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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais


Departamento de Sociologia
Curso: Sociologia e Arquitetura
Docentes: Mariza Veloso
Marcelo Teixeira
Discente: Ludmila Oliveira Matos Brasil Fernandes
Matrícula: 14/0026517

Sobrevivendo a Fobópole:
A vida de famílias no entorno da Universidade de
Brasília

Brasília, 28 de junho de 2019.


Introdução: Sobrevivendo à margem do jogo social.

Ao se refletir acerca das múltiplas contradições do viver urbano


contemporâneo, nem sempre se pontua a real situação dos atores sociais que
permeiam os processos de socialização comum, ainda mais no complexo
turbilhão que é o inativo e nada presente Estado brasileiro diante do caótico
cenário urbano do país. No contexto do jogo social, a invisibilização de
determinados indivíduos sociais modifica a realidade urbana de maneira drástica
não só em sua paisagem, mas também em seu desenrolar com relação ao
reconhecimento da humanidade desses outros indivíduos.
Para ser possível a concretização da presente análise da situação desta
parcela da população que além de apagada, desumanizada e desalojada, não tem
seus direitos básicos constitucionais reconhecidos, entrevistas foram feitas com
cerca de 15 famílias que, atualmente habitam local próximo à Colina, quadra de
residência de professores e servidores da Universidade de Brasília. Também
foram entrevistadas famílias que habitavam local próximo a via de acesso a
Universidade de Brasília, ao lado da sede do Centro Cultura de Brasília, mas que
durante a produção deste texto, se retiraram do local.
A moradia de rua se dá sobretudo amparando-se pela massiva segregação
socioespacial patrocinada através de todo o território brasileiro. Tal segregação,
seja esta socioespacial ou socioterritorial, não é novidade no Brasil desde o início
do século XX.
Como pontua Antônio Risério em sua construção “A cidade no Brasil”
(2012), o processo violento de segregação socioespacial brasileiro se deu através
do alastramento do que Marcelo Lopes chama de “Fobópole, a cidade do medo”
(2012). A propagação da cultura do medo assumiu tal grau, em tão massiva
extensão de intensidade prática que passou a alterar a vida social brasileira, onde
todo cidadão passou a ter um alto nível de informação sobre o assunto.
Ocasionou-se, assim, uma generalização social de uma expertise, falaciosamente
acessível à toda a sociedade, em consequência da completa generalização social
do medo, onde a penumbra de uma sociedade aterrorizada persiste no Brasil.
Essa cultura do medo, a dissipação do pavor nas camadas sociais, se
manifesta progressivamente na presença cada dia mais seletiva do espaço urbano,
na autorreclusão noturna das cidades, no uso de cercas elétricas e estrutura
ostensiva de segurança. A onipresença do medo urbano só aparece nas gigantes
fobópoles a partir do final do século XX, para a virada do século XXI. Tal
fenômeno introduziu uma nova realidade na arquitetura, a arquitetura do medo,
que vai, consequentemente, ter um preço caro demais para a realidade da
população brasileira.
Esse processo aprofunda a já presente cisão social entre dominantes e
dominados, um dos pesos que mantem a balança da segregação socioespacial tão
dispare. Assim a arquitetura é um dos pilares históricos no que tem capacidade de
ser o problema urbano mais escandaloso da realidade brasileira. É a partir deste
ponto, desta dinâmica segregacionista, que tem gênese as favelas, os bairros
abandonados pelo Estado e as ocupações de terrenos não utilizados.
Todo esse processo de pânico social, de medo, levou a um movimento de
militarização da vida urbana, de sítio cordial, um processo onde, por meio da
especulação imobiliária aliada ao uso de ferramentas burocráticas do Estado, se
elitizou partes das cidades, selecionando a circulação de quem pode ou não
participar do ritual de entrada1 naquele espaço. Essa foi uma grande mudança na
história.

Elitização da História

Durante esse processo de elitização espacial, os chamados shoppings


apareceram, concentrando e rogando o direito a prover lazer. Assim, além da
segregação social elitizar espaços urbanos, dividir cidades, agora ela também
passa a elitizar o lazer. Como pontua Bauman em “ O Mal-Estar da Pós-
Modernidade” (1998), o processo de concentração de renda implica diretamente
na concentração do entretenimento. O processo de divisão da sociedade em

1
Segundo Lúcia Leitão, in Não Lugares - Marc Augé (1994), o ritual de entrada, vai muito além do ato de
entrar, é tão importante que valida a relação com aquele ato. Que legitima sensações e sentimentos,
que os torna parte.
classes passa a significar, como nunca antes na história significou, a segregação
social da diversão. A partir desse momento, o lazer passa a ser exclusivamente
associado ao dinheiro.
Isto posto, dialoga-se agora acerca dos moradores de rua e suas
correlações com os atores sociais a sua volta. A partir das entrevistas feitas e da
leitura de Jorge Garcia de Holanda em “Se virando no sistema da rua” (2019) foi
constatado a importância vital que esses outros personagens têm da construção na
memória oral dos entrevistados.
A realidade é que viver na rua é também viver da rua, no sentido de que
ela enquanto lugar espacial, material e simbólico apresenta conjuntos de
possiblidades e de sociabilidades para obtenção de recursos e manipulação de
materiais. Sendo assim, a interação de variados atores e processos sob o morador
de rua, onde este também se torna agente e produtor de um modo de vida
específico e que a ele se torna cotidiano. Na realidade de morador, o processo de
territorialização que pratica constitui-se enquanto modo próprio de ocupar o
espaço público e construir nele tecnologias materiais de produção da vida
cotidiana e de ocupação desses “territórios temporários”.
Durante o processo de entrevistas, foi constatado que os moradores ao
qual nos referimos se uniram através de um período variável de tempo, seja
através de laços familiares, formados anterior e posteriormente à ocupação desses
territórios compartilhados ou por laços de socialização de produtos adquiridos ou
ganhados nas ruas. E, ainda nesses grupos, Gregori (2000) demonstra como é
dinâmico também o fluxo de sociabilidades entre essas pessoas que constroem
além de pontes de solidariedade e compartilhamento de objetos, dividem também
redes de transmissão de memórias orais e saberes relativos a modos de habitar a
rua.
Resgatando identidades

Ainda com Garcia de Holanda na memória, evoco Doraci Alves e Ana


Paula Mendonça em “História e Habitação: cidadania e a questão social da
população de rua em Campinas/SP” (2009) para validar o que foi constatado nas
ruas que rodeiam a Universidade de Brasília: a rua enquanto espaço de moradia
significa, simultaneamente, perda e ganho.
Mesmo que em sua maioria sem instrução, os moradores desses locais têm
consciência das diferenças de tratamento entre cidadãos com teto e cidadãos sem
teto. Nessa dicotomia, os destelhados se tornam não-cidadãos, direito esse
retirado por uma sociedade que não reconhece a situação de rua como um grave
sintoma de problemas sociais estruturais e prefere desaparecer com esses
indivíduos do que planejar políticas públicas efetivas para essa parcela da
população.
Para além disso, aqueles que se encontram hà mais tempo em situação de
rua, desligados quase que totalmente dos vínculos anteriores com suas realidades
sociais, tentam recriar esses novos laços de convivência em sua realidade atual,
absorvendo totalmente o papel esperado “como pessoa de rua”. Em História e
Habitação: cidadania e a questão social da população de rua em Campinas/SP,
Doraci Alves e Ana Paula Mendonça elucidam esta relação através da seguinte
passagem:
“Quando o morador de rua deixa de estabelecer relações com a família
e com o grupo social em que estava inserido anteriormente, cria sozinho
“um jeito de construir o mundo”. Em razão disso, quase sempre, muitos
acreditam que ele enlouqueceu. Logo depois, o indivíduo sente a
necessidade de estabelecer vínculos com outros que também vivem nas
ruas e busca construir novas redes de relações sociais que orientarão sua
vida nessa nova fase. Tentativas de reconstrução de identidades são
empreendidas na falta da identidade de homem trabalhador e provedor,
ou de mulher dona de casa, de responsável pelos vínculos de família. ”
( ALVES, Doraci e MENDONÇA, Ana Paula. História e Habitação: cidadania
e a questão social da População de rua em Campina/SP.)

Essa reconstrução individual, tem como objetivo central recuperar as


identidades desses indivíduos em processo de experiência individual psíquica,
mas que ao se ter essa identidade reconhecida pelo grupo, conquista uma
dimensão de identidade coletiva, o que para eles se liga a busca pela dignidade
humana.
Na busca constante por reconhecimento de sua cidadania através de sua
identidade, a repetição dos papéis pré-definidos socialmente com relação aos
gêneros se tornam uma maneira de não estabelecer conflito com o processor de
socialização vigente. Durante as entrevistas feitas nos deparamos com situações
singulares e pontuais que exemplificam essas questões. A “dona de casa”, o
“homem provedor”, o “segurança”, “a mulher que cuida das crianças”, todos
papéis de gênero definidos em sociedade “telhadas” e repetidos em situação
adversa de ocupação temporária. A socialização patriarcal é um processo tão
rígido que se prolonga até em contextos extremos em que um elemento tão
importante como a casa, a estrutura de morada, não está presente.
Mesmo que a organização geográfica das “casas” temporárias seja ditada
pelo instinto de preservação da vida, que neste caso, se apresenta mediante
moradias construídas recostadas em cercas de terrenos públicos e/ou privados
ocupados, simbolizando assim uma espécie de proteção, “temos as costas
protegidas” como diz um dos moradores, a tendência dessa população é
perpetuar os papéis de gênero divididos nos “afazeres do lar”, perpetuando a
tradicionalidade de casas que buscam se distanciarem visual e espacialmente das
deles.
Enquanto moradores em situação de vulnerabilidade social, plana ainda
sob os moradores temporários, os reflexos da violência e do ódio de classe.
Diante o início da entrevista, a principal dificuldade existente foi o medo. Foi
preciso a nossa apresentação a uma pessoa residente daquele espaço, chamada
aqui de Maria, que fazendo as vezes de interlocutora, apresentou as dificuldades
vividas desde o início deste ano e que seria necessária uma conversa prévia com
os moradores da área para que em um próximo retorno, e consequentemente a
entrevista fosse “permitida”.
Por que esse quadrado?

No desenrolar do diálogo com nossa interlocutora, a dúvida do modo de


como a área é escolhida não pode ser suprimida. Não por menos, a Asa Norte é
um dos bairros mais elitizados do Brasil, insustentavelmente caro em comida e
locomoção, onde apenas os ricos podem viver plenamente e com conforto.
Ao ser questionada o motivo da morada, quando perguntamos: “Por que
aqui, Maria? As pessoas não os tratam de maneira indiferente? ”. A resposta
que obtivemos foi surpreendente e inesperada. Quando imaginávamos algo que
se referia unicamente a Universidade de Brasília, ou a quadra da Colina, a
senhora sobrevivente de rua, respondeu: “Aqui tem muita igreja, elas costumam
nos ajudar e também, depois da missa, as pessoas ficam com o coração mais
fácil de ajudar”.
Após voltas e conversas sobre a vida, Maria confessa, que o local
escolhido para a moradia, logo acima da Colina, próxima a saída para a 415
Norte, é próximo da água, do Lago Paranoá, é próximo da Universidade, onde os
estudantes os ajudam, é protegido de ventos fortes, é próximo de residências e
mercados onde podem comprar comidas, é próximo de estacionamentos onde
podem vigiar carros, segundo ela, eles: “Tem sempre que ta com um olho no
peixe e outro no gato, né, minha filha”.
A demonstração de reflexão a partir de sentimentos básicos da vida prova
como ainda assim, em condições extremas de vulnerabilidades, a distribuição
arquitetônica e geográfica do espaço que nos cerca aliado com nossos instintos
definem questões centrais em nossas realidades. A comunidade instalada próxima
da Universidade de Brasília, ali está por fatores ambientais e arquitetônicos, para
se proteger do frio, mas também porque ali habitam pessoas com alto poder
aquisitivo, além de ser próximo ao lago Paranoá, e pela proximidade da região de
mercados e igrejas.
Cada um no seu quadrado?

Na primeira seção, área que está mais próxima a quadra 415 Norte, logo
em frente à Colina, se organizam cerca de 12 famílias, entre adultos e crianças,
incluindo Maria, nossa personagem inicial. Ninguém dos moradores, nos deu sua
autorização para que fotos fossem feitas. Por medo da já violenta perseguição
que sofrem naquele espaço a organização espacial das moradias temporárias foi
também alterada: as moradias antes espalhadas a esmo, agora estão apoiadas aos
muros com suas “portas” voltadas para a frente afim da chegada estar sempre em
plano aberto.
No centro do espaço está uma tenda de lona azul com paredes mais frágeis
do que qualquer outra, segundo Maria: “onde as crianças brincam precisa
passar vento e a gente precisa conseguir ver”. Num sentimento comunitário
quase fraterno, ela olha as crianças que ali estão no momento, algumas nem o
nome sabe, mas diz que: “nossos vizinhos ajudam a gente, quando eles
precisam, ajudo também”.
A distribuição retilínea das moradias não demonstra a organização política
estrutural daquele espaço, o que pode ser inferido pela fala de Carlos, nome
também fictício, catador de papel e residente mais antigo dali, que assume o
papel de interlocutor e como um líder diante de todos, passa a explicar a
dinâmica de tudo. O homem de 38 anos explica que desde que foram atingidos
por pedras durante a madrugada e por lixo durante o dia, fica sempre presente um
homem responsável pela segurança do espaço e de proteger os bens do grupo,
enquanto os outros buscam cumprir suas responsabilidades.
Os materiais de reforço das moradias (lonas, madeira, papelão, borracha e
etc) são compartilhados, assim como as doações de comidas vindas dos carros
que param ali. Entretanto somente essa comida é compartilhada, a que é
conquistada a partir de esforço individual fica com cada família: as roupas são
doadas de um a outro e um discurso de preocupação com a saúde, em especial
com o grande acometimento de dengue é balbuciado, principalmente pelo fato de
que as mulheres lavam as roupas de suas famílias conjuntamente no Lago
Paranoá, e entre elas, é alto o índice da febre do mosquito e muito baixo o
número daquelas que são atendidas na rede pública – já que uma das condições
para atendimento é um endereço de referência, e eles não dispõem de um.
Com o cair da noite, a dinâmica da comunidade se intensifica, os
indivíduos que estavam em suas longas caminhadas retornam às suas moradias e
o território comum se torna, através da gigante e fraterna relação de
territorialidade, um local de comunhão e conforto entre essa comunidade.
Fogueiras coletivas para espantar o frio e a neblinada noite da Asa Norte,
embalado entre conversas, gargalhadas e acordes de violão, o momento de
interação dos moradores animada “vila”. Apesar de não carregar presença
arquitetônica ou grandes construções, o espaço social desta comunidade ganha
vida através da simples sobreposição de toras de madeira em chamas, estrutura
simples de materiais comuns, mas que naquele momento, se torna ponto
ritualístico de comemoração coletiva.

Cada um no seu quadrado: a experiência ritualística da entrada.

Mesmo que esta tática de sobrevivência, a socialização desses produtos, a


partilha do trabalho acabara por torna-los uma comunidade, existe uma grande
importância na demarcação de suas residências. Onde começa a casa de um
termina a casa de outro e “ai de quem entrar sem bater”.
Bebendo do mesmo cálice de Lúcia Leitão em “Não Lugares” (1994) é
latente na performance desses atores a importância do ato de entrar em suas
moradias temporárias, mesmo para aqueles que não a denominam enquanto
“casa”.
O “entrar”, ato tão importante que vai muito além da ação primitiva de
entrar em um território, é algo que possibilita disfrutar de sensações, é a ponte de
entrada do indivíduo de identidade reconhecida e a vivência de experiências
marcadamente subjetivas.
Segundo Lúcia, esse sentimento extrapola a apropriação do espaço apenas
como ambiente de atividade e ocupação, entrar representa o desejo de ser
reconhecido, de sentir-se incluído, é o reconhecimento latente do merecimento,
da identidade e da possibilidade de estar incluído neste ambiente, desejo esse, o
segundo mais importante dentre os anseios dos seres humanos, logo atrás do
primeiro, que é ser alguém.
O ato de entrar é como uma promessa de sopro em vida, uma vivência do
prazer de ser amado por outrem, é conquista, como vitória, sentimentos em todo
seu oposto pela tristeza essencial que delineia o estar fora, que demarca a dor do
exilado, onde essa ação é experienciada.
Tudo isso pode ser aprendido pela observação da construção do espaço da
arquitetura. Espaço esse que se faz para acolher, abrigar, confortar. Assim o
“entrar” só pode ser considerado “entrar” a partir do momento onde se vale a
pena “entrar” em algum lugar. Desse modo, o espaço arquitetônico se faz no
sentido de oferecer proteção, não somente de hostilidades ambientais, que é sua
face mais visível e óbvia, mas também em sua dimensão simbólica do desamparo
que demarca o humano frente à experiência de coexistir. Para Lúcia, a arquitetura
é fundamentalmente a experiência das cavidades resignificadas, da vida que tem
lugar no processo de acolhimento do espaço interno.
Tendo em mente tudo o que “entrar” significa aos indivíduos sociais
enquanto componentes de uma comunidade, considerando também a relação
social de classe que esse “entrar” estabelece nesses indivíduos socialmente
vulneráveis, foi constatado que nem todos os moradores dessas habitações
temporárias reconhecem esse espaço enquanto “casa”, pontuando
paulatinamente, que, apesar de conviver de maneira positiva com a comunidade
presente, pretende apenas conseguir um emprego para, aí sim, construir uma
“casa de verdade”, ou seja, o material e a técnica aplicada na construção dessas
estruturas as caracterizam, e condicionam a relação que esses indivíduos
estabelecem com o teto que eles habitam.
Após convite orgulhoso e de peito inflado, percebemos o esforço feito
para que essas moradias, se aproximem do ideal de moradia familiar. A tentativa
de separação em quartos através de pedaços de espuma ou papelão, a porta
improvisada, a pequena caixa que serve de apoio, tudo isso enche Carlos de
orgulho, mas também de vergonha, “construímos do jeito que podemos, mas
fizemos com nossa mão e sem roubar”.
Outra demarcação importante, a da justiça. É pontual a eles, é primordial,
demonstrar o trabalho e os frutos com ele obtidos. Para as vítimas de um sistema
desigual e desumano, a busca incessante pela dignidade roubada, a sinceridade e
justiça são parte principal e insubstituível.

Conclusão

Ao compreender os pontos principais de organização e vivência daquele


grupo, foi possível compreender as importâncias dadas aos aspectos das relações
ali mantidas. A importância da fogueira, do violão. A força da violência policial,
dos preconceitos, quão isolados socialmente aquele povo é e como isso os tornou
intimamente comuns.
As casas, as tentas, as construções assumem ali, não só o papel de abrigo,
mas um papel de status. Aquele povo, quando tem o poder de ter “a casa”, passar
a ter a dignidade de ser “cidadão”, eles cumprem sua busca eterna. A casa
ultrapassa o limite da edificação da estrutura e se torna edificadora de almas.
Resta apenas a eles agora, a busca por concretização de políticas públicas,
pois essas casas, por mais edificadores que sejam, são provisórias, e a presença
desses moradores assim como os nossos direitos atualmente são temporários.
Bibiografia
KOOLHAAS, Rem. Três textos sobre a cidade: grandeza, ou o problema
do grande: a cidade genérica: espaço-lixo. Gustavo Gili, 2010.
HOLANDA, Jorge Garcia de. Se virando no sistema da rua. Dossiê: Vida
na rua. 2019
LEITÃO, Lúcia. Não Lugares in O lugar Antropológico de Marc Augé.
1994
RISÉRIO, Antônio. A Cidade no Brasil – Aspecto de agora. s/d s/e
ALVES, Doraci e MENDONÇA, Ana Paula. História e Habitação:
cidadania e a questão social da População de rua em Campina/SP.
MARX, K. O Capital. Tradução de Reginaldo Sant’Anna. 12. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand. Brasil, 1988. v. 1: livros I e II.
DAVIS. Mike. Planeta Favela. Págs. 1-58. São Paulo: Editorial
Bontempo, 2006.

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