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CORROSÃO

Survey fPractice

Corrosão
$$$

$$
$

Na seqüência de fotos acima verifica-se


perfeitamente o avanço do estado de
Joaquim Rodrigues corrosão das armaduras no fundo de

A banalização da
uma laje.

recuperação estrutural
A aplicação de qualquer material nos trabalhos de recuperação estrutural
devido a corrosão conduz a estrutura a uma situação de incompatibilidade,
com maior corrosão. Bom para as empresas que vendem produtos. Ruim
para as estruturas.
Infelizmente, entre nós, corrosão no con- pados, com bastante precisão, com base perando-se com sistemas convencionais à
creto armado é matéria abrasiva, ainda em apenas nas condições de exposição da aber- base de pinturas nas armaduras ou com a
gestação. Muito embora todos os detalhes tura. aplicação de massinhas milagrosas ou mes-
do mecanismo de iniciação e propagação A introdução de novas tecnologias, que mo só com concreto, se faz em ritmo de uma
deste fenômeno, inclusive seu estado de bem explicam o comprometimento ainda Ferrari em sexta marcha. Na mesma marcha,
ruína, sejam bem conhecidos e até anteci- maior do estado de corrosão, uma vez recu- introduzem-se novas soluções que vão de
corrosão

O mercado
ainda aceita
tintas para o
tratamento
da
corrosão
no
concreto
armado. PRIMER EPÓXICO
Sem RICO EM ZINCO
qualquer
efeito
positivo,
promovem e facilitam
a introdução de mais corrosão na estrutura. O processo de corrosão nas armaduras.

4 RECUPERAR • Março / Abril 2002


Survey fPractice

água óxidos e manha velocidade de informações. compreensão dos importantes tópicos lan-
+ concreto hidróxidos
oxigênio
corrente iônica
ferrosos
Esta confusão relaciona-se à falta de çados na edição 42, fundamental aos res-
OH–
evidências que comprovem a efetivi- ponsáveis pelas verdadeiras empresas de re-
catodo corrente eletrônica anodo dade dos “tratamentos”, mas que, in- cuperação estrutural.
e–
felizmente, dependem da cesta bási-
ca da eletroquímica da corrosão. Com Informações preliminares
Repare que quem alimenta a pilha de corrosão é o catodo, à
esquerda, através da introdução de oxigênio e umidade. Uma a edição da RECUPERAR nº 42, rece-
vez “tratando-se” o anodo com pinturas ou massinhas bemos muitos fax consultas e tone- Carbonatação e íons cloretos são os dois
passará a ser, agora, um catodo que , recebendo oxigênio e
umidade, promoverá a surgência de anodos nas regiões
ladas de e-mails que resumem um es- principais mecanismos modificadores daque-
vizinhas, onde eram catodos. A desastrosa inversão do tado de inquietação lógico, próprio le estado passivo ou protegido em que se
processo de corrosão.

A aplicação de tintas na superfície das armaduras, efetivamente, só piora o Neste pilar, o que é muito comum, “trata-se” a corrosão encamisando-o, na
estado da corrosão na estrutura. vã ilusão de que “abafará” o processo.
encontro às verdadeiras causas da corro- de uma transfusão forçada, o que realmen- encontram as armaduras do concreto. Mui-
são. Tudo com perfeita compatibilidade ele- te não desejamos. Por esta razão, estare- to embora a corrosão possa se desenvolver
troquímica. Muito bem. No entanto, ainda mos apresentando nesta matéria e na da independentemente destes dois malfeitores.
há muita dúvida nas arquibancadas da in- página 24, conceitos eletroquímicos perti- O processo de corrosão, devido a carbona-
dústria da recuperação estrutural. Muita nentes à corrosão no concreto armado e tação, promove a formação de produtos de
gente sem entender o fenômeno, com ta- que, efetivamente, darão a luz necessária à corrosão ao longo das armaduras, de manei-
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Os mandamentos da “RECUPERAÇÃO” Só existe uma maneira de


4 - Argamassa de reparo. Aqui há uma interromper a
1 - Remoção do concre-
rica variedade de massas que notabili-
zam-se por altíssimas resistências à com- REATIVIDADE ÁLCALI-
to danificado pela cor-
rosão, expondo as ar-
pressão, invariavelmente duas a três
vezes superior ao do concreto original. SÍLICA...
maduras corroídas. Em outras palavras, sua relação tensão-
deformação (módulo de elasticidade) é
totalmente diferente da base, dando ... Para estruturas existentes
como resultado uma transmissão de car-
ga mais intensa e sujeitando-a a um des- RENEW®
colamento prematuro. Bem mais imper-
meável que o concreto da base, possui uma rede de vazios bem
inferior. O resultado é um comportamento dimensional (coefici-
LITHIUM FÓRMULA
ente de dilatação térmica-relaxação-fluência) anômalo, não tão
importante para espessuras correspondentes ao recobrimento,
mas extremamente prejudicial para espessuras mais profundas,
... Para estruturas a serem executadas
2 - Remoção das carepas
de corrosão.
onde o volume de cargas é mais intenso. Na verdade, o que se
deseja é uma boa aderência, uma massa similar à original, uma
LIFETIME®
cura adequada (retração por secagem) e a efetiva neutralização
da corrosão através de um processo eletroquímico. Tudo a mais
LITHIUM FÓRMULA
influencia o comportamento dimensional da peça estrutural. Veja
mais detalhes na RECUPERAR nº 25.

5 - Cura química.

3 - Pintura inibidora po-


limérica ou anticorro-
siva à base de zinco,
cromato de zinco etc.
O efetivo controle da
corrosão só é conse- Tele-atendimento
guido com pastilhas, (0XX21) 2493-6862
telas galvânicas ou
outro processo eletro- fax (0XX21) 2493-5553
6 - Pintura de proteção.
químico. produtos@recuperar.com.br
Fax consulta nº 03

RECUPERAR • Março / Abril 2002 5


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Repare nesta seqüência de


fotos que um reforço
estrutural está em marcha.
O motivo? Corrosão na
zona de fretagem do pilar,
devido a ausência de
impermeabilização na junta
de dilatação. Tratou-se o
efeito e esqueceu-se a
causa. O serviço foi
realizado sem o tratamento
da junta. Descaso da
autoridade competente? A
corrosão irá alastrar-se para
as novas armaduras. Novos
serviços a vista.

ra generalizada e uniforme. A presença dos mentam a região anterior com um caldinho GLOSSÁRIO
íons cloretos, ao contrário, iniciam proces- gasoso de água e oxigênio, suficiente para Ação galvânica - Termo usado quando temos
corrosão causada por metais diferentes em contato e
sos localizados de corrosão nas armaduras, manter uma equilibrada queda de braço en- com umidade presente.
tipicamente na forma de pites. A presença tre as duas regiões. O braço mais fraco, sur- Corrosão galvânica - Corrosão produzida por
ação eletrolítica entre metais diferentes (o aço da
destes íons promove a aceleração do pro- preendentemente, o que fornece o caldinho. construção é recheado de materiais diferentes) em
cesso de rompimento da camada protetora É o que dá as cartas para as condições de presença de um eletrólito. Corrosão associada com a
corrente da pilha galvânica. Processo em que um
de óxidos passivos, fazendo com que sur- funcionamento da pilha, ou seja, a velocida- metal é consumido por outro, através da corrente
jam campos minados de pilhas de corrosão, de com que ocorre a corrosão. Finalmente, elétrica induzida pela reação química entre os dois
metais.
provocando uma desconjuntada surgência corrosão no concreto armado significa sur- Relaxação - Perda de tensão que ocorre no
de potenciais cada vez mais negativos. Esta gência de voltagem e amperagem na estru- concreto submetido à deformação constante. Muito
característico no concreto protendido, com a perda
mudança de potenciais, tipicamente de pas- tura, perfeitamente detectáveis. de protensão.
sivos para ativos, significa o início de um Fluência - Deformação permanente do concreto
sob carga suficientemente alta e contínua, com o
processo irreversível de corrosão. A corrosão em gráficos passar do tempo. Resistência de fluência,
Uma radiografia da pilha de corrosão evi- Recuperação da fluência, Limite de fluência e Teste
de fluência são termos pertinentes ao fenômeno.
dencia a presença de uma região típica cha- A discussão para compreensão do proces- Série galvânica - Lista de metais e ligas arranjada
mada anódica, onde o ferro forma depósitos so de corrosão é melhor apresentada na de acordo com seus potenciais, relativos em um
determinado ambiente.
de óxidos e hidróxidos, e regiões vizinhas forma de gráficos, em que compara-se o Pilha galvânica - Pilha eletrostática capaz de pro-
chamadas catódicas que, literalmente, ali- potencial (os volts ali presentes) e a conse- duzir energia por ação eletroquímica.
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A força galvânica e o efeito das áreas


A característica mais importante em uma pi- gue-se cobrir com epóxi uma região anódica
lha galvânica, propositadamente criada ou corroída, de modo a impedir que ali ocorra
não, é a intensidade de sua ação. A quanti- qualquer tipo de reação. Desta forma, ficam
dade de corrente ou, mais especificamente, buracos ou furos na superfície da pintura que
a densidade de corrente (corrente dividida “reveste” a armadura, estabelecendo-se aí
pela área da armadura) é que determina esta pequenos anodos, suficientes para dar um
intensidade. sacode de corrosão na armadura com a força
O efeito das áreas é fator de extrema impor- da implosão das torres gêmeas, originando
tância na corrosão galvânica, ou seja, a rela- profundos pites.
ção entre as áreas catódica e anódica. À medi-
Velocidade de corrosão do anodo

da que a relação entre as áreas catódica/anó-


40
dica aumenta, ou seja a área do catodo au-
menta em relação à do anodo, a velocidade 30

de corrosão da região anódica se intensifica


de forma acelerada. Haverá muita corrente 20

em pouca área, intensificando a corrosão.


10
Um exemplo prático para explicar esta im-
portantíssima propriedade recai na errada e 0

antiga estratégia de se pintar as armaduras 1 2 3 4 5 6

Área do catodo/área do anodo


com epóxi. Na vida real, dificilmente conse-

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E
Survey fPractice
C1
Evolução de um processo de A1

POTENCIAL (volts)
corrosão. Até o ponto 2, a velocidade Fluxo de
C2 elétrons
era pequena. Do ponto 2 para o 3 ela C3
aumenta muito. Repare que,
A2
paralelamente, os potenciais ficam ECORR1

Argamassa ou grout de “recuperação”


1 A3
mais negativos.

Armadura com área catódica

Armadura com área anódica


ECORR2 2

Concreto original
ECORR3
3

iCORR1 iCORR2 iCORR


3
DENSIDADE DE CORRENTE (log)
(velocidade da corrosão a)

cos que relacionam os potenciais existentes (ou volts)


com a velocidade da corrosão ou densidade da corren- Fluxo de íons
através da solução
te (corrente ÷ área da armadura) pode ser obtida facil- existente nos
vazios da massa e
mente em laboratório. Resumindo: as curvas anódica e que irão alimentar
a corrosão na
catódica de polarização dos dois braços são a chave região inferior
da armadura.
para a compreensão da velocidade de corrosão nas ar- Uma típica forma de “recuperação” estrutural
maduras do concreto. Existem diversas normas ASTM onde “trata-se” apenas a metade da superfície da
armadura corroída. O processo de corrosão é
que podem ser consultadas para obter dicas das termi- contínuo e inexorável. Está a caminho o total
nologias e procedimentos para obter as curvas de pola- comprometimento das armaduras. A linha
tracejada é o limite da “recuperação”.
rização. Algumas delas são a ASTM G102, G59, G3 e G15.
Por exemplo, no gráfico ao lado, a sucessão de pontos de corrosão superior a obtida com a reta
pretos (potencial-corrente) obtidos posicionam para A1. No entanto, muita atenção deverá ser
uma evolução na velocidade da corrosão. Especifica- dada à posição da reta catódica C2, pois
mente, neste exemplo, a reta que define o comporta- tende para a esquerda, freiando o proces-
Nesta foto está claro o tratamento mento do braço anódico A2 apresenta uma velocidade so. Muito embora sua reta anódica evolua
feito há cerca de 6 anos atrás, com
“pintura inibidora de corrosão em
base polimérica”. As pilhas de corrosão
qüente corrente elétrica circulante, tanto no
As pilhas eletroquímicas estão diretamente liga-
braço catódico quanto no anódico. Ou seja, das à corrosão do concreto armado/protendi-
E
à medida que a queda de braço se desen- do. São formadas por um anodo (onde aconte-
ce a corrosão), por um catodo (onde ocorrem as
volve, mede-se o potencial e a corrente de
reações de redução que alimentam a corrosão),
cada braço, estabelendo-se uma curva (ou um eletrólito ou solução que contenha íons e que
POTENCIAL (volts)

reta) para cada uma delas. A partir do mo- fluam do catodo para o anodo e, finalmente, a
ligação metálica, ou seja o próprio aço, por onde
mento em que começa a queda de braço, o
fluem os elétrons do anodo para o catodo. A
potencial da região (reta) anódica tende a pilha é caracterizada por uma queda de potenci- Corrente crítica

aumentar e o potencial da região (reta) ca- al (E) entre seus polos, dada por Epilha = Pcatodo - passivo
Panodo.
tódica tende a diminuir. Até que ambos atin- Potencial de
O aço de construção, após o início da corrosão, ativo
passivação

jam em valor comum, na interseção, com naturalmente tende a tornar-se passivo, devido
potencial (ECORR) e a densidade da corrente a formação de uma película fina e aderente de
óxido ou outra substância insolúvel na sua su-
(ICORR) de corrosão comuns ou do par. Re- DENSIDADE DE CORRENTE (log)
perfície. Este estado de passivação faz com que
pare que para ambas as reações, a corrente esta região ainda funcione como área catódica. Curva característica do aço de construção. Re-
aumenta. É comum dizer então que aquela No entanto, a presença de íons indesejáveis na pare que a velocidade da corrosão, diretamente
massa do concreto, principalmente os cloretos, proporcional a corrente que circula no aço, cres-
região anódica está sofrendo uma polariza-
destroem esta passividade ou simplesmente im- ce, fica constante (ou seja é a passivação do aço)
ção anódica e a região catódica está so- pedem sua formação, não de uma forma gene- e depois volta a crescer novamente.
frendo uma polarização catódica. A posi- ralizada e sim em pontos localizados, formando-
se, então, pequenos pontos mais ativos na su- sivante, inicia-se novamente a corrosão.
ção dos pontos de interseção das retas é Outros casos de corrosão nas armaduras, que
perfície do aço (anodo) circundados por gran-
uma indicação da velocidade com que se des áreas ainda passivadas (catodos), provo- não dependem propriamente do aço ou da ação
desenvolve a queda de braço entre os dois cando diferenças de potenciais que geram cor- galvânica e sim do ambiente chamado concreto,
rentes de corrosão. Este comportamento ativo- ocorrem com freqüência. Por exemplo, a solu-
atores, ou seja, a corrosão como um todo
passivo é bem característico do aço da constru- ção existente nos vazios do concreto freqüente-
naquela região da armadura. O gráfico aci- ção, pela formação de pilhas ativas-passivas, mente apresenta concentrações diferentes ou te-
ma evidencia bem este desenvolvimento. A como no gráfico ao lado, onde se observa um
ores de oxigênio dissolvidos diferentes, provo-
início com o desenvolvimento acelerado da cor-
posição de um par de curvas (ou retas) ano- cando diferenças de potencial suficientes para
rosão até um ponto onde ocorre a passivação
do/catodo, no gráfico, anuncia a velocida- do processo (potencial de passivação). A partir detonar processos de corrosão nas armaduras.
de da reação. Logo, poderemos ter com a daí há uma diminuição até a total paralização do O primeiro caso é definido como pilha de con-
processo (trecho inclinado e vertical amarelo). centração iônica e o segundo, pilhas de oxige-
continuidade do processo de corrosão, di- nação diferencial.
Lá em cima, após o rompimento da camada pas-
ferentes velocidades. A obtenção de gráfi-
RECUPERAR • Março / Abril 2002 7
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para a direita. Desta forma, poderemos ter REAÇÃO ANÓDICA I
AAI
uma velocidade não tão grande quanto pa- Comportamento da superfície da armadura na antiga região anódica,
E antes da “recuperação”. Ou seja, a área à esquerda da armadura antes
rece, embora a velocidade da reação da cor- da “recuperação” (figura abaixo) submetida a uma “alimentação”
relativamente pequena (ponto verde de interseção) .
rosão (ponto preto 2 de interseção) eviden-
cie aumento. Muita importância, portanto, ECORR 1
REAÇÃO ANÓDICA II
Comportamento da superfície da armadura sob o concreto

POTENCIAL (volts)
deverá ser dada à reação catódica, pois é original são, adjacente à “recuperação”, agora tornada anódica

ddp existente
Diferença de
fator limitante ou acelerante no processo potencial
e com grande velocidade de corrosão (iCORR1). Ou seja, a área
da direita da armadura depois da “recuperação”. Repare que
de corrosão do concreto armado, devido, criada. temos um mesmo ambiente, porém com forte “alimentação”
Repare que o (reta catódica laranja e o ponto de interseção inferior verde).
principalmente, à disponibilidade do oxigê-
potencial AII
nio dissolvido. Por sua vez, C3, impõem uma evolui para
aceleração na processo de corrosão. As valores mais ECORR1 ÚNICA REAÇÃO CATÓDICA
2 Devido à similaridade entre a massa de recuperação
negativos.
retas A, para o aço da construção, com a utilizada e o concreto original, induzindo uma mesma
difusão de oxigênio para as duas regiões.
continuidade do processo de corrosão, têm C
o comportamento ativo-passivo demons-
trado no box da página anterior, isto é, co- iCORR iCORR1
meçam retas e fazem uma curvinha, demons- DENSIDADE DE CORRENTE (log)
trando interesse em se passivar. (velocidade de corrosão a)
O aumento da velocidade da corrosão com a “recuperação” executada.

Com a recuperação tradicional A lógica deste lugar comum é que quando


os problemas aumentam. se “trata” daquela maneira uma região cor-
roída, na verdade se remove da estrutura uma
O que vemos na prática da recuperação área anódica em estado terminal. Ora, esta
estrutural convencional de quarenta anos região anódica tinha pulsação, tinha “vida”,
área recuperada concreto original porque recebia “alimentos” das regiões ad-
jacentes catódicas. Enquanto esta transfu-
mesmo fluxo de pH inferior, são incentivada ocorria, as áreas adjacentes
água e oxigênio presença de íons cloretos estavam protegidas porque simplesmente
corrente iônica
eram catodos. Para facilitar ainda mais a com-

OH– OH– OH– preensão de toda esta desordem eletroquí-
OH– OH – Fe(OH)2 mica pode-se imaginar que o sistema imu-
OH
OH–
catodo corrente eletrônica anodo nológico do concreto armado tivesse sido
e– e– e–
contaminado pelo vírus dos íons cloretos,
Nota-se perfeitamente o “tratamento”
Fe a Fe++ + 2e– imposto às armaduras com “pintura que aceleram qualquer processo de corro-
½O2 + H2O + 2e– a 2OH–
Fe + 2OH a Fe(OH)2
++ –
inibidora da corrosão em base polimérica, são. A “recuperação” removeu a região anó-
dois componentes”.
dica contaminada com cloretos e, em seu lu-
Pilha de corrosão proveniente de uma de fundamental importância. O tratamento
“recuperação”. De forma não intencional, criou-
gar, aplicou uma massa nova, linda e maravi-
se uma diferença de potencial entre o concreto que sempre se propõe a fazer, com aquela lhosa, repleta de oxigênio e água. Um perfei-
original e a região “recuperada”, suficiente para sinistra garantia de cinco anos, implica no to catodo, ideal fornecedor de “quentinhas”
acelerar a corrosão de diminutas pilhas de
corrosão anteriormente existentes no lado corte do concreto em torno da armadura cor- para as áreas adjacentes, anteriormente ca-
“bom”. Glórias para a corrosão! roída, expondo-a até a “região onde não há tódicas e que agora tornar-se-ão anódicas
para cá, é a quantificação dos problemas de mais sinais de corrosão em sua superfície”. porque estão bem ou mal contaminadas.
corrosão apenas com base nas regiões sin- Após a limpeza da armadura, aplicam-se ar- Certamente apresentando um pH inferior à
tomáticas visíveis, como trincas e desplaca- gamassas pré-fabricadas “específicas con- massa da “recuperação” e com “alimenta-
mentos. Isso é falho porque sempre há pi- tra a corrosão”, pintando primeiro a superfí- ção” garantida. Ou seja, um ponto cheio de
lhas de corrosão incipientes ao longo do res- cie das armaduras com epóxi “rico em zin- hidroxilas, matéria prima para a formação dos
to das armaduras que logo provocarão no- co”. Invariavelmente este castelo de areia produtos de corrosão.
vos desplacamentos. O uso da semi-pilha e na beira do mar começa a se desfazer num A mecânica desta gravidez corrosiva sem
da medição da resistividade torna-se obri- prazo de dois a cinco anos. O corpo a corpo vontade e sem desejo tingiu dois predado-
gatório, senão vital, ao responsável técnico com o ambiente é que dirá exatamente o res até então transparentes à nossa percep-
pela recuperação, pois funciona como uma tempo de validade do serviço, pelo fato das ção:
radiografia da situação da estrutura frente à armaduras pertinentes e em torno da “recu- • Uma força eletromotriz originada pela que-
corrosão. peração” começarem a corroer. Esta situa- da de potencial entre armadura pertinente
A outra metade da laranja podre é a forma ção é perfeitamente detectável a curto pra- à massa da “recuperação” e à do concreto
como executamos nossas recuperações. Im- zo, apenas com uma semi-pilha, que acusará original, e o ...
põe-se-lhes apenas um tratamento físico, potenciais bem negativos nesta região. Este • Aumento substancial da relação entre as
seja aplicando uma barreira com epóxi ou, fenômeno, vulgo “anel anódico”, é bastante áreas catodo/anodo nas armaduras.
simplesmente, uma argamassa polimérica. Ig- conhecido, mas pouco compreendido pelos No gráfico potencial-corrente abaixo, veri-
nora-se o aspecto químico ou eletroquímico técnicos que fazem recuperação estrutural. ficou-se a presença de uma diferença de po-
8 RECUPERAR • Março / Abril 2002
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Repare que neste gráfico, feita com material mais poroso ou, em ou-
REAÇÃO ANÓDICA I devido a utilização de uma
AI
Comportamento da superfície da massa polimérica totalmente tras palavras, “alimentação” escassa para
E
armadura na antiga região diferente do concreto o desenvolvimento da reação anódica. É o
anódica, antes da “recuperação” original, estabeleceu-se um que se vê neste outro gráfico. É importante
CI
novo ambiente totalmente
ECORR estranho, impondo uma notar, uma vez mais, que o potencial de cor-
REAÇÃO CATÓDICA I
rosão ECORR e a velocidade da corrosão iCORR
POTENCIAL (volts)

“alimentação” diferente (reta


Referente ao antigo concreto
catódica marrom).
envolvente, na zona da armadura “recuperada” ou da armadura
recuperada e que foi cortada. ainda intacta (envolta no concreto original)
REAÇÃO ANÓDICA II
Comportamento da superfície da armadura é, por definição, a interseção das curvas
AII
ainda sob o concreto original são, adjacente anódica e catódica representadas no gráfi-
à “recuperação”, agora tornada anódica e co. Como cada situação oferece uma curva
ECORR1 com grande velocidade de corrosão (iCORR ).
1 anódica e catódica, ou seja, a armadura sob
REAÇÃO CATÓDICA II a “recuperação” tem um par de curvas anó-
CII Mais lenta, devido ao baixo fluxo de oxigênio dica/catódica assim como a armadura sob
na armadura promovido pela argamassa
iCORR iCORR1 polimérica utilizada na “recuperação”. o concreto original tem o seu par, ao utili-
DENSIDADE DE CORRENTE (log) Em relação ao gráfico anterior há uma zarmos uma estratégia de “recuperação” em
diminuição na velocidade da corrosão. No que modifica-se o acesso de oxigênio à ar-
(velocidade de corrosão a)
entanto, a corrosão avança.
madura, isto em relação ao concreto origi-
nal, obrigatoriamente teremos não três cur-
vas como no gráfico anterior e sim quatro
(gráfico ao lado).
Finalizando, muita atenção deverá ser dada
Uma típica ao tratamento nas armaduras em processo
“recuperação”
estrutural no
de corrosão. A aceitação da corrosão como
fundo de uma um estado eletroquímico, naturalmente,
marquise. Perigo obriga o levantamento dos potenciais e
a vista.
correntes existentes e a imposição de uma
solução também eletroquímica.
Fax consulta nº 04

Para ter mais


informações sobre
Corrosão.
usar argamassa ou concreto de recuperação
similar ao concreto original da peça estrutu-
ral, ou seja, com a mesma resistividade.
A mudança da curva anódica AI, que refle-
tia a situação da antiga região da armadura REFERÊNCIAS
corroída e agora “tratada”, para a curva AII, • Joaquim Rodrigues é engenheiro civil, membro de
diversos institutos nos EUA, em assuntos de patolo-
foi motivada pela incompatibilidade eletro- gia da construção. É editor e diretor da RECUPE-
química criada pelo corpo a corpo entre os RAR, além de consultor técnico de diversas empresas.
dois ambientes agora existentes. A região • ACI Committee 222. Corrosion of Metals in Concre-
“Recuperação” com pintura inibidora de te, ACI 222R-96. Manual of Concrete Practice Part I,
corrosão.
“recuperada” apresenta alto pH em relação American Concrete Institute.
ao concreto original, seguramente inferior. • ASTM G 3. Standard Practice for Conventions Ap-
tencial entre a superfície da armadura en- A similaridade entre as massas de recupe- plicable to Electrochemical Measurements in Corro-
volvida pela “recuperação” e a superfície sion Testing. American Society of Testing and Mate-
ração e o concreto original impõem ambi- rials.
da armadura adjacente com concreto origi- entes idênticos de transporte iônico. No en- • Cook, H. K. and W.J. McCoy. Influence of Chloride
nal, que apresentava pilhas de corrosão. A tanto, esta nova masa, inicialmente rica em in Reinforced Concerte. Chloride Corrosion of Steel
in Concrete, ASTM STP 629, D.E. Tonini and S.W.
antiga região anódica da armadura (curva água e oxigênio, promove uma aceleração Dean, Jr., Eds., American Society for Testing Materi-
amarela) virou casaca e tornou-se catódica na corrosão. O resultado é o ponto de in- als.
pela “recuperação” e a região tranqüila vi- terseção mais adiante, induzindo grande ve- • Gu, P., J.J. Beaudoin, P.J. Tumidajski, and N.P.
Mailvaganam. Electrochemical Incompatibility of
zinha da mesma armadura, anteriormente ca- locidade de corrosão. Patches in Reinforced Concrete.
tódica, envolvida ainda pelo concreto ori- Por outro lado, se utilizar um material de • Hime, W. and B. Erlin. Some Chemical and Physi-
ginal em “perfeito estado”, tornou-se um “recuperação” totalmente diferente do con- cal Aspects of Phenomena Associated with Chloride-
Induced Corrosion. Corrosion, Concrete, and Chlori-
belo anodo. creto original, que reduza o fluxo de oxigê- des, Steel Corrosion in Concrete: Causes and Res-
A presença de apenas uma curva (reta) ca- nio à superfície das armaduras, tem-se uma traints, ACI SP-102, F.W. Gidson, Ed., American
tódica é justificado pela “estratégia” de se Concrete Institute.
reação catódica mais lenta que a anterior

RECUPERAR • Março / Abril 2002 9


ANÁLISE

Temperatura ambiente
desta ordem impõe
condições térmicas bem
superiores nas estruturas.

Graças a alta precisão de sensores


de fibra ótica, torna-se possível
monitorar o comportamento do
concreto armado durante sua fase
de endurecimento e cura final. O
conhecimento das grandes e
prematuras deformações a que fica
exposto, permite identificar o
inerente nível de tensões
existentes, particularmente durante
o seu primeiro dia de vida. Estas
tensões, na maioria dos casos, são
responsáveis pela surgência de
fissuras e trincas que se
desenvolverão durante a vida da
estrutura. A instalação de sensores
de fibra ótica permite o
monitoramento da importante fase
de expansão térmica, da fase de
Instalação de fibra ótica em uma peça de concreto resfriamento e das fases de
armado para análise. Os resultados estão ao lado. retração.

Carlos Carvalho Rocha

O concreto muda de volume.


Sua monumental rede de vazios funciona como o pantanal. Entenda este
funcionamento antes que ocorram problemas.

O concreto, de um modo geral, perde volu- te de areia e pedra faz entrar em cena o con- mente junto a pilares esbeltos, paredes e
me devido a intensa retração que ocorre nos creto, cujo ambiente é caracterizado pela até mesmo sapatas. Uma vez o concreto en-
primeiros 3 meses, algo em torno de 75%. A pasta que, já de início, promove uma pri- durecido, estas juntas de isolamento trans-
adição de água ao cimento portland promo- meira mudança de volume. formam-se em juntas de controle para aco-
ve a surgência da pasta que, rapidamente, Quimicamente falando, podemos dizer que modar outros tipos de mudanças de volu-
transforma-se em gel. A adição subsequen- este ato inicial é característico das primei- me.
ras horas após a dosagem do concreto em
GLOSSÁRIO que a reação do sulfato de cálcio com o A retração plástica
Retração - Diminuição de volume causada por aluminato de cálcio, para formar o sulfoalu-
mudanças químicas e/ou na secagem do concreto,
em função direta do tempo pós concretagem. minato de cálcio (etringita), resulta num Durante a transformação da fase plástica
Fluência (creep) - Imagine uma peça estrutural aumento do volume da massa. Devido a este do concreto para a fase endurecida, ocorre
submetida a carregamento constante. É o aumento
contínuo de sua deformação, em relação ao tempo. conhecido processo de expansão, torna-se primeiro o aumento de volume (veja gráfico
Deformação lenta sob tensão. A fluência primária é necessário dimensionar juntas de isolamen- acima) seguido de uma diminuição, à medi-
quando a velocidade da deformação é decrescente.
A fluência secundária é com velocidade constante. to nos locais onde possa haver restrições da que o concreto perde sua água, seja pela
A terciária é com velocidade acelerada. ou limitações a este movimento, principal- própria absorção dos seus componentes
Continua na pág. 14
10 RECUPERAR • Março / Abril 2002
Situação inicial. Situação descontrolada. Situação controlada.

A secagem das quatro laterais das vigas foi vapor que vem do solo. À medida que o
GLOSSÁRIO feita de maneira igual, apresentando uma concreto seca, sua superfície superior sen-
Mudança de volume - Aumento ou diminuição retração linear bem uniforme. E para o caso te bem mais rápido este efeito. Lógico que
no volume (comprimento, largura e espessura).
Deformação - Mudança na dimensão ou forma
de uma peça, devido à tração, retração por seca-
gem e mudanças de temperatura.
Restrição - Limitação ao livre movimento de uma
peça de concreto. Restrição pode ser interna ou
externa, podendo atuar em uma ou mais direções.
Junta de construção - Muito comum, é uma
junta localizada em determinada região da estrutu-
ra como conseqüência da interrupção da concreta-
gem.
Junta de dilatação - Junta bem definida ou pré-
determinada que atua regulando a localização e o
grau de fissuramento ou trincas, além da separação
resultante das mudanças dimensionais de diferen-
tes peças de uma estrutura.

seja pela evaporação da água. Esta segun- Concreto com alto teor de umidade (alta umidade relativa UR) cresce em volume.

da ação é bastante comum nas concreta-


gens onde há baixa umidade relativa, vento
de um grande piso de concreto, como se perdendo volume bem rapidamente também.
e sol intenso. Acontecendo ainda a surgên-
comportará ? Vamos considerar um piso Ou seja, sua superfície superior retrai mui-
cia de trincas por retração plástica, da or-
industrial de concreto armado executado to enquanto a inferior pouco, ou quase
dem de 1 a 2 milímetros, uma hora após o
sobre uma lona preta de polietileno bem nada. As extremidades da laje retraem bem
início da concretagem. De um modo geral,
resistente, de modo a servir de barreira ao rápido e o centro muito pouco. As conse-
dever-se-á utilizar METACRILATO para
monolitizar estas trincas e fissuras. O tra- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

balho de prevenção pode ser feito jatean-


do-se uma névoa com um pequeno hidroja-
to, apontando-se a pistola sempre para o TRINCAS EM PISOS DE CONCRETO?
alto, de modo a impedir a secagem prema-
tura. SINISTRO, MUITO SINISTRO!
A retração por secagem

Uma vez obtida sua pega inicial, o concreto


já é considerado em estado endurecido.
Desta forma, baixa o taxímetro da retração
por secagem. Um estudo recente sobre re-
Aplique hoje mesmo METACRILATO e
tração por secagem feito pela U.S. Bureau
of Reclamation em pequenas vigas de con-
considere o crime resolvido.
creto de 10 cm x 10 cm x 100 cm de compri-
mento, utilizando-se diferentes tipos de ci- O que as trincas e fissuras fazem em um piso de concreto, seja
mento, evidenciou o que pouca gente sabe industrial ou comercial, é um verdadeiro crime. Combata estes efeitos
sobre retração por secagem: com a melhor e mais eficiente arma: METACRILATO. É só verter ,
espalhar e pronto. Acaba-se o sinistro. METACRILATO restitui, em
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RECUPERAR • Março / Abril 2002 11


qüências ? Bem, os sintomas visíveis apa- para executar furos suficientes, de modo a
recem na forma de empenamentos a partir permitir a saída da calda, evitando o le-
do perímetro e das bordas do piso. Os sin- vantamento das placas. Considerando-se
tomas que nimguém vê são bolsões que o processo demorado de secagem apre-
surgem entre o piso e o solo. Como a resis- sentado anteriormente sugere-se aquilo
tência à tração e flexão do concreto é pe- que todo mundo sabe e quase não faz: es-
quena nestas placas, à medida que empi- perar 28 dias para aplicar revestimento
lhadeiras ou outras cargas carregam o piso, epóxica no piso. Ainda assim com grande
começam a surgir trincas e fraturas. A so- risco, já que o piso epóxico rígido vai ficar Concreto feito com cmento K. Ausência de juntas
de controle neste piso de refinaria.
lução para estes bolsões é a injeção de exposto a um processo de retração corres-
calda de cimento, tomando-se o cuidado pondente ao dobro do que sofreu naque- les primeiros 28 dias. Dificilmente resistirá
sem sofrer fissuras.

O movimento térmico

Como qualquer outro material, o concreto


também está sujeito às leis da termodinâmi-
ca e tem valores bem característicos. Seu
coeficiente linear de dilatação térmica é tes-
temunha, assim como varia de acordo com
os agregados utilizados na sua preparação.
Na tabela a seguir apresentamos os agre-
gados utilizados no concreto submetidos a
um aumento ou diminuição de temperatura
de 40°C. Causará, por exemplo, ao concreto
O concreto, como qualquer outro material muda de volume quando submetido a mudanças de temperatura.
com quartzo, uma mudança de comprimen-
Aumentando a temperatura ambiente, aumenta o volume do concreto. Inversamente, se diminui a temperatura, to de 0,066% em uma dada dimensão de um
há uma redução no volume do concreto. Vamos tomar como exemplo um concreto com coeficiente de
dilatação térmica de 9x10-6mm/mm/ºC. Uma mudança de 40ºC em um comprimento de 30m provocará um
piso ou até mesmo em uma parede feita com
aumento de 22mm. este agregado.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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12 RECUPERAR • Março / Abril 2002


de reações físico-químicas em
Coeficiente de dilatação térmica Cura úmida Secagem ao ar
seu ambiente interno e no que

COMPRIMENTO DA ESTRUTURA
do concreto em 7 dias
o cerca. O resultado final é uma
função do agregado empregado
retração perniciosa que torna-

Expansão
Tipo de agregado Comprimento em % para 40°C rá sempre a um volume final
Quartzo 0,066
Concreto com retração
compensada (K)
menor que o inicial. Para obras
importantes em que o volume
Arenito 0,065
lançado é significativo, assim
Granito 0,053 como todo período de retra-
0
Basalto 0,048 ção deve ser evitado, usar-se-

Contração
Calcário 0,038 Concreto de á o cimento tipo K, que tem
cimento
portland como característica promover,
Temperatura é coisa séria e tem importante após a cura, o retorno gradual
IDADE do volume da massa à situa-
relação com o comportamento do concre-
ção dimensional original.
to. Um aumento ou diminuição na tempe-
forçá-lo pode ser motivo de preocupação O concreto feito com cimento tipo K é nor-
ratura ambiente provocará um aumento ou se a película do revestimento ou o com- matizado pela ASTM C845 EI. O gráfico ao
diminuição no volume da massa do con- pósito (resina-fibra-resina) de reforço ti- lado evidencia, comparativamente, o seu
creto. Isto sem considerar o tamanho e a ver um comportamento exagerado. Ou seja, comportamento.
forma da estrutura. Claro que estruturas apresentar mudanças freqüentes e rápidas
bem expostas à ação do sol e formadas com a temperatura. Fax consulta nº 10
por peças arrojadas apresentarão um mo-
vimento térmico mais acentuado. As resi- A expansão
nas epóxicas, assim como todos os reves-
timentos poliméricos utilizados para reves- Para ter mais
A expansão é o inverso da retração. Pode- informações sobre
tir ou reforçar o concreto, também estão mos afirmar que a retração por secagem, Cimentos.
sujeitas a leis da termodinâmica e possu- que ocorre no concreto, é função da sua
em coeficientes de dilatação térmica espe- perda d’água ou umidade que ocorre na
cíficos. Assim, a diferença relativa entre o estrutura. Um detalhe que não foi apre-
coeficiente de dilatação térmica do con- sentado e que merece atenção é o fato de
creto e da resina que irá revesti-lo ou re- que nem toda a retração por secagem é REFERÊNCIAS
reversível. O processo de secagem inicial, • Carlos Carvalho Rocha é engenheiro civil,
que provoca a saída da água mais intensa, especialista em serviços de recuperação.
• Feldman, Sereda and Ramanchandran “A stu-
existente nos grandes e médios capilares dy of length changes of compacts of portland
durante a fase de mutação do estado plás- cement on exposure to H O”.
tico para o endurecido, é considerado irre- • Beandoin, J.J. and Feldman 2
R.F. “Stresses and
versível e representa uma perda de massa strains in the hardened cement postewater sys-
tem”.
de 4% para o período inicial das primeiras • Litvan, G.G., “Volume instability of porous
12 horas. Já na sua fase adulta, o concreto solids: Part 2, dissolution of porous silica glass
fica submetido a ciclos de umedecimento in sodium hydroxide”.
• Feldman, R.F. “Mechanism of creep of hydra-
e secagem considerados totalmente rever- ted portland cement paste”.
síveis e representam uma perda de massa • Soroka, I., and Setter, N., “The effect of filler
que varia de 1 a 2%. or strength of cement mortars”.

O cimento tipo K
Concreto com retração compensada nesta RECUPERAR online
estação de tratamento de esgotos devido a
resistência aos sulfatos e ausência de trincas e Como vimos, todo o concreto está sujeito a www.recuperar.com.br
fissuras por retração. mudanças de volume como conseqüência
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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RECUPERAR • Março / Abril 2002 13


TAMINAÇÃ MEIO AMBIENTE
N
O
CO

REVISTA DO INSTITUTO DE PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO

L
M
A

B I E N T

Michelle Batista

Contaminação do solo
Indústrias, esgotos sem coleta e tratamento, vazamentos, lixões, valões...
Solo envenenado bem perto de nossas casas.

A contaminação do solo é um problema cerca de 2.000 anos atrás, exatamente nos O problema
nacional que aumenta e não tem solução. trabalhos de mineração do chumbo e, mais
Já contamina pessoas mais chegadas aos recentemente, como herança da revolução Solo contaminado é aquele que contém
locais sinistros. Não há solução imediata. industrial. A fonte de contaminação de solo substâncias perigosas que, provavelmen-
Não há plano de trabalho específico e não varia desde o simples depósito do lixo ur- te, afetarão qualquer tipo de trabalho que
há vontade política. A quem devemos ape- bano, o conhecido lixão, ou lixãobrás já se faça sobre ele, principalmente o da cons-
lar? Analisando o problema de forma his- que é sucesso nacional, até os derrama- trução civil. Solos assim configurados, obri-
tórica, vamos encontrar os primeiros si- mentos que ocorrem em todas as ativida- gatoriamente, necessitam de investigação
nais de contaminação na Roma antiga, há des industriais, particularmante na área pe- e análise, de modo a quantificar-se a sua
troquímica. Além, claro, do plantio indus- periculosidade e dimensionar-se sua recu-
GLOSSÁRIO
trializado repetitivo. Os contaminantes tem peração. Não se tem noção, a nível nacio-
a forma sólida, líquida e gasosa. Adentram nal ou regional, da área de solos contami-
Aquífero - Formação permeável que permite a
passagem da água suficiente a fluxos d’água do solo.
no solo, reagem quimicamente com seus nados e do seu grau de afetamento. O fato
Água artesiana - Água do solo, sob pressão componentes, atingem a água freática e até é que, mesmo nós que vivemos nas cida-
suficiente, que sobe facilmente acima do nível em o concreto armado enterrado das funda- des mais importantes do país, já convive-
que é encontrada, quando interceptada por poço.
ções. mos com este tipo de problema perto de
Continua na pág. 20
RECUPERAR • Março / Abril 2002 15
nossas casas. Vide canais, rios e lagoas que
Vazamento de metais pesados nos cercam. Estima-se que 40% dos terre-
na Baía de Sepetiba, RJ nos que iniciam algum tipo de negócio têm
ou já tiveram alguma utilização, daí serem
Não é visão lunar. É a chamados de “terrenos de segunda mão”.
grande lagoa de lama Seguramente, algum deles apresentam con-
química, que já afetou
o solo, o lençol taminação.
freático e a própria Terrenos contaminados precisam ser iden-
Baía de Sepetiba,
grande produtora de
tificados de uma maneira a caracterizar... sua
camarões. natureza, extensão da contaminação e, cla-
ro, até onde vai a ameça à saúde e ao ambi-
ente.
das de lama mistura- Cada um de nós, certamente, tem alguma
da a metais pesados história sobre solo contaminado onde nada
como chumbo, cádmio foi feito, ou seja, não se sabe exatamente o
e zinco. que há ali, a extensão do problema, eviden-
Em 1996, os rejeitos ciando o descaso e o amadorismo de nos-
industriais da Compa- sos órgão públicos, mesmo sabendo que já
nhia Ingá transborda- compromete a população adjacente àquela
ram, lançando nos manguezais e na Baía área.
O Ministério Público (MP) estadual e o de Sepetiba 50 milhões de litros de água
Ibama solicitaram à Procurado- e lama misturados a metais pe-
As fontes de contaminação
ria Geral da República a indispo- sados. A empresa foi condena-
nibilidade dos bens da família Bar- da, através de ação no MP, a
reto, dona da Companhia Mer- construir um depósito industrial Onde há gente, há contaminação. Natural-
cantil Ingá, na Ilha da Madeira, e a remover todos os rejeitos só- mente em concentração extremamente bai-
em Itaguaí, RJ. Desativada desde lidos que circundam o pátio indus- xa e sem maiores comprometimentos. No
1997, a mineradora virou um de- trial. Até hoje, no entanto, se- entanto, onde há indústrias a coisa muda e
pósito de dejetos industriais cer- gundo a Apedema, nada foi fei- torna-se extremamente perigosa, porque
cado por uma grande lagoa arti- to. certamente há vazamentos de contaminan-
ficial que se formou a partir de diques cons- Dirigentes da entidade ambientalista entre- tes e garantida a presença de subprodutos
truídos para conter o lixo químico. A pedido garam, em novembro, ao Ibama, em Brasília, tóxicos em contato físico (e químico) com o
da Assembléia Permanente de Entidades de um dossiê alertando para o transbordamen-
solo.
Defesa do Meio Ambiente (Apedema), o MP to contínuo de metais pesados na Baía de
fez vistoria conjunta com o Ibama e a Feema Sepetiba nos períodos de chuva. Os ambien-
nos diques da Ingá para checar as instala- talistas temem o rompimento do frágil dique,
ções que já deixaram vazar metais pesados o que poderia ter graves conseqüências para
na Baía de Sepetiba. A mineradora guarda o ecossistema e as populações da Baía de
ASSINE JÁ.
no seu pátio cerca de dois milhões de tonela- Sepetiba.
R$ 70,00 /ano
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

16 RECUPERAR • Março / Abril 2002


Metais pesados poluem os rios do RJ
nação tanto na água como no sedi-
mento por alumínio, arsênio, cobre dose, da química da substância e da forma
e zinco. como foi introduzida no organismo, ou seja,
• Na Lagoa de Araruama, o estudo por ingestão, absorção ou inalação. Os sin-
da CPRM encontrou em amostras tomas poderão aparecer de imediato, pro-
de água dos rios que lá desaguam vocando náuseas, vômitos, inconsciência
alumínio, selênio e chumbo. e até a morte. Pior do que os sintomas ime-
• Há contaminação por alumínio e zin-
diatos, que certamente permitem a rápida
co nos rios Capivari e São João, que
identificação da causa, são o apareamento
desaguam na Lagoa de Juturnaíba,
de doenças crônicas associadas à exposi-
cujas águas abastecem cidades da
ção constante ou parcial daquelas substân-
Região dos Lagos.
cias tóxicas. A contaminação não afeta ape-
Os riscos dos metais pesados
nas nossa saúde e a dos animais que nos
cercam, mas também as estruturas, particu-
• Alumínio (Al) - Altas concentrações larmente o concreto armado com relação à
causam mal de Alzheimer, laringite sua durabilidade, a começar pelas sapatas
crônica e paralisia das pernas. e estacas de fundação que estão (veja RE-
• Arsênio (AS) - Em altas concentra- CUPERAR n° 32) em contato com solo con-
Os principais rios do estado estão em situa- ções na água e no solo, causam câncer de taminado. Até o plástico sofre estas conse-
ção crítica, segundo relatório da Companhia pele. Em solos, provocam toxicidade em qüências.
de Pesquisas de Recursos Minerais das Mi- vegetais e no gado.
nas e Energia. O estudo mostra altos índices • Cádmio (Cd) - Acumula-se no organismo Quem polui
de contaminação por metais pesados nos rios. humano pela ingestão de peixes contami-
Entre eles o Paraíba do Sul e seus afluentes, nados ou da própria água. Causa calcifica- A relação abaixo mostra os indústrias que
usados para captação de água para abaste- ção e disfunção renal, deformação nos poluem o solo. A relação causal entre a an-
cimento. No primeiro mapeamento feito em ossos, hipertensão e câncer. tiga atividade do local e a contaminação do
20 anos foi analisada a água de cem rios do • Chumbo (Pb) - Muito tóxico. Acumula-se
solo permite ao patologista identificar, com
estado. Em 72 foram constatados altos índi- nos ossos. Causa danos irreversíveis ao
alguma precisão, o(s) tipo(s) de contami-
ces de chumbo, cádmio, alumínio, arsênio, cérebro, tumores renais e outros carcino-
cobre e zinco. mas.
nantes. A concentração destes poluentes
• Cobre (Cu) - É essencial ao ser humano. só poderá ser obtida com a análise química.
Problemas em outros pontos Mas, em excesso, causa danos ao fígado e São poluidoras:
do estado ao cérebro. • Indústrias que produzem gases. São cam-
• Selênio (Se) - Também essencial. Em ex- peãs em poluição do solo, particularmen-
• No Rio Portela, que deságua na Lagoa de cesso provoca câncer e deformações nas te aquelas que promovem a queima do Car-
Jacarepaguá, foram encontradas 155ppm unhas e nos cabelos. vão. Cinzas ricas em metais pesados, além
de zinco na água e nos sedimentos, quan- • Zinco (Zn) - Essencial. Mas, em altos teo- dos resíduos do alcatrão, dos ácidos e fe-
do o padrão é de 70ppm. res causa problemas circulatórios e de con- nóis são cancerígenos.
• A Lagoa de Saquarema recebe água centração mental. • Industrias que fazem mineração de metais
de rios onde foi detectada contami- não ferrosos, como o cobre, chumbo e o
zinco. As águas industriais provenientes
destes locais são carregadas de metais
A simples demolição de uma casa ou um A natureza dos contaminantes pesados como o arsênico, cadmio etc,
prédio pode apresentar risco, em se tra- poluindo a água freática, rios e lagoas.
tando de local onde havia alguma utiliza- Quando nos expomos a um contaminante, Meios de corrosão produzem uma água
ácida e rica em sulfatos, extremamente
ção industrial, oficial ou clandestina. En- alguns efeitos aparecerão dependendo da
agressiva às peças estruturais de concre-
tão, o próprio material de demolição, que
to armado aterradas.
viajará sabe Deus para onde, criará outra GLOSSÁRIO • O famoso ferro-vermelho, que existe em
incerteza. Os conhecidos lixões que nos-
Alcatrão de hulha ou coal tar - Líquido escuro, todo lugar. É campeão de poluição do solo.
sas autoridades permitem que sejam cria- viscoso, formado na destilação da hulha. É uma Claro que depende do que está ali jogado.
dos em torno de áreas urbanas é uma fan- mistura complexa de substâncias ácidas (fenóis), Mas quase invariavelmente podem intro-
tástica fonte de contaminação porque ali básicas (anilina, piridina etc) e neutras (benzeno,
duzir no solo cianetos, sulfatos, ácidos,
nafta etc). É a fonte das substâncias aromáticas.
há lixo doméstico e industrial. Triste é sa- Hulha - Carvão de pedra ou carvão fóssil. O mais álcalis e várias substâncias orgânicas,
ber que muitos destes depósitos estão em importante dos combustíveis sólidos. Devido a além de óleos.
contato direto com o solo, envenenando a combustão, a hulha serve para a iluminação,
• As tinturarias que lavam e passam nos-
aquecimento e geração de energia. Com a destilação
água freática que muitas pessoas utilizam, sas roupas não ficam atrás. Utilizam co-
produz-se gases, o alcatrão e o coque.
através de pequenos poços.
RECUPERAR • Março / Abril 2002 17
Nafta polui o porto de GLOSSÁRIO

Paranaguá, no Paraná Benzeno - Produto derivado do alcatrão (de hulha).


É solvente aromático e substância intermediária para
O navio Norma da Petrobrás, carregado com ceos que vivem no local, o que é um desastre a obtenção de produtos fenólicos, estirenos epóxi e
22 milhões de litros de nafta, bateu numa para a população pesqueira local. Os sinto- nylon. Sua alta toxicidade se assemelha ao xileno,
estireno e tolueno, tornando-os perigosos e cada vez
rocha no porto de Paranaguá e teve um tan- mas imediatos de intoxicação são dores de mais usados. Funcionam como narcóticos quando
que rompido, provocando o vazamento de cabeça, náuseas e fadiga mental. Os sinto- altamente absorvidos pela organismo. É comum,
uma quantidade aproximada de 5 milhões de mas a médio e longo prazo são nervosismo e mas vítimas fatais, tecidos e órgãos internos
apresentarem odor destes produtos, particularmente
litros, em outubro último. O nafta do petró- falta de apetite com acentuada perda de
traquéia, laringe e pulmão. Uma obsorção
leo é predominantemente uma mistura de hi- peso. É freqüente encontrar-se pessoas mor- comprometedora do benzeno provoca sintomas
drocarbonetos parafínicos, podento conter tas quando trabalham sozinhas, em ambien- passageiros de dor de cabeça, dificuldade de
hidrocarbonetos aromáticos, incluindo-se aí tes quase que fechados, com betume ou sol- respiração, vertigem e algum distúrbio digestivo. As
sequelas manifestam-se através vertigens, catarro,
o benzeno e seus derivados, assim como as ventes do tipo nafta, benzeno, xileno ou to-
nervosismo e problemas cardíacos.
ciclo parafinas aromáticas. Altamente tóxi- lueno. Hidrocarboneto halogenado - Comporta-se
ca, certamente contaminou peixes e crustá- como solvente, com grande aplicação na indústria.
O tetracloreto de carbono, assim como o
tricloroetileno, percloroetileno e dicloroetano são fortes
solventes, desengraxantes e constituintes de tintas,
rantes e produtos químicos para tingir e substâncias perigosas exibem sinais claros vernizes e removedores de tinta. Provoca um efeito
lavar, normalmente associados a reações de advertência como cheiro, cor e forma. inicial semelhante a um narcótico. Afeta,
com bicromatos, chumbo, ácido nítrico, Os principais contaminantes são bem reco- sobremaneira o sistema nervoso central, a mucosa
cloretos, acetatos, sulfetos de bário e ní- nhecidos e taxados em quatro grupos: interna e o sangue, podendo levar à inconsciência e
à morte. Na autópsia de pessoas submetidas a estes
quel. Alguns destes, reconhecidamente, solventes, evidencia-se intensa hemorragia no
cancerígenos. • Metálicos sistema gastro-intestinal e nos espaços da pleura,
• A indústria farmacêutica produz uma ex- Metais como cádmio, chumbo, mercúrio, diafragma e miocárdio.
tensa gama de resíduos em forma de eflu- arsênico e selênio são verdadeiras toxi-
entes líquidos, descarregados em rios e nas. Atacam o sistema nervoso central,
mésticos, hospitalares, laboratórios de
lagoas, comprometendo o solo e a água causando lenta paralisia de nossas fun-
análises clinicas e covas de cemitérios.
freática. ções, quase imperceptível no início. Uma
• As indústrias químicas e as refinarias de vez nos rins, fígado e cérebro, irão afetar, Fax consulta nº 13
petróleo são numero um em poluição am- de forma homeopática, os tecidos destes
biental, fonte óbvia de contaminação do órgãos.
solo. Derramamento de óleo, solventes e • Não metálicos
combustíveis é uma constante, seja pela Recaem sobre os sulfetos e cianetos, pelos Para ter mais
superfície, por rompimento de tubulações produtos das indústrias de transformação informações sobre
Meio Ambiente.
ou tanques. O caminho normal é o solo. química. Solos contaminados com sulfetos
• Nos aterros industriais ou lixões produz- são impiedosos com as estruturas de con-
se gases e o popular chorume como resul- creto armado e protendido enterradas, des-
tado da decomposição biológica dos resí- truindo-as lenta e progressivamente. Os
duos ali depositados. Entre os gases pro- sulfetos e cianetos liberam gases como REFERÊNCIAS
duzidos encontram-se o gás carbônico, o sulfeto de hidrogênio e cianeto de hidro- • Michelle batista é química.
popular sulfeto de hidrogênio e o metanol gênio, altamente tóxicos aos pulmões, já • Haris M.R., Herbert S.M. and Smith M.A. The
que matam qualquer vegetação. São tóxi- que são mais facilmente absorvidos do remedial treatment of contaminated land.
cos a nós e às estruturas de concreto ar- que o oxigênio, congestionando os pul- • Steeds J. E., Shepherd E. and Barry D.L. A
guide to safe working practices for contami-
mado. A chaminé tem alta demanda de oxi- mões e levando à morte. O poder tóxico nated sites.
gênio biológico, de oxigênio químico e do amianto é também indiscutível. • Denner J. Industrial Waste Management.
teores de amônia que, invariavelmente, • Orgânicos
causam danos à água freática. Substâncias como benzeno, alcatrão do
• As estações de tratamento de esgotos carvão, tolueno, solventes halogenados
produzem sedimentos extremamente ri-
cos em contaminantes metálicos, diver-
e a própria gasolina, além dos thiners. Uma Trabalhar em
vez em contato com a pele ou inaladas apre-
sos dependendo do tipo de esgoto trata- sentam toxidade suficiente para causar terreno
do. Os contaminantes mais comuns são:
o chumbo, o cádmio, o níquel, o zinco.
morte e/ou, a médio/longo prazo, diver-
sos tipos de câncer. contaminado?
Em menores concentrações estão arsê- • Bacteriológicos Próxima Ediçmo
nico, mercúrio , manganês etc. Estes organismos, formados por agentes
Os efeitos tóxicos no nosso organismo de- patogênicos como fungos, mofo, vírus,
pendem do tempo de exposição. Algumas parasitas e algas, advêm dos esgotos do-
18 RECUPERAR • Março / Abril 2002
CORROSÃO

Figura 1
Visão ampliada das interfaces de oxidação e
redução que provocam a destruição da
armadura no concreto armado. No anodo,
átomos de ferro ao perderem seus elétrons
ganham carga positiva. Esta transação chama-
se corrosão. Como íons metálicos na
interface, os Fe2+ esperam os íons hidroxilas
OH para formar produtos de corrosão do tipo

Fe(OH)2. Os elétrons “abandonados” imediata-


mente fluem através da armadura para regiões
catódicas onde, em contato com a solução,
“oferecem” suas cargas elétricas ao oxigênio,
à água e ao hidrogênio ali presentes que, com
a reação, e posterior consumo destes
elétrons, promoverão reações de redução no
oxigênio e no hidrogênio, formando gás
hidrogênio(H2) e íons hidroxilas (OH–). Caso a
água nos vazios do concreto contenha outros
íons, poder-se-á formar além do hidróxido
ferroso Fe(OH)2, no anodo, outras substâncias
como FeO, Fe2O3, Fe3O4 etc. Para manter a
neutralidade da carga, os íons hidroxila OH–
migram do catodo para o anodo através da
solução interfacial, para reagir com os íons
Fe++. O que vemos, então, é um fluxo de
elétrons através da armadura e um fluxo de
íons pela solução interfacial.

Joaquim Rodrigues

Os segredos da corrosão (I)


Conheça, de maneira fácil e rápida, a teoria eletroquímica para
entender o processo de corrosão no concreto armado e
protendido.

Na RECUPERAR 42 apresentamos impor- rosão”, informações sobre este importan-


tantes explicações que mostravam os male- tíssimo assunto.
fícios que as técnicas tradicionais de trata- Antes de mais nada, é preciso deixar claro
mento da corrosão provocam no concreto que o tipo de corrosão que ocorre no con-
Sucessivas “recuperações” com encamisamentos
aumentaram a seção deste tubulão e, principal- armado. Infelizmente, o estudo apresenta- creto armado é de natureza galvânica, já que
mente, o volume da corrosão. do, embasado em teoria eletroquímica rela- o aço da construção é feito com ferro e ou-
tivamente difícil gerou muitas dúvidas em tros diferentes metais. A norma ASTM de-
nossos leitores. Com o objetivo de eliminá- fine corrosão do aço como “corrosão gal-
las, estaremos apresentando nas próximas vânica acelerada, em função do ambiente
A corrosão,
quando é edições, sob o título “Os segredos da cor- agressivo e de contatos elétricos com me-
ignorada
ou pior,
quando é
mal tratada, GLOSSÁRIO
cada vez
mais Íon - Porção eletrificada da matéria que tem dimensões atômicas ou moleculares. Átomo carregado.
Átomo ou grupo de átomos que perderam ou ganharam um ou mais elétrons, adquirindo, desta maneira,
comprome-
carga elétrica.
te a
Íon hidroxila (OH) - Íon negativo, fundamental para o equilíbrio da água, juntamente com o íon H+ da
estrutura.
reação H2O ' OH– + H+.
Ionização - Fenômeno que conduz à formação de íons, verificado em sólidos, líquidos e gases. A ionização
em estado líquido geralmente é feito com a dissociação eletrolítica. A simples radiação de luz produz íons nos
corpos. A incidência de radiação em um eletron introduz energia suficiente para removê-lo do campo elétrico
no qual está submetido. O átomo, sem este elétron, bem como o outro que o recebe, fica ionizado. Um íon
simples é essencialmente uma partícula esférica, dotada de uma carga positiva ou negativa. A intensidade
20 de interação com seus vizinhos é governada pela intensidade do campo RECUPERAR
elétrico atuante.
• Março / Abril 2002
O fio da meada
Se enchermos uma tijela de vidro com uma so- mente”. A ocorrência da polarização deve-se
lução de ácido sulfúrico e introduzirmos, em cada aos gases absorvidos em cada barrinha. À me- zada pela natureza dos íons, suas concen-
extremidade, duas barrinhas de platina, que é dida que a concentração dos gases aumenta na trações e pelo campo elétrico imposto.
um metal inerte e estável, ligadas, cada uma, aos superfície das barrinhas, cresce a força eletro-
polos de uma pequena pilha, de 1,5 volts (ou motriz (potencial) da “nova” pilha, ao ponto
seja, uma diferença de potencial em que fica igual a da pilha co- Os “Portos” anodo e catodo
de 1,5V), dessas que se mercial, causando a inter-
usam no controle remoto rupção da corrente “in-
da televisão, veremos, por jetada” ou “impressa”. O É importante ficar atento à surgência dos
meio de um galvanômetro efeito da polarização íons em cada um dos dois “portos” ou in-
(aparelho que mede cor- traduz-se no aumento terfaces, porque ali ocorrem reações muito
rente elétrica de pequena da força eletromotriz
intensidade) inserido no (potencial ou voltagem) importantes. No “porto” anodo, partículas
circuito, que flui corrente necessária à manutenção (átomos) de ferro desprendem-se para a
através do fio e daí a ins- de uma determinada
tantes, cessa. corrente em uma região
solução, abandonando seus dois elétrons
Se desconectarmos a pilha interfacial. Poder-se-á, e tornando-se íons com carga positiva
das duas barrinhas e inse- desta forma, polarizar
rirmos um fio, ligando-as, veremos que o interfaces formadas por Figura 2
ponteiro do galvanômetro gira na direção regiões de armaduras de
oposta. O que ocorreu? As duas barrinhas, além peças estruturais levando-as para potenciais que Pilar
de interromperem o fluxo de corrente enviada assegurem seu estado de imunidade à corro- com
pela pilha, acumularam força eletromotriz sufi- são, aplicando uma força eletromotriz, simples- seção
ciente (ou seja, uma diferença de potencial) mente pela injeção de corrente através de ano- circular,
que atuou na direção oposta a da pilha. Deta- dos de sacrifício ou de anodos de corrente im- de uma
lhe, esta força eletromotriz tinha exatamente 1,5 pressa. Interessante observar que, assim como pequena
volts quando da retirada da pilha. Este fenô- numa pilha, o anodo é o polo onde ocorre ponte
meno é chamado de polarização e as superfíci- (sempre) a oxidação. A barrinha da esquerda, perten-
es ou interfaces das duas barrinhas são ditas ligada ao anodo da pilha de 1,5V, estará rece- cente a
polarizadas. Quando removemos a pilha desta bendo os elétrons do processo de oxidação que uma
experiência, portanto, observamos o nascimen- está ocorrendo naquela origem. Conseqüente- indús-
to de uma outra “pilha” que produziu corrente tria. A
mente, esta barrinha será um catodo, onde as
proximi-
na direção contrária a introduzida “artificial- partículas da solução serão reduzidas.
dade do
mar
contami-
tais mais nobres”. Um princípio da termodi- lico (armadura), há um outro tipo que, si- na o
concreto
nâmica afirma que um material sempre pro- multaneamente ocorre através do condu- com
cura seu menor estado de energia. O ferro é tor eletrolítico (concreto), envolvendo ou- íons
cloretos,
termodinamicamente instável e seu menor tros tipos de cargas elétricas denominadas fator
estado de energia é um óxido, característi- íons, que direcionam-se para aqueles mes- acele-
co do seu estado de corrosão. mos portos, de modo a fazerem sua parte rante
para a
naquela transação, iniciada no condutor me- corro-
Os dois tipos de condutores tálico. Pra se ter uma idéia, um íon é uma são.
partícula que adquiriu carga elétrica, posi- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Todos nós conhecemos os condutores tiva ou negativa, uma vez dissolvido em uma
metálicos (fios) capazes de conduzirem cor- solução que, com isso, torna-se um condu-
rente elétrica sem sofrer qualquer alteração tor eletrolítico, eletrólito ou solução, sim-
ou transformação química, isto é, os áto- plesmente. Uma solução conduz eletricida-
mos do metal conservam sua estrutura ori- de ou produz corrente iônica porque seus
ginal. De um modo geral, engenheiros e téc- íons positivos e negativos movimentam-se.
nicos civis não foram bem apresentados aos Essa mobilidade é provocada pela força ele-
condutores eletrolíticos que, efetivamente, tromotriz ou diferença entre os potenciais
sofrem modificação em sua composição da pilha existente (metais diferentes), em
química à medida que passa ou conduz cor- função de uma corrente elétrica entre os
rente elétrica. Se mergulharmos um arame dois metais existentes na superfície da liga
de aço, por exemplo, em um condutor ele- aço, ou seja, é devido à facilidade com que
trolítico, como água salgada ou água com o metal mais reativo, no caso o ferro, doa
limão, veremos que a superfície do arame seus elétrons para um metal menos reativo
transformar-se-á numa região bem crítica e que entra na composição da liga. A combi-
tempestuosa chamada eletrodo ou interfa- nação de micropilhas na superfície do aço
ce, pelo fato de apresentar, nesta superfí- aumenta esta força eletromotriz, forçando
cie, micro regiões que comportar-se-ão tanto mais corrente elétrica de corrosão.
como “porto receptor” de elétrons (anodo) A interação entre estes dois tipos de trans-
como “porto doador” destas mesmas car- porte é obrigatória e fundamental, isto é,
gas (catodo). Esta situação é vista na figu- elétrons no condutor metálico (corrente ele-
ra 1. Além deste transporte de elétrons en- trônica) e íons no condutor eletrolítico (cor-
tre “portos”, que ocorre no condutor metá- rente iônica). A corrente iônica é caracteri-

RECUPERAR • Março / Abril 2002 21


O medidor de potenciais (semi-pilha) juntamente com o
medidor de resistividade (RESI) são fundamentais no levanta-
mento do estado de corrosão no concreto armado-protendido.
bem pequeno. Desta forma fica claro que
potencial (volts), corrente elétrica (ampere)
e resistência (ohm) são os parâmetros con-
troladores de uma pilha de corrosão. A ele-
mentar lei de Ohm é freqüentemente utiliza-
da na eletroquímica da corrosão. Diz esta
lei que a intensidade da corrente I é direta-
mente proporcional à diferença potencial E
e inversamente proporcional à resistência
R, ou seja, I = E/R. Repare que no arranjo da
fórmula, E = IR fica evidente que a força
eletromotriz é diretamente proporcional à
intensidade da corrente e também à resis-
tência a este fluxo. Em termos práticos, já
se viu que, dependendo da diferença de
potencial (força eletromotriz) existente en-
tre as duas barras da pilha poderemos apro-
(Fe++), reação esta chamada de oxidação. perfícies, ou seja, o ferro Fe, o alumínio Al, o veitar e ligar um pequeno aparelho elétrico
Simultaneamente, os dois elétrons abando- zinco Zn etc possuem, cada um, seu poten- no concreto. Assim, como na experiência
nados por aquela partícula de ferro “via- cial em volts, medidos de forma padrão em do Box da página 25, uma pilha eletroquími-
jam”, através da armadura, para qualquer relação a um determinado referencial. Assim, ca tanto pode “produzir” energia, como tam-
região interfacial (catodo) onde possam ser o ferro tem seu próprio potencial padrão que bém “consumir” energia.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
consumidos por outros elementos, presen- é de –0,44 volts. O potencial padrão do alu-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
tes na solução interfacial, ávidos por rece- mínio é –1,6 volts e o do zinco é de –0,76
ber estes elétrons, como por exemplo o oxi- volts. Se juntarmos dois diferentes metais
gênio e o hidrogênio (figura 1), ocorrendo em uma solução estaremos formando uma
aí reações de redução. As reações de redu- pilha eletroquímica, por que haverá uma di-
ção, no catodo, têm um importantíssimo ferença de potencial entre eles. Cada um,
papel no desenvolvimento da corrosão no assim disposto, formará sua própria reação
concreto armado porque são decisivamen- (semi-reação), ou seja, um deles terá maior
te influenciadas pelos “alimentos” que che- tendência a se oxidar do que o outro. Logo,
gam à interface aço-concreto (como o oxi- um será o anodo e o outro o catodo. Resu-
gênio, dióxido de carbono, íons cloretos etc) mindo. Quanto mais negativo for o poten-
e que servem de combustível à corrosão no cial do metal maior sua tendência em ser
anodo, estabelecendo a natureza dos pro- anodo. Desta forma, comparando os três
dutos da corrosão, como os hidróxidos fer- metais citados acima, sem dúvida, aponta-
rosos. remos o alumínio como candidato nº 1 a
A diferença de potencial que acontece en- anodo. Por exemplo, se colocarmos uma
tre as reações anódica e catódica é a força barrinha de ferro e outra de alumínio em um
propulsora que faz o aço desintegrar-se. copo com água salgada veremos que o alu-
Portanto, qualquer superfície metálica ou mínio será o anodo e o ferro o catodo. Os
de aço que tenha problemas de corrosão, elétrons do alumínio serão largados mais
na verdade, é uma combinação de anodos facilmente, inibindo os do ferro. Desta for-
e catodos eletricamente ligados através do ma o alumínio se oxida ou corrói, devido a
próprio corpo do aço e submetido a uma uma diferença ou queda de potencial de –
solução interfacial. 1,66-(-0,44) = -1,22 volts. Se fizermos a ex-
periência do ferro com o zinco veremos que
Potencial? o zinco será o anodo e corroerá, devido a
uma diferença de potencial de –0,32 volts.
Cada metal pode ser visto como um gera- A quantidade de corrente que flui, motiva-
Tele-atendimento
dor de energia, ou seja, tem uma energia da pela voltagem existente ou pela diferen- (0XX21) 2493-6862
particular acumulada e que está ali disponí- ça potencial é determinada pelos elemen- fax (0XX21) 2493-5553
vel. Esta energia é medida como potencial tos resistentes que fazem parte da pilha for- produtos@recuperar.com.br
eletroquímico, em volts. Diferentes metais mada. Havendo uma grande resistência ha- Fax consulta nº 16
possuem diferentes potenciais em suas su- verá, naturalmente, um fluxo de corrente
22 RECUPERAR • Março / Abril 2002
gênio e o oxigênio, “transferindo” sua car- à do anodo, a velocidade de corrosão da
ga elétrica para eles, energizando o lado de região anódica se intensifica de forma ace-
Figura 4
A ação devastadora da corrosão cá da pilha. Na solução, portanto, o trans- lerada já que haverá uma alta densidade de
numa estaca de um pier. porte muda de eletrônico para iônico. corrente ia/Aa em razão da área anódica Aa
ser pequena.
O conceito de densidade de corrente Quando o ferro e outro metal, naturalmente
com diferentes potenciais, ficam em conta-
Para a caracterização de um processo de to na presença de uma solução, haverá uma
corrosão torna-se necessário associar o força eletromotriz ou uma diferença de po-
valor da corrente à área da superfície da tencial (DDP) e a conseqüente transferên-
barra corroída. Desta forma, utilizar-se-á não cia de elétrons. Esta DDP, como se poderia
Uma vez compreendido o papel do anodo e o termo corrente (I) e sim densidade de cor- pensar, não tem relação direta com a veloci-
do catodo dever-se-á aceitar o fato de que, rente, que é expressa por um i minúsculo, dade de corrosão mas, apenas, indicará qual
se formos considerar o sinal ou a polarida- através da relação i = I/área da superfície, deles funcionará como anodo. A velocida-
de da pilha, o anodo poderá ser tanto posi- onde I é a corrente e a unidade de i poderá de das reações, anódica e catódica, depen-
tivo quanto negativo, da mesma forma o ser A/m2 ou mA/m2. derá das características da pilha, da solu-
catodo. Como exemplo, podemos citar a Ao falarmos ou medirmos corrente de corro- ção e, principalmente, das áreas da arma-
mesma experiência da página 25 onde, numa são a partir de agora estaremos nos referin- dura. Conseqüentemente, a relação entre as
primeira etapa uma voltagem foi “imposta” do à densidade de corrente (i) já que, desta áreas catódica e anódica será sempre um
ou gerada por uma fonte externa, no caso, forma, eliminaremos os efeitos da área. Va- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
por aquela pilha de 1,5 V que se compra em mos considerar também os símbolos ia e ic
qualquer bar da esquina, o que faz passar para representar os valores das densidades
uma corrente numa direção. Numa segunda de corrente anódica e catódica, respectiva-
etapa, a voltagem foi gerada pelas próprias mente, pertencentes às regiões anódica e
reações das barras, provocando uma cor- catódica.
rente em direção contrária. À medida que a relação entre as áreas cató-
A interface do aço da construção, infeliz- dica/anódica aumenta, ou seja, a área do
mente, não é estável ou inerte o suficiente catodo aumenta em relação
para se manter imune a toda esta “transa-
ção”. Ao contrário, é bastante reativo e atu-
ante porque dissolve-se durante a surgên-
cia de corrente elétrica.
Figura 5 - A
O equilíbrio entre duas semi-reações (ano- interface no
do e catodo) ocorre quando todas as partí- equilíbrio. A
culas carregadas, que chegam a um lado, densidade de
corrente
tornam-se iguais em tipo e número, às que anódica e a
chegam ao outro lado. Os elétrons, que che- catódica.

gam à interface catodo, na impossibilidade


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de avançar na solução interfacial, reagem
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

com os íons, presentes na solução, o hidro- Teste de verificação de contaminação por cloretos
Contaminação no concreto armado e protendido
GLOSSÁRIO CHLOR-TEST siginfica corrosão feia nas armaduras. O que se pode
fazer para saber se o concreto está ou não contami-
Circuito aberto - Circuito elétrico interrompido. nado? CHLOR-TEST é a única maneira de verificar se
A eletricidade não flui. Extrai-se o pó do concreto a
Polarização - Polarização do aço é a mudança de várias profundidades. há ou não contaminação por íons cloretos, esses
seu potencial a partir do valor de circuito aberto para “bichinhos” que ativam o concreto, tornando-o um
o valor do potencial resultante da passagem de “inferno” para o aço. CHLOR-TEST é um teste high-
corrente. A polarização implica na existência de duas tec que, em apenas 3 minutos, informa a existência
reações eletroquímicas opostas ou que se neutralizam daqueles bichinhos e sua quantidade. CHLOR-TEST
de forma simultânea. é vendido em 3 versões:
Potencial de corrosão - É o potencial da
interface, representada pela superfície da armadura, CHLOR-TEST “S”- para superfícies de concreto e metálicas.
afogada em uma solução proveniente dos vazios do
concreto, medido com uma semi-pilha na condição Insere-se o pó no recipiente plástico CHLOR-TEST “W” - para água de amassamento.
de circuito aberto. O voltímetro da semi-pilha é de com o reagente. A sonda informará o
alta impedância, o que significa que não há corrente teor de contaminaçmo por cloretos. CHLOR-TEST “A” - para areia de jateamento
no circuito externo, ou seja já há condição de circuito
aberto. Tele-atendimento
Termodinâmica - Ramo da física que procura (0XX21) 2493-6862
deduzir, a partir de uns poucos postulados, as relações
entre as propriedades dos materiais e da conversão fax (0XX21) 2493-5553
de energia de uma forma para outra. produtos@recuperar.com.br Fax consulta nº ___

RECUPERAR • Março / Abril 2002 23


A água como eletrólito da corrosão
A água é um meio condutor de eletricidade ao ambiente, estará protegendo suas ar-
fator importante na determinação da velo- devido à sua carga natural de íons Cálcio, maduras da corrosão pelo fato de fornecer
cidade de corrosão. Por outro lado, a den- Magnésio, Sódio, Bicarbonato, Sulfato, Clo- um ambiente envolvente altamente alcali-
retos e Nitratos. Sem dúvida, os cloretos no, com um pH entre 12 e 13. No entanto,
sidade de corrente catódica (ic/Ac) será me-
são os que se relacionam mais com a corro- quanto mais permeável for a camada de re-
nor, já que Ac é maior que Aa. Para enten-
são, já que, como outros íons, aumentam a cobrimento mais o concreto tornar-se-á “mo-
der melhor vamos considerar o caso de uma condutividade elétrica da água, facilitando lhável”, permitindo fácil acesso à água e aos
barra de aço de 20mm de diâmetro, dentro enormemente o fluxo da corrente de corro- gases, como o oxigênio, através de sua rede
de um concreto, de modo que uma determi- são. Também reduzem, de forma significati- de vazios. Comumente, no entanto, ter-se-
nada região com 5cm2 desta barra forme uma va, a proteção de filmes ou películas de pro- á, sempre, trincas e/ou fissuras em sua su-
pilha de corrosão e, em outra região distan- teção aplicadas, pois, por aí permeiam facil- perfície, devido a processos de cura insufi-
te, forme outra pilha de apenas 1cm2 de mente. Os íons nitratos, como os sulfatos, cientes ou mesmo inexistentes, fazendo com
área. Se ambas receberem o mesmo fluxo de são tão perigosos quanto os cloretos para o que aqueles elementos tenham fácil e rápi-
corrente de corrosão, é fácil perceber que a aço. Apresentam-se, entretanto, em meno- do acesso às armaduras. Concreto é alta-
res concentrações. Na prática, águas com mente básico e, usualmente, é bom forne-
região menor sofrerá corrosão 5 vezes mai-
alta concentração de sulfatos atacam o con- cedor de oxigênio para “alimentar” reação
or do que a região maior, pelo fato de sua
creto. O pH da água raramente foge do em catódica através dos vazios saturados. O
área superficial ser diretamente proporcio- torno a 4,5 - 8,5. De todos os gases dissol- acesso do oxigênio é feito por difusão atra-
nal à velocidade de corrosão ou à densida- vidos na água, o oxigênio ocupa posição es- vés da solução existente nos vazios do con-
de de corrente (I/A). pecial porque é um tremendo estimulante à creto, enquanto que no concreto, parcial-
Efetivamente, obter a densidade de corren- corrosão. Um concreto bem dosado, com re- mente seco, a difusão do gás oxigênio é
te é saber a velocidade com que uma arma- cobrimento e fator a/c adequados, inclusive muito grande.
dura está corroendo.
funciona como se estivesse carregado. O se introduzirmos uma outra semi-pilha, cha-
A analogia elétrica box abaixo materializa bem esta fato. mada de referência, de modo a poder quan-
tificar o potencial existente. Alguns exem-
Quando se “injeta”, de alguma forma, uma O potencial de corrosão (semipilha) plos de semi-pilhas são o CPV-4 e o CA-
corrente elétrica em uma barra metálica, se- NIN. O potencial medido desta forma é cha-
melhante à experiência da tijela no box da Quando fazemos chegar à superfície da ar- mado potencial de corrosão (ECORR) e de-
página 25, a resistência (R) à passagem do madura, através dos vazios existentes no pende tanto da condição e composição do
fluxo de eletricidade através dos grãos que concreto, uma solução de um eletrolito qual- aço quanto das características da solução
formam o metal precisará ser vencida. Uma quer, surgirá uma força eletromotriz ou uma existente na interface armadura/concreto.
vez obtido o equilíbrio (Ei=0), a interface diferença de potencial (DDP) crescente nes- Para evitar acumulação de cargas, a corren-
metal-solução funciona como uma dupla ta interface armadura/concreto, devido a te eletrônica de corrosão na armadura é
camada elétrica e, na ausência de um fluxo uma distribuição irregular de cargas (elé- equilibrada pela corrente iônica igual, atra-
de corrente elétrica, o capacitor formado trons e íons) tanto na solução quanto na vés da solução existente na interface com o
armadura. Só poderemos medir esta DDP concreto (figura 1).
Sem que haja qualquer processo externo
A interface armadura-concreto atuante, a corrente de corrosão representa
a rapidez com que ocorre a desintegração
A região interfacial entre uma solução uma DDP, devido à distribuição desi- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

e o seu contato com a superfície gual de cargas (eletrons e íons)


da armadura é de extrema im- através da interface, caracteri-
portância para o fenômeno da Concreto zada por duas camadas de car-
+
corrosão. Torna-se necessário Solução gas opostas (e– e Fe++), face
entender a estrutura desta re- a face, como em um capaci-
gião para se visualizar o meca- tor, mas com alguma resistên-
nismo e a velocidade do pro- cia entre ambas.
A interface aço/solução/concre-
cesso de oxidação-redução que A interface pode, portanto,
Saiba
ali ocorre. Simplesmente por- ser representada por uma
mais
que a condutividade da solu- analogia elétrica formada por
to, como uma dupla camada elé-
sobre a
ção é a medida exata da cor- trica. um capacitor (C), em paralelo
rente que ela transporta e com um resistor (R), este re-
velocidade presentado por uma resis-
Próxima
varia bastante com sua con- Cap
centração, ou seja deseus in-
Ediçmo I Cap
tência decrescente. A pre-
IT sença do resistor induz mu-
corrosão.
gredientes. Entre a arma-
IR dança na voltagem e o ca-
dura, com suas diversas re-
pacitor indica a capacidade
giões que corroem e a solu- R da interface armadura/solu-
ção que flui pelo concreto e A semelhança elétrica com a dupla ca- ção armazenar cargas elé-
fica em seu contato existe mada. tricas.

24 RECUPERAR • Março / Abril 2002


do aço. Em outras palavras, representa a 0,75volts. Poder-se-á mudar o potencial os à forma original Fe. Naturalmente, en-
desintegração do aço envolvido pela solu- comprometedor de uma região em estado quanto houver este toma lá, dá cá haverá
ção existente na interface e vazios do con- de corrosão ativa para um potencial per- corrente circulante.
creto. Quanto maior a corrente eletrônica tencente à região de imunidade do aço (re- Efetivamente, teremos uma situação de equi-
(transferência de elétrons entre anodo e gião A), no gráfico de Pourbaix, introduzin- líbrio quando não houver mais corrente
catodo) maior a quantidade de átomos de do-se um metal mais ativo (anodo de sacri- passando pela interface, isto é, a velocida-
ferro que “pulam” para formar íons ferrosos fício), ou seja, forçando-se uma DDP cuja de de oxidação Fe D Fe++ + 2e– será igual
no eletrólito. De forma simultânea, quanto diferença eleve o potencial daquela área da a velocidade de redução Fe++ + 2e– D Fe.
maior o “alimento” (quantidade de oxigênio, armadura para a região A de Pourbaix. Uma Poder-se-á afirmar, também, que cada vez
por exemplo, que chega à superfície das ar- outra forma seria forçar uma DDP com a “in- que um íon Fe++ deixa a casa da barrinha
maduras), maior a corrente iônica e maior a jeção” de corrente através de anodos ou
quantidade de íons hidroxilas que passam metais inertes (tipo titânio), utilizando-se GLOSSÁRIO
para o beco da corrosão (anodo). uma fonte externa. Em ambas as situações, Ionização - Fenômeno que conduz à formação de
O conhecimento dos valores do potencial, a corrente será relacionada à área a ser be- íons, verificados em sólidos, líquidos e gases. A
ionização em estado líquido geralmente é feita com
resistividade e da corrente são de fundamen- neficiada. a dissociação eletrolítica. A simples radiação de luz
tal importância no estudo da corrosão. O produz íons nos corpos. O átomo, sem este elétron,
bem como o outro que o recebe, ficam ionizados.
potencial fornece o valor da força propulso- O potencial reversível e suas reações Um simples íon é, essencialmente, uma partícula
ra com que as reações de corrosão se pro- esférica, dotada de uma carga positiva ou negativa.
cessam. A corrente é a exata medida da velo- Vamos experimentar agora apenas uma bar- A intensidade de interação com seus vizinhos é
governada pela intensidade do campo elétrico
cidade com que ocorre, naturalmente depen- rinha de ferro dentro de um copo com uma atuante.
dendo da resistividade nas interfaces. determinada solução. Visualizaremos so- Cloretos - São os sais do ácido clorídrico (HCl). Os
cloretos mais importantes são: o sal gema (NaCl) e
mente a semi-reação do ferro Fe. Quer dizer, a silvina (KCl), ambos sólidos e solúveis em água.
A velocidade da corrosão o ferro metálico corrói, liberando seu íon Capacitor - Aparelho que estoca carga elétrica à
Fe++ para solução, concomitantemente com semelhança de uma mola que estoca energia
mecânica.
É preciso entender um pouco o diagrama seus elétrons que são postos para circular Resistor - Equipamento que introduz resistência
de Pourbaix, no box abaixo, para ver que se pela barra, à procura de algum elemento seco dentro de um circuito elétrico. Componente de um
circuito projetado para limitar a corrente.
elevarmos a armadura para potenciais mais para ser reduzido. Imaginemos que não exis- Cloro - É o mais importante dos halogênios. É um
negativos ou mais ativos do que seu po- tam outros elementos. Quer dizer, não há gás amarelo esverdeado à temperatura ambiente,
com cheiro irritante. Seu primeiro nome foi “ar
tencial de equilíbrio ou reversível outra semi-reação. O que ocorrerá? Simples. marinho deflogisticado”. Extremamente reativo. É
(-0,44volts), menos corrosão teremos. O ide- Os dois elétrons circulantes pegarão de extraído dos cloretos por eletrólise. Dissolvido em
al é levarmos para valores em torno de - volta seus próprios íons Fe++, reduzindo- água, produz ácido clorídrico Hcl.

Os caminhos da corrosão do ferro


A corrosão depende de uma série de rea- Cada região colorida, neste diagrama,
ções nas quais intervém, direta ou indireta- descreve as condições entre duas ou
mente, os íons da água e, portanto, o pH do mais espécies, isto é, Fe, Fe(OH)2 , Fe++
meio. Como o potencial (E), no processo de e Fe(OH) 3. Suas principais aplicações
corrosão, depende deste ambiente, pode-se estão no prognóstico da direção das
estabelecer uma relação em função do pH, reações de corrosão, na estimativa da
representado graficamente no diagrama E – composição dos produtos de corrosão
pH, conhecido como diagrama de Pourbaix, e no prenúncio da ocorrência de corro-
que estabelece as condições de pH e poten- são, à medida que o ambiente muda. O
cial para as quais o ferro corroe, se passiva ferro da armadura é oxidado, forman-
ou permanece imune. O estado de imunidade do um filme de óxido passivo, Fe(OH)2
do ferro é obtido com proteção catódica. em um concreto com pH de 10 a 13.
O ferro, quando em contato com a água, Este filme de óxidos converte-se em íons
exibe três tipos de comportamento. Fe++ quando o valor do pH cai abaixo
1 - Imunidade - O ferro Fe é estável e não de 9. Contudo, este diagrama repre- Condições teóricas de corrosão, imunidade e passivação
do ferro.
há corrosão. senta apenas as condições de equilí-
2 - Corrosão - Produtos de corrosão (solú- brio do sistema eletroquímico, não indicando a
veis) do ferro, como o Fe++, Fe+++ etc, velocidade das reações ou mesmo a velocidade região de íons solúveis estáveis, o que é tudo
são estáveis e a corrosão tem continui- em que ocorre a desintegração do aço. para a corrosão. Para um ponto de pH 10 e
dade. Por exemplo, para um pH 2, em um potencial de potencial +0,2volts (ponto C) o ferro está
3 - Passivo - A presença dos produtos de -0,8volts (ponto A), o ferro está numa região numa região onde as espécies insolúveis são
corrosão (insolúveis) do ferro atenuam a de imunidade e não corrói. Para um ponto de estáveis e o ferro torna-se passivo (corro-
corrosão. pH 2 e +0,2volts (ponto B) o ferro fica numa são atenuada).

RECUPERAR • Março / Abril 2002 25


Figura 6
O viaduto do Joá, no Rio de
Janeiro, apresenta fortes sinais
de corrosão em seus pilares, dois
anos após um trabalho de obteremos um potencial situado entre os
“recuperação” nestas peças. potenciais das duas semi-reações, ou seja,
Sinais de corrosão já afloram nos
encamisamentos dos pilares.
da armadura e da pastilha. O anodo, neste
caso o metal reativo da pastilha galvânica,
uma liga de alumínio e zinco com potencial
em torno de -1,20V, uma vez conectado ao
ferro corroído da armadura e coberto com
argamassa ou concreto, sofrerá uma queda
de potencial benéfica à armadura. Imagine-
mos que o potencial de corrosão em uma
determinada região da armadura seja -
0,38volts, verificado inicialmente com a
em direção à rua da solução, através da in- semi-pilha. A queda de potencial será -1,20
terface, seu próprio íon Fe++ é reduzido. - (-0,38) = -0,82volts. Portanto, totalmente
Após um certo tempo, este troca-troca aca- dentro da região de imunidade do ferro, ou
ba e então se pode dizer que aquela região seja, enquanto tiver esta voltagem, o aço
da barra esta em equilíbrio, como naquela corrói.
experiência do box da página 25. Esta mudança de potencial é chamada de
Desta forma, a densidade de corrente que polarização a diferença entre o potencial
atua na área anódica será igual a da catódi- da pastilha e o potencial de corrosão origi-
ca ou i = ianódica = icatódica, onde i é chamada de nal, no caso -0,82V, é chamada de overvol-
densidade de corrente de troca e o potenci- tagem (ou sobrevoltagem). As duas semi-
al correspondente é denominado potencial
reversível (equilíbrio) da semi-reação. GLOSSÁRIO
Na verdade, o termo densidade de corrente
Figura 7 - Situação típica de uma “recuperação” Overvoltagem - É a medida da polarização,
de troca é incorreto, já que naquela situa- estrutural convencional. A região central apresen- quando há circulação de corrente estranha na pilha
ção não há qualquer fluxo de corrente. É tava corrosão nas armaduras e foi “tratada” com de corrosão, variando o potencial de corrosão
meramente para representar a situação da “argamassa especial” contra a corrosão. original. Representa, portanto, a diferença entre o
Logicamente, esta região da armadura deixou de novo potencial imposto e o potencial de corrosão
interface no equilíbrio, informando que a ser anódica para ser catódica. A região superior e a original. Quando este valor é negativo tem-se uma
inferior, que eram catódicas, ou seja, não tinham
densidade de corrente está relacionada à corrosão, passaram a ser anódicas porque têm pH
polarização catódica no catodo, passando a ter um
fluxo de corrente ic, mensurável, a chamada corrente
corrente em cada direção da reação reversí- inferior e estão contaminadas. Mais, tem agora um
catódica. Sobre a superfície da armadura ocorrem
excelente catodo para alimentá-las, principalmente
vel, isto é, uma corrente de dissolução anó- na região das armaduras que separam a região reações de redução.
dica ia, representada pela equação Fe D “recuperada”das antigas (encima e embaixo). O Densidade de corrente de troca - Velocidade
da transferência de cargas por m2 de área, quando a
Fe++ + 2e–, e uma corrente de “alimenta- chamado anel anódico.
superfície do aço alcança o equilíbrio dinâmico
ção” catódica ic, representada por Fe++ + concreto armado. A circulação de corrente, (potencial reversível) em uma solução.
2e– D Fe. neste último caso, significa corrosão do
Potencial de corrosão - Potencial da superfície
do aço, em estado de corrosão, medido na condição
Só para contrariar, finalizando este assun- anodo de sacrifício que está gerando a pro- de circuito aberto com uma semi-pilha de referência
to, vamos fazer o potencial do ferro mudar teção na armadura. padrão. É interessante ressaltar que o potencial de
corrosão original medido é igual, tanto para a região
com uma “injeção” de corrente externa iinje- Se medirmos o potencial da região recupe- anódica quanto catódica, ou seja, com o advento da
tada
. As correntes que aparecerão nas áreas rada com a pastilha galvânica Z, utilizando- corrosão estabelece-se um potencial de equilíbrio
catódica e anódica tomam direções opos- típico.
se uma semi-pilha (tipo CPV-4 ou CANIN),
tas. Logo, devido a DDP imposta teremos: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

iinjetada = ianódica – icatódica

O conceito de densidade de corrente anó-


dica e catódica é muito importante no con-
trole da corrosão.

Polarização

Esse assunto tem a ver com a quantidade


de corrente que circula numa pilha de cor-
rosão quando “injetamos” uma corrente
externa, seja utilizando uma simples pilha
de 1,5V, como no teste da tigela (pág. 25),
seja instalando pastilha (corrente) galvâni-
ca numa região corroída de uma peça de

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reações envolvidas neste jogo querem se proteção, através de curvas (ou retas) di-
mostrar. Desta forma, cada uma delas pos- tas polarizadas em uma região recuperada.
sui uma curva ou reta (de polarização) ca- O eixo horizontal do gráfico representa a
racterística que representa a relação entre corrente circulante que, por se tratar de
valores extremamente pequenos é posto em
escala logarítmica. Um outro aspecto do
eixo horizontal é que a corrente é usual-
mente expressa como densidade de corren-
te, ou seja é a corrente circulante por uni-

A introdução de pastilhas galvânicas, efetivamen-


te, mexe com o ambiente da região com corro-
são. O metal anódico Zn corrói liberando seus
íons Zn++ em direção à massa da pastilha, ali
recebendo os íons hidroxila. Simultaneamente,
produzem-se elétrons que fluem pelo arame de
fixação em direção às armaduras. Ao longo das o overvoltagem e a conseqüente corrente
armaduras vão “recolhendo” os íons Fe++, que agora circula para dentro e para fora da
reduzindo-os, impedindo assim a corrosão das armadura, entre as duas reações em troca.
armaduras naquela região. As armaduras, assim
“varridas” pelos elétrons do zinco, tornam-se
O gráfico ao lado, potencial versus densi-
Figura 9
catódicas, estabelecendo a chamada proteção dade de corrente, representa, efetivamen- Curvas (ou retas) de polarização típicas quando
catódica. te, o comportamento agora do processo de se faz um tratamento da corrosão.

Repare o nível de corrosão na lateral da viga-travessa que interliga as estacas, além das vigas que a ela chegam. A metodologia de recuperação deste sério
processo de corrosão nas armaduras é antiquado e extremamente prejudicial ao restante da estrutura. Alguns dos motivos justificam-se. (1) A aplicação de “epóxi
rico em zinco” não é eficiente como proteção catódica porque as partículas de zinco, dispersas na resina epóxica (isolante elétrico), não conseguem interagir
com o aço. (2) Como proteção por barreira, este epóxi transforma a armadura em uma região rica em pites nos locais onde o epóxi não foi passado ou onde há
furos na aplicação. Paralelamente transforma as armaduras anteriormente anódicas em catódicas e as catódicas em anódicas. (3) Nada do que está sendo feito
assegura a interrupção da corrosão, o que é facilmente evidenciado com uma simples semi-pilha, após a “recuperação”. (4) O “tratamento” imposto apenas nas
regiões críticas ou terminais, como o apresentado na foto, é um mero e perigoso paliativo pelas razões apresentadas acima e, principalmente, porque ignora o
estado de corrosão “não aparente” no resto da estrutura, facilmente identificável com uma semi-pilha...

RECUPERAR • Março / Abril 2002 27


Figura 10 - Aqui também um
encamisamento agora com concreto
projetado. O motivo foi a corrosão
nas armaduras. O projetista,
desconhecendo o verdadeiro
tratametno de neutralização da Repare, no gráfico, que as densidades de corrente nos pontos A e
corrosão, mandou fazer o reforço
com novas armaduras e tome uma
C são iguais e denominadas de densidades de corrente de troca,
seção maior de concreto. Em típicas do estado de equilíbrio, podendo não ser em outros casos,
poucos anos teremos o mesmo necessariamente, iguais.
problema, só que com uma seção
maior. Em suma, quando interligamos uma pastilha, uma tela ou uma pelí-
cula galvânica com a armadura, toda a corrosão passa para o ano-
dade de superfície do anodo, dentro da pastilha galvânica, que ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
está corroendo. Os pontos A e C correspondem às condições de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
equilíbrio das duas semi-reações, sem qualquer corrente circulan-
do entre elas (densidade de corrente igual a zero). Nestas regiões a
pastilha ainda não foi instalada, de modo que impera o potencial de
equilíbrio, ou seja, é o potencial de circuito aberto. Com a instala-
ção, as curvas mostram que a corrente circulante para fora do ano-
do (pastilha) aumenta, à medida que seu potencial torna-se mais
positivo (reta azul) e a corrente para dentro do catodo (armadura)
aumenta a medida que seu potencial torna-se mais negativo. Estas
curvas de polarização permitem a determinação da densidade de
corrente de corrosão e o potencial de corrosão de uma região recu-
perada. Como já mostramos nos itens “Conceito de densidade de
corrente” e “O potencial reversível e suas reações”, quando ano-
do de sacrifício e armaduras alcançam uma condição estável, a
corrente circulante para fora da pastilha (anodo) deverá ser igual a
corrente para dentro da armadura (catodo). Desta forma, a interse-
ção das duas curvas de polarização estabelece o importante esta-
do em que se encontram o potencial de proteção ECORR e a densi-
dade de corrente de proteção iCORR da área recuperada.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Se você recupera estruturas com corrosão apenas


baseado nos sintomas de desplacamentos, pode
apostar, você ainda vai se dar mal.

Fax consulta nº 18

Tele-atendimento
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produtos@recuperar.com.br

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do de sacrifício e, desta forma, o catodo

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
REFERÊNCIAS
(armadura) está polarizado ou acabou de
• Joaquim Rodrigues é engenheiro civil, membro de
sofrer uma polarização catódica em direção diversos institutos nos EUA, em assuntos de patolo-
a potenciais mais negativos (zona de imu- gia da construção. É editor e diretor da RECUPE-
RAR, além de consultor técnico de diversas empresas.
nidade). As curvas de polarização das semi- • Sagoe-Crentsil, K.K. and Glasser, F.P., Steel in
reações anódica e catódica de uma recupe- Concrete, Part I: A Review of the Electrochemical and
Thermodynamic Aspects, Mag. Conc. Res.
ração representam a massa crítica da com- • Langford, P., and Broomfield, J.P., Monitoring the
preensão do estado de corrosão nas arma- Corrosion of Reinforcing Steel, Construction Repair..
• Spellman, D.L., and Stratfull, R.F., Concrete
duras e, por que não dizer, de uma erupção Variables and Corrosion Testing, Highway Research
nos antigos conceitos esotéricos da corro- Record..
• Stern, M., and Geary, A.L., Electrochemical
são no concreto armado e protendido. No Polarization I. A Theoretical Analysis of the Shape of
capítulo seguinte, “Os segredos da corro- Polarization Curves. Journal of Electrochemical
Society.
são II”, estaremos apresentando outros • Tafel, A., Phys. Chem..
conceitos sobre o desenvolvimento do es- • Rodriguez, P., Ramirez, E., and Gonzalez, J.A.,
Methods for Studying Corrosion in Reinforced
tado de corrosão e proteção. Concrete, Mag. Concr. Res..
• Matsuoka, K., Kihira, H., Ito, S., and Murata, T.,
Fax consulta nº 19 Corrosion Monitoring for Reinforcing Bars in
Concrete, Corrosion Rates of Steel in Concrete, ASTM
STP 1065, (N. S. Berke, V. Chaker, and D. Whiting,
eds.).
• Wheat, H. G., Corrosion Rate Determination on
Para ter mais Repaired Reinforced Concrete Specimen, Corrosion
informações sobre Rates of Steel in Concrete, ASTM STP 1065. (N. S.
Corrosão. Berke, V. Chaker, and D. Whiting, eds.), ASTM.
• Andrade, C., Merino, P., Novoa, X. R., Perez, M.
C., and Soler, L., Passivation of Reinforcing Steel in
Concrete, Materials Science Forum.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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