + opioides
fracos como tramadol (2-4 mg/kg, IM), fracos como tramadol (2- 4 mg/kg, IM), fracos como tramadol (2-4 mg/kg, IM),
butorfanol (0,1-0,2 mg/kg, IM), codeína butorfanol 0,1 0,2 mg/kg, IM , codeína
( - ) butorfanol (0,1-0,2 mg/kg, IM), codeína
I e II
(1 -2 mg/kg, IM) (1-2 mg/kg, IM) (1-2 mg/kg, IM)
ou + propofol apó s 15 min (3- 5 mg/kg, IV) + propofol apó s 15 min (3-5mg/kg, IV)
Dexmedetomidina (5 -10 mcg/kg, IM) + anestesia inalatória
Tramadol (2-4 mg/kg, IM) ou opioides fortes Tramadol (2-4 mg/kg, IM) ou opioides
Tramadol (2-4 mg/kg, IM) ou opioides
em baixas doses como morfina (0,2-0,5 mg/ fortes em baixas doses como metadona
fortes em baixas doses como metadona
III kg, IM), metadona (0,2-0,5 mg/kg, IM) (0,2-0,5 mg/kg, IM) (0,2-0,5 mg/kg, IM)
+ propofol + propofol
+ anestesia inalatória
Opioides como morfina (0,2-0,5 mg/kg, IM) í Opioides como morfina (0,2-0,5 mg/kg,
t Opioides como morfina (0,2-0,5 mg/kg,
metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM) IM), metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM) IM), metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM)
IV
+ propofol + propofol n
>
-
+ anestesia inalatória o
H'
A morfina nã o deve ser empregada em animais sem jejum adequado ou em animais deprimidos e que serão submetidos a anestesia inalató-
ria, devido ao risco de êmese e aspiraçã o. O
ANESTESIOLOGIA 55
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ANESTESIOLOGIA 59
CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNICA
DO VENTRÍCULO DIREITO
DESCRIÇÃO: Cardiomiopatia caracterizada pela subs-
tituição fribroadiposa do miocárdio ventricular direito
atrofiado e desequilíbrio do cálcio intracelular, respon-
sáveis pela génese das arritmias ventriculares de origem
direita e, menos frequente, disfunção sistólica. Maior in-
cidência em cães da raça Boxer ( hereditário ) e gatos. Os
sinais variam de assintomático à síncope e morte súbita.
DIAGNÓSTICO: Auscultação de batimentos prematu -
ros ( déficit de pulso), taquicardia, sinais de insuficiência
cardíaca congestiva (vide “Cardiomiopatia dilatada ca-
nina” ). RX: Sem alterações ou leve cardiomegalia. ECG:
Taquiarritmias ventriculares de origem direita, fibrilação
atrial e ventricular, taquicardia atrial, bloqueio de ramo
direito e bloqueio atrioventricular de primeiro grau.
Indica-se o Holter ( > 1.000 contrações ventriculares pre-
maturas - CVPs, em 24 horas). ECO: Sem alterações ou
com sinais de disfunção sistólica (vide “Cardiomiopatia
dilatada canina” ). Histopatologia.
TRATAMENTO
• Paciente assintomático
Avaliar risco ( pró-arritmia ) e benefício da terapia an -
tiarrítmica ( não confirmado ).
61
62 CAP ÍTULO 2
• Paciente Illb
Tratamento do paciente Illa, porém:
Inotrópico positivo: dobutamina 5-10 pg/ kg / minuto,
IV ( infusão cont ínua ).
Sedação: usada apenas em casos de agitação extrema,
morfina 0,1-0,25 mg/kg, SC, ou butorfanol 0,2 -0,25
mg/ kg, IV ou IM, e / ou acepromazina 0,01-0,2 mg/ kg,
IM/ IV ( n ão utilizar na raça Boxer ).
• Paciente com arritmias
Fibrilação atrial: diltiazem 0,5-2 mg/ kg, VO, TID.
Ventriculares: sotalol 1-2 mg/ kg, VO, BID, principal-
mente para cães da raça Boxer.
• Alternativas terapêuticas
Cardiomioplastia cirúrgica ( plicatura da parede livre
do ventrículo esquerdo ), terapia com células- tronco
( resultados promissores em modelos experimentais
induzidos com doxorrubicina). Carvedilol (betablo-
queador ) dose inicial 0,1 mg/ kg, VO, SID ou BID,
acrescida em 25% a cada 7 a 14 dias até dose m áxi-
ma de 1 mg/ kg, evitando efeitos adversos ou piora da
ICC (fraqueza e taquicardia associadas a hipotensão
arterial).
DIROFILARIOSE
DESCRIÇÃO: Parasitismo arterial pulmonar e do cora -
ção direito ( mais de 50 vermes adultos) de cães e gatos
( hospedeiros definitivos), provocado pelo nemató deo
Dirofilaria immitis, transmitido pela picada de mos-
quitos dos gêneros Anopheles, Aedes e Culex infectados
( hospedeiros intermediários), podendo resultar em in -
júria vascular arterial, hipertensão e tromboembolismo
pulmonar, insuficiência da valva tricúspide e ICC direita.
70 CAP ÍTULO 2
• Classe IV
Remoção cir ú rgica das formas adultas do parasita as-
sociada a terapia posterior, semelhante à classe III.
Terapias adulticidas alternativas
Ivermectina 6 a 12 [ag/ kg, VO/SC, a cada 30 dias e piran -
tel 5 mg/ kg, VO, a cada 30 dias, durante 12 a 24 meses.
Quanto mais velhas as dirofilárias ao primeiro contato
com a ivermectina, maior a chance de resistência à te-
rapia e maior o tempo necessá rio para a eliminação das
formas adultas. A associação de doxiciclina (vide abai -
xo) e /ou moxidetina ( mensal ) a ivermectina ( mensal)
também tem sido utilizada como alternativa à terapia
adulticida.
Adjuvantes à terapia adulticida (classe I a IV)
Doxiciclina 10 mg/ kg, VO, BID, preferencialmente 4 se-
manas antes da terapia adulticida. Combater a Wolbachia
intracelular de D. immitis, envolvidas em suas funções
reprodutivas e biológicas, bem como na patogenia da
lesão pulmonar e renal imunomediada, afetando os es-
tágios larvais L3 e L4. Prednisona pode ser utilizada du -
rante 4 semanas após in ício da terapia adulticida.
Microfilaricidas
Lactulonas macrocíclicas (ivermectina, selamectina,
milbemicina oxima, moxidectina ) em doses profiláticas,
iniciadas 3 meses antes do tratamento adulticida. Permi-
tir a eliminação de larvas imaturas ( < 2 meses) e desen -
volvimento das demais larvas ( > 2 meses) tornando-as
suscept íveis à terapia com adulticida.
Profilaxia: recomenda -se a profilaxia em cães e gatos
residentes em regiões endé micas, a partir de 8 semanas
de idade, de forma contínua, bem como previamente à
terapia adulticida. Cães e gatos com acesso espor ádico a
zonas endé micas devem iniciar a terapia com um mês de
antecedência e encerrar um mês após retorno.
72 CAPÍTULO 2
EFUSÃO PERICÁRDICA
DESCRIÇÃ O: Coleção de líquido no saco pericárdico, de
origem não neoplásica (idiopática benigna , cistos, trau-
ma, infecção, uremia, ICC direita ) e neoplásica ( heman-
giossarcoma, quemodectoma, mesotelioma, linfoma ). O
tamponamento cardíaco ( disfunção diastólica ) ventricu-
lar direito e, em casos severos, esquerdo resulta em sinais
de ICC direita e esquerda, respectivamente. Podem-se
observar sinais de ascite, edema de membros, taquip-
neia, dispneia e morte súbita.
DIAGNÓSTICO: Sons cardíacos abafados, taquicardia
compensatória, ascite e efusão pleural seguidos de sinais
de ICC esquerda. Sinais não card íacos podem estar pre-
sentes (etiologia de base). RX: Silhueta cardíaca globoi-
de, efusão pleural, abdominal e edema pulmonar. ECG:
Alternância elétrica e/ ou supressão de milivoltagem de
onda R. ECO: Efusão pericárdica e possíveis etiologias
cardíacas ( massas). Análise do líquido é indicada para
auxílio diagn óstico ( etiologia ) .
TRATAMENTO
Pericardiocentese (drenagem do líquido pericárdico)
Procedimento diagnóstico e terapêutico ( reverter o
tamponamento cardíaco):
1- Tricotomia e antissepsia cir ú rgica do local a ser pun -
cionado (7 espaço intercostal direito, altura costo-
Q
ENDOCARDIOSE
DESCRIÇÃ O: Degeneração mixomatosa das valvas mi-
tral (90% dos casos ) e/ou tricúspide e, raramente, aórtica
e pulmonar. É a doença cardiovascular mais prevalen -
te em cães. Afeta principalmente cães senis de pequeno
porte. Etiologia multifatorial. SINAIS: Tosse, cansaço fá -
cil, dispneia, intolerância ao exercício, ascite, edema de
membros, síncopes e morte s úbita.
DIAGNÓSTICO: Sopro obrigató rio (sistólico, alto - III/
VI a VI / VI), crepitação pulmonar (edema ), pulso jugular
e ascite ( ICC direita ) , cianose, ortopneia. RX: Aumen -
to atrial esquerdo e/ ou direito, cardiomegalia, edema
pulmonar ( mitral ) , efusão pleural e ascite (tricúspide).
ECG: Despolarizações supraventriculares e / ou ventri-
culares prematuras, taquicardia atrial e fibrilação atrial.
Indícios sugestivos de aumento de câ maras. ECO: Hipe-
recogenicidade e espessamento dos folhetos acometidos,
dilatação atrial, fun ção sistólica preservada em est ágios
iniciais e prejudicada em estágios finais, regurgitação
atrioventricular, remodelamento ventricular esquerdo
( Doppler tecidual).
• Estágio Cl e Dl ( hospitalar )
Diurético: furosemida (3 a 4 mg/ kg, IV, BID / QID). In-
fusão contínua 1 mg/ kg/ h até melhora do quadro res-
piratório, no m áximo 4 horas (casos graves ).
Sedação: vide “CMD”.
Oxigenoterapia.
Vasodilatadores: nitroprussiato de sódio 1-5 pg/ kg/
min, IV ( monitorar pressão arterial ), ou hidralazina
0,5-2,0 mg/ kg, VO, ou amlodipina 0,05-0,1 mg/ kg, VO,
ou nitroglicerina transdérmico (vide “CMD” ).
Inotrópico positivo (estágio Dl ): vide “CMD”
Drenagem da ascite (abdominocentese) e /ou efusão
pleural ( toracocentese) quando houver prejuízo respi-
ratório.
Manutenção da terapia iniciada no estágio B2 e terapia
de suporte.
• Estágio C2 e D2 ( domiciliar)
Dilatador: enalapril 0,25-0,5 mg/ kg, VO, SID/ BID, ou
benazepril 0,5 mg/ kg, VO, SID ( nefropatas). Sildena-
fil ou amlodipina (vide “Hipertensão pulmonar”) para
controle da hipertensão pulmonar (edema pulmonar
recidivante ).
Diurético: furosemida 1-4 mg/ kg, VO, SID / QID ( bus-
car menor dose efetiva ). Associar espironolactona 2 -4
mg/ kg, VO, TID no estágio D2 ou em cães C2 com
ascites ( tric úspide envolvida ) ou edemas pulmonares
recidivantes. Bumetanida 0,06-0,15 mg/ kg, VO, SID -
cães refratários à furosemida, hidroclortiazida 2 -4 mg/
kg, VO, SID a BID - associado à furosemida e espiro-
nolactona - “bloqueio sequencial de néfrons”.
Inotrópico positivo: pimobendam 0,25-0,3 mg/ kg,
VO, BID (efeito inodilatador ). Digoxina pode ser utili-
zada iios casos de fibrilação atrial (vide “CMD” ).
• Alternativas cirúrgicas
Cirurgia: anuloplastia mitral, valvoplastias reparató-
rias, etc. Novas técnicas com resultados promissores.
CARDIOLOGIA 77
ENDOCARDITE INFECCIOSA
DESCRIÇÃ O: Cardiopatia pouco frequente em cães e ga-
tos, resultado da colonização e destruição do endocárdio
por microrganismos. Ocorrência associada a bacteremia
persistente, imunossupressão e lesão valvar predispo-
nente (ex.: estenose aórtica ). Valvas mitral e aó rtica são
mais acometidas. SINAIS: Inespecíficos, fçbre intermi-
tente, dor inespecífica, claudicação e morte súbita.
DIAGNÓSTICO: Sopro sistólico mitral de início súbito
e associado a sinais clínicos, sopro diastólico em foco
aó rtico e arritmias. RX: Não específico. ECG: Arritmias
ventriculares. ECO: Vegetações valvulares, regurgitação
mitral e aorta. Hemocultura positiva (amostras seriadas).
TRATAA/IENTO: Debelar infecção e controlar complica-
ções secundá rias.
• Pacientes com infecção ativa
Antibioticoterapia: baseada no resultado da cultura e
antibiograma ou de amplo espectro: ampicilina 10-20
mg/ kg, IV/ IM/SC, TID + amicacina 6,5 mg/ kg, IV/ IM,
TID, ou cefalotina sódica 10-30 mg/ kg, IV/ IM, TID /
QID + gentamicina 2-4 mg/kg, IV / IM /SC, TID / QID.
• Insuficiência cardíaca congestiva esquerda: vide
“Endocardiose valvar”.
• Arritmias ventriculares: vide “CMD”.
ESTENOSE AÓRTICA
DESCRIÇÃO: Estreitamento e/ ou obstrução do fluxo
de saída ventricular esquerdo (VE ) de cães e gatos, de
origem congénita poligênica e apresentação subvalvar
( comum ), valvar ou supravalvar ( raras ), resultando em
hipertrofia concêntrica de VE. Intolerância ao exercício,
síncope e morte súbita são os principais sinais clí nicos
78 CAP ÍTULO 2
ESTENOSE PULMONAR
DESCRIÇÃO: Estreitamento e/ ou obstrução do fluxo de
saída ventricular direito ( VD ) de cães e gatos, de origem
congénita poligênica e apresentação valvar (comum ),
subvalvar ou supravalvar ( raras), resultando em hiper-
trofia concêntrica infundibular do VD, associada ou não
a displasia de valva tric úspide. Intolerância ao exercício,
síncope e ICC direita são os principais sinais clínicos
relacionados.
CARDIOLOGIA 79
HIPERTENSÃO ARTERIAL
DESCRIÇÃO: Elevação da pressão arterial sistémica de
origem primá ria ou idiopática ( rara ) ou secundá ria às
afecções sistémicas renais e endócrinas. SINAIS: Inespe-
cíficos e dependentes da doen ça de base.
DIAGNÓ STICO: Hemorragia e tortuosidade dos vasos
retinianos, descolamento de retina, sinais neurológicos
agudos (acidente vascular ), convulsões, pressão arterial
sistólica / diastólica de 180 / 100 mmHg associada a sinais
clínicos, ou acima de 220/110 mmHg, isoladamente
( realizar medições pareadas para descartar “síndrome do
avental branco” ou falsa hipertensão).
80 CAPÍTULO 2
TETRALOGIA DE FALLOT
DESCRIÇÃO: Cardiopatia congé nita complexa de cães e
gatos composta pela associação de quatro anormalidades
anatômicas: estenose pulmonar, hipertrofia do ventr ícu -
lo direito, comunicação interventricular e dextroposição
aórtica. A severidade dos sinais clínicos é dependente
da magnitude do defeito predominante, porém, quase
sempre, cursa em cianose, subdesenvolvimento em re-
lação aos irmãos de ninhada, dispneia, intolerância ao
exercício e convulsão em casos de policitemia grave
( HT > 70% ).
DIAGNÓ STICO: Sopro sistólico em foco pulmonar e cia -
nose de mucosa são os achados clínicos mais frequentes,
CARDIOLOGIA 83
APÊNDICES
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DA ICC
Classificação funcional da insuficiê ncia cardíaca congestiva,
proposta pelo Conselho Internacional da Saúde Cardíaca de
Pequenos Animais ( International Small Animal Cardiac Health
Counciiy.
Classe
Paciente assintomá tico
la Doença cardíaca, mas sem cardiomegalia (radiografia)
Ib Doença cardíaca com evidências de compensaçã o
(cardiomegalia)
II Insuficiência cardíaca de discreta a moderada (sintomá tico)
Presença de sinais clínicos de insuficiência cardíaca, em repouso
ou exercício de intensidade leve
III Insuficiência cardíaca avançada
Sinais clínicos muito evidentes de insuficiência cardíaca
llla Passível de ser tratado em casa
lllb Necessária terapia hospitalar e internaçã o
* Adaptado do International Small Animal Cardiac Health Council: Recommen-
dations for the diagnosis of heart disease and the treatment of heart failure in
small animais. In: Miller, M.S.; Tilley, L.P. Manual of Canine and Feline Cardiology.
Philadelphia, WB Saunders, 1995, p. 473.
CLASSIFICAÇÃO DA ENDOCARDIOSE
VALVAR CANINA
Est á gios
A Sem doen ça cardíaca, porém sob risco de desenvolvimento (ra ç as
predispostas, cã es geriatras, etc., ex.: King Charles Cavalier Spaní el)
BI Sem sinais clínicos ou cardiomegalia, porém com regurgita çã o
mitral (sopro)
B2 Sem sinais clínicos, porém com regurgitação mitral (sopro) e car-
diomegalia (remodelamento cardíaco)
Cl Com sinais clínicos agudos de ICC, com necessidade de hospitali-
za çã o
C2 Com sinais clínicos de ICC, passíveis de tratamento domiciliar (pós-
-hospitaliza ção)
Dl ICC refratá ria ao tratamento, com necessidade de hospitalização
D2 ICC refratária, porém passível de tratamento domiciliar (pós-
-hospitalizaçã o)
* Adaptado do consenso do Colégio Americano de Cardiologia Veteriná ria
.
(ACVIM): Atkins C. et al Guideline for the diagnosis and treatment of canine ch-
.
ronic valvular heart disease. J. Vet. Intern. Med , v.23, p.1142-1150, 2009.
86 CAPÍTULO 2
DIREITO ESQUERDO
T - tricúspide, M - mitral, A - aórtico, P - pulmonar
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CARDIOLOGIA 87
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D2 N 25 mm/$
f /uffer/fibrilação atrial Despolarização de um ou mais focos ect ópicos atriais, resultando em Arritmia supraventricular potencial-
ausência de ondas P associada a despolarização ventricular irregular mente grave
F/utfer/fibrilação ventricular Despolarização de um ou mais focos ectópicos ventriculares, resul- Arritmia ventricular quase sempre
tando em desorganização da despolariza ção ventricular, ausência de fatal
complexos QRS, com graves consequências hemodinâ micas
Complexo ou ritmo de escape Despolarização ectópica com origem atrial, juncional (nodo AV ), feixe Mecanismo fisiológico de manuten-
de Hiss ou ventricular, nã o prematura, normalmente precedida por ção do ritmo em casos de pausas ou
longo período de pausa elétrica bradiarritmias
Distúrbios de condução
Bloqueio AV de I grau Prolongamento do intervalo PR Fisiol ógica. Mais comum em raç as
braquicefálicas.
Bloqueio AV de II grau Prolongamento do intervalo PR, com ocorrência de ondas P isoladas Fisiológica ou patológica
após intervalos PR crescentes (Mobitz tipo I) ou constantes (Mobitz
tipo II)
Bloqueio AV de III grau Dissociação da despolarização atrial (onda P) e ventricular (complexo Patológica
QRS)
Bloqueio de ramo Bloqueio do ramo direito e/ou esquerdo do feixe de Hiss, parcial ou Fisiológica ou patológica
completo 00
90 CAPÍTULO 2
BIBLIOGRAFIA
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vention , diagnosis, and Management of Heartworm ( Dirofilaria im-
mitis ) infection in dogs. 2014. 18p.
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3 DERMATOLOGIA
ACNE ou FOLICULITE ou
FURUNCULOSE DO FOCINHO
DESCRIÇÃO: Doença inflamatória em gatos e cães jo -
vens que se caracteriza por foliculite e furunculose pro-
fundas, acometendo o mento e área pilosa adjacente aos
lábios. Os sinais clínicos observados são pápulas proemi-
nentes, inicialmente, evoluindo para pústulas, vesículas e
n ódulos firmes. Pode haver presença de comedões.
DIAGNÓSTICO: Pode ser realizado pela história clínica,
diferenciando-se de demodiciose localizada, dermatoíitose,
dermatite alérgica de contato e piodermites estéreis juvenis.
DERMATOLOGIA 93
TRATAMENTO
Antibioticoterapia: cefalexina 30 mg/ kg, VO, BID de
15- 30 dias, ou amoxicilina clavulanada 15-22 mg / kg,
VO, BID por 15- 30 dias, ou cefovecina ( Convenia -Pfi-
®
ALOPECIA PSICOGÊNICA
DESCRI ÇÃ O: Caracterizada por alopecia induzida por
autotraumatismo, arrancamento, lambedura e mastiga -
ção de pelos excessivas, devido a dist ú rbios comporta -
mentais obsessivo- compulsivos. Os sinais clí nicos são:
alopecia localizada, multifocal ou generalizada, em qual -
quer parte do corpo, mais observada na face medial dos
membros, períneo e área ventral abdominal. Em geral,
n ão há lesões na pele, mas eritema leve ou hiperquerato -
se nos casos crónicos podem ocorrer.
DIAGN ÓSTICO: História clínica de lambedura ou groo -
ming excessivos, podendo ser relacionados a eventos
estressantes. Diferenciar de dermatofitose, presença de
ectoparasitas e de complexos alérgicos. O tricograma
evidencia pelos quebradiços. O exame histopatológico
pode ser útil na diferenciação e deve ser feito na área
com máxima perda de pelo.
DERMATOLOGIA 95
TRATAMENTO
Identificar a causa do estresse e corrigi -la, quando pos-
sível.
Promover enriquecimento ambiental.
Controlar ectoparasitas (vide “ Dermatite alérgica à pi-
cada de ectoparasitas” ).
Impedir lambedura, por meio do uso do colar elisabe-
tano ou de roupas.
Administração de fármacos que modificam o compor-
tamento:
• Amitriptilina: 1 a 2 mg / kg, VO, SID/ BID.
• Fluoxetina: 1 a 2 mg/ kg, VO, SID/ BID.
Controlar prurido, se houver.
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2 -3 mg/kg, VO, BID /
TID, ou fumarato de clemastina 0,05-0,1 mg/ kg, VO,
BID, cetirizina 0,5-1 mg/ kg, VO, SID, ANR, ou fexofe-
nadina 18 mg/ kg, VO, SID, ANR.
• Corticosteroides: dexametasona 0,25- 0,5 mg / kg,
VO /SC/ IM / IV, SID, 3 dias, ou prednisona 0,5-2 mg/
kg, VO, SID / BID, de 7-30 dias, ou por mais tempo, se
necessário.
Controlar o prurido:
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2- 3 mg/ kg, VO, BID/
TID, ou fumarato de clemastina 0,05-0,1 mg/ kg, VO,
BID, cetirizina 0,5-1 mg/ kg, VO, SID, ANR, ou fexofe-
nadina 18 mg/ kg, VO, SID, ANR. Pode-se associar aos
antimicrobianos, antif ú ngicos e imunossupressores.
• Ácidos graxos: óleo de peixe ( ômegas 3 e 6 ) 1 g/ 5 kg,
VO, SID.
• Corticosteroides: prednisona ou prednisolona 0,5-1
mg/ kg, VO, SID / BID por 15 dias, depois reduzir pela
metade por mais 7 dias e assim por diante. Objetivar
encontrar a dose-efeito ideal (exemplo: 0,5 mg / kg em
DA) ou Imunossupressores: ciclosporina 5- 7 mg/ kg,
VO, SID / BID por 30-50 dias (ou ANR ). Tentar redu -
zir para DA, ANR, ou azatioprina 1-2 mg/kg, VO, SID
( não em gatos ). Como monoterapia, a azatioprina não
controla o prurido adequadamente. Pode ser associada
a prednisona ou ciclosporina, em dias alternados.
Tópicos: xampu de clorexidina a 2 - 3% ( reduzir a concen-
tração após controlada a infecção secundária, pois pode
ressecar a pele), com fluocinolona a 0,01% ou hidrocorti-
sona a 2% e ureia a 2- 5% a cada 5 - 7 dias. Xampus comer-
ciais de manuten ção: Vetriderm Hipoalergênico -Bayer,
®
BLEFARITE
DESCRIÇÃ O: Inflamação da pálpebra, causada por pro-
cessos alérgicos, infecção bacteriana ou malasseziose
secundá rias, dermatites parasitárias ( demodiciose, leish -
maniose ) ou autoimunes ( pênfigo). Os sinais clínicos
mais observados são: hipotricose ou alopecia, eritema,
prurido ausente ou de moderado a intenso, blefaredema,
hiperpigmentação ou despigmentação, presença de cros-
tas e p ústulas, liquenificação nos casos crónicos.
DIAGN ÓSTICO: Por meio da histó ria clínica, citolo-
gia, cultura bacteriana, histopatologia da pele e testes
alé rgicos.
DERMATOLOGIA 99
ou Ureoderm -Labyes ).
®
COMPLEXO P Ê NFIGO
DESCRI ÇÕ ES
Pênfigo foliáceo: doença autoimune bolhosa, comum
em cães e gatos, que afeta derme e folículo piloso. Os lo-
cais mais acometidos sã o porção dorsal do focinho, pla -
no nasal, pinas, pele periorbitária e coxins.
Pênfigo eritematoso: é uma variante rara do pênfigo fo-
liáceo observada no cão e no gato. É caracterizada como
uma forma benigna do pênfigo ou como uma síndrome
cruzada entre pênfigo foliáceo e l ú pus eritematoso sisté-
mico. Os sinais clínicos são semelhantes aos do pê nfigo
foliáceo, mas não t ão graves. Collies e Pastores Alemães
apresentam predisposição.
Pênfigo vulgar (pênfigo suprabasal ): doen ça autoimu -
ne ulcerativa e vesicobolhosa grave e rara, descrita em
cães e gatos. As lesões estão presentes na cavidade oral e
102 CAP ÍTULO 3
CRIPTOCOCOSE
DESCRIÇÃ O: Micose multissistêmica, de distribuição
cosmopolita que acomete humanos e animais, sendo
mais frequente nos gatos. A infecção ocorre por inala -
ção de esporos de Cryptococcus neoformans no ambiente,
que se desenvolvem em matérias orgânicas (excrementos
de pássaros e morcegos, além de eucalipto em decompo-
sição ). Após atingir os pulmões, os microrganismos se
disseminam por via hematógena e há o acometimento
cutâneo. Os sinais cutâ neos (vide “Criptoco cose”, cap. 5.
Doenças infecciosas, para outras apresentações clínicas)
são pápulas ou nó dulos únicos ou múltiplos, firmes, po-
rém friáveis, que acometem mucosas, jun ções mucocu -
tâ neas e a pele.
DIAGNÓSTICO: Por meio de avaliação citológica, histo-
patológica ou cultura fúngica para identificação do mi -
crorganismo.
TRATAMENTO: Sempre sistémico.
Antifúngicos: em gatos: fluconazol > itraconazol > ce -
toconazol ( ordem de preferência) . Em cães: itraconazol
> fluconazol. Tratar por até 1-2 meses após remissão dos
sinais clínicos. Itraconazol 5- 10 mg/ kg, VO, BID, ou flu -
conazol 50 mg/gato, VO, BID ou 5 mg/ kg, VO, SID, ANR
( cães ) , com alimento.
Anfotericina B quando houver comprometimento neu-
rológico e risco de óbito ( cães - regular - 0,25-0,5 mg/ kg,
IV, 3x por semana; lipossomal - 0,5-1 mg/ kg, IV, 3-5 x
por semana ).
CAPÍTULO 3
104
DEMODICIOSE
DESCRI ÇÃO: Provocada por parasita folicular do gêne-
ro Demodex sp., acomete cães ( Demodex canis ) e gatos
( Demodex cati e Demodex gatoi ) , jovens (demodiciose
juvenil) ou adultos. Pode ser focal ou generalizada. Con-
duz à piodermite secundária e consequente prurido. A
demodiciose podai e a periocular são as mais difíceis de
controlar. Pode haver alopecia ou hipotricose, pústulas,
vesículas, hiperqueratose, hiperpigmentação, descama-
ção, edema, eritema ou exsuda ção como sinais clínicos.
DIAGN ÓSTICO: A observação microscópica do parasita
em diferentes fases de desenvolvimento (ovos, jovens e
adultos) em amostras de raspado cutâneo ou de imprints
com a fita adesiva de acetato é o método empregado no
diagnóstico. A fita adesiva de acetato é útil em áreas di-
fíceis de serem raspadas ( periocular, peribucal e inter-
digital). O exame histopatológico pode ser necessário
quando há liquenificação (vide Apê ndice “Guia de coleta
de amostras em dermatologia veteriná ria ’).
TRATAM É NTO
Combater a piodermite secundária: Antibioticotera-
pia - cefalexina 30 mg/ kg, VO, BID de 15-30 dias ou até
60 dias, conforme necessário, ou amoxicilina clavulana-
da 15-22 mg/ kg, VO, BID por 15 a 30 dias, ou cefovecina
( Convenia ®-Pfizer ) 8 mg/ kg, SC, a cada 15 dias, de uma
a quatro aplicações, conforme necessário, ou enrofloxa -
cina 5-10 mg/ kg VO, BID por 15 a 30 dias.
DERMATOLOGIA 105
em “Atopia” ).
Anti-histamínicos: fumarato de clemastina 0,05-0,1 mg/
kg, BID; hidroxizina 2 -3 mg/ kg, VO, BID / TID; cetirizina
0,5-1 mg/ kg, VO, SID; fexofenadina 18 mg/kg, VO, SID,
de 7- 30 dias, ou por quanto for necessá rio.
Evitar usar corticosteroides; utilizá -los apenas quando
houver inflamação intensa da pele ( prednisona 0,5 mg/
kg, VO, SID / BID, de 4- 7 dias).
Parasiticidas: ivermectina 0, 1 mg/ kg, VO/SC, SID por 7
dias, depois 0,2 mg/ kg, VO / SC, SID por 7 dias, depois 0 ,4
mg/ kg, VO /SC, SID, ANR ( solução injet ável por VO /SC
ou comprimidos - Mectimax -Agener União). Repetir
®
DERMATITE ACTÍNICA
ou DERMATITE SOLAR
DESCRIÇÃO: Lesões cutâneas caracterizadas por erite-
ma, ceratose, comedões, furunculose e piodermite que
se iniciam e agravam -se com a exposição solar. Acomete
cães de pelame curto e pele clara, e gatos. Os cães são
atingidos na face (focinho, orelhas, pálpebras), abdómen
e dorso, enquanto os gatos são mais atingidos na face. O
processo é bastante doloroso.
DIAGNÓ STICO: Firmado com avaliação histopatológica.
Evolução das lesões actínicas: 1 . Eritema actínico: eri -
tema; 2. Ceratose actínica: espessamento da epiderme e
CAPÍTULO 3
108
Tatuagem
Tratar piodermite secundária (vide piodermite em
“Atopia” ).
Suplementação vitamínica: vitamina E 400 UI/ 20 kg,
SID.
AINEs: piroxicam 0,4 mg/ kg, VO, SID ou 0,7 mg/ kg,
VO, DA; ou firocoxib ( Previcox -Merial) 5 mg/ kg, VO,
®
2,2 mg/ kg, VO, BID, ou 4,4 mg/ kg, VO, SID até 15 dias,
com protetor gástrico.
Spray com corticoide SID nas lesões não contaminadas
( Cortavance® spray-Virbac) , SID ou spray manipulado
de hidrocortisona a 2%, SID ou Vetriderm Spray Anti-
- pruriginoso -Bayer (opção sem corticoide ) .
®
TRATAMENTO
Eliminar pulgas adultas, larvas, casulos e ovos presentes
no ambiente e no animal.
Aspirar frequentemente carpetes, tapetes e sofás onde o
animal dorme.
A cama deve ser tratada com Fipronil, talcos à base de
Piretrinas ou Fleegard spray ~ Bayer, MyPet Aerosol para
®
Ambientes -Ceva. ®
(cães ).
Cã es
Peso Dosagem ( milbemicina /lufenuron)
até 4,5 kg 1 comprimido de 2,30 / 46 mg
5 a 11 kg 1 comprimido de 5,75 / 115 mg
12 a 22 kg 1 comprimido de 11,5 / 230 mg
23 a 45 kg 1 comprimido de 23 / 460 mg
Cã es
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Peso Dosagem
até 11,4 kg 1 comprimido de 11,4 mg
11,4 a 57 kg 1 comprimido de 57 mg
Gatos 1 comprimido de 11,4 mg
Controle do prurido:
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2- 3 mg/ kg, VO, BID/
TID, ou fumarato de clemastina 0,05 - 0, 1 mg/ kg, VO,
BID, cetirizina 0,5 - 1 mg/ kg, VO, SID, ou fexofenadina
18 mg/ kg, VO, SID, de 7 - 30 dias ou ANR; ou Corticos-
teroides: prednisona ou prednisolona 0, 5 - 1 ,0 mg/ kg,
VO, SID / BID por 5 - 7 dias.
Banhos (vide banhos em “Atopia”).
112 CAP ÍTULO 3
TRATAMENTO
Retirar a causa base quando possível ( rever o que possa
estar provocando a irritação, que pode ser algo antigo ou
que foi introduzido recentemente ao ambiente).
Controle do prurido: Anti-histamínicos: hidroxizina
2- 3 mg/ kg, VO, BID / TID, ou fumarato de clemastina
0,05-0,1 mg/ kg, VO, BID; cetirizina 0,5-1 mg/ kg, VO,
SID, ou fexofenadina 18 mg/ kg, VO, SID, de 7-30 dias,
ou ANR ou Corticosteroides: prednisona 0,5-1,0 mg/
kg, VO, SID/ BID por 5-7 dias. Se a causa base não for
retirada è o problema continuar, considere tratamento
prolongado.
Banhos (vide banhos em “Atopia”).
Spray com corticoide SID nas lesões não contaminadas
(Cortavance® spray-Virbac) ou spray manipulado de hi-
drocortisona a 2%, ANR ou Vetriderm Spray Anti- pruri-
ginoso -Bayer ( opção sem corticoide) .
®
DERMATOLOGIA 113
DERMATITE TROFOALÉRGICA ou
HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR
DESCRIÇÃ O: Reação de hipersensibilidade a ant ígenos
ingeridos, pruriginosa e não sazonal. Acomete comu -
mente cães e é menos frequente em gatos. É a terceira
dermatopatia alérgica em frequência dos cães, depois
de DAPE e atopia, e nos gatos, é mais frequente que a
dermatite atópica. Os sinais cutâ neos normalmente in -
cluem prurido e eritema, podendo afetar qualquer parte
do corpo do animal. Frequentemente, observa -se otite
externa e, em casos graves, otite m édia. Piodermite se-
cundária, queda de pelos, hiperpigmentação, liqueni -
ficação, escoriação e ulceração comumente ocorrem.
Acomete animais entre 6 meses e 8 anos de idade, sendo
que o in ício do quadro clínico é notado nos primeiros
anos de vida.
DIAGNÓSTICO: Feito pela história clínica, por exclusão
de DAPE e atopia, e pelo teste dietético de eliminação
( alimentação hipoalergênica ).
TRATAMENTO
Primeira etapa
• Tratar piodermite e malasseziose secundárias (vide
“Atopia” ).
• Controlar prurido (vide “Atopia” ). Evitar usar corti-
costeroides nesta fase.
Segunda etapa
• Dieta de eliminação hipoalergênica restrita com ra -
ção comercial ( Hypoallergenic -Royal Canin, Equi -
®
Colar elisabetano.
DERMATOFITOSE
DESCRIÇÃO: E uma dermatopatia comum em cães e
gatos, causada por um fungo ceratinofílico. Temperatu-
ras elevadas e umidade ambiental favorecem a infecção.
116 CAPÍTULO 3
Tratamento sistémico
Antifúngicos: itraconazol 5 mg/ kg, VO, BID ou 10 mg/
kg, VO, SID com alimento, ou griseofulvina 50 mg / kg,
VO, SID, ANR, com alimento.
Banhos com xampu de clorexidina a 2 -3% + miconazol
a 2% + glicerina a 2 %, a cada 3-5 dias, ou xampus comer-
ciais ( Cloresten -Agener União ou Micodine -Syntec)
® ®
rentes marcas).
Ferver todos os acessórios de tecido que o animal tenha
contado, a cada 2 dias.
Vacina para tratamento e/ou controle (cães e gatos):
Biocan M -Bioveta, 1 mL, IM (cães), e 1 mL, SC (gatos) ,
®
TRATAMENTO
Hidratação das orelhas com spray ( Humilac -Virbac,
®
ESCABIOSE CANINA
^
0
ESCABIOSE FELINA
DESCRIÇÃO: Doença altamente contagiosa e prurigi-
nosa causada pelo ácaro Notoedres catU podendo causar
doença em cães e humanos. O prurido intenso é o sinal
principal, acompanhado de erupções, eritema, crostas
e alopecia, em margem das pinas, pálpebras, pescoço e
membros torácicos.
DIAGNÓ STICO: Vide “Escabiose canina”.
TRATAMENTO: Vide “Escabiose canina”.
DERMATOLOGIA 121
FARMACODERMIA ou REAÇÃO
URTICARIFORME A MEDICAÇÕES
DESCRIÇÃO: Doença reativa ( reação de hipersensibili-
dade) da pele que se manifesta por eritema, pápulas eri-
tematosas, vergões ou edema até ulceração, em função
de medicações administradas por via oral ou parenteral.
Medicações que podem estar envolvidas: fluconazol,
sulfadiazina+trimetoprim, levotiroxina, cefalexina, va-
cinas, entre outras. O eritema multiforme é uma farma -
codermia, entretanto, um tanto mais grave e que pode
conduzir ao óbito rapidamente.
DIAGNÓSTICO: Pela história clínica e avaliação histopa -
tológica.
TRATAMENTO
Retirar as medicações que o animal esteja recebendo
por via oral e/ ou parenteral, quando possível (extrema -
mente recomendado).
Tratamento com corticosteroides: prednisona 1-2,2 mg/
kg, VO, SID / BID, por 7- 30 dias, ou dexametasona 0,1-
0,5 mg/ kg, VO /SC/ IV, SID, 7-10 dias. Realizar retirada
gradual.
Imunoglobulina G humana IV, em solução NaCl a
0,9% a 5%, em seguida, administrar 0,5-1 g/ kg, IV, ao
longo de 4-6 horas, uma ou 2 x, em 24 horas.
Banhos com xampus neutros e hipoalergênicos (vide
“Atopia” ).
Evitar exposição solar (vide “ Dermatite actínica” ).
F ÍSTULA PERIANAL
DESCRIÇÃ O: Processo inflamatório ulcerativo cróni-
co que acomete tecidos perianal, anal e perirretal. Pode
estar associada a processos alérgicos ( dermatite trofoa -
lérgica ) ou imunomediados, comuns no Pastor Alemão.
122 CAP ÍTULO 3
FOLICULITE BACTERIANA
SUPERFICIAL ou PROFUNDA
DESCRIÇÃO: É uma dermatopatia infecciosa que afeta
os folículos pilosos. É comum em cães e incomum em
gatos. Staphylococcus pseudointermedius é o principal
agente envolvido. Em geral, é secundária a outras doen -
ças, como atopia, DAPE, hipotireoidismo, demodiciose e
dermatofitose. Os sinais clínicos incluem pústulas folicu-
lares, pápulas, eritema e prurido variável.
DIAGNÓSTICO: Por meio dos aspectos clínicos e histo-
patologia, se necessário.
DERMATOLOGIA 123
TRATAMENTO
Combater a piodermite secundária (vide “Piodermite
bacteriana secundária” em “Atopia” ).
Banhos (vide banhos em “Atopia” ).
Controlar prurido com anti-histamínicos: fumarato de
clemastina 0,05- 0,1 mg/ kg, VO, BID, ou hidroxizina 2 -3
mg/ kg VO, BID /TID de 7- 30 dias, ou cetirizina 0,5-1 mg/
kg, VO, SID, 7-30 dias, ou fexofenadina 18' mg/ kg, VO,
SID, de 7-30 dias, ou por quanto for necessário. Pode ser
necessá ria corticoterapia com prednisona ou prednisolo-
na 0,5-1 mg/ kg, VO, SID / BID 5- 7 dias.
FOLICULITE EOSINOFÍL1CA ou
FURUNCULOSE EOSINOFÍLICA
DESCRIÇÃO: Doença que acomete em geral a face (fo -
cinho e orelhas ) de início agudo e prurido intenso, em
resposta a picada de insetos ( pernilongos e carrapatos).
Acomete cães e gatos. A região entre olhos e focinho é a
mais comum de manifestar a doença, marcada por pús-
tulas, erosões e até úlceras, com hemorragia e prurido.
DIAGNÓSTICO: História clínica compat ível e histopato-
logia.
TRATAMENTO
Tratar piodermite bacteriana secundária (vide “Ato -
pia ).
Controlar prurido com anti -histamínicos: fumarato de
clemastina 0,05-0,1 mg/ kg, VO, BID, ou hidroxizina 2- 3
mg/ kg VO, BID / TID de 7-30 dias, ou cetirizina 0,5-1
mg/ kg, VO, SID, 7- 30 dias, ou fexofenadina 18 mg/ kg,
VO, SID, de 7- 30 dias, ou por quanto for necessá rio. Ou
prednisona 0,5-2,2 mg/ kg, VO, SID/ BID de 5-15 dias.
Quando dose imunossupressora for a opção ( 2 mg/ kg)
realizar retirada gradual da medicação.
124 CAPÍTULO 3
IMPETIGO ou DERMATITE
PUSTULAR SUPERFICIAL
DESCRIÇÃO: Dermatopatia bacteriana comum em cães
que se caracteriza por pústulas superficiais não folicu-
lares. O Staphylococcus pseudointermedius é o principal
agente envolvido. Acomete animais jovens e pode haver
doenças coexistentes como causa base, como cinomose
ou desnutrição. As lesões são comumente observadas no
abdómen e região perineal.
DIAGNÓSTICO: Pela identificação de p ústulas, vesículas
ou colaretes epidérmicos. As pústulas apresentam con -
teúdo séptico à citologia.
TRATAMENTO
• Em casos leves
Tratamento tópico: sabonetes de triclosano ( Protex 3
Ultra ®-Colgate ) ou com xampus manipulados ou co-
merciais com clorexidina a 2-3%, SID, até melhora.
• Em casos mais severos
Tratamento tópico (idem casos leves).
Ántibioticoterapia sistémica ( vide ‘Atopia).
INTERTRIGO ou DERMATITE
DAS DOBRAS CUTÂNEAS
DESCRIÇÃO: Infecção bacteriana que se localiza nas
dobras cutâneas de cães como SharPei, Cocker Spa-
niel, Cocker Americano, Bulldog inglês, Mastiff, Mastin
DERMATOLOGIA 125
perioculares.
Pode ser necessário tratamento sistémico com antibióti-
cos ou antif ú ngicos, quando houver piodermite bacteria -
na ou malasseziose secundá rias (vide “Atopia” ).
MALASSEZIOSE ou
DERMATITE POR MALASSEZIA
DESCRIÇÃO: Dermatopatia comum em cães e rara em
gatos, causada pela levedura oportunista Malassezia
pachydermatis. É sempre secundá ria. Os sinais clínicos
são eritema, descamação, perda de pelo, e a cronificação
conduz à hiperqueratose ou liquenificação. O prurido é
variável e intensificado quando houver piodermite bac-
teriana secundária. O odor da pele contaminada por Ma-
lassezia pachydermatis é marcadamente rançoso.
DIAGNÓSTICO: Citologia por imprint de áreas lesionadas
ou por avaliação histopatológica (vide Apêndice “Guia
de coleta de amostras em dermatologia veteriná ria” ).
TRATAMENTO
Tratar causa primária (causas alérgicas, hipotireoidis-
mo, entre outras).
CAPÍTULO 3
128
TRATAMENTO
Limpeza das lesões ( debridar no caso de miíase secun-
dária ) com solução salina a 0,9% acrescida de iodopovi-
dona ou clorexidina (vide “Abscesso cutâneo” ). Pode ser
necessária anestesia.
Retirada das larvas manualmente.
Antibióticoterapia sistémica (vide piodermite secundá-
ria em “Atopia” ).
Controle do parasita: Capstar® ( Nitempiram - Novartis )
1 mg/ kg, VO, em animais com mais de 4 meses de idade
(dose única, podendo ser repetida quando necessário ).
Cã es
Peso Dosagem
até 11,4 kg 1 comprimido de 11,4 mg
11,4 a 57 kg 1 comprimido de 57 mg
Gatos 1 comprimido de 11,4 mg
do de pomadas óticas.
Produtos óticos ( Aurigen -Ouro Fino, Auritop -Ouro
® ®
na mesma posologia.
Em alguns casos, quando há recidivas, pode-se manter
o tratamento de 1 a 2 x por semana ANR, especialmente
em cães atópicos.
Antif ú ngicos sistémicos não são úteis no tratamento.
ANR.
DERMATOLOGIA 133
OTO- HEMATOMA
DESCRI ÇÃ O: Processo caracterizado por formação de
coleção de conteúdo sanguinolento na pina (em uma ou
em ambas), decorrente da ruptura dos vasos sanguíneos
auriculares externos, devido, em geral, ao trauma ou por
meneios cefálicos motivados pelo prurido, marcado por
aumento de volume das faces medial ( mais comum ) e / ou
lateral das orelhas.
DIAGN ÓSTICO: Pela história clí nica de incomodo, me-
neios cefálicos e prurido ótico intenso e pela evidência
do aumento de volume auricular.
TRATAMENTO: Sempre investigar a causa base. As oti-
tes e o parasitismo das pinas por moscas hematófagas
figuram como fatores importantes para a ocorrência do
oto-hematoma. Em gatos, a dermatite trofoalérgica pode
ser uma causa de otites recidivantes que culminam no
oto-hematoma (vide tratamento de “Otites”, “Atopia” e
“ Dermatite trofoalérgica” ). O oto -hematoma deve ser
corrigido cirurgicamente. A cartilagem auricular pode
se danificar e a orelha pode permanecer caída e/ ou enru-
gada, configurando uma alteração estética.
DERMATOLOGIA 135
QUEIMADURA
DESCRIÇÃO: Lesão provocada por exposição a água ou
gordura quentes, a fogo, fios elétricos ou cercas elétricas.
O processo, muito doloroso, pode ser classificado como:
Grupo I ou de primeiro grau: superficial, envolve toda
a epiderme; há eritema e pode ou não haver formação
de vesículas. O pelo pode estar chamuscado, mas está
firmemente aderido. Uma vez que ocorra á descamação
epitelial, a cicatrização é rápida.
Grupo II ou de segundo grau: dano maior que o ante -
rior. O pelo está firmemente aderido. Desenvolve-se ede -
ma subcutâneo grave. A cicatrização é lenta, depois que
ocorre o descolamento da pele.
Grupo III ou de terceiro grau: toda a pele é destruída,
há queda de pelos e a pele pode estar branca ou negra. A
cicatrização é lenta e pode ser necessário enxerto de pele.
É uma emergência. O paciente deve ser tratado em UTI.
DIAGNÓ STICO: Por meio da história clí nica e da cons-
tatação das lesões.
TRATAMENTO
Vá rias abordagens devem ser realizadas, como avaliar o
grau de consciência do paciente, o grau de comprome -
timento respiratório e, então, a extensão das lesões da
queimadura, incluindo olhos e cavidades nasal e oral.
Hidratação parenteral com cristaloides é indicada (vide
Ap êndice “Fluidoterapia parenteral”, cap. 9. Hematolo-
gia e imunologia ). Não administrar coloides ou soluções
hipertônicas.
Se o paciente for atendido em até 3 horas após o acidente,
resfriar as lesões por imersão ou com auxílio de com -
pressas molhadas ou spray com água ou solução salina,
por no mínimo 30 minutos. Monitorar a temperatura
do paciente (evitar hipotermia ).
CAP ÍTULO 3
136
SEBORREIA
DESCRI ÇÃO: Dist ú rbios da cornificação, da descamação
e do engorduramento, que pode ser primá ria ou associa -
da a diversas doenças cutâneas ( processos alérgicos, es-
cabiose, demodiciose), ao hipotireoidismo, desnutrição.
Pode ser seca ou oleosa. Caracteriza- se por descamação,
crostas, ressecamento ou engorduramento da pele, pele
ressecada com pelo oleoso e prurido secundá rio.
DIAGN ÓSTICO: Por avaliação clínica e/ ou histopato-
lógica.
TRATAMENTO
Identificar e corrigir a causa base, quando possível.
®
Banhos com xampus hipoalergênicos (Allercalm -Vir-
bac ou Vetriderm Hipoalergênico -Bayer, Hypcare -Pet
® ®
VITILIGO
DESCRIÇÃO: Doença caracterizada pela perda progres-
siva e bem circunscrita da pigmentação da pele. É pouco
comum em cães e rara em gatos. As regiões mais acome-
tidas são focinho, áreas perioculares e lábios. Cães das
raças Rottweiler, Labrador Retriever, Golden Retriever,
Pastor Alem ão e Pointer parecem ter predisposição.
DIAGNÓSTICO: Por histopatologia das á reas despigmen -
tadas. Diferenciar de lúpus, pênfigo e hipotireoidismo.
TRATAMENTO
Evitar exposição solar é a recomendação ( vide “ Derma -
tite act ínica” ) .
DERMATOLOGIA 139
AP Ê NDICE
BIOPSIA CUTÂNEA
METODOLOGIA: Tricotomize a área selecionada para o proce-
dimento, com margem para a sutura. Limpe a região com clo-
rexidina e álcool. Se necessá rio, desengordure com éter. Escolha
3- 4 pontos para a biopsia, considerando aspectos e tempo de
evolu ção. Realize a incisão com o punch ou bisturi, de forma
a obter amostra de todas as camadas da pele. Com auxílio do
bisturi ou de tesoura, retire o fragmento. Deposite-o sobre um
peda ço de madeira ( abaixador de língua) ou de cartão de papel.
Em seguida, coloque a amostra virada para baixo no pote cole -
tor contendo formalina tamponada. Realize a sutura que de-
sejar (em geral, sutura simples separada é suficiente) e curativo
adequado. Envie os fragmentos para avaliação histopatológica,
enriquecendo com o histórico clínico anexo. Descreva as lesões,
a evolução, os tratamentos empregados e as respostas, assim
como as suspeitas clínicas.
CITOLOGIA
• Preparação com fita adesiva de acetato (observar bactérias,
leveduras e ácaros) em lesões secas ou levemente ú midas.
METODOLOGIA: Utilize um pedaço de fita adesiva de acetato,
n ão maior que uma lâmina de microscopia, e pressione sobre a
pele. Não coloque a fita em fixador que contenha álcool. Core
com hematoxilina e eosina e enxágue em água. Cole a fita con -
tra uma lâmina de microscopia. Observe sob imersão (objetiva
com aumento de lOOx ). Conte bactérias (bastonetes e cocos),
leveduras, polimorfonucleares e ácaros, caracterizando a quan-
tidade em cruzes (+ + ).
2. CULTURA FÚNGICA
• Em lesões conhecidas: obtenha pelos quebrados da periferia
da lesão ativa ou pelos positivos na observação sob lâmpada
de Wood. Retire os pelos gentilmente, obtendo também a raiz
destes. Deposite no meio DTM ou na placa de Petri estéril.
Limpe gentilmente com álcool 70% para reduzir contamina-
ção e espere secar.
• Em gatos assintomáticos: escove o gato vigorosamente ( todo
o gato) com uma escova de dentes estéril. Remova os pelos da
escova ( com uso de luva estéril) e deposite no meio DTM ou
na placa de Petri estéril.
Coloque os pelos nas duas partes do meio DTM. Mantenha
em temperatura ambiente. Examine diariamente por 3 sema-
nas. Preparação de lâminas do meio de cultura fú ngica.
Dobre um pedaço de fita adesiva de acetato e segure com os
dedos. Delicadamente, coloque a borda adesiva da fita sobre a
colónia fú ngica positiva (observar mudança de cor no DTM ).
Coloque uma gota de azul de lactofenol sobre uma lâmina de
vidro e cole a fita (com a borda adesiva voltada para a lâ mina)
e observe ao microscópio sob imersão.
RASPADO CUTÂNEO
• Procedimentos para Demodiciose
METODOLOGIA: Coloque óleo mineral ou base ( NaOH ou
KOH ) na lâmina. Comprima uma prega de pele e raspe na dire-
ção do crescimento dos pelos, perpendicularmente, até obter pe-
quena quantidade de sangue. Não corar. Deposite a lam ínula so-
bre a amostra. Examine sob objetiva com aumento de lOx. Conte
os indivíduos adultos, jovens e os ovos. Marque as regiões dos
raspados no diagrama da ficha clínica e repita os raspados sempre
nos mesmos lugares, a não ser que novas lesões apareçam.
• Procedimentos para Escabiose
METODOLOGIA: Como a anterior. Entretanto, evite áreas com
escoriações severas. Obtenha raspado mais longo e alterne pro -
fundo com superficial.
SWABS DE SECREÇÕES
METODOLOGIA: Obtenha secreçã o com auxílio do swaby de-
licadamente. Em casos de swabs óticos, apenas gire o swab no
CAP ÍTULO 3
142
TRICOGRAMA
INDICAÇÕ ES: Avaliar a qualidade do pelo, evid ência traumá-
tica de perda de pelo, alopecia por diluição de cor ( agrupa-
mentos anormais de melanina ), esporos em dermatofitose,
demodiciose.
METODOLOGIA: Arranque os pelos. Pode ser necessá rio auxí-
lio de uma pinça hemostática, com a ponta coberta por bor-
racha. Deposite os pelos sobre uma lâmina de vidro, contendo
óleo mineral ou base de potássio ou sódio. Observe ao micros-
cópio, sob aumento de lOx.
ANIMAIS JOVENS:
Instituir tratamento
DERMATOFITOSE ANIMAIS ADULTOS:
Investigar causa base
Instituir tratamento
ANIMAIS JOVENS:
Instituir tratamento
DEMODICIOSE (FOCAL OU
ANIMAIS ADULTOS:
GENERALIZADA)
Investigar causa base
Instituir tratamento
DERMATITE ALÉRGICA
A PICADA DE
ECTOPARASITAS
COMPLEXOS ALÉRGICOS > DERMATITE
TROFOALÉRGICA
ALERGIA AMBIENTAL
( ATOPIA)
BIBLIOGRAFIA
Belmonte, E.A.; Nunes, N.; Thiesen, R.; Lopes, P.C.F.; Costa P. F.; Bar-
bosa, V.F.; Moro, J.V.; Batista, P.A.C.S.; Borges, P.A. Infusão cont ínua
de morfina ou fentanil, associados à lidocaína e cetamina, em cães
anestesiados com isofluorano. Arquivo Brasileiro de Medicina Vete-
rinária e Zootecnia, v.65, n.4, p.1075-1083, 2013.
Brum, A.M.; Pascon, J.P. da E.; Champion, T. Tinucci-Costa, M. Ava -
liação da eficácia e seguran ça do dicloridrato de betaistina em cães
com distú rbios vestibulares. Nucleus Animalium, v.1.n.2, 2009. doi:
10.3738/ 1982.2278.277.
Gross, T.L., Ihrke, PJ., Walder, E.J., Affolter, V.K. Doen ças de pele do
cão e do gato: diagnóstico clínico e histopatológico. 2.ed. São Paulo:
Roca, 2009.
144 CAPÍTULO 3
ACTINOMICOSE
DESCRIÇÃO: Doença causada por bactérias anaeróbicas
ou microaerófilas do gênero Actinomyces spp. e Arcano-
bacterium spp., as quais integram a flora normal da oro-
faringe e dos tratos gastrointestinal e genital. Normal-
mente n ão são patogênicas, exceto quando inoculadas
em tecidos, podendo desencadear enfermidade piogra-
nulomatosa em praticamente qualquer local. Eventual-
mente podem se disseminar por via hematógena. As
apresentações clínicas mais comuns em cães incluem
infecções cervicofaciais ou cutâneas, além de piotórax.
Embora menos frequentes, também podem ocorrer
pneumonia, lesões intra -abdominais e retroperitoniais,
assim como meningoencefalite. Nos gatos, a manifesta-
ção mais comum é o piotórax.
DIAGNÓ STICO: Testes laboratoriais de rotina apresen-
tam resultados variáveis conforme o sítio de infecção.
Nos casos crónicos é frequente observar anemia não
regenerativa, leucocitose com desvio à esquerda e mo-
nocitose, hipoalbuminemia e hiperglobulinemia. A aná -
lise de material oriundo de abscessos, efusões, líquido
cefalorraquidiano ou lavados bronquiais / transtraqueais
normalmente evidencia resposta inflamatória piogranu-
lomatosa, com abundância de neutrófilos ( > 75% ). Even -
tualmente é possível identificar bastonetes filamentosos
145
146 CAP ÍTULO 4
BABESIOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pelos protozoá rios
Babesia canis e Babesia gibsoni, transmitidos ao cão du -
rante o repasto do carrapato Rhipicephalus sanguineus.
Ao infectar o hospedeiro, o parasita destrói seus eritróci-
tos, causando apatia, perda de peso, febre e icterícia.
DIAGNÓSTICO: A identificação de parasitas piriformes
intraeritrocit ários em esfregaços sanguíneos confirma
o diagnóstico ( preferencialmente sangue capilar - pon -
ta de orelha, por exemplo ). O hemograma geralmente
mostra anemia regenerativa, com elevada contagem de
reticulócitos, além de trombocitopenia. A dosagem séri-
ca de bilirrubina poder á evidenciar hiperbilirrubinemia,
DOEN Ç AS INFECCIOSAS
ool 49
enquanto na urinálise será constatada bili
Encontram -se disponíveis testes sorológicos
TRATAMENTO: Se necessário, deve-se estabilizar o pa -
ciente, lan çando mão de fluidoterapia e transfusão san -
guínea.
Antiparasitário: dipropionato de imidocarb 5 ,0-6 , 6 mg/
kg, SC, IM e repetir após 14 dias; aceturato de diminaze-
no 3 , 5 mg/ kg, SC, IM. IMPORTANTE: o paciente deve
receber sulfato de atropina 0, 044 mg/ kg, SC, 10 - 15 mi-
nutos antes da aplicação de imidocarb ou diminazeno;
atovaquona 13 , 3 mg/ kg, VO, SID, em associação a azitro-
micina 10 mg/ kg, VO, SID, ambos por 10 dias.
Antibiótico: considerando-se que tanto erliquiose
quanto babesiose são transmitidas ao cão pelo mesmo
vetor, se o diagn óstico de babesiose foi firmado apenas
valendo-se de exames convencionais, como hemograma
e esfregaço sanguíneo, é prudente instituir terapia contra
erliquiose com doxiciclina 5- 10 mg/ kg, VO, SID / BID,
por 21-28 dias.
Esteroides: em casos severos pode ser necessá rio utilizar
prednisona 1 mg/ kg, VO, BID, ou dexametasona 0,3 mg /
kg, SC, SID, para barrar a anemia hemolítica instalada.
Antieméticos: se necessário, deve-se prescrever meto-
clopramida 0,4 mg/ kg, VO /SC, TID.
BARTONELOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pela bactéria he-
motrópica gram - negativa Bartonella henselae. Quando
o gato se co ça, as bactérias contidas nas fezes de pulga
depositadas sobre sua pele são transferidas para as unhas
e eventualmente inoculadas durante arranhões (esta
condição é conhecida em seres humanos como “doen-
ça da arranhadura do gato” ). Atualmente se sabe que os
DOEN Ç AS INFECCIOSAS 147
BARTONELOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pela bactéria he-
motrópica gram - negativa Bartonella henselae. Quando
o gato se coça, as bactérias contidas nas fezes de pulga
depositadas sobre sua pele são transferidas para as unhas
e eventualmente inoculadas durante arranhões ( esta
condição é conhecida em seres humanos como “doen -
ça da arranhadura do gato” ). Atualmente se sabe que os
CAPÍTULO 4
148
BLASTOMICOSE
DESCRIÇÃO: Infecção sistémica causada pelo fungo di-
mórficoj Blastomyces dermatitidis, o qual é encontrado
em solos arenosos, ácidos e próximos da água. O con -
tágio ocorre por inalação de esporos oriundos do cres-
cimento micelial no ambiente, estabelecendo a infecção
prim ária nos pulmões, de onde há disseminação por
todo o corpo, incluindo narinas, linfonodos, olhos, pele,
tecido subcutâneo, ossos e sistema nervoso. Os animais
infectados costumam apresentar letargia, anorexia, per-
da de peso, tosse, dispneia, lesões oculares e / ou cutâneas.
DOENÇ AS INFECCIOSAS 149
BORRELIOSE
DESCRIÇÃO: Tamb ém conhecida como doença de
Lyme, é causada pela Borrelia burgdorferiy uma espiro-
queta alongada e detentora de m últiplos flagelos peri-
plasm áticos, praticamente invisível sob microscopia de
luz. É transmitida aos cães e seres humanos pelo car-
rapato Ixodes spp. Uma vez inoculadas, as bactérias se
replicam e migram peia pele e tecidos conectivos, che-
150 CAP ÍTULO 4
BOTULISMO
DESCRI ÇÃO: Doen ça desencadeada pela ingestão de
neurotoxina produzida pela bactéria anaeróbica Clostri -
dium botulinum, frequentemente encontrada em carne
estragada ou restos de animais em decomposição. Por
impedir a ligação da acetilcolina na fenda sináptica, a
toxina causa bloqueio neuromuscular e desencadeia fra -
DOENÇ AS INFECCIOSAS 151
BRUCELOSE
Vide "Brucelose canina", cap. 12. Neonatologia.
DESCRI ÇÃO: Enfermidade causada pela bactéria gram -
- negativa intracelular Brucella canis ( a mais comum ) ou
B. abortuSy B. melitensis e B. suis. Em todos os casos, as
principais manifestações clínicas relacionam -se ao trato
reprodutor e incluem aborto aos 45-60 dias de gesta-
152 CAP ÍTULO 4
CINOMOSE
DESCRIÇÃ O: Enfermidade multissistêmica de cará-
ter agudo a subagudo, causada por um Morbillivirus
da família Paramyxoviridae cujo cont ágio se dá por via
aerógena. Normalmente desencadeia sinais gastrointes-
tinais, respiratórios e neurológicos, os quais podem pro-
gredir para o óbito do animal enfermo. Aparentemente
os cães jovens são mais sucetíveis que os adultos (vide
“Meningoencefalites inflamatórias infecciosas”, cap. 13.
Neurologia).
DIAGNÓ STICO: Sinais clínicos podem ser bastante su-
gestivos. Eventualmente são encontrados corpúsculos de
DOENÇ AS INFECCIOSAS 153
COCCIDIOIDOMICOSE
JIP
CRIPTOCOCOSE
DESCRI ÇÃO: Enfermidade causada pelo fungo Crypto-
coccus neoformans, que é encontrado nas fezes de pom-
bos ou em matéria orgânica e geralmente infecta cães e
gatos por via aerógena, se instalando na cavidade nasal.
A partir daí, a infecção pode se estender para tecidos ad -
jacentes ou se disseminar por via hematógena para ou-
tras á reas, incluindo olhos, sistema nervoso, linfonodos,
pulmões e órgãos abdominais (vide “Meningoencefalites
inflamatórias infecciosas”, cap. 13. Neurologia). Os sinais
clínicos incluem apatia, anorexia, linfadenomegalia, se-
creção nasal, alterações cutâneas ( ulceração, áreas enrije-
cidas, massas), alterações neurológicas e oftálmicas.
DIAGN ÓSTICO: Avaliações citológicas de secreção nasal,
líquido cerebroespinhal e aspirados de massas cutâneas
ou linfonòdos podem demonstrar o microrganismo. A
cultura do material também pode ser útil. O antígeno
capsular do C. neoformans pode ser detectado no sangue
ou liquor (teste de aglutinação em látex). Geralmente
n ão há alteração nos exames laboratoriais de rotina.
TRATAMENTO: Se necessá rio, deve-se estabilizar o pa-
ciente, lan çando mão de fluidoterapia. Deve -se dar espe -
cial atenção à alimentação.
DOENÇ AS INFECCIOSAS 157
CYTAUXZOONOSE
DESCRIÇÃO: Infecção altamente letal, causada pelo pro-
tozoário Cytauxzoon felis cuja transmissão se dá pelo
repasto de carrapato infectado. É exclusiva da espécie fe -
lina e cursa com lesões em tecidos vascularizados, como
fígado, SNC, pulmões, rins e medula óssea, desenca-
deando, de maneira aguda, anemia e palidez de muco-
sas, icter ícia, apatia, prostração, anorexia, desidratação e
febre. Em alguns casos pode ser identificada hepatoes-
plenomegalia.
DIAGNÓ STICO: Baseia -se na identificação da forma
eritrocitária do agente em esfregaços sanguíneos. Tam -
bém é possível fechar o diagnóstico pela demonstração
das formas extraeritrocitárias em aspirados de fígado ou
baço, assim como por técnicas moleculares ( PCR ).
TRATAMENTO: Sendo necessá rio, deve-se estabilizar
o paciente, lançando mão de fluidoterapia e transfusão
sanguínea. Também é recomendável atentar à alimenta-
ção e fornecer a terapia de suporte apropriada.
Antiparasitário: atovaquona (comercialmente indispo-
nível no Brasil ) 15 mg / kg, VO, TID + azitromicina 10
mg/ kg, VO, SID, ou dipropionato de imidocarb 3,5 mg/
kg, SC. IMPORTANTE: o paciente deve receber sulfato
de atropina 0,044 mg/ kg, SC, 10-15 minutos antes que
seja aplicado o imidocarb.
158 CAP ÍTULO 4
DIROFILARIOSE
Vide "Dirofilariose - altera ções cardíacas", cap. 2. Cardiologia.
ERLIQUIOSE
DESCRIÇÃO: Síndrome multissistêmica causada pelas
bactérias cocoides gram-negativas Ehrlichia canis, Ana -
plasma phagocytophilum ( ex - Ehrlichia equi ) e Anaplas-
ma platys (ex- Ehrlichia platys ) , transmitidas ao cão pela
picada do carrapato. Tais agentes parasitam mon ócitos,
granulócitos ou plaquetas, desencadeando sinais clínicos
variáveis, que incluem principalmente apatia, anorexia,
perda de peso, desordens da coagulação, alterações of-
tálmicas e neurológicas (vide “Meningoencefalite infla -
matórias infecciosas” cap. 13. Neurologia ). Também é
relativamente frequente o desenvolvimento subclínico
da doen ça.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico clínico deve incluir evi-
dência de carrapatos no animal enfermo, localização em
área endémica e os sinais inespecíficos da erliquiose. Sua
confirmação, no entanto, depende de teste sorológico
ou PCR. Embora inespecífico, o hemograma pode ser
útil para o diagn óstico clínico, sendo comum encontrar
trombocitopenia ou pancitopenia. Em alguns poucos ca -
sos também é possível encontrar mórulas em esfregaços
sanguíneos.
TRATAMENTO: Se necessá rio, deve-se estabilizar o pa -
ciente.
Antibiótico: doxiciclina 5-10 mg/ kg, VO, SID / BID, por
21- 28 dias.
Antiparasitário: dipropionato de imidocarb 5 mg/ kg,
SC, e repetir após 14 dias. IMPORTANTE: o paciente
160 CAPÍTULO 4
ESPOROTRICOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade localizada ou sist é mica cau -
sada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii cuja in -
fecção se dá a partir de lesões penetrantes. É mais co-
mum em gatos de vida livre ou cães de caça e os sinais
clínicos mais frequentes incluem nódulos cutâneos ex-
sudativos, linfadenomegalia, além de apatia, anorexia e
febre na forma generalizada da doença.
DIAGNÓSTICO: Avaliação citológica do exsudato das
lesõ es ou de material aspirado de n ó dulos cutâneos,
preferencialmente após coloração com ácido periódi-
co de Schiff ( PAS). É possível cultivar o fungo a partir
do exsudato ou amostras mais profundas das les õ es, ou
detectar anticorpos específicos no soro sangu íneo via
RIFI . Provas laboratoriais de rotina geralmente est ão
inalteradas.
TRATAMENTO: É importante alertar o propriet ário so-
bre o potencial zoonótico da enfermidade.
Antif úngico: iodeto de potássio 40 mg/kg, VO, TID
(cão), ou 20 mg/ kg, VO, BID ( gato ); itraconazol 10 mg/
DOENÇ AS INFECCIOSAS 161
HEPATOZOONOSE
DESCRI ÇÃO: Enfermidade parasit á ria que acomete
principalmente cães, causada pela ingestão de carrapatos
contendo esporozoítos infectantes de Hepatozoon canis
ou Hepatozoon americanum. Tais agentes causam condi-
çõ es clínicas distintas, sendo a infecção por H. america -
num mais severa ( até o momento inexistente no Brasil ).
Os sinais clínicos incluem apatia e caquexia ( H . canis ) ou
miosite e alteraçõ es locomotoras ( H . americanum ) .
»
HERPESVIROSE CANINA
Vide "Herpesvirose canina", cap. 12. Neonatologia.
HISTOPLASMOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade sistémica causada pelo fungo
Histoplasma capsulatum , a partir da inalação de esporos
produzidos por micélios contidos em fezes de aves, mor-
164 CAP ÍTULO 4
LEISHMANIOSE
DESCRIÇÃ O: Enfermidade causada por protozoá rios
pertencentes ao gênero Leishmania spp., transmitidos
ao hospedeiro pelo mosquito-palha. Pode-se manifestar
sob as formas cutânea ou visceral e, embora bastante va -
riáveis, os sinais clínicos geralmente incluem apatia, ano -
rexia, perda de peso, lesõ es cutâ neas e linfadenomegalia.
Eventualmente também podem ser encontradas altera -
ções renais, articulares, neurológicas e gastrointestinais,
além de onicogrifose. Muitos animais positivos são com -
pletamente assintomáticos.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de escolha baseia -se em
provas sorológicas ( ELISA e RIFI ), mas também é possí-
vel solicitar PCR. A avaliação citológica de aspirados de
linfonodo ( mesmo quando não houver linfadenomega-
lia ) permite evidenciar formas amastigotas da Leishma-
nia spp. em macrófagos. Este procedimento, contudo, só
tem valor diagn óstico quando positivo. Exames labora -
toriais triviais podem ser normais, mas são relativamente
comuns alterações na bioqu ímica sérica ( hiperproteine -
mia com hiperglobulinemia e hipoalbuminemia, eleva -
ção de enzimas hepáticas ) , urinálise ( protein ú ria ) e he-
mograma ( trombocitopenia).
TRATAMENTO: Atualmente há recomendação gover-
namental de eutanásia para cães diagnosticados com
leishmaniose visceral no Brasil. No entanto, existe muita
controvérsia a respeito dessa medida. Caso se opte pelo
tratamento, o paciente deve ser estabilizado clinicamen -
te, lançando m ão das medidas de suporte necessá rias
(fluidoterapia e dieta apropriada, por exemplo).
Antiparasitário: alopurinol 7 mg/ kg, VO, TID, por
3 meses; antimoniato de meglumina 100 mg/kg, IM /SC/
IV, SID por 3- 4 semanas; alopurinol + antimoniato de
DOENÇ AS INFECCIOSAS 167
LEPTOSPIROSE
DESCRI ÇÃ O: Causada por bacté rias do gênero Leptospi-
ra, o qual possui diversos sorovares antigênica e imuno-
genicamente distintos, sendo os mais comuns na infecçã o
canina L. icterohaemorragiae> L. canicola, L. grippotypho-
sa e L. pomona. Geralmente desencadeia lesões hepáticas
e renais (vide “Injú ria renal aguda”, cap. 11. Nefrologia e
urologia ), resultando em apatia, febre, desidratação, ic-
terícia, hematêmese, diarreia, melena e petéquias/ equi-
moses. Costuma ser transmitida pelo contato com urina
de animais enfermos ou de reservatórios (como o rato).
É rara em gatos.
DIAGNÓ STICO: Pode haver leucocitose/ leucopenia e
trombocitopenia. A urinálise costuma evidenciar isos-
tenúria, proteinúria, piú ria , cilindr úria, bilirrubin ú ria e
hemoglobin ú ria ( urina cor de “Coca-cola” ) . Muitas ve-
zes o animal apresenta azotemia, aumento de ALT, FA,
AST e bilirrubina. A sorologia é o meio mais fidedig-
no para confirmação, sendo necessário títulos elevados
para diferenciar infecção ativa de reação vacinai ( >1:300
- sugestível; >1:1.000 - altamente indicativo ) . Embora
o PCR possa ser utilizado para identificar e diferenciar
entre isolados patogênicos e n ão patogênicos, nenhuma
técnica de PCR permite diferenciar consistentemente os
vá rios sorovares da Leptospira.
TRATAMENTO: Deve-se lan çar mão de medidas de
suporte para estabilizar o paciente, caso seja necessá-
rio. É importante atentar para o controle de roedores no
ambiente.
168 CAP ÍTULO 4
MICOBACTERIOSES
DESCRIÇÃ O: Enfermidades clinicamente heterogéneas
causadas por bacté rias pertencentes ao gênero Mycoba-
terium spp. A origem da tuberculose quase sempre é o
convívio de cães com humanos enfermos ou, no caso dos
gatos, a ingestão de leite não pasteurizado oriundo de
bovinos infectados. Geralmente há sinais sistémicos, in -
cluindo apatia, perda de peso, febre, alterações respirató-
rias, gastrointestinais e ósseas. A lepra felina é diagnosti-
cada em gatos de vida livre e suas manifestações clínicas
incluem iinfadenomegalia e placas cutâneas ulceradas ou
n ão. Casos de micobateriose atípica apresentam lesões
cutâneas ou subcutâneas exsudativas que não cicatrizam
e, eventualmente, alterações respiratórias.
DIAGNÓ STICO: É necessá rio identificar o bacilo ál-
cool-ácido resistente ( BAAR) em amostras de secreção
( swabs) ou aspirados ( nódulos cutâneos ou subcutâ-
neos). Embora não seja possível confirmar o diagnóstico
valendo-se apenas de exames laboratoriais convencio-
nais, o hemograma, por exemplo, costuma evidenciar
leucocitose e anemia. Radiografias torácicas podem re-
velar padrão pulmonar alterado.
170 CAPÍTULO 4
NEOSPOROSE
DESCRIÇÃO: Doen ça neuromuscular causada pelo coc-
cídeo Neospora caninum. Sua transmissão pode ocorrer
por via transplacentária e normalmente os sinais clíni-
cos incluem paralisia ascendente, hiperextensão dos
membros posteriores, atrofia muscular, polimiosite com
mialgia, ataxia, fraqueza generalizada, além de, eventual -
mente, crises convulsivas entre 3 e 9 semanas de idade,
ou através da ingestão de cistos em tecidos de animais
infectados, normalmente herbívoros. Não há predileção
por raça, sexo ou idade ( vide “Polimiosite por proto-
zoários”, cap. 5. Doenças musculoesqueléticas e cap. 13.
Neurologia ).
DIAGNÓ STICO: Embora a microscopia convencional
não possibilite distinguir morfologicamente o N . cani-
num do T. gondii, não há reações sorológicas cruzadas
entre ambos, de modo que a determinação do t ítulo de
anticorpos por RIFI é o método de escolha para o diag-
172 CAPÍTULO 4
NOCARDIOSE
DESCRI ÇÃO: Infecção supurativa ou granulomatosa
causada pela bactéria saprófita , oportunista e onipresente
Nocardia spp. Adentra o organismo por inalação ou ino-
culação através da pele, sendo a infecção aparentemen -
te favorecida por fatores subjacentes que desencadeiem
imunossupressão. Os sinais clínicos incluem anorexia,
perda de peso, febre, além de tosse, dispneia, secreção
nasal e hemoptise decorrentes das lesões pulmonares.
També m são possíveis lesões cutâneas e/ ou subcut âneas
que, especificamente nos gatos, constituem as manifes-
tações mais rotineiras. Eventualmente pode haver disse-
minação sistémica para outras estruturas extratorácicas.
DIAGN ÓSTICO: Exames laboratoriais de rotina são ines-
pecíficos e costumam mostrar anemia arregenerativa,
leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda e mono-
citose. A análise de efusões pleurais, lavados bronquiais
e aspirados de abscessos evidenciam padrão supurativo
a piogranulomatoso. Eventualmente poderão ser obser-
DOENÇ AS 1NFECCI0SAS 173
PANLEUCOPEN1A FELINA
DESCRIÇÃ O: Causada por um Parvovírus , caracteriza -
-se por diarreia, vomito, desidratação, febre e apatia.
Também é chamada de enterite virai felina, sendo mais
frequente em filhotes e animais não vacinados. Como o
vírus afeta células em rápida divisão, é comum ocorrer
atrofia tímica e panleucopenia severa. Pode afetar cere-
belo e retina, gerando hipoplasia cerebelar e displasia de
retina. Também é possível natimortalidade ou aborta-
mento quando houver infecção intrauterina.
DIAGNÓSTICO: Embora inespecífko, o achado de pan-
leucopenia no hemograma é bastante consistente com a
infecção. Não há testes sorológicos específicos disponíveis
comercialmente, mas pode-se tentar utilizar testes rápidos
para parvovírus canino, com resultados variáveis.
174 CAP ÍTULO 4
PARVOVIROSE/CORONAVIROSE CANINA
DESCRIÇÃ O: Infecções altamente contagiosas causadas
pelo Parvovírus Canino 2 (CPV- 2a, CPV-2b e CPV- 2c) e
Coronavírus Canino, desencadeando sinais gastrointes-
tinais em cães. São particularmente importantes em ani-
mais jovens, resultando em apatia e anorexia inicialmen -
te e progredindo para vómitos, diarreia sanguinolenta,
desidratação e, até mesmo, morte quando não tratadas
apropriadamente. São dificilmente diferenciadas entre si
baseando-se apenas em suas características clínicas.
DIAGNÓSTICO: Geralmente baseia - se nas característi-
*
cas clínicas. Encontram -se disponíveis testes sorol ógicos
rápidos para parvovirose canina, mas sua interpretação
deve ser cautelosa uma vez que podem revelar-se positi-
vos devido a títulos vacinais ou imunidade passiva. O he-
mograma, embora inespecífico, costuma evidenciar lin -
fopenia durante a fase inicial de ambas as enfermidades.
TRATAMENTO: Não há tratamento específico contra os
agentes virais envolvidos, sendo a terapia sintomática e
DOEN Ç AS INFECCIOSAS 175
TÉTANO
DESCRI ÇÃO: Enfermidade neuromuscular causada pela
toxina tétanospasmina produzida pela bactéria anaeró-
bia Clostridium tetani, habitante normal da flora intes-
DOENÇ AS INFECCIOSAS 177
TOXOPLASMOSE
DESCRIÇÃ O: Enfermidade multissistêmica causada peia
ingestão de oocistos infectantes do coccídeo Toxoplas-
ma gondii ( contidos nas fezes de hospedeiros definiti-
vos - felinos) ou seus cistos em tecidos de hospedeiros
intermediários (carne crua, por exemplo ) . Geralmente a
forma clínica da toxoplasmose s ó se desenvolve quando
h á imunossupressão, particularmente nos gatos. Quan -
do ocorre, contudo, costuma se manifestar com apatia,
anorexia, perda de peso, febre, mialgia e fraqueza mus-
cular, vomito, diarreia, alterações oftálmicas ( uveíte, iri-
dociclite), sinais respiratórios e desordens neurológicas
(vide “ Polirradiculoneurite protozoárica” e “ Toxoplas -
mose”, cap. 5. Doenças musculoesqueléticas e cap. 13.
Neurologia ).
DIAGNÓ STICO: No hemograma podem ser detectadas
anemia arregenerativa, leucocitose neutrof ílica, linfoci-
tose, monocitose e eosinofilia e, nos casos crónicos, leu -
copenia, linfopenia, neutropenia, eosinopenia e mono -
citopenia. A avaliação sorológica é o método de escolha.
Deve -se avaliar, preferencialmente, o título de IgM , que
costuma se elevar duas semanas pós-infecção. A avalia -
ção seriada da IgG pode demonstrar infecção ativa se
for constatada elevação > 4 x do t ítulo em duas amostras
com intervalo de 3 semanas entre si. Exames triviais são
inespecíficos, mas muitos pacientes podem apresentar
hipoalbuminemia e elevação da ALT. Podem ser eviden-
ciadas alteraçõ es no líquido cerebroespinhal ( LCE ) e na
biópsia muscular (vide “ Toxoplasmose”, cap. 5. Doenças
muculoesqueléticas e cap. 13. Neurologia ).
TRATAMENTO: Se necessário deve- se instituir cuida -
dos de suporte, incluindo fluidoterapia e manejo dire-
cionado às alteraçõ es oftálmicas (vide “ Uveíte”, cap. 15.
Oftalmologia ) .
DOENÇ AS 1NFECCI0SAS 179
TRIPANOSSOMÍASE
DESCRI ÇÃO: Enfermidade causada pelo protozoário
hemoflagelado Trypanosoma cruzi, popularmente co-
nhecida como doen ça de Chagas. É transmitida por
triatomíneos que, após se alimentarem, defecam ma -
terial contendo tripomastigotas que, então, penetram
pela pele. Também pode haver contágio pela ingest ão de
insetos infectados, por via transplacentária ou transma -
m ária. O ciclo da enfermidade se divide nas fases agu -
da, indeterminada ( ou latente ) com apresentação clínica
normal, e crónica, com lesão cardíaca. As principais ma-
nifestações clínicas incluem arritmias, colapso, palidez
de mucosas, TPC prolongado e pulsos fracos. Também
pode ocorrer anorexia, linfadenomegalia, ascite, hepa-
DOENÇ AS INFECCIOSAS 181
APÊ NDICES
DILUIÇÃO DO INTERFERON a
DESCRI ÇÃO: O interferon a encontra -se dispon ível comercial-
mente na concentração de 3 ou 9 milhões de Ul / ampola ( Ro-
feron ® A ). Dilua 0,25 mL do produto (com concentração de 3
milhões de Ul/ampola) em 500 mL de NaCl a 0,9% e congele
182 CAP ÍTULO 4
BIBLIOGRAFIA
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5 DOENÇ AS
MUSCULOESQUELÉTICAS
183
184 CAPÍTULO 5
ARTRITE SÉPTICA
DESCRIÇÃO: Resultante de infecção por via hematogê -
nica ou de inoculação direta de microrganismos na arti-
culação (ex.: pós-cirurgia, trauma ou migração de corpo
estranho ). Se houver vá rias articulações envolvidas si-
multaneamente, pode indicar bacteremia proveniente de
186 CAP ÍTULO 5
TRATAMENTO
Conservador: deve-se identificar e tratar as fontes de
infecção e administrar antibióticos de amplo espectro
como cefalexina 30 mg/ kg, VO, TID, ou amoxicilina +
ácido clavulânico 12- 25 mg/ kg, VO, TID, até que haja
o resultado da cultura e antibiograma. O tempo de tra-
tamento varia de 6-8 semanas. Associar analgésicos de
acordo com a necessidade, tramadol 2 - 4 mg / kg, VO,
TID / QID, dipirona 25 mg/ kg, VO, TID, codeína 0,5- 2
mg/ kg, VO, BID /TID/ QID. Dependendo da gravidade
dos sinais sistémicos, o antibiótico inicialmente deve ser
ministrado por via parenteral.
Cirúrgico: nas articulações gravemente afetadas, a ar-
trotomia deve ser realizada para lavagem abundante
com solução salina e debridamento cir ú rgico, visando
à remoção do material purulento e fibrina, sendo con-
siderada uma emergência cir ú rgica. Caso o resultado
da cultura seja diferente do antibiótico que está sendo
administrado, esse antibiótico deve ser trocado. O prog-
n óstico depende da gravidade da lesão articular, sendo
comum a ocorrência de doença articular degenerativa
secundá ria.
ARTRITE REUMATOIDE
(ARTRITE IMUNOMEDIADA EROSIVA)
DESCRIÇÃO: A etiologia da doença é desconhecida,
mas fatores reumatoides são direcionados contra a IgG
alterada do hospedeiro, levando a uma poliartrite erosi -
va com destruição articular progressiva, sendo as raças
mais comumente afetadas as miniaturas. A idade de aco-
metimento varia entre 9 meses e 13 anos, mas a maio-
ria dos animais é jovem ou de meia - idade. No início, a
doença pode ser similar à poliartrite idiopática, mas após
188 CAPÍTULO 5
CONTRATURA DO MÚSCULO
INFRAESPINHOSO OU SUPRAESPINHOSO
DESCRIÇÃO: A contratura muscular é o encurtamento
do m úsculo em decorrência de trauma, inflamação, is-
quemia e imobilização prolongada, que ocasiona reestru -
turação dos componentes do tecido muscular resultando
em aderência e desenvolvimento de fibrose. A causa é
desconhecida. Acomete animais jovens muito ativos. De
origem traumática, uni ou bilateral, pode ser observada
em animais que sofreram les ão previamente. A maioria
afeta o m úsculo infraespinhoso. Há história de claudi -
cação aguda após atividade f ísica exagerada, em geral 3
semanas previamente à consulta. Pode ocorrer edema de
partes moles na articulação do ombro. Ocorre resolução
da claudicação por 3- 4 semanas, reiniciando a anorma-
lidade locomotora, devido à progressão da fibrose e con -
tratura, e h á rotação externa do ombro e deslocamento
do cotovelo em direção medial.
DIAGNÓ STICO: Baseado no histórico clínico e sinais,
em que se observa leve abdução do membro torácico
acometido. A flexão é reduzida durante o exame físico e
há desvio lateral do antebraço durante a manobra. Pode
ser notada atrofia do m úsculo supraescapular e altera-
ções na musculatura circunvizinha. Nas radiografias bi-
laterais mediolateral pode ser notada redução no espaço
articular e caudocranial, havendo diminuição da distân-
192 CAPÍTULO 5
CONTRATURA DO QUADRÍCEPS
DESCRI ÇÃ O: O quadr íceps é formado pelos m úsculos
vasto lateral, vasto medial, vasto intermédio e reto femo-
ral, e atua como mecanismo extensor do joelho. A con-
tratura do quadr íceps decorre de fibrose muscular que
acomete animais de qualquer idade, raça e sexo, sendo
mais comum em pacientes imaturos após fraturas fe-
morais distais. Outras causas são o tratamento cir ú rgico
tardio de fraturas femorais, dissecação extensa de tecido
mole durante a cirurgia, n ão realização imediata da rea -
bilitação pós-operatória , alteração congénita, polimiosi-
te por neosporose, imobilização do membro em exten -
são antes ou após a estabilização cir ú rgica e trauma ao
grupo muscular quadr íceps. Em filhotes a imobilização
do membro por 5-7 dias já pode causar a contratura.
DIAGN ÓSTICO: Cães de qualquer raça, idade ou sexo
podem ser afetados, mas é mais comum em animais
imaturos, com história de fratura de fémur. No exame
DOEN Ç AS MUSCULOESQUELÉ TICAS 193
VO, SID, por 7-14 dias, ou meloxicam 0,1 mg/ kg, VO,
SID, por 21 dias, ou carprofeno 4 mg/ kg, VO, SID,
ou firocoxib 5 mg/ kg, VO, SID, por 21 dias ( avaliar e
monitorar a função renal em tratamento prolongado
com anti-inflamatórios) (vide “ Doença renal crónica”
e “Injú ria renal aguda”, cap. 1 L Nefrologia e urologia ).
Analgésicos de acordo com a necessidade - tramadol
2- 4 mg/ kg, VO, TID/ QID, dipirona 25 mg/ kg, VO,
TID, codeína 0,5-2 mg/ kg, VO, BID/QID. Podem ser
associados condroprotetores: sulfato de condroitina
250 mg/ 20 kg, VO, BID ( uso cont í nuo ), glicosamina
500 mg/ 20 kg, VO, BID ( uso contínuo). Exercícios sob
supervisão e controlados ( natação, esteira ): visando
manter a força muscular. Reabilitação - para animais
com atrofia muscular grave: estimulação elétrica, estei-
ra aquática, exercícios indicados pelo fisioterapeuta.
• Cirúrgico: Sinfisiodese púbica juvenil em filhotes
com menos de 20 semanas, com Ortolani positivo ou
índice de distração maior que 0,40 no PennHIP, com o
objetivo de melhorar a cobertura da cabeça do fé mur.
Osteotomia da pelve em cães imaturos sem sinais ra -
diográficos de osteoartrose, com o objetivo de melho-
rar a cobertura acetabular. Substituição total da arti -
culação coxofemoral indicada quando o tratamento
m édico falha , ocorre muita dor, impotência funcional
e pouca qualidade de vida; procedimento que deve ser
realizado por pessoas com treinamento, pois há várias
196 CAPÍTULO 5
DISTROFIA MUSCULAR
DESCRIÇÃO: Doen ça primária musculoesquelética que
provoca degeneraçã o progressiva e regeneração limita -
da dos músculos, semelhante às distrofias musculares
em seres humanos. É uma miopatia heredit á ria ligada
ao sexo, sendo transmitida, na maioria das vezes, por
fê meas assintomáticas portadoras ou que apresentam
manifestações clínicas leves. As principais raças afetadas
s ão Golden Retriever e Labrador Retriever. As manifes-
tações clínicas se iniciam a partir de 8 semanas de idade,
ocorrendo intoler ância ao exercício. Depois de algumas
semanas ocorre atrofia muscular, fraqueza generalizada
e alargamento da base da língua. Ocorre ainda sialorreia
e megaesôfago. Os cães doentes apresentam cansaço fá -
cil, passadas r ígidas e curtas, redução na capacidade de
DOEN Ç AS MUSCULOESQUEL É TICAS 199
FRAGMENTAÇÃO DO PROCESSO
CORONOIDE MEDIAL DA ULNA (FPCM)
DESCRIÇÃO: Separação de uma pequena porção do pro-
cesso coronoide medial da ulna, resultando em claudi-
cação e DAD. Pode ocorrer também como osteonecrose
do coronoide ou fissuras dentro do coronoide medial.
Acomete cães jovens de raças grandes, com crescimento
r ápido, iniciando-se quando o animal está imaturo. Os
sinais clínicos se tornam aparentes entre 5 e 7 meses de
idade. Entretanto, cães de qualquer idade podem apre-
sentar osteoartrite secundária à FPCM e displasia do co-
tovelo. Há história de claudicação do membro torácico
que piora após o exercício.
DIAGNÓSTICO: Baseado no histórico, sinais clínicos e
radiografias dos dois cotovelos, pois, apesar de os sinais
clínicos se manifestarem em um membro, os dois podem
ter alterações. Durante o exame físico pode ser eviden-
ciada sensibilidade na hiperextensão do cotovelo e na
palpação da porção medial da articulação. Pode haver
atrofia muscular devido à dor crónica. A diminuição da
202 CAPÍTULO 5
LES ÃO MENISCAL
X
DESCRIÇÃO: Meniscos são fibrocartilagens semilunares
que promovem a congruência e estabilidade da articu-
lação do joelho com função de transmissão de cargas,
absorção de choques e auxílio na lubrificação da arti-
culação. A lesão raramente ocorre de forma primária e,
na maioria dos casos, um ou mais ligamentos do joelho
estão rompidos ou distendidos. A lesão isolada ocorre
devido à trauma por queda, na qual ocorra torção, com -
DOENÇ AS MUSCULOESQUEL ÉTICAS 203
LUXAÇÃO COXOFEMORAL
DESCRIÇÃO: Articulação que mais sofre luxação no cão
e gato. Ocorre principalmente por traumas, mas pode
ser consequência de displasia coxofemoral grave. Pode
ser classificada em luxação dorsal, crânio dorsal, caudo-
dorsal, ventral, ventrocaudal e ventrocranial, mas as lu -
xações craniodorsais são as mais frequentes. A maioria
das lesões é unilateral e, devido às forças requeridas para
produzir a luxação, por volta de 50% têm lesõ es impor-
tantes associadas, como traumatismo torácico. O pacien -
te frequentemente apresenta impotê ncia funcional do
membro acometido.
DIAGNÓ STICO: No exame físico pode ser palpada uma
distância maior do que a normal entre o trocâ nter maior
do fémur e a tuberosidade isquiática. Na extensão dos
membros pélvicos, o membro afetado estará mais curto
no caso de luxação craniodorsal, e mais comprido nas
ventrocaudais. Deve ser realizado exame radiográfico
em dois posicionamentos, para o diagn óstico e identifi-
cação de possíveis complicações, como fraturas da cabe-
ça do fémur.
TRATAMENTO: O tratamento depende da cronicidade
do quadro. Quanto mais tempo a articulação estiver
deslocada, mais difícil será sua redução, devido à con -
tração muscular e à fibrose local. Pode-se tentar a re -
dução fechada até 48 horas após o trauma, colocando-
-se em seguida uma bandagem de Ehmer nas luxações
craniodorsais, enquanto nas luxações caudoventrais as
bandagens n ão são necessárias. A taxa de insucesso das
reduções fechadas está em torno de 47 a 65%. A redu-
ção aberta pode ser realizada por várias técnicas: capsu -
lorrafia, pino transarticular, transposição trocantérica,
sutura extracapsular, substituição do ligamento redon -
do, fixação por pino em cavilha moldado, estabilização
DOENÇ AS MUSCULOESQUELÉTICAS 205
NEOPLASIAS ÓSSEAS
DESCRIÇÃO: Representam aproximadamente 5% dos
tumores que acometem cães e gatos. São geralmente ma -
lignos, sendo o osteossarcoma ( OSA ) o mais frequente.
Outras neoplasias são condrossarcomas, osteocondro-
mas, hemangiossarcomas, fibromas, mieloma múltiplo e
lipossarcomas (vide cap. 16. Oncologia ).
DIAGNÓSTICO: O diagn óstico diferencial sã o os tumo-
res metastáticos em ossos, micoses sistémicas com lo -
calização óssea e osteomielite bacteriana. O diagnóstico
definitivo é realizado por meio da cito e/ou histopato-
logia. No exame radiográfico observam -se lesões líticas
e proliferativas na região metafisá ria dos ossos longos,
aumento dp volume dos tecidos moles com calcificação
formando espículas periosteais (aspecto de explosão so-
lar ) . Pode haver a presença do “triângulo de Codman”,
uma reação óssea entre o periósteo e o córtex. Essa neo -
plasia raramente atravessa a cápsula articular. Devem ser
realizadas radiografias tor ácicas em três posições (lateral
direita e esquerda e ventrodorsal) para avaliar a presen ça
de metástase, porém a TC é mais eficaz no diagnóstico.
A elevação da fosfatase alcalina está associada com so-
DOENÇ AS MUSCULOESQUEL ÉTICAS 213
OSTEOMIELITE
DESCRI ÇÃO: Inflamação do osso, dos elementos da
medula óssea, do end ósteo, do periósteo e dos canais
vasculares, associada a processos infecciosos, em geral
de origem bacteriana, mas também pode ocorrer por
fungos. Os microrganismos podem ser veiculados por
corpos estranhos, feridas abertas, cirurgias, ferimentos
por mordedura, ou se disseminarem por via hematóge-
na. As bacté rias Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.
são as mais frequentes em animais com osteomielite
decorrente de fratura exposta. Escherichia coli , Proteus
spp. e Pseudomonas spp. também podem estar associa-
dos aos processos de osteomielite e, em alguns casos,
a infecçã o é polimicrobiana. Qualquer raça, sexo ou
idade de cão ou gato pode ser acometida, e pode haver
DOENÇ AS MUSCULOESQUELÉTICAS 217
OSTEOPATIA HIPERTRÓFiCA ou
OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA
PULMONAR ou OSTEOPATIA PULMONAR
DESCRI ÇÃ O: Descrita em cães em associação a proces-
sos neoplásicos pulmonares prim ários ou metastáticos,
processos n ão neoplásicos, bem como neoplasias sem
envolvimento torácico, causando reação periosteal di-
fusa que resulta em neoformação óssea nos metacarpos,
metatarsos e ossos longos. A idade de incidência maior
é aos 8 anos (1-15 anos) , sendo a raça Boxer a mais aco-
metida. Os sinais clí nicos mais citados são aumento de
volume simétrico na extremidade distai dos membros,
doloroso ou n ão, claudicação e relutância em se mover.
Outros sinais associados à doen ça subjacente são tosse,
taquipneia ou dispneia e hipertermia. Os animais apre-
sentam letargia e os membros afetados ficam quentes e
com aumento de volume.
DIAGNÓ STICO: Além do histórico e sinais, os acha -
dos radiográficos são considerados patognomônicos e
compreendem reações periosteais, simétricas e unifor-
mes que atingem geralmente a diáfise dos ossos longos
e dígitos, sem envolvimento articular. Ocasionalmente
atinge a pelve e, raramente, outros ossos chatos. Realizar
radiografias torácicas, abdominais e ultrassonografia ab-
dominal, além de exames laboratoriais, para identificar a
causa base. A doença deve ser diferenciada de neoplasias
ósseas.
TRATAMENTO: Identificar e tratar a causa base se possí-
vel, ocorrendo a remissão da osteopatia ap ós a ressecção
da lesão primária (ex.: pneumonectomia ou lobectomia
pulmonar para remoção de corpo estranho em brôn -
quio ). Os sinais clínicos melhoram após duas semanas,
mas as lesões ósseas podem demorar meses para se re-
modelar. Uso de analgésicos - tramadol, 2- 4 mg/ kg, VO,
DOENÇ AS MUSCULOESQUEL ÉTICAS 219
PANOSTE ÍTE
DESCRI ÇÃO: Causa comum de claudicação e dor óssea
em cães jovens de raça média ou grande, especialmen-
te o Pastor Alem ão. Autolimitante e de causa indeter-
minada, ocorre formação óssea endosteal e invasão da
medula óssea por trabéculas ósseas. Pode ou não haver
envolvimento periosteal. Os filhotes, mais frequente os
machos, entre 5 e 12 meses de idade são mais acometidos
e apresentam histó rico agudo de claudicação com piora
intermitente ou que muda de um membro para outro.
Podem estar presentes sinais sistémicos como anorexia
e pirexia. Há sensibilidade dolorosa na palpação do osso
longo acometido.
DIAGN ÓSTICO: Os diferenciais importantes são outras
condiçõ es ortopédicas de raças grandes em crescimen-
to, como OCD (vide “Osteocondrite dissecante” ), FPC
(vide “ Fragmentação do processo coronoide” ), NUPA
( vide “ Não união do processo ancôneo” ) e displasia co -
xofemoral. Os sinais radiográflcos de panosteíte são pro-
gressivos, sendo inicialmente normais, ou seja, os sinais
clínicos precedem os sinais radiográficos em mais ou
menos 10 dias. Os sinais consistentes são alargamento
do forame nutrício e aumento do padrão trabecular, se-
guido por maior radiopacidade da medula óssea.
TRATAMENTO: A afecção é autolimitante, devendo-se
eliminar a dor do paciente com o uso de anti-inflama-
tórios - cetoprofeno 1 mg/ kg, VO, SID, por 7-14 dias,
220 CAPÍTULO 5
POLIMIOSITE IDIOPÁTICA
DESCRIÇÃ O: Inflama ção difusa dos m úsculos provavel -
mente de origem autoimune, mais comum em cães de
grande porte e menos frequente em gatos e filhotes. Pode
ser observada em associação a outras doenças autoimu -
nes, como LES (vide “ Lú pus eritrematoso sistémico”, cap.
9. Hematologia e imunologia) e tireoidite linfocítica pri-
m ária (vide “Hipotireoidismo”, cap. 6. Endocrinologia),
bem como doença paraneoplásica. Os sinais clínicos são
fraqueza discreta a grave que pode ser exacerbada pelo
exercício, marcha rígida, dor e atrofia muscular, mega-
es ôfago e ocasionalmente disfagia, salivação e latido fra -
co com in ício dos sinais de forma aguda ou crónica. Pode
haver ainda aumento de volume muscular e febre. Em
geral o exame neurológico é normal, mas em alguns ca-
sos pode haver ausência do reflexo patelar.
DIAGNÓ STICO: Histórico, sinais clí nicos e resultados
de exames de laboratório. Pode ocorrer aumento da CK
( 2-100 vezes), AST, ALT e da proteína total. Nas radio -
grafias torácicas podem ser observados megaesôfago e
pneumonia. Na biópsia muscular observa -se infiltrado
inflamatório e necrose muscular. Na eletromiografia há
alterações como ondas polifásicas e ondas agudas positi-
vas. Diferenciar de toxoplasmose, neosporose, LES, neo-
plasias e infecções.
DOEN Ç AS MUSCULOESQUELÉTICAS 221
TENOSSINOVITE BICIPITAL
DESCRIÇÃO: Inflamação do tend ão do músculo bici-
pital e da bainha sinovial circundante. É relacionada a
traumas diretos ou indiretos de natureza repetitiva ao
tendão bicipital, ou ainda pode ser secundá ria a doenças
articulares como a osteocondrite dissecante da cabeça do
ú mero. Cães de qualquer tamanho ou idade podem ser
acometidos, sendo os animais ativos os mais comumente
afetados. O tendão pode estar parcial ou completamen-
te rompido, podendo haver tecido fibroso proliferativo
e aderência. Em alguns animais a condição pode ser
bilateral.
DIAGNÓ STICO: Os sinais de claudicação do membro
torácico, intermitente ou progressiva, variam de leve a
grave e tendem a melhorar com o repouso. Há sensibili-
dade dolorosa durante a manipulação da articulação do
ombro, na palpação do tend ão bicipital, especialmente se
for realizada a flexão do ombro e extensão do cotovelo.
Os exames laboratoriais em geral n ão têm alteraçõ es, e
na análise do líquido sinovial pode haver inflamação leve
e DAD ( vide “ Doença articular degenerativa” ). Deve-se
radiografar ambos os ombros sob anestesia ou tranqui -
lização. Observa -se calcificação do tendão do bíceps e
osteofitos no sulco intertubercular. Na artrografia pode
haver irregularidade de preenchimento sugestivo de hi-
perplasia sinovial e ruptura. Os exames de ultrassono-
grafia e ressonância magnética ( RM ) fornecem ótima
imagem do tendão e adjacências. A artroscopia permite
226 CAPÍTULO 5
AP Ê NDICES
ARTROGRAFIA
DESCRI ÇÃO: A artrografia de contraste positivo consiste na
introdução do agente de contraste no espaço articular, para de-
limitação das margens articulares. São utilizados contrastes à
base de iodo esté reis, por exemplo, o ioexol, dilu ído 1:1 com
água estéril. A quantidade varia de acordo com o tamanho do
animal e a indica ção do exame. A artrografia de contraste nega-
tivo envolve a injeçã o de ar na cavidade articular, mas n ão tem
aplicação na ortopedia de pequenos animais.
DOEN Ç AS MUSCULOESQUEL ÉTICAS 227
MEMBRO ( s) PÉLVICO ( s )
Contratura do quadríceps
Displasia coxofemoral
Lesão meniscal
Luxaçã o coxofemoral
Luxaçã o de patela medial
Necrose asséptica da cabeça do fémur
Ruptura do ligamento cruzado cranial ( RLCC)
Síndrome da cauda equina
BIBLIOGRAFIA
BAHR ARIAS, M.Y.; UMA, J.G. de; VIANNA, C.G.; MENDES, D.S.
Mandibulectomia rostral, bilateral para correção de limitação de
abertura bucal causada por miosite dos m úsculos mastigatórios: re-
228 CAP ÍTULO 5
Sofia Borin-Crivellenti
TRATAMENTO
Fluidoterapia parenteral: solução de Ringer lactato ou
NaCl a 0,9%. A velocidade e o volume dependerão do grau
de desidratação do paciente ( vide Apêndice “Fluidotera-
pia” ). Na ausência de ICC grave e IRA recomenda-se o uso
de 15-20 mL/ kg/hora ou 20% do cálculo total de reposição
de fluido na primeira hora, seguido de 30% do cálculo nas
próximas 4-5 horas. Os 50% restantes devem ser adminis-
trados nas 18 horas seguintes, a fim de corrigir o déficit
em 24 horas. No caso de hiperosmolaridade optar pela so-
lução de NaCl a 0,45% (dado obtido na hemogasometria).
Após a correção, instituir fluidoterapia de manutenção.
Insulinoterapia inicial: diversas modalidades utilizan -
do insulina regular são descritas para cães e gatos. Des-
taca -se que a vias mais eficazes são a intramuscular e a
intravascular, sendo a subcutânea indicada apenas após
estabilização do paciente, com completa hidrataçã o e
controle glicêmico ( manutenção) . Seguem os protocolos.
• Protocolo intramuscular: insulina regular conforme
tabela 6.1 ( cães e gatos).
Tabela 6.1 - Protocolo intramuscular.
Glicemia Via de
Taxa Dose e frequência
( mg / dL) administração
>270 Dose inicial Intramuscular 0,2 Ul/kg/hora
> 270 A cada hora Intramuscular 0,1 Ul /kg/hora
TRATAMENTO
Em todos os casos, sugere-se avaliação cuidadosa dos si-
nais clínicos, dos parâmetros hematológicos e bioquími-
cos séricos, mensuração da ingestão hídrica diária, aferi-
ção da pressão arterial sistémica, urinálise e avaliação da
protein úria previamente a instituição de qualquer terapia.
1. HAC iatrogênico
Identificar a causa base da terapia com corticoide. Ava -
liar a necessidade de manutenção da terapia com corti-
coides. Pesquisar a possibilidade da troca da medicação
ou redução gradual da dose e intervalo de administração.
2. HAC adrenal-dependente (HACAD)
Adrenalectomia cirúrgica: é o tratamento de escolha
para o HACAD, a não ser que a avaliação pré-operatória
evidencie lesões metastáticas, invasão de outros órgãos
ou vasos, ou exista risco iminente de tromboembolismo
( protein úria acentuada e redução da antitrombina III). O
tratamento prévio com mitotane ou trilostane é recomen -
dado por alguns autores, a fim de se tentar controlar os
sinais da hipercortisolemia antes da cirurgia (vide item
“Tratamento do HAC hipófise-dependente” a seguir ).
Contraindica-se a suplementação com glicocorticoides
antes da adrenalectomia, pois pode haver piora dos si-
nais clí nicos, hipertensão, reten ção h ídrica e tromboem -
bolismo. A suplementação só deve ser iniciada no trans-
cir úrgico. Assim que o tumor adrenal for identificado,
deve- se iniciar a administração de dexametasona 0,1-0,2
mg/ kg, IV, em 6 horas de infusão cont ínua, a qual deve
ser reduzida para 0,02 mg/ kg por dia, IV, BID, até que
o animal possa receber a medicação por via oral ( tipi-
camente 48-72 horas após a cirurgia ). A dexametasona
deve ser substituída pela prednisona 0,25-0,5 mg/kg, VO,
BID, assim que possível. Essa dose deve ser reduzida gra-
dualmente num intervalo de 3-4 meses. Se a adrenalecto-
ENDOCRINOLOGIA 245
mais ben éfico para esses pacientes (vide item “HAC hi-
p ófise- dependente” a seguir ).
3. HAC hipófise-dependente (HACHD)
Tratamento medicamentoso: inclui dois principais fár-
macos, mitotane (adrenocorticolítico) e trilostane (adre-
nocorticostático), e outros dois alternativos, cetoconazol
e cloridrato de selegilina.
• Mitotane - 0,p’-DDD (Lysodren ®-Bristol-Myers
Squibb). Por sua ação adrenocorticolítica, a quimio-
terapia com o mitotane é, ainda, o tratamento mais
comumente usado mundialmente, o qual é composto
por duas fases distintas. Os proprietários devem ter
completo entendimento sobre a doen ça e das poten -
ciais complicações do tratamento com mitotane, além
de constante comunica ção com o veterin ário durante a
fase de indução, como se segue.
A indução é a fase na qual ocorrerá rápida destruição
do córtex adrenal. A dose convencional é de 25-50 mg/
kg/ dia, dividida em duas doses ( 25-35 mg/ kg/ dia para
cães com diabetes mellitus concomitante ) , em m édia por
10 dias ( 7- 14 dias). Testes de estimulação com ACTH de-
vem ser realizados dentro deste intervalo de tempo para
avaliação da resposta à indução. A indução é encerrada
quando a concentração sérica basal de cortisol estiver en -
tre 2 e 5 pg/ dL e a pós- ACTH for <5 pg/ dL. Caso o pa-
ciente ainda não tenha apresentado resposta satisfatória, a
indução deye ser continuada e testes de estimulação com
ACTH realizados a cada 3-5 dias.
A administração concomitante de glicocorticoide -
prednisona 0,15-0, 25 mg/ kg, VO, SID para redução
dos efeitos adversos causados pelo hipocortisolismo é
defendida por alguns endocrinologistas, porém poderá
causar persistência dos sinais clínicos e dificultar o reco-
nhecimento do momento de parar a indução e iniciar a
manutenção. Caso opte pela associação, salienta -se que
ENDOCRINOLOGIA 247
HIPERPARATIREOIDISMO (HPT)
DESCRI ÇÃO: É o aumento contínuo na secreção do pa -
ratormônio ( PTH ) , que pode ser resultado de resposta
fisiológica normal à diminuição da concentração sé rica
de cálcio ionizado ( HPT secundário nutricional ou re-
nal), ou da secreção anormal de PTH pela paratireoide
( HPT primário), gerando hipercalcemia. Doença de
maior incidência em animais idosos, o HPT primário
( HPTP ) é incomum em cães e raro em gatos. Tem como
principais sinais PU / PD, apatia, incontinência urinária,
constipação, fraqueza e intoler ância ao exercício.
DIAGN ÓSTICO: O HPTP apresenta - se como hipercal -
cemia persistente associada a normofosfatemia a hi-
pofosfatemia, além de redução de DU, eventualmente
ENDOCRINOLOGIA 251
TRATAMENTO
1. HPT primário
Remoção do tecido anormal da paratireoide: o pro-
cedimento cir ú rgico é considerado o tratamento de
252 CAP ÍTULO 6
Oral ( VO)
Gluconato 30, 45, 60 e
25 mg/kg, BID/TID
de c álcio 90 mg/comprimido
HIPERTIREOIDISMO FELINO
( TIREOTOXICOSE)
HIPOADRENOCORTICISMO
( Doen ça de Addison )
2. Hipoadrenocorticismo secundário
Suplementação de glicocorticoide: 0,25-0,5 mg/ kg, VO,
BID, para os cães e 1 mg/ kg, VO, BID, para os gatos, ini-
cialmente, podendo ser necessário ajuste na dose no de-
correr do tratamento.
Maior aten ção deve ser dada à insuficiência adrenal in -
duzida pela administração excessiva de glicocorticoide
ou acetato de megestrol. A crise hipoadrenal ocorre na
retirada abrupta da medicação. Dessa maneira, reduzir
de forma lenta e gradual a dose e a frequência de admi -
nistração do fármaco, até sua total retirada, após a cons-
tatação da adequada reatividade das adrenais pelo teste
de estimulação com ACTH.
•:
=-\
Clínico (animal com sinais clínicos HTC)
Estádio 3 Aumentado Diminuído Normal
Est ádio 4 Aumentado Diminuído Diminuído
TRATAMENTO
Investigar e excluir causas não tireoidianas antes de
realizar os testes endó crinos e qualquer tratamento
(eutireóideos doentes).
262 CAPÍTULO 6
AP Ê ND ICE S
ALGOR ÍTMO DA ABORDAGEM CLÍNICA
DO PACIENTE HIPERCALCÊMICO
DESCRIÇÃO: O algoritmo a seguir tem como objetivo auxiliar
no diagn óstico de pacientes com hipercalcemia (transitória ou
Aumento da concentraçã o de Ca total sérico iCa aumentado m
Reavaliar o par âmetro e realizar avalia çã o bá sica - hemograma, Nenhum diagnóstico óbvio (drogas, O
iCa normal ou baixo perfil bioquímico sérico, urinálise e exames de imagem O
dieta, ambiente, exame físico e n
• Lipemia 30
exames bá sicos)
• Aumento da ligação com proteínas
. •. O
• Aumento da ligação com outros
Avaiiaçao do cálcio ionizado (iCa) O
complexos (DRC)
• Desidrata çã o (aguda ou subaguda)
Iiái O
>
• Alcalose ( metabó lica ou respiratória) PTH elevado ou terço superior do
PTH no terço inferior ou abaixo valor de referência
)
•O
Vit D aumentada +
•Intoxicação por ergo ou colecalciferol
(Calcitriol pode estar baixo, normal C Avaliar 25 (OH) vitamina D ) c Avaliar o PTHrP
. ' "v • •;
HPTP ou DCR
ou elevado) l t
Vit D normal ou baixa
l Vit D normal PTHrp aumentado
Origem provavelmente
PTHrP normal
Nã o exclui neoplasia
• Idopático (Hipercalcemia felina idiopática)
i neoplá sica
•Hipercalcemia da malignidade
•Intoxicaçã o por calcipotrieno
( Avaliar calcitriol )
•Plantas t óxicas i t t
Calcitriol elevado Realizar ultrassonografia abdominal, radiografia torácica, palpa ção retal
• Excesso de calcitriol Realizar exames complementares para diagnósticos diferenciais de
•Hipercalcemia da malignidade linfoma, adenocarcinoma de saco anal, neoplasia de medula ó ssea
•Doenç a granulomatosa
to
Algoritmo adaptado de Galvã o et al., 2011. ON
PTH, paratormônio; PTHrP, proteína relacionada ao paratormônio; HPTP, hiperparatireoidismo primá rio; DRC, doenç a renal crónica .
* Calcipotrieno - fármaco utilizado no tratamento de psoríase.
264 CAPÍTULO 6
CURVA GLICÊMICA
DESCRIÇÃ O: E um teste utilizado para avaliar o controle glicê-
mico de pacientes sob terapia insulínica. Para avaliar o controle
da glicemia, a insulina e o esquema de alimentação utilizados
pelo proprietário devem ser mantidos, além de se manter a roti-
na diária do animal a fim de reduzir os riscos de resultados im -
precisos. A glicemia deve ser aferida a cada 1 ou 2 horas durante
todo o dia, podendo-se utilizar glicosímetros laboratoriais ou
portáteis. Através da curva deverão ser avaliados e corrigidos os
seguintes pontos: a ) se a insulina é eficaz, b) o horá rio de pico
da insulina, c) a duração do efeito da insulina, d ) a gravidade da
flutuação da glicemia ( picos de hipoglicemia e efeito Somogyi ).
INDICAÇÕES: Para cã es e gatos diabéticos, em tratamento, que
manifestarem hipo ou hiperglicemia, a fim de explicar por que
o animal está mal controlado e avaliar a margem de ajuste da
dose.
COMPLICAÇÕES: A principal complicação é o desenvolvimen -
to de hiperglicemia induzida por estresse. Alé m disso, diante
dos in úmeros fatores que afetam a concentração da glicose
sanguínea (locais de aplicação da insulina, absorção, exercício
físico, estresse, emoção, etc.), as curvas podem variar drastica-
mente no dia a dia ou no mês a mês.
Resultados* Interpreta çã o
Concentrações de T4 total 2-4 horas após última dose de T3
Polidipsia
psicogênica
1 , 002 - 1 ,020 >1,030 13 8- 20
Distúrbio DU pó s- dDAVP
.
1 TESTE DE ESTIMULAÇÃO COM ACTH
DESCRIÇÃO: Consiste na administraçã o de 5 pg/ kg de ACTH
® ®
sinté tico (Synacthen - Novartis Pharma ou Cortrosyn -Am -
phastar Pharmaceuticals) pela via intravascular ou intramuscu -
lar e obtenção de amostra sérica ou plasmática basal (pré- teste)
e 1 hora ou 2 horas após a administração do hormônio, res-
pectivamente, para determinação de cortisol e / ou 17- hidroxi-
ENDOCRINOLOGIA 269
Resultados* I Interpretação
i
Resultados* Interpreta çã o
• «*M
^Tii ^ ^1
H 11 111 N iAtn< i I
-
•V*’"“« ' **•••“# • •**Ú* ^r ••»n• <
4 horas 8 horas
Resultados * Interpreta çã o
Concentrações de cortisol pós-dexametasona em Cães (8h)
Insulina Protamina
Comercialmente indisponível no Brasil
Zincada (PZI)
(Produçã o descontinuada)
(longa a çã o)
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ENDOCRINOLOGIA 273
Tatiana Champion
ASMA FELINA
DESCRIÇÃO: Resposta alérgica após exposição a aeroa -
lé rgenos, com estímulo de linfócitos T helper 2 e produ -
ção de citocinas que causam modificações patológicas
das vias aéreas. Encontram -se inflamação e remodela-
mento das vias aé reas, ac ú mulo de muco e contração
da musculatura lisa bronquial, que causam limitaçã o à
passagem de ar. A mucosa e submucosa bronquiais estão
infiltradas por vá rios tipos de células inflamatórias e tor-
nam -se edematosas. A tosse resulta do estímulo de me-
canorreceptores localizados na musculatura lisa. A pato -
gênese é multifatorial, porém a interação entre linfócitos
T e eosinófilos é primordial na geração da inflamação e
hiper- reatividade das vias aéreas. Ocorre em gatos adul-
tos, de qualquer raça e alguns estudos relatam predileção
por Siameses. Os sinais variam de assintom áticos, tosse
espor ádica ou cont ínua até sibilos e dispneia.
DIAGNÓSTICO: A radiografia pode demonstrar hiperin -
suflação pulmonar, padr ão bronquial ou broncointersti-
cial e deslocamento caudal do diafragma. Radiografia
pode estar normal em até 23% dos casos. A tomografia
computadorizada demonstra espessamento da parede
bronquial, bronquiectasia e padrã o alveolar. Pode haver
aumento de eosin ófilos no hemograma e no lavado tra-
275
276 CAP ÍTULO 7
Em casos refratários:
Associação de broncodilatador e glicocorticoide: sal-
meterol e fluticasona (Seretide 25/125 mcg), diretamen-
®
TRATAMENTO
Anti- inflamatórios esteroides: após descartar infecções,
prednisona 0,5 mg/ kg, VO, BID, por 5- 7 dias, seguido
por diminuição gradativa da dose até a menor dose efi-
caz. Não usar dexametasona, triancinolona ou acetato de
metilprednisolona. De forma alternativa, pode-se utili-
zar fluticasona ( Flixotide spray ) por via inalatória, na
®
COLAPSO DE TRAQUEIA
/f
• Na manutenção:
Antitussígenos: após o controle de inflamações e in-
fecções: hidrocodona 0,22 mg/kg, VO, TID, ou codeína
0,5-2 mg/ kg, VO, BID, ou butorfanol 0,5 mg/ kg, BID /
TID, ou dropropizina (Vibrai pediátrico ) cão pequeno
®
EFUSÕES PLEURAIS
DESCRIÇÃO: Condição comum em cães e gatos em que
o acú mulo de líquidos no espaço pleural prejudica a ex-
pansão pulmonar levando à insuficiência respiratória.
Aumento da pressão hidrost ática capilar, diminuição da
pressão coloidosm ótica e aumento da permeabilidade
capilar geralmente associados a diversas etiologias, como
neoplasias torácicas, cardiopatias, traumas torácicos, hi-
poproteinemia, peritonite infecciosa felina ( gatos), coa -
gulopatias, hérnia diafragmática e outras menos comuns
como torção de lobo pulmonar, tromboembolismo pul-
monar e obstrução linfática ou trombose de veia cava.
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos de dispneia expiratória,
tosse não produtiva, padrão respiratório restritivo, as-
sociados à hipofonese de sons pulmonares e cardíacos,
indicam fortemente a presença de efusão pleural. Análise
da efusão coletada por toracocentese é fundamental, in -
dicando -se citologia e em alguns casos análise bioquími -
ca ( colesterol, triglicérides, proteí na, albumina, fatores
de coagulação ), cultura e antibiograma ou coloração de
Gram. A diferenciação em transudato simples, transu -
dato modificado, exsudato séptico e não séptico auxilia
no diagnóstico da causa base. Radiografias e tomografia
computadorizada estão indicadas apenas para animais
estáveis.
TRATAMENTO
Toracocentese (vide também “Pericardiocentese - efu-
sões pericárdica”, cap. 2. Cardiologia ).
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 283
PIOTÓ RAX
O diagnóstico de piotórax ocorre pela identificação de ex-
sudato séptico na toracocentese, a não ser que o pacien-
te tenha recebido antibióticos antes da análise da efusão.
Neste caso, o exsudato pode ser não séptico. Geralmen -
te a infecção é mista, por bactérias anaeróbicas e aeróbi-
cas. Pode ser oriunda de ferimentos perfurantes no tórax
como mordeduras, corpos estranhos, pneumonia bacte-
riana, perfuração esofágica, disseminação hematógena,
progressão de discoespondilite, neoplasias com formação
de abscessos, secundário a cirurgia torácica ou toracocen-
teses, migração parasitária ou pode ser idiopática. Cultu -
ra negativa não exclui o diagnóstico de piotórax. Cultura
positiva para Actinomyces spp. pode associar-se a corpo
estranho como gramíneas.
Toracocentese e colocação de drenos torácicos. A dre-
nagem deve ser feita inicialmente a cada 2- 4 horas e o
intervalo é aumentado assim que diminuir a quantidade
de efusão. Lavagem do espaço pleural com solução fisio-
lógica aquecida (10 mL/kg) ajuda na drenagem. Não h á
benefícios do uso de antibióticos, heparina, fibrinolíti-
cos ou antissépticos locais. O dreno deve ser removido
quanto o volume de efusão for inferior a 3 mL/ kg/ dia,
não houver efusão à radiografia torácica ou bactérias à
citologia da efusão.
Antibióticos de amplo espectro, IV, até que o animal es-
teja alerta e com apetite normal. Amoxicilina + clavula -
nato 22 mg/ kg, VO, TID, porém n ão h á apresentação IV.
Ampicilina + sulbactam 22 mg/ kg, IV, TID; clindamici-
na 11 mg/ kg, VO, BID, associada a enrofloxacina 5 mg/
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 285
QUILOTÓRAX
Acúmulo de quilo no espaço pleural, secundá rio ao
prejuízo ou obstrução da drenagem linfática pleural.
Associa -se com insuficiência cardíaca direita, massas
mediastínicas, pericardiopatias, dirofilariose, linfangiec-
tasia, granulomas f ú ngicos ou ruptura do dueto torácico
por trauma. A maioria dos animais apresenta quilotórax
idiopático.
Tratamento da causa base. Tratar insuficiência card íaca,
dirofilariose e pericardiopatias. A diminuição da massa
mediastínica (com quimioterapia, radioterapia ou cirur-
gia, dependendo do diagn óstico) reduz a compressão da
veia cava e consequentemente reduz a formação de qui -
lotórax.
Modificação na dieta: baixo teor de gordura, triglicerí-
deos de cadeia média, no caso de quilotórax.
Flavonoides benzopirênicos: rutina 50-100 mg/ kg, VO,
TID (quilotórax) - eficácia relatada em gatos, não há re-
latos em cães.
Análogos da somatostatina: octreotida ( Sandostatin®-
Novartis) 10 pg/ kg, SC, TID, por 2 - 3 semanas (formação
de cálculos biliares se administrado por mais de 30 dias).
Baixa taxa de sucesso, oneroso e com baixa adesão devi -
do à aplicação parenteral.
286 CAPÍTULO 7
HIPERTENSÃO PULMONAR
DESCRIÇÃO: Aumento sustentado da pressão arterial
pulmonar. Os valores lim ítrofes para o diagn óstico são:
pressão arterial sistólica acima de 30 mmHg, diastólica
maior que 15 mmHg e média maior que 20 mmHg. Pode
ser primária ou secundária a doen ças cardíacas ( ICC
esquerda ), pulmonares ou respiratórias que causem hi-
poxemia ou êmbolos/ trombos ( dirofilariose, neoplasias,
corpos estranhos). Resulta de desequilíbrio de fatores
vasodilatadores ( óxido nítrico e prostaciclinas) e vaso-
constritores (serotonina, endotolina -1, tromboxano ) ,
causando aumento do tônus vasomotor, proliferação da
musculatura lisa e remodelamento vascular. Os sinais
clínicos variam de assintomáticos a sinais respiratórios
(tosse, dispneia, intolerância ao exercício) até síncopes.
DIAGNÓ STICO: Ecodopplercardiografia permite a esti-
mativa das pressões do átrio direito e artéria pulmonar
caso não haja estenose de artéria pulmonar. Regurgita-
ção da tricúspide acima de 2,8 m /s indica hipertensão
pulmonar sistólica e regurgitação pulmonar acima de
2 m/ s reflete hipertensão pulmonar diastólica. O índi-
ce de Tei, medida ecocardiográfica de função cardíaca,
pode ser utilizado para graduar a hipertensão pulmonar.
Radiografias são inespecíficas de alterações intersticiais
ou bronquiais. Eletrocardiografia pode demonstrar ind í-
cios de sobrecarga atrial e ventricular direita nos casos
moderados a graves.
TRATAMENTO
Inibidor da fosfodiesterase 5: sildenafil (Viagra -Pfi-
®
BID.
Policitemia (vide “Policitemia absoluta”, cap. 9. Hemato-
logia e imunologia ).
Tratamento da causa base ( cardíaca, pulmonar ) .
PARALISIA DE LARINGE
DESCRIÇÃO: Afeta cães idosos, de grande porte, comum
em Labrador e Golden Retrievers ou em cães que sofre-
ram trauma, polineuropatia, polimiopatia ou neoplasias
intra ou extratorácicas. Cães apresentam estridor, ciano -
se, intoler ância ao exercício, síncope, colapso, e podem
ter disfonia, tosse, engasgos e disfagia. Sinais exacerbam
após exercício e aumento da temperatura.
DIAGNÓSTICO: Visualização das cartilagens aritenoides
e cordas vocais paralisadas em uma posição paramedia-
na durante a inspiração. Cuidado com falso- positivos
pela depressão anestésica. São propensos à pneumonia
aspirativa, portanto indica-se radiografia torácica. Pode
ter associação com hipotireoidismo.
TRATAMENTO
• Tratamento emergencial
Ventilação, repouso e controle da temperatura: ani-
mais braquicefálicos dispneicos apresentam dificulda-
de de realizar a termorregulação e fazem hipertermia
( resfriamento lento).
290 CAP ÍTULO 7
PNEUMONIA ASPIRATIVA
DESCRI ÇÃO: Ocorre por aspiração de corpo estranho,
sendo as principais causas: iatrogênicas (sondas de ali -
mentação nasogástricas mal posicionadas, adminis-
tração por via oral de medicamentos ou alimentos ) ou
secundariamente a distú rbios como megaesôfago ou
esofagite, fenda palatina, anormalidades faringianas as-
sociadas à síndrome braquicefálica e neuropatias perifé-
ricas. Ainda, aspiração secundá ria às alterações de nível
de consciência, sobretudo associada a quadros eméticos
e em animais anestesiados que não estavam em jejum
alimentar. Pode haver lesão química resultante do efei-
to do ácido gástrico no parênquima pulmonar, lesões
obstrutivas ou infecção bacteriana devido à inalação de
materiais contaminados. Além de necrose, hemorragia,
edema pulmonar, há inflamação e broncoconstrição e
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 291
PNEUMONIA BACTERIANA
DESCRI ÇÃ O: Inflamação adquirida das vias aéreas infe-
riores e parênquima pulmonar, associada à colonização
bacteriana. Proteínas (invasinas) produzidas pelas bacté-
rias quebram as barreiras de defesa e facilitam a dissemi-
nação e lesão tecidual. Fatores de risco são diminuição
da imunidade, distúrbios congénitos ( megaesôfago, dis-
cinesia ciliar ), ambiental ( higiene e ventilaçã o inadequa-
das) e coinfecção ( calicivírus - gatos, cinomose - cães ).
DIAGN ÓSTICO: A tosse não ocorre em todos os animais,
geralmente há letargia, intolerância ao exercício, inapetên-
cia, taquipneia e secreção nasal. À ausculta pulmonar, pode
haver estertores úmidos, indicando a presença de muco,
ou hipofonese de sons, indicando consolidação lobar. Há
leucocitose no hemograma. Radiografias torácicas são
fundamentais, porém radiografias normais não excluem
o diagnóstico. Em casos resistentes, indicam-se citologia
com coloração de Gram e cultura e antibiograma do la-
vado traqueal ou broncoalveolar (vide Apêndice “Lavado
broncoalveolar”). Pode haver hipoxemia leve a moderada.
TRATAMENTO
Oxigenoterapia: se hipoxemia ( PaO, < 85 mmHg ou
Sa02 < 90% ). Fornecer oxigénio umidificado. Recorrer
à ventilação mecânica se Pa02 <60 mmHg mesmo com
oxigenoterapia.
Broncodilatadores: Metilxantinas: aminofilina 6-10
mg/ kg, VO, TID, ou teofilina 10- 20 mg/ kg, VO, BID; ou
Beta-agonistas: terbutalina 1,25-5 mg/cão, SID/ BID/
TID, ou albuterol 50 mcg/kg, VO, TID.
Antibióticos: podem ser feitos empiricamente ou
guiados pelos resultados dos exames complemen-
tares. Pacientes com sinais brandos podem receber
sulfametoxazol+trimetoprim 30 mg/ kg, VO, BID, doxi-
ciclina 5 mg/kg, VO, BID, cefalexina 30 mg/ kg, VO, BID,
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 293
PNEUMOPATIAS INTERSTICIAIS
DESCRIÇÃO: Inflamaçã o difusa do parênquima pulmo -
nar, envolvendo estruturas intersticiais e tecidos adjacen -
tes, como parede alveolar. As pneumopatias infiltrativas
mais comuns são a broncopneumonia eosinofílica ( BEP)
e a fibrose pulmonar idiopática. Parasitas pulmonares
contribuem para a eosinofilia ( Aerulostrongylus sp.; Ca -
pillaria sp.; Filaroides spp.; Angiostrongylus vasorum e
Dirofilaria immitis ).
DIAGNÓ STICO: Sinais clínicos de dispneia, com crepita -
ção à ausculta pulmonar. Radiografias torácicas devem ser
interpretadas com cautela, pois podem variar de normais
a padrões intersticiais nodulares ou reticulares. Exames
hematológicos raramente fornecem alterações específicas
como eosinofilia ou basofilia. A broncoscopia é útil, assim
294 CAPÍTULO 7
RINITE
DESCRIÇÃO: Doen ça caracterizada por espirros e se -
creção nasal. Alguns cães apresentam secreção posterior
manifestada por respiração nasal obstrutiva. As princi-
pais doenças associadas à rinite cr ónica são neoplasias
ou pólipos sinonasais, rinite linfoplasmocítica idiopáti-
ca, corpo estranho, doença dental e rinite f úngica / bac-
teriana. Filhotes podem apresentar secreção nasal rela -
cionada à fenda palatina (vide “ Fenda palatina”, cap. 12.
Neonatologia ). Observar se a descarga é uni ou bilateral.
296 CAP ÍTULO 7
.
2 Neoplasias e pólipos
Diagnóstico da neoplasia para direcionar o tratamento.
Não é rara a ocorrência de tumor venério transmissível.
A radioterapia é indicada na maioria dos tumores malig-
nos nasais, em combinação ou não com quimioterapia.
No caso de pólipos, indica -se a rinotomia, com possibili-
dade de recidiva em 1-2 anos.
SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA )
DESCRI ÇÃO: Comprometimento da barreira alvéolo-ca -
pilar com alteração da permeabilidade endotelial, levando
ao extravasamento de líquido para o interstício pulmonar,
que, ao ultrapassar a capacidade de drenagem linfática,
leva ao edema intersticial e alveolar. As principais causas
são aspiração de conteúdo gástrico, pneumonia difusa,
quase afogamento, inalação de fumaça ou gases tóxicos,
contusão pulmonar ou oxigenoterapia excessiva. Causas
extrapulmonares incluem edema pulmonar neurogênico,
uremia, pancreatite, tromboembolismo pulmonar, sepse
e síndrome da resposta inflamatória sistémica.
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 299
TRATAMENTO
Suporte ventilatório: oxigenoterapia por máscara, ca -
teter ou sedar / anestesiar, intubar e ventilar o pacien -
te. Ventilação com pressão positiva ao final da expira -
ção ( PEEP) age sobre alvéolos colapsados, sendo útil
na SDRA pela diminuição da complacência pulmonar.
Lembrar que concentrações maiores que 50 % de oxigé-
nio fornecidas por mais de 12 horas podem causar lesões
como atelectasia pulmonar.
Antibióticos: para evitar infecções secundárias (vide an-
tibióticos em “ Pneumonias bacterianas” ).
Fluidoterapia: evitar fluidoterapia em excesso, sendo
que cristaloides podem aumentar a pressão hidrostática
e coloides podem extravasar pela membrana endotelial e
agravar o edema pulmonar.
Diuréticos: furosemida 2 mg/ kg, IV (em bolus) , TID /
QID, se não houver hipotensão ou diminuição da per-
fusão tecidual.
Não há tratamentos farmacológicos com comprovada
eficácia, anti-inflamatórios esteroides não parecem con -
trolar a infecção. Corrija o fator predisponente.
300 CAP ÍTULO 7
TRAQUEOBRONQUITE INFECCIOSA
Vide "Traqueobronquite infecciosa canina" cap. 4. Doenças
Infecciosas.
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
DESCRIÇÃO: Obstrução dos vasos pulmonares por coá-
gulo sanguíneo, que se forma localmente ou em outros
lugares. Lesão endotelial, estase sanguínea e alterações
nos constituintes do sangue ( hipercoagulabilidade) pre-
dispõem à trombose. Ocorre prejuízo da ventilação-per-
fusão, broncoconstrição, hipoxemia, perda de surfactan -
te local, atelectasia, edema e efusão. Associa -se a outras
doenças como nefropatia ou enteropatia com perda de
proteínas ( vide “Síndrome nefrótica”, cap. 11. Nefrologia
e urologia ), neoplasias, doen ças cardíacas, pancreatite,
anemia hemolítica imunomediada, hiperadrenocorti-
cismo, diabetes mellitus, aterosclerose, sepse, traumas e
grandes procedimentos cir ú rgicos.
DIAGNÓSTICO: Os sinais clí nicos são inespecíficos de
distú rbio de vias aé reas inferiores e variam de leves a gra-
ves. Podem ocorrer dispneia, tosse, hemoptise, cianose,
colapso e óbito. O diagnóstico baseia-se na suspeita clí-
nica e exames complementares ( não específicos ), como
radiografia torácica, ecodopplercardiografia, hemogaso -
metria arterial e perfil hematológico completo.
TRATAMENTO
Oxigenoterapia.
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 301
AP Ê NDICES
LAVADO BRONCOALVEOLAR
DESCRI ÇÃO: O lavado broncoalveolar consiste em um exame
complementar primariamente utilizado para fins diagnósticos
de dist ú rbios do trato respiratório inferior, por meio do qual
se obtêm amostras para citologia e avaliação microbiológica de
brônquios, bronquíolos e alvéolos. Difere-se de lavado traqueal
e traqueobrônquico, pois por meio deste exame é possível cole-
tar amostras de vias aéreas inferiores e geralmente é realizado
durante o procedimento de broncoscopia. O paciente deve per-
manecer sob anestesia geral, com monitoração de parâmetros
vitais, oximetria e, se possível, hemogasometria. Os cães devem
permanecer em dec úbito dorsal e gatos ou cães pequenos em
dec ú bito lateral com o pulmão afetado posicionado ventral-
mente. Indica -se administração de broncodilatador aminofi-
lina 5 mg/ kg, IV (gatos) e 11 mg/ kg, IV (cães ) 1- 2 horas antes da
anestesia, para evitar broncoespasmo e em pacientes extrema -
mente comprometidos, pré-oxigenação. Consiste na introdução
de um broncoscópio estéril de 4 a 8 milímetros de diâ metro por
meio da sonda endotraqueal, possibilitando a visibilização dos
lobos pulmonares afetados. A intuba çã o deve ser cuidadosa e
com sonda endotraqueal estéril, evitando-se contaminação oro-
faríngea. Injeta-se nos brônquios solu ção salina isot ônica ( NaCl
a 0,9% ) em volume suficiente para alcançar os alvéolos. Imedia -
tamente após a instilação, deve-se sugar a seringa para obtenção
do líquido do lavado broncoalveolar, evitando -se aparelhos de
sucção que podem promover dano celular. Se houver pressão
negativa, deve-se realizar a sucçã o da seringa delicadamente
para evitar colapso das vias aéreas. Pode-se repetir a instila ção
e sucção at é obter amostra suficiente para os exames citológicos
e microbiológicos. Não há padronização do volume de solução
salina, no entanto, geralmente, injeta-se dois bolus de 20 mL
em cada lobo pulmonar em cães de grande porte e 4-5 bolus de
10 mL em cães de pequeno porte. Em gatos, o procedimento
deve ser mais rápido e indica -se o volume de 5 mL/ kg em no
m áximo três bolus. Geralmente o material sugado dos alvéolos
é de aspecto espumoso e objetiva-se recuperar no m ínimo 50%
do líquido injetado. De forma alternativa ao uso do broncoscó -
ENFERMIDADES RESPIRATÓ RIAS 303
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306 CAP ÍTULO 7
CIRROSE/FIBROSE HEPÁTICA
DESCRIÇÃO: Processo irreversível, difuso, caracterizado
por fibrose e conversão da arquitetura hepática normal
em n ódulos regenerativos estruturalmente desorganiza -
dos que levam a hipertensão portal. É secundária a di-
versas etiologias que causam agressão crónica ao fígado
e levam à insuficiência hepática. Principais sinais: ascite,
icterícia, vomito, diarreia, desidratação, perda de peso, po-
liúria, polidipsia, coagulopatias e encefalopatia hepática.
DIAGNÓ STICO: Aumento sérico de ácidos biliares, hi-
poalbuminemia; aumento de ALT e FA no início, e nor-
mal em estágios terminais; hiperbilirrubinemia; coleste-
rol baixo; hiperamonemia; hipoglicemia. Urin álise com
baixa densidade e cristais de biurato de amónio. Líquido
ascítico é transudato. Testes de hemostasia e tempo de
coagulação podem estar alterados. Radiografias e ultras-
sonografias mostram fígado diminuído (cães) e normal
ou aumentado (gatos). Confirmado com biópsia hepática.
TRATAMENTO: Quando possível, descobrir a causa da
agressão hepática que levou ao quadro de cirrose. Por
exemplo, o uso crónico de anticonvulsivantes, ac úmu-
lo de cobre hepático ou causas imunomediadas. Tratar
a causa de base (vide “ Hepatite crónica” ). Além disso, é
indicado tratamento de suporte de acordo com os sinais
clínicos apresentados.
309
310 CAPÍTULO 8
estiver vomitando ).
Protetor gástrico: sucralfato 0,5-1 g/cão ou 0,25 g/gato,
VO, TID / QID, pode ser usado em casos de ulceração
gástrica. Importante respeitar o intervalo de 2 horas para
uso de outra medicação oral.
Colerético: ácido ursodesoxicólico ( Ursacol ) 10-15 mg/
®
COCCIDIOSE
DESCRIÇÃ O: Infecção intestinal por coccídios como:
Isospora e Cryptosporidium. Infectam cães e gatos princi-
palmente pela ingestão de oocistos esporulados. Animais
jovens, que vivem em condições de pouca higiene, em
superpopulações ou imunossuprimidos são predispos-
tos. Sinais de diarreia, que pode ser mucoide ou hemor-
rágica, vomito, letargia, perda de peso e desidratação.
Alguns animais podem ser assintom áticos e eliminarem
oocistos no ambiente.
DIAGNÓ STICO: Baseado em sinais clínicos e identifica -
ção dos oocistos em fezes recentes, por meio de esfrega-
ço fresco com salina, flutuação em sulfato de zinco ou
flutuação em solução saturada de açúcar.
TRATAMENTO: A doen ça pode ser autolimitante em al-
guns animais.
• Isospora
Antibióticos: sulfadiazina + trimetoprim 15- 30 mg/ kg,
VO, SID/ BID, 5-10 dias, ou sulfadimetoxina 55 mg/
kg, VO, SID, dose inicial, seguida por 27,5 mg/ kg, VO,
BID, 10 dias ou 50-60 mg / kg, VO, SID, 5- 20 dias.
312 CAPÍTULO 8
• Cryptosporidium
Antibióticos: azitromicina 10 mg/ kg, VO, SID, até a
resolução dos sinais clínicos, ou tilosina 10-15 mg/ kg,
VO, TID/ BID, 21 dias.
Alguns animais podem necessitar de tratamento sinto-
m ático, como hidratação.
• Platinossomíase
Gatos com platinossomíase podem ter obstrução do
dueto biliar e devem ser encaminhados para tratamen -
to cir ú rgico.
Praziquantel para gatos com até 1,8 kg, 6,3 mg/ kg, VO,
em dose única e com mais de 1,8 kg, 5 mg/ kg, VO, em
dose ú nica. Repetir após 15 dias. Outra forma é usar
5- 20 mg/ kg, VO, SID/ BID, 3 dias ( a dose de 20 mg/ kg,
SID, não é recomendada na bula, ter consentimento
do proprietário antes de prescrever). Outra droga que
pode ser usada é nitroscanato ( Lopatol ) 100 mg/ kg,
®
dose ú nica.
COLECISTITE
DESCRIÇÃO: Inflamação da vesícula biliar, que pode ser
decorrente de estase biliar ou infecção ascendente do tra -
to digestivo através do dueto biliar comum. Pode evoluir
de diversas maneiras: colângio-hepatite bacteriana (se
ascender pelo trato biliar até o fígado, comum em gatos);
ou colecistite necrosante ( quando há lesão da parede da
vesícula biliar, com possível ruptura e peritonite secun -
dá ria); ou colecistite enfisematosa (quando a infecção é
causada por bacté rias formadoras de gases). Os colélitos
(cálculos na vesícula ) podem ser achados sem importân -
cia clí nica ou associados à colecistite.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 315
COLITE BACTERIANA
DESCRIÇÃO: Invasão de bactérias enteropatogênicas no
colón, causando inflamação da mucosa, principalmente:
Salmonella sp., Campylobacter jejuni , Yersinia sp., Bacil-
lus piliformes e Clostridium sp. Os sinais clínicos incluem
diarreia com características de intestino grosso ( vide
Apêndice “Classificação das diarreias”), tenesmo, febre,
vómitos, anorexia, dores abdominais e desidratação.
DIAGNÓ STICO: Baseado em sinais clínicos, o diagnós-
tico definitivo depende do isolamento da bactéria en-
volvida em amostras fecais, ou hemocultura, se houver
bacteremia. No hemograma, pode haver neutrofilia com
desvio à esquerda.
TRATAMENTO
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia.
Antibióticos: sulfadiazina+ trimetoprim 15 mg/ kg, VO,
BID, ou ampicilina 22 mg/ kg, VO /SC/ IV, TID, ou enro-
floxacina 5 mg/ kg, YO/SC, BID. Pode-se associar metro-
nidazol 15 mg/ kg, VO/ IV, BID.
Antieméticos: metoclopramida 0,5 mg/ kg, SC, BID, ou
clorpromazina 0,5 mg/ kg, SC / IM, TID ( n ão usar em
animais desidratados) , ou ondasentrona 0,5- 1 ,0 mg/ kg,
TID, IV, se houver vómitos.
Antagonistas de receptor H2: ranitidina 2 mg/ kg, VO /
SC, BID/TID, ou cimetidina 5,5-11 mg/ kg, VO / IM/SC,
BID, ou Inibidor da bomba de prótons: omeprazol ( Pet -
prazol ) 0,5-1,0 mg/ kg, VO, SID (oral, apenas se n ão es-
®
tiver vomitando ).
Antitérmico: dipirona 25 mg/kg, IM/VO, BID/TID, se
houver febre.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 317
COPROFAGIA
DESCRIÇÃO: Ingestão de fezes. Comportamento apre-
sentado tipicamente pelo cão, que pode ingerir suas pró-
prias fezes ou de outros animais, inclusive de gatos. Este
fato pode ser apenas comportamental, ou estar relacio-
nado a dist ú rbios metabólicos ou a fatores ambientais. A
halitose decorrente é um dos fatores de maior incomodo
aos proprietários.
DIAGNÓ STICO: Situações de má higiene e estressantes,
falta de atividade e confinamento em local pequeno po-
dem gerar esse comportamento. Além disso, deficiência
nutricional (como parasitismo, dieta desequilibrada, in-
suficiência pancreática exócrina, m á absorção intestinal )
ou a polifagia ( hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus )
também são predisponentes.
TRATAMENTO: Em animais nos quais o hábito é apenas
comportamental: Coprovet® (Coveli) 500 mg: 1 compri-
mido / 5 kg, SID, por 2 semanas (deve ser administrado
ao animal cujas fezes são ingeridas).
Além disso, é importante a modificação do manejo do
animal, como incentivar a prática de exercícios e brinca -
deiras. Manter o ambiente sempre limpo.
Em animais com deficiências nutricionais ou polifagia, a
causa base deve ser tratada.
• Tratamento sintomático
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos
e acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia, se
necessário.
Antieméticos: metoclopramida 0,5 mg/ kg, SC, BID,
ou clorpromazina 0,5 mg / kg, SC / IM, TID ( não usar
em animais desidratados), ou ondasentrona 0,5-1,0
mg/ kg, IV, TID, se houver vó mitos.
Antagonistas de receptor H2: ranitidina 2 mg/ kg, VO /
SC, BID / TID, ou cimetidina 5,5- 11 mg/kg, VO/ IM/
SC, BID, ou Inibidor da bomba de prótons: omepra-
zol ( Petprazor ) 0,5-1,0 mg/ kg, VO, SID ( oral, apenas
se não estiver vomitando).
Protetores de mucosa: sucralfato (Sucralfim ) 0,5-1 g/
®
DOENÇ A PERIODONTAL
DESCRIÇÃO: Inflamação do tecido de suporte do dente
( tecido gengival, o cemento, o ligamento periodontal e
o osso alveolar ). A placa bacteriana é formada em de-
corrência de falta de higienização ou de profilaxias ina-
dequadas. A organização e a mineralização desta placa
formam o cálculo dentário, que, consequentemente, leva
324 CAPÍTULO 8
Jejum de 2- 3 dias.
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia.
Nutrição parenteral durante o período de jejum,
de acordo com a tabela de nutrição parenteral ( vide
Apêndice “ Nutrição parenteral”, cap. 14. Nutrologia ).
Anti- inflamatório intestinal: mesalazina ( Mesacol )
®
FÍSTULA PERIANAL
DESCRI ÇÃO: Doença inflamató ria progressiva cróni-
ca, com tratos fistulosos mú ltiplos e seios ulcerados na
região anal. A causa é desconhecida, porém cães com
cauda pendente, ampla base e pelo abundante são pre-
dispostos à infecção e inflamação do local (gl. apócrinas,
perianais, sacos anais e folículos pilosos) pela umidade,
baixa ventilação e contaminação. O Pastor Alem ão é a
raça mais afetada. Pode haver um componente imuno -
mediado na patogenia da doença.
DIAGNÓ STICO: Exame da região perianal evidenciando
as fístulas, corrimento anal mucopurulento e odor fétido.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 327
FÍSTULA PERIANAL
DESCRIÇÃO: Doença inflamatória progressiva cróni-
ca, com tratos fistulosos m últiplos e seios ulcerados na
região anal. A causa é desconhecida, porém cães com
cauda pendente, ampla base e pelo abundante são pre-
dispostos à infecção e inflamação do local ( gl. apócrinas,
perianais, sacos anais e folículos pilosos) pela umidade,
baixa ventilação e contaminação. O Pastor Alemão é a
raça mais afetada. Pode haver um componente imuno-
mediado na patogenia da doença.
DIAGNÓ STICO: Exame da regiã o perianal evidenciando
as fístulas, corrimento anal mucopurulento e odor fétido.
328 CAP ÍTULO 8
GASTRITE AGUDA
DESCRIÇÃO: Inflamação da mucosa gástrica, que pode
se estender para a submucosa e até causar ulceração. Pode
ser causada por medicamentos (como AINE), alimenta-
ção, substâ ncias químicas irritantes, agentes infecciosos,
corpo estranho ou reação imune. Os sinais clínicos são
crise aguda de vomito (alimento, bile e ocasionalmente
sangue), pode haver inapetência e dor abdorhinal. A gas-
trite pode ser causada por um dist úrbio sistémico, como
insuficiência renal (gastrite urêmica).
DIAGNÓSTICO: Além do histórico e sinais clínicos, ra-
diografias abdominais mostrando mucosa gástrica es-
pessada e endoscopia podem ajudar no diagn óstico. Em
caso de ulceração pode haver anemia e melena.
TRATAMENTO: Eliminar a causa predisponente.
Jejum hídrico-alimentar por 24 horas. Após isso, se os vó-
mitos cessaram, iniciar a alimentação com pequenas quan-
tidades de água fria. Se o animal não vomitar, fornecer pe-
quenas quantidades de alimento leve, várias vezes ao dia.
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia, com
solução fisiológica ou Ringer lactato. A suplementação
de potássio deve ser feita se o vomito for frequente e per-
sistir por mais de 24 horas (forma impírica 20 mEq de
KC1 em 1 L de salina a 0,9% - não passar de 0,5 mEq de
potássio/kg/ h, IV, diluído no soro. Se a concentração de
potássio sérico for conhecida, usar a tabela de suplemen-
taçã o ( vide Apêndice “Fluidoterapia parenteral”, cap. 9.
Hematologia e imunologia) .
Antieméticos: metoclopramida 0,5 mg/ kg, SC, BID ( não
usar em animais com suspeita de corpo estranho ou obs-
trução), ou clorpromazina 0, 5 mg/ kg, SC/ IM, TID ( n ão
usar em animais desidratados ), ou ondasentrona 0, 5- 1 ,0
mg/ kg, IV, TID.
330 CAP ÍTULO 8
GASTRITE CRÓNICA
Ml
GASTROENTERITE VIRAL
DESCRI ÇÃO: Infecção intestinal que pode ser causada
por parvovírus, coronavírus, astrovírus, rotavírus ou ví-
rus da cinomose em cães. Gatos são afetados principal-
mente por coronavírus entérico ou vírus da panleucope -
nia. Acomete principalmente filhotes. Sinais de vómitos,
diarreia ( normalmente sanguinolenta e com característi-
cas de intestino delgado) (vide Apêndice “Classificação
das diarreias”), febre, hiporexia e desidratação.
DIAGN ÓSTICO: Início agudo dos sintomas, associado
principalmente a leucopenia, em animais sem histórico
de vacinação pode sugerir o diagnóstico. O diagnóstico
definitivo é feito por detecção do vírus nas fezes ou por
sorologias pareadas.
TRATAMENTO: O tratamento é feito com base nos sinais
clínicos apresentados.
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia, com
solução fisiológica ou Ringer lactato. A suplementação
de potássio deve ser feita se o vómito for frequente e per-
sistir por mais de 24 horas (forma empírica 20 mEq de
KC1 em 1 L de salina a 0,9% - não passar de 0,5 mEq de
potássio / kg/ h, IV, se a concentração de potássio sérico
for conhecida ) .
Jejum hídrico-alimentar por 24 horas, após, se os vómi-
tos cessarem, iniciar a alimentação com pequenas quan -
tidades de água fria-gelada. Se com isso o animal não vo-
mitar, fornecer pequenas quantidades de alimento, várias
vezes ao dia. Caso o animal apresente anorexia, é neces-
sária a colocação de sondas nasogástricas, esofágicas ou
gástricas para alimentação forçada (vide Apêndice “ Tu-
bos alimentares”, cap. 14. Nutrologia ). Se o animal n ão
parar de vomitar, iniciar nutrição parenteral (vide Apên -
dice “ Nutrição parenteral”, cap. 14. Nutrologia).
332 CAPÍTULO 8
Gi ARDI ASE
MI
TRATAMENTO
Fembendazol ( Panacur 500 mg) 50 mg/ kg (1 compri-
®
HEPATITE CRÓNICA
DESCRIÇÃO: Grupo de doenças que causam lesões
inflamatórias-necrosantes no fígado, como doenças de
armazenamento de cobre, predisposição familiar, tóxica,
infecciosa ou idiopática (essa forma tem predisposição
em fêmeas da raça Dobermann Pinscher ) . Nem sempre
a doença de base está bem definida. Sinais de poliú ria,
polidipsia, perda de peso, hiporexia, icter ícia, ascite, coa-
gulopatias, podendo evoluir para cirrose e encefalopatia
hepática. Alguns cães podem ser assintomáticos.
DIAGNÓ STICO: Aumento da atividade das enzimas he-
páticas, ALT, AST, FA e GGT, aumento da bilirrubina
e hipoalbuminemia. Pode haver aumento de amômia
plasmática, de ácidos biliares e do tempo de coagulação
e diminuição da ureia plasm ática e glicemia. A biópsia
confirma a presença de doen ça inflamatória e colorações
para cobre mostram sua deposição no fígado. Dependen-
do da evolução, a biópsia pode mostrar sinais de cirrose.
TRATAMENTO
Vide tratamento para “Cirrose/fibrose hepática”.
• Doença de armazenamento de cobre
Quelante de cobre: D- penicilamina 10-15 mg/ kg, VO,
BID, 30 minutos antes das refeições, por toda a vida.
Pode causar anorexia e vómitos.
334 CAPÍTULO 8
• Doença infecciosa
Os animais podem apresentar febre e sinais de perito-
nite, além de leucocitose por neutrofilia.
Antibióticos: devem ser baseados em cultivos e an-
tibiogramas da bile ou tecido hepático. Ampicilina +
ácido clavulânico 12,5-22 mg/ kg, VO /SC, TID, ou ce-
falexina 22 - 30 mg/ kg, VO, BID, ou enrofloxacina 2,5-
5 mg/ kg, VO, BID, associados ao metronidazol 7,5- 15
mg/ kg, VO / IV, BID, por 6 semanas.
Importante diagnóstico diferencial de leptospirose e
hepatite infecciosa canina.
• Doença idiopática
Drogas imunossupressoras: prednisolona, in ício: 1 , 1 -
2,2 mg/ kg, VO, SID, associada a azatioprina 50 mg/ m 2,
VO, SID, 4 semanas, ap ós esse per íodo reduzir grada-
tivamente, inicialmente a prednisolona e depois a aza-
tioprina até a retirada completa (se possível ).
A prednisolona 1 mg/ kg, VO, SID, pode ser benéfica
no tratamento da doença idiopática, principalmente
para controle das coagulopatias.
• Todas as formas
Antioxidante: N-acetilcisteína ( Fluimucil® ) 140 mg/
kg, VO, na dose e depois 70 mg/ kg, VO, TID.
Vitaminas: vitamina E 10 Ul / kg, VO, SID; vitamina
Kl 0,5- 2,0 mg/ kg, SC, BID (em animais com alterações
de coagulação).
Protetor hepático: silimarina 10 mg/ kg, VO, TID ( Le-
galon ).
®
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 335
TRATAMENTO
Enzimas pancreáticas: pancreatina pó 10 g/ 20 kg, VO,
administrada junto com os alimentos. Se o tratamento
não obtiver sucesso, pode- se fornecer 30 minutos antes
da administração das enzimas: ranitidina 2 mg/ kg, VO,
BID ( evita que as enzimas sejam destruídas no estôma -
go). Outra forma de suplementação das enzimas é o
fornecimento de pâncreas cru de bovino ou suíno 85-
110 g/ 20 kg em cada refeição.
Dieta de alta digestibilidade e pobre em gordura (vide
“Manejo da insuficiência exócrina”, cap. 14. Nutrologia ).
Suplementação vitamí nica: tocoferol (vit. E ) 400-500
UI, SID, durante 1 m ês, e cobalamina (vit. BI 2) 250 mg,
336 CAPÍTULO 8
INTUSSUSCEPÇÃO
DESCRI ÇÃO: E o pregueamento do intestino, em que
uma porção fica por dentro (intussuscepto ) de outra
porção adjacente (intussuscipiente). Causa obstrução
intestinal completa ou parcial e congestão da mucosa in -
testinal do intussuscepto. Além disso, ocorre distensão
intestinal com líquidos e gases na porção proximal à obs-
trução e crescimento bacteriano com absorção de endo-
toxinas. Pode estar associada a quadros de parasitismo,
infecções virais, corpos estranhos, aderências e tumores.
Os animais apresentam vomito, diarreia sanguinolenta,
sensibilidade abdominal. Quanto mais proximal a obs-
trução, mais agudo é o quadro.
DIAGN ÓSTICO: Massa palpável em abdómen (alça in -
testinal espessada), radiografias simples ( massa de tecido
mole tubular delimitada por gás) ou contrastadas (bá rio
pode circundar a parte do intestino que está por dentro
ou pode formar faixas lineares na parede do intestino
que está por fora ) e ultrassonografia. Hipocalemia e al-
calose metabólica podem estar presentes.
TRATAMENTO: O paciente deve ser estabilizado antes de
ser encaminhado ao procedimento cir úrgico.
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia, com
solução fisiológica. A suplementação de potássio deve
ser feita se o vomito for frequente e persistir por mais
de 24 horas (forma impírica 20 mEq de KC1 em 1 L de
salina a 0,9% - n ão passar de 0,5 mEq de potássio/ kg/ h,
IV, diluído no soro. Se a concentração de potássio séri-
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 337
MEGAESÔ FAGO
TRATAMENTO
Suporte: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e aci -
dobásicos, com base na tabela de fluidoterapia. De prefe-
rência usar Ringer lactato.
Manejo alimentar: importante para o equilíbrio nutri-
cional e para evitar aspiração do alimento. A alimenta -
ção deve ser administrada em pequenas quantidades e
várias vezes ao dia. A dieta formulada deve ser rica em
calorias, apresentar consistência líquida a pastosa e ser
fornecida com o animal em posição vertical ( patas dian -
teiras elevadas ) ( vide “Manejo nutricional do megaesôfa -
go”, cap. 14. Nutrologia ).
Pró-cinéticos: metoclorpramida ( Plasil ) 0,5 mg/ kg,
®
PANCREATITE AGUDA
DESCRIÇÃO: Inflamação do pâncreas de surgimento sú -
bito, podendo ser reversível. Obesidade, fatores nutricio-
nais, alguns medicamentos, toxinas, obstrução de duetos
pancreáticos ( cálculos, tumores, etc.), traumatismos, en -
docrinopatias, isquemia ou infecção podem ser predis-
ponentes. Sinais de depressão, anorexia, vómito, diarreia,
dor abdominal (posição de prece), desidratação, icterícia
e efusões. Choque cardiovascular e coagulação intravas-
cular disseminada ( CIVD ) são complicações graves.
DIAGNÓSTICO: Baseado no histó rico e sinais clínicos.
Radiografias abdominais podem mostrar o aumento da
densidade radiográfica, a redução do contraste e a pre -
sença de granulações no abdómen cranial direito, duo-
deno dilatado e deslocado ventralmente ou para a direita.
340 CAP ÍTULO 8
PANCREATITE CRÓNICA
DESCRI ÇÃO: Inflamação contínua do pâncreas, cau -
sando alterações morfológicas irreversíveis e deficiência
permanente da função endócrina ou exó crina. Insufi-
ciência pancreática exócrina ou diabetes melittus podem
ser sequelas da doença. Os sinais clínicos são semelhan-
tes aos da pancreatite aguda.
342 CAP ÍTULO 8
PARASITISMO INTESTINAL
_
DESCRIÇÃO: Parasitismo do trato intestinal de cães e
gatos. Os vermes são classificados em filos: platelmintos
(trematoides e cestoides - vermes chatos) ou nematoi-
des (vermes redondos). Os sinais clínicos dependem do
tipo de verme, mas são, principalmente, diarreia, vomito
e perda de peso, em animais jovens sinais de desconforto
abdominal, abdómen dilatado, pelagem sem brilho, desi -
dratação, anemia e até retardo no crescimento.
DIAGNÓSTICO: Inspeção macroscópica das fezes em
busca de proglótides de cestoides ou ascarídeos adultos,
coproparasitológicos como: técnica de flutuação fecal
em busca de ovos, centrifugação-flutuação das fezes em
sulfato de zinco, esfregaço em solução salina de fezes re-
centes. Os exames devem ser repetidos várias vezes para
considerar o animal livre de infecção.
TRATAMENTO
i
do para 10 kg.
VERMINOSE
APÊNDICES
ANTIEMÉTICOS (opções)
• Clorpromazina 0,5 mg/ kg, SC/ IM, TID (não usar em ani-
mais desidratados) - ação estabilizadora no sistema nervoso
central e periférico e ação depressora seletiva sobre o SNC,
permitindo, assim, o controle dos mais variados tipos de ex-
citação.
• Ondasentrona 0,5-1,0 mg/ kg, IV/ VO, TID - bloqueador da
serotonina.
• Metoclopramida 0,5 mg/ kg, SC/ VO, BID - antagonista da
dopamina, estimula a motilidade muscular lisa do trato gas-
trointestinal superior, sem estimular as secreções gástrica,
biliar e pancreática. Seu mecanismo de ação é desconhecido,
parecendo sensibilizar os tecidos para a atividade da acetilco-
lina, aumentar o tônus e amplitude das contrações gástricas
(especialmente antral ) e relaxar o esfíncter pilórico, duodeno
e jejuno, resultando na aceleração do esvaziamento gástrico
e do trânsito intestinal e aumentando o tônus de repouso do
esfí ncter esofágico inferior.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 345
CINTILOGRAFIA PORTORRETAL
Método n ão invasivo, poré m há necessidade de equipamentos
especiais para sua realização. Instila -se, via retal, o radioisóto -
po pertecnetato de tecnécio- 99m, que é rapidamente absorvido
pela mucosa colônica. Em animais normais, a radioatividade é
observada inicialmente na veia porta e fígado, já em animais
com desvios, a radioatividade será primeiramente observada no
coração.
CAUSAS DE VOMITO
Doen ças gastrointestinais N ão gastrointestinais
Alimentar: intoler â ncia ou alergia Medicações: xilazina,
alimentar quimioterapia, antibióticos,
anti-inflamatórios, etc.
Pancreatite, doença inflamatória Alterações endógenas: uremia,
intestinal sepse, acidose, hiperç alcemia, etc.
Obstrução: corpo estranho, Doenças endócrinas: cetoacidose
hipertrofia de piloro, diabética, hipoadrenocorticismo,
intussuscepçã o, neoplasia, hipertireoidismo
dilatação, vólvulo, torção
Compressão: intra ou extraluminal Doenças do SNC: lesões
intracranianas (neoplasia, infecção,
inflamação, trauma), doen ças
vestibulares
Infecciosa: parvovirose, cinomose, Piometra, peritonite
bacteriana
Parasitos: ascaridíase Insuficiência cardíaca congestiva
Enjoo de movimenta çã o (cinetose)
TRATAMENTO:
Morfina 0,5-1 mg/ kg, IM/ IV.
Xilazina 0,4- 0,5 mg / kg, IV ( principalmente em gatos).
Xarope de ipeca 1- 2 mL/ kg, VO.
Peróxido de hidrogé nio ( água oxigenada a 10%) diluído 1:1 em
água, 1-5 mL/ kg, VO.
Depois do vomito, pode -se administrar:
Adsorvente: carvão ativado ( Enterex ) diluir cada 100 g em
®
ENEMA CONTRASTADO
DESCRIÇÃO: Avaliação radiográfica do intestino grosso usando
o sulfato de bário.
• Preparo do animal: jejum alimentar de 24- 36 horas e realiza -
ção de enemas de limpeza do colón antes de 2 horas da reali-
zação da técnica.
• Realização de radiografias simples no tempo zero ( antes da
administração do contraste ).
348 CAP ÍTULO 8
LAXANTES
1. Formadores de massa sã o polissacarídeos indigeríveis ( ce-
lulose), com propriedades hidrofílicas. Aumentam o volume
das fezes, ideal para manutenção em pacientes com fezes res-
secadas. Ex.: farelo de trigo grosso 1-3 colheres das de sopa
para cada 454 g de alimento, ou psyllium 1-2 colheres (chá)
para cada 454 g de alimento. Animal deve estar hidratado.
2. Lubrificantes recobrem, deslizam e retardam a absorção de
água, não aumentam peristaltismo. Ex.: óleo mineral 10 -25
mL, SID, *e petrolatum 1-5 mL, SID. Não administrar com
alimentos, pois interferem na absorção de vitaminas liposso-
lúveis.
3 . Emolientes atuam como detergentes, facilitando a entrada de
água e lipídeos. Ex.: dioctilsulfossuccinato de sódio 50 mg/ gato
e 10-200 g/ cão, SID/ BID. Não usar em animais desidratados.
4. Osmóticos são parcialmente absorvidos, causam a atração da
água, deixando as fezes pastosas. Ex.: sais de magnésio (sulfa-
to e citrato ); lactulona 0,5-1 mL/ kg, BID / TID.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 349
TR Â NSITO GASTROINTESTINAL
(ESTUDO CONTRASTADO)
DESCRIÇÃO: Avaliação radiogr áfica do trato intestinal superior
e seu trânsito usando sulfato de bário.
• Preparo do animal: de preferência, jejum alimentar de 24 ho -
ras e realização de enema 2-4 horas antes do exame.
• Realização de radiografias simples no tempo zero ( antes da
administração do contraste ).
• Administração do contraste: suspensão de sulfato bário 6-12
mL /kg (cães) e 12-16 mL/ kg (gatos), VO. Outros contrastes
podem ser usados em caso de suspeita de ruptura gástrica,
como iodo orgânico iônico (2 - 3 mL/kg) ou iodo orgânico não
iônico 240- 300 mg (10 mL/ kg, na diluição 1:2).
• Trânsito: estruturas observadas após a administração do
contraste em radiografias seriadas em paciente normal es-
tão apresentadas na tabela 1. Em pacientes com alteração de
tr ânsito pode ser necessária a realização de radiografias em
diferentes tempos.
INDICAÇÕES: Para melhor observação de anomalias muco-
sas, extensão intestinal afetada, espessura da parede intestinal,
atividade perist áltica e tempo de trânsito intestinal, tamanho,
conteú do e abertura luminal. São candidatos para o estudo pa-
cientes que apresentam: vómitos persistentes sem causa conhe-
cida, suspeita de massa abdominal /corpo estranho sem indícios
de obstrução intestinal, dor abdominal sem causa conhecida,
perda de peso com diarreia intermitente ou recorrente, melena
e hematêmese.
CONTRAINDICAÇÕES: O sulfato de bário não deve ser usado
em pacientes com suspeita de obstru ção intestinal, pacientes
com suspeita de perfuração intestinal ou que apresentam qual -
quer evidê ncia de peritonite secund ária a perfuração gastroin -
testinal.
GASTROENTEROLOGIA E HE PATOLOGIA 351
delgado
4 horas 1 hora intestino delgado e c ólon
imediato imediato I estômago
BIBLIOGRAFIA
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1
ANEMIA HEMOLÍTICA
DESCRI ÇÃO: Anemia regenerativa decorrente de he-
mólise que tem como causas comuns eritroparasitoses
( Mycoplasma haemofelis, M . haemocanis, Babesia sp.),
intoxicações causadoras de oxidação da hemoglobina
( paracetamol, azul de metileno, fenazopiridina, benzo-
ca ína e opioides - felinos) , leptospirose, glomerulone-
frite, CIVD, hemangiossarcoma e uremia. Os principais
sinais clínicos são mucosas hipocoradas ou ictéricas, in -
tolerância ao exercício, apatia e ocasionalmente vómitos
e dor abdominal.
DIAGN ÓSTICO: Redução do hematócrito, hemoglobi-
nemia e consequente hemoglobin ú ria, eventual achado
de corp úsculos de Heinz (oxidação da hemoglobina ) ,
excentró citos e eritroparasitas. Sinais de ativação da eri-
tropoese como policromasia, anisocitose e presença de
eritroblastos circulantes.
TRATAMENTO
Tratar a doença ou causa subjacente.
Corticosteroides: prednisona 1 -2 mg/ kg, VO, SID /BID
(cães) e 2- 4 mg/ kg, VO, SID/ BID (gatos). Os corticoste-
roides podem ser utilizados para suprimir a atividade do
sistema monocítico-fagocitário ( SMF ) enquanto o agen-
te etiológico está sendo eliminado, embora isso não seja
sempre benéfico.
355
356 CAP ÍTULO 9
ANEMIA HEMOLÍTICA
IMUNOMEDIAOA (AHIM)
DESCRIÇÃ O: Anemia regenerativa ou arregenerativa de-
corrente de destruição ou remoção acelerada de hemácias
devido a anticorpos IgG antieritrocitários ocasionando
hem ólise intra e/ ou extravascular. AHIM primária tem
como principais causas anemia hemolítica autoimune,
LES, isoeritrólise neonatal (gatos) e idiopática. De outra
parte, erliquiose, leishmaniose, FeLV, vasculite e linfoma
figuram entre as principais causas de AHIM secundária.
Os sinais são semelhantes aos da anemia hemolítica.
DIAGNÓ STICO: Anemia regenerativa / arregenerativa
evidente ( providenciar contagem de reticulócitos para
diferenciação), leucocitose neutrof ílica com desvio à es-
querda e monocitose, hemácias nucleadas (eritroblaste-
mia ), policromasia e esferocitose são achados típicos de
AHIM. Sugere -se que se realize o teste de aglutinação em
solução salina a 0,9% e/ ou teste de Coombs para maior
acurácia diagn óstica. Pode ser encontrada hemoglobine-
mia e consequente hemoglobin ú ria.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 357
TRATAMENTO
Identificar e, se possível, tratar a causa subjacente.
Corticosteroides: doses imunossupressoras de corticoi-
des constituem o tratamento de escolha para a AHIM.
Pode-se optar pela prednisona 2-4 mg/ kg, VO / IM/ IV,
SID/ BID (cães) e 2 -5 mg /kg, VO/SC/ IM, SID/ BID (ga -
tos), pelo tempo que for necessário ( alta porcentagem de
animais exibe melhora acentuada em 24-96 horas após
in ício do tratamento ). A dexametasona 2,2-4,4 mg/ kg,
IV, dose ú nica ( aplicar lentamente ), pode ser utilizada
como terapia inicial, mas não deve ser mantida, devido a
risco de ulceração gástrica.
Em geral, caninos e felinos requerem tratamento imu-
nossupressor prolongado, muitas vezes, por toda a vida.
Sugere -se, portanto, que o tratamento seja empregado
por 2- 3 semanas e o paciente seja reavaliado clínica e he -
matologicamente. Se o hematócrito voltar à normalida -
de ou houver melhora do quadro clínico, ou o paciente
apresentar estabilidade clínica, a dose de corticoide deve
ser reduzida para 25- 50%. Esse procedimento de redu -
ção da dosagem deve ser paulatino até que a droga seja
descontinuada ou o paciente tenha uma recaída. Neste
último caso, a dose benéfica previamente usada deve ser
retomada.
Recomenda -se o uso de protetor gástrico: ranitidina
2 mg/ kg, VO, BID, 30 minutos antes das medicações, ou
inibidor da bomba de prótons: omeprazol 0,7 mg/ kg,
VO, SID, pela manhã e em jejum.
Eventualmente, faz-se necessário a associação de imu -
nossupressores e quimioterápicos.
Associação de imunossupressores e quimioterápicos:
nos casos de anemias n ão responsivas à monoterapia
com glicocorticoides, recomenda-se para gatos cloram -
bucil 2- 4 mg/ m2, VO, DA ou 20 mg/ m2, VO, a cada 2
semanas (dose mais utilizada na manutenção ) e para
358 CAP ÍTULO 9
ANEMIAS HIPOPROLIFERATIVAS
(HIPOPL Á SICAS)
éé
TRATAMENTO
Tratar a condição subjacente quando possível.
Interromper a coagulação intravascular: heparina
sódica 5-10 Ul/ kg ( minidose) ou 50-100 Ul/ kg ( baixa
dose ), SC, TID, combinada a transfusão sanguínea de
sangue total ou derivados ( plasma fresco congelado ou
armazenado) (vide Apêndice “ Transfusão sanguínea” ).
A primeira dose de heparina deve ser adicionada ao san-
gue ou plasma a ser transfundido e mantido em repouso
por 30 minutos, para permitir a ativação do complexo
“heparina-ATUI”. Se houver evidências de microtrom -
bose grave (ex., azotemia acentuada com isosten ú ria ,
aumento da atividade de enzimas hepáticas, comple-
xos ventriculares prematuros), dispneia ou hipoxemia,
368 CAP ÍTULO 9
HEMOFILIAS
DESCRI ÇÃO: São coagulopatias que se diferenciam na
origem e nos fatores de coagulação em que afetam. A he-
mofilia A, caracterizada pela deficiê ncia do fator VIII, é
uma doença congénita recessiva ligada ao cromossomo
X, que afeta predominantemente machos cujas mães se -
jam portadoras. É a hemofilia mais comum em cães e
tem como principal raça acometida os Pastores Alem ães.
As hemofilias B e C, ou deficiências dos fatores IX e XI,
respectivamente, apesar de raras, já foram relatadas em
várias raças de cães. A hemofilia B se origina na muta -
ção do gene do fator IX, e a hemofilia C é uma doença
de herança autossômica recessiva. Os sinais clínicos das
hemofilias são variáveis e dependem da magnitude da
deficiência. Podem estar presentes sangramento inten -
so ap ós trauma, hemartroses, sangramento muscular ou
subcutâneo, hemorragia umbilical persistente quando fi-
lhotes e sangramento gengival na troca de dentes.
DIAGN ÓSTICO: O diagnóstico das hemofilias é baseado
na documentação do TTPA prolongado, associado à sele-
tiva redução da quantidade e/ou concentração dos fatores
VIII ( hemofilia A), IX ( hemofilia B) ou XI ( hemofilia C).
TRATAMENTO
Tratamento conservador: de maneira geral, a restrição
de movimentos é uma recomendação para todos os tipos
de hemofilias.
Reposição dos fatores de coagulação:
• Fator VIII: a reposição do fator VIII é recomendada
nos episódios hemorrágicos nos pacientes hemofílicos
A. Dentre os hemoderivados, o mais indicado é o plas-
ma crioprecipitado I unidade/ 10 kg, IV, SID / BID ( a t1/ 2
do fator VIII é de 10-12 horas), porém o plasma fresco
congelado e o sangue total fresco também podem ser
utilizados (vide Apêndice “ Transfusão sanguínea” ).
370 CAPÍTULO 9
TRATAMENTO
Protetor solar FPS30 à prova de água para os pacientes
que apresentarem lesões cutâneas.
Corticosteroides: prednisona ou prednisolona 1-2 mg/
kg, VO, BID para cães e até 8 mg/ kg, VO, BID para gatos,
até a remissão dos sinais clínicos e laboratoriais, e en-
372 CAPÍTULO 9
POLICITEMIA ABSOLUTA
POLICITEMIA RELATIVA
DESCRI ÇÃO: Define-se como aumento no n úmero de
eritrócitos circulantes decorrente da diminuição do vo-
lume plasmático, decorrente, geralmente, da desidrata-
ção. Pode ocorrer de maneira transitória após contração
esplénica, como resposta moment ânea à adrenalina. Os
sinais associados à desidratação são turgor cutâneo posi-
tivo, apatia, mucosas ressecadas e congestas. Neste caso,
é de bom alvitre avaliar histórico de vómitos e/ ou diar-
reia concomitante.
DIAGN ÓSTICO: Hematócrito elevado associado à pro -
teína total plasmática moderadamente aumentada, sem
alteração na saturação de 02. Avaliar função renal, es-
tado ácido- base e equilíbrio eletrolítico para estabeleci-
mento da causa de fundo.
TRATAMENTO
Identificar e tratar a causa base.
Reidratação intravascular com soluções, cujos volume
e velocidade devem estar apropriados para a causa pri-
mária e grau de desidratação (vide Apêndice “ Fluidote-
rapia parenteral” ).
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 375
AP Ê NDICES
FLUIDOTERAPIA PARENTERAL
DESCRI ÇÃO: É o emprego da fluidoterapia intravascular uti-
lizando soluções cristaloides para reposição e manutenção da
hidratação dos pacientes.
INDICAÇÕE Ç: É indicada para todos os pacientes que necessi-
tem de correções hidroeletrolíticas.
.
1 ESCOLHA DO FLUIDO CRISTALOIDE PARA REPOSI ÇÃO
Diversas doenças requerem reposição de fluidos de maneira in -
dividualizada, no entanto, de maneira geral, existem três tipos
de desidratação:
* Desidratação isotônica (isonatrêmica) ( ex., diarreias, vó-
mitos, anorexia, glicosú ria - diabetes mellitus, DRC, choque
hipovolêmico ): solução isotônica de Ringer lactato.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 377
j Volume
Necessidade ; Constante Peso ( kg ) i (mL)
"A" Reidratação
(perdas já 40 a 100 x
ocorridas)
"B" Manutençã o diá ria
Adulto 40 x
Jovem 50 x
Muito jovem 60 x
3. CÁLCULO DA VELOCIDADE
DE ADMINISTRAÇÃO DO FLUIDO
A velocidade de administração de fluidos depende de vários fa -
tores, que vão desde a via até a composição e osmolalidade do
fluido, o tipo de hidratação ( reposição ou manutenção), grau
de desidratação e estado cardiovascular e renal do paciente. Os
fluidos de reposição podem ser administrados rapidamente e de
acordo com a necessidade de cada caso, já os de manutenção, não.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 379
HEMOGASOMETRIA
DESCRIÇÃO: Ê uma avaliação que compreende, respectiva e ba -
sicamente, a leitura do pH, e das pressões parciais de 02 ( p02 )
e de C02 ( pC02) , e do bicarbonato ( HCO ~ ). Ressalta -se que a
leitura deve ser realizada comparando-se os valores obtidos na
amostra analisada e os valores padrões preestabelecidos pelo
aparelho utilizado. A amostra pode ser tanto de sangue arterial
quanto venoso, por ém a origem da amostra é importante para
a interpretação do resultado. Vale ressaltar que se o objetivo da
análise é a avaliação do desempenho pulmonar ou de pacientes
mantidos sob anestesia geral, a amostra deve ser, preferencial-
mente, arterial. As diferenças básicas entre os resultados gaso-
métricos de amostras arteriais e venosas são valores maiores de
pH e p02 nas amostras arteriais, e valores maiores de pC02, bi-
carbonato e TC02 nas venosas.
INDICAÇÕES: Em todas as situações em que se considerar ava -
liar o equilíbrio ácido -base, a ventilação alveolar, a oxigenação
e a fun ção metabólica.
HCO (mEq/L)
"
18,0 (14,4-21,6) 20,6 (18-23)
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
DESCRIÇÃO: Tem como objetivo a reposição tempor ária, efe-
tiva e segura de componentes do sangue, e deve ser instituída
somente quando os benef ícios esperados forem maiores que os
riscos oferecidos pelo procedimento. Pode ser realizada utili-
zando -se sangue total ou seus derivados (p.ex., concentrado ou
papa de hemácias, plasma fresco congelado, plasma armazena-
do, plasma rico em plaquetas, etc.).
INDICAÇÕES: Está indicada quando a contagem de hemácias
for inferior aos valores de referência, de forma a comprome-
ter a capacidade do sangue em carrear oxigénio e, desse modo,
causar hipóxia tecidual. Deve ser realizada em animais que
perderam > 30% da volemia, de forma aguda, ou em animais
com quadro de anemia crónica com sinais clínicos de compro-
metimento da oxigenação (dispneia, taquipneia, desorientaçã o,
hipotensão, síncopes, pulso fraco, aumento do TPC, extremida-
des frias, aumento da TC02 e 02 arteriais ( hemogasometria ) e
hiperlactatemia ( > 4,8 mmol/ L). A avaliação eletrocardiográfica
de pacientes anémicos pode também ser utilizada como parâ-
metro para realiza ção da terapia transfusional. Arritmias ven -
triculares, alterações no segmento S-T, aumento da frequência
cardíaca, da onda T e do segmento Q -T podem indicar hipóxia
do miocárdio.
.
1 MODALIDADES DE TRANSFUSÕES
a) Sangue Total Fresco (STF ) fornece hemácias, leucócitos,
proteínas plasm áticas, todos os fatores de coagulação e pla-
quetas, sendo um bom componente nos casos de sangramen -
to agudo.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 381
Hemofilia A 3 2 1
Hemofilia B ou C 3 2ou 1 2
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1
CAP ÍTULO 9
386
Michiko Sakate
Paulo César Jark
389
390 CAP ÍTULO 10
TRATAMENTO
• Reações tóxicas e alérgicas locais
Retirada dos ferrões: n ão é indicado comprimir ou
puxar os ferrões, e alguns estudos mostram que, 60 se-
gundos após a picada, todo o veneno é inoculado.
Compressas frias.
Anti-histamínicos tópicos: creme de prometazina.
Anti -histamínicos sistémicos: prometazina 0 ,2 - 1 ,0 mg/
kg, IV/ IM, ou difenidramina 1 -2 mg/kg, IV.
ACIDENTE BOTRÓPICO
DESCRI ÇÃO: Acidente causado por serpentes do gênero
Bothrops, Bothriopsis, Bothropoides, Bothrocophias ( jara -
raca, jararacuçu, urutu ). São serpentes muito agressivas
e responsáveis por 89% dos acidentes of ídicos. O veneno
apresenta ações proteolítica ( necrosante), vasculotóxica
(hemorrágica ) e nefrotóxica. Os sinais clínicos são: ede -
ma local marcante, equimose, dor, prostração, e graus
variáveis de hemorragia em gengiva, hemat ú ria, epista-
xe, hematêmese, hemorragias genitais. A mortalidade é
baixa, porém em casos graves podem ocorrer hemorra-
gias extensas devido a CÍ D (vide “Coagulação intravas-
cular disseminada”, cap. 9. Hematologia e imunologia)
evoluindo ao choque.
DIAGNÓSTICO: Às vezes podem - se observar dois pon -
tos; de hemorragia no local da picada. Pode haver au-
mento dos tempos de coagulação (TC), tromboplastina
parcial ativada (TTPA ), protrombina (TP ) e produtos de
degradação da fibrina ( PDF). Trombocitopenia, leucoci-
tose por neutrofilia e linfopenia são achados do hemo-
grama. Aumento de ureia e creatinina pode ser observa-
do* nos casos de comprometimento renal. Vide também
Apêndice “Organograma do acidente ofídico”.
TRATAMENTO
Soroterapia: soro antibotrópico ou soro polivalente que
contenha soro antibotrópico - 5 a 10 ampolas ( em que
1 mL neutraliza 2 mg do veneno ) preferencialmente por
via intravenosa, aplicado lentamente em bolus. Admi-
nistração de metade da dose inicial pode ser necessária
12 horas após o início do tratamento, se não houver a me -
392 CAP ÍTULO 10
ACIDENTE CROTÁLICO
DESCRI ÇÃ O: Acidente causado por serpentes do gêne-
ro Caudisona ( Crotalus - cascavel), que são conhecidas
pela presença do guizo ou chocalho na extremidade da
cauda. O veneno possui ação neurotóxica, miotóxica,
coagulante e nefrotóxica. Sinais clínicos incluem: parali-
sia dos membros, ptoses palpebral e mandibular, ataxia,
sonolência, paralisia do globo ocular, dificuldade na de-
glutição e fonação, sialorreia, mialgia, insuficiência res-
piratória e mioglobin ú ria levando a coloração escura na
urina, hemorragias.
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS 393
TRATAMENTO
Soroterapia: 5 ampolas de soro anticrotálico ou soro po-
livalente que contenha soro anticrotálico (em que 1 mL
neutralize 1 mg do veneno ), preferencialmente por via
intravenosa, aplicadas lentamente em bolus. A dose do
soro pode variar dependendo da gravidade do quadro.
Administração de metade da dose inicial pode ser ne -
cessária 12 horas após o in ício do tratamento se o ani-
mal não apresentar melhora do quadro e o TC continuar
prolongado.
>>
Reações à soroterapia (vide “Acidente botrópico ) .
Fluidoterapia: para restabelecer a função renal, corrigir
os dist ú rbios hidroeletrolíticos ( vide “Acidente com abe-
lhas”).
Bicarbonato de sódio: para corrigir a acidose metabóli-
ca quando esta estiver presente, e também evitar a pre-
cipitação de mioglobina nos t úbulos renais. Só deve ser
realizada quando houver possibilidade de realização de
hemogasometria para correto cálculo de dose e avaliação
do grau de acidose.
Antibioticoterapia: utilizar antibióticos de amplo es-
pectro para evitar infecções secundárias (vide “Acidente
botrópico” ).
394 CAP ÍTULO 10
ARANEÍSMO
TRATAMENTO
Analgésicos: locais ou sistémicos de acordo com a inten-
sidade da dor no local da picada. Infiltração com lido-
caína sem vasoconstritor no local da picada, ou agentes
como opioides e anti- inflamató rios n ão esteroides são
recomendados quando a dor for muito intensa (vide
“Acidente com abelhas” ).
Benzodiazepínicos: diazepam 0,5 mg / kg, IV, em ani-
mais com convulsão.
Monitoração cardiorrespiratória e hemodinâmica nos
casos muito graves, essa monitoração deve ser realizada
de modo qpe a intervenção terapêutica seja realizada de
acordo com as alterações apresentadas pelo animal.
ESCORPIONISMO
DESCRIÇÃO: No Brasil temos três principais espécies de
escorpião que podem causar problema. Tityus serrulatus
- conhecido como escorpião-amarelo é o responsável
INTOXICAÇÕ ES E ENVENENAMENTOS 399
TRATAMENTO
Soroterapia: soro antiescorpiônico - não há disponível
em Medicina Veterinária, portanto o tratamento dos ani-
mais acometidos é de suporte e alívio dos sintomas.
Analgesia: AINEs: meloxicam 0,1 mg/ kg, SC, SID, ou
carprofeno 2,2 mg/ kg, VO, BID. Evitar analgésicos nar-
cóticos ( morfina e meperidina), pois têm efeitos sinér-
gicos com o veneno do escorpião. Alguns autores reco-
400 CAPÍTULO 10
TRATAMENTO
Indução de êmese: quando a ingestão for recente e o
animal estiver em condições clínicas de receber o produ -
to e apresentar êmese (vide “Êmese forçada ’, Apêndice
do cap. 8. Gastroenterologia e hepatologia ).
Carvão ativado: 2 g/ kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de até 4-6 horas.
N-acetilcisteína: 280 mg/ kg VO, seguida por '140 mg/ kg,
VO, após 4, 12 e 20 horas, ou 140 mg/kg, IV ou VO, se-
guida por 70 mg/ kg, IV, a cada 6 horas, durante 36 horas.
Ácido ascórbico: 150 mg/ kg, VO, ou 30 mg/ kg, SC, QID.
Cimetidina: 10 mg/ kg, depois 5 mg/ kg, IM/SC, QID, nas
primeiras 24 horas.
S-adenosilmetionina (SAMe): estudos recentes suge-
rem que o SAMe apresenta efeito protetor em relação ao
dano oxidativo no eritrócito e a longo prazo apresenta
efeito benéfico no controle da injú ria hepática causada
pela intoxicação.
Oxigenoterapia: importante no tratamento de animais
dispneicos.
Transfusão de sangue ou de hemoderivados: nos casos
graves, pode ser necessária a transfusão de sangue para
manter o transporte de oxigénio (vide Apêndice “ Trans-
fusão sanguínea”, cap. 9. Hematologia e imunologia).
TRATAMENTO
Banhar o animal: lavar o animal com água ligeiramente
morna ( a água fria é contraindicada, pois os animais po-
dem estar hipotérmicos; a água quente aumenta a absor-
ção do amitraz e também não é indicada ).
Fluidoterapia: preferencialmente com solução fisioló-
gica ou solução de Ringer. As soluções glicosadas são
totalmente contraindicadas, pois geralmente os animais
apresentam hiperglicemia.
Ioimbina: utilizada nos casos de depressão acentuada e
bradicardia, funciona como antagonista alfa -2 adrenér-
gico, na dose de 0,1 mg/ kg, IV/ IM lento para cães e 0,25
mg/ kg, IV/ IM lento para gatos.
Atipamazole: antagonista alfa-2 adrené rgico seletivo, é
considerado mais potente e seletivo que a ioimbina, indi-
404 CAPÍTULO 10
INTOXICAÇÃO POR
FLUOROACETATO DE SÓDIO
®
DESCRIÇÃO: Também conhecido como Mão Branca ou
1080, o fluoroacetato de sódio é um composto hidros-
solúvel, inodoro, incolor e insípido usado como roden-
ticida. Devido ao seu alto potencial de letalidade nos
casos de intoxicação no homem é atualmente proibido
no Brasil, porém ainda adquirido ilegalmente. Nos cães,
os sinais neurológicos como excitabilidade, alucinações,
fasciculações musculares, convulsões são mais impor-
tantes, mas também são observados hipertermia, sialor-
reia, midríase bilateral não responsiva, êmese e diarreia
e em menor grau alteração card íaca. Nos gatos, os sinais
são semelhantes, porém as alterações cardíacas são mais
evidentes que as neurológicas e a hipotermia é uma alte-
ra ção importante.
DIAGNÓSTICO: O aumento nos níveis de citrato tanto
no sangue como nos tecidos é o achado mais importan -
te da intoxicação por fluoroacetato. Além disso, podem
ocorrer hiperglicemia e acidose metabólica. A avaliação
toxicológica pode ser realizada com conteúdo gástrico,
sangue ou órgãos como fígado e rins. Fazer diferenciais
com outros fá rmacos (vide Apêndice “Organograma das
intoxicações e envenenamentos” ).
TRATAMENTO
Indução de êmese somente, na fase precoce, se o animal
n ão apresentar convulsão (vide “Intoxicação por cuma -
r ínicos e idandiônicos” ).
Lavagem gástrica na fase precoce.
Carvão ativado 2 g/ kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de 4-6 horas.
Controle das convulsões (vide “Intoxicação por estrie-
• »\
nma ).
INT0XICA ÇÕ E 5 E ENVENENAMENTOS 411
Oxigenoterapia.
®
Monoacetato de glicerol (Monoacetin -ICN Biomedi-
cal ) 0,55 mg/ kg, IM, a cada 30 minutos, por 12 horas.
Gluconato de cálcio a 10% 50-100 mg/ kg, IV, muito len -
tamente, a cada 30 minutos. Repetir três vezes, se neces-
sário ( de acordo com o nível de hipocalcemia ).
Succinato de sódio 240 mg/ kg, a cada 30 minutos a
1 hora. Repetir três vezes, se necessário.
Diurese forçada: furosemida ou manitol (vide “Intoxi-
cação por estricnina” ).
Fluidoterapia: solução de Ringer lactato conforme ne-
cessário. Evitar o uso de solução glicosada, pois o animal
pode se encontrar em hiperglicemia.
Controle da temperatura nos cães, realizar o resfria-
mento do animal e, nos gatos, é importante aquecê-los
bem com uso de colchões térmicos, fonte de luz ou bol-
sas de água quente.
TRATAMENTO
Indução de êmese: a indução de ê mese n ão é consenso
entre os autores, porém, quando indicada, deve ser rea -
lizada apenas se a ingestão for recente e os animais n ão
apresentarem convulsões (vide “Intoxicação por cuma-
rinico ).
Lavágem gástrica no caso da ingestão recente.
Carvão ativado 2 g/ kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de 4-6 horas. Manter a administração de
carvão ativado por pelo menos 2 dias. Podem ser admi-
nistrados catá rticos (caso o paciente não esteja apresen -
tando diarreia), porém deve -se evitar produtos oleosos
pois estes aumentam a absorção e pioram o quadro. Ca-
tá rticos contendo magnésio devem ser evitados caso os
INTOXICA ÇÕES E ENVENENAMENTOS 413
INTOXICAÇÃO POR
PIRETRINAS E PIRETROIDES
DESCRI ÇÃO: Inseticidas amplamente utilizados, poden -
do ser absorvidos pelo TGI, pele e pulmão. Pertencem a
este grupo substâncias como Deltamentrina, Ciperme-
trina, Permetrina, Aletrina, Dacametrina. Em Medicina
Veterin ária os piretroides são bastante utilizados no con-
414 CAPÍTULO 10
TRATAMENTO
Não há antídoto efetivo.
Banhar o animal nos casos de contaminação dérmica
( vide “Intoxicação por amitraz”).
Indução de êmese se a ingest ão for recente (vide “Intoxi-
cação por cumarínico” ) .
Lavagem gástrica se a ingestão for recente.
Catárticos: deve -se evitar produtos oleosos, pois estes
aumentam a absorção e pioram o quadro.
Carvão ativado: 2 g/ kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de 4-6 horas.
Fluidoterapia: suporte.
Atropina 0,02-0,04 mg/ kg, IM / SC. Geralmente não há
necessidade do uso de atropina, mas nos casos em que
houver hipersalivação intensa, pode ser administrada.
Controle das convulsões normalmente não é necessária,
pois dificilmente os animais apresentam quadros con -
vulsivos (vide “Intoxicação por estricnina” ).
APÊNDICE - ORGANOGRAMAS DAS INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS z
H
O
X
n
ORGANOGRAMA DO PACIENTE INTOXICADO >
o
m
Depressão Nervosa
i Excitaçã o Nervosa
i m
m
<
í I m
Midríase *
Pupilas Normais Pupilas Normais
i Midríase *
Miose
i
m
z
>
2
m
ê Ncêmirj
1 ± 1 í í 1 í 1 í o
^
i/>
Hip Depressão Ausência de Sialorreia Pouca Ausência de Midríase não Sialorreia +
acentuada + sialorreia + intensa sialorreia + sialorreia + responsiva + Bradicardia
Lenta Distúrbio de Ausência de Convulsões Convulsões
melhora coagula çã o bradicardia tetânicas + Sialorreia
violentas
V V v
t
Dicumarínicos Organoclorados
i Fluoroacetato
I
Amitraz Ivermectina Piretroides Estricnina Organofosforados
Ca rba matos
cn
ACIDENTE OF ÍDICO
OJdentificad j
^
Serpente identificada Ã
^
Serpent OS
í 1 I
local, anúria, bradicardia, I í i
Tem cauda Tem cauda oligúria, IRA,I hipotensã o I Micrurus Crotalus
Tem cauda
lisa ? com escamas com aumento I arterial e I
arrepiadas? chocalho? do TC I diarreia I 1,4% 7,7%
t i
Bothrops Insuficiência Dor muscular
Lachesis Crotalus respiratória generalizada, aumento n
* Jararacas, aguda de r ápida do tempo de coagulação, >
TJ
Urutus, * Cascavéis
* Surucucus, instalaçã o urina avermelhada ou
Jararacuçus Pico-de-Jaca, marrom-escura, oligúria O
Surucutinga
ou anúria (IRA) o
Fonte: MV. Sofia Borin-Crivellenti e MV. Leandro Zuccolotto Crivellenti.
J
INTOXICAÇÕ ES E ENVENENAMENTOS 417
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, M.M.M.; CUPO, P.; HERING, S.E. Acidentes por ani-
mais peçonhentos. Medicina Ribeirão Preto, v. 36, p. 480- 489, 2003.
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nero Bothrops, Lachesis, Micrurus. Arquivo Brasileiro de Medicina,
v. 65, p. 345-355, 1991.
BREATHNACH, R. Abordagem para toxicologia. In: CHANDLER ,
E.A.; GASKELL, C.J.; GASKELL, R.M. Clínica e terapêutica em feli-
nos, 3 ed. Roca, 2006.
I
CISTITE BACTERIANA
Vide "lnfec çã o do trato urinário inferior ".
DIVERTÍCULOS VESICOURACAIS
DESCRI ÇÃO: Anomalia caracterizada por divertículos
macroscópicos no vértice da bexiga, de origem congéni-
ta ou adquirida, frequentemente associada ao aumento
422 CAPÍTULO 11
Lhasa Apso
ShihTzu
Chow Chow
Displasia renal Schnauzer
miniatura
Malamute r
Golden Retriever
vide
Glomerulopatia familial e "Glomerulopatia
amiloidose familial"
Cães Buli Terrier
Rins policísticos ( vide "Doença renal Carin Terrier
policística") West Highland
White Terrier
Nefropatia de refluxo Boxer
com hipoplasia Basenji
segmentar j Pastor Alem ã o
Miscelâ nia Síndrome de Fanconi j Corgi
Multifocal
cistoadenocarcinoma
Telangiectasia
Rins policísticos (vide "Doença renal Persa
Gatos
policística")
i
Medicações complementares: fitoterápicos, medicações ;
“naturais” entre outros devem ser evitados, pois podem
causar sobrecarga já que a maioria tem metabolização i
GLOMERULONEFRITE
DESCRIÇÃ O: As principais glomerulopatias de cães
e gatos são a glomerulonefrite de complexo imune e a
amiloidose secundária a uma doença de base. Na glome-
rulonefrite, os complexos antígeno -anticorpos podem se
depositar ou ficar retidos no glomérulo estimulando me-
diadores bioativos e causando lesão. Geralmente acome-
te animais de meia-idade ou idosos, e os sinais são muito
variados e dependentes da severidade da protein ú ria,
indo desde assintomático até letargia e perda de peso, e
sinais de síndrome nefrótica ( vide “Sí ndrome nefrótica” )
e/ ou DRC (vide “ Doença renal crónica” ) . Deve-se dife-
renciar de glomerulopatia familial (vide “Glomerulopa -
tia familial” ).
DIAGNÓSTICO: Persistente protein úria ( U- P/ C >1) ou
microalbuminú ria associada ao sedimento urin á rio sem
444 CAP ÍTULO 11
GLOMERULOPATIA FAMILIAL
DESCRI ÇÃO: São doenças glomerulares que apresentam
predisposição racial específica que podem levar a insu -
ficiê ncia renal.
Quadro 11.2 - Ra ças predispostas a glomerulopatia familial de
maior ocorr ência no Brasil.
HIDRONEFROSE
DESCRI ÇÃ O: Ocorre pela obstrução em qualquer pon -
to do sistema urinário, desde a junção ureteropiélica até
a uretra, e pode ser devida à compressão extrínseca ou
secundária a um processo intraluminal. Pode ser unila -
teral secundária principalmente a obstruções totais ou
parciais do ureter ( urólitos, neoplasia, ureter ectópico,
traumatismo; ligadura acidental); ou bilateral, geralmen -
te secundária a doenças trigonais, prostáticas ou uretrais
( vide “Carcinoma de células transicionais de bexiga” e
“ Neoplasias prostáticas”, cap. 16. Oncologia ) .
DIAGN ÓSTICO: Ocorrerão anormalidades sanguíneas
caso ambos os rins estejam acometidos ou o rim con -
tralateral apresente-se comprometido ( > 75% da perda
funcional). À radiografia pode-se observar renomegalia
NEFROLOGIA E UROLOGIA 449
INCOMPETÊNCIA DO MECANISMO
DO ESFÍNCTER URETRAL (IMEU)
DESCRIÇÃO: Apresenta como sinal clínico incontin ên -
cia urinária que pode ocorrer após castração, constante
ou mais comumente intermitente, que acontece em mo-
mentos de relaxamento, especialmente quando o animal
est á dormindo. É mais observada em raças grandes e de
médio porte (Pastor Alem ão, Doberman, Boxer, Labra-
dor são raças de maior frequência), porém o Poodle mi-
niatura apresenta altos índices. As fêmeas são mais aco-
metidas que os machos.
DIAGNÓSTICO: Devem ser excluídas as outras causas de
incontinência (vide “Incontinê ncia urinária” ). Pode-se
450 CAP ÍTULO 11
t.....V 1
_
NEFROLOGIA E UROLOGIA 453
PIELONEFRITE
(INFECÇÃO DO TRATO URINÁ RIO SUPERIOR )
TRATAMENTO
Antibioticoterapia: evitar terapia empírica com antibió-
ticos. O tratamento é geralmente longo ( 4-8 semanas ) ,
sendo que a repetição da urocultura ao final do trata-
mento é uma maneira importante para se certificar da
resolução do quadro.
Seguir os mesmos tratamentos para a infecção do trato
urin ário inferior ( vide “Infecção do trato urin ário infe -
rior”), porém sugere-se que as drogas sejam administra -
das inicialmente pela via IV.
Fluidoterapia parenteral: deve ser realizada de acordo
com a função renal. Avaliar a possibilidade de ocorrên -
cia de IRA e DRC, e tratá -las adequadamente, confor-
me descrito anteriormente (vide “Injú ria renal aguda” e
“Doença renal cró nica” ) .
Casos mais graves requererão internamento e monito-
ração intensiva do paciente.
UROABDÔMEN
DESCRI ÇÃ O: É uma condição comumente associada
com trauma abdominal, porém também pode estar rela -
cionada a desordens obstrutivas ( urolitíase, DTUIF, neo-
plasia ) e causas iatrogênicas (cateterização uretral, palpa-
ção agressiva de bexiga, cistocentese). Ocorre o acúmulo
de urina livre na cavidade abdominal, levando aos sinais
de anorexia', vómitos, dor abdominal e desidratação.
DIAGN ÓSTICO: Avaliar histórico de trauma anterior.
Observa -se inicialmente leucocitose inflamatória que
evolui para desvio à esquerda regenerativo. Ocorrem au-
mentos de creatinina , ureia e potássio, além de acidose
metabólica. Os valores da mensuração da creatinina e
potássio do fluido abdominal apresentar-se- ão superio-
res aos séricos (vide Organograma 11.1 logo a seguir ) .
NEFROLOGIA E UROLOGIA 467
CREATININA S É RICA
aumentada
I
Avaliação da Creatinina no FLUIDO ABDOMINAL
I I
Uroabdômen Nã o indicativo de
(quanto maior a concentra çã o de uroabdômen *
pot á ssio no fluido abdominal
maior a credibilidade do diagnóstico)
Organograma 11.1
UROLITÍASE FELINA
DESCRI ÇÃO: A maioria dos urólitos é composta de fos-
fato amónio magnesiano ( estruvita ) ou por oxalato de
cálcio, poré m urato, cistina, sílica e xantina são descritos.
É a segunda causa mais comum de doen ça do trato uriná -
rio inferior dos felinos (DTUIF ). Podem ser assintomá-
ticos dependendo da localiza ção e n úmero de urólitos.
474 CAP ÍTULO 11
APÊNDICES
BIÓPSIA RENAL
DESCRI ÇÃO:' É a retirada de um fragmento do rim para histo -
logia. Pode ser realizada de forma percutâ nea guiada por US,
laparoscopia ou laparotomia, sendo as duas últimas mais indi-
cadas para cães menores que 5 kg ou que apresentem alterações
renais ( p.ex., abscessos). Pode ser obtido fragmento dos polos
caudais e craniais e da região medial (sendo a última de prefe-
rência do autor ). Após a realização da biópsia, deve -se estimu -
lar a diurese com fluidos isotônicos e monitorar o paciente por
24 horas quanto a possíveis hemorragias.
NEFROLOGIA E UROLOGIA 477
Cã es Gatos
Sem sinais clínicos (TU-P/C,
<1,4 tpressã o arterial, DEU e taxa
Está dio 1 <1,6
^
de filtra ção glomerular)
Leve azotemia (assintomático
Estádio 2 1,4- 2,0 1,6- 2,8
ou leves sinais clínicos)
Azotemia moderada ( sinais
Estádio 3 2,1-5,0 2,9-5,0 sistémicos provavelmente
presentes)
onde:
cr = creatinina
Ucr = concentração urinária de creatinina
Uv = volume de urina
Scr = concentração sérica de creatinina
T = tempo ( geralmente pode-se realizar em 4, 6 ou 24 horas,
dependendo dos valores de normalidade do laborató rio)
p.c. = peso corporal
480 CAP ÍTULO 11
URETROCISTOGRAFIA RETRÓGRADA
DESCRIÇÃO: É um procedimento simples que raramente neces-
sita de sedação do paciente. Assim como a urografia excretora, é
interessante realizar enema 2 horas antes do procedimento para
minimizar artefatos reproduzidos pelo cólon. Inicialmente, es-
vaziar por completo a bexiga, escolher a técnica. Pode-se optar
em realizar o contraste positivo ( PielograP-Darrows) diluído
em solução fisiológica a 10-20%, contraste negativo ou pneu-
mocistografia (com adição ar ou C02) ou ainda duplo contras-
te (contraste puro 0,2-1 mL/kg, e o restante com ar ). Em todas
as opções, a distensão vesical deve ser de 5-8 mL / kg.
INDICAÇÃ O: Auxilia na investigação de doen ças de trato uriná -
rio inferior, importante na diferenciação de neoplasias, ruptu-
ras, infecções, urolitíases radiolucentes, deformidades da vesí-
cula urin ária e uretra.
COMPLICAÇÕES: Ruptura de bexiga, embolismo gasoso. Todo
paciente deve ser avaliado previamente quanto a sua capacidade
de armazenamento.
UROGRAFIA EXCRETORA
DESCRIÇÃO: Imagens radiográficas em conjunto com meios de
contraste intravenoso para explorar os rins e as estruturas do
trato uriná rio inferior. O paciente deve estar em jejum alimen-
tar de 12-24 horas e água pode ser fornecida até 4 horas antes
da avaliação. Em muitos casos, se faz necessária a realiza ção de
enemas 1- 2 horas antes do procedimento. Assim que o paciente
estiver preparado, deve-se canular um vaso de grande calibre
( p.ex., veia jugular ) e proceder com sedação ou anestesia geral.
Administra-se, pela via intravascular, 400 -800 mg/ kg de iodo
( PielograP-Darrows ) e iniciam -se as tomadas radiográficas (la-
teral e ventrodorsal) nos tempos 5-20 segundos e 5, 15, 20 e 40
minutos. Aos 20 minutos pode -se fazer tomadas em projeções
oblíquas para facilitar a localização da inserção dos ureteres na
bexiga, quando necessário. Após o exame, o paciente deve ser
mantido na íluidoterapia para diurese.
INDICAÇÃO: Permite a estimativa da função renal e avalia as es-
truturas dos rins e ureteres ( tamanho, forma, posição, densida -
de, inserçã o). Caso o exame seja para visibilização das inserções
ureterais pode -se realizar simultaneamente a pneumocistogra-
482 CAPÍTULO 11
V
2 PRODUÇÃO
VOLUME
DE URINA
Ausência de produção
ANÚRIA < 0,1 mL/kg/h
de urina
Diminuiçã o da produçã o
OLIGÚRIA 0,1 -0,25 mL/kg/h
de urina
Aumento da produção
POLIÚRIA >2 mL/kg/h
de urina
VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE MICÇÃ O
Retenção de urina por impossibilidade de
ISCÚRIA
elimina çã o (p.ex., obstrução por urolitíase)
Perda total ou parcial da capacidade de
INCONTINÊNCIA
armazenara urina
Aumento da frequência da micção (diferenciar
POLAQUI ÚRIA
de poliúria)
OBS: Sempre palpar e certificar-se que a sonda se encontra dentro da bexiga
(p.ex., em cães de grande porte é necessário utilizar sonda nasogástrica devido
.
ao comprimento da uretra) Na iscúria a bexiga estará repleta, diferentemente
da anúria, na qual nã o há produção de urina.
BIBLIOGRAFIA
ASANO, T.; TSUKAMOTO, A; OHNO, K.; OGIHARA, K.; KAMIIE,
J.; SHIROTA, K. Membranoproliferative glomerulonephritis in a
young cat. J. Vet. Med. Sei. 70 (12):1373-1375, 2008.
NEFR0L0G 1A E UROLOGIA 483
ANASARCA CONGÉNITA
DESCRIÇÃO: A anasarca, também conhecida como sín-
drome da morsa, edema congénito ou síndrome do cão
d agua, é caracterizada por edema generalizado em filho -
tes nascidos mortos ou debilitados, normalmente provo-
cando distocia fetal. É uma enfermidade de transmissão
heredit á ria, autossômica dominante, com predisposição
racial em cães Bulldog Inglês e Bulldog Francês. Também
há relatos de ocorrência nas raças Bichon Frise, Schnau -
zer, Chow-chow, Pequin ês, Golden Retriever, Pug, Shih
Tzu, Rottweiler, Malamute do Alaska, Fox Terrier e La -
brador, bem como na espécie felina.
DIAGNÓSTICO: As manifestações clínicas da anasarca
caracterizam -se por ascite, derrame pleural e / ou pericár-
dico e edema de partes moles, sendo o peso dos filho-
tes com anasarca 1,5-5 vezes superior ao de um neonato
saudável. Além do edema, o filhote exibe sinais de insu -
ficiências cardíaca e hepática, evoluindo para óbito rapi-
damente. Por meio da anamnese, pode-se confirmar ou
descartar algumas hip óteses. Durante a gestação, o diag-
nóstico pode ser feito durante o acompanhamento pré -
- natal pelo exame ultrassonográfico, pelo qual se detecta
bradicardia fetal ( <164 bpm ), tamanho diferenciado do
feto com anasarca em relação aos demais fetos e presença
de líquido livre em cavidades abdominal e torácica.
487
488 CAP ÍTULO 12
ANENCEFALIA, LISENCEFALIA E
HIDROCEFALIA
BRUCELOSE CANINA
Vide também "Brucelose", cap. 4. Doenças infecciosas.
DESCRI ÇÃO: A brucelose canina é uma das zoonoses
com maior dificuldade para o controle epidemiológico e
é, atualmente, endémica no Brasil. Causada pela Brucella
canis, ou mais raramente por outras bactérias do gênero
Brucella, a transmissão ocorre por meio transplacentá rio,
ingestão bacteriana ou contato sexual. Embora de ocor-
rência assintomática, os sinais clássicos da endemia popu-
lacional é o abortamento, perda gestacional, natimortos e
alta mortalidade neonatal nos primeiros dias de vida.
DIAGN ÓSTICO: Embora a história clínica e epidemioló-
gica tenha importância para o diagnóstico, a definição da
brucelose é um desafio ao clínico. Os testes sorológicos
são os mais frequentemente utilizados, embora possa ha-
ver falso-negativos no caso de infecção recente (anterior a
8-12 semanas) e falso- positivos por reação cruzada a antí-
492 CAP ÍTULO 12
CONJUNTIVITE NEONATAL
DESCRI ÇÃ O: A conjuntivite neonatal, também conheci-
da como ophtalmia neonatorum, compreende a infecção
da conjuntiva ou da córnea antes ou imediatamente ap ós
a abertura das pálpebras do neonato. Acredita -se que a
fonte de infecção seja a passagem pelo canal do parto ao
nascimento ou ambientes mal higienizados (caixa ma-
ternidade). Os principais agentes bacterianos envolvidos
nesta infecção são Stafilococcus, Micoplasma e Clamidia.
DIAGN ÓSTICO: A conjuntivite neonatal ( ophtalmia neo-
natorum ) é caracterizada por tumefação e corrimento
purulento nas pálpebras inferiores antes mesmo da aber-
tura, manifestando-se desde o nascimento até 2 semanas
de idade aproximadamente (10-16 dias). As pálpebras
ainda apresentam-se fechadas (anquilobléfaro fisioló -
gico) e observa-se tumefação pelo acúmulo de debris
e secreção purulenta dentro do saco conjuntival, entre
a córnea e as pálpebras. O diagnóstico é realizado pela
apresentação clínica ( sinais) e cultura bacteriana da se -
creção. A conjuntivite n ão tratada evolui para simbléfaro
(aderência da conjuntiva à có rnea ), ulceração e perfura-
ção de córnea com prolapso de íris e perda ocular.
494 CAP ÍTULO 12
HERPESVIROSE CANINA
DESCRIÇÃO: Causada pelo herpesvírus canino tipo 1, a
herpesvirose neonatal é de ocorrência aguda e, geralmen -
te, fatal (morte em 24-48 horas). A infecção virai é adqui-
rida ainda in utero, durante a passagem pelo canal vaginal,
por exposição a contactantes (secreção oronasal) ou fô-
mites. A inabilidade dos neonatos em manter a tempera-
tura corpórea e a imunodeficiência favorecem a viremia,
especialmente em filhotes nos primeiros dias de vida. A
infecção virai generalizada acarreta em necrose multifocal
(glândulas adrenais, rins, pulmão, baço e fígado).
HIPOXEMIA NEONATAL
DESCRIÇÃO: A hipoxemia neonatal decorre da hip óxia
prolongada durante o parto, portanto, manifesta -se de
forma imediata ao nascimento. Ocorre geralmente em
partos laboriosos e prolongados, como as distocias, ou
como consequência da hipóxia materna ou depressão
cardiorrespiratória em partos cesários. A hipóxia fetal
prolongada estimula a inspiração e culmina com a as-
piração de líquido amniótico. Os neonatos hipoxê micos
apresentam -se cian óticos, meconiados e com baixa vita-
lidade neonatal ao escore Apgar ( inferior a 7 ).
DIAGNÓ STICO: Além da baixa vitalidade no escore
Apgar ( Quadro 12.1), os neonatos apresentam bradi-
cardia e bradipneia à auscultação cardiotorácia e hipo-
termia, especialmente ap ós 60 minutos do nascimento.
À análise do equilíbrio ácido - base, observa -se acidose,
hipercapnia e hipoxemia. As imagens radiográficas re-
velam moderada opacificação pulmonar generalizada ou
localizada, com indefinição da silhueta cardíaca e brôn-
quios principais.
498 CAP ÍTULO 12
TRATAMENTO
Assistência imediata ao recém-nascido: caso os neona -
tos tenham idade inferior a 1 dia, devem ser imediata-
mente separados de sua m ãe, pois ainda possuem capa -
cidade de absorção intestinal dos anticorpos maternos.
Para tal situação, deve -se proceder com o aleitamento
artificial durante 2- 3 dias. Após este período, os filhotes
podem novamente ser inseridos à ninhada.
A transfusão sanguínea total poderá ser considerada,
utilizando-se doador compatível ( 10- 20 mL / kg duran -
te um período total de 4 horas) por via intravenosa ou
intraóssea ( vide Apêndice “Via de acesso intraóssea” ).
Alternativamente, pode-se realizar a transfusão apenas
do concentrado de hemácias da própria mãe como doa -
dora, uma vez que não haverá possibilidade de reação
antigênica.
Prevenção: por se tratar de uma afecção de alta morta -
lidade, estratégias de prevenção devem ser adotadas. Os
reprodutores devem ser previamente testados por tipa -
gem sanguínea. Após o nascimento dos filhotes, deve-se
verificar o grupo sanguíneo da ninhada para que, anteci-
padamente, não haja ingestão de colostro materno.
ONFALOFLEBITE NEONATAL
DESCRIÇÃ O: A onfaloflebite e/ ou onfalite é definida
como inflaínação da região umbilical, frequentemente
provocada por infecção, envolvendo os vasos umbilicais.
A falha de assepsia na cicatriz umbilical, juntamente
com a ausência de higiene ambiental, são fatores pre-
disponentes para o desenvolvimento das. onfalites e/ ou
onfaloflebites. A onfaloflebite normalmente é provocada
por agentes como o Streptococcus e aparece nos primei-
ros 5 dias de vida, evoluindo para quadros de septicemia.
NEONATOLOGIA 501
SEPTICEMIA NEONATAL
DESCRIÇÃO: A septicemia neonatal representa a respos-
ta sistémica à infecção generalizada aguda, produzida
por um ou mais agentes bacterianos. É favorecida pela
falta de ingestão do colostro pelo neonato, por infecções
maternas (como metrite e mastite ), pelo alto índice de
contaminação ambiental e também por procedimentos
cir ú rgicos neonatais realizados sem antissepsia prévia
502 CAP ÍTULO 12
APÊNDICES
TERAPÊUTICA NEONATAL
r*
1
cloranfenicol em neonatos, e proceder com a redução da dose \
;
BIBLIOGRAFIA
BLUNDEN, T.S. The neonate: congenital defects and fading puppies.
In: SIMPSON, G.; ENGLAND, G.; HARVEY, M. Manual of small ani-
mal reproduction and neonatology. Shurdington: British Small Ani-
mal Veterinary Association, 1998. p. 143-152.
CASAL, M. Clinicai approach to neonatal conditions. In: ENGLAND,
G.; HEIMENDAHL, A. Canine and feline reproduction and neonato-
logy. Gloucester: British Small Animal Veterinary Association , 2010.
p. 147 -154. r
L
518 CAPÍTULO 13
CONVULSÃO
DESCRIÇÃ O: É um evento sú bito, catastrófico, de etio -
logia extra ou intracraniana, com grande variação na
manifestação clínica e intensidade dos sinais. As causas
no cão e gato são variadas e o êxito do tratamento das de-
sordens convulsivas se baseia no diagnóstico correto da
síndrome neurológica quanto à sua origem. A etiologia
das convulsões recai em quatro categorias: 1. epilepsia
prim ária ou idiopática , 2. epilepsia secundária, sintomá-
tica ou estrutural, 3. epilepsia criptogênica e 4. convulsão
reativa. Só as três primeiras categorias podem causar cri-
NEUROLOGIA 521
DISCOESPONDILITE
DESCRIÇÃO: Infecção do disco intervertebral e das pla -
cas vertebrais terminais dos corpos vertebrais adjacen-
tes. A causa mais comum é a infecção bacteriana por
Staphilococcus spp. Outros agentes são Streptococcus
spp., Escherichia coli, Brucella canis e fungos ( ex. Asper-
gillus ). As fontes primárias podem ser o trato urogenital,
pele, doenças dentá rias e endocardite valvular, mas mui-
tas vezes o foco da infecção não é identificado. Outras
causas de discoespondilite são injeções epidurais, mi-
gração de corpos estranhos ingeridos ou aspirados. As
vértebras mais comumente envolvidas incluem a jun ção
lombossacra (L7-S1), junção cervicotorácica ( região
cervical caudal), os discos torácicos médios e a junção
toracolombar. Afeta comumente cães jovens, de raças
puras, de grande porte e machos, estimando -se que a
proporção de machos para fêmeas seja de 2:1. A afecção
é rara em gatos.
DOENÇ AS INFLAMATÓRIAS DO
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
DESCRI ÇÃO: A avaliação de doenças inflamatórias do
sistema nervoso central pode ser um desafio e, muitas
vezes, o diagnóstico definitivo é difícil, pois existem
inú meras etiologias e sinais clínicos semelhantes. As
definições corretas são: meningoencefalite, que denota
inflamação do encéfalo associada à inflamação das me-
ninges, meningoencefalomielite quando ocorre também a
inflamação da medula espinhal, meningite quando ocor-
re inflamação da meninge, e meningomielite quando há
inflamação da medula espinhal e meninge. As doenças
inflamatórias podem ser infecciosas e não infecciosas
(Quadro 13.3).
NEUROLOGIA 533
MENINGOENCEFALITES
INFLAMATÓRIAS INFECCIOSAS
CRIPTOCOCOSE NEUROLÓGICA
DESCRIÇÃO: Doença infecciosa f úngica considerada
incomum e potencialmente fatal (vide “Criptococose”,
cap. 4. Doenças infecciosas ). Na infecção do SNC ob-
serva -se principalmente desorientação, diminuição da
consciência, dor cervical, espasticidade, andar em cí r-
culos, ataxia vestibular, pressão de cabeça, anisocoria,
dilatação pupilar, cegueira, surdez, perda de olfato, ata-
xia progredindo para paresia, paraplegia e convulsõ es.
A síndrome ocular manifesta -se por um complexo de
sinais incluindo uveíte anterior, coriorretinite, neurite
óptica, fotofobia, blefarospasmo, opacidade de córnea,
edema inflamatório da íris e / ou hifema.
DIAGNÓSTICO: Outras afecções, de origem infecciosa
e inflamatória, podem causar o mesmo quadro clínico,
como, por exemplo, encefalite virai ( cinomose), bacte-
riana, meningoencefalite por protozoá rio (toxoplasmo-
se, neospora e hepatozoose) e riquétsia, meningoencefa -
lite granulomatosa ou neoplasias, e devem fazer parte do
diagnóstico diferencial. Para o diagnóstico da criptoco-
cose são usados diferentes m étodos dependendo da ma-
nifestação clínica. Na suspeita de criptococose no SNC,
a infecção é diagnosticada ap ós identificação do agente
no LCE por microscopia direta com coloração de Gram
ou tinta nanquim, isolamento fúngico a partir de cultura
do LCE ou detecção de antígenos capsulares com o teste
de aglutinação em látex. O resultado da análise do LCE
é variável.
538 CAPÍTULO 13
TOXOPLASMOSE
DESCRIÇÃ O: Doença causada pelo protozoário Toxo-
plasma gondii que pode afetar animais imunossuprimi-
dos como, por exemplo, cães com cinomose e gatos com
peritonite infecciosa felina. Pode causar vários distú r-
bios sistémicos (vide “ Toxoplasmose”, cap. 4. Doen ças
infecciosas). Nas alterações neurológicas podem ocorrer
convulsões,' tremores, ataxia, paresia, paralisia, miosite,
tetraplegia ( NMI ) e em gatos morte súbita ( neonatos),
hiperestesia muscular, ataxia, alterações de comporta-
mento e tremores.
DIAGNÓ STICO: (vide “ Toxoplasmose ’, cap. 4. Doen ças
infecciosas ). O LCE pode ser normal ou há pleocitose
mononuclear mista, às vezes com eosinófilos. Na biópsia
muscular pode haver infiltração linfoistiocitária severa
NEUROLOGIA 539
MENINGITE BACTERIANA
DESCRI ÇÃO: Nos seres humanos a meningite bacteriana
é causada por bacté rias que apresentam tropismo pelo
SNC, mas em cães e gatos isto não existe. A meningite
bacteriana nessas espécies é muito rara e em geral está
associada à migração de bactérias provenientes de alguns
focos, como endocardite bacteriana, piometra, prostati -
te, gengivite, ou então por extensão direta de feridas na
região do pescoço, infecção de seios nasais ou orelha
interna e após trauma craniano perfurante. Quando as
infecções bacterianas do SNC ocorrem em animais, os
organismos mais comuns são o Streptococcus spp., Sta -
phylococcus spp. e gram - negativos entéricos como a Es-
cherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Os sinais clínicos
são rigidez cervical, febre, vomito, convulsões, hipoglice-
mia (se houver sepse) , e outros sinais de meningomielite
ou meningoencefalomielite. Pode haver bradicardia se
houver aumento da PIC.
540 CAP ÍTULO 13
ERLIQUIOSE ( Meningoencefalite)
DESCRIÇÃO: É uma doença infecciosa causada por bac-
térias do gênero Ehrlichia (vide “Erliquiose”, cap. 4. Doen-
ças infecciosas) . Pode ocorrer meningoencefalite em até lA
dos animais afetados, e os sinais mais comumente descri-
tos são convulsões, paraparesia, tetraparesia, sinais vesti-
bulares, hiperestesia, febre e alterações oculares.
DIAGNÓSTICO: Histórico de infestação por carrapatos,
sinais clínicos e identificação direta de estruturas mor-
fologicamente compatíveis com mórulas de E. canis em
amostras de sangue periférico aliados aos exames hema -
tológicos compat íveis. Pode haver anemia, trombocitope-
nia e hiperproteinemia. A técnica de PCR tem alta sensi-
bilidade e especificidade em animais infectados, mesmo
em baixas concentrações do microrganismo na circulação
sanguínea. Na análise de LCE pode haver elevação mo-
derada de proteína e pleocitose mononuclear. Entretanto,
em cães com anemia e trombocitopenia não se recomenda
a coleta de LCE devido ao risco de sangramento no espaço
subaracnoide podendo causar óbito do paciente.
TRATAMENTO: Os antibióticos são o tratamento de es-
colha e/ ou imidocarb (vide “Erliquiose”, cap. 4. Doenças
infecciosas ). Para o tratamento dos sinais clínicos ence -
fálicos e medulares a prednisona 0,5-1 mg/kg, VO, SID,
por 7-14 dias, associada ao antibiótico pode auxiliar no
tratamento.
542 CAPÍTULO 13
MENINGOENCEFALITES INFLAMATÓRIAS
NÃO INFECCIOSAS
DESCRIÇÃO: As meningoencefalites / meningomielites
não infecciosas são uma causa muito comum e impor-
tante de dist ú rbios neurológicos em cães. As três primei-
ras doenças que ser ão descritas pertencem a um grupo
de encefalites de in ício abrupto, em geral fatais, não ha -
vendo ainda o conhecimento sobre a causa exata e pa-
togenia, mas aparentemente vá rios fatores associados a
uma predisposição genética desencadeiam resposta imu -
NEUROLOGIA 543
EPILEPSIA
0+
HIDROCEFALIA
DESCRI ÇÃO: Caracterizada pelo acú mulo excessivo de
LCE nos ventrículos cerebrais. Ocasionada pelo dese-
quilíbrio entre produção e absorção do LCE, havendo
subsequente dilatação do sistema ventricular e atrofia do
tecido nervoso. A forma congénita é mais comum, sendo
as raças mais predispostas o Maltês, Yorkshire, Bulldog
inglês, Chihuahua, Lhasa Apso, Pomerania, Poodle toy,
Boston terrier e Pug. A forma congénita é considerada
uma forma obstrutiva ou não comunicante, provavel-
mente decorrente da obstrução do aqueduto mesen -
cefálico, por inflamações no período pré ou pós- natal.
Malformações do cerebelo também podem ocasionar
hidrocefalia congénita. A forma adquirida decorre de
obstrução direta ou indireta da passagem do LCE por
neoplasias, cistos, inflamação ou hemorragia, ou rara -
mente por aumento da produção de LCE devido à neo -
plasia de plexo coroide. Pode ocorrer também o prejuízo
da absorção do LCE devido a processos inflamatórios ou
infecciosos, sendo neste caso a hidrocefalia classificada
como comunicante. A perda de parênquima encef álico
na disfunção cognitiva, com subsequente aumento dos
556 CAP ÍTULO 13
INFARTO FIBROCARTILAGINOSO ou
EMBOLISMO FIBROCARTILAGINOSO (EF)
DESCRI ÇÃO: Enfermidade vascular que se caracteriza
pela isquemia focal do parênquima medular, devido à
obstrução de vasos que irrigam a medula por material
fibrocartilaginoso. Acomete cães jovens e adultos e mais
de 50% dos casos ocorrem em raças grandes e gigantes,
sendo relatada com menor frequência em gatos e cães de
560 CAP ÍTULO 13
INSTABILIDADE/SUBLUXAÇÃO
ATLANTOAXIAL
DESCRI ÇÃO: É a instabilidade da articulação que con-
duz ao deslocamento dorsal do áxis (C2) em relação ao
atlas ( Cl ) levando à lesão medular traumática devido
a concussão e compressão da medula espinhal. Não há
disco intervertebral entre Cl e C2 e estas vértebras se
mantêm unidas por ligamentos relacionados principal-
562 CAP ÍTULO 13
TRATAMENTO
• Conservador: indicado para cães com déficits neuro-
lógicos leves, imaturidade vertebral ou sinais clínicos
com início agudo. Utiliza- se uma tala cervical que
deve ir das orelhas, caudalmente à mandíbula, até o
in ício do tórax, atrás das axilas, com objetivo de imobi-
lizar a articulação atlantoaxial gerando uma fusão por
meio de fibrose. A tala deve ser revisada ser çianalmente
e trocada quando necessário. O paciente deve receber
ainda analgésicos tramadol 2 - 4 mg/ kg, VO, TID, por
10-14 dias, relaxante muscular diazepam 0,3 mg/ kg,
VO, TID, por 1-2 semanas, e ficar em confinamento
por 6 semanas. As complicações são recidiva após a
retirada da imobilização, úlcera de córnea, úlcera de
decúbito, hipertermia, otite externa e dermatite.
• Cirúrgico: objetivo de realinhar e estabilizar a jun ção
atlantoaxial e promover descompressão da medula
espinhal, indicado em casos crónicos, sinais clínicos
recidivantes ou insucesso no tratamento conservati-
vo. Existem técnicas de estabilização dorsal e ventral,
sendo as ventrais mais recomendadas. Há alta taxa
de complicações trans e pós-operatórias, incluindo o
óbito.
MIASTENIA GRAVE
DESCRIÇÃO: Dist ú rbio neuromuscular, no qual os ani-
mais apresentam fadiga progressiva que piora com o
exercício e, após breve descanso, os animais são capazes
de se levantar e andar, podendo ocorrer salivação exces-
siva e regurgitação causada por megaesôfago. Há duas
formas: congénita em animais jovens, e adquirida , ou
imunomediada, em que anticorpos agem contra os re-
566 CAP ÍTULO 13
_BID/TID (em cães ) e 0,25 mg/ kg, VO, SID / BID (em
ggat»0s).r Iniciar sempre com dose mais baixa e aumentar
ddQi acordo com a resposta ao tratamento, sempre obser-
vmndo se não ocorre síndrome coliné rgica. Corticoides
iiâíciar seu uso após 2-3 semanas do tratamento com an -
Lticolinesterásicos, iniciar com prednisona 0, 25 mg/ kg,
VO, SID, e aumentar de acordo com a resposta. A imu-
nossupressão é controversa pois pode acentuar a crise
miastênica e n ão é indicada em caso de pneumonia. Tra-
. tar a pneumonia com antibióticos (vide “Pneumonia as-
pirativa”, cap. 7. Enfermidades respiratórias). A alimen -
tação deve ser fornecida vá rias vezes ao dia, mantendo
o pescoço mais elevado se houver megaesôfago (vide
“Megaesôfago”, cap. 8. Gastroenterologia e hepatologia) .
SÍNDROME DE WOBBLER ou
ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL (EMC)
g
SÍNDROME VESTIBULAR
DESCRI ÇÃO: O sistema vestibular é dividido em sis-
tema vestibular periférico e sistema vestibular central,
e suas fun ções são manter a orientação do animal em
relação à gravidade, mantendo a posição adequada dos
olhos, tronco e membros em relação à posição da cabe-
ça e movimento do animal. O componente periférico do
NEUROLOGIA 581
1. DEFICIÊNCIA DE TIAMINA
Descriçã o: É uma degeneração do sistema nervoso que
ocorre em felinos alimentados com peixe cru e em cães
alimentados somente com comida cozida ou alimentos
processados, devido à deficiência de tiamina. Manifesta -
-se inicialmente por inapetência, perda de peso, vomi-
to e diarreia com discreta ataxia, que evolui para ataxia
vestibular, convulsões, ventroflexão do pescoço, pupilas
NEUROLOGIA 583
2* DOENÇ A CEREBROVASCULAR
Raramente descrita (vide “Acidente vascular cerebral” ).
4. MENINGOENCEFALITES INFLAMATÓRIAS
Vide “Menigoencefalites inflamatórias”.
5. NEOPLASIAS
Descriçã o: Podem estar localizadas no ângulo cerebelo-
- medular causando sinais neurológicos progressivos. Os
586 CAP ÍTULO 13
.
3 SÍNDROME VESTIBULAR IDIOPÁTICA CANINA
Descri çã o: Síndrome vestibular geriátrica (SVG ), neuri -
te vestibular ou labirintite. A doença tem caráter agudo
e ocorre em cães com mais de cinco anos de idade, sem
predileçã o sexual, afetando a porção vestibular periféri-
ca do nervo vestibulococlear. Os sinais clínicos predomi-
nantes são exclusivamente deste nervo, caracterizando -se
por rolamento, perda de equilíbrio, nistagmo horizontal
NEUROLOGfA 587
Tratamento
Antibioticoterapia sistémica: a escolha do antibiótico
deve ser, preferencialmente, baseada nos resultados de
cultura e antibiograma otológico.
Os antibióticos mais indicados são a cefalexina 25 - 30
mg / kg, VO, BID, enrofloxacina 5 mg/ kg, VO/SC, BID
( cães) e 5 mg/ kg, VO/SC, SID ( gatos), trimetropima-sul-
fadiazina 15 - 20 mg/ kg, VO/ SC, BID. Aumento da circu-
NEUROLOGIA 589
5. INTOXICAÇÃO
Descrição: O tratamento com agentes ototóxicos pode
levar à degeneração dos receptores vestibulares e/ ou au-
ditivos. A ototoxicidade pode resultar da administração
de f á rmacos orais, parenterais ou tópicos, sendo que a
intoxicação por produtos tópicos pode ocorrer quando a
membrana timpânica está rompida. Todos os aminogli-
cosídeos, diuréticos de alça e agentes tópicos cujo veículo
seja propilenoglicol ou clorexidina podem levar a uma
590 CAPÍTULO 13
TETRAPARESIA /TETRAPLEGIA
DESCRI ÇÃO: Incapacidade parcial de realizar movimen-
tos voluntários com todos o.s membros ( teteaparesia ),
enquanto a tetraplegia é a incapacidade total de realizá-
-los. Na tetraparesia pode haver fraqueza leve (animal
caminha), moderada ou grave ( não caminha, decúbito,
porém consegue movimentar um pouco os membros).
Podem ser causadas por lesões no sistema nervoso cen-
tral ( tronco encefálico e medula espinhal cervical ou
cervicotorácica) ou periférico ( junção neuromuscular,
nervos espinhais, raízes nervosas e músculos). As neu-
ropatias periféricas podem ser decorrentes de lesão na
junção neuromuscular, nervos espinhais e raízes ner-
vosas. É importante lembrar que em algumas lesões do
tronco encefálico o paciente pode apresentar alteração
no nível de consciência ou sonolência, enquanto nas le-
sões da medula espinhal ou SNP o animal está conscien-
te. Quando ocorre o comprometimento de vá rios nervos,
ocorre um quadro conhecido como polineuropatia, que
é caracterizado pela fraqueza muscular. O animal apre-
senta tônus muscular e reflexos espinhais diminuídos ou
ausentes nos quatro membros, com a consciência nor-
mal. Alguns pacientes também apresentam bradicardia,
NEUROLOGIA 591
BOTULISMO
Vide também "Botulismo", cap. 4 . Doenç as infecciosas.
DESCRIÇÃO: Os sinais clínicos podem aparecer horas a
dias após a ingestão da toxina. Os sinais clínicos são as-
cendentes, iniciando-se na maioria dos casos nos mem -
bros posteriores. Na avaliação neurológica pode haver
592 CAP ÍTULO 13
POLIRRADICULONEURITE IDIOPÁTICA
DESCRI ÇÃO: Condiçã o inflamató ria das ra ízes nervo -
sas, comum e pouco entendida. São descritos três tipos
principais: 1. polirradiculoneurite aguda ou “ paralisia
do Coonhound”, pois nos Estados Unidos é transmitida
pela mordida do guaxinim, sugerindo-se que o distúrbio
resulte de resposta imune contra algum componente da
saliva do guaxinim. Acomete animais de qualquer idade,
raça e sexo, o início dos sinais em geral ocorre 7-10 dias
após a mordida, ocorrendo fraqueza, ou pode iniciar
com andar rígido, o som do latido fica rouco e progride
para tetraplegia flácida em 1-7 dias. Os reflexos ficam di-
minuídos a ausentes, a fun ção da bexiga e reto é normal,
não acomete mastigação/ deglutição, mas pode acometer
o nervo facial. Ocorre paralisia respiratória e morte em
alguns animais; 2. polirradiculoneurite idiopática, mui-
to semelhante à polirradiculoneurite aguda, quanto ao
in ício de sinais clínicos e evolução, porém ocorre em
animais sem contato com o guaxinim. Os sinais iniciam
pelos membros posteriores, mas ocasionalmente pode
começar pelos torácicos, podendo haver hiperestesia,
o que não ocorre no botulismo; 3. polirradiculoneurite
pós-vacinal, relatada esporadicamente em cães após va-
cinação rotineira.
DIAGNÓ STICO: O diagnóstico é realizado com base nos
sinais clínicos e neurológicos. No exame neurológico há
594 CAPÍTULO 13
TRONCO ENCEFÁLICO
Reflexo pupilar ( RP) normal, reflexo oculocefálico (RO)
6
normal
RP diminuído, RO normal ou diminuído 5
Miose bilateral, RO normal ou diminuído 4
Pupilas puntiformes, RO diminuído ou ausente 3
Midríase unilateral nã o responsíva, RO diminuído ou
2
ausente
Midríase bilateral nã o responsiva, RO diminuído ou
1
ausente
‘ 't "*'••
1
.
V •'••• / ' •• . V •••. • * / ;• •• '
NÍ VEL DE CONSCIÊNCIA I
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NEUROLOGIA 605
607
608 CAP ÍTULO 14
-
Proteína: a dieta deve conter teores de proteína adequa -
dos ( mínimo 20% para cães e 24% para gatos) e de quali-
dade superior para manutenção da massa muscular, que
está sendo perdida em função do processo de caquexia
card íaca. A restrição proteica não é recomendada nesses
animais porque pode contribuir para a perda de massa
magra e má nutrição. A proteína só deverá ser restrita
nos animais que apresentarem doença renal crónica em
NUTROLOGIA 609
I
I
I5
Total Alimentos j 0,16% ou
Equilíbrio Veterinary j 34 mg/100 kcal
í
Cardiac (seca) |
Hill s Prescription 0,19% ou
j Diet K/d Canine 40 mg/100 kcal
| (úmida)
lllb At é 50 mg/100 kcal Royal Canin Cardiac 0,09% ou
Canine ( seca) 19 mg/100 kcal
HilTs Prescription 0,08% ou
Diet h/d Canine 17 mg /100 kcal
(seca)
Premier Pet Nutri- 0,16% ou
çã o Clínica Cã es 36 mg /100 kcal
Cardiopatas ( seca)
Total Alimentos 0,16% ou
Equilíbrio Veterinary 34 mg/100 kcal
Cardiac (seca)
Hiirs Prescription 0,19% ou
Diet K/d Canine 40 mg/100 kcal
( úmida)
MANEJO NUTICIONAL DA
COLANGITE E COL ÂNGIO-HEPATITE FELINA
DESCRIÇÃ O: O complexo colangite/ colâ ngio-hepatite
são as hepatopatias mais frequentes nos gatos e, quando
associado à anorexia, pode levar também ao aparecimen -
to da lipidose hepática felina, podendo em muitos casos
ser fatal se o tratamento terapêutico associado ao supor-
te nutricional n ão for instituído o mais precoce possível
(vide “Colângio- hepatite felina” cap. 8. Gastroenterolo-
gia e hepatologia ).
INDICAÇÃO: Gatos com colangite ou colângio-hepatite.
TRATAMENTO
• Aguda: vide “Manejo nutricional da lipidose hepática
felina”.
• Crónica: vide “Manejo nutricional das hepatopatias”.
614 CAPÍTULO 14
que mui-
tas vezes se suspeita do papel de antígenos dietéticos na
etiopatogenia da colite crónica. A colite linfoplasmocitá-
ria e a eosinofílica, de grau leve a moderada, sã o as for-
mas mais prováveis de responderem ao manejo dietético.
Gordura: a ação da microbiota bacteriana na gordura
n ã o absorvida presente no cólon resulta na produção de
ácidos graxos hidroxilados, importante causa de diarreia
de intestino grosso. Dessa forma, as dietas para cães de-
vem conter teores de 8,0 a 15,0% de gordura, e para ga -
tos, de 9,0 a 25,0% deste nutriente.
Ácidos graxos poli -insaturados: os ácidos graxos da
fam ília ômega-3 derivados do óleo de peixe também
têm sido empregados nesses pacientes, por apresenta -
NUTROLOGIA 615
MANEJO NUTRICIONAL DA
CONSTIPAÇÃO, OBSTIPAÇÃO E MEGACÓLON
FELINO
DESCRIÇÃO: A disfun ção do cólon pode estar relacio-
nada a diferentes etiologias muitas vezes desconhecidas.
Alguns casos de constipação respondem com dietas com
teores elevados de fibras. As fontes de fibras devem ser se-
lecionadas de acordo com suas propriedades fisiológicas.
INDICA ÇÃO: Gatos com dificuldade para defecar, pre-
sen ça de fezes duras e ressecadas, ou gatos com diagnós-
tico de constipação, obstipação e megacólon.
TRATAMENTO
Água: o proprietário deverá estimular seu animal a inge-
rir água. A constipação pode ocorrer como resultado de
616 CAP ÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
DILATAÇÃO VÓLVULO-G Á STRICA (DVG )
DESCRI ÇÃO: A DVG ocorre devido ao relaxamento rá -
pido do estômago causado pela ingestão de alimentos,
líquidos ou ar, e pode progredir rapidamente para tor-
ção ( rotação do estômago sobre o seu eixo). Não existe
620 CAP ÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (Dll)
DESCRI ÇÃ O: Causa mais frequente de vomito crónico
e diarreia em cães e gatos. Esta se caracteriza pela infla -
mação crónica do intestino e é acompanhada pela in -
filtração de células inflamatórias na lâ mina própria do
trato gastrointestinal. Podem ser observados pelo menos
três tipos de substâncias antigê nicas no lúmen do trato
gastrointestinal: ingredientes alimentares, microbiota
intestinal residente e agentes patógenos ocasionais (vide
“ Doen ça inflamató ria intestinal”, cap. 8. Gastroenterolo-
gia e hepatologia ).
INDICAÇ AO: Cães e gatos com perda de peso, diarreia
e vómito crónico, com diagnóstico confirmado de DII.
TRATAMENTO
Hidratação: a desidratação é frequentemente observa-
da nos animais com DII devido à perda de fluidos pelo
vómito e diarreia, sendo a fluidoterapia parenteral a pri-
meira recomendação (vide Ap êndice “ Fluidoterapia pa-
renteral”, cap. 9. Hematologia e imunologia).
622 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
DOENÇ A RENAL CRÓNICA (DRC)
DESCRI ÇÃO: Os principais objetivos do suporte nutri-
cional destes pacientes são garantir a adequada inges-
tão energética e dos demais nutrientes; aliviar os sinais
624 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTICIONAL DA
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA (EH)
DESCRI ÇÃO: EH se refere a complexas alterações neuro -
lógicas que podem afetar animais com desvio portossis-
têmico ou hepatopatias graves. Animais com hepatopa -
tia compensada e que apresentam azotemia, constipação,
alcalose ou ingestão elevada de proteínas podem desen -
volver EH. Vide também “Manejo nutricional das hepa -
topatias”.
INDICA ÇÃO: Cães e gatos com desvio portossistêmico
ou hepatopatias adquiridas em estágios avançados asso-
ciados a sinais neurológicos compat íveis com EH.
TRATAMENTO
Gorduras: a gordura é uma fonte energética muito im -
portante para esses animais. Alguns cães portadores de
628 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
GASTRITE AGUDA
DESCRI ÇÃO: Diversas desordens metabólicas têm sido
associadas ao desenvolvimento de gastrite aguda. A água
é o nutriente mais importante para os pacientes com vo-
mito agudo, uma vez que o excesso de perda de fluidos
pode levar ao quadro de desidratação.
632 CAPITULO 14
TRATAMENTO
Hidratação: fluidoterapia parenteral deve ser utilizada
para a correção da desidratação (vide Apêndice, “ Flui -
doterapia parenteral”, cap. 9. Hematologia e imunologia ).
Gordura: alimentos com teores mais elevados de gordu-
ra são esvaziados mais lentamente do estômago do que
os alimentos com menos gordura. Gordura no duodeno
estimula a liberação de colecistoquinina, o que atrasa o
esvaziamento gástrico.
Proteína: excesso de proteína deve ser evitado nos ali-
mentos para pacientes com gastrite aguda. Produtos da
digestão proteica aumentam liberação de gastrina e se -
creção de ácido gástrico.
Nutrição parenteral: em alguns casos, o uso da nutri-
ção parenteral (vide Apê ndice “ Nutrição parenteral” ) é
necessário até que os episódios eméticos sejam cessados.
Dieta comercial: a dieta comercial Gastro Intestinal Low
Fat ( Royal Canin ) pode ser uma boa opção, por causa
do seu baixo teor de gordura. Outra opção são as die-
tas Gastro Intestinal Canine e Gastro Intestinal Feline
( Royal Canin ) ou Equilíbrio Veterinary Intestinal Cães
e Equilíbrio Veterinary Intestinal Gatos (Total Alimen -
tos), que possuem alta energia e proteína, sem exceder a
quantidade de proteína necessá ria ( tabela 14.8). Os pro-
cedimentos de cálculo das necessidades e da quantidade
de alimento ( comercial ou caseiro ) estão descritos no
apêndice (vide Apêndice “Como prescrever e calcular a
dieta” ).
Dieta caseira: se o animal não apresentar episódios
eméticos, deve- se oferecer dieta com reduzido teor de
gordura, em pequenas quantidades, várias vezes ao dia,
NUTROLOGIA 633
MANEJO NUTRICIONAL DA
GASTRITE CRÓNICA
DESCRI ÇÃO: A etiologia da gastrite crónica pode ser
desconhecida, porém, as causas mais prováveis são as
imunológicas, gastrite secundária a outras enfermidades
( doença renal crónica, hepatopatias, pancreatite) ou par-
te de uma enfermidade inflamatória intestinal generali-
zada ( vide cada enfermidade nos capítulos específicos).
INDICAÇÃ O: Animais com sinais de perda de peso, ano-
rexia, vómitos, melena e hematoquesia.
TRATAMENTO
i
MANEJO NUTICIONAL DA
HEPATITE CRÓNICA E CIRROSE HEPÁTICA
DESCRIÇÃ O: Nesta situação, os animais necessitam in -
gerir quantidade energética diária adequada para a ma-
nutenção da síntese proteica e prevenir a degradação te-
636 CAP ÍTULO 14
TRATAMENTO
Adequação nutricional geral: o uso de fontes calóricas
não proteicas é importante para prevenir a mobilização
de aminoácidos como fonte energética. As dietas devem
apresentar alta densidade energética para atender as ne-
cessidades calóricas e para diminuir a quantidade de ali-
mento a ser fornecida.
Proteínas: auxiliar na regeneração hepatocelular através
do fornecimento de quantidade suficiente de nutrientes,
principalmente proteínas, L-carnitina e vitaminas do
complexo B. Quantidade adequada de proteína com alta
digestibilidade favorece a regeneração do parênquima
hepático. Os quadros de cirrose que apresentam encefa -
lopatia hepática são mais difíceis de serem conduzidos,
pois esses animais necessitam de aporte proteico para
manutenção do balanço nitrogenado, porém a ingestão
de proteína pode resultar em encefalopatia hepática. Por
outro lado, o balan ço nitrogenado negativo pode resul-
tar em desnutrição e hipoalbuminemia, com piora da
função hepática e estado geral. A manutenção do balan -
ço nitrogenado pode apresentar efeitos positivos sobre
a encefalopatia hepática, pois facilita a regeneração do
fígado. A restrição só deve ser realizada nos casos de en -
cefalopatia hepática ( EH ) (vide “Manejo nutricional da
encefalopatia hepática” e “Encefalopatia hepática”, cap. 8.
Gastroenterologia e hepatologia). A restrição de proteí-
nas prescrita de forma incorreta pode induzir ou agravar
o estado de subnutrição, piorar as funções hepáticas de
sí ntese proteica e resultar em balan ços energético e ni-
trogenado negativos. O objetivo é proporcionar ao ani-
mal doente a quantidade m áxima de proteína sem exce-
der a tolerâ ncia antes das manifestações da EH.
Suplementação de vitaminas: as concentrações anor-
mais de ácidos biliares e o acúmulo de metais pesados,
como cobre e ferro, promovem o aumento da produção
NUTROLOGIA 639
F ÓRMULA PARA C Ã ES
Composição (% MS) Fórmula ( % MO )
Proteína bruta 25,30 Arroz cozido 60,0
Carboidrato 50,45 Carne moída bovina ou 20,0
Extrato et éreo 16,31 peito de frango
Fibra bruta 1,48 Fígado bovino 5,00
Matéria mineral 1,78 Cenoura 13,00
Umidade 55,15 Fosfato bicálcico 0,70
Cá lcio 1,03 Levedura de cerveja 0,70
Fósforo 0,92 Suplemento mineral e 1,00
vitamínico
Sai 0,10
Óleo de soja 1,00
MANEJO NUTRICIONAL DA
INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA (IPE)
DESCRIÇÃO: Caracterizada por deficiência parcial ou
total das enzimas pancreáticas, é uma causa relativamen -
te comum de má digest ão em cães, sendo rara em gatos.
Diante disso, pode tornar-se necessá ria a suplementa ção
de enzimas pancreáticas exócrinas, junto às refeições
( vide “Insuficiência pancreática exó crina”, cap. 8. Gas -
troenterologia e hepatologia). Pode ocorrer diminuição
da absor ção de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. Defi-
ciê ncia de cobalamina (vitamina B12 ) em cães com IPE
é agravada pelo supercrescimento bacteriano intestinal.
O prognóstico da IPE em cães é bom, se o paciente apre-
sentar boa resposta ao tratamento inicial.
INDICAÇÃO: Animais que apresentam os sinais de perda
de peso, polifagia, má digest ão e fezes em quantidades
-
volumosas com presen ça de alimentos pouco ou não di-
geridos. As raças Pastor Alem ão, Collie pelo longo, Chow
Chow e Cocker Spaniel Inglês apresentam predisposição
genética ao desenvolvimento desta doença.
TRATAMENTO
Alta digestibilidade: um ponto importante no manejo
nutricional do paciente com IPE é a digestibilidade da
dieta, portanto é fundamental que seja fornecido um
NUTROLOGIA 643
Kl (5- 20 mg/ kg, SC, BID ) para cães e gatos que apresen -
tarem sinais de coagulopatias.
Suplementação de enzimas pancreáticas em pó: re-
comendações para cães indicam 0,25-0,4 g/ kg ou uma
colher das de chá para cada 20 kg de peso corporal, por
refeição. Misturar o pó ao alimento 30 minutos antes do
fornecimento para o animal, com o objetivo de evitar le-
sões na mucosa bucal e maior efetividade do produto.
Dieta comercial: a dieta de escolha para esses animais são
as rações altamente digestíveis (digestibilidade >87% da
proteína bruta e > 90% da gordura), com reduzido teor de
fibra ( < 2% ), uma vez que a fibra dietética pode compro-
meter a atividade enzimática. Conteúdo moderado a alto
de gordura (pelo menos 12% ) é desejável, pois a maior
disponibilidade deste nutriente facilita sua absorção e
assim favorece o ganho de peso e melhora do escore de
condição corporal. Nas tabelas 14.11 e 14.12 estão lista-
dos alguns exemplos de dietas comerciais recomendadas
para fase de crescimento que podem ser empregadas em
função do seu alto teor de gordura. Na tabela 14.14 estão
listados alguns exemplos de dietas de prescrição que po-
dem ser empregadas em pacientes com insuficiência pan-
creática exócrina. Na tabela 14.15 está apresentada uma
fórmula de dieta caseira indicada para esta situação (vide
Apêndice “Como prescrever e calcular a dieta” ).
MANEJO NUTICIONAL DA
LIPIDOSE HEPÁTICA FELINA (LHF)
MANEJO NUTRICIONAL DO
MEGAESÔFAGO
DESCRIÇÃO: O objetivo do manejo nutricional do ani-
mal com megaesôfago é minimizar a regurgitação, evitar
pneumonia por aspiração e fornecer os nutrientes ade-
quados para recuperação ou manutenção do peso, assim
como manter o escore de condição corporal ideal ( vide
“Megaesôfago”, cap. 8. Gastroenterologia e hépatologia ).
INDICAÇÃ O: Animais que apresentam regurgitação
após a ingestão de água e/ou alimento ou nos casos em
que há o diagnóstico conclusivo de megaesôfago.
TRATAMENTO
Manejo alimentar: a dieta deve apresentar alta densidade
energética (superior a 3.800 kcal/kg) e teores elevados de
gordura. Esses pacientes geralmente estão debilitados por
causa da ingestão inadequada de alimento e pneumonia
por aspiração. A alimentação deverá ser fornecida na po-
sição bipedal, a qual deve ser mantida pelo menos 20 mi-
nutos após a alimentação. O alimento deve ser oferecido
em pequenas porções, várias vezes ao dia (4-6 x dia ), na
forma líquida ou pastosa. As dietas apresentadas nas ta-
belas 14.9, 14.11 e 14.15 possuem perfil nutricional ade-
quado para o manejo alimentar e nutricional destes casos.
Tubo alimentar: a alimentação na posição bipedal pode
ser difícil e, em algumas situações, pode não controlar
os episódios de regurgitação. Nestes casos recomenda -se
a colocação de um tubo gástrico (vide Apêndice “Tubos
alimentares”). Esta técnica tem sido utilizada com su -
cesso por longos períodos, demonstrando-se como uma
ótima opção para alguns animais e proprietários. Os pro-
cedimentos de cálculo das necessidades e da quantidade
de alimento (comercial ou caseiro ) para alimentação bi-
pedal ou via tubos estão descritos na lista de apêndices
(vide Apêndice “Como prescrever e calcular a dieta” ).
650 CAPÍTULO 14
OBESIDADE
DESCRI ÇÃO: A obesidade é definida como o excesso de
gordura corporal suficiente para prejudicar as funções fi-
siológicas do organismo. Apesar de ser considerada uma
doença essencialmente nutricional, fatores genéticos,
sociais, culturais, metabólicos e endócrinos determinam
o caráter multifatorial a esta afecção. A principal causa
para o desenvolvimento de sobrepeso ou obesidade é o
desequilíbrio entre a ingestão calórica e as necessidades
energéticas. O sobrepeso ou a obesidade ocorre quando
o consumo de calorias excede de forma constante o gasto
energético diário.
INDICAÇÕ ES: Animais que se encontram acima do peso,
avaliados pela pesagem e também pelo escore de condi-
ção corporal (vide Apêndice “Avaliação nutricional” ).
TRATAMENTO: O tratamento desta afecção consiste
numa série de etapas que serão apresentadas e discutidas
a seguir.
Compreensão do proprietário: o médico veteriná rio
deverá alertar o proprietário sobre os malefícios do ex-
cesso de peso. O sobrepeso não é indicativo de saúde ou
beleza, e sim uma doença que deve ser tratada.
Início do tratamento: antes de se iniciar o tratamento de-
vem ser realizados exames complementares no paciente
com a finalidade de descartar a possibilidade de outros
distú rbios concomitantes, como ortopédicos, endócrinos
ou cardiovasculares, que poderão influenciar no manejo
da obesidade e na velocidade da perda de peso.
656 CAP ÍTULO 14
Gatos: NEPP
85 x ( peso meta)0,4 kcal/dia
( para atingir peso meta) =
(vide Quadro 14.2 )
NUTROLOGIA 657
AP Ê NDICES
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
(escore de condição corporal)
DESCRIÇÃO: Para escolher a abordagem nutricional mais ade-
quada e eficaz, é fundamental realizar a avaliação nutricional
sistemática dos pacientes. Com isto é possível identificar não só
os desnutridos, que necessitam de intervenção nutricional ime-
diata, mas também os pacientes nos quais a terapia nutricional
pode prevenir a desnutrição e a obesidade.
INDICAÇÃO: A identificação dos animais que necessitam de su -
porte nutricional baseia ~se no histórico (qualidade, adequação
e consumo diário da dieta empregada; fármacos: corticosteroi-
des, antibióticos, diuréticos, agentes quimioterápicos) , exame
físico e laboratorial. No quadro 1 encontram -se as principais
situações que determinam a necessidade de suporte nutricional
imediato e intensivo.
A determinação do escore de condição corporal ( ECC) de-
monstra-se como um método bastante útil na avaliação do esta -
do nutricional, devido a sua simplicidade. A figura 1 demonstra
os pontos que devem ser considerados no momento da avalia -
ção de um cão e ilustra a escala de 9 pontos, a mais empregada
atualmente. A figura 2 ilustra a mesma escala para gatos.
664 CAPÍTULO 14
Nenhuma gordura
corporal identificável;. Notá vel perda de
massa muscular;
Subalimentado Sobrealimentado
CIJJ 2 3
!
> U 3i,. _ Condição Corporal: 3 ( Subalimentado )
''W *
Abdomên n ão apresenta
’’ •• •>**
* palpá veis;
concavidade;
i 2 3 4 LJLJfc m L3LJ ^
Subalimentado Sobrealimentado
,:: TÍ 17 7- 7/
'
.
'
&Í1IJL íSí Z J
j
^
f
ti
Grossa camada de gordura presente na
;C f face, membros e na regiã o lombar
> • ., \i ; :,W Q abdômen é expandido e nâo existe
Piiiií - m
.
cintura
Amplos depósitos abdominais de 12
Subalimentado
3 4
Ideal
5 fellifel
Sobrealimentado
9 J
K- 2 á
gordura.
DIETAS CASEIRAS
DESCRIÇÃO: Em alguns casos podem apresentar custo inferior
aos alimentos industrializados e, às vezes, melhor palatabilida-
de ( principalmente cães acostumados à dieta caseira ).
INDICAÇÃO: O estabelecimento de uma dieta caseira, no en -
tanto, é mais complexo do que o uso de um alimento industria -
lizado. Deve-se sempre conversar e instruir adequadamente o
proprietário para que este esteja consciente da necessidade de
manter o mais próximo possível a receita original prescrita para
o animal. É sempre importante que exista o conhecimento da
energia metabolizável ( EM ) do alimento.
Modo de preparo: se possível, cozinhar o arroz, as carnes, o
fígado e a cenoura separadamente. A formulação foi feita con -
siderando o ingrediente cozido. Como alternativa, pode-se
refogar as carnes, o fígado e os legumes juntos e misturá-los
posteriormente ao arroz, que foi preparado em separado. Sal e
óleo podem ser incorporados durante o preparo do alimento,
as quantidades indicadas de sal podem ser empregadas como
um guia e alteradas de acordo com a necessidade de preparo
da dieta. O fígado e a levedura de cerveja entram como fontes
naturais de vitaminas e minerais. O fígado pode ser oferecido,
alternativamente, em dias intercalados. Por exemplo, em vez de
se incluir f ígado e carne ao mesmo tempo, pode-se empregar
apenas fígado duas vezes por semana e apenas as carnes nos
demais dias.
Pesar cada ingrediente na quantidade calculada para a fórmula
após o cozimento. A levedura de cerveja e os minerais (fosfato
bicálcio, carbonato de cálcio e suplemento vitamínico e mine -
ral) não devem ser cozidos, e sua pesagem deve ser realizada
em balança de precisão ou farmácia de manipulação. Devem
ser adicionados após o alimento esfriar. Misturar todos os in -
672 CAP ÍTULO 14
FLUIDOTERAPIA MICROENTERAL
DESCRI ÇÃO: A fluidoterapia microenteral consiste na adminis-
tração de pequenas quantidades de água, eletrólitos e nutrientes
facilmente absorvíveis (glicose, aminoácidos e pequenos peptí-
deos) por via digestiva, em bolus ou infusão constante através
de sondas (vide Apêndice “Tubos alimentares”). O intuito desta
pr ática é manter o trato gastrointestinal funcional e compensar
os possíveis efeitos deleté rios do n ão uso desta via.
INDICAÇÃO: A fluidoterapia microenteral deve ser empregada
como terapia nutricional auxiliar, a ser utilizada em pacientes
que não toleram maiores quantidades de alimento. O objetivo
principal é fornecer nutrientes às células que compõem a bar -
reira intestinal sem estimular o reflexo de vómito. Esta deve ser
associada à nutrição parenteral para que pelo menos parte das
necessidades nutricionais do paciente seja atendida.
PROTOCOLO: A solução pode apresentar diversas composições:
1 . Opção: glicose ( 5- 25% ) enriquecida com um quarto de so-
lução de Ringer lactato ( 250 mL), adicionada de soluções co-
merciais de polímeros e peptídeos, as mesmas utilizadas para
nutrição parenteral (vide Apê ndice “ Nutriçã o parenteral” ).
®
2. Opção: utilizar 20 mL de Glicopan Energy em 480 mL de
®
Ringer lactato ou 80 mL Glicopan Pet em 420 mL de Ringer
lactato. Outras opções comercias que podem ser empregadas
® ® ®
são Nutralife , Nutrifull Pet e Energy Pet .
Administração: a solução deve ser administrada em pequenos
volumes e em intervalos ou infusão constante ( preferencial-
mente). Inicia -se com 0,05 mL / kg/ hora e, se o paciente apre-
sentar boa tolerância, o volume pode ser aumentado para 1 a 2
mL/kg/ hora por 24- 48 horas. Se não ocorrer nenhum sinal de
intolerância, pode-se transferir para a nutrição enteral.
NUTROLOGIA 673
NUTRIÇÃO ENTERAL
DESCRIÇÃO:A nutrição enteral constitui a via preferencial de su-
porte nutricional em pacientes críticos, mas com o trato gastroin -
testinal funcional. A nutrição enteral é preferível a parenteral por
ser mais próxima do fisiológico, uma via natural e mais segura de
administrar nutrientes, além de garantir o aporte de nutrientes
no lúmem intestinal, o que previne a translocação bacteriana. Os
tubos mais utilizados são nasoesofágico, esofágico e gástrico.
INDICAÇÃO: Utilizada em pacientes com ingest ão alimentar
inadequada há 3 dias, animais caquéticos, que apresentem hi-
poalbuminemia e/ ou com perda de peso superior a 10% num
curto período de tempo. Pacientes caninos e felinos submetidos
a qualquer tipo de estresse ou portadores de alguma enfermida -
de que apresente quadro de anorexia, sem comprometimento
do trato gastrointestinal. \
Dieta: devem ser administradas somente dietas líquidas, pois os
tubos possuem calibre pequeno e são facilmente obstruídos, o
que dificulta o suprimento proteico-energético.
1 . Determinar a necessidade energética basal ou em repouso
( NER) de cães e gatos ( Quadro 5):
Cães e gatos NER* = 70 x ( peso meta )0,75 kcal /dia
^necessidade energética basal (de repouso )
Quadro 5 - Exemplos de cálculo da necessidade energética de repou-
so (NER ) em relação ao peso de cães e gatos.
Peso (kg ) j NER | Peso (kg ) j NER j Peso ( kg ) i NER
i 70,0 16 560,0 31 919.6
2 117,7 17 586,1 32 941.8
3 159,6 18 611.7 33 963.8
4 198,0 19 637,0 34 985.6
5 234,1 20 662,0 35 1007.3
6 268.4 21 686.7 36 1028.8
7 301.2 22 711.1 37 1050.1
8 333,0 23 735.2 38 1071.4
9 363.7 24 759,0 39 1092.4
10 393.6 25 782,6 40 1113.4
11 422.8 26 806,0 41 1134.2
12 451.3 27 829.1 42 1154.9
13 479,2 28 852.1 43 1175.4
14 506.6 29 874.8 44 1195.9
15 533.5 30 897.3 45 1216.2
674 CAP ÍTULO 14
Modo de uso
• Bater em liquidificador, permanecendo em geladeira até o
momento de uso.
• Dividir o alimento em 6 refeições ao dia. Administrar o ali-
mento em temperatura ambiente.
• Injetar água pot ável para limpar a sonda de resíduos alimen -
tares após seu uso ( vide item 8).
NUTROLOGIA 675
TUBOS ALIMENTARES
DESCRIÇÃO: Os objetivos do suporte nutricional incluem su -
prir as necessidades nutricionais do paciente, prevenir ou corri-
gir deficiê ncias nutricionais, minimizar alterações metabólicas
e prevenir o catabolismo do tecido muscular. Desta forma, o
suporte nutricional, como fator independente, influencia o
prognóstico e deve ser considerado como parte integral do tra -
tamento do paciente.
INDICAÇÃO: O uso de tubos de alimenta ção é o método ideal
de suporte nutricional em animais que apresentam o trato gas -
trointestinal funcional.
Esofagostomia: apresenta as vantagens de ser rápida, pouco in -
vasiva e permite a colocaçã o de tubos de maior calibre, o que
facilita a administração de dietas com perfil nutricional mais
próximo ao que o animal está adaptado a se alimentar.
Sonda nasoesofágica: indicada para pacientes que possuem
progn óstico de voltar a se alimentar em até uma semana e que
estejam conscientes.
Sonda esofágica: indicada para pacientes com prognóstico de
voltar a se alimentar em per íodo superior a 7-10 dias. Devido ao
maior di âmetro da sonda podem ser administradas dietas com
NUTROLOGIA 679
BIBLIOGRAFIA
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nutricional nas doenças hepáticas, Acta Scientiae Veterinariae, v.35,
n.2, p.s233-s235, 2007.
680 CAP ÍTULO 14
683
684 CAP ÍTULO 15
CATARATA
DESCRI ÇÃO: Desorganização das fibras lenticulares que
culmina em perda da transparência. Uveíte anterior é
concomitante observada, visto que o placódio do crista -
lino se forma anteriormente ao trato uveal. É de ordem
genética e comumente se desenvolve em idade avançada,
mas pode se manifestar precocemente. Pode ser secundá-
ria à inflamação. Gatos raramente desenvolvem a afecção,
quando o fazem, as opacidades são focalizadas e sutis.
686 CAPÍTULO 15
CATARATA DIABÉTICA
DESCRI ÇÃO: Em cães, a saturação da via metabólica
anaeróbica da hexocinase faz com que a glicose de per-
meio à lente seja metabolizada em sorbitol pela aldose
redutase. A alta osmolaridade do sorbitol enseja a for-
mação de vac úolos intralenticulares que evoluem rapi -
damente para catarata intumescente. A baixa concentra-
688 CAP ÍTULO 15
®
micos tepoxalina ( Zubrin ) 10 mg/ kg, VO, SID, 7 dias
após a cirurgia. AINEs seletivos para COX-2, como o
carprofeno e o meloxicam, não são efetivos.
Bolus de flunixin meglumine ( Banamine® ) 1 mg/kg, IV,
30 minutos antes da cirurgia.
Antibióticos tópicos: Tobramicina a 0,3% ® ou quinolo-
nas ( Oflox® ou Zymar ® ), 6 x /dia, por 10 dias.
Hipotensores locais também são necessários (vide “Ca -
tarata” ).
Tratamento tópico com o inibidor de aldose redutase
( Kinostat®-Therapeutic Vision, USA), TID, ainda está
em fase de testes, mas retardou e até impediu o desen -
volvimento de catarata em cães com diabetes mellitus. A
medicação deve ser importada.
Prognóstico: a evolução para hipermaturidade é rápi-
da havendo reabsorção cortical, enrugamento e fibrose
OFTALMOLOGIA 689
CONJUNTIVITE FOLICULAR
DESCRIÇÃO: Hiperplasia de folículos linfáticos da con-
juntiva. Pode estar relacionado à atopia, mas geralmente
se manifesta como reação imunomediada local em algu -
mas é pocas do ano. Acomete cães e gatos. Oftalmorreia
( secreção ocular ) em graus variados. Geralmente não é
pruriginosa e a conjuntiva pode não estar hiperêmica.
Os folículos podem se localizar na conjuntiva palpebral
e bulbar e na face anterior da terceira pálpebra.
DIAGNÓ STICO: Observação de folículos que podem
n ão ser evidentes até o examinador levantar a terceira
pálpebra com auxílio de uma pinça.
TRATAMENTO
Antissepssia da superfície ocular com PVPI diluído (1:50).
Colírio anestésico: instila -se uma gota de colírio anes-
® ®
tésico ( Anestalcon ou Anestésico ), acrescido de uma
®
gota de colírio de fenilefrina a 10% ou lA de ampola de
epinefrina diluída em 3 mL de solução salina a 0,9%,
692 CAP ÍTULO 15
CONJUNTIVITE NEONATAL
Vide "Conjuntivite neonatal" cap. 12. Neonatologia.
DEGENERAÇÃO CORNEAL
DESCRIÇÃO: Alterações secundárias, caracterizadas pelo
acúmulo de lipídeos e/ ou cálcio. Ela n ão possui caráter
hereditário e relaciona-se com hiperlipoproteinemia en -
sejada ou não pelo diabetes mellitus, hipotireoidismo ou
hiperadrenocorticismo (vide cap. 6. Endocrinologia ). As
lesões são de coloração esbranquiçada densa ou modera-
da, com bordas demarcadas e há sempre vascularização
corneai. Podem ser uni ou bilaterais e, frequentemente,
ocorrem geralmente na periferia da córnea ( região mais
quente).
DIAGNÓ STICO: Sinais clí nicos oftálmicos. Histopato-
logia revela epitélio corneai com espessura variável, po-
dendo apresentar um excedente de camadas celulares em
algumas á reas, bem como ausê ncia delas em outras. No
estroma, observam-se grânulos de depósito de cálcio e,
em sua por ção anterior, podem estar presentes fendas
de colesterol (vac úolos) e fibroblastos necróticos. Nem
todos os animais cursam com hiperlipoproteineamia no
momento do diagnóstico oftálmico.
OFTALMOLOGIA 693
TRATAMENTO
Ceratectomia superficial: nos casos de degeneração
progressiva e perda da qualidade da visão, a ceratectomia
superficial pode ser efetiva.
Naqueles em que houver calcificação corneai, prepara -
ções tópicas de EDTA dissó dico (0,35-1,38% ) logram
resultados satisfatórios, em substituição ou como com -
plementar às ceratotomias.
Dieta: as dietas restritivas de colesterol parecem n ão re-
duzir a afecção. Entretanto, suplementação dietética com
oligofrutossacarídeos de cadeia curta podem reduzir a
severidade dos sinais de forma variável.
Prognóstico: bom na maior parte dos casos, visto que as
degenerações tendem a se formar na região mais quente
da córnea ( periferia ).
DISTIQU ÍASE
DESCRI ÇÃO: Cílios emergindo a partir de orifícios das
glândulas de meibômio no tarso palpebral. Shih - Tzu,
Lhasa Apso, Cocker Spaniel e Bulldog Inglês são raças
predispostas. Em felinos a ocorrência é menos comum.
Hiperemia conjuntival e sinais de descompensação cor-
neai são comumente observados de forma concomitan -
te. Ceratoconjuntivite seca e úlcera de córnea superficial
podem se originar como complicações.
DIAGN ÓSTICO: Vizibilização do(s) cílio(s) emergindo
do(s) tarso (s) palpebral ( is) por magnificação.
TRATAMENTO
Intervenção cirúrgica: ressecção em bloco de porção do
tarso palpebral acometido. O pós- operatório consiste da
aplicação tópica de AINEs e antibióticos, assim como de
anti- inflamató rios sistémicos ( vide “ Protusão da glându-
la da terceira pálpebra” ). Salienta-se que distúrbio quali-
694 CAPÍTULO 15
DISTROFIAS CORNEAIS
DESCRIÇÃ O: São desordens primárias, bilaterais, here-
ditárias, n ão acompanhadas de inflamação corneai ou de
doen ça de base. Acometem, principalmente, o estroma
superficial, mas podem afetar o epitélio ou o endotélio.
Opacidade de caracter ística geralmente metálica, bilate -
ral que acomete a região axial da córnea ( região mais fria
da córnea ). Ceratopatia da flórida pode se manifestar de
forma algodonosa ( pontos brancos e densos ao centro,
circundados por opacidade mais sutil ao redor ).
DIAGNÓ STICO: Sinais clínicos oftálmicos.
TRATAMENTO: Em geral, as distrofias corneais não res-
pondem a qualquer terapia clínica e n ão precisam ser
tratadas.
• Distrofias superficiais: lesõ es extensas podem ser
excisadas por ceratectomia lamelar e, raramente, re-
crudescem. Entretanto, a cicatriz ensejada pode vir a
mimetizar a lesão primária.
OFTALMOLOGIA 695
ECTRÓPIO
DESCRI ÇÃO: Eversão de parte, geralmente inferior
da ( s ) pálpebra (s). Chow Chows, Labrador, Golden Re-
trivier, São Bernardo, Terra Nova, Dinamarqueses, Bloo-
dhounds, Cocker Spaniel e Springer Spaniel são comu-
mente acometidos. Pode ocorrer em combinação com o
entrópio ( olho de diamante). Secreção em graus variados
por exposição da conjuntiva pode ser vista em alguns ca-
sos. Entretanto, geralmente não se notam sinais de des-
conforto ocular e descompensação corneai.
DIAGN ÓSTICO: Baseado na inspeção das margens pal-
pebrais. A inversão é n ítida.
TRATAMENTO: O tratamento baseia-se na intervenção
cirúrgica.
Ressecção em cunha ou blefaroplastia de Kuhnt-Szyma-
nowiski pode ser benéfica em casos severos. Em casos de
olho de diamante, o autor utiliza a combinação da técni-
ca de Hotz-Celsus com a de Kuhnt -Szymanowiski.
Os cuidados pós-operatórios são os mesmos descritos
para correção de entrópio (vide “Entrópio” ) .
ENTR ÓPIO
DESCRI ÇÃ O: Inversão de uma parte inferior e/ ou supe -
rior, medial e/ ou lateral da (s) pálpebra ( s) . É de ordem
genética, mas pode ser espástico por dor. Sharpei, Chow
Chow, Rotweiller, PitBull, Buli Terrier, São Bernardo,
696 CAPÍTULO 15
EPISCLERITE/ESCLERITE
DESCRIÇÃO: Episclerite é condição benigna, autolimi-
tante, em que há a inflamação do tecido episcleral super-
ficial. A esclerite é doença grave, progressiva de caráter
imunomediado, com inflamação dos tecidos episcleral
superficial, profundo e da esclera. Massas de coloração
rósea, cruentas ou elevadas, que crescem a partir do lim -
bo e provocam ingurgitamento de vasos episclerais são
observadas. Pode ser primária ou secundária a doenças
intra ou extraoculares e a infecção por Erlichia canis.
DIAGNÓ STICO: Baseia -se na constatação dos sinais clí-
nicos, na histopatologia ( reação do tipo granulomato-
sa com o predomínio de macrófagos, linfócitos, alguns
plasmócitos, vasculite e graus variáveis de degeneração
do colágeno e afinamento escleral). Pela imunoistoquí-
mica não há diferença no quantitativo de células marca -
das para CD18 (histiócitos), CD79a (linfócitos B) e CD3
(linfócitos T). Deve-se proceder ao diagn óstico diferen-
cial de neoplasia.
TRATAMENTO
Corticoides tópicos 4-6 vezes/ dia tendem a controlar a
maioria dos casos (vide “ Uveíte” ).
Imunossupressores tópicos: casos refratá rios podem
ser associados à ciclosporina a 0,2 % ou ao tacrolimus a
0,03%, TID (manipulados pela Ophthalmos ).
®
EPISCLERITE /ESCLERITE
DESCRI ÇÃO: Episclerite é condição benigna, autolimi-
tante, em que há a inflamação do tecido episcleral super-
ficial. A esclerite é doença grave, progressiva de caráter
imunomediado, com inflamação dos tecidos episcleral
superficial, profundo e da esclera. Massas de coloração
rósea, cruentas ou elevadas, que crescem a partir do lim-
bo e provocam ingurgitamento de vasos episclerais são
observadas. Pode ser prim ária ou secundária a doen ças
intra ou extraoculares e a infecção por Erlichia canis.
ESCLEROSE LENTICULAR
DESCRI ÇÃO: Opacidade devido à compactação do nú -
cleo da lente (cristalino) pela proliferação de células epi-
teliais da cápsula anterior. Doença senil que se manifesta
na maior parte dos cães e dos gatos com idade superior
aos 7 anos.
DIAGN ÓSTICO: Firmado pela constatação de opacidade
axial ao se incidir feixe luminoso após dilatação pupilar
farmacológica. Observa -se a formação de um halo na
região central da pupila e o feixe de luz é refletido pelo
Tapetum lucidum em todos os casos. Pela biomicrosco-
pia, observa-se a formação de fendas na região anterior
e posterior do núcleo do cristalino; quanto maior o grau
de esclerose, maior o número de fendas visíveis no nú-
cleo do cristalino.
TRATAMENTO: Desnecessário, uma vez que não inter-
fere na visão.
O uso tópico de N-acetilcarnosina a 2% TID (Ocluvet®-
Practivet, USA ) foi capaz de reduzir significativamente o
grau de opacidade lenticular em cães com esclerose lenti-
cular. A medicação não se encontra disponível no Brasil.
Prognóstico: bom para visão em todos os casos em que
não houver formação de catarata.
FLÓRIDA SPOTS ou
CERATOPATIA DA FLÓRIDA
Vide "Distrofias corneais".
GLAUCOMA SECUNDÁRIO
DESCRI ÇÃO: Desenvolve -se por obstrução do ângulo
iridocorneal por conte údo inflamatório ou sinéquia pos-
terior em 360° formados em uveítes anteriores. Ademais
massas intraoculares, cistos uveais ( em cães), luxação an -
terior da lente e trauma extenso ao ângulo iridocorneal,
após cirurgia de catara, também são responsáveis.
702 CAP ÍTULO 15
LACERAÇÃO PALPEBRAL
DESCRI ÇÃÓ: Traumas automobilísticos e brigas são
as principais causas. O n ão tratamento pode ensejar
lagoftalmia, olho seco e alterações da superfície ocular. A
separação das margens palpebrais é obvia pela inspeção.
Secreção ocular, hemorragia e hiperemia conjuntival po-
dem ser vistas. A superfície ocular poda ser acometida
por úlcera de córnea, em alguns casos , ( vide “ Úlcera de
córnea superficial” ).
OFTALMOLOGIA 703
L ÁGRIMA DE MÁ QUALIDADE
DESCRIÇÃO: Dist ú rbio na secreção de lipídeos ( produ -
zido por glândulas de meibômio) e mucina ( produzida
por células caliciformes), facilitando a evaporação e a n ão
aderência da lágrima na superf ície corneai. Frequente
em cães e gatos com meibonite, protrusão da glândula da
terceira pálpebra, distiquíase, entrópio e ectrópio. Porta-
dores de diabetes, atopia, felinos acometidos por herpes
vírus do tipo 1 e cães com cinomose são candidatos.
DIAGNÓ STICO: TLS é normal (acima de 15 mm / minuto
em cães e 7 mm / minuto em gatos) com tempo de rup-
tura do filme lacrimal reduzido ( menor que 13 segundos
em cães e 12 segundos em gatos), associado aos sinais
clínicos (hiperemia conjuntival e oftalmorreia variável).
Densidades de células caliciformes reduzidas em bióp-
sias de conjuntiva bulbar coradas pelo PAS diagnosticam
deficiência de mucina. Meibometria e quantificação de
lipídeos lacrimais são promissores no diagnóstico espe -
cífico de deficiência na secreção de lipídeos.
704 CAP ÍTULO 15
Anorexia +++ ++ +
Espirros +++ + +
Descarga nasal +++ ++ +
Conjuntivite +++ + ++
TRATAMENTO
Idoxuridina a 1% ocular 4-6 x / dia ( manipulada - far-
m ácia Ophthalmos® ) , aliado ao mesmo tratamento pres-
crito para úlcera de córnea superficial.
Estudos mostraram que não há benef ícios após o uso
ocular de interferon-alfa.
Antivirais sistémicos: o aciclovir sistémico n ão deve ser
prescrito, pois a dose terapêutica é próxima a da dose tó-
xica, além de o fármaco apresentar baixa eficácia in vitro
contra o HVF-1. Fanciclovir ( Penvir ® 125 mg) 40-90 mg /
kg, VO, TID, é altamente eficaz e bem tolerado por gatos.
Todavia, o elevado custo da medicação pode tornar seu
uso proibitivo.
Intervenção cirúrgica: casos em que houver ulceração
profunda são beneficiados por cirurgia (vide “Úlcera de
córnea profunda” ).
Antibioticoterapia tópica: de escolha é a tetraciclina a
®
1% (Terramicina ), QID. Antibioticoterapia sistémica:
doxiciclina 5 mg/ kg, VO, BID, por 21 dias, em casos em
que se suspeitar de envolvimento por Chlamydophilafelis.
PROPTOSE TRAUMÁTICA DO
BULBO DO OLHO
DESCRIÇÃO: Protrusão do bulbo do olho com encar -
ceramento palpebral, que ocorre por ruptura de alguns
músculos extraoculares e retrobulbares. Traumas e bri-
gas s ão as principais causas. Raças braquiocefálicas são
predispostas. Geralmente a conjuntiva está hemorrágica
e a pupila irresponsiva à luz. Adjunto, pode-se observar
laceração da esclera, úlcera de córnea e sinais de uveíte
(vide “ Úlcera de córnea superficial” e “ Uveíte anterior” ).
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos aliados ao histórico de
traumatismo.
TRATAMENTO
Caráter emergencial para o olho, mas pode ser retarda -
do devido a existência de complicaçõ es concomitantes
( pneumotórax, contusão pulmonar e hé rnia diafragmá-
tica). Nesses casos a proptose pode ser manejada em ad-
junto as demais afecções.
708 CAPÍTULO 15
SEQUESTRO CORNEAL
DESCRI ÇÃO: Doença degenerativa do colágeno es-
tromal com acú mulo de pigmento; ferro e melanina já
foram identificados nas lesões. Os felinos são a espécie
acometida, mas há um relato em equino e em um cani-
710 CAPÍTULO 15
TRIQU ÍASE
TRATAMENTO
Intervenção cirúrgica: técnica de Stades .
Pós-operatório similar ao entrópio (vide “Entrópio” ).
Prognóstico: bom quando manejado corretamente.
AP Ê NDICES
ELETRORRETINOGRAFIA EM FLASH
DESCRIÇÃO: O exame avalia apenas os potenciais elétricos pro-
duzidos por cones (células retinianas responsáveis pela visão
diurna ) e bastonetes (células retinianas responsáveis pela visão
noturna). Três eletrodos são conectados no animal, um deles
serve para atenuação de ruídos e é inserido na cristã do osso
occipital (eletrodo terra ). O segundo é inserido a 5 cm do canto
lateral do olho, acima do arco zigomático (eletrodo referência) e
um terceiro, consiste de uma lente de contato que é preenchida
com solução de metilcelulose e acoplada na córnea (eletrodo
córnea ). Estímulos luminosos são disparados por uma cú pula e
os valores captados e amplificados por aparelho específico (ele-
trorretinógrafo ). As alterações nos potenciais elétricos se ex-
pressam , primeiramente, por deflexão negativa (onda a ), gera -
da nos fotorreceptores (cones e bastonetes) , seguida de deflexão
positiva (onda b), gerada nas células de Múller. Protocolos com
o animal adaptado ao escuro por 20 minutos e flash de baixa
intensidade (10 microcandelas) avaliam bastonetes. Ainda em
ambiente escuro, flash padr ão (intensidade de 3 candelas) é dis-
parado e avalia a resposta mista de cones e de bastonetes. A re-
tina é adaptada ao claro por 10 minutos, os cones são avaliados
com flash padr ão em diferentes frequências.
INDICAÇAO: Retinopatias degenerativas de origem em cones
ou bastonetes, que se manifestem de caráter agudo ou crónico e
no pré-operatório de cirurgia de catarata.
COMPLICAÇÕES: Relativamente ao olho e seus anexos, o exa-
me é isento de complicações, além de ser indolor. Entretanto,
deve-se considerar o estado geral do paciente antes de sua rea -
722 CAP ÍTULO 15
BIBLIOGRAFIA
ALLGOEWER, I.; HOECHT, S. Radiotherapy for canine chronic su-
perficial keratitis using soft X-rays (15 kV ). Veterinary Ophthalmo-
logy, v.13, n. l ? p. 20-25, 2010.
ALLGOEWER, I.; McLELLAN, G.J.; AGARWAL, S. A keratoprosthe-
sis prototype for the dog. Veterinary Ophthalmology, v.13, n. l , p.47-
52, 2010.
BREAUX, C.B.; SANDMEYER, L.S.; GRAHN, B.H. Immunohisto-
chemical investigation of canine episclerites. Veterinary Ophthalmo-
logy, v.10, n.3, p.168-172, 2007.
BRUNELLI, A.T.J.; VICENTI, F.A.M.; ORIÁ, A. P.; CAMPOS, C.E;
DÓ REA- NETO, F.A.; LAUS, J.L. Excision of sclerocorneal limbus in
dogs and resulting clinicai events. Study of an experimental model.
OFTALMOLOGIA 723
727
728 CAP ÍTULO 16
CARCINOMA ESPINOCELULAR
DESCRI ÇÃO: É uma neoplasia cutânea maligna prove-
niente dos ,queratinócitos localizados na camada espi-
nhosa da epiderme. Geralmente é induzido pela exposi-
ção solar e as lesões localizam -se com maior frequência
no plano nasal, pálpebras, orelhas e lábios. Estes tumores
se desenvolvem, preferencialmente, em áreas de pele com
pouca pigmentação e desprovidas de cobertura pilosa.
Normalmente, quando estas lesões estão localizadas na
pele, são pouco metastáticas, diferente dos tumores loca-
lizados no interior da cavidade oral.
ONCOLOGIA 729
8a
15o
22a Reiniciar o ciclo, num total de 3 a 5 vezes
730 CAPÍTULO 16
CARCINOMA INFLAMATÓRIO
DESCRIÇÃO: É uma classificação dos tumores mamá-
rios malignos dada após o surgimento de lesõ es que se
assemelhem a processos inflamatórios da pele ou da
glândula mamária, que apresentam extrema rapidez de
crescimento e invasão. Microscopicamente, tal apresen -
tação é caracterizada pela associação de qualquer sub-
tipo de carcinoma a uma intensa reação inflamatória e
a presen ça de êmbolos tumorais em vasos linfáticos da
derme.
DIAGNÓ STICO: A citologia aspirativa com agulha fina é
válida na tentativa de diagnosticar os carcinomas infla-
matórios, mas o diagn óstico definitivo é realizado atra-
vés da biópsia incisional e exame histopatológico.
TRATAMENTO: Normalmente, não é recomendada a
remoção cirúrgica desta neoplasia em virtude da alta
taxa de recidiva após a mastectomia.
Inibidores da COX-2: tem-se preconizado a utilização
de inibidores seletivos da COX-2 - piroxicam 0,3 mg/ kg,
ONCOLOGIA 731
12 X X
8a x
HEMANGIOSSARCOMA ( HSA )
DESCRI ÇÃO: É uma neoplasia maligna, com origem
nas células do endotélio vascular que pode apresentar- se
na forma cutânea ou visceral. Os sinais clínicos variam
dependendo da localização e do tamanho do tumor. A
ruptura do tumor com perda de sangue para o interior
da cavidade abdominal ou torácica, na apresentação vis-
ceral, pode estar associada a ocorrência de morte s úbita.
Sinais clínicos comuns são anorexia, fraqueza, distensão
732 CAPÍTULO 16
—— —
II *K I ' I n
8 ao 11
Ô ô
X
15- ao 17- x
22s Repetir todo ciclo, num total de 6 vezes
INSULINOMA
DESCRI ÇÃO: Tumor funcional das células (3 pancreáti-
cas, cuja característica é a excessiva secreção insulínica,
independente de efeitos supressores. Aproximadamente
40% dos casos são metastáticos para í f gado, duodeno,
jejuno, linfonodos mesenté ricos, omento e baço. Os si-
nais clínicos são cíclicos, nos quais se pode observar a
ocorrência de convulsões, fraqueza, colapso, fascicula -
ção muscular, letargia, depressão e ataxia.
DIAGN ÓSTICO: Os exames de rotina normalmente es-
tão dentro dos parâmetros normais, entretanto, anemia,
leucocitose neutrofílica, aumento da atividade da ALT e
da fosfatase alcalina e hipoproteinemia podem ser obser-
vados. A constatação de hiperinsulinemia concomitante
a hipoglicemia ( mesma amostra) sugere o diagn óstico.
Mas, de modo geral, o diagnóstico é firmado por meio
de laparotomia exploratória e exame histopatológico.
A tomografia computadorizada ou a ressonância mag-
nética são úteis na identificação de lesões pequenas. A
734 CAPÍTULO 16
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em 2 ou 3 dias
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Ia I1 X
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2 mg/kg
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3a X 1 mg/kg
4a x 0,5 mg/kg
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738 CAP ÍTULO 16
LINFOMAS EM C ÃES
DESCRIÇÃ O: São neoplasias caracterizadas pela prolife -
ração clonal de linfócitos malignos. É a principal neo -
plasia hematopoiética e corresponde a cerca de 24% de
todas os tumores que acometem os cães. Originam -se
principalmente de órgãos linfoides como medula óssea,
timo, baço, fígado e linfonodos. Contudo, podem apre-
sentar diferentes localizações anatômicas ( multicêntrico,
mediastinal ou tímico, alimentar, cutâneo e extranodal).
Os sinais clínicos de animais com linfoma dependem de
sua localização.
DIAGNÓSTICO: O plano diagnóstico deve incluir o exa-
me citológico e o histopatológico, sempre que possível, do
1a x 2 mg/kg
2a x 1,5 mg/kg
3a x 1 mg/ kg
4- x 0,5 mg/kg
6a x
7a x
8a x
9a X
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13a x
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Tabela 16.8 - Protocolo quimioterá pico de Madison-Wisconsin utilizado no tratamento do linfoma canino. o
|
2
Semana de Vincristina L-asparaginase Prednisona * Ciclofosfamida ** Doxorrubicina Metotrexato n
-
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administra çã o 0,7 mg /m 2, IV L
400 Ul / kg, IM VO, SI D i 200 mg/m 2, IV 30 mg/ m 2, IV 0,8 mg / kg, IV o
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25 â 1
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Manutençã o
VI
Repetiras semanas 11aa 25a, com
intervalos de 2 3 semanas, durante 104 semanas
- 4*.
*2 mg/kg, VO, SID na primeira semana; 1,5 mg/kg na segunda; 1 mg/kg na terceira; 0,5 mg/kg na quarta semana.
**Caso apresente remissã o completa, substituir ciclofosfamida porciorambucil, na dose de 1,4 mg/m2, IV, na 13a e 21a semana.
744 CAPÍTULO 16
Indução
1* X X X
2* X x
3â x x
4 ~ X x x
Manutençã o
7* X x x
10a X x x
13a X x x
16a X x X
19a X x x
22a X x X
LINFOMAS EM GATOS
DESCRIÇÃO: São as neoplasias mais comuns na espécie
felina, sendo caracterizados pela proliferação clonal de
linfócitos malignos. Podem apresentar diferentes locali-
zações anatômicas, sendo classificados em multicêntrico,
mediastinal (ou tímico), alimentar, cutâneo e extranodal,
a apresentação alimentar é a mais observada. Em gatos,
esta classificação ainda inclui o linfoma nasal, renal e em
sistema nervoso. Os sinais clínicos estão associados com
a sua localização. Existe uma relação bastante importan-
te entre a infecção por retrovírus e o aumento da ocor-
rência de linfomas em gatos.
DIAGNÓ STICO: O plano diagn óstico deve incluir o
exame citológico e / ou histopatológico do tecido com -
prometido. A citologia isolada pode não ser suficiente
para distinguir o linfoma de hiperplasias benignas ou
de condições linfoide - reativas, havendo a necessidade
da análise histopatológica do tecido envolvido. A rea-
lização de exames complementares é importante para
definir o estadiamento tumoral, fornecendo informa-
ções sobre a extensão da doen ça no paciente. Os exa-
mes de auxílio diagn óstico mais utilizados compreen-
dem hemograma, testes de fun ção hepática e renal,
proteinograma, mielograma, exames radiográficos do
tórax, ultrassonografia abdominal e testes sorológicos
para FIV e FeLV.
TRATAMENTO: O tratamento de eleição para os linfo-
mas é a poliquimioterapia antineoplásica, sendo que
existem inúmeros protocolos que podem ser utilizados.
Nas tabelas 16.10 a 16.12 constam alguns exemplos de
protocolos.
O protocolo COP ( Tabela 16.12) é bem tolerado pelos
gatos. Espera-se que 75% dos animais alcancem remis-
são completa. A ciclofosfamida deve ser administrada
746 CAPÍTULO 16
—
**••i • * • •
13a X X i
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15a X I
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17a x X X
21a x x
23a x * x
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25 a i
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*Se o paciente ,
estiver em remiss ão completa na nona semana o tratamento deve ser continuado até a 1Ia semana. Se a remissã o completa for observada
apenas na 25a semana, o tratamento pode ser interrompido e o paciente deve ser reavaliado mensalmente.
**Administrar na dose de 2 mg/kg, diariamente na primeira e segunda semana; 1 mg/kg na terceira semana e a cada 24 horas a partir da quarta semana.
***Administrar na 13a e 21 a semana somente se nã o tiver alcanç ado remissã o completa.
No caso de linfoma renal ou em SNC, substituir por citarabina a partir da sétima semana, na dose de 600 mg/m2, SC, que deve ser dividida em quatro
administra ções, a cada 12 horas.
Tabela 16.11 - Protocolo CHOP para tratamento de linfoma felino. 4
5 I : ^
00
Semana de Vincristina L- asparaginase Prednisona ** 1 Ciclofosfamida *** Doxorrubicina
administração 0,5 0,7 mg /m2, IV
- ! 400 Ul /kg, IM I
VO, SID 200 mg / m2, IV 25 mg / m2, IV
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1â x x 2 mg/kg
2a !
2 mg/kg x
3â x 1 mg/kg
4a 1 mg/kg* x
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6* x
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*
*Administrar na dose de 2 mg/kg, SID, na primeira e segunda semana; e 1 mg/kg na terceira e quarta semana, a partir da quarta semana administrar 1 mg/kg, VO, DA.
**Se o paciente estiver em remissão completa na 9a semana, o tratamento deve ser continuado até a 11a semana. Se a remissã o completa for observada apenas na O
25 a semana, o tratamento pode ser interrompido e o paciente deve ser reavaliado mensalmente. o\
ONCOLOGIA 749
MASTOCITOMAS
DESCRI ÇÃO: São neoplasias oriundas da transformação
maligna de mastócitos. Podem apresentar-se nas formas
cutâ nea e extracutânea, e representam o segundo tu-
mor mais comum em cães. Apresentam características
clínicas extremamente variadas, e comportamento que
pode variar de pouco agressivo a extremamente malig-
no. Além da pele, esta neoplasia também pode ocorrer
em conjuntiva, glândula salivar, nasofaringe, laringe, ca-
vidade oral, trato gastrointestinal e coluna. A ocorrência
de vómitos, hematêmese, melena e hematoquesia pode
750 CAP ÍTULO 16
Semana de Vimblastina
Prednisona
administraçã o 2 mg / m 2, IV
1a x 1 mg/kg
2- x 1 mg/kg
3â x
4a x
5a
6a x
7a
0,5 mg/ kg
8a x
9a
10a x
11 a
12a x
MELANOMA
MESOTELIOMA
jif
MIELOMA MÚLTIPLO
DESCRIÇÃO: Neoplasia de origem plasmocitá ria. Os
sinais clínicos são variados e incluem letargia, claudica -
ção, diátese hemorr ágica que se apresenta na forma de
sangramentos espontâneos da gengiva e episódios de
epistaxe, poliú ria, polidipsia, convulsões, coma e depres-
são. Além disso, sinais relacionados a mielopatias podem
ocorrer secundá rios a infiltração neopl ásica da coluna
vertebral, fraturas patológicas e também compressão por
massa extradural.
DIAGNÓ STICO: O diagnóstico desta neoplasia baseia -
-se na presença de duas das quatro alterações listadas a
756 CAP ÍTULO 16
NEOPLASIAS PROSTÁTICAS
DESCRIÇÃO: São relativamente incomuns compreen -
dendo cerca de 0,2-0,6% dos tumores que acometem o
cão, destas o adenocarcinoma é o mais frequente. Geral-
mente é diagnosticado em cães mais idosos, tanto cas-
trados como inteiros. A presença de dis ú ria e hemat ú ria
pode ocorrer em virtude do desenvolvimento deste tu -
mor. Sinais gastrointestinais como constipação e tenes-
mo e sistémicos como astenia, perda de peso, dor abdo-
minal também podem ser observados.
DIAGNÓ STICO: A próstata, no exame físico, comumen -
te encontra-se aumentada, palpável, de dimensões va-
riadas, nodular, assimétrica e cística. A ultrassonografia
proporciona informações importantes que podem suge-
rir a presença da neoplasia. A pun ção biópsia aspirativa
com agulha fina guiada por ultrassom pode ser realiza-
da. Contudo, o diagnóstico definitivo deve ser dado pela
realização da biópsia excisional ou incisional.
TRATAMENTO
Cirurgia: o tratamento de eleição para as neoplasias
prostáticas em cães é a excisão cir ú rgica total ou parcial,
no entanto, nenhum destes procedimentos está associa -
do com um progn óstico favorável, porque comumente
as metástases ocorrerem antes do diagnóstico. Uma das
complicações da prostatectomia é a elevada incidência
de incontinência urinária.
Quimioterapia antineoplásica: em relação à quimio -
terapia ainda não há relatos mostrando sua real efetivi-
ONCOLOGIA 761
4-6 vezes.
Outras modalidades de tratamento: normalmente não
ocorre aumento da sobrevida após a prostatectomia em
cães que fazem uso de terapias antiandrogênicas, como o
cetoconazol e a finasterida. Entretanto, a utilização dos
inibidores da cicloxigenase- 2 como o piroxicam 0,3 mg/
kg, VO, SID, ou 0,5 mg / kg, VO, DA, pode contribuir para
um melhor prognóstico destes pacientes, visto que estu-
dos recentes mostraram a expressão da proteína COX-2
em cerca de 88,2% dos carcinomas prostáticos.
NEOPLASIAS TESTICULARES
.
Vide "Neoplasias testiculares", cap 17. Teriogeno!ogia.
OSTEOSSARCOMA
DESCRIÇÃO: Tumor ósseo prim á rio mais comum em
cães. Acomete tipicamente o esqueleto apendicular de
cães de raças de grande porte ou gigantes. Neoplasia
altamente metast ática, em 90% dos casos os pacientes
apresentam metástases pulmonares no momento do
diagnóstico. Em gatos este tumor é menos comum e o
comportamento biológico é menos agressivo quando
comparado aos cães.
DIAGNÓ STICO: Ao exame radiográfico da lesão primá -
ria pode-se observar lise ou proliferação óssea, no entan -
to, a tomografia é mais sensível para detectar á reas de lise
óssea, precocemente. Sempre é recomendada a avaliação
radiográfica do tó rax em três incidências em virtude da
agressividade desta neoplasia. A pun ção biópsia aspira -
762 CAPITULO 16
SARCOMAS DE APLICAÇÃO
APÊ NDICES
CUIDADOS NA MANIPULAÇÃO DE
QUIMIOTER ÁPICOS ANTINEOPL ÁSICOS
1. Médicos veterinários
As normas para a prepara ção dos agentes antiblásticos devem
ser estabelecidas e afixadas nos locais de manipula ção dos citos-
t áticos. Todas as pessoas que preparam ou manipulam esses fár-
macos devem ser adequadamente treinadas e conscientizadas
sobre a toxicidade dos quimioterápicos antineoplásicos.
A dispersão de gotículas ou part ículas no ambiente, durante a
manipulação dos citost áticos, é a principal forma de exposição
ocupacional. Sendo assim, para que o operador não seja con -
taminado através da inalação ou contato direto com a pele ou
mucosas, faz-se necessário que toda a manipulação dos fárma -
cos antineoplásicos seja efetuada em capela de fluxo laminar
vertical classe II. Esse tipo de equipamento evita a contamina-
ção pessoal e ambiental, pois o ar incide verticalmente sobre a
superf ície de trabalho e, na sequê ncia, é totalmente absorvido
por aberturas laterais e frontais da bancada. Além disso, um an -
teparo frontal impede a saída do ar para o ambiente. Os fluxos
laminares do tipo II são dotados de filtros com alta eficiê ncia
para ar particulado, também chamados filtros absolutos. Dentre
os equipamentos da classe II, os do tipo B2 são os mais indica -
dos, pois são dotados de exaustão externa. Os aparelhos de clas-
se III são totalmente fechados, e todo o ar admitido ou expelido
é filtrado.
O operador deve estar adequadamente protegido durante a
prepara ção dos medicamentos antineoplásicos. As pessoas en -
volvidas devem usar paramentação apropriada, como avental
longo, de material descartável com baixa permeabilidade. Para
conferirem maior proteção ao operador, os aventais devem ser
fechados frontalmente e ter mangas longas com punhos elásti-
cos, evitando-se, assim, o contato dos citost áticos com a pele.
770 CAP ÍTULO 16
2. Proprietá rios
É de responsabilidade do médico veteriná rio a orientação dos
proprietários sobre a gravidade das contaminações com os me -
dicamentos antineoplásicos. Todos os procedimentos que pre-
vinem a quimiotoxicidade devem ser claramente explicados aos
clientes, enfatizando a necessidade de todas as normas serem
rigorosamente seguidas.
Cabe ao oncologista veteriná rio solicitar ao propriet ário para
que aja com precaução nas seguintes situa ções:
• armazenar os quimioterápicos antineoplásicos em locais se-
guros, fora do alcance de crian ças e animais, separados de
outros medicamentos;
• evitar abrasões e fragmentações de comprimidos;
• impedir que gestantes, lactantes e crianças administrem os
fármacos e manipulem os resíduos e dejetos;
• utilizar luvas de látex para administração oral dos fármacos;
• com o uso de luvas, recolher os dejetos e acondicioná-los em
pacotes plásticos seguramente fechados;
• todo o material e resíduos procedentes da administração oral
dos fármacos devem ser devidamente acondicionados em
embalagens plásticas fechadas e encaminhadas ao hospital
veterinário para proceder a incineraçã o;
• lavar as mãos após as atividades relacionadas com a adminis-
tração dos fá rmacos e com a manipulação dos dejetos e do
material contaminado.
TABELAS DE m 2
DESCRI ÇÃO: Tradicionalmente a posologia dos medicamen -
tos era descrita em miligramas por quilograma ( mg/ kg ). A pa -
dronizaçã o moderna mais confiável para a administração dos
fá rmacos é em superf ície corpórea, descrita em miligramas por
metro quadrado (mg/ m2). Existem muitos nomogramas de fácil
consulta para converter kg em m2.
-Kí4
V
v
)
O
o
n
O
O
RELA ÇÃ O ENTRE PESO E SUPERF ÍCIE CORPORAL EM GATOS c\
>
kg m2 kg m2 kg m2 kg m2 kg m2
0,1 0,022 1,4 0,125 3,6 0,235 5,8 0,323 8,0 0,400
0,2 0,034 1,6 0,137 3,8 0,244 6,0 0,330 8,2 0,407
0,3 0,045 1,8 0,148 4,0 0,252 6,2 0,337 8,4 0,413
0,4 0,054 2,0 0,159 4,2 0,260 6,4 0,345 8,6 0,420
0,5 0,063 2,2 0,169 4,4 0,269 6,6 0,352 8,8 0,426
0,6 0,071 2,4 0,179 4,6 0,277 6,8 0,360 9,0 0,433
0,7 0,079 2,6 0,189 4,8 0,285 7,0 0,366 9,2 0,439
0,8 0,086 2,8 0,199 5,0 0,292 7,2 0,373 9,4 0,445
0,9 0,093 3,0 0,208 5,2 0,300 7,4 0,380 9,6 0,452
1,0 0,100 3,2 0,217 5,4 0,307 7,6 0,387 9,8 0,458
1,2 0,113 3,4 0,226 5,6 0,315 7,8 0,393 10,0 0,464
vi
774 CAP ÍTULO 16
BIBLIOGRAFIA
DALECK, C.R.; DE NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e
gatos. São Paulo» Editora Roca, 2009.
MORRIS, J.; DOBSON, J. Oncologia en pequenos animales. Buenos
Aires: Inter- Médica, 2001.
OGILVIE, G.K.; MO ORE, A.S. Feline oncology - A comprehensive
guide to compassionate care. New Jersey: Veterinary Learning Sys-
tems, 2001.
RODASKI, S.; DE NARDI, A.B. Quimioterapia antineoplásica em
cães e gatos. Curitiba: Bio Editora, 2006.
WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Small animal clinicai onco-
logy. 5th ed. St. Louis: Missouri: Elsevier Saunders, 2013.
TERIOGENOLOGIA
ABSCESSOS PROSTÁTICOS
DESCRIÇÃO: Cavidades preenchidas com conte údo pu-
rulento no interior do parê nquima prostático. Resultam
de infecção bacteriana ascendente ou prostatite bacte-
riana supurativa. Frequentemente o paciente apresenta
sinais de anorexia, depressão, letargia, tenesmo, disúria e
estrangú ria, descarga uretral sanguinolenta ou purulen -
ta, dificuldade locomotora, distens ão e dor abdominal,
abdómen agudo, choque e morte.
DIAGNOSTICO: Histórico e sinais clínicos. A palpação
retal ou abdominal pode-se constatar aumento e assime-
tria dos lobos prostáticos, á reas de “flutuação” no parên-
quima e presença ou não de dor ao toque. Muitas vezes,
a palpação retal pode ser inviabilizada devido ao desloca -
mento cranial da glândula. Ao exame hematológico, po-
de-se constatar leucocitose com desvio à esquerda. Alte-
rações bioquímicas diversas (ex., aumento de creatinina)
podem ser constatadas devido ao acometimento secun -
dário de outros órgãos. À urinálise nota-se a ocorrência
de hemat ú ria, protein úria pós- renal, bacteriúria e piú ria.
Na radiografia pode-se observar prostatomegalia e na US
pode -se constatar aumento das dimensões e ecogenicida -
de prostática, assim como a presença de estruturas císti-
cas com conteúdo hipoecogênico. A realização de análise
citológica e bacteriológica da terceira fração do sêmen via
colheita de sêmen ou massagem prostática é imp rescindi-
775
776 CAPÍTULO 17
CISTOS PARAPROSTÁTICOS
DESCRIÇÃO: Cistos localizados fora do parênquima
prostático, geralmente craniodorsal ou caudal à prósta -
ta. Não apresentam comunicação com a próstata, porém
podem estar ligados a esta por meio de ped únculo ou
aderências. Sua etiologia é controversa, embora sejam
descritos como resquícios embrioná rios dos duetos pa -
rameson éfricos ( ou de Muller ). Usualmente ocorrem em
raças de grande porte e com idade média de 8 anos. O
animal pode ser assintom ático ou apresentar sinais de
anorexia, letargia, dor, tenesmo, dis ú ria, dor e distensão
abdominal.
DIAGNÓ STICO: Histórico e sinais clínicos. À palpa ção
abdominal constata -se distensão abdominal, com presen-
ça de estrutura de consistência flutuante em região meso
e /ou hipogástrica. Já à palpação retal pode-se constatar
aumento da glândula e presença de áreas de flutuação. À
radiografia pode-se observar uma estrutura radiopaca
craniodorsal ou caudal à próstata. Já à US pode-se notar a
TERIOGENOLOGIA 781
CISTOS PROSTÁTICOS
DESCRIÇÃO: Caracterizam -se por estruturas cavitárias
repletas de fluido que se desenvolvem no interior do pa-
rênquima prostático e apresentam comunicação com a
uretra. Frequentemente estão associados ao quadro de
hiperplasia prostática benigna ( HPB). Usualmente ocor-
rem em raças de grande porte e em animais com idade
média de 8 anos. O paciente pode ser assintomático ou
apresentar sinais de anorexia, letargia, dor, distensão e
desconforto abdominal, tenesmo, disú ria e secreção ure-
tral serossanguinolenta intermitente.
DIAGNÓ STICO: Histórico e sinais clínicos. À palpação
retal ou abdominal pode -se constatar aumento e assime-
tria dos lobos prostáticos e presença de á reas de flutua-
ção no parênquima. Em alguns casos, a palpação retal
pode ser inviabilizada devido ao deslocamento cranial
da glândula. À urin álise pode-se observar hematúria e
proteinú ria. À radiografia pode-se constatar prostato-
megalia com deslocamento da próstata para a cavidade
abdominal. Já na US, além do aumento do volume pros-
tático, pode-se constatar a presen ça de estruturas císticas
com conteúdo hipoecoico ou anecoico, sedimentos eco-
gênicos e septos em seu interior.
TRATAMENTO
Conservador: consiste na drenagem percutânea do cisto
guiada por US. O proprietário deve ser alertado sobre a
ocorrência de recidivas do quadro, devido à permanê n-
cia da cavidade cística. Em casos crónicos deve-se optar
pelo tratamento cir ú rgico.
Cirúrgico: antes de qualquer procedimento cir ú rgico
deve-se avaliar o estado geral do animal. As técnicas ci-
r ú rgicas empregadas para cistos de retenção são as mes-
mas descritas para abscessos prost áticos ( vide “Abscessos
prostáticos” ). A orquiectomia deve ser realizada sempre
TERIOGENOLOGIA 783
CRIPTORQUIDISMO
DERMATITE ESCROTAL
Vide "Dermatite de contato" "Dermatite úmida aguda" ou "Im-
i
FIMOSE
TRATAMENTO
Cirúrgico: preconiza-se a realização de técnicas cir ú r-
gicas destinadas ao alargamento do óstio prepucial. Em
casos de fimose atrésica congénita deve -se proceder à
remoção de uma porção triangular do prepúcio em cães
ou em forma de cunha na região dorsal do prepúcio
em gatos.
HIDROCELE
TRATAMENTO
Conservador:
Remoção do estímulo estrogênico ( regressão espontâ -
nea após o estro, ou por meio de OH ).
Limpeza e hidratação do tecido exteriorizado.
Recolocação da mucosa vaginal evertida. Dependente
do grau do prolapso.
Cirúrgico: em casos em que não h á interesse reprodu -
tivo pela fêmea, recomenda -se a realização de OH para
resolução ou preven ção do quadro (em casos de recidi-
va ) . Outras técnicas cir ú rgicas utilizadas para correção
da hiperplasia vaginal incluem a exérese do tecido pro-
lapsado e desvitalizado (em casos mais graves), sutura de
Buhner modificada, sutura em bolsa de tabaco e histero -
pexia. Em casos de remoção do tecido prolapsado, deve-
-se sempre realizar a cateterização uretral prévia para
localizar e prevenir danos a mesma.
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOSA
MAM Á RIA FELINA (HFMF )
• Conservador
Inibidores da enzima 5a-redutase: finasterida ( Pros-
ear ®, Merck) 0,1-1 mg/ kg, VO, SID, ou uma cápsula de
5 mg/cão (entre 5 e 50 kg) , VO, SID, uso contínuo. Pode
haver uma redução no volume de sêmen a partir da oita -
va semana de tratamento. A descontinuidade do mesmo
resulta em novo aumento do volume prostático, assim
como reaparecimento dos sintomas clínicos (em média
2 meses). Deve -se fazer uma pausa de 1- 2 meses em ani-
mais reprodutores tratados com finasterida no per íodo
previsto para acasalamentos ou inseminações artificiais.
Antiandrógenos: acetato de osasterona 0,2 -0,5 mg/ kg,
VO, SID, por 7 dias ( recidiva do quadro após 6 meses de
tratamento ), ou flutamida 5 mg/ kg, VO, SID, por 7 se -
manas ( pode causar ginecomastia ) .
®
Progestágenos: acetato de megestrol ( Preve- gest -
Biovet ) 0,5 mg/ kg, VO, SID, por 4-8 semanas ou aceta -
®
to de medroxiprogesterona ( Promone- E - Zoetis- Pfizer )
3-4 mg/ kg, SC, administrados em duas aplicações com
intervalos de 4 semanas. O uso contínuo pode acarretar
em aumento de apetite e predispor o desenvolvimento de
diabetes mellitus e hipotireoidismo. Acetato de clormadi-
nona (CMA) 2 mg/ kg, VO, SID, por 7 dias, ou 2 mg/kg,
VO, BID, por 3- 4 meses. Este fármaco pode causar dimi-
nuição da motilidade, n úmero total de espermatozóides
e aumento de patologias espermáticas.
Estrógenos: dietilestilbrestrol (DES) 0,2-1 mg/cão, VO,
SID, por 5 dias, ou 0,2-1 mg/ kg, VO, a cada 2-3 dias,
durante 3-4 semanas. Cipionato de estradiol ( ECP ) 0,1
mg/ kg, IM ( m áx. 2 mg/ cão ), aplicação ú nica. Salienta -se
que a utilização de estrógenos é contraindicada devido à
ocorrência de metaplasia escamosa e aplasia de medula
óssea quando em altas doses.
Agonista de GNRH (hormônio liberador de gona-
®
dotrofina): desorelina (Suprelorin -Virbac) 4,7 mg ou
796 CAP ÍTULO 17
MASTITE
DESCRIÇÃO: Infecção bacteriana da glândula, mamária.
Resulta de uma infecção ascendente pelo teto ou por via
hematógena e trauma. Os principais agentes etiológicos
são a Escherichia coli, Streptococcus spp. e Staphylococcus
spp. Usualmente ocorre no período puerperal e na ocor-
rência de pseudogestação. O animal pode apresentar si-
nais de anorexia, letargia, descaso com os filhotes, febre,
desidratação, abscedação e necrose da mama, septicemia
e choque. A glândula apresenta -se inflamada e pode ha -
ver a presen ça de secreção hemorrágica ou purulenta.
DIAGNÓSTICO: Histórico de trauma, má higiene e infec-
ção sistémica secundária. Pode-se observar leucocitose
com desvio à esquerda, leucopenia e aumento da concen-
tração de proteína sérica. À análise bioqu ímica e citológi-
ca do leite pode-se constatar alteração do pH e presença
de bactérias e neutrófilos. Preconiza-se a realização de
cultura e antibiograma do leite. O diagnóstico diferencial
deve ser feito de galactoestase e neoplasia mamária.
TRATAMENTO
• Conservador
Internamento: em casos graves recomenda-se o inter-
namento da paciente até a estabilização do quadro. Os
filhotes devem ser imediatamente separados da mãe e
colocados sob cuidados específicos e intensivos, prin -
cipalmente na ocorrência da síndrome do leite tóxico
( vide “Síndrome do leite tóxico”, cap. 12. Neonatologia ).
Filhotes hígidos devem ser amamentados por meio de
“amas de leite” da mesma espécie ou com sucedâ neos
798 CAP ÍTUL017
METRITE
DESCRI ÇÃO: Ocorre no pós-parto imediato causando
inflamação severa do endométrio e miométrio. Ocorre
devido à contaminação ascendente por organismos pre-
sentes na flora vaginal e pode estar associada à retenção
de placenta e retenção, maceração e decomposição fetal.
Na forma aguda, a fêmea pode apresentar sinais de letar-
gia, anorexia, hipertermia, desidratação, secreção vaginal
purulenta ou piossanguinolenta fétida, desinteresse pelos
filhotes, diminuição da produção de leite e choque séptico
(casos mais severos). Já a metrite crónica, geralmente, é
subclínica e está associada a casos de infertilidade.
DIAGN ÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. À palpação
abdominal pode-se constatar ú tero flácido com a presen-
ça (ou n ão) de fetos retidos. À citologia vaginal pode-se
observar a presença de neutrófilos e neutrófilos degene-
800 CAP ÍTULO 17
NEOPLASIA PROSTÁTICA
Vide "Neoplasia prostática", cap. 16. Oncologia.
TERIOGENOLOGIA 801
NEOPLASIAS TESTICULARES
0+
ORQUITE E EPIDIDIMITE
DESCRIÇÃO: É a inflamação do testículo e do epidídi-
mo, respectivamente. Podem ocorrer separadamente ou
em conjunto. Podem ser causadas por traumas, infec-
ções ou reação autoimune. Acometem cães jovens que
podem apresentar a forma aguda ou crónica da doença.
Na fase aguda pode- se constatar edema do conteúdo es-
crotal, dor, febre, letargia e anorexia. Já na forma crónica
observa-se aumento não doloroso do conteúdo escrotal,
seguido de degeneração, fibrose ou atrofia.
DIAGNÓSTICO: Histórico, sinais clínicos, palpação e
inspeção da região escrotal, bió psia aspirativa por agulha
fina, avaliação seminal ( quando possível) e US. Deve-se
fazer sorologia para Brucella canis em todos os animais
que apresentem aumento testicular. O diagnóstico dife-
rencial deve ser feito de hérnia escrotal, tor ção do cordão
espermático, neoplasia testicular, hidrocele e granuloma
espermático.
TRATAMENTO: Dependente da causa base.
Causas NÃO infecciosas
• Conservador:
Antibioticoterapia: raramente curativa e frequente -
mente deve ser associada à orquiectomia uni ou bila -
teral. Usualmente preconiza-se a utilização de antibió-
ticos com alta solubilidade e amplo espectro de ação.
804 CAP ÍTULO 17
• Cirúrgico:
Orquiectomia uni ou bilateral. A orquiectomia uni-
lateral deve ser considerada somente em casos de ani -
mais de alto valor zootécnico e reprodutores nos quais
haja o acometimento de um ú nico test ículo. Deve -se
realizar o procedimento o mais rápido possível de for-
ma a prevenir a atrofia do test ículo contralateral.
Causas infecciosas
A brucelose é uma zoonose; portanto, cães soropositi-
vos para B. canis devem ser imediatamente isolados e
tratados. O tratamento de animais infectados é indica -
do particularmente em cães de estimação e de alto va -
lor zootécnico, principalmente na ausência de crian ças
e pessoas imunossuprimidas. A erradicação de B. canis
por meio de antibióticos é difícil e altamente imprevisí-
vel (vide “ Brucelose”, cap. 4. Doen ças infecciosas).
Em canis, alé m do isolamento e tratamento de animais
reprodutores, devem -se instaurar medidas que contro-
lem a disseminação da B. canis no plantei. Ainda, em
casos em que a doen ça n ão pôde ser controlada, a iden -
tificação e eliminação dos animais positivos é o ú nico
método eficaz de prevenção e controle em canis, uma
vez que medidas sanit árias e antibioticoterapia não pre-
vinem a transmissão para animais n ão infectados.
PARAFIMOSE
DESCRIÇÃ O: Incapacidade do macho em retrair o pé-
nis para o interior do prepúcio. Dentre as causas estão
libido aumentado, doenças neurológicas, fratura do osso
peniano, balanopostite e constrição do orifício prepucial,
entre outros fatores. O animal apresenta ressecamento,
trauma e isquemia peniana e tais sinais são agravados
com a cronificação do quadro.
TERIOGENOLOGIA 805
TRATAMENTO
• Tratamento de eleiçã o
Cirúrgico: trata -se de uma emergência clínico-cir ú rgica
e o tratamento de eleição é a OH. Deve-se estabilizar o
paciente previamente ao procedimento e deve -se insti-
tuir fluidoterapia intravenosa de acordo com o quadro
e a condição renal do animal, n ão somente no per íodo
transoperatório, mas também no pós-operatório. Tratar,
se necessário, peritonite e choque sé ptico. Em casos de
ruptura uterina e extravasamento de conteúdo para a ca-
vidade abdominal recomenda -se a lavagem e aspiração
desta com solução fisiológica estéril (100- 500 mL/ kg)
pré-aquecida ( morna ).
Antibioticoterapia: quinolonas: ciprofloxacino (clori-
drato) 10-20 mg/kg, VO / IV, SID; enrofloxacino 2,5-5 mg/
kg, VO /SC/ IM, BID; norfloxacino 15-20 mg/ kg, VO, BID;
penicilinas: amoxicilina / clavulanato de potássio 12-25
mg/ kg, VO /IV, BID/ TID, ou ampicilina 15-25 mg/kg, VO/
IM/SC/ IV, TID. Em casos de ruptura uterina recomenda-
-se a associação de um destes antibióticos ao metronidazol
10-15 mg/kg, VO/ IV, BID. Sugere-se a realização de cultu -
ra e antibiograma para escolha do antibiótico.
TERIOGENOLOGIA 807
PIOMETRA DE COTO
TRATAMENTO
Cirúrgico: ressecção do coto uterino e do ovário rema-
nescente.
Antibioticoterapia: quinolonas: ciprofloxacino (clo-
ridrato ) 10- 20 mg/ kg, VO/ IV, SID; enrofloxacino 2,5- 5
mg/ kg, VO /SC/ IM, BID; norfloxacino 15- 20 mg/ kg, VO,
BID; penicilinas: amoxicilina/ clavulanato de potássio
12-25 mg/ kg, VO/ IV, BID /TID, ou ampicilina 15-25 mg/
kg, VO/ IM /SC/ IV, TID. Sugere-se a realização de cultura
e antibiograma para escolha do antibiótico.
PROLAPSO UTERINO
PROSTATITE AGUDA
DESCRIÇÃO: Inflamação séptica ou asséptica da prósta -
ta. Pode ocorrer devido à infecção uretral ascendente ou
por via hematógena. A prostatite bacteriana é a mais pre -
valente. Cães machos, não castrados, com idades de 7-11
anos são mais acometidos. O animal pode apresentar si-
nais clínicos de hipertermia, letargia, vómito, anorexia e
dor à palpação retal da próstata.
DIAGNÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. Pode -se ob-
servar leucocitose com desvio à esquerda. Já à urin álise
810 CAPÍTULO 17
PROSTATITE CRÓNICA
DESCRIÇÃ O: Pode ser decorrente da resolução incom -
pleta da prostatite aguda e pode estar associada à infec-
ção do trato uriná rio, cistolit íase e exposição crónica a
glicocorticoides. Frequentemente é mais comum em
cães machos n ão castrados, entre 7 e 11 anos de idade.
Animais acometidos podem ser assintomáticos ou apre-
sentar sinais de hemat ú ria, letargia, anorexia, disquesia e
diminuição da qualidade do sêmen.
DIAGNÓ STICO: A prostatite crónica diferencia -se da
aguda apenas pelo tempo de evolução e sinais clínicos
apresentados pelo paciente. Ainda, o diagn óstico é feito
da mesma forma que na prostatite aguda (vide “Prosta-
tite aguda” ). Entretanto, animais com prostatite cró nica
podem apresentar exames hematológicos e de bioquími-
ca sérica dentro da normalidade para a espécie, assim
como tamanho prostático normal à avaliação radiográ -
fica e ultrassonográfica.
TRATAMENTO: Vide “ Prostatite aguda”.
PSEUDOGESTAÇÃO
(PSEUDOCIESE ou GRAVIDEZ PSICOLÓGICA )
TORÇÃO TESTICULAR
DESCRIÇÃO: Patologia rara, com maior incidência em
cães criptorquidas. Ocorre pela torção súbita do cordão
814 CAP ÍTULO 17
VAGINITE
TRATAMENTO
Conservador
Ducha vaginal: clorexidina a 0,05%, iodopovidona a
0,5% ou nitrofurozona a 0,2%, BID, até a remissão dos
sintomas.
Antibioticoterapia sistémica: em casos de vaginite em
animais pré- púberes não há a necessidade de se fazer an -
tibioticoterapia sistémica, uma vez que h á resolução dos
sintomas após o primeiro cio.
Indução do estro: dietilbestrol ( DES) 5 mg, VO, SID,
7 dias. Indicado em casos de fêmeas pré -púberes com
quadros refratá rios ao tratamento. A administração de
estrógenos durante o diestro pode aumentar a chance de
ocorrência de piometra.
Cirúrgico: indicado em casos de corpos estranhos, neo-
plasias e anomalia vaginal. Muitas vezes é necessária a
realização de episiotomia para a exérese destas estruturas
( principalmente em caso de neoplasia e anomalias vagi -
nais), com posterior vaginoplastia.
816 CAPÍTULO 17
AP Ê NDICES
BACTÉRIAS E ANTIBIÓTICOS
NA DOENÇA PROSTÁTICA *
Bact érias Antib ó ticos
Enterobocter
Proteus mirabilis Tetraciclinas
Pseudomonas
*Além da realizaçã o de cultura e antibiograma, o antibiótico deve ser selecionado
pela capacidade em atingir concentra ções adequadas no tecido prostático.
CITOLOGIA VAGINAL
DESCRIÇÃO: Pode ser utilizada para a caracteriza ção das fases
do ciclo estral, identificação de processos inflamatórios e neo-
plásicos em região de vestíbulo vaginal e vagina, associada ao
histó rico e avaliação clí nica, comportamental e hormonal, per-
mite a determinação do momento exato da có pula e insemina-
ção artificial e possibilita estimar a data de parição em fêmeas
gestantes.
METODOLOGIA: Na ausência de secreções vaginais umedeça
previamente o swab antes de sua introdução no canal vaginal.
Introduza o swab no vestíbulo vaginal posicionando -o em sen -
tido craniodorsal com uma angulação de 45°. Reposicione- o em
sentido cranial ao atingir o canal vaginal. Escarifíque o epitélio
vaginal da parede dorsal do canal vaginal. Role o swab sobre
uma lâmina previamente limpa. Deixe a lâmina secar e em se-
guida core-a com um corante específico de sua escolha ( Panóti-
®
co R ápido , Novo Azul de metileno, Papanicolau, Harris-Shorr,
entre outros). Deixe a lâmina secar e observe sob microscopia
de luz em aumento de lOx e 40 x .
TERIOGENOLOGIA 817
15 a 90
2,0 (pico
Progestero- < 1,0 (início) de LH) 4,0
(início e
na (ng/mL) a 2,0 (fina!) meio)
<1 ,0
(ovulação)
,
1 0-2,0 (final)
Estradiol
50-100 5,0-20 5,0-20 5,0- 20
(pg/mL)
Prolactina
2 2 3-4 2
(ng/mL)
Testosterona
0,3-1,0 <0,1 <0,1 <0,1
(ng/mL)
BIBLIOGRAFIA
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TERIOGENOLOGIA 819
CÃ ES ADULTOS SAUDÁVEIS
DESCRI ÇÃ O: São incluídos aqui os cães que não apre-
sentam alterações clínicas ou laboratoriais e que recebe-
ram as doses vacinais quando filhotes e cuja última dose
ocorreu há até 12 meses. Os cães considerados aptos à
imunização n ão podem apresentar alterações importan-
tes no exame físico, como febre, apatia, linfadenomega -
lia, mucosas com anormalidades de coloração, alteração
acentuada de status corp óreo e desidratação.
TRATAMENTO: Recomenda -se a vacinação anual contra
cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, coronaviro-
se, leptospirose, parainfluenza e raiva.
821
822 CAP ÍTULO 18
CÃES IMUNOSSUPRIMIDOS OU
PORTADORES DE DOENÇAS CRÓNICAS
DESCRIÇÃO: A imunossupressão relacionada com doen -
ça ou medicamentos pode impedir a adequada resposta
vacinai. Doenças neoplásicas ( p.ex., carcinomas, sarco-
mas) , degenerativas ( p.ex., doença renal crónica ), meta -
bólicas ( p.ex., cetoacidose diabética ) e infecciosas, assim
como sob quimioterapia e / ou corticoterapia em dose
elevada, são exemplos dessas condições. Apesar do risco
de falha da imunização, deve-se avaliar cada cão imu-
nossuprimido de forma individual quanto ao protocolo
vacinai, pois são mais suscetíveis à aquisição de doenças
infecciosas. A restrição ao ambiente externo pode ajudar
a reduzir o risco de contato com agentes infecciosos.
VACINA ÇÃO E IMUNIZA ÇÃ O 823
FILHOTES DE CÃ ES SAUDÁVEIS
DESCRIÇÃO: Filhotes saudáveis são considerados aque-
les originados de fêmeas saudáveis, imunizadas, sem a
presença de verminoses e que tiveram acesso pleno ao
colostro. Devido ao fato de que muitos cães já possam
nascer com a presen ça de alguns parasitas intestinais, re -
comenda -se a realização de exame coproparasitológico e
vermifugação prévia à imunização. A presença de febre,
desidratação, apatia e/ ou outras alterações importantes
observadas durante o exame físico, como apatia, emacia-
ção, mucosas de coloração alterada e linfadenomegalia
contraindicam a realização de imunização.
TRATAMENTO: A escolha de um protocolo vacinai deve
ser individualizada para cada filhote e deve ser baseada
no risco de exposição aos agentes infecciosos, risco de
saúde pública e recomendações em bula do fabricante
da vacina. A imunidade passiva materna transferida ao
filhote fornece anticorpos que inativam as vacinas até
cerca de 14- 16 semanas de idade do filhote, contudo, em
824 CAP ÍTULO 18
GATOS ADULTOS
DESCRIÇÃO: O ciclo vacinai de gatos adultos deve-se
iniciar naqueles que receberam vacinas ainda no ciclo
de filhotes, cerca de 12 meses após a última tentativa
de imunização. Consideram -se gatos adultos aptos à
imunização aqueles em bom estado geral, com apetite e
comportamento normais, sem febre ou quaisquer outras
alterações em exame físico. É recomendado o teste para
VACINAÇÃO E IMUNIZA ÇÃO 827
GATOS IMUNOSSUPRIMIDOS
DESCRIÇÃO: Diversas situações podem ser causadoras
de imunossupressão em gatos. As causas mais comuns
são as retroviroses ( imunodeficiência virai felina - FIV e
a leucemia virai felina - FeLV), bem como pacientes sub-
metidos a protocolos quimioterápicos para o tratamento
de neoplasias ou doenças de car áter inflamatórios crôni-
co/imunomediado. Animais imunossuprimidos podem
ter menor resposta ao estímulo vacinai. É de fundamen -
tal importância que esses animais sejam imunizados, vi-
sando prevenir a aquisição de doenças com elevado grau
de morbidade, bem como atenuar manifestações clínicas
(desde que estes estejam aptos). O manejo destes animais,
VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÃO 829
GIARDÍ ASE
LEISHMANIOSE
DESCRIÇÃO: Vacinação especial utilizada para cães que
residem ou frequentam á reas endémicas para leishma-
niose ( vide “ Leishmaniose”, cap. 4. Doen ças infecciosas).
O animal a ser imunizado necessita estar apto após ser
830 CAP ÍTULO 18
AP Ê NDICES
ro Adultos
Filhotes ( > 16-18
i u ( < 16 semanas Revacina çã o Observaçõ es
; semanas de
> | de idade )
idade)
Recombitek 4 Merial
i ..
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|
— 1'
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ciation, v.47(5), p.1-42, 2011.
LISTA DAS PRINCIPAIS
ABREVIAÇÕES
839
840 LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIA ÇÕ ES v
SC subcut â nea
SID a cada 24 horas
SNC sistema nervoso central
TC tomografia computadorizada
TID a cada 8 horas
UP / C razã o proteí na/ creatinina uriná ria
us ultrassom ou ultrassonografia
vo via oral