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Filho, P. O., Feitosa, G. G., & Silva, C. C. W. Petismo e antipetismo em relatos de simpatizantes da direita na
internet
Resumo
Desde junho de 2013, a polarização política no Brasil aumentou consideravelmente e teve como ponto
alto as grandes mobilizações de grupos antipetistas em 2015 e 2016. Este estudo teve como objetivo
compreender como se constrói a identidade dos petistas e dos antipetistas em relatos de simpatizantes
da direita na internet. Para isso, foram analisados, com o uso do método de análise de discurso
desenvolvido pelos teóricos da Psicologia Social Discursiva, comentários em resposta às postagens do
jornalista Reinaldo Azevedo, assumidamente conservador. Observou-se que a desonestidade, o
comunismo e a psicopatologia são traços centrais na identidade petista construída pelos antipetistas.
Dois discursos constituem seus relatos, o discurso liberal que advoga as virtudes do livre mercado e o
discurso da extrema-direita norte-americana para o qual o anticomunismo é um tema central.
Abstract
Since June 2013, the political polarization in Brazil has increased considerably and has had as a high
point the large mobilizations of anti-party groups in 2015 and 2016. This study aimed to understand how
to build the identity of the right militant antipetistas in Brazil on reports from its members and supporters
on the internet. Therefore were analyzed using the discourse analysis method developed by theorists of
discursive social psychology, comments in response to journalist Reinaldo Azevedo’s posts, an openly
conservative journalist. It was observed that dishonesty, communism and psychopathology are central
features in PT identity built by people against PT. Two discourses compose their reports, the liberal
discourse that advocates the virtues of the free market and the discourse of the American right-wing for
which anti-communism is a central theme.
Resumen
Desde junio de 2013, la polarización política en Brasil aumentó considerablemente y tuvo como punto
alto las grandes movilizaciones de grupos antipetistas en 2015 y 2016. Este estudio tuvo como objetivo
1
Universidade Federal de Campina Grande.
2
Universidade Federal da Paraíba.
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Universidade Federal de Campina Grande.
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comprender cómo se construye la identidad de los petistas y los antipetistas en relatos de simpatizantes
de la derecha en internet. Para ello se analizaron, con el uso del método de análisis de discurso
desarrollado por los teóricos de la psicología social discursiva, comentarios en respuesta a las
publicaciones del periodista Reinaldo Azevedo, un periodista asumidamente conservador. La
deshonestidad, el comunismo y la psicopatología son rasgos centrales en la identidad petista construida
por los antipetistas. Dos discursos constituyen sus relatos, el discurso liberal que aboga por las virtudes
del mercado libre y el discurso de la extrema derecha norteamericana para el que el anticomunismo es
un tema central.
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coisas cotidianas, como ter grana para propriedade privada na vida social.
passear, comprar um carrinho, fazer um Segundo Giddens (1996, pp. 31-35), o
churras, ir ao mercado, no geral coisas
triviais, essa é a real. Ninguém quer ser
velho conservadorismo de estilo europeu
comunista, se alguém duvida, venha aqui defendia “a hierarquia, a aristocracia, a
perguntar. Eu vejo muleques que adoram primazia da coletividade, ou do Estado,
tênis de marca, camisas polo da lacoste e sobre o indivíduo, e a importância
não camiseta de 5,00 reais, é o gosto deles proeminente do sagrado”. Para ele, esse
e não acho que devam ser censurados por
isso, mesmo não sendo a minha
conservadorismo está morto porque as
preocupação. Então, acho que o que se tem, formas sociais que defendia não existem
e isso vejo mais na classe média um pouco mais. Hoje, como reconhece Giddens
mais alta do que na classe média que mora (1996, pp. 31-32), o conservadorismo varia
na periferia, é um certo desconforto em bastante em diferentes países.
assumir posição de anti-esquerda, essa
classe média, sente vergonha de assumir,
Nos Estados Unidos, ainda segundo
como na periferia que gosta de Miami, de Giddens, o conservadorismo é
usar tênis de marca, calça, perfume caro, “agressivamente pró-capitalista” desde o
como se isso fosse um pecado. Claro que seu início, de uma maneira que não ocorreu
uma pessoa dessa classe média baixa e no “velho conservadorismo” europeu.
média média, ou média alta, não têm apenas
esses desejos consumistas, mas se
Giddens usa o termo “neoliberais” para
envergonha de assumir isso, digo a classe nomear aqueles conservadores que
média-média e alta. Sendo assim, primeiro advogam a expansão indefinida das forças
deve haver uma reflexão dessas classes, de mercado”. É o discurso desse
cada um, como de verdade são, o que conservadorismo que se apresenta de
querem, e, a partir daí, seria ótimo surgir
um partido que represente isso: quem gosta
maneira inequívoca nos dois primeiros
da educação, do trabalho, da livre iniciativa, comentários dos quatro supracitados.
de poder comprar o que quer e não se Nesses comentários, termos como
envergonhar por aqueles que querem dizer “conservadores”, “direita”, e frases que
que comprar é pecado, quando na verdade o exaltam o capitalismo e o consumismo sem
que fazem é pior, é roubar do próprio
governo que significa roubar da população.
culpa, são parte do discurso ultracapitalista
Criar um novo partido, isso é importante. da direita norte-americana, discurso que é
(Forg, 29/8/2015) mimetizado pela direita brasileira.
Um dado que se pode tirar dessa pesquisa, Mas, como foi dito, não há
é que os conservadores estão mostrando a homogeneidade nos discursos desses
cara nos votos em Bolsonaro, Cunha e
Caiado, o que não é nada mal. O que é mal,
militantes, e os quatro comentários são, no
é que muitos ainda acreditam que Aécio que diz respeito à heterogeneidade,
Neves é direita, e que Marina Silva não é o representativos do universo de comentários
Lula de saias (Elah, 28/8/2015) analisado. De fato, enquanto o primeiro
Para Caiado ou Bolsonaro o povo comentário exalta os poderes do
conservador que está nas ruas faria a
campanha de graça, nas ruas e na internet.
capitalismo para produzir empregos para os
A grande maioria dos votos que foram para pobres (e zomba da “ignorância” dos
o Aécio foi pura falta de opção. (Anônimo, militantes de esquerda que não
28/8/2015) compreenderiam algo tão óbvio) e o
segundo exalta os prazeres associados à
Conservadorismo é liberdade de consumo livre de culpa, os dois
inequivocamente um termo usado para últimos comentários mobilizam uma
nomear a direita política. Um conservador é retórica própria dos setores mais radicais da
alguém que, de um modo geral, é contrário direita antipetista. Excluem o Partido da
a qualquer forma de organização social que Social Democracia Brasileira (PSDB) da
se inspire nos princípios socialistas e que direita e exaltam um político que adota
relativize ou ameace a centralidade da
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alegando inclusive que ela tem traços Delcourt, L. (2016). Um Tea Party tropical:
antidemocráticos e fascistas, e inimigo dos a ascensão de uma “nova direita” no
internautas situados na extrema-direita do Brasil. Lutas Sociais, 20(36), 126-
espectro político que frequentavam e 139. Recuperado em 10 setembro,
aplaudiam o seu blog naquele ano de 2015. 2018, de
A retórica de extrema-direita, hoje, é https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/
ainda mais sedutora para a sociedade article/view/31852/pdf
brasileira do que era há quatro anos. A Edwards, D. (2008). The Relevant Thing
vitória do deputado Jair Bolsonaro, político about Her: Social Identity Categories
que fez sua carreira reproduzindo um in Use. In C. Antaki & S.
discurso antidemocrático, não deixa Widdicombe (Eds.). Identities in Talk
dúvidas sobre isso. Espera-se que este (pp. 15-53). London: Sage.
trabalho contribua, ainda que Gergen, K. (2007). Construccionismo
modestamente, para a compreensão do social: aportes para el debate e la
pensamento dessa direita e que seja práctica. Bogotá: Ediciones
complementado por outros estudos que Uniandes.
investiguem esse movimento em outros Giddens, A. (1996). Para além da esquerda
contextos sociais, além da internet. e da direita: o futuro da política
radical. São Paulo: Editora Unesp.
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