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Resumo
Esses três significados de “informação”, juntamente com o “processamento de informação”, oferecem uma
base para a classificação de diferentes atividades relacionadas a informações (por exemplo, retórica,
recuperação bibliográfica, análise estatística) e, desse modo, sugerem uma topografia para a “ciência da
informação”.
Uma exploração acerca de “informação” se depara com dificuldades imediatas, já que informação tem a ver
com se tornar informado, com a redução da ignorância e da incerteza, é irônico que o termo “informação”
seja em si mesmo ambíguo e usado de diferentes formas. Para uma introdução concisa e conveniente aos
vários significados de “informação” e alguns termos relacionados, veja Machlup (1983). Veja também
Braman (1989), NATO (1974, 1975, 1983); Schrader (1983), Wellisch (1972), Wersig & Neveling (1975).
Nos deparando com uma variedade de significados de “informação”, podemos ao menos assumir uma
abordagem pragmática. Podemos examinar o panorama e procurar identificar agrupamentos de usos do
termo “informação”. As definições podem não ser totalmente satisfatórias, as fronteiras entre esses usos
podem ser indistintas, e tal abordagem pode não satisfazer qualquer pessoa que se determine a estabelecer o
significado único e correto de “informação”. Mas se os principais usos puderem ser identificados,
classificados e caracterizados, então algum progresso pode ser feito. Usando essa abordagem, identificamos
três principais usos da palavra “informação”:
1. Informação-como-processo: quando alguém é informado, o que ele sabe é alterado. Nesse sentido,
“informação” é o “ato de informar...; a comunicação do conhecimento ou de ‘notícias’ sobre algum fato ou
ocorrência; a ação de contar ou o fato de ser informado sobre algo.” (Oxford English Dictionary, 1989, vol.
7, p. 944).
Alguns teóricos têm objetado o uso atributivo do termo “informação” para denotar algo conforme o terceiro
sentido anteriormente descrito. Wiener afirmou que “informação é informação, não matéria ou energia”.
Machlup (1983, p. 642), que restringiu a informação ao contexto da comunicação, era desdenhoso a respeito
desse terceiro sentido da informação: “o substantivo ‘informação’ tem essencialmente dois significados
tradicionais... Quaisquer outros significados além de (1) o ato de contar algo ou (2) aquilo que é contado
são analogias e metáforas ou misturas resultantes da apropriação tolerada de uma palavra que não era
pretendida por usuários antigos”. Fairthorne (1954) objetou com desprezo a noção de informação enquanto
“coisa”: “... informação é um atributo do conhecimento e da intepretação do sinal por parte do receptor, não
do emissor nem de algum observador onisciente ou do próprio sinal”.
Mas a linguagem é constituída a partir de seu uso e dificilmente poderíamos ignorar “informação-como-
coisa” enquanto ela for um significado comumente usado do termo “informação”. De fato, as linguagens
evoluem e, com a expansão da tecnologia da informação, a prática de se referir a comunicações, bases de
dados, livros e afins como “informação” parece estar se tornando mais comum e, talvez, uma fonte
significativa de confusão, já que símbolos e objetos portadores de símbolos são facilmente confundidos com
o que quer que os símbolos denotem. Assim, “informação-como-coisa”, independentemente de como é
chamada, é de especial interesse em relação a sistemas de informação porque essencialmente sistemas de
informação, incluindo “sistemas especialistas” e sistemas de recuperação da informação, podem lidar
diretamente com informação somente nesse sentido. O desenvolvimento de regras para deduzir inferências a
partir de informações armazenadas é uma área de interesse teórico e prático. Mas essas regras operam sobre
e apenas sobre a informação-como-coisa.
(3) Especular sobre o possível uso da noção de “informação-como-coisa” para trazer ordem teórica aos
campos heterogêneos e mal ordenados associados à “ciência da informação”.
Nossa discussão até o momento pode ser resumida em termos de duas distinções:
(1) Entre entidades e processos; e
(2) Entre intangíveis e tangíveis.
Consideradas conjuntamente, essas duas distinções fornecem quatro diferentes aspectos da informação e dos
sistemas de informação. Veja a figura 1.
Ao invés da tarefa tediosa de analisar candidatos a objetos e de investigar se eles devem ou não ser
considerados exemplos de informação-como-coisa, podemos reverter o processo e pedir a pessoas que
identifiquem as coisas pelas quais ou por causa das quais elas são informadas. As pessoas dirão que são
informadas por meio de uma ampla variedade de coisas, como mensagens, dados, documentos, objetos,
eventos, ao olharem pela janela, ou por qualquer tipo de evidência. Esse ponto foi reconhecido por Brookes
(1979, p. 14): “Nas ciências se tem reconhecido há um bom tempo que a fonte primária de informação não é
a literatura das ciências, mas a observação dos fenômenos naturais relevantes. Cientistas (e outros)
encontram ‘sermões em pedras e livros em riachos’”. Qual seria a melhor forma de agruparmos esses
candidatos no que se refere à sua qualidade de informação? (Observe que estamos restringindo nossa
atenção a coisas e eventos físicos. Algumas pessoas poderiam dizer que parte de seus conhecimentos vem de
fontes paranormais, notadamente da inspiração divina. Outras negariam quaisquer fontes não físicas de
informação, mas, considerando-se que elas podem existir, a ciência da informação teria que ser incompleta
se essas fontes fossem excluídas. Não sabendo o que dizer sobre o assunto, meramente o observamos como
uma possível área de interesse incomum dentro da ciência da informação.)
Uma pessoa aprende por meio do exame de vários tipos de coisas. Para aprender, textos são lidos, números
são contabilizados, objetos e imagens são inspecionados, tocados, ou percebidos de outra forma. Em um
sentido significativo, a informação é usada como evidência no aprendizado – como base para o
entendimento. O conhecimento e as opiniões de uma pessoa são afetados pelo que ela vê, lê, ouve e
experimenta. Livros e enciclopédias fornecem conteúdos para uma introdução; textos e comentários
literários são recursos para o estudo da língua e da literatura; matrizes de dados estatísticos fornecem dados
para cálculos e inferências; estatutos e relatórios judiciais indicam as leis; fotografias mostram como
pessoas, lugares e eventos se pareciam; citações e fontes são verificadas; e assim por diante. Em cada caso, é
razoável que a informação-como-coisa seja vista como evidência, no entanto sem implicar que o que foi
lido, visto, ouvido, ou de outras formas percebido ou observado, tenha sido necessariamente preciso, útil ou
mesmo pertinente aos propósitos do usuário. E nem é necessária a suposição de que o usuário tenha (ou
devesse ter) acreditado ou concordado com o que foi percebido.
“Evidência” é um termo apropriado porque denota algo relativo à compreensão, algo que, se encontrado e
corretamente entendido, pode mudar o conhecimento de uma pessoa, ou suas crenças, a respeito de algum
assunto.
Além disso, o termo “evidência” implica passividade. A evidência, assim como a informação-como-coisa,
não faz nada ativamente. Seres humanos fazem algo com ela ou a ela. Eles a examinam, descrevem e
categorizam. A compreendem bem, ou mal, interpretam, resumem ou refutam. Eles podem até tentar
falsificá-la, alterá-la, escondê-la ou destruí-la. A essência da evidência é precisamente que sua percepção por
parte das pessoas pode levar a mudanças no que elas acreditam que sabem.
As definições de “evidência” dos dicionários incluem: “Uma aparência a partir da qual inferências podem
ser definidas; uma indicação, marca, signo, símbolo, traço. ... Base para a crença; testemunho ou fatos que
podem provar ou refutar uma conclusão. ... Informação, seja na forma de testemunho pessoal, na linguagem
de documentos, ou na produção de objetos materiais, que é considerada em uma investigação legal” (Oxford
English Dictionary, 1989, vol. 4, p. 469). Se algo não pode ser visto como tendo as características de uma
evidência, então se torna difícil ver como ele poderia ser considerado uma informação. Se esse algo tem
valor por ser uma informação a respeito de outra coisa, então ele também pode ter valor por ser uma
evidência dessa coisa. “Evidência” parece estar suficientemente próxima do significado de informação-
como-coisa para garantir que se considere seu uso como um sinônimo quando, por exemplo, se descreve
objetos de museu como “evidências históricas autênticas da natureza e da sociedade” (Schreiner, 1985, p.
27).
Uma área na qual o termo “evidência” é muito usado é a da lei. Existe a preocupação sobre quais evidências
– quais informações – podem ser propriamente consideradas em um processo legal. Não é suficiente que a
informação seja pertinente. Também se exige que ela tenha sido descoberta e disponibilizada de formas
socialmente aprovadas. No entanto, se deixamos de lado as questões acerca da adequação da reunião e da
apresentação de evidências e nos perguntamos o que, na lei, a evidência realmente é, descobrimos que ela
corresponde de maneira bem próxima à forma como a estamos considerando aqui. Na lei inglesa, evidências
podem incluir a realização de experimentos e a observação de lugares, e são definidas como: “Em primeiro
lugar, os meios, aparte dos argumentos e inferências, pelos quais a corte é informada a respeito das questões
factuais estabelecidas pelas alegações; em segundo lugar, os assuntos abordados por tais meios” (Buzzard et
al., 1976, p. 6; também Wigmore, 1983).
TIPOS DE INFORMAÇÃO
Seguindo a noção de informação como evidência, como coisas por meio das quais uma pessoa é informada,
podemos examinar mais especificamente que tipo de coisas podem ser incluídas.
Dados
“Data” (“dados”, em português), que é o plural da palavra latina “datum”, significa “coisas que foram
dadas”. Este é, portanto, um bom termo para o tipo de informação-como-coisa que de algumas formas tem
sido processado para uso. Comumente, a palavra “dados” denota quaisquer registros que estejam
armazenados em um computador. (Veja Machlup (1983, p. 646-649) para uma discussão sobre o uso e o mal
uso do termo “dados”.)
Textos e documentos
Arquivos, bibliotecas e escritórios são dominados por textos: artigos, cartas, formulários, livros, periódicos,
manuscritos e registros escritos de vários tipos, em papel, microfilme e formato eletrônico. O termo
“documento” é normalmente usado para denotar textos ou, mais exatamente, objetos portadores de textos.
Parece não haver razões para não se estender o uso de “texto” e “documento” para se referir também a
imagens, ou mesmo sons, destinados a transmitir algum tipo de comunicação, estética, inspiradora,
instrumental, ou com outros fins. Nesse sentido, uma tabela com números pode ser considerada como texto,
documento ou dados. Textos analisados estatisticamente também podem ser considerados dados. Existe a
tendência de se usar “dados” para indicar informações numéricas e de se usar “texto” para indicar a
linguagem natural em qualquer mídia.
Uma maior confusão resulta da tentativa de distinguir dois tipos de recuperação por meio da composição de
duas suposições injustificadas sobre “dados” e “documentos”: (i) que “recuperação de dados” deve denotar a
recuperação de registros que se deseja analisar e “recuperação de documentos” deve denotar as referências
aos registros que se deseja analisar; e (ii) que “recuperação de dados” seria uma pesquisa por um “item
conhecido”, mas “recuperação de documentos” seria uma “pesquisa por assunto” para encontrar um item
desconhecido (van Rijsbergen, 1979, p. 2; Blair, 1984). A primeira suposição impõe definições estranhas
para ambos os termos. A segunda é ilógica e contrária à experiência prática (Buckland, 1988b, pp. 85-87). É
sábio não assumir nenhuma distinção firme entre dados, documento e texto.
Objetos
Alguns objetos informativos, como pessoas e edifícios históricos, simplesmente não podem ser coletados,
armazenados e recuperados. Mas a transferência física para uma coleção nem sempre é necessária para o
contínuo acesso. A referência a objetos em suas locações existentes cria, com efeito, uma “coleção virtual”.
Também é possível que se crie uma descrição ou representação deles: um filme, uma fotografia, algumas
medições, um diretório ou uma descrição escrita. O que então se coleta é um documento descrevendo ou
representando a pessoa, edifício ou outro objeto.
O que é um documento?
Havíamos começado usando uma classificação simples de recursos informacionais: dados, documento e
objeto. Mas as dificuldades aumentam se tentamos ser rigorosos. O que, por exemplo, é um documento? Um
livro impresso é um documento. Uma página manuscrita é um documento. Um diagrama é um documento.
Um mapa é um documento. Se um mapa é um documento, por que razão um mapa topográfico
tridimensional não poderia também ser um documento? Por que um globo não poderia também ser
considerado um documento, já que ele é, afinal de contas, uma descrição física de alguma coisa? Os
primeiros modelos de locomotivas foram criados com propósitos informacionais e não recreativos (Minns,
1973, p. 5). Se um globo, um modelo da Terra, é um documento, por que não se poderia considerar um
modelo de uma locomotiva ou de um navio como sendo também um documento? O modelo é uma
representação informativa do original. A locomotiva ou navio original, ou mesmo uma réplica de tamanho
real, seriam ainda mais informativos que os modelos. “Os poucos manuscritos remanescentes sobre os três
navios que trouxeram os primeiros colonos para Virginia não têm nada do poder de representar aquela
experiência como os navios reconstruídos o têm” (Washburn, 1964). Mas, por ora, estamos bem distantes
das noções costumeiras do que é um documento.
A maioria dos documentos, no sentido convencional da palavra – cartas, livros, periódicos, etc. – são
compostos de textos. Poderiam também ser incluídos diagramas, mapas, figuras e gravações de áudio em um
sentido estendido do termo “texto”. Talvez um termo melhor para textos, no sentido geral de artefatos
destinados a representar algum significado, seria “discurso”. Também poderíamos caracterizar esses textos
como “representações” de alguma coisa ou outra. No entanto, dificilmente poderíamos considerar um
antílope ou um navio como sendo “discursos”. Tampouco são representações em qualquer sentido. Seu valor
como informação ou evidência deriva do que eles indicam sobre si mesmos individualmente ou, talvez,
sobre a classe ou classes das quais eles são membros. Nesse sentido, eles representam alguma coisa e, se não
como uma representação, poderiam ser vistos como representativos. Se um objeto não é representativo de
algo, então não fica claro até que ponto ele pode indicar qualquer coisa, isto é, ser informativo.
Se poderia dividir objetos em artefatos destinados à constituição de discursos (como livros), artefatos não
destinados a isso (como navios), e objetos que não são artefatos de forma alguma (como antílopes). Nada
disso impede que qualquer um deles seja uma evidência, que seja informativo acerca de alguma coisa ou
outra. Tampouco impede que pessoas usem esses objetos de formas diferentes daquelas a que eles foram
destinados. Um livro pode ser tratado como um retentor de porta. As letras iniciais iluminadas dos
manuscritos medievais se destinavam à decoração, mas se tornaram uma importante fonte de informação
acerca da estética e dos implementos medievais.
“Signo natural” é o termo técnico há muito estabelecido na filosofia e na semiótica para coisas que são
informativas sem que haja uma intenção de comunicação (Clarke, 1987; Eco, 1976).
Eventos
Também podemos aprender com eventos, mas eles são ainda menos passíveis que objetos de serem
coletados e armazenados em sistemas de informação para futuro aprendizado. Quão diferente seria o estudo
da História se eles o pudessem! Eventos são (ou podem ser) fenômenos informativos e, portanto, deveriam
ser incluídos em qualquer abordagem completa de ciência da informação. Na prática, constatamos que as
evidências de eventos são usadas de três maneiras diferentes:
1. Objetos, que podem ser coletados ou representados, podem existir como evidências associadas a
eventos: manchas de sangue no carpete, talvez, ou uma pegada na areia;
2. Podem muito bem existir representações do próprio evento: fotos, matérias jornalísticas, memoriais.
Tais documentos podem armazenados e recuperados; e, também,
3. Eventos podem, em certa medida, ser criados ou recriados. Em ciências experimentais, considera-se
de grande importância que um experimento – um evento – seja projetado e descrito de tal forma que
possa ser replicado subsequentemente por outras pessoas. Como um evento não pode ser armazenado
e já que relatos dos resultados não são mais que rumores de evidências, a viabilidade de repetir o
experimento de modo que a validade da evidência, da informação, possa ser verificada é altamente
desejável.
Considerar eventos como informativos e observar que, embora eles não possam ser recuperados, existem
algumas possibilidades de recriá-los, adiciona outro elemento ao âmbito total da gestão de recursos
informacionais. Se o evento recriado é uma fonte de evidência, de informação, então não é insensato
considerar o equipamento de laboratório (ou outro) usado para repetir o evento como sendo de alguma forma
análogo aos objetos e documentos que são usualmente considerados fontes de informação. Em que sentido
importa se a resposta a uma investigação deriva de registros armazenados em um banco de dados ou da
repetição de um experimento? Que diferença significativa existe, para o usuário de logaritmos, entre um
valor logarítmico lido em uma tabela de logaritmos e um valor logarítmico recém-calculado quando e
conforme necessário? O investigador poderia ser sensato ao comparar os dois, mas certamente consideraria
ambos como sendo informações. De fato, seria um desenvolvimento lógico das tendências atuais do uso de
computadores esperar um obscurecimento da distinção entre a recuperação dos resultados de antigas análises
e a apresentação dos resultados de uma análise recente.
Considerar objetos e eventos, assim como dados e documentos, como sendo espécies de informação é adotar
um conceito mais amplo do que o comum. No entanto, se nos propusermos a definir informação em termos
do potencial para o processo de informar, isto é, como evidência, não pareceria haver uma base adequada
para restringir a inclusão de dados processados e documentos, como alguns iriam preferir, por exemplo,
definindo informação como "dados processados e agrupados em uma forma significativa” (Meadows, 1984,
p. 105).
Primeiramente, ela deixa sem resposta a questão sobre como chamar outras coisas informativas, como
fósseis, pegadas e gritos de terror. Secundariamente, ela acrescenta a questão sobre quanto processamento
e/ou agrupamento é necessário para que dados sejam chamados de informação. Em adição a essas duas
dificuldades específicas há o critério mais geral de que, todas as coisas sendo iguais, é preferível uma
solução mais simples do que uma mais complicada. Desse modo, mantemos nossa visão mais simples de
“informação-como-coisa” como sendo equivalente à evidência física: qualquer coisa por meio da qual
alguém possa aprender (cf. Orna e Pettit, 1980, p. 3). Felizmente, há movimentos na literatura de língua
inglesa sobre recuperação da informação em direção a uma abordagem mais ecumênica para informação e
sistemas de informação (Bearman, 1989).
Mesmo se dispensarmos o argumento de que informação errônea não é informação, ainda poderíamos nos
perguntar o que não poderia ser informação. Como ser informação, ser evidência, é uma qualidade atribuída
a coisas, bem poderíamos nos perguntar sobre quais limites haveria para o que poderia ou não ser
informação. A questão tem de ser refeita como “Quais coisas não poderiam ser consideradas informativas?”
Já observamos que uma grande variedade de coisas pode ser considerada informativa, então a abrangência é
claramente muito grande.
Poderíamos dizer que objetos não percebidos por ninguém não podem ser informações, enquanto nos
apressamos em acrescentar que eles bem podem se tornar informações quando alguém os percebe. Não é
incomum inferir que alguns tipos de evidência, das quais não estamos cientes, deveriam ou poderiam existir
e, se encontradas, teriam particular importância como evidências, como quando detetives procuram, mais ou
menos sistematicamente, por pistas.
Determinar o que pode ser informativo é uma tarefa difícil. Árvores, por exemplo, fornecem madeira, na
forma de tábuas para construção e lenha para aquecimento. Normalmente não se pensa em árvores como
sendo informações, mas elas são informativas ao menos de duas maneiras. Obviamente, como árvores
representativas elas são informativas acerca de árvores. De maneira menos óbvia, diferenças na espessura
dos anéis de crescimento das árvores são causadas por, e evidências de, variações no clima. Padrões
refletindo um ciclo específico de anos constituem informações valiosas para arqueólogos que procuram
datar velhos troncos (por exemplo, Ottaway, 1983). Mas se tábuas e lenhas podem informações, pode-se
hesitar em declarar categoricamente que qualquer dado objeto não poderia, em nenhuma circunstância, ser
informação ou evidência. Concluímos que não somos aptos a dizer com confiança sobre qualquer coisa que
a mesma não poderia ser uma informação.
Isso nos leva a uma conclusão pouco útil: se qualquer coisa é, ou poderia ser, informativa, então tudo é, ou
poderia ser, informação. Nesse caso, chamar algo de “informação” exerce pouca ou nenhuma influência
sobre sua definição. Se tudo é informação, então informação não é nada especial.
Mas, como observado acima, poderíamos a princípio dizer isso sobre qualquer objeto ou documento: o
indivíduo só precisa ser imaginativo o suficiente para supor a situação na qual o mesmo poderia ser
informativo. E se é possível descrever qualquer coisa dessa forma, estamos fazendo pouco progresso em
distinguir o que é a informação-como-coisa. Assim, isso é uma questão de julgamento individual, de opinião
sobre:
Se todas essas questões tiverem respostas positivas, então se poderia considerar a coisa – evento, objeto,
texto ou documento – como uma possível informação útil e, presumivelmente, tomar as providências para
preservá-la ou, ao menos, uma representação da mesma.
Nós mostramos que (i) a virtude de ser informação-como-coisa é situacional e que (ii) determinar se
qualquer coisa é passível de ser uma informação útil depende de uma combinação de julgamentos
subjetivos. O progresso que vai além da anarquia das opiniões individuais acerca do que é ou não é
razoavelmente tratado como informação depende do acordo, ou ao menos de algum consenso. Podemos usar
um exemplo histórico para ilustrar esse ponto. Costumava ser importante saber se uma mulher era ou não
uma bruxa. Uma fonte de evidência era o teste na água. A infeliz mulher era colocada em um lago. Se
flutuasse era uma bruxa. Se afundasse não era. Esse evento, o resultado do experimento, era, por consenso, a
informação-como-coisa necessária para a identificação da bruxa. Nos dias de hoje seria recusado, por
consenso, que o mesmo exato evento constituísse a informação que antes havia sido aceita, por consenso,
como tal.
Onde há um consenso de julgamento, o consenso é às vezes tão forte que o status dos objetos, especialmente
documentos, como sendo informações não é questionado, como no caso de diretórios de telefone, tabelas de
horários de linhas aéreas e livros didáticos. Nesses casos, discussões se dão apenas acerca de detalhes como
acurácia, uso, completude e custo. Por razões práticas, algum consenso é necessário para que se concorde
sobre o que coletar e armazenar em sistemas de informação baseados em recuperação, em arquivos, bases de
dados, bibliotecas, museus e arquivos de escritórios. Mas como essas decisões se baseiam em composições
de diferentes julgamentos, como observado acima, não é surpresa que deva haver alguma discordância.
Ainda assim, é com base nisso que dados são coletados e inseridos em bancos de dados, bibliotecários
selecionam livros, museus colecionam objetos e editoras publicam livros. É uma predição razoável que
cópias do diretório telefônico de San Francisco serão informativas, apesar de não haver garantia de que toda
e cada cópia será necessariamente usada.
Na provisão do acesso a informações por meio de sistemas de informação formais, a questão sobre se duas
porções de informação são iguais (ou, ao menos, equivalentes) é importante. Quando copias são idênticas, se
poderia falar formalmente sobre tipos e representações. Exemplares que não são iguais são referidos como
sendo tipos diferentes; cópias idênticas são referidas como representações. Se apenas um exemplar existe,
então se poderia dizer que há apenas uma “representação” daquele “tipo”.
Essa característica de cópias igualmente aceitáveis pode ser encontrada em outros exemplos de sistemas de
informação. Alguns tipos de objetos de museus são produtos de massa, como telefones. Com telefones ou
com livros impressos, um exemplar é tão aceitável quanto outro da mesma linha de produção. No entanto, há
uma qualificação maior. Na prática da arquivística, como em museus, dois documentos fisicamente idênticos
são considerados diferentes se eles ocorrem em locais diferentes na ordem original dos arquivos. A razão
disso é que seu posicionamento único em relação a outros documentos os torna únicos por associação e,
desse modo, diferentes.
Em bases de dados eletrônicas a situação é um pouco menos clara. É possível ter cópias de dois tipos: pode
haver cópias virtuais e temporárias exibidas em uma tela; ou pode-se fazer cópias de maior durabilidade em
papel ou outro meio de armazenamento. Essas cópias podem não ser, por algum erro de engenharia,
realmente iguais ao original. No entanto, normalmente presume-se que ou a cópia é autêntica ou os erros
ficaram marcados a ponto de ficarem evidentes. Pode haver dificuldade em saber se a cópia é uma cópia da
versão oficial mais recente do banco de dados, mas essa é uma questão diferente. Com textos manuscritos,
deve-se esperar que cada exemplar seja ao menos ligeiramente diferente, mesmo que seja declaradamente
uma cópia. É provável que a pessoa fazendo a cópia omita, adicione e altere partes do texto. Uma
característica significativa de estudos medievais é a necessidade de examinar de perto todas as cópias de
manuscritos relacionados, não apenas para identificar as diferenças, mas também para inferir quais podem
ser as versões mais corretas no que se refere a essas diferenças.
Em geral, então, a existência de cópias idênticas, igualmente informativas e oficiais, é incomum. Materiais
impressos em bibliotecas são uma notável exceção. Mais generalizado é o caso em que cópias não são
completamente idênticas, ainda que possam ser igualmente aceitáveis para a maioria dos propósitos.
(1) Pode-se esperar que toda representação seja mais ou menos incompleta em algum aspecto. Uma
fotografia não indica movimentos e pode não retratar cores. Mesmo uma fotografia colorida
provavelmente irá mostrar cores de modo imperfeito – e se apagará com o tempo. Uma narrativa
escrita refletirá o ponto de vista do escritor e as limitações da linguagem. Filmes e fotografias
usualmente mostram apenas uma perspectiva. Algo do original sempre é perdido. Sempre há alguma
distorção, ainda que devido apenas à incompletude.
(2) Representações são feitas por conveniência, que neste contexto tende a significar maior facilidade de
armazenamento, compreensão e/ou pesquisa.
(3) Devido à procura por conveniência, representações são normalmente uma mudança de um evento ou
objeto para um texto, de um texto para outro texto, ou de objetos e textos para dados. Exceções a
isso, como mudanças de objeto para objeto ou de documento de volta para objeto (réplicas e modelos
físicos) também podem ser encontrados (Schlebecker, 1977).
(4) Detalhes adicionais relacionados ao objeto, mas não evidentes a partir dele, podem ser adicionados à
representação, para informar ou desinformar.
(5) Representações podem continuar indefinidamente. Pode haver representações de representações de
representações.
(6) Por razões práticas, representações são comumente (mas não necessariamente) mais breves ou
menores do que o que é representado, se concentrando em características que se espera que sejam
mais significativas. Um resumo, quase que por definição, é uma descrição incompleta.
Reproduções de trabalhos artísticos e artefatos de museus são suficientes para alguns propósitos e têm a
vantagem de poderem proporcionar maior acesso físico sem deteriorar os originais. Ainda que elas sempre
venham a ser deficientes de algumas maneiras como representações dos originais, mesmo assim, como nos
casos de trabalhos artísticos e objetos de museus, até especialistas nem sempre identificam qual é o original
e qual é a cópia (Mills e Mansfield, 1979).
Em quarto lugar, similarmente, a informação-como-processo poderia ser a base para definir uma classe de
estudos relativos a informações. Aqui, novamente, a informação-como-coisa não pode ser ignorada, mas é
de interesse secundário como um meio. Psicologia cognitiva, retórica e outros estudos de comunicação
interpessoal e persuasão seriam exemplos. Meios alternativos, isto é, mídias físicas alternativas, poderiam
ser igualmente aceitáveis. De fato, na medida em que o interesse primário está sobre a cognição e a
persuasão, a informação-como-conhecimento real, também um ingrediente necessário, podem também ser
de pouco interesse direto. O foco poderia estar mais em como crenças mudam do que em quais crenças são
mudadas ou qual conhecimento é representado.
Não é afirmado que classificar áreas da ciência da informação com respeito à sua relação com a informação-
como-coisa produziria populações claramente distintas. Nem é pretendida nenhuma hierarquia de
respeitabilidade acadêmica. O ponto na verdade é que a examinação da “informação-como-coisa” poderia
ser útil para conferir forma a esse campo amorfo e evitar fronteiras simplistas e exclusivas baseadas em
tradições acadêmicas.
RESUMO
Numerosas definições têm sido propostas para “informação”. Um uso importante de informação é denotar o
conhecimento transmitido; outro é denotar o processo da informação. Alguns dos principais teóricos têm
dispensado o uso atributivo de “informação” para se referirem a coisas que são informativas. No entanto, a
“informação-como-coisa” merece uma examinação cuidadosa, em parte porque é a única forma de
informação com a qual sistemas de informação podem lidar diretamente. Pessoas são informadas não apenas
por comunicações intencionais, mas também por uma ampla variedade de objetos e eventos. Ser
“informativo” é situacional e seria imprudente afirmar sobre qualquer coisa que a mesma não poderia ser
informativa e, desse modo, informação, em alguma situação concebível. Variedades da “informação-como-
coisa” variam em suas características físicas e por isso não são igualmente adequadas para armazenamento e
recuperação. No entanto, há considerável escopo para o uso de representações.