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Há ruas com vários templos e até mesmo congregações que funcionam coladas
parede a parede. Agora, engraçado mesmo – com todo respeito, claro! – é
conferir o nome de algumas igrejas.
Existe, por exemplo, uma certa Assembléia de Deus Com Doutrinas e Sem
Costumes, no subúrbio do Rio de Janeiro. No interior de Minas, funciona a
Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará. Isso sem falar na Igreja Cuspe de
Cristo, em São Paulo.
Pode-se discutir o gosto de quem inventa tais nomes, mas o fato é que os
aproximadamente 26 milhões de evangélicos brasileiros têm à disposição um
variadíssimo cardápio de opções para filiação religiosa.
Já a Igreja da Revelação Rápida parece ter sido feita de encomenda para os fiéis
mais apressadinhos. Há ainda muitas outras (ver quadro), quase sempre
pequenas denominações pentecostais dirigidas por líderes leigos, onde o que
vale é a espontaneidade litúrgica e uma boa dose de improvisação.
“Hoje, há uma média de 1,5 mil pessoas por igreja no Brasil”, diz o pesquisador
Louranço Kraft, do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal).
Claro, elas concentram-se nos centros urbanos. Em regiões como a Amazônia ou
o interior do Nordeste, a presença evangélica permanece extremamente
rarefeita.
Segundo ele, os crentes, cada vez mais adaptados à sociedade, conseguem fazer
seu discurso penetrar com mais facilidade, atraindo novos adeptos até mesmo
em setores das classes média e alta, tradicionalmente mais avessos à mensagem
do Evangelho.
Evangélico, o rapaz conta que a idéia de elaborar a página virtual veio depois de
ver tantos nomes diferentes de igrejas. “Comecei o trabalho procurando em
listas telefônicas de vários estados”, conta. “Depois, muitas pessoas se
interessaram e começaram a mandar colaborações para a lista. Alguns nomes
adotados são bem exóticos.”
“Sede mundial” – Segundo Orlando, a maioria das igrejas com este perfil tem
localização restrita, ao contrário das denominações mais antigas e tradicionais,
como Metodista, Quadrangular ou Luterana, cuja abrangência é nacional.
“Nos dois nomes há união de religiões que não se relacionam entre si. Como um
evangélico pode ser muçulmano ou espírita ao mesmo tempo?”, indaga.
Orlando não esconde que o objetivo do bem humorado levantamento que fez é,
também, “criticar abusos praticados em nome da fé das pessoas”.
O problema é que fica muito difícil separar o trigo, ou seja, aqueles crentes
sérios cujo objetivo ao abrir uma igreja é simplesmente atender um chamado
divino e fazer a obra do Senhor, do joio – no caso, os picaretas que vêem a
criação de uma congregação apenas como opção de negócio.
“Para se abrir uma igreja, não é necessário muita coisa”, explica. “Junta-se uma
diretoria composta por oito pessoas; depois convoca-se uma reunião para emitir
a ata de fundação. A partir daí, basta elaborar o estatuto e registrá-lo no
cartório”, ensina.
“Este tipo de procedimento nos incomoda bastante, inclusive porque não temos
qualquer controle sobre a doutrina ou liturgia praticada nestas igrejas”,
comenta um pastor ligado à Convenção Batista Fluminense que, para evitar
constrangimentos de parte a parte, pediu para não ser identificado.
Ele diz que a entidade já teve problemas com isso – segundo o pastor, houve
casos, por exemplo, de fiéis dessas igrejas de linha independente buscarem
algum tipo de satisfação por desvios de conduta de seus líderes.
“A marca ‘Igreja Batista’ é respeitada até mesmo fora dos meios evangélicos.
Então, há pessoas que se aproveitam disso e usam o nome de nossa
denominação para passar credibilidade.”
Sipierski vai além: para ele, a sobrevivência da nova igreja dependerá em grande
parte da capacidade em expressar, através de seu nome, aquilo que ela pensa ser
sua vantagem comparativa em relação à concorrência. “Precisamos entender
que as pessoas não estão em busca de uma doutrina supostamente correta.
Hoje, muitos buscam solução para seus problemas e um lugar onde se sintam
bem.”
“Tanta criatividade não é bom sinal”, faz coro o historiador Jaime Francisco de
Moura, 42, de Brazilândia (DF). Católico, ele é autor do livro As diferenças entre
a Igreja Católica e igrejas evangélicas e bate pesado: “Muitas dessas igrejas com
nomes fantásticos e chamativos prejudicam o cristianismo”, radicaliza.
Para Moura – que, como muitos católicos e o próprio papa, insistem em chamar
correntes pentecostais de “seitas” –, o crescimento destas novas denoninações
tende a aumentar. “A Palavra de Deus é sagrada e não pode estar na boca de
qualquer indivíduo. É preciso haver autoridades competentes para proclamar o
Evangelho. Muitos acham que são iluminados pelo Espírito Santo, mas no
fundo são movidos pelo erro e pelo engano”, reclama.
Revelação de Deus
Na outra ponta, pastores que dirigem comunidades que poderiam entrar em
qualquer levantamento sobre denominações curiosas, demonstram não apenas
convicção espiritual, como também, muita consciência de seu papel.
Caso do pastor José Basílio dos Reis, 55 anos, responsável pela Igreja
Assembléia dos Primogênitos, de São Paulo. Ele explica que a denominação
surgiu devido a uma revelação divina, e admite que ter um nome diferente atrai
algumas pessoas para a congregação. “Muitos chegam movidos pela
curiosidade, e acabam tendo um encontro com Cristo”, salienta.
O pastor conta que o nome surgiu de uma revelação divina a uma senhora
crente há 45 anos – bem antes, portanto, do surgimento da Igreja Universal, a
do bispo Edir Macedo, fundada em 1977. “Essa irmã era professora da Escola
Bíblica e certo dia foi orar, pois via que sua igreja não obedecia certos preceitos
bíblicos.
Então, o Senhor disse a ela que o seguisse, pois iria usá-la para levantar uma
obra à semelhança da Igreja Primitiva”. Mizael explica que o nome de sua
denominação é baseado nas passagens bíblicas de Hebreus 12:22 e Salmo 89:5.
“Mas o que caracteriza mesmo a Igreja do Senhor é se ela tem ou não
compromisso com Deus”, conclui. (Colaboraram Marcelo Santos e Marcos
Stefano)
Curiosos e criativos
Algumas igrejas e comunidades evangélicas têm nomes que misturam citações
bíblicas, fervor espiritual e uma boa dose de criatividade. Confira:
IasdemFoco
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