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Nas

pegadas
do
Mestre
Vinícius

Nas
pegadas
do
Mestre
Folhas esparsas dedicadas aos que têm
fome e sede de justiça

***
“Ninguém pode pôr outro
fundamento além daquele que
já está posto: Jesus Cristo.”
Paulo

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA


Sumário

A título de prefácio .......................................................... 11


Origem do Cristianismo ................................................. 13
Sursum corda . .................................................................. 17
A virtude ......................................................................... 21
Seara espiritual ................................................................ 23
O pródigo e o egoísta ..................................................... 25
Por que será? ................................................................... 29
Pai nosso . ........................................................................ 31
O sonho de Lutero . ........................................................ 35
O pesadelo de Loiola ........................................................ 37
Quem são meus irmãos? . ............................................. 39
Pecado sem perdão . ...................................................... 43
Pai! perdoa-lhes... .......................................................... 45
A Samaritana ................................................................. 47
Os verdadeiros cristãos . ............................................... 49
O estribilho fatal . .......................................................... 53
A força do direito .......................................................... 57
O leproso samaritano ................................................... 59
O Filho do Homem ....................................................... 63
Três grandes símbolos ................................................... 65
A verdade . ...................................................................... 67
A força positiva .............................................................. 69
Ser, e não parecer . ........................................................ 71
Imperialismo e Cristianismo ...................................... 73
A derrocada do Materialismo . .................................... 75
A figueira estéril ............................................................. 79
Credo . .............................................................................. 83
Justiça e misericórdia .................................................... 87
Equilíbrio e harmonia ................................................... 89
Flagelos da Humanidade ............................................... 93
O Céu de Jesus ................................................................ 95
Por que malsinar o mundo? ......................................... 99
O semeador ..................................................................... 103
O destino da Criação ..................................................... 105
A palavra da Vida . ......................................................... 107
O Calvário e o Tabor . .................................................... 109
Valor imperecível . ........................................................... 113
Eugenia e Religião .......................................................... 115
Os sinais dos tempos . .................................................... 117
Exaltados e humildes ..................................................... 119
Nosce te ipsum ................................................................. 121
Trigo e palha ................................................................... 123
Amor e paixão ................................................................ 125
O crime de Jesus ............................................................. 127
Querer é poder? .............................................................. 129
O verdadeiro holocausto ............................................... 131
O lento suicídio . ............................................................. 133
Pensamentos ................................................................. 135
Últimos que serão primeiros ......................................... 137
Evolucionismo ................................................................ 141
Renovemos nossa mente . .............................................. 145
Vinde a mim ................................................................... 149
O problema da orfandade ............................................. 153
As três cruzes ................................................................... 157
O Filho de Deus . ............................................................ 159
O grão de trigo . .............................................................. 161
Consolador ..................................................................... 165
Reflexões .......................................................................... 167
Quase irredutível ............................................................ 169
As virtudes do Céu . .................................................... 171
Rezar e orar ..................................................................... 173
Alfa e ômega . ................................................................. 175
Patriotismo . .................................................................... 177
Culto à virtude . .............................................................. 179
Proêmio do Evangelho .................................................. 183
Cristo na arte e no coração .......................................... 185
Imagem viva de Jesus . ................................................... 189
Socialismo cristão .......................................................... 193
Crer ou não crer . ........................................................... 197
Lázaro e o rico ................................................................ 201
Dignidade e orgulho ...................................................... 205
Tirai a pedra . .................................................................. 209
O álcool . .......................................................................... 211
A atração da cruz ........................................................... 213
Mestre e Salvador ........................................................... 215
O pão da vida .................................................................. 219
A missão de Jesus ........................................................... 223
O verbo amar .................................................................. 227
A porta estreita ............................................................... 231
Fiat lux ............................................................................. 233
A família de Jesus ........................................................... 237
Involução e evolução ....................................................... 241
Ressurreição ..................................................................... 243
O juízo final .................................................................... 245
O sal da Terra . ................................................................ 249
A Igreja viva ..................................................................... 253
Provas externas e internas . ........................................... 255
Oração do Natal .............................................................. 259
A soberania do amor ..................................................... 261
O Cristo redivivo . .......................................................... 263
Não temais . ..................................................................... 267
O óbolo da viúva ............................................................ 271
Democracia cristã . ......................................................... 273
Suprema medida .............................................................. 275
A vida e a morte ............................................................. 277
Roma ou Jesus? ................................................................ 281
A transfiguração ............................................................. 283
O Dia dos Mortos ........................................................... 285
Sigamo-lo . ....................................................................... 289
A religião de Jesus .......................................................... 291
Julgamento macabro ....................................................... 293
O Anticristo ..................................................................... 295
Alegria de viver . .............................................................. 301
O crente ........................................................................... 305
O ímpio . .......................................................................... 307
Quantidade e qualidade ................................................ 309
Caráter ............................................................................... 311
Jesus e a História ............................................................ 313
Mãe . ................................................................................. 315
O Verbo divino ............................................................... 317
As três afirmativas do Cristo ........................................ 321
O sangue do Cristo ........................................................ 323
Marta e Maria ................................................................. 327
A Paixão do Cristo ......................................................... 331
Nem frio nem quente ..................................................... 333
O Belo ............................................................................... 337
A justiça humana e a Justiça Divina ............................ 339
A música e o coração ..................................................... 345
A túnica inconsútil . ....................................................... 347
Higiene da alma . ............................................................ 349
Horrores da guerra . ....................................................... 351
Com quem convivemos? .............................................. 355
Res, non verba ................................................................. 359
Atitudes definidas ........................................................... 363
Gigantes e pigmeus ......................................................... 367
Comunismo cristão . ....................................................... 371
A vida verdadeira ............................................................ 375
Amor e egoísmo . ............................................................. 377
A maior das solidões ...................................................... 379
Surge et ambula! .............................................................. 381
Evolução . ......................................................................... 385
Salvar é educar . ............................................................... 387
Fiel e infiel ....................................................................... 389
O nosso Deus ................................................................... 391
Olhos bons e olhos maus . ............................................... 393
Ricos e pobres .................................................................. 397
O bom senso ................................................................... 399
Criaturas ou filhos de Deus? ......................................... 403
A Lei e a Graça . .............................................................. 405
A Letra e o Espírito........................................................... 409
Cinzas ............................................................................... 413
A título de prefácio

Se há obras que, de todo, dispensem qualquer pre­fácio,


serão sem dúvida as que a pena constantemente inspirada
de Vinícius produz. Assim pensamos, por­que, para nós, não
haverá, no seio da grande família espírita brasileira, entre
os seus membros afeiçoados ao estudo da doutrina que pro-
fessam, nenhum que já se não haja deleitado com as elucu-
brações desse operoso exegeta das letras evangélicas, e que,
tendo-se enlevado em meditá-las, realçadas pela limpidez
de comentários que lhes varam o âmago dos ensinamentos
sublimes, não sinta o vivo desejo de experimentar nova-
mente o gozo espiritual de uma leitura, em que se lhe depa-
ra como que encantador e progressivo desvendamento de
mistérios, a transportar a alma para as célicas regiões do
lídimo amor cristão.
Mas, se assim é, por que e para que as presentes li­nhas
colocadas à guisa de prefácio neste volume, em que Vinícius
empreende levar os seus irmãos da Terra a co­nhecer a ven-
tura de andar nas pegadas do Mestre?
Para não perdermos o ensejo, que se nos oferecia com
o ser o mesmo volume editado agora pela Federação, de
apresentar ao fecundo escritor espírita que o elabo­rou um
expressivo testemunho do nosso altíssimo apreço à sua cola-
boração, preciosa sempre, na explanação de todos os assun-
tos doutrinários. Para, principalmente, deixar assinalada
12 | nas pegadas do mestre

aqui a nossa admiração pela continui­dade do seu esforço,


sempre feliz, no evidenciar, inter­pretando à luz da Doutri-
na dos Espíritos os Evangelhos, trecho a trecho, que, antes e
acima de tudo, o Espiritismo é como a própria Doutrina
Cristã, na sua pureza divinal.
Escrevemo-las, também, a fim de dizer, com abso-
luta sinceridade, a todo aquele que se disponha a ler o
vo­lume colocado sob suas vistas, que dado lhe será, per-
lustrando-lhe as páginas, olvidar por inteiro as peque-
nezes sem conta do pequenino mundo que lhe serve de
presídio temporário, deslumbrando pelo descobrimento
gradual das veredas luminosas que as pegadas do Mes­t re
balizaram, e por isso as únicas que, através da plena
Espiritualidade, conduzem à bem-aventurança do seu
Reino celestial.
E como, necessariamente, palmilhando-as, irá o lei­tor
bondoso, cheio de gratidão, ao caminheiro esclarecido que
lhe tomou a frente para lhas apontar, ditoso nos sentiremos se
acontecer tenhamos sido quem o haja feito, por esta singelís-
sima apresentação, seguir-lhe os passos de pioneiro incansá-
vel e, assim, pleno de satisfação, a ambos saudamos em nome
do Mestre divino.
G. R.
Origem do Cristianismo

Vendo Deus os homens se hostilizarem numa vida


de egoísmo — uns amontoando haveres, outros sucum­
bindo rotos e famintos, uns governando como tiranos,
outros obedecendo como escravos —, chamou Jesus, e
disse-lhe: “Filho bem-amado; vai à Terra, e dize àquela
gente que eles todos são irmãos, filhos meus, criados por
mim, que tenho reservado a todos igual destino. Ensi­na-
-lhes que minha Lei é amor. Esforça-te por fazê-los com-
preender essa lei; exemplifica-a do melhor modo pos­sível,
ainda mesmo com sacrifício de tua parte. Quero, faço
empenho que o egoísmo desmedido, que impera no cora-
ção do homem, seja substituído pelo amor. Sei que isto é
difícil, que vai custar muito, mas não importa: minha
vontade é essa. Tu serás a encarnação do meu verbo. Fa-
larás aos homens, instruí-los-ás no conheci­mento desta
verdade. Eu serei contigo”.
Jesus, filho dileto e obediente, ouviu a palavra do Pai,
saturou-se dela, e, compenetrado da missão que recebera,
veio ao mundo.
Nasceu num estábulo, para mostrar em que des­prezo
tinha as estultas vaidades deste meio.
Cresceu, fez-se homem, e deu início ao cumprimento
da ordem recebida. Começou a instruir a Humanidade.
Pregava nas praças públicas, nas praias do mar, nas ruas,
14 | nas pegadas do mestre

onde quer que se reunisse o povo. Percorria cida­des, vilas e


aldeias, anunciando e exemplificando a lei do amor.
Dizia, dentre outras coisas: “Homens: vós sois ir­mãos;
amai-vos mutuamente; pois em tal se resume a única e ver-
dadeira religião. A vossa sociedade está dividida; há entre
vós separações profundas. Uns dis­põem do poder com ti-
rania; outros se submetem como servos. O grande oprime
o pequeno. O fraco é esmagado pelo forte. Para os ricos,
todas as regalias, todos os privilégios; para os pobres,
trabalhos e angústias. Ten­des concentrado toda a vossa as-
piração na posse da terra com seus bens. O egoísmo domi-
na-vos. É neces­sário que vos reformeis. A existência, que
ora fruís no mundo, passa como uma sombra, é apenas
uma oportu­nidade que o Pai vos concede para conquistar-
des o fu­turo brilhante que Ele vos reserva. Aspirai pois, de
preferência, aos bens espirituais, que o ladrão não rouba, e
a traça não rói. Tal é a vontade do Pai. Vós o ado­rais com
os lábios, mas não o fazeis com o coração. Deus é espírito,
e neste caráter deve ser compreendido. Ele não está encar-
cerado nos templos de pedra como supõem os judeus em
Jerusalém, e os samaritanos em Garezim; mas, espírito
que é, Ele se manifesta a todos que invo­cam seu nome com
fé, permanecendo em seu manda­mento. A estes, Deus pro-
cura para seus adoradores. Os ritos e cerimônias são coisas
vãs, inventadas pelos homens”.
E enquanto assim ia falando, Jesus curava toda a sorte de
enfermos que encontrava, inclusive leprosos, cegos de nascença
e paralíticos. E tudo fazia por amor; não recebia nenhuma paga
pelos benefícios que prodigamente distribuía.
O povo escutava-o com avidez, sorvendo a largos haus-
tos as boas-novas que ele anunciava; pois, até en­tão, jamais
alguém pregara semelhante doutrina de amor e de igual-
origem do cristianismo | 15

dade. Grande era já o número dos que o se­guiam e propaga-


vam seus feitos.
O clero e as autoridades começaram a inquietar-se ven-
do na doutrina de Jesus um perigo para as institui­ções
vigentes, e particularmente para os privilégios que desfruta-
vam os representantes do Estado e da Igreja.
Os dois poderes — o temporal e o espiritual — resolve-
ram agir em defesa de seus mútuos interesses seriamente
ameaçados. Trataram, desde logo, de prender Jesus. Antes,
porém, de o fazer, prepararam o ânimo do povo, dizendo: “O
Nazareno é um impostor, ini­migo da Igreja e de César. Todos
os prodígios que faz é por influência de Belzebu. É um blasfe-
mo, um herege, que nem sequer guarda a tradição de nossos
pais, legada por Moisés”.
Sugestionado o povo ignaro, restava consumar-se o delito.
Prenderam o Enviado de Deus, e levaram-no ao Sinédrio.
Ali, os sacerdotes o interrogaram, e acerbamente o acu-
saram. Jesus calara. “É indispensável que morra”, concluí-
ram por unanimidade. “Levemo-lo a Pilatos para que ele, na
qualidade de representante de César, lavre a sentença.” E
conduziram-no, sob chufas e apupadas, até o palácio do pre-
posto de César. Pilatos recebeu a embaixada, e interpelou
o pseudocriminoso. Achou-o inocente. Voltando-se então
para os seus acusadores, disse: “Não vejo neste homem cri-
me algum. Proponho que seja absolvido”.
— Nunca! — bradaram em coro os sacerdotes, os es-
cribas e os fariseus. — Preferimos perdoar a Barrabás, o
homicida. Quanto ao Nazareno, queremos que seja cruci-
ficado. É amotinador, é blasfemo, é endemoninhado, é
louco; cura doentes de graça; nivela senho­res e escravos,
nobres e plebeus; diz que se deve renun­ciar às riquezas,
16 | nas pegadas do mestre

que todos os homens são filhos de Deus, e que a religião


é amor.
— Mas eu não vejo nele crime algum — obtemperou o
Procônsul romano.
— Se não crucificares o Nazareno — retrucou o povi-
léu, instigado pelos sacerdotes —, não és amigo de César,
pois só a ele temos como rei, e Jesus se diz rei. Lavra a sen-
tença; do contrário apelamos para César.
Pilatos, acobardado pela ameaça, entregou Jesus para
ser crucificado. E crucificaram-no, ladeado por ladrões.
Antes, porém, de Jesus exalar o derradeiro suspiro, vol-
tou-se para umas mulheres piedosas, e alguns discí­pulos
fiéis, que choravam ao pé da cruz, e disse:
— Não vos entristeçais; eu não vos deixarei órfãos, mas
voltarei a vós. — E, levantando os olhos para o céu, acres-
centou: — Pai, cumpri o teu mandato. Fui até o sacrifício.
Traguei, até a última gota, o cálice da amargura. Os homens
deste mundo são maus, contudo, eu imploro para eles o teu
perdão, porque também são ignorantes: não sabem o que
fazem. Julgam que po­dem contrariar os teus desígnios exe-
cutando-me, a mim, que fui o intérprete de tua palavra. Eu
sei que Tu farás prevalecer a tua soberana vontade. E conti-
nuarei ao teu lado, agindo sob teu influxo, e, comigo, aque-
les que Tu me deste.
“Assim, mais dia menos dia, a Luz vencerá as trevas, a
liberdade se oporá à escravidão, a justiça destronará a tira-
nia, e, ao reinado do egoísmo, sucederá o reinado do amor.
Passarão o céu e a terra, mas a tua palavra não passará.
Recebe, Pai, o meu espírito”.
Sursum corda*

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus


é tomado à força, e os violentos são os que o conquistam.”

(Mateus, 11:12.)

O Reino dos Céus é dos fortes. Os abúlicos, os pusi­


lânimes e os covardes jamais o alcançarão. Sua posse de-
pende de uma porfiada conquista. A obra da salvação é
obra de educação. Educar é desenvolver os poderes latentes
do espírito, dentre os quais sobressai a Von­tade. É com o
poder da Vontade que se alcança o Céu. “A Vontade”, disse
um eminente educador, “é a força prin­cipal do caráter, é,
numa palavra, o próprio homem.” Tomás de Aquino, in-
terpelado por certa senhora de alta sociedade sobre o que
se fazia preciso para ganhar o Céu, respondeu: “Querer”.
A maioria dos erros que cometemos são atos de fra­
queza moral. Os vícios dominam-nos, a cólera arreba­ta-nos,
o ciúme consome-nos, a ambição perturba-nos, o orgulho
cega-nos, o egoísmo envilece-nos. Dissimulamos a cada
passo, abafando a verdade, preterindo a justiça, pactuando
com a iniqüidade. E tudo por quê? — por fraqueza.

*Coração ao alto.
18 | nas pegadas do mestre

Uma vontade frouxa, deseducada, é a causa dos fracas-


sos, dos desapontamentos, das quedas e das humi­lhações
por que passamos na trajetória da existência. O Reino dos
Céus há de ser tomado à força. É o único caso em que a vio-
lência se justifica. Sem energia de vontade não se doma a
animalidade que nos degrada, não se sobe a simbólica esca-
da de Jacó. Sem coragem moral não se abraça a verdade,
nem se vive segundo a justiça.
O Apocalipse (3:15, 16 e 21), em sua linguagem parabóli-
ca, diz: “Não és frio, nem quente, oxalá fosses frio ou quente:
És morno, por isso estou para te vomitar de minha boca. Ao
vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus”.
O morno é o fraco, é o tíbio, o indeciso, o medroso, que
não sabe porfiar, que foge espavorido das lutas e das pelejas.
Jesus disse aos seus discípulos:
— Ide. Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos.
Ele queria, portanto, homens resolutos, dispostos a en-
frentar obstáculos e a conjurar perigos. A ovelha no meio da
alcatéia corre risco iminente. E o Mestre aponta e salienta
esse perigo ordenando peremptoriamente: “Ide”. Referindo-
-se ao caminho da salvação, disse que esse caminho é estreito
como estreita é a porta que lhe dá acesso. Para melhor eluci-
dar o caso, acrescenta: “Quem quiser ser meu discípulo,
renuncie a tudo, inclu­sive à própria vida, tome sua cruz e
siga-me”. (Mateus, 16:24; Marcos, 8:34; Lucas, 9:23.)
Os dizeres acima não dão margem a mal-entendidos. Eles
exprimem clara e positivamente que, para ser cris­tão, o homem
precisa tornar-se forte, corajoso, intrépido. E o Mestre o exem-
plificou dando perfeito testemunho, na sua vida terrena, de
integridade de caráter, de valor moral e de intrepidez.
Ninguém me convence de pecado. — Eu venci o mun-
do. — Seja o teu falar sim, sim; não, não. Não te­mais os ho-
sursum corda | 19

mens. — Sede perfeitos como vosso Pai celes­tial é perfeito


— são frases de um Espírito forte e valoroso. A expulsão dos
vendilhões do templo, dadas as condições e o meio em que
se operou, foi mais do que um ato de coragem moral, foi um
cartel de desafio atirado pelo Mestre a uma horda de inimi-
gos ferozes e poderosos.
O homem atual carece de valor moral.
O parasitismo crescente comprova tal asserção. Atra-
vessamos uma época de crise de energia. Não de energia elé-
trica, como clama a imprensa de nossos dias, mas de energia
moral, de coragem cívica, de inteireza de caráter. Semelhan-
te crise é de consequências gravís­simas para a Humanidade.
A crise de energia elétrica acarreta males relativos e saná-
veis, enquanto a crise de energia moral, se não for conjura-
da, trará a dis­solução social, determinará um verdadeiro
cataclismo mundial.
Salvar é educar. O Reino dos Céus é conquista dos for-
tes. Eduquemos a vontade libertando nosso espírito da ig-
nominiosa servidão, do negregado cativeiro do vício e das
paixões.
Imaginar a salvação fora da autoeducação de nos­sas
almas é utopia dogmática incompatível com a atua­lidade.
Salvemos o mundo, salvando-nos a nós mesmos.

SURSUM CORDA!
A virtude

A virtude não é veste de gala para ser envergada em


dias e horas solenes. Ela deve ser nosso traje habitual. A vir-
tude precisa fazer parte de nossa vida, como alimento que
ingerimos cotidianamente, como o ar que respiramos a todo
instante.
A virtude não é para ostentação: é para uso comum. É
falsa a virtude que aparece para os de fora, e não se verifica
para os familiares. Quem não é virtuoso dentro do seu lar,
não o será na vida pública, embora assim aparente. Ser deli-
cado e afável na sociedade, deixando de manter esses pre-
dicados em família, não é ser virtuoso, mas hipócrita. A
virtude não tem duas faces, uma interna, outra externa:
ela é integral, é perfeita sob todos os aspectos e prismas. Não
há virtude privada e virtude pública: a virtude é uma e a
mesma, em toda parte.
O hábito da virtude, quando real, reflete-se em todos
os nossos atos, do mais simples ao mais complexo, como o
sangue que circula por todo corpo.
As conjunturas difíceis, as emergências perigosas não
alteram a virtude quando ela já constitui nosso modo habi-
tual de vida.
A virtude assume as modalidades necessárias para se
opor a todos os males, sem prejuízo de sua integridade. Há
22 | nas pegadas do mestre

um matiz para resolver cada caso, para se opor a cada vício,


para vencer cada paixão, para enfrentar cada incidente; mas
sempre, no fundo, é a mesma virtude. Ela é como a luz, que,
iluminando, resolve de vez todos os obstáculos e tropeços,
franqueando-nos o caminho. O hábito da virtude é fruto de
uma porfiada conquista. Possuí-la é suave e doce. Praticá-la
é fonte perene de infindos prazeres. A dificuldade não está
no exercício da virtude, mas na oposição que lhe faz o vício,
que com ela contrasta. É necessário destronar um ele­mento,
para que o outro impere. O vício não cede o lugar sem luta.
A virtude nos diz: eis-me aqui, rece­bei-me, dai-me guarida
em vosso coração; mas lembrai-vos de que, entre mim e o
vício, existe absoluta incom­patibilidade. Não podeis servir
a dois senhores.
A verdadeira religião é a da virtude. Fora da vir­tude não
há salvação. “Vós sois o sal da Terra”, disse Jesus aos seus
discípulos. (Mateus, 5:13.) Se ele hoje viesse ao mundo reunir
seus escolhidos, não se valeria certamente das denominações
e títulos dos vários credos religiosos para os distinguir; a vir-
tude seria o sinal inconfundível por onde os descobriria, por
mais dispersos e disfarçados que estivessem.
É pela virtude que as almas se irmanam entretecendo
entre si liames indissolúveis. Os homens de vir­tude enten-
dem-se num momento, ao passo que os séculos não são su-
ficientes para firmar acordo entre aqueles que dela vivem
divorciados.
Propaguemos a religião da virtude: só ela satisfaz o
senso da vida, conduzindo o espírito à realização dos seus
destinos.
Seara espiritual

“Dizeis vós que ainda há quatro meses para a ceifa? eu,


porém, vos digo: Erguei os vossos olhos e contemplai esses cam-
pos, que já estão branquejando próximos da ceifa. E o que cei-
fa, recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna, para
que assim o que semeia, como o que sega, juntamente se rego-
zijem. Pois nisto é ver­dadeiro o provérbio, que um é o que se-
meia e outro o que sega.”

(João, 4:35 a 37.)

No campo espiritual a época da sementeira é, a seu tur-


no, a época da sega. Semear e ceifar são tarefas que se rea-
lizam simultaneamente. Não há estações exclusi­vas para
semear ou para ceifar. Em todas elas se espa­lham as semen-
tes, e em todas elas se recolhem as messes. O que semeia num
tempo recolhe as primícias de outros tempos. Na lavoura es-
piritual a solidariedade é lei inelutável. Não há obreiros cujo
mister consista exclusiva­mente em semear ou em ceifar. O
que semeia colhe, e o que colhe semeia. O que sega alegra-se
na colheita cuja sementeira foi trabalho de outrem; por isso
ele semeia também, a fim de que outros recolham o fruto dos
labores. Trabalho e justiça, justiça e amor.
Os tempos são sempre chegados. A hora vem, e agora é.
Só os ociosos aguardam épocas longínquas, que jamais che-
gam. Os laboriosos não perdem tempo: os campos branque-
24 | nas pegadas do mestre

jam para a colheita, as leiras esperam pela sementeira. Não


existe pretérito, não existe futuro; existe o presente eterno
convidando o Espírito ao tra­balho. Todos são capazes, to-
dos são aptos: é bastante querer. O chamado persiste, a seara
é incomensurável.
A geração atual goza, em todo o sentido, de uma gran-
de soma de benefícios, de comodidades e direitos que, em
seu conjunto, representa o esforço, a luta e o sacrifício de
gerações passadas. O presente é a consequência do pretérito,
assim como o futuro será a resultante do pre­sente. Em ma-
téria de liberdade, fruímos hoje as con­quistas dos mártires
de outrora, que pela liberdade se sacrificaram. É certo que
ainda perduram os vestígios da tirania e do despotismo de
outras eras. Cumpre, por­tanto, trabalharmos por extingui-
-los totalmente, prepa­rando para os vindouros um mundo
melhor, onde a liber­dade e a justiça sejam soberanas.
É ilícito receber e não dar. O egoísmo é contrapro­
ducente; quem ceifa contrai a obrigação de semear. De­mais,
para quem semeamos? Para quem será o mundo melhor, o
mundo escoimado de iniquidades, de hipocri­sias, de vícios
e de crimes? Para quem estaremos pre­parando a Nova Jeru-
salém, a terra onde há de habitar a justiça? Tudo fazemos
para nós mesmos; pois as ge­rações que se sucedem no cená-
rio terreno somos nós próprios, são os nossos filhos, os
nossos irmãos, os obje­tos do nosso amor. Nossa existência
passa como sombra; “somos de ontem, e ignoramo-lo”!
Nada de egoísmo, pois; nada de ócios infindáveis.
Obreiros da vinha do Senhor! mãos à obra; semeai e colhei,
porque na seara espiritual todas as estações são pró-
prias, todas as épocas são favoráveis, todos os tempos
são bons, tanto para semear como para colher.
A hora vem, e agora é.
O pródigo e o egoísta

O Pai, atendendo aos reclamos do filho mais moço, re-


partiu seus haveres entre ele e o seu irmão mais velho.
O Pródigo, logo após, esbanja a parte que lhe toca,
numa vida dissoluta, passando da riqueza à miséria. Abati-
do e humilhado, o Pródigo reconhece-se o único cul­pado de
sua imensa desventura. Arrependido, procura a casa pater-
na que outrora abandonara fascinado pelo arrebatamento
de incontidas paixões. O Pai, ao vê-lo de volta, corre pressu-
roso ao seu encontro, abraça-o com grande júbilo, e recebe-
-o ruidosa e festivamente.
O Egoísta, que havia conservado intactos os bens re-
cebidos, mostra-se magoado com a atitude generosa do Pai
e, protestando, dirige-lhe a seguinte observação: “Eu per-
maneci sempre contigo, tenho intacta a herança que me
coube; não obstante, jamais promoveste qual­quer festivi-
dade em minha honra, enquanto esse teu filho, boêmio e
dissipador, mereceu esplêndido banquete festejando seu
regresso”. Retruca o Pai: “É certo que não dissipaste os
bens herdados; mas, por isso, nada sofreste, ao passo que
teu irmão suportou todos os reve­ses e torturas originários
dos erros que cometeu. Hoje, sábio pela experiência adqui-
rida; virtuoso, pelo sofri­mento suportado; puro, graças ao
batismo de fogo, que recebeu através do cadinho da dor;
26 | nas pegadas do mestre

regressa ele ao lar paterno, mansão de todos os filhos, qual


perdido, então encontrado, qual morto, então redivivo. É
um ato de justiça, portanto, a expansão de amor com que
o acolhi”.
Os dois irmãos representam a Humanidade. O Pró­digo
é a fiel imagem dos pecadores cujas faltas trans­parecem,
ressaltam logo à primeira vista. Semelhantes transviados
deixam-se arrastar ao sabor das voluptuosidades, como bar-
cos que vogam à mercê das ondas, sem leme e sem bússola.
Sabem que são pecadores, estão cônscios das imperfeições
próprias e, comumente, osten­tam para os que têm olhos de
ver, de permeio com as graves falhas de seus caracteres,
apreciáveis virtudes. E assim permanecem, até que o agui-
lhão da dor os desperte.
O filho mais velho, o Egoísta, é a perfeita encarnação
dos pecadores que se julgam isentos de culpa, pro­tótipos de
virtudes, únicos herdeiros das bem-aventuranças eternas,
pelo fato de se haverem abstido do mal. São os orgulhosos,
os exclusivistas, os sectários que se apartam dos demais
para não se contaminarem, como faziam os fariseus. A so-
berba não lhes permite con­ceber a unidade do destino. O
Pródigo, a seu ver, deve ser excluído do lar. Não veem ligação
alguma de soli­dariedade entre os membros da família hu-
mana. Quando se referem ao Pródigo, dizem: “Esse teu fi-
lho”. (Lucas, 15:30.) Des­creem da reabilitação dos culpados.
Só podem ver a sociedade sob seus aspectos de camadas di-
versas, cama­das inconfundíveis. Imaginam-se no alto, e os
demais embaixo.
O mal do Egoísta é muito mais profundo, está muito
mais radicado que o do Pródigo. Este tem qua­lidades ao la-
do dos defeitos. Aquele não tem vícios, mas igualmente não
o p r ó d i g o e o e g o í s ta | 27

tem virtudes. É o Ladrão da cruz e o Moço de qualidade:


aquele penetra os arcanos celes­tiais, este fica excluído. O
Egoísta não esbanja os dons: esconde-os, como o avarento
esconde as moedas. Não mata, porém é incapaz de arriscar
um fio de cabelo para salvar alguém. Não rouba, mas tam-
bém não dá. Não jura falso, mas não se abalança ao mais
ligeiro incômodo na defesa dum inocente. Seus atos e atitu-
des são invariavelmente negativos.
Tais pecadores acham-se, por isso, mais longe de Deus
que os demais, apesar das aparências denunciarem o con-
trário. E a prova está em que as íntimas simpa­tias, de todos
que leem a Parábola, se inclinam para o Pródigo, num mo-
vimento natural e espontâneo. É a escolha do coração; e o
coração, muitas vezes, julga me­lhor que a razão.
Por que será?

Por que será que o Filho pródigo é uma figura tão


simpática apesar da sua vida pecaminosa, enquanto o ir-
mão é quase repulsivo, a despeito da prudência com que
sempre se houve no lar paterno, donde jamais se apartou?
Onde o motivo dessa inclinação de todos os corações
pelo dissipador da herança, pelo perdulário que desce
pela encosta dos vícios até a mais negra miséria?
A razão é esta: O Pródigo pecou, sofreu, amou. A dor
despertou-lhe os sentimentos, iluminou-lhe a cons­ciência,
converteu-o. A humildade, essa virtude que le­vanta os de-
caídos e engrandece os pequeninos, exaltou-o, apagando
todas as máculas do seu espírito, então redi­mido. O bem
sobrepuja o mal: uma só virtude destrói o efeito de muitos
vícios. “A caridade”, diz Pedro, “cobre uma multidão de
pecados.” (I Pedro, 4:8.)
Depois, nós, pecadores confessos, vemos, na vida do
Pródigo, a nossa própria história.
Sua epopéia é a nossa esperança. Eis por que com ele
tanto simpatizamos.
E por que nutrimos sentimentos opostos a respeito de
seu irmão? Porque é a personificação do egoísmo. O egoísta
insula-se de todos pela influência de seus próprios pensa-
mentos. É orgulhoso, é sectário. Sepa­ra-se dos demais por-
30 | nas pegadas do mestre

que se julga perfeito. Jacta-se inti­mamente em não alimen-


tar vícios, mas nenhuma vir­tude, além da abstenção do mal,
nele se descobre. É um cristalizado: não suporta as con-
sequências dos desvarios, mas não goza os prazeres da vir-
tude. Sua conversão é mais difícil que a de qualquer outra
espécie de pecadores. A presunção oblitera-lhe o entendi-
mento, ofusca-lhe as ideias. Imaginando-se às portas do
Céu, dista ainda dele um abismo.
Supõe-se um iluminado, e não passa de um cego. A
propósito desse gênero de cegueira, disse o mesmo autor
da parábola, em cuja trama figuram o Pródigo e o Egoísta:
“Graças te dou, meu Pai, porque escondeste as tuas verda-
des dos grandes e prudentes, e as revelaste aos inscientes e
pequeninos”.
Finalmente: nós nos inclinamos para o Pródigo, e desde-
nhamos o seu irmão, porque escrito está: Aquele que se exalta
será humilhado, e aquele que se humilha será exaltado. Tal é
a lei a que nosso coração espontanea­mente obedece.
Pai nosso

“Portanto, disse Jesus, orai vós deste modo: Pai nosso que
estais nos Céus.”
(Mateus, 6:9.)

Uma das originalidades do Cristianismo está na concep-


ção de Deus como Pai. Nenhum outro, além de Jesus, apresen-
tara a divindade sob aquele prisma. Este fato, à primeira vista
banal, é, no entanto, da mais subida importância.
Graças a essa denominação dada a Deus pelo seu
Messias, podemos saber hoje, com certeza, onde está o Cris-
tianismo dentre os credos diversos, que se dizem portadores
da genuína moral cristã.
O Paganismo, atribuindo aos seus deuses interfe­rência
direta em todos os acontecimentos que se davam na Terra,
fazia deles os juízos mais temerários.
O Judaísmo via em Jeová o rei absolutista e cioso; o Se-
nhor onipotente, cujo zelo inexcedível premiava ou punia,
até a quinta geração; o chefe supremo e in­visível, que,
do Alto, comandava os exércitos de Israel, assegurando-lhes
a vitória sobre seus inimigos.
Jesus mudou completamente esse falso conceito, apresen-
tando Deus aos apóstolos como o Pai de todos os homens. Foi
uma verdadeira revelação, dadas as ilações que daí decorrem.
32 | nas pegadas do mestre

Os reis regem vassalos; os senhores dominam es­


cravos; os generais comandam soldados. Escravos, vas­
salos e soldados são indivíduos passivos, sem vontade
própria, dos quais se exige obediência cega. Tal condição,
gerando a subserviência e o servilismo, degrada e avilta
os caracteres.
O Pai dirige e orienta os filhos, criados à sua ima­gem e
semelhança, como seres livres, apelando para as suas facul-
dades espirituais.
Escravos, vassalos e soldados são explorados e escor-
chados pelos seus dominadores.
Os filhos são queridos pelos pais, que, à sua felici­dade,
tudo sacrificaram.
Para escravos, vassalos e soldados, não existe liber­
dade nem direitos: somente deveres. O melhor escravo é o
mais servil; o melhor vassalo é o mais submisso; o melhor
soldado é o mais passivo.
Aos filhos, o pai concede todos os direitos: o uso do seu
nome, a herança dos seus bens.
O rei e o senhor têm seus favoritos aos quais con­cedem
privilégios.
Para os pais não há filhos proscritos: amam a to­dos
com igualdade. Ao enfermo da alma ou do corpo se voltam
suas preferências, porque o coração lhes diz que é esse o
mais dependente da sua misericórdia.
Escravos, soldados e vassalos são castigados severa e
abruptamente quando se insurgem contra o despotismo, ou
quando transgridem ordens recebidas. A punição lhes é in-
fligida a fim de os acobardar, para que jamais se sublevem,
ou deixem de obedecer.
pa i n o s s o | 33

O pai nunca pune os filhos que erram: corrige-os, per-


doando sempre. Do punir ao corrigir medeia um abismo.
Quem pune humilha para submeter. Quem cor­rige aperfei-
çoa para libertar.
Os reis e os senhores são temidos: só os pais são
amados.
Escravos, vassalos e soldados obedecem a fórmulas es-
peciais, vazadas nos moldes da bajulação e da sabujice,
quando fazem suas súplicas e petições. Os filhos usam para
com os pais linguagem simples e familiar, como se vê na
oração dominical.
Da paternidade de Deus decorre a fraternidade e a
igualdade dos homens. Sem igualdade não há justiça; sem
fraternidade não há misericórdia.
Da ideia de Deus, como rei e como senhor, se ori­gina a
vassalagem e a hipocrisia, ou então a revolta e a descrença.
Onde, na atualidade, o credo que sustenta, à luz da ra-
zão e da lógica, os atributos de Deus como Pai da Humani-
dade? — Com esse está o espírito do Cris­tianismo.

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