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Aconselhamento Pastoral

Caros alunos, as videoaulas desta disciplina encontram-se no AVA


(Ambiente Virtual de Aprendizagem).
Unidade 1
Definições e premissas fundamentais para
“aconselhamento
Introdução da Unidade

É com grande apreço que iniciamos hoje nossas aulas de aconselhamento pastoral. Você é o
nosso maior compromisso. Quero dar boas-vindas a todos e convidá-los a debater sobre as
temáticas abordadas nessa e em nossas próximas aulas. Meu nome é Emerson Mildenberg, o
docente dessa disciplina no Curso Superior de Teologia. É um privilégio poder servi-los nessa
empreitada acadêmica.

Objetivos

- Debater sobre as temáticas abordadas nessa e em nossas próximas aulas

- Flexibilizar o indivíduo em harmonia com os valores que o mesmo atribui à vida.

Conteúdo programático

Aula 1 - Definição etimológica científica e teológica para a nomenclatura “aconselhamento”.

Aula 2 – “Premissas fundamentais do aconselhamento”

Referências

COLLINS, G. R. Aconselhamento cristão. Tradução Neyd Siqueira. São Paulo: Vida Nova, 1995.

HOUAISS, A., VILLAR, M.S., FRANCO, F.M.M. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, 2001.

HURDING, R. F. A árvore da cura: modelos de Aconselhamento e de Psicoterapia. Tradução


Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1995.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos,


1998. 2259p.
Definição etimológica científica e teológica
para a nomenclatura “aconselhamento”
“Que tempos os nossos! E que costumes!” (Cícero).

Será útil a prática do aconselhamento pastoral na contemporaneidade? Exportado dos Estados


Unidos para outras nações e com intensa ênfase no século XX, o aconselhamento pastoral tem
sofrido profundas mudanças no século XXI. Com o advento da tecnologia e a velocidade com
que evolui, o aconselhamento pastoral tradicional (com raízes no pensamento grego primitivo
acerca da natureza da humanidade) tem recebido um “novo verniz” e produzido “brotos”, que
ramificaram e continuam dividindo-se em perspectivas no que diz respeito à sociedade
hodierna.

Revirando o “baú histórico”, no tocante ao aconselhamento pastoral, verificamos, desde o fim


do século XVIII, que a prática de aconselhamento sofre influência do Iluminismo, movimento
de revolução intelectual que marcou a história em virtude de oferecer plena relevância à razão
como “o árbitro decisivo nas questões de fé e de moralidade”. Assim como na época das
“luzes” – Iluminismo –, na contemporaneidade a supervisão pastoral intensifica sua apreensão
para a necessidade de sustentar os fiéis diante das perplexidades e desafios cotidianos.
Naquele tempo, surgiu a “teologia pastoral” como resposta/solução para a demanda; já nos
dias de hoje, nesse cenário biopsicossocial e multidisciplinar, temos inúmeras correntes para o
cuidado pastoral que apontam para o individualismo subjetivo e o virtuosismo religioso
pessoal. Desse modo, a psicologia da religião tem se avolumado em razão do vasto
crescimento de patologias emocionais, fruto de um “culto a si mesmo”, de “direitos intensos”
e “deveres em déficit”.

Behaviorismo, Psicanálise, Psicologia, Pessoalismo, Transpessoalismo e Psicologia Analítica


misturam-se com uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento
duvidoso e por vezes danosos, mas que sustentam certa popularidade ulterior. A ciência e tais
terapias alternativas são abordagens clínicas que se mostram suscetíveis de uma aproximação
com a perspectiva religiosa, sendo usadas com a proposta de alcançar os “necessitados”.

Não há como fazer o relógio retroceder! A história está atarefada e acaba por repetir-se.
Sistemas alternativos que concorrem com o ministério da Igreja estão em voga e cada vez mais
florescendo. Cabe ao conselheiro compreender esses fenômenos, rejeitar o que se torna
nocivo, discernir o que possui a digital divina e doar-se proporcionalmente à sua
responsabilidade para o cuidado emocional daqueles que foram e são “sugados” pela
hipermodernidade.

O que é aconselhamento?

Partindo do enfoque científico, ACONSELHAMENTO é uma expressão derivada da palavra


inglesa counseling. Assim, originado nos Estados Unidos, o aconselhamento tinha como
proposta primeva a orientação de crianças e adolescentes, mas, posteriormente, acabou
sendo metamorfoseada como psicodiagnóstico comportamental. Na Europa e no Brasil, o
aconselhamento começou a tomar forma no final da década de 1960 e começo da década de
1970, com o objetivo de clarear opções em determinados momentos de crise pessoal e/ou
profissional, sendo assim uma espécie de “GPS” pontual, através de uma dialética terapêutica.

Um dos grandes responsáveis pela disseminação do aconselhamento foi o teórico americano


Carl Rogers (1902–1987), que desenvolveu a tese da abordagem centrada na pessoa e em seus
conflitos existenciais, tais como sentimentos e percepções. Um dos conceitos desenvolvidos
por Rogers tinha o interesse de investigar a potencialidade do homem, bem como
compreender determinados fenômenos que lhe abarcam, consequentemente, transcendê-los
e, assim, dar novo significado à sua vida. Carl Rogers, portanto, focou toda a atenção no
indivíduo primariamente e não no problema que se apresenta diante da pessoa. Assim, ele
valorizou o relacionamento humano.

A força motriz do aconselhamento rogeriano é pertinente à solução de problemas e a tomada


de decisões em determinadas instâncias da vida. Através do autoconhecimento [aqui há a
influência da filosofia de Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.) – “Conhece-te a ti mesmo”], o indivíduo
trabalha com recursos pessoais provendo em um espaço menor de tempo para o encontro das
respostas de certas perguntas conflitantes. Dentre muitos aspectos da teoria de Carl Rogers, é
preciso destacar o cerne da ação educativa, preventiva e situacional, que se volta para a
solução de conflitos imediatos. A ênfase nessa continuidade está mais direcionada à ação do
que a reflexão e leva o selo preventivo.

Ainda na plataforma científica, aconselhamento não é “prover conselhos”, mas seu objetivo
principal é propiciar o processo de escolhas do “aconselhando” em decisões as quais o mesmo
precisa tomar em frentes específicas de sua vida, tais como família, trabalho, relacionamentos,
dentre outras. Em razão de haver a possibilidade e trânsito livre para o aconselhamento,
algumas pessoas buscam esse recurso para conversarem simplesmente, em virtude de uma
solidão subjetiva. Entretanto, outras querem desmistificar seus quadros de ordem emocional
que são resultados de dispensações remotas. Do ponto de vista científico, o aconselhamento é
visto como um mecanismo que provê soluções aos inconvenientes na conduta humana e
fornece direções claras ao aconselhando a respeito de seus conflitos.

Em tempos hodiernos, o aconselhamento tem a chancela de um processo de aprendizagem


com objetivos de flexibilizar o indivíduo em harmonia com os valores que o mesmo atribui à
vida. O ser humano traz consigo capacidades e potencialidades que podem ser mensuradas e
distendidas e, por isso, há plenas possibilidades de evolução e transição da feição crítica para a
feição pós-crítica. O papel do conselheiro, nesse episódio (quanto a esse assunto veremos de
forma pormenorizada nas próximas aulas), deve assumir o lugar de template, organizando
normas de conduta, valores sociais e hábitos de cidadania de forma ativa e direta.

Entrementes, a principal finalidade do aconselhamento, sob a ótica científica, é limitar os


riscos na saúde do aconselhando como procedente de mudanças plausíveis, prolongando a
singularidade e tonificando a individualidade, além de remodelar o comportamento
conflituoso em qualidade de vida do aconselhando, levando-o a um estado superior de
maturidade.
Perspectiva teológica

“Bons conselheiros não têm falta de clientes” – Sheakespeare.

O enfoque teológico ao aconselhamento ganha certa “roupagem” de cristãos que assumem


um papel de vocacionados ao exercício do ministério de aconselhar pessoas através de
recursos extraídos das Escrituras Sagradas, de personagens que fornecem princípios
norteadores para a solução de conflitos e respostas às perguntas mais diversificadas que se
mesclam à vida do indivíduo. Entre essas personagens, encontra-se Jesus Cristo, sendo para o
cristianismo o próprio Deus encarnado, que nos ensina, através do método de demonstração
prática, como ser moralmente maduro nas escolhas.

Sob o prisma teológico, buscaremos abrir um caminho em meio ao emaranhado de vereditos


questionadores que exigem respostas pragmáticas e clareadoras em torno desta temática.
Quer exemplos? Vejamos:

 Pode o aconselhamento na atualidade ser visto como um vínculo histórico do cuidado


pastoral?

 Qual a relação entre aconselhamento cristão e evangelização? São sinônimos? São


distintos? Sobrepõem-se?

 Psicoterapia e aconselhamento é a mesma coisa?

Os tópicos dos exemplos supracitados abarcam questões sobre a essência da nossa condição
humana, tais como a substância das dificuldades cotidianas e sobre a melhor e mais eficaz
maneira de resolvê-las. Entram em cena, então, as inúmeras perspectivas de aconselhamento
que acabam vinculando conceitos e valores diversificados, formando um labirinto em grande
escala tortuoso em virtude da quantidade de equívocos, tais como pensamentos
desorganizados, imediatismo (tempo é dinheiro), rivalidades literárias e afins.

Fazer menção da expressão “aconselhamento” em certos círculos profissionais provocam


reações bem diversificadas e heterogêneas. Alguns demonstraram apreço, prontamente
corroborando a necessidade de tal ação e tarefa aos expoentes da igreja, ao passo que outros,
incrédulos da eficácia do aconselhamento, exigirão definições precisas e afirmarão que a
nomenclatura “aconselhamento” é usada de forma genérica. Haverá uma terceira classe que
ridicularizará o substantivo “aconselhamento”, defendendo a tese que, pelo fato de abranger
um aglomerado de fenômenos, seu uso tornou-se arcaico. Plenamente aceitável essas reações
e até compreensivas partindo da conjectura multifacetada do chamado “movimento de
aconselhamento”.

A pergunta, nesse ínterim, nasce em razão dos muitos conceitos contidos nos bastidores da
própria nomenclatura “aconselhamento”. De certa forma, a expressão aponta para “auxílio
dialético mútuo”, mas ainda não atinge de forma exequível um ultimato etimológico. Como
estímulo, temos o caminho aberto para encontrar novos termos definidores correlatos e/ou
inéditos de cunho acadêmico e que traga em seu bojo a indumentária teológica, a qual faça
lembrar-se de generalizações tais como “pastorear”, “cuidar de ovelhas”, “alimentar o corpo e
Cristo através do aconselhamento” e, por fim, “ajudar os da família da fé”.
Ao nos depararmos com uma definição verossímil de “aconselhamento”, logo verifica-se a
relação entre aconselhamento e psicoterapia. Começamos nossa aula definindo
“aconselhamento” do ponto de vista científico e teológico; por sua vez, psicoterapia, é o nome
que empregamos a um método específico de influência pessoal. É a interação do chamado
“psicoterapeuta” e “paciente”; a influência do primeiro sobre o segundo.

Em tempos hipermodernos, o aconselhamento da perspectiva teológica eclesiástica deve ser


centrado em Cristo, de forma abrangente e contextualizado em harmonia com a cultura
vigente. Apelando para a apologia cristã, o aconselhamento bíblico, como é chamado, deve
depender do Espírito Santo de Deus, pois só assim conseguirá estabelecer uma conexão
saudável entre verdade bíblica e soluções para os conflitos humanos, tendo como objetivo
principal capacitar os indivíduos para que cresçam em maturidade, externem os “frutos” do
cristianismo e sirvam a Deus por intermédio de cultos e comunhão com os demais membros
da comunidade cristã. Esta é a definição operacional, visto que após tudo o que foi descrito
acima, uma definição final e oficial para aconselhamento da concepção teológica pode ser
dúbia, deixando, portanto, em aberto tal elucidação.
Romanos 5. 1 – 5:

1. Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo;

2. por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça
na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.

3. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança;

4. e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.

5. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em


nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

Colossenses 2.2 – 4:

2. para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor,


e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para
compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo,

3. em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.

4. Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes.

Queremos convidá-lo a assistir aos vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=_5AM54Dubkw
 O vídeo (1984) mostra um diálogo entre convidados e Carl Rogers sobre o
aconselhamento centrado na pessoa a partir de sua teoria. Um material histórico que
apresenta um painel do trabalho e um pouco do conceito de Rogers.

www.youtube.com/watch?v=DHRApXhu5NM

 Para descortinar nossa visão sobre aconselhamento e integrar o conteúdo de nossa


aula, esse vídeo parte da concepção humanista de terapia e aconselhamento de Carl
Rogers, fornecendo uma visão de seu conceito humanista e ampliando o
conhecimento de transparência e consciência pessoal. Aqui, Rogers compartilha uma
experiência de uma paciente (Glória) e seu método para auxiliá-la. Pelo fato de ser um
vídeo antigo, o som sofre algumas alterações, mas a legenda ajuda. Como sugestão,
use fone de ouvido.

Artigos para leitura:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1809-68672007000100006&script=sci_arttext

 Excelente artigo sobre aconselhamento sob a perspectiva da Gestalt – forma (teoria


que estuda como os seres humanos percebem os fenômenos) que aborda, dentre
outros ensaios, a apropriação do fenômeno humano e sua construção dialética entre o
objeto e a consciência intencional. Imperdível!

www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/502/Caracteristicas_Distintivas_do_Aconselhame
nto_Cristao

 Escolhemos este artigo para leitura porque abrange o aconselhamento tradicional, ou


seja, da perspectiva do conselheiro eclesiástico que está ligado a uma Igreja e a uma
visão estabelecida. É importante, a medida que você for percorrendo cada linha do
artigo, interpelar sua eficácia e “espaço” em nossos dias. É um exercício para rever
conceitos sobre aconselhamento.

Sugestão de filme:

“Um Divã para dois”.

 Filme americano de 2012, dirigido por David Frankel e estrelado por Meryl Streep,
Tommy Lee Jones e Steve Carell. É uma produção cinematográfica que acaba
surpreendendo em diversos momentos. Uma história lenta, de certa forma repetitiva,
remonta a vida de um casal que briga e procura na terapia a solução de determinados
problemas conjugais. Vale a pena ser assistido para observar um pano de fundo no
que se refere ao aconselhamento de casais desgastados pelo tempo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos nossa primeira aula aludindo, em suma, a relação das definições científica e
teológica. O aconselhamento científico é inerente à nossa fé. O entendimento da alma, seja
por intermédio da psicologia ou por meio de terapias alternativas, trava um conflito entre a
corrupção derivada do pecado sob a concepção bíblica e a perscrutação científica do
comportamento e das funções mentais. Por sua vez, o aconselhamento bíblico definirá um elo
entre a criação por parte de Deus no que se refere à humanidade, a queda do homem criado à
Sua imagem e a redenção desse mesmo homem maculado pelo pecado através do Messias
prometido. O aconselhamento bíblico examinará o indivíduo como um projeto original de
Deus, sua queda e as consequências de tal desobediência, e, por fim, proverá soluções aos
cristãos em relação a seus conflitos e desafios resultados das mazelas adquiridas no cotidiano.

Por hoje ficamos por aqui. Em nossa próxima aula veremos as “Premissas fundamentais do
aconselhamento” e teremos um fórum. Até breve!
Premissas fundamentais do aconselhamento

Queremos dar as boas-vindas a todos na nossa segunda aula de Aconselhamento Pastoral! O


desejo do nosso coração é que você absorva o conteúdo de nossa aula tendo como alvo o
cumprimento do objetivo pelo qual você iniciou o curso de Teologia. A aula de hoje é apenas
uma pequena parte para que o TODO cumpra-se cabalmente em sua vida acadêmica,
entretanto, sem ela, o TODO não será TODO, mas será INCOMPLETO. Portanto, siga com
destreza teus objetivos e “[...] cumpra a carreira que te está proposta” – Prof. Emerson
Mildenberg.

Premissas fundamentais do aconselhamento

“Quando um homem não se encontra a si mesmo, não encontra nada”. (Johann Goethe)

Como “pontapé” inicial da aula de hoje, gostaríamos de começar buscando uma definição para
a expressão “premissa”. Desse desse modo, vejamos a seguir:

PREMISSA – sua etimologia é latina – praemissa –, significando a ideia ou fato inicial de que se
parte para formar um estudo e/ou raciocínio; seu significado gira em torno de informações
essenciais que servem de base para um raciocínio, o qual o levará a uma conclusão. Na lógica
aristotélica, a premissa significa cada uma das proposições de um silogismo. Elas são os
fundamentos de fato e os fundamentos de direito, pressupostos lógicos do pedido. As
premissas serão as responsáveis diretas pela conclusão (HOUAISS, 2001).

O que significa “fundamental”?

FUNDAMENTAL – sua etimologia também é latina – fundus – e significa “vasto”, “fundo”,


“parte de baixo”, “alicerce”, “profundeza”. Entendido por “essencial”. (Dicionário de
Etimologias)

Em nossa primeira aula, discorremos sobre o significado de “aconselhamento”. Nessa segunda,


acabamos de verificar a etimologia das palavras “premissa” e “fundamental”. Portanto,
podemos somá-las e como resultado terá o entendimento etimológico do assunto de nossa
segunda aula.

Premissas fundamentais do aconselhamento são muito mais do que lemos, ou até o presente
momento havíamos compreendido. Ousamos afirmar que premissas fundamentais do
aconselhamento são os alicerces estruturais enraizados em princípios que permitem uma
construção sólida.

Partindo desse pressuposto, observamos que não se faz aconselhamento apoiado em


premissas próprias ou em “achismos”. Em nossa primeira aula, fizemos menção com o intuito
de provocar reflexões sobre o que Gilles Lipovetsky (filósofo e teórico francês) sacramentou o
momento atual das relações humanas como “hipermodernidade”. A pergunta é: em tempos
de hipermodernidade, como “aconselhar” com eficácia?

A tarefa, a ação, o ministério, a vocação, o chamamento, a liderança, a responsabilidade ou


qualquer outro verbo para o aconselhamento não deve ser confundindo com opinar, sugerir
ou dividir conceitos pessoais a alguém. Aconselhamento exige “profundidade”.
Aconselhamento não é transferir “valores”, mas proporcionar “princípios” para o
aconselhando. É bom lembrar que “valores” são relativos – na hipermodernidade temos um
cardápio exacerbado de valores –, mas os “princípios” são absolutos, só podendo ser
encontrados nas Escrituras Sagradas. O terreno do aconselhamento é um tanto quanto
sinuoso, por isso, um bom preparo é imprescindível.

Para ser um conselheiro, deve-se levar em conta o preparo, o treinamento e o tempo de


investimento em todo o processo. O conselheiro, seja ele pastor de uma Igreja ou não, não
tem o privilégio de escolher se irá ou não aconselhar as pessoas que virão lhe procurar.
Inevitavelmente, as pessoas vão levar-lhe seus respectivos problemas com o intuito de receber
direção e um porto seguro. O conselheiro, não tem opção entre aconselhar e não aconselhar.
Sua única opção gira em torno do eixo central do aconselhamento eficaz que exige disciplina e
habilidade.

Em tempos de hipermodernidade, não é fácil aconselhar disciplinadamente e com habilidades


específicas. São intermináveis as técnicas de aconselhamento que estão disponíveis nesse
“mercado” terapêutico. Livros de autoajuda, técnicas encontradas na internet, redes sociais
com mensagens simulacros, literaturas com receitas prontas (10 passos para... ou 7 maneiras
adequadas de...), pessoas que estão e são influentes na mídia, teorias e abordagens das mais
diversas possíveis compõem o chamado “auxílios de aconselhamento”. Com toda essa gama
de informações (muitas delas mais deformam do que informam), até mesmo o conselheiro de
tempo integral pode sentir-se confuso.

Algo a ser interpelado nesse contexto é a desistência no processo tanto da parte do


conselheiro quanto do aconselhando, por motivos diversos. Há, porém, um elemento nefasto
no processo de aconselhamento chamado “imediatismo”. Pelo lado do conselheiro ele deve
orientar o aconselhando a deter-se no processo que está em execução e não avocar outras ou
mais técnicas entre os encontros. Pelo lado do aconselhando, ele deve entender que há um
tempo para que as coisas aconteçam e que a “nuvem de conflitos” se dissipe. A desistência por
parte do conselheiro e do aconselhando não é uma boa “conselheira”, fazendo um trocadilho
com nosso tema principal. O aconselhamento é o veículo que amadurece e amolda o indivíduo
segundo a semelhança do próprio Cristo.

Penso que o grande desafio para as partes é a hipermodernidade, na qual estamos inseridos,
que oferece essa incalculável medida de opções para “se viver melhor”. Nas Escrituras
Sagradas, o aconselhamento não é opção, mas um requisito para todo o cristão.

O papel central do conselheiro deve prezar em ser “humano”, manifestando ao aconselhando


um relacionamento genuinamente humano. Para evitar qualquer ineficiência em seus
conselhos, o conselheiro deve pautar suas técnicas não no que faz, mas na maneira com que
faz.

De tantas premissas consideradas eficazes para um aconselhamento exitoso, com muito


cuidado, e de forma minuciosa, selecionamos duas perícopes com desdobramentos em cada
uma e quero discorrê-las em seguida, a saber: proposições relevantes no aconselhamento e
competências do conselheiro.

A primeira foi segmentada em cinco instrumentos: a função do Espírito Santo; a autoridade em


Jesus; o efeito da Cruz; a jurisdição da Palavra de Deus e a acareação em Amor. No que tange à
segunda perícope, fracionamos em seis objetos: ouvir; ter empatia; ser maduro; ser ético; orar
sem cessar e Jesus como referencial.

Proposições relevantes no aconselhamento

Não temos por objetivo afirmar que tais proposições que vêm a seguir sejam deliberativas no
processo de aconselhamento. Entretanto, depois de vasculhar aqui e ali, concluímos que essas
proposições foram as mais usadas por grandes conselheiros em todos os tempos e, por isso,
são aqui aludidas.

1. A Função do Espírito Santo no aconselhamento – no Evangelho de João, capítulo 14, nos


versos 16,17 e 26 está escrito:
16. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
17. O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece;
mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós; 26. Mas aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito – R.A.

O Espírito Santo é o “PARAKLETO”. Ele foi prometido por Jesus e Sua promessa já se cumpriu
em Pentecostes (Atos 2). O evangelista João relata o discurso de Jesus aos discípulos
preparando-os para Sua crucificação e o que viria depois. Jesus então promete o parakleto
(para – ao lado de + kaleo – chamado – “chamado para ficar ao lado de...). O Espírito Santo é
“Aquele que habita em nós”, mas, dissecando a palavra grega PARAKLETO, concluímos que
esse mesmo Espírito Santo permanece ao lado do conselheiro, instruindo, orientando e
zelando por suas palavras direcionadas ao aconselhando. O texto refere-se ao Espírito Santo
como Espírito da verdade, portanto o conselheiro precisa do Espírito Santo para levar o
aconselhando a verdade que é Jesus. O Espírito Santo não precisa de “achismos” nem
tampouco de redes sociais, ou ainda da mídia para aconselhar com destreza e eficácia. Ele
consola, ensina, lembra, tornando-se, assim, o principal Elemento no aconselhamento.

O Espírito Santo equipa deliberadamente o conselheiro que Dele depende com dons de
discernimento, dom de revelação, de palavra de conhecimento e de sabedoria, os quais por
sua vez, são elementares no aconselhamento. Para que o conselheiro cristão tenha êxito em
seus aconselhamentos, ele precisa depender do Espírito Santo, tê-Lo como seu principal aliado
e provedor. Não há como fracassar nos aconselhamentos quando se tem o Espírito Santo
como Moderador.

2. Autoridade em Jesus – inicialmente, essa proposição deve ser dissertada definindo a


expressão “autoridade”. No Evangelho de Mateus, capítulo 7, versos 28 e 29, está escrito:
“28. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua
doutrina; 29. Porquanto os ensinava como tendo autoridade e não como os escribas” – R.A.
A expressão usada para “autoridade” nesse texto, em grego é “EXOUSIA”. Exousia, no grego
koinê, significa “O direito de se fazer obedecer”.

A autoridade que Jesus possuía vinha do Pai, tendo consciência disso, portanto, Ele a usava em
seus ensinamentos, sermões, milagres e nos aconselhamentos. Percorrendo os Evangelhos,
concluímos que Jesus demonstrava em Seu ensino cuidado e traços de atitude e princípios que
vinham de Deus, os quais tornaram o Mestre como “ajudador” e conselheiro eficaz, tornando-
se paradigma para os conselheiros cristãos contemporâneos. A autoridade que Ele possuía
tornava-o honesto, compassivo, sensível, empenhado no propósito de Deus (você está
empenhado no propósito de Deus em sua vida acadêmica? Só para refletir!) e espiritualmente
amadurecido, além de viver cheio do Espírito Santo.

Jesus capacitou seus discípulos com essa autoridade para realizar obras semelhantes e maiores
ainda (João 14.12), portanto, cabe ao conselheiro fazer uso pela fé dessa autoridade para
prescrever ao aconselhando orientações cabíveis no que concerne ao conflito situacional.

3. O Efeito da Cruz – na epístola do apóstolo São Paulo à Igreja de Filipos, em seu capítulo 2,
verso 8, está escrito: “8. E sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a Si mesmo e
foi obediente até a morte e morte de cruz” – R.A.

A cruz na qual Jesus foi encravado, cumprindo, assim, os vaticínios proféticos da Antiga
Aliança, foi instrumento de vergonha e dor. Seria repetitivo da nossa parte, se porventura
investíssemos mais tempo em nossa aula registrando outras informações sobre a cruz e seus
benefícios para o cristão. Desse assunto, julgamos que você, caro aluno, é perito, portanto,
nos abstemos de ressoar.

Porém, queremos consignar em nosso conteúdo três episódios salutares para que o
aconselhamento pastoral resulte em provento para quem repouse no “divã”. Eis o primeiro
episódio:

 A Salvação é Integral – no Evangelho de Lucas, capítulo 23, verso 46, está escrito: “23.
Jesus bradou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito. Tendo dito isto,
expirou” – R.A.

Para que o plano de salvação do homem fosse concluído, Jesus teve que passar pela cruz. A
cruz é de suma importância para o cristão em toda sua caminhada terrena. O próprio Mestre
arrematou afirmando que “[...] para segui-lo é necessário carregar a sua cruz [...]” – Mateus
16.24.

O pecado e o acusador foram derrotados por Jesus na cruz; Jesus triunfou sobre a morte na
cruz e todos os que Nele confiam foram inseridos nesse mesmo processo. Um aconselhamento
pastoral efetivo precisa passar pela cruz.

 O inimigo perdeu seu acesso – o preço foi pago (Colossenses 2.14,15). O inimigo do
homem perdeu toda liberdade que tinha antes da cruz. Quando o homem recebe
Jesus como o Senhor de sua vida, não há mais espaço para o acusador escravizar essa
pessoa.

 De excluídos a incluídos – Jesus foi excluído e sentiu toda a rejeição do Pai em razão
dos pecados dos eleitos estarem postos Nele (Mateus 27.46). Entretanto, em razão de
Seu sofrimento, o homem pode desfrutar da inclusão em um plano superior de Deus
como rei e sacerdote (Apocalipse 1.6).

4. A jurisdição da Palavra de Deus – na segunda Epístola do apóstolo Paulo ao seu discípulo


Timóteo, em seu capítulo 3, versos 16 e 17, está escrito: “Toda a Escritura é divinamente
inspirada e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” –
R.A.

Esse é um texto explícito quanto à autoridade da Bíblia Sagrada. O apóstolo Paulo, ao


mencionar essas palavras para Timóteo, demonstrava interesse em revestir seu “pupilo”
quanto à potência das Escrituras. Aquele que confessa ou não a fé cristã tem apenas duas
alternativas: acolher a Palavra de Deus com regra de fé e de prática, ou rejeitá-la. Os mais de
quarenta autores da Bíblia Sagrada registraram normalmente seus escritos, de acordo com
seus respectivos recursos. Entretanto, o Espírito Santo de Deus legou a tais escritores a
mensagem como Lhe aprouve. Segundo a fé cristã, foi obra do Espírito Santo a formação desse
“compêndio” fabuloso que são as Escrituras Sagradas.

O efeito da revelação é vida. Luz gera responsabilidade, que gera vida! Aqui está a fonte de
argumentos que todo o conselheiro precisa. Através da Palavra de Deus, as Escrituras
Sagradas, todo o processo do aconselhamento torna-se dinâmico e acima de tudo funcional,
porque a Palavra de Deus traz em seu bojo a presença maciça do Espírito Santo. O conselheiro
deve recorrer a Bíblia, extrair dela o “norte” para todo e qualquer aconselhamento que
realizar. Ter o Espírito Santo e perscrutar Sua Palavra como fonte de sabedoria e
conhecimento é a única forma de ser exitoso como conselheiro pastoral.

5. Acareação em Amor – no Evangelho de João capítulo 15, verso 12, está escrito: “O Meu
mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei” – R.A.

Lembra de Lipovetsky? Pois é! Façamos quórum com ele no que se refere a tempos de
hipermodernidade. Devemos estar conscientes do perigo que é viver nessa hipermodernidade
uma vida cristã de aparências. Da perspectiva de Deus, segundo Suas próprias orientações, O
desagrada descomedidamente. Temos consciência do Amor de Deus pelo homem externado
na cruz via sacrifício de Jesus. Antes mesmo desse evento, o próprio Jesus em Seu discurso
sinalizou para o Amor de Deus e o Seu próprio Amor para com a humanidade.

O processo de aconselhamento exige certa “acareação” entre conselheiro e aconselhando. É


claro que esse momento precisa ser regado de Amor. O Amor do qual falamos não significa
“libertinagem” (licenciosidade de costumes, abuso). Há tantos conselheiros e aconselhando
que confundem AMOR com convenções desregradas acerca de hábitos morais. Acareação em
Amor diz respeito a fazer a leitura da situação, levantar hipóteses, verbalizar com verdade o
ocorrido e as consequências do mesmo, agir com benevolência e apreço no resultado de todo
esse regime e conscientizar o aconselhando a ABANDONAR o protocolo comportamental usual
de até então. Uma acareação com amor ao aconselhando torna-se imprescindível para a
notoriedade em um aconselhamento.

Sem prolação alguma, inauguraremos a segunda perícope e seus respectivos seis objetos, a
saber, um a um:

1. Ouvir – há apologias da perspectiva da psicologia que defendem a ideia que ouvir é uma
arte. Desenvolvemos essa arte com muita disciplina, empenho e cuidado. Ouvir no
aconselhamento não é ficar em frente a quem fala de boca fechada, aguardando um
desfecho convencional. Ouvir no aconselhamento é ser capaz de se “despir” de
preconceitos e de si mesmo (Filipenses 2.7) naquele momento e constatar o que é e o que
sente quem vos fala.

Ouvir é respeitar lágrimas que teimam muitas vezes em “roubar” a cena em um


aconselhamento. Ouvir é um gesto de amor, de simpatia e de atenção do conselheiro para o
aconselhando. Jesus ouvia as pessoas. Antes de falar, precisamos ouvir. Para um
aconselhamento vigoroso há necessidade de conhecimento imparcial e completo da situação.
Em muitas ocasiões, mensagens ocultas nas entrelinhas no momento do aconselhamento dão
indícios da “raiz” do problema e, por essa razão, ouvir é trivial em um aconselhamento. Não
obstante, o ponto de cura reside naquilo que o aconselhando evita e não quer que ninguém se
aproxime. Nesse interim, entra o papel do conselheiro que, por sua vez, precisa elucidar certos
prognósticos verbais e assistir o aconselhando a superar tais traumas e revelar-se doravante
sem mais reservas, visando à cura pelo aconselhamento pastoral. Uma das qualidades mais
importantes para o conselheiro é ouvir. Caro aluno, você consegue notar a relevância do
aconselhamento pastoral em toda essa apófise?

2. Ter empatia – o que é empatia? Consiste em tentar compreender sentimentos e


emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro
indivíduo (HOUAISS, 2001).

A empatia é de epítome valor em um aconselhamento pastoral. Em todo o processo, ela torna-


se “chave mestra” no aconselhamento, pois é o meio que conselheiros peritos circunscrevem o
aconselhando. A compreensão empática envolve conselheiro e aconselhando, cabendo ao
primeiro a missão de senso do mundo interno e das significações pessoais do segundo, como
se fosse o próprio conselheiro o “ativo” em todo esse processo, entretanto, agindo com
neutralidade.
Quando o mundo do cliente é claro ao terapeuta, este pode mover-se nele
livremente, podendo comunicar sua compreensão do que já é conhecido ao
cliente e falar, também, dos significados das experiências pessoais que o
próprio cliente pouco percebe. (SANTOS, 1982, p. 42).

Em todo o movimento de aconselhamento, o conselheiro deve aguardar que os conflitos e


parte das soluções para o mesmo partam do aconselhando. Conquanto se, porventura, isso
não acontecer, o conselheiro deve levar o aconselhando de modo impessoal e fundamentado
nos dados coletados a um “porto seguro” concernente ao problema apresentado. O
conselheiro tem a função de assistir à exposição dos problemas e conflitos do aconselhando,
refletindo seus sentimentos e demostrando anuência e empatia.

3. Ser maduro – eis aí uma questão relativa do ponto de vista técnico-científico. Estão
disponíveis milhares e milhares de respostas, pseudorrespostas e “achismos”, no entanto,
quando a questão é “o que é maturidade”, instauramos alguns itens, sem nos alongarmos
em detalhes. No que tange à vida, maturidade encera a vitalidade, capacidade de
selecionar oportunidades melhores, administrar bem o tempo e flexibilidade. No que tange
ao seu papel no mundo, é ser proativo, ponderar o melhor momento para agir ou
permanecer; é a experiência acima do resultado; segurança no falar, relacionar e relevar o
que está além do seu alcance. No que diz respeito à sua saúde mental, ser maduro é estar
aberto para o novo sem abrir mão do que foi (experiência), é valorizar a inteligência, é ser
articulador nos labirintos do cotidiano, é aprender sempre. Já no que se refere a outros, ser
maduro é a capacidade de inspirar e cativar outrem, é ser generoso, é envolvimento,
entrega e reconhecer o outro como alguém que precisa de calor humano.

A maturidade do conselheiro precisa demonstrar com firmeza aquilo que ele acredita. O
conselheiro deve ter exíguo cuidado com manipulação e não tomar “partido para si” no
tocante a determinados aspectos explicitados no processo de aconselhamento. O conselheiro
não deve ser influenciável quando o aconselhando tentar esquivar-se de suas
responsabilidades. Ser conselheiro maduro é saber dizer NÃO. Ele precisa ser absoluto com a
realidade absoluta. O conselheiro pastoral precisa impreterivelmente evidenciar os pecados
que precisam ser reconhecidos e que carecem de arrependimento. Sem esse tributo, o
aconselhando estará sendo submetido a um processo de aconselhamento grotesco e
deletério.

Queremos timbrar os argumentos aqui expressos, afirmando três frentes distintas:

 constatar que não se tem todas as respostas e não se sabe tudo;

 caracterizar que o aconselhando é igual a mim e que na qualidade de conselheiro não


sou melhor que o aconselhando e que ninguém;

 auferir que tudo pode ser restaurado na vida do aconselhando e levá-lo a alcançar
esse zênite.

4. Ser ético – o que é Ética? Seremos sucintos na definição sobre Ética. Assim sendo,
[Ética] é parte da Filosofia e é responsável pela investigação dos princípios que
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a
respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em
qualquer realidade social. É um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e
moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. (JAPIASSU;
MARCONDES, 2006).

A ética deve ser prezada pelo conselheiro em todo o processo de aconselhamento. É ela que
constrói a confiança no acompanhamento de um caso. O conselheiro NÃO deve partilhar com
outros o conteúdo abordado pelo aconselhando em seus respectivos encontros, tendo como
escopo uma possível autoafirmação na qualidade de conselheiro. O axioma máximo para o
conselheiro pastoral deve sustentar-se em um tratamento confidencial irrestrito e
absolutamente sigiloso. Para o aconselhando, seus conflitos e problemas são únicos, inéditos e
merecem prioridade em seu tratamento. A de se levar em conta que para ele está em risco sua
reputação e sua “self”. Por isso, faz-se necessário o sigilo absoluto.

Outro aspecto não menos importante que o conselheiro deve respeitar e, quiçá, dividir é o
compartilhamento com alguém das informações colhidas no aconselhamento, para isso, é
preciso solicitar a permissão do aconselhando. Caso ele sinalize positivamente, tendo
especificado o que e com quem as informações serão tratadas, então será possível levar à
frente tal ação. Se o aconselhando sinalizar negativamente, a ética do conselheiro deverá
intervir na situação e a ação não seguirá em frente. Ao conselheiro cabe atentar para
armadilhas como, por exemplo, dividir com outros suas coletas de informações do
aconselhando “a título de oração”, ou ilustrar (no caso do conselheiro ser o pastor da Igreja)
sermões e/ou outros ensinamentos com o que ouviu nas sessões de aconselhamento
anteriores.

Para encerrar esse tópico, queremos aludir o aconselhamento de pessoas do sexo oposto, bem
como tratar de assuntos polêmicos. Desse modo, sugere-se que o conselheiro seja do mesmo
sexo que o aconselhando para evitar casos de natureza e problemas sexuais e correlatos a essa
área sejam acompanhados de sentimentos sensuais, de excitação e/ou fortes desejos de afeto.
O conselheiro deve evitar tocar as pessoas em qualquer circunstância. Deve-se levar em conta
que o local do aconselhamento (nesse caso específico – um gabinete pastoral) é de
proximidade, onde são tratados temas íntimos, exposição de privacidade, confidências,
isolamento, dentre outros e, portanto, requer um cuidado exacerbado. O aconselhando delega
poder ao conselheiro quando procura auxílio para conflitos e, dessa forma, espera que o
conselheiro interfira em sua vida. Assim, qualquer oportunidade pode tornar-se tentação e
possibilidades de saciá-la. Muito cuidado!

O local e horários pré-estabelecidos também ajudam na estruturação de uma situação de


aconselhamento e facilitam um procedimento ético. O que é feito às claras esquiva-se do
sentido de algo secreto – “Onde não há conselhos, fracassam os projetos, mas com os muitos
conselheiros há bom êxito” – Provérbios 15.22.

5. Orar sem cessar – é impossível ser conselheiro pastoral sem ter uma vida de oração. A
oração é a principal forma de desenvolvermos uma vida de intimidade com Deus. Em 1
Tessalonicenses capítulo 5, verso 17, está escrito: “Orem continuamente” – N.V.I.

Orar sem cessar é o alimento elementar que o conselheiro precisa para nutrir-se de tudo o que
precisa nessa função ou vocação. O modelo a ser seguido, Jesus (nossa próxima abordagem),
orava em todo tempo. No evangelho de Lucas, capítulo 5, verso 16, o evangelista registra um
detalhe precioso do Senhor: “Ele, porém, retirava-se para os desertos e ali orava”. O texto
mostra que Jesus buscava sempre íntima comunhão com o Pai. A oração “abre o céu” em
nosso favor, portanto, para ser um conselheiro notório faz-se necessária intensidade de
oração. Há, porém, determinados rivais que acabam competindo conosco e servem como
obstrutores em nossa vida de oração, tais como: o próprio eu, o tempo e a logística. O
conselheiro deve vencer e superar não só os “oponentes” supracitados, mas outros, os quais
não serão mencionados neste contexto, com os seguintes antídotos:

 O EU – lutar contra si mesmo nesse sentido é o melhor antídoto. Vencer a preguiça, a


agitação, a falta de vontade e o sono com disciplina e empenho são o melhor remédio.

 O TEMPO – a agitação do dia a dia, a correria e seus dividendos, de fato, atrapalham


nossa vida de oração. No Brasil, redes sociais servem muito mais para roubar tempo
do que acrescentar algo (de certa forma faz parte da cultura brasileira investir tempo
em ensaios hedonistas). Administrar o tempo é o melhor remédio para se ter uma vida
de oração. O tempo é matemático, portanto, não há outra forma de administrá-lo com
qualidade sem fazer ajustes e cortes priorizando a oração diária. Quanto a você, ilustre
discente, quanto tempo tem orado? Só para refletir!
 A LOGÍSTICA – teu “secreto” deve ser o lugar de oração. Um local onde você possa
abrir o coração ao Senhor, recorrer as Escrituras Sagradas, buscando respostas e
orientações diárias para sua vida e seus projetos cotidianos. Teu secreto deve ser
silencioso, prazeroso e convidativo para um momento de oração. Se necessário,
combine um horário com os demais familiares para que colaborem com o silêncio e
procure esquecer-se de tudo ao redor para uma oração sadia eficaz.

Queremos convidá-lo a assistir aos vídeos:

www.youtube.com/watch?v=xLkgPOVbFk8

 Nesse vídeo o Reverendo Hernandes Dias Lopes compartilha informações


preciosas sobre o comportamento humano. Ele recorre à história e, de forma
objetiva, Dias Lopes menciona acontecimentos que marcaram a humanidade
desde seus movimentos passageiros, entretanto, desnorteadores para a
geração vigente. De forma subjetiva está o papel do pastor e o impacto do
aconselhamento para essa geração.

www.youtube.com/watch?v=LucDuQAryOU

 O vídeo é oriundo da Faculdade de Teologia Metodista. A professora Blanches


de Paula faz um resumo sobre o tema “aconselhamento” no momento em que
apresenta a utilidade do curso de aconselhamento para pastores, líderes de
igreja ou pessoas não envolvidas com instituições religiosas. A escolha do
vídeo deu-se em decorrência da sua brevidade e ao mesmo tempo completude
no que diz respeito ao préstimo do aconselhamento e as frentes as quais ele
abrange.

Artigos para leitura:

http://ftbp.com.br/viateologica/wp-content/uploads/2015/09/08-Edilson-Soares-de-Souza-
revista_teologica_vol14_n28-dezembro-2013.pdf

 Artigo muito bom para endossar todo o conteúdo da aula a seguir. Edilson
Soares de Souza (autor) nos leva a refletir sobre alguns aspectos, sendo o
“sagrado” e o “aconselhamento” suas principais abordagens em todo o
material.

http://superclickmonografias.com/blog/?p=62

 Tendo como pano de fundo a teologia da libertação, esse artigo nos mostra a
realidade que envolve as pessoas e, dessa forma, acaba influenciando sua
existência. O desafio é apresentar um aconselhamento que supere o
individualismo, as correntes existentes sobre a temática e alinhar uma
estrutura mais humana e justa na sociedade.
Sugestão de filme:

“Corajosos – 2011”.

 O filme trata sobre a vida de quatro policiais (Adam Mitchell, Natham Hayes,
David Thomson e Shane Fuller) e como eles comprometem-se a ser melhores
pais e homens piedosos após Mitchell, uma das personagens, ter passado por
uma experiência em decorrência de um acidente que envolveu os familiares de
forma trágica. Para superar o que aconteceu, Mitchell precisa de
aconselhamento pastoral e começa a pesquisar sobre o que a Bíblia diz sobre
ser um bom pai e um homem. Direção: Alex Kendrick.

CONSIDERAÇÕES FINAIS – Exemplo de Jesus:

Jesus como referencial – em poimênica a expressão “O bom pastor”, referindo-se a Jesus, e é


muito usual entre cristãos e também constitui-se em paradigma de toda a configuração de
aconselhamento pastoral. Em aconselhamento pastoral cristão, o conselheiro deve tomar por
modelo primário e principal a pessoa de Jesus, em razão Dele provar nesse contexto que
revolução e conversão não são inseparáveis no processo de rastrear a transcendência
empírica. Sua encarnação (como acreditam os cristãos respaldados pelas Escrituras) tornou
incontestável que a transformação do coração humano e, consequentemente, da sociedade
histórica e hodierna não é singular, mas são unidas e caminham juntas.

O aconselhamento deve partir desse caminho. Antes de ser assunto ao céu, Jesus declarou aos
discípulos a necessidade em continuar o que Ele havia inaugurado. De todas as mensagens por
Ele apresentada ao povo, naquele tempo, Jesus mencionou em tantos de Seu discurso a
necessidade da cura não apenas física, mas também emocional (Atos 10.38, Romanos 15.1 –
7).

Terminantemente fazer alusão a hipermodernidade na qual estamos inseridos se faz preciso. O


desafio torna-se maior quando, nessa sociedade, tudo é relativo, nem tudo é relevante e tudo
deve ser centrado no indivíduo (antropocentrismo hiperbólico). Os princípios de Jesus não
mudam e não se dissolvem em nenhuma sociedade nem tampouco no tempo. O que Ele disse
ou afirmou tem relevância no tempo que foi proferido e na sociedade ulterior, aqui
denominada, apelando para a Sociologia, como sociedade da geração “Z”.

Há livros e conteúdos extremamente qualitativos e úteis para o conselheiro fazer uso,


entretanto, a Bíblia Sagrada e Jesus como referencial são infalíveis para o conselheiro pastoral
encontrar conspicuidade em sua tarefa terapêutica de aconselhamento integral.

Claro que em uma aula não podemos “esgotar” as possibilidades de aconselhamento exitoso,
entretanto, a proposta foi apontar um caminho para um aconselhamento saudável e eficaz
através de conselheiros bem preparados e aconselhandos determinados a mudarem de vida e
superarem os obstáculos encontrados nessa jornada.

Em nossa próxima aula estudaremos “A correlação do aconselhamento e a psicoterapia”.


Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o
funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao curso
serão disponibilizadas pela coordenação.
Grande abraço e sucesso!

Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o


funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas
ao curso serão disponibilizadas pela coordenação.
Grande abraço e sucesso!

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