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A TEMPESTADE NAPOLEÓNICA
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3. OS LIBERAIS DO EXÍLIO AO PODER. O TRIUNFO DOS LIBERAIS PELAS ARMAS (1828-1834)
3.1 Os princípios da Carta Constitucional
O vintismo e a Constituição de 1822 animava os exilados que viriam juntar-se às tropas acantonadas na ilha Terceira, para daí
seguirem para o Porto. Apesar de irmanados na luta comum, havia entre os liberais da Diáspora pelo menos três partidos:
• Um sector conservador, liderado por Palmela, de via moderada do regime constitucional monárquico inglês;
• Um partido radical, que contava com o apoio dos irmãos Passos, do Duque de Saldanha e do coronel Pinto Pizarro;
• Um grupo burguês «amigos de D. Pedro» formado por homens da classe média com prática de Direito e que contava com José
da Silva Carvalho, Mouzinho da Silveira e Agostinho José Freire.
No meio destes três grupos a Carta representava o sector do próprio D. Pedro, o dador da Carta, prescindindo de uma revolução
popular para a constituição do poder e dispensando uma assembleia constituinte para a elaboração de um diploma fundamental. A
outorga da Carta foi um acto espontâneo do poder legítimo do rei e que não poderia ter sido arrancada de um espírito
revolucionário. A Carta representava o direito divino dos reis, uma concessão do senhor, em vez de um pacto social. A
Constituição de 1822 derivava da soberania popular e era a consagração das doutrinas democráticas. A Carta foi talvez a mais
monárquica das constituições do seu tempo (Marcelo Caetano).
Um dos seus principais retrocessos foi o reconhecimento de quatro poderes em vez de três. O poder moderador era o quarto poder
exercido pelo rei, aí residindo a chave do sistema. A Carta garantia a nobreza hereditária, criando-lhe uma câmara - a Câmara dos
Pares - de nomeação régia, e concedia ao rei, a título de moderador, o poder de nomear e demitir o Governo, suspender os
magistrados, conceder perdões, convocar as Cortes, dissolver a Câmara dos Deputados e vetar as leis do parlamento. O rei era a
chave de toda a abóbada político-constitucional, sendo o seu um poder autónomo. Para o assistir, existia um Conselho de Estado
(conselheiros vitalícios, de nomeação régia). Cada legislatura durava 4 anos. Em resumo o rei outorgava um diploma
constitucional mas reservava-se o poder supremo
QUADRO COMPARATIVO
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Poder moderador (exercido pelo rei): nomear e demitir o
Governo; suspender os magistrados; conceder perdões;
nomear os Pares vitalícios; Convocar Cortes; dissolvera
- Câmara dos Deputados; vetar leis
Realeza tutelada, remetida para uma função marginal O rei tem o poder supremo (assistido por um Conselho de
(assistida por Conselho de Estado que o rei deveria Estado – conselheiros vitalícios de nomeação régia)
escolher de um lista proposta pelas Cortes)
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• Reestruturação da administração pública: o Reorganização das províncias, comarcas e concelhos;
• Novo ordenamento judicial: a Regulamentação dos cargos de juiz e supressão da hereditariedade dos empregos
públicos;
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4.3 As vicissitudes da imprensa no período de 1834 a 1851
Durante o período liberal a maioria dos jornais tinha um carácter acentuadamente partidário e constituíam o principal apoio dos
políticos ativos. Após 1834 a imprensa registou um grande aumento de títulos. Os nossos jornalistas tinham aprendido o essencial
do seu mester no exílio, trazendo depois para Portugal as influências dos jornais ingleses e franceses, com um acrescento de
sentido passional muito português.
Com o Setembrismo a imprensa perde vitalidade e redobra-a com o triunfo do Cabralismo, devido às perseguições aos periódicos
e à legislação que restringe a liberdade de imprensa (de 1840 até à Regeneração). Em 1843-44 começam os manifestos a incitar a
população a rebelar-se contra a ditadura vigente e a guerra dos panfletos é levada ao rubro com a Maria da Fonte e as Patuleias.
A Convenção do Gramido (1847) e, em particular, a «Lei das Rolhas» (1850) açaimaram a imprensa e a produção jornalística
reduziu consideravelmente. Esta lei viria a ser abolida em 1851, com a Regeneração.
CONSTITUIÇÃO DE 1838
(vigorou entre Abril de 1838 e Fevereiro de 1842)
Mantém-se o bicamaralismo:
As Cortes compõem-se pelas Câmaras dos Senadores e dos Deputados, eleitas por sufrágio direto e restrito, censitário;
Deputados eleitos por 3 anos;
Senadores renovados em metade, cada vez que houvesse eleições; As leis tinham que ser aprovadas nas
duas Câmaras;
O rei não tinha poder próprio mas era o chefe do poder executivo:
Sancionava as leis com veto absoluto;
Dissolvia a Câmara dos deputados, se assim exigisse a salvação do Estado; Nomeava e demitia livremente os
ministros;
O Setembrismo foi uma reação da burguesia industrial urbana, aliada à classe média dos comerciantes e a alguns estratos
populares contra o predomínio da alta burguesia e dos grandes proprietários rurais.
Transparece também a defesa da indústria nacional (o cartismo fizera da agricultura o essencial das suas preocupações).
Outro importante projeto setembrista tinha a ver com a educação, procedendo à reforma global da instrução pública.
Passos Manuel cairia em Abril de 1837 coincidindo com uma conspiração de militares para pôr D. Miguel no trono. A par deste
acontecimento, havia a agitação cartista (marechais Saldanha e Terceira) e a agitação de um grupo de extremistas vintistas do lado
setembrista. Deste grupo, o sector mais esquerdista do setembrismo, sairia o golpe de estado que repôs a Carta na sua pureza.
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4.6 O Cabralismo (1842). O novo ciclo das guerras civis: a Maria da Fonte (1846) e a
Patuleia (1847). A queda definitiva do Cabralismo (1851)
A Carta foi reposta no golpe de estado de 1842 liderado por Costa Cabral. O Cabralismo foi um período de desenvolvimento
económico governando Costa Cabral ditatorialmente de molde a realizar o seu programa, incrementando as reformas materiais do
país e a melhoria da administração.
O Cabralismo constitui um período importante em que se dá uma mutação económico-social do país, com o apoio de uma nova
base social, a classe fundiária financeira e comercial (barões e viscondes).
A Maria da Fonte foi uma reação camponesa e agrária contra as reformas do Liberalismo (Mouzinho, Aguiar e Silva Carvalho) e
contra alguns aspetos da política de fomento material empreendida pela ditadura dos Cabrais, i.e. contra a modernização
económico-social iniciada desde 1832.
A revolta começou no Minho e alastrou até ao Tejo, como alvoroço contra uma medida higiénica tomada pelos Cabrais que
ordenaram que cessassem os enterros nas igrejas. A revolta (com assaltos a sedes da administração civil, arquivos e quartéis)
configurava-se, assim, como uma explosão de massas populares contra o capitalismo e reformas liberais, a que se somaria o
protesto contra as medidas repressivas cabralistas.
D. Maria II demite Costa Cabral e chama o Duque de Palmela. Ao mesmo tempo o parlamento aprova uma nova lei dos forais que
satisfazia muitos dos revoltosos. Palmela marca eleições para Outubro, mas na data marcada, a rainha efetua o golpe da
Emboscada, no qual Palmela foi substituído por Saldanha, o que originou uma verdadeira guerra civil - a Patuleia (1846-1847).
O nosso embaixador em Madrid, Costa Cabral, ao abrigo da Quádrupla Aliança (feita para defender o Liberalismo na Península)
fez com que as nações estrangeiras acabassem por intervir na nossa guerra civil. A 29 de Junho foi assinada a Convenção do
Gramido que pôs fim a este última guerra civil entre clãs liberais.
Em Agosto, Saldanha formou gabinete e mandou realizar eleições legislativas. Em meados de 1848 regressara Costa Cabral,
porque fora eleito deputado no novo parlamento. Em Junho de 1849 é indigitado para chefiar governo.
Cresce o caudal de hostilidades contra o ditador reinvestido no poder rebentando o golpe de estado da Regeneração em Abril-
Maio de 1851. Saldanha aceitaria encabeçar este golpe, que terminou com a fuga de Cabral para Espanha. Saldanha assumia a
chefia do ministério que duraria até 1856. Entre os seus ministros contava-se Fontes Pereira de MeIo.
5. A REGENERAÇÃO (1851-1891)
5.1 A Regeneração ou o terceiro Liberalismo. O apaziguamento político-social e a política de melhoramentos materiais: o
Fontismo
Com a ajuda de antigos setembristas, o Cartismo moderado estabilizara a vida política em torno da ideia de que a Carta deveria
manter-se, desde que emendada em alguns aspetos, i.e. democratizada, viabilizando-se assim um sistema liberal ordeiro e
capitalista, com a alternância no poder dos dois partidos políticos liberais existentes, continuação dos cartistas e setembristas do
segundo liberalismo (1º liberalismo = Vintismo; 3º liberalismo = Regeneração).
Antes de mais era urgente instituir a ordem. O facto de o governo de Saldanha ter durado cinco anos era um início promissor dessa
estabilização. A fórmula de apaziguamento dos clãs liberais permitiu acabar de vez com os sobressaltos revolucionários,
estabelecendo-se assim um regime durável, estável, com paz civil e social para permitir o tão ansiado desenvolvimento económico
e material. Na verdade, este sistema duraria quarenta anos, até 1890, altura em que a crise estalaria sob a forma do Ultimatum
britânico (1890) e um ano mais tarde com a Revolução Republicana no Porto. Grosso modo, porém, o sistema instaurado pela
Regeneração sobreviverá aos solavancos até 1910. A Regeneração foi assim:
Plano político: Liberalismo estabilizado, na sua via moderada, pelo pacto constitucional partidário, o Acto Adicional de 1852.
Plano cultural: o período do segundo Romantismo (Camilo Castelo Branco, Pinheiro Chagas).
Plano económico-social: viragem da vida portuguesa, traduzindo-se na implementação do sistema capitalista; expansão do sector
agrícola e de um fruste desenvolvimento industrial; introduziu o arcaico Portugal no capitalismo europeu e no seu sistema
financeiro, pela política de melhoramentos materiais (rede viária e ferroviária, Atualizações tecnológicas, abastecimento de
água e luz, sistema livre-cambista que proporcionariam o empréstimo de nações estrangeiras mais industrializadas).
Plano financeiros fase de avultados investimentos de capitais, abertura de créditos que beneficiaram sobretudo a expansão do
sector agrícola, também favorecido pela política de melhoramentos materiais e de sistemas de comunicação; tentativa de reduzir o
défice orçamental para as obras de Fomento.
Fontismo: a Regeneração recebeu o nome de Fontismo por ter tido em Fontes Pereira de Meio o seu grande inspirador. Apesar de
tudo, Fontes não gozou de uma historiografia favorável e foi alvo de grandes críticas por parte dos seus contemporâneos.
Para além do equilíbrio político-constitucional obtido desde 1852 com o Ato Adicional a Regeneração deve ser vista como a via
portuguesa para o capitalismo europeu da segunda metade do séc. XIX, uma tentativa de implementação do libero-capitalismo, de
tónica financeira e bancária, com parâmetros livre-cambistas que interessavam aos países ricos.
Em suma, uma reforma limitada. A segunda revisão da carta seria feita em 1885 por iniciativa dos próprios regeneradores.
Alguns pontos foram alterados:
• Redução da legislatura de 4 para 3 anos;
• Suprimida a hereditariedade no pariato e ilimitação do n.º dos Pares;
• Poder moderador exercido pelos ministros, regulando-se o direito da sua dissolução;
• Consagração dos direitos de reunião e petição.
A terceira revisão da Carta seria feita em 1895, em plena ditadura de Hintzel Franco, com intuitos liberticidas. A intervenção
régia na política esteve na base desta última reforma da carta, feita agora por um ato ditatorial. Esta reforma seria o terceiro Ato
Adicional à Carta constitucional:
• Supressão dos pares eletivos;
• Ministros autorizados a nomearem delegados para em representação do governo tomarem parte na discussão de projetos de
lei nas câmaras;
• Direito do rei de dissolver a Câmara dos Deputados e de convocar eleições.
As reformas agora feitas eram uma vez mais escassas e limitativas da soberania popular o que parecia dar razão à crítica satírica
de Ramalho Ortigão quanto aos defeitos da Carta e da própria monarquia constitucional.
7. A I REPÚBLICA
7.1 A Revolução lisboeta
O ódio antibrigantino apelava ao assassinato como que ritual do monarca, apontado como o causador de todas as desgraças
nacionais. Com o regicídio (1fev1908) caía a experiência ditatorial de João Franco. Nos sectores republicanos acelerava-se a ideia
de confiar a uma associação secreta conspirativa, de inspiração e modelo maçónicos (a Carbonária), de pôr a revolução na rua,
com recurso à revolta armada. Após dois dias de luta, foi deitada abaixo uma monarquia multissecular.
Destes problemas, o mais grave foi a declaração de guerra lançada nos primeiros dias contra a Igreja, relativa à lei de Afonso
Costa (Lei da separação das Igrejas e do Estado). Esta guerra custaria imenso à República reduzindo cada vez mais o campo dos
que apoiavam o novo regime.
Os assassinatos da «Noite Sangrenta» (19out1921>, na qual tombaram fundadores da República como machado santos, António
Granjo ou Carlos da Maia, leva ao clímax esta dança macabra que só terminará cinco anos depois.
Ao número dos inimigos da República é de acrescentar o operariado que desiludido com os pretensos intuitos sociais do novo
regime não tardaria em fazer manifestações. Este divórcio entre operariado e República nunca mais seria sanado.
O exército também depressa se afastaria da República. Aliás o contencioso começara no dia 5 de Outubro. O regime nunca
conseguiria reformar e democratizar o exército de molde a transformar no seu braço armado, preferindo criar a Guarda
Republicana.
A entrada na guerra em 1916 acarretou dramas suplementares para as forças armadas, primeiro em Angola, depois em
Moçambique e por fim na Flandres. A I República limitara-se afinal a abalar a velha instituição militar com humilhações e tarefas
inglórias.
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As dificuldades do novo regime também tinham sido notáveis nos campos económicos e financeiros. O aparecimento de uma nova
ideologia monárquica - o Integralismo Lusitano - dava ao campo anti-republicano um dos pilares da contra-revolução, aquele que
mais pesaria no derrube da I República, de par com o conservadorismo sidonista. O exército seria a força ideal para cortar com o
desgoverno e o caos do afonsismo, ou seja do Partido Democrático. O sidonismo fora já um exemplo de como podiam triunfar os
clãs que se opunham a este predomínio afonsista demoliberal, anticlerical e demagógico. O culto da ditadura e do louvor da
espada como solução tomaram-se comuns. A tentativa de derrube do regime parlamentar foi finalmente conseguida durante o
mandato de Bernardino Machado como Presidente da república, em Maio de 19Z. O exército estava finalmente no poder e os
militares iriam procurar estabelecer uma ditadura onde só faltava o ditador: foi achado dois anos depois.
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Sucederam-se 6 governos provisórios (1974-1976) empossados pelo Conselho da Revolução e até 2001,12 governos
constitucionais.
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JOÃO PINHEIRO CHAGAS (1863-1925)
Orientou-se desde muito cedo para o jornalismo, tendo sido panfletário, cronista e crítico. Chegou a ser preso por um artigo
insultuoso para a Monarquia na altura quando eclodiu a revolução de 31 de Janeiro, o que não o impediu de ser condenado pela
participação nesta e degredado para Angola. Fugiu do degredo, foi detido e em 1893 era amnistiado. Em 1908 foi novamente
preso por causa da intentona de 28 de Janeiro. Após o advento da República assumiu o primeiro governo constitucional, bem
como na ditadura de Pimenta de Castro. Quando esta caiu foi também nomeado para formar Governo e demitiu-se aquando da
revolução sidonista. Após esta retomou o seu posto, aposentando em 1924.
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ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL (1825-1900)
Infletiu para a política acamaradando com Alexandre Herculano e Latino Coelho, entre outros. Foi deputado e Ministro das Obras
Públicas, Fazenda e Estrangeiros. Chefiou o Partido Regenerador após a morte de Fontes. Presidiu ao governo que teve de liquidar
as consequências do Ultimatum.
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