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LIVRO BRANCO

(DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DAS TELECOMUNICAÇÕES)

PREFÁCIO

SUMÁRIO EXECUTIVO

I OBJECTIVOS PARA O SECTOR DAS TELECOMUNICAÇÕES

II LINHAS MESTRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR


o 2.1. Cenários e Indicadores Globais de Desenvolvimento
o 2.2. Desenvolvimento da Infra-estrutura
o 2.3. Sociedade de Informação e Internet

III ESTRATÉGIA DE REFORMA


o 3.1. Reformulação Legislativa
o 3.2. Abertura do Mercado
3.2.1. Concorrência
3.2.2. Adaptação da Angola Telecom
3.2.3. Outros Operadores
3.2.4. Obrigação de Serviço Universal
3.2.5. Fundo de Serviço Universal (FADCOM)
o 3.3. Regulação do Sector
3.3.1. O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM)
3.3.2. Assuntos Chave a Regular
3.3.2.1. Licenciamento de Infra-estruturas e Serviços de
Telecomunicações de Uso Público
3.3.2.2. Interligação
3.3.2.3. Fixação de Tarifas e Preços
3.3.2.4. Planeamento e Gestão do Espectro de Frequências
Radioeléctricas
3.3.2.5. Qualidade dos Serviços
3.3.2.6. Numeração
o 3.4. Funções do Estado
3.4.1. Papel do Ministério dos Correios e Telecomunicações
3.4.2. Conselho Nacional de Telecomunicações
3.4.3 Desenvolvimento dos Recursos Humanos
3.4.4 Capacidade Tecnológica Nacional
3.4.5 Integração Regional e Cooperação

DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DAS TELECOMUNICAÇÕES

- CONSELHO DE MINISTROS ( Março 2001 )

PREFÁCIO

É Hoje praticamente impossível perspectivar-se o futuro de qualquer e sociedades e a inserção


num mundo cada vez mais globalizado ,sem existência de uma ampla rede de
telecomunicações , moderna e eficiente .

Em Angola , ainda não estão satisfeitas as necessidades crescentes em serviços básicos de


telecomunicações , pois tanto estes como os de telecomunicações de ponta ,foram retardados
no seu normal desenvolvimento por factores combinados de ordem sócio económica , e pela
guerra de longa duração , que conduziram a uma deterioração acentuada das instituições e
infra-estruturas do sector .

São as seguintes as principais causas do fraco desenvolvimento das telecomunicações no


nosso País:

a) Inexistência de recursos financeiros adequados para a reposição e modernização das infra-


estruturas;
b) Escassez de pessoal qualificado, e;
c) Sérios impedimentos resultantes de factores externos ao sector.

No entanto , o surgimento de novas tecnologias, novas forças de mercado e a globalização do


negócio das telecomunicações ,vão obrigar à criação de mecanismos capazes de permitir que
Angola tire partido das novas e múltiplas oportunidades que estes factores podem
proporcionar, e deste modo maximizar os benefícios económicos decorrentes do
desenvolvimento integral do sector.

Os factores acima expostos, num momento , em que se antevê uma maior estabilidade política,
económica e social, constituem razões importantes para a definição de uma Nova Política para
o sector das telecomunicações, numa Angola em que prevaleçam os princípios da unidade ,da
reconciliação, e reconstrução nacional.
Neste contexto justifica-se a formulação de linhas orientadoras, que permitam a médio e longo
prazo, pôr os serviços requeridos a disposição do desenvolvimento efectivo dos negócios e dar
satisfação às necessidades básicas das populações em todos os domínios e em todo o
território nacional .

É objectivo do Governo ao elaborar formular o "Livro Branco para o Desenvolvimento das


Telecomunicações", promover o desenvolvimento sustentável dos serviços de
telecomunicações de uso público de maneira a garantirem um acesso universal aos cidadãos e
à sociedade em geral, mediante a definição de:

a) Formas de promoção da participação dos diversos intervenientes no sector;


b) Metas para enquadramento da intervenção do Estado;
c) Estruturas para a regulação dos operadores de serviços;
d) Um quadro legal propício aos investimentos do sector privado;
e) Formas e mecanismos para a criação e o desenvolvimento de capacidade humana e
tecnológica nacional;
f) Papel a assumir por Angola no contexto das telecomunicações continentais e globais.

Com o Livro Branco , o Governo de Angola, cria pois um novo quadro com as condições de
base, as vias e os meios para que a política do sector seja efectivamente realizada dentro de
prazos realistas.

Para atingir os objectivos estratégicos definidos, tanto no contexto nacional e regional, como
face a globalização, o Governo postula os pressupostos e estabelece as metas fundamentais
que deverão orientar as mudanças e acções a implementar, tais como:

a) Níveis de estruturação do sector;


b) Funcionamento do sector em concorrência e;
c) Tipo de serviços-padrão a estabelecer;

Uma questão fulcral , a curto prazo, é a definição do papel da Angola Telecom enquanto único
Operador Público de Telecomunicações, face a abertura do mercado à concorrência.

Outra questão se levanta com a decisão do Estado ter de abandonar gradualmente a sua
posição monopolista e simultaneamente continuar obrigada a assegurar o Acesso Universal
aos Serviços de Telecomunicações por parte das populações. Além disso , coloca-se ainda o
desafio de transformar as telecomunicações em Angola, num elemento catalisador do
desenvolvimento económico em geral, contribuindo para melhorar os serviços a disponibilizar
pelo Estado; para criar novos postos de trabalho e ainda para garantir maior eficácia e
celeridade na área de negócios e no funcionamento dos demais sectores da sociedade.

A todos esses factores associa-se a necessidade de harmonização com os países vizinhos, da


África austral e central e com a comunidade internacional em geral, pois na prática, o
desenvolvimento regional e global do sector das telecomunicações já não deixa muitas
alternativas aos responsáveis pela tomada de decisões isoladas a nível nacional, isto porque ,
a pressão do desenvolvimento tecnológico; a internacionalização da indústria e a globalização
dos mercados, tendem a oferecer uma gama cada vez menor de alternativas próprias e pouca
flexibilidade para escolha à países como Angola.

Sendo o contexto geral do País um factor determinante no processo de formulação da Nova


Política de Telecomunicações, reconheceu-se que as condições objectivas e conjunturais de
Angola são específicas, constituindo por isso um desafio singular à implementação imediata de
várias alternativas padrão actualmente disponíveis para um desenvolvimento integral das
telecomunicações, que vêm sendo adoptadas noutras partes do mundo.

Nessa base, os vários objectivos identificados ao longo do processo mereceram uma avaliação
ponderada na sua formulação, e as fases de implementação foram perspectivadas de modo a
conseguir-se um desenvolvimento das telecomunicações em Angola com todo o seu potencial
de forma gradual e sustentada.

A Nova Política de Telecomunicações visa assim fundamentalmente , a criação das bases para
uma nova estrutura de mercado no sector das telecomunicações em Angola, por forma a
explorar as potencialidades das telecomunicações nas várias dimensões da vida económica,
social, cultural e do meio ambiente do País.

Para o efeito torna-se necessária a adopção de medidas de índole interna e externa ao sector,
sendo de realçar a necessidade de mudanças significativas na legislação, que se traduzam em
incentivos imediatos e em formas de tornar as telecomunicações mais atractivo para o
investimento privado, nacional e estrangeiro, e mais preparadas para fazerem face ao processo
de globalização do mercado . Impõe-se com isso que se perspective para os próximos anos,
um aumento significativo da cobertura telefónica nacional e a expansão dos demais serviços de
telecomunicações, à níveis similares ou superiores aos das melhores médias e padrões
prevalecentes na África sub-sahariana, particularmente na região central e austral.

Com a finalidade de assegurar que as necessidades em serviços de telecomunicações em


Angola sejam satisfeitas no mais curto prazo, com qualidade e custo acessível, o Ministério dos
Correios e Telecomunicações (MCT) levou ao cabo um processo público de auscultação a
várias partes interessadas no desenvolvimento do sector . Para o efeito criou no seu seio um
Grupo de Trabalho para conduzir esse processo e formular a Nova Política das
Telecomunicações , sob a forma de "Livro Branco".

A elaboração do Livro Branco obedeceu a uma ordem lógica de pesquisa e consultas,


abordando um amplo leque de sugestões, pontos de vista e recomendações sobre várias
questões directa ou indirectamente relacionadas com promoção do desenvolvimento
harmonioso de um mercado nacional das telecomunicações, capaz de se autonomizar e
potenciar, para que, à médio e longo prazo possa almejar concorrer com outros actores numa
conjuntura de integração regional e continental, e da globalização das economias mundiais. O
processo culminou com a formulação de teses de política fundamentais e com uma coerente
estratégia para implementação, assente nas realidades e capacidades nacionais.

O estudo teve início em Setembro de 1997, com a elaboração de um documento preliminar de


pesquisa, que constituiu um material de apoio aos participantes ao longo de três fóruns de
consulta pública:

O primeiro evento de auscultação pública foi um Workshop realizado a 8 de Outubro de 1997,


que teve como resultado a recolha das visões, observações e sugestões dos participantes e,
que serviu para a formulação de um segundo documento, intitulado Opções de Política, datado
Outubro de 1997.

O segundo evento de auscultação, foi um Simpósio realizado a 16 e 17 de Dezembro de


1997, no qual se discutiu e analisou o documento sobre as opções de política, e cujas
conclusões auxiliaram posteriormente o Grupo de Trabalho a formular as primeiras Teses
sobre a Política, que ficaram reflectidas num documento denominado "Nova Política para as
Telecomunicações: Angola 2004, Visão Pragmática", no qual, para além das teses, se
desenvolveram recomendações para a tomada de decisões ao nível da implementação.

O terceiro evento que decorreu entre os dias 2 e 3 de Abril de 1998 foi um Fórum, que teve
como objectivo concluir a ampla recolha de opiniões para enriquecimento do documento: "Nova
Política para as Telecomunicações: Angola 2004, Visão Pragmática. As grandes preocupações
levantadas nesse fórum ajudaram à conformação final do documento de políticas para as
telecomunicações em Angola, sob a forma de Livro Branco, com a denominação: "Angola
2004, Visão Estratégica".

SUMÁRIO EXECUTIVO
O Governo de Angola , no intuito de promover uma abertura controlada e gradual capaz de
permitir uma boa coordenação do processo de liberalização e de assegurar o surgimento de
um mercado nacional de telecomunicações equilibrado, expressa a seguinte visão global para
o desenvolvimento do sector das telecomunicações nos próximos anos:

"O fomento da expansão e desenvolvimento das infra-estruturas de telecomunicações que


assegure uma prestação de serviços de telecomunicações apropriados, disponíveis à
administração do Estado e à toda a sociedade, em todas as regiões geográficas do País, com
boa qualidade e preços acessíveis e induza o desenvolvimento económico e social do País"

Com a finalidade de alcançar este objectivo, o Governo adopta as seguintes linhas para a sua
nova política no sector das telecomunicações:

Estrutura do Mercado

O Governo velará pelo estabelecimento de uma clara definição do papel do órgão de políticas,
do órgão regulador e dos operadores.

O Governo , reconhece que a realidade específica de Angola, é caracterizada em especial por


uma vasta extensão territorial, por baixa densidade populacional, por baixa capacidade de
compra da maioria da população e por uma penetração dos serviços de telecomunicações
inferior a 1%.

Este facto, aliado ao objectivo do Estado em fazer das telecomunicações um dos elementos
impulsionadores do desenvolvimento, torna necessária a presença de uma infra-estrutura de
domínio público, denominada rede básica, sobre a qual recaia o investimento prioritário e
directo do Estado e que sirva de incentivo e suporte a expansão dos diversos serviços de
telecomunicações à todo território nacional.

Adicionalmente, com vista a imprimir a dinâmica necessária para que se atinjam as metas de
desenvolvimento preconizadas pelo Governo, o mercado nacional de telecomunicações será
progressivamente aberto, permitindo-se e estimulando-se o desenvolvimento da iniciativa
privada em todos os segmentos de serviços.

O Estado velará para que o empresariado nacional desempenhe um papel fundamental na


participação da iniciativa privada em Angola.

Função do Estado
O Estado de Angola desempenhará distintamente o papel de formulador, orientador e promotor
das políticas de desenvolvimento sectorial, e o de regulador de toda actividade de
telecomunicações no País.

Compete ao Ministério dos Correios e Telecomunicações o exercício da tutela sobre toda a


actividade de telecomunicações nacional e a condução de estudos para o estabelecimento das
políticas inerentes ao sector.

O Governo de Angola fortalecerá o papel do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM),o


que , em representação do Estado, exercerá o papel de órgão regulador capacitado, com a
função principal de assegurar a aplicação da legislação, de proteger de forma isenta os
interesses dos consumidores, de arbitrar as disputas entre os operadores de molde a garantir
uma concorrência sã no sector e de conduzir estudos para o estabelecimento da
regulamentação técnica do sector.

Reforma Legislativa

O Governo reconhece a necessidade de uma reforma legislativa no domínio das


telecomunicações, à luz das reformas políticas e económicas que vem levando a cabo e que
liberte a actividade de telecomunicações de algumas restrições por parte do Estado do Estado,
permitindo uma participação mais aberta dos agentes que operam no mercado angolano.

Assim, com vista a mobilizarem-se todas as sinergias para a prossecução dos objectivos do
Estado no domínio das telecomunicações, na Reserva Absoluta do Estado devem somente
permanecer a infra-estrutura de telecomunicações, que constituem , do ponto de vista de
político, opção soberana do Estado com vista a , induzir o desenvolvimento do País, devendo
por este facto ser objecto de investimento .

Deste modo, o Governo para os primeiros anos de liberalização , adoptará políticas que
conduzam à seguinte estrutura do mercado:

a) Reserva Absoluta do Estado- As Telecomunicações no que se refere à propriedade das


infra-estruturas que integram a rede básica;
b) Reserva de Controlo do Estado- As Telecomunicações no que respeita às infra-
estruturas de dimensão local , quando constituam extensão da rede básica , bem como
os respectivos serviços de telecomunicações
c) Reserva Relativa do Estado- As telecomunicações no que respeita à infra-estruturas que
não integram a rede básica bem como os respectivos serviços de telecomunicações.

Rede Básica

A rede básica, constitui a infra-estrutura de domínio público, cuja missão é o suporte a


expansão da generalidade dos serviços de telecomunicações a todo o território nacional, bem
como a garantia da acessibilidade das populações aos serviços de telecomunicações .

Propriedade da Angola Telecom

O Governo reconhece que enquanto o mercado não atingir maturidade para garantir um
desenvolvimento auto sustentado das telecomunicações, ao Estado, deverá caber
maioritariamente a propriedade da Angola Telecom, por forma a assegurar a sua missão como
operador da rede básica, exercendo a missão de Operador Incumbente.

Assim, a curto prazo, a Angola Telecom, E.P., deverá ser saneada e transformada numa
sociedade comercial de capitais públicos, dotando-se de formas modernas de gestão com vista
a sua capitalização, e melhoria da sua dinâmica no mercado face a um regime de
concorrência.

Apôs a estabilização do mercado, o Estado privatizará gradualmente a Angola Telecom, em


quotas a definir pelo Governo mantendo em caso de privatização maioritária uma "Golden
Share" (Capital votante) a fim de assegurar o direito de veto sobre certas acções da firma.

Abertura do mercado

O Governo reconhece que as características específicas de Angola tornam necessário uma


estratégia de abertura do mercado que estimule a expansão das infra-estruturas de
telecomunicações. Deste modo os investimentos privados a captar com a abertura do mercado
tanto nacionais como estrangeiros , devem servir prioritariamente a expansão e harmonização
das infra-estruturas de telecomunicações a todo o território nacional e não a simples
privatização do operador incumbente.

É estratégia do Governo que as telecomunicações se constituam numa das alavancas


fundamentais do desenvolvimento da vida nacional, tendo como missão assegurar as bases
para que Angola beneficie dos recursos que caracterizam uma sociedade moderna,
beneficiando das potencialidades das tecnologias da Informação.
O Governo prosseguirá o processo de licenciamento de operadores privados para a exploração
de serviços de telecomunicações de uso público, cabendo a estes complementar as acções do
Estado, na missão de tornar acessível os serviços de telecomunicações em todas as regiões
do País, sejam estas urbanas , ou rurais e mesmo em áreas remotas.

O Governo, para garantia da concorrência nos diversos segmentos de serviços de


telecomunicações, licenciará pelo menos dois operadores por segmento.

O Estado promoverá as estratégias sectoriais necessárias para apoiar não apenas o


fornecimento de infra-estruturas e serviços, mas também, para que o sector das
telecomunicações se constitua em importante fonte de receitas, de desenvolvimento industrial
e de emprego, e num contribuinte efectivo para o progresso económico e social do País.

Investimento

O Governo reconhece a importância e a contribuição da expansão da infra-estrutura de


telecomunicações para o desenvolvimento económico e social do País, pelo que o investimento
no domínio das telecomunicações será uma das principais prioridades nos próximos anos.

Adicionalmente, o Governo criará um ambiente propício ao investimento privado no sector das


telecomunicações, implementando mecanismos e incentivos específicos, que garantam à todos
os operadores e a outros intervenientes no mercado das telecomunicações, o rápido e fácil
acesso aos financiamentos necessários e em boas condições.

Para efeitos de expansão do sistema nacional de telecomunicações e aceleração do nível de


desenvolvimento das telecomunicações em geral, o Governo reconhece que o investimento
público deverá constituir-se num elemento impulsionador, cabendo ao operador incumbente a
missão de aplicar os investimentos directos do Estado num ambiente de concorrência e
transparência do mercado.

O Governo na promoção do investimento privado, velará para que o investimento estrangeiro,


resulte em benefícios para Angola e assegure uma participação activa do empresariado
nacional.

Acesso Universal

O Governo reconhece que é missão fundamental do Estado no domínio das telecomunicações


garantir a todos os cidadãos o "acesso universal " aos serviços de telecomunicações, pelo que
assegurará que o Estado e todos os operadores de telecomunicações contribuam para a
expansão e acessibilidade dos serviços em todo o território nacional.

O Governo reconhece também que, na actualidade, o acesso aos serviços de


telecomunicações não se esgota com os serviços de telefonia fixa, pelo que se torna prioritário
promover o acesso da população aos serviços de Internet, fundamentalmente nas escolas,
serviços e locais públicos.

Os serviços de telecomunicações serão disponibilizados de forma gradual em todo o território


nacional, e, deverão ser suficientes para satisfazer a demanda actual e futura. A oferta de
serviços será a custos de exploração viáveis, com preços e qualidade aceitáveis.

A promoção e o financiamento de iniciativas relacionadas com o aprovisionamento do "acesso


universal" em zonas geográficas de difícil acesso, ou a grupos sociais desfavorecidos, será
levado a cabo mediante financiamento pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento das
Comunicações (FADCOM).

O FADCOM, deverá ser estruturado de forma a que as suas fontes fundamentais de


financiamento sejam as contribuições dos operadores de telecomunicações ao acesso
universal, uma percentagem da receita do órgão regulador e doações para o desenvolvimento
das telecomunicações.

Recursos Humanos

O Governo reconhece que garantia da realização da estratégias global no domínio das


telecomunicações assenta tanto no desenvolvimento de uma capacidade nacional em
recursos humanos proporcional às necessidades do mercado nos diferentes níveis de
formação .

O Governo promoverá a disponibilização dos meios e das condições necessárias para a


implementação de uma estratégia para a formação de recursos humanos capacitados e
especializados no domínio das telecomunicações, como garante da autonomia na exploração e
gestão das telecomunicações nacionais.

O Governo velará pela criação e desenvolvimento de estabelecimentos de ensino ,centros de


pesquisa e aplicação tecnológica , capazes de garantir o crescimento qualitativo e quantitativo
dos recursos humanos angolanos no domínio das telecomunicações e informática .
A formação técnico-profissional deverá garantir a formação de especialistas nacionais nas
áreas de telecomunicações, informática, electrónica, rádio e teledifusão, devendo processar-se
de forma dinâmica e autónoma tanto ao nível básico, médio e superior, podendo a formação
ser local ou a distancia, em estabelecimentos públicos ou privados.

O Governo incentivará ainda as universidades a estabelecerem currículos de especialização no


domínio das tecnologias de informação.

No âmbito da contribuição do Estado para o desenvolvimento dos recursos humanos nacionais,


o Governo prestará uma particular atenção ao desenvolvimento do Instituto Nacional de
Telecomunicações (ITEL), por forma a tornar-se num centro especializado de excelência,
capacitando-o a médio prazo à formação técnica a nível básico, médio e superior.

Desenvolvimento da Sociedade de Informação

O Governo reconhece que as telecomunicações constituem a infra-estrutura fundamental para


a modernização e desenvolvimento da capacidade produtiva, governativa e da vida social das
populações em geral, constituindo-se na actualidade numa alavanca estratégica , capaz de
catalizar o desenvolvimento da economia nacional e de diminuir o fosso relativo aos países
mais desenvolvidos.

O Governo reconhece também a actual dinâmica de desenvolvimento e convergência das


tecnologias da informação e comunicação e consequente convergência entre os serviços de
telecomunicações e os de radiodifusão ou seja os da comunicação social em geral.

O Governo velará para que as infra-estruturas de telecomunicações e de radiodifusão se


desenvolva de forma harmoniosa, constituindo-se no suporte basilar do desenvolvimento da
sociedade da informação em Angola.

O Governo velará para que a política de licenciamento dos operadores dos serviços de internet
estimulem a criação de conteúdos nacionais, que salvaguardem a cultura e ética do povo
angolano e disseminem além fronteiras a realidade nacional.

O Ministério dos Correios e Telecomunicações velará para que a Comissão Telemática de


Angola seja um órgão importante de consulta, no âmbito do estabelecimento e integração das
infra-estruturas de telecomunicações, internet e teledifusão, ou seja no estabelecimento da
Sociedade de Informação em Angola.

Capacidade Tecnológica Nacional

O Governo reconhece a actual tendência para a globalização das economias dos Estados, em
que as tecnologias da informação e seu grau de inserção na sociedade determinam o seu nível
de desenvolvimento, pelo que se torna necessário assegurar que Angola crie capacidade
própria nessa área e não seja apenas simples importador de produtos ligados às tecnologias
da informação

O Governo, promoverá o desenvolvimento a médio e longo prazo, de uma política de incentivos


ao estabelecimento de uma indústria nacional de equipamentos de telecomunicações e de
equipamentos ligados às tecnologias da informação, que sirva de suporte às necessidades do
mercado interno e da região africana onde Angola se insere. Para esse efeito, o Governo
providenciará para que os pólos e os corredores de desenvolvimento sirvam de suporte à
expansão da Infra-Estrutura Nacional das Telecomunicações e que por sua vez os serviços de
telecomunicações constituam um suporte importante da implementação dos pólos de
desenvolvimento industrial.

Integração Regional e Cooperação

O Governo reconhece a necessidade de opções de parceria estratégica que sustentem a


opção soberana do Estado Angolano com vista a , induzir por via das telecomunicações , o
desenvolvimento do País de forma a que este atinja um protagonismo geo-estratégico no
domínio das Telecomunicações.

O Estado velará para que Angola se constitua numa contribuinte activa para o desenvolvimento
da comunidade das telecomunicações no continente africano, bem como numa parceria
estratégica determinante na promoção do desenvolvimento dos mercados das
telecomunicações ao nível da Comunidade dos Estados da África Austral (SADC) e Central
(CEEAC), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e no concerto das nações
em geral.

I - OBJECTIVOS PARA O SECTOR DAS TELECOMUNICAÇÕES


Atendendo as actuais reformas em curso na República de Angola, e tendo em conta as
perspectivas de paz e a necessidade de um rápido desenvolvimento das infra-estruturas de
suporte a reconstrução nacional; define-se como sendo o principal objectivo estratégico do
Governo de Angola para as telecomunicações, o seguinte:

"O asseguramento de uma prestação de serviços de telecomunicações apropriados,


disponíveis a toda a sociedade, em todas as regiões geográficas do País, com boa qualidade e
preços acessíveis, e que induza o desenvolvimento económico e social do País"

Para o efeito, o Governo de Angola reconhece, por um lado:

a) A importância estratégica das telecomunicações como factor imprescindível para a


promoção de negócios, para o fomento da saúde , e da educação e para a elevação do nível
cultural dos cidadãos;
b) O impacto significativo que o desenvolvimento das telecomunicações tem na melhoria das
condições sociais e do bem estar das populações, bem como a sua importância no suporte à
reconstrução e ao desenvolvimento harmonioso da Nação;

Por outro lado está ciente que:

a) Existem sérios obstáculos e desafios a ultrapassar para elevar a prestação dos serviços
de telecomunicações aos níveis de cobertura, diversidade e qualidade que respondam
às necessidades básicas de todas as regiões do País ;
b) O Estado não poderá suportar integralmente os enormes investimentos e competências
necessários para a materialização, em tempo útil, das diversas etapas que o processo
de reformas impõe.

c) Para a concretização dos objectivos de política definidos, haverá necessidade de


mobilizar sector privado e de se combinarem sinergias para o efeito.

d) Será importante dimensionar as telecomunicações tendo em conta o crescimento


esperado da população, a evolução da capacidade económica do país e o impacto das
recessões económicas internacionais sobre Angola.

II -LINHAS MESTRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR


Em função do objectivo estratégico global formulado, serão adoptados os seguintes princípios
para a sua consecução, que servirão de linhas de força para a orientação da actuação do
Governo e demais intervenientes no desenvolvimento sustentável das telecomunicações em
Angola:

A fim de melhorar o fornecimento de serviços de telecomunicações aos cidadãos em


todo o País, Angola deverá ter um Mercado Nacional de Telecomunicações aberto e
competitivo, ao qual tenham acesso intervenientes nacionais e estrangeiros mediante
licenciamento público;
As funções do Estado como criador da política, regulador e operador no sector das
telecomunicações deverão ser urgente e distintamente diferenciadas;
O Estado fortalecerá o seu papel de formulador das políticas e assegurará que as
necessidades em telecomunicações dos órgãos de administração e soberania sejam
salvaguardados com a independência funcional e segurança necessárias;
O Estado deverá estabelecer as regras, os mecanismos e as facilidades adequadas ao
incentivo e fomento das reformas inerentes ao cumprimento do seu objectivo
estratégico principal de desenvolvimento das telecomunicações;
Será estabelecido um Órgão Regulador forte e isento, que, em parceria com os órgãos
competentes do Governo, será responsável pela salvaguarda da concorrência livre e
justa entre os operadores e dos direitos dos usuários no mercado nacional de
telecomunicações;
Tão logo a participação do sector privado no mercado das telecomunicações se
desenvolva de molde a que por força deste o nível da expansão dos serviços a todo o
território nacional atinja valores significativos, o Estado deverá retirar-se gradualmente
do papel de proprietário da Angola Telecom, obedecendo a um plano de privatização
faseado e calendarizado;
As telecomunicações em Angola deverão ser de boa qualidade, compatíveis com os
melhores padrões regionais e capazes de satisfazer a demanda existente e futura
registada nos sectores residencial e empresarial, bem como, responder às exigências
em diversidade e desempenho ditadas pelas necessidades das actividades
especializadas e tecnologias de ponta;
Para garantia do acesso universal aos serviços de telecomunicações a todos os
cidadãos, os serviços, devem ser disponibilizados à vasta maioria da população a
custos de exploração com qualidade e preços compatíveis com os padrões
internacionais;
O sector das telecomunicações deve não apenas apoiar e induzir o progresso
económico e social do País com infra-estruturas e serviços, mas também , constituir-se,
numa importante fonte de receitas e fomento do emprego, por forma a contribuir mais
directamente na melhoria do padrão de vida dos cidadãos de Angola;

2.1 Cenários e Indicadores Globais de Desenvolvimento

O Governo considera a expansão e melhoria dos serviços de telecomunicações um


instrumento vital e prioritário para o desenvolvimento económico e social de Angola e da sua
afirmação no concerto das Nações, muito em particular no contexto regional africano. Assim,
torna-se evidente que constitui missão do Estado, assumida na nova Política das
Telecomunicações, viabilizar e impulsionar a expansão harmoniosa do Sistema Nacional de
Telecomunicações e o asseguramento crescente do acesso generalizado aos serviços de
telecomunicações em todo o território nacional.

Assim, os serviços de telecomunicações deverão atingir a médio prazo o seguinte nível de


qualidade:

"O mínimo de uma linha para serviços de telecomunicações em cada vinte quilómetros
quadrados de cada Comuna, em cada cinco quilómetros quadrados de cada Vila e 70 linhas
em cada quilómetro quadrado de cada cidade"

O Governo reconhece que nas condições actuais do País, o objectivo preconizado só será
possível, fazendo recurso a mobilização do investimento público e privado, assente numa
estratégia de expansão do Sistema Nacional das Telecomunicações e aceleração do nível de
desenvolvimento das telecomunicações em geral.

O Governo, na promoção do investimento, velará para que o investimento estrangeiro, resulte


em benefícios para Angola e assegure uma participação activa do empresariado nacional.

Assim:

Os indicadores globais de desenvolvimento expressos no quadro abaixo, reflectem não só a


análise do Ministério dos Correios e Telecomunicações em concertação com os demais
sectores da vida nacional, em especial o Ministério do Planeamento, mas também o resultado
do "Diagnóstico ao Sector das Telecomunicações" elaborado no quadro da verificação actual
do estado da rede básica de telecomunicações no qual estão contidos os seguintes cenários
de desenvolvimento:

OPÇÃO I: Cenário de Continuidade, Caracterizado por;


Prevalência do estado de instabilidade político -militar.
Crescimento demográfico desajustado do crescimento do PIB
Elevados níveis de inflação
Elevados índices de desemprego e de pobreza
Desaceleração do investimento devido a insuficiente poupança interna
Dificuldades na obtenção de financiamentos externos
etc. etc.

OPÇÃO II: Cenário de Mudança, Caracterizado por:

Solução do conflito militar e sua consolidação


Garantia da estabilidade macro-económica
Relançamento da produção interna de bens e serviços
Reposição da administração do Estado em todo o território nacional
Reforma legislativa
Confiança crescente do empresariado nacional e internacional em disponibilizar capitais
necessários ao financiamento de grandes projectos que visem o crescimento
económico e a criação de emprego

OPÇÃO III: Cenário de Mudança Impulsionado pelo Estado , Caracterizado por:

Mesmas as características do cenário anterior com o acréscimo, a montante, do


envolvimento directo do Estado apoiando financeiramente e intervindo de forma a
catalizar as forças do mercado e assegurando a execução dos projectos estratégicos
programados no domínio das telecomunicações para o período 2001/2005

Tendo em conta a opção III, o desenvolvimento da infra-estrutura e serviços de


telecomunicações deverá basear-se nos seguintes indicadores globais de desenvolvimento:

Indicadores Globais de Desenvolvimento

Teledensidade
Posicionamento de Angola tendo como
Ano Serviço
Serviço Móvel Internet referência o ano 2000
Fixo
Todas capitais de Recomendação da UIT é de 1% no ano
2002 0.47% 0.59%
Província 2000 para os Países atrasados da SADC

30% das sedes Angola posicionar-se-ia no meio da tabela


2005 0.8% 3.0%
Municipais dos Países da SADC
Todas as sedes Angola posicionar-se-ia acima do meio da
2010 2.5% 6.0%
Municipais tabela dos Países da SADC

30% das sedes Angola posicionar-se-ia entre os primeiros


2015 5.45% 12.0%
Comunais Países da SADC

(1) Para parametrização tomou-se como referência a teledensidade da região no ano 2000

Para que as metas atrás preconizadas sejam alcançadas, o Governo, através do


Ministério dos Correios e Telecomunicações, direccionará a concretização dos
investimentos com vista a garantir o seguinte :

o Expansão de uma rede básica robusta e extensiva a todo o território nacional


que induza o aparecimento e desenvolvimento de outras infra-estruturas
complementares e da generalidade dos serviços de telecomunicações;
o Prioridade aos investimentos em infra-estruturas cujo custo médio por linha seja
competitivo e viabilize alcançar as metas estabelecidas nos indicadores de
desenvolvimento (baixo custo de investimento versus alta oferta de serviços);

Tendo em conta a particular dinâmica de desenvolvimento e expansão do serviço de


telefonia móvel o Governo incentivará o estabelecimento de uma plena concorrência,
viabilizando a competitividade entre os operadores e a introdução em tempo útil das
novas gerações de desenvolvimento.
O Governo, com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento das telecomunicações
nacionais e desta forma induzir maior dinamismo em todos os sectores da vida nacional
investirá de forma directa na expansão da rede básica durante o quinquénio 2001-
2005, findo o qual se prevê que os agentes do sistema de telecomunicações venham a
adquirir capacidades de auto-sustentação.
O Governo, através do Ministério dos Correios e Telecomunicações, estabelecerá os
indicadores específicos, que garantam o desenvolvimento dos serviços que
impulsionem Angola rumo a sociedade de informação, em especial o desenvolvimento
da Internet, Comércio Electrónico, Tele-Governo, Tele-Medicina, Tele-Educação, Tele-
Banco, etc.

2.2 Desenvolvimento da Infra-estrutura

Fazem parte da Infra-estrutura Nacional das Telecomunicações as redes de uso público e as


redes privativas, tal como será definido na Lei Básica de Telecomunicações, devendo as
Redes do Estado ser consideradas privativas em regime especial, com um âmbito a ser
estabelecido pelo Governo em diploma legal próprio.

Assim:

O Governo reconhece necessidade da existência de uma rede básica, na fase inicial do


processo de liberalização, como garante da dinâmica da expansão das infra-estruturas
e serviços de telecomunicações a todo o território nacional e o acesso progressivo a
todas as camadas sociais da população.

O Governo reconhece também a importância da abertura do mercado, pelo que a


coexistência dos sectores público e privado, nacional ou estrangeiro no estabelecimento
de infra-estruturas e serviços de telecomunicações sejam elas móveis ou fixas, constitui
um esforço complementar ao desenvovimento da rede básica e na expansão dos
serviços de telecomunicações a todo o território nacional .
O Governo reconhece a necessidade de fortalecer as telecomunicações administrativas
operadas pelo INATEL , bem como a rede de Estado ,operada pela Angola Telecom ,
criando para o efeito sinergias entre ambas , com vista ao incentivo da aplicação dos
meios modernos de Governação electrónica e da administração do Estado .

O Governo incentivará a participação do empresariado nacional e estabelecerá


incentivos e limitações claras à participação do investimento estrangeiro de formas a
fomentar a criação de novas infra-estruturas e serviços de telecomunicações e não a
simples privatização da infra-estrutura e serviços de domínio público existente,
priorizando-se assim a expansão do sistema nacional das Telecomunicações.
O Governo reconhece que o desenvolvimento tecnológico que se verifica na indústria
de telecomunicações está abrindo novas perspectivas e alternativas bem como uma
dimensão diferente e evoluída na oferta de serviços de telecomunicações.
O Governo reconhece que o desenvolvimento das áreas rurais, remotas ou mais
desfavorecidas do País depende em grande medida do nível de desenvolvimento da
Infra-estrutura Nacional de Telecomunicações, da evolução das tecnologias (sistemas
de acesso sem fio, redes celulares, sistemas de satélite, sistemas móveis globais e
outros).

Governo reconhece que a utilização das tecnologias adequadas terá como efeito a
redução dos custos de expansão do Sistema Nacional de Telecomunicações,
favorecendo o crescimento da taxa de penetração telefónica, inclusivamente nas áreas
rurais, remotas ou mais desfavorecidas do País e que este aspecto deverá ser levado
em conta no processo de licenciamento dos serviços ,rumo à sociedade de informação
no terceiro milénio e preste particular atenção aos seguintes aspectos de
desenvolvimento da Infra-estrutura Nacional de Telecomunicações:

o Implementação das redes de acesso por lacete sem fio para a expansão dos
serviços às zonas suburbanas e rurais;
o Ligação aos cabos submarinos internacionais;
o Ligação por cabo submarino entre localidades da orla marítima;
o Utilização dos corredores ferroviários e rodoviários , bem como as linhas do
sistema de transporte nacional de energia eléctrica , como estratégia de
constituição e expansão da "backbone" nacional de fibras ópticas e para
interligação regional a países vizinhos.

O Governo reconhece a necessidade de fortalecer as telecomunicações administrativas


operadas pelo INATEL, bem como a rede de Estado, operada pela Angola Telecom,
criando-se para o efeito sinergias entre ambas, com vista ao incentivo da aplicação dos
meios modernos de Governação electrónica e da administração do Estado
O Governo considera vital o aproveitamento das sinergias dos diversos sectores de
actividade no País, recomendando para o efeito uma concertação especial entre os
prestadores de serviços e os detentores de sistemas de transmissão de âmbito nacional
, como as telecomunicações, a energia, os transportes, a rádio, a televisão e as obras
públicas.
O Governo deverá adoptar mecanismos que permitam o desenvolvimento e expansão
com prioridade do segmento de transmissão nacional (backbone), criando para o efeito,
formas de concessão que incentivem o investimento neste segmento.

2.3 Sociedade de Informação e Internet

O Governo de Angola no quadro do desenvolvimento de uma Sociedade Global da Informação


, reconhece o destaque que deve ser dado ao desenvolvimento e expansão dos serviços de
Internet em Angola.

O Governo, face a convergência de serviços de voz, dados e imagem, reconhece a


abrangência multi-sectorial das tecnologias de informação, bem como a importância da infra-
estrutura das telecomunicações para o desenvolvimento da Sociedade de Informação.
O sector dos Correios e Telecomunicações como parte integrante dos sectores de infra-
estruturas de Angola, deverá desempenhar um papel chave na disponibilização dos recursos
de suporte à implementação, expansão e desenvolvimento das tecnologias de informação.

Assim:

O Ministério dos Correios e Telecomunicações deverá ser a entidade responsável pela


aplicação da política do Governo , com vista ao estabelecimento de infra-estruturas que
garantam o desenvolvimento da Sociedade da Informação.
Constituirá preocupação permanente do Governo a promoção do acesso de Angola à
Sociedade Global da Informação.
O Governo estabelecerá os incentivos necessários para que se desenvolva o mercado
nacional das tecnologias da informação, se desenvolva uma INTERNET de alta
qualidade e a preços acessíveis, que sirva de suporte ao tele-ensino, à telemedicina, ao
tele-banco, ao comercio electrónico, aos sistemas integrados de informação e demais
benefícios da Sociedade de Informação.
O Governo reconhece a convergência existente actualmente entre as telecomunicações
a informática e a radiodifusão (sonora e televisiva). Assim, e de acordo com a realidade
vigente em Angola:

o Caberá ao Sector dos Correios e Telecomunicações regular as questões ligadas


à instalação e operação dos sistemas ligados à Sociedade Global da
Informação;
o Caberá ao Sector da Comunicação Social regular o conteúdo a veicular
especialmente nos órgãos de radiodifusão sonora e televisiva.

O Governo, através do Ministério de tutela das telecomunicações, criará os dispositivos


legais e regulará o desenvolvimento de serviços e redes interactivos de multimédia,
devendo para o efeito serem licenciados provedores de serviços de dados, TV-por-
Cabo, Internet e outros serviços afins à Sociedade Global da Informação.
Os conteúdos ilegais e ofensivos da informação, a sua disseminação e o uso indevido
de material susceptível de acção criminal, nas redes electrónicas de informação,
deverão ser fiscalizados para protecção das famílias, dos menores e da dignidade
humana.
O Governo, através da legislação reguladora do desenvolvimento das redes
electrónicas de informação e da legislação criminal apropriada, penalizará, sempre que
necessário e justificável os Provedores de Serviços que permitam o uso indevido das
suas redes.
A actividade do Órgão Regulador, deverá ser reforçada pela actividade da Comissão de
Telemática de Angola na promoção deontológica e ética, bem como no incentivo do
desenvolvimento integral da Sociedade da Informação em Angola.
O Governo, reconhecendo a importância do desenvolvimento da Internet à escala
nacional, em especial para a elevação dos níveis da educação, cultura, e da saúde e
desenvolvimento de negócios, incentivará desta importante actividade em duas
vertentes:

o Através do investimento público na formação de uma Espinha Dorsal Nacional


("backbone" nacional) e seu acesso internacional, enquanto não se
desenvolverem as forças do mercado que permitam a participação concorrencial
da actividade privada nesta importante área.
o Através do Incentivo à participação privada no estabelecimento de Provedores
de Serviço Internet.

O Estado ao intervir no desenvolvimento de uma backbone para a Internet, persegue os


seguintes objectivos:

a) Melhorar o acesso aos recursos de Internet, tanto nacionais como internacionais.


b) Expandir a Backbone a todas as províncias, viabilizando a aplicação de tarifas
telefónicas de acesso local aos cidadãos;
c) Implementar a utilização e gestão do domínio de Angola na rede global, regulando a
utilização do endereço (.ao) por parte dos Provedores Nacionais de Serviços Internet;
d) Fomentar a expansão dos serviços às áreas sociais mais importantes tais como:
estabelecimentos de ensino, locais de formação profissional e cívica, hospitais,
bibliotecas e centros culturais, etc…

III ESTRATÉGIA DE REFORMA

A estratégia de implementação da Nova Política de Telecomunicações em Angola reflecte , de


forma equilibrada e realista, o quadro para a restruturação e aprofundamento das reformas a
implementar no sector. Ao longo do processo para a sua formulação, ficou reconhecido que as
circunstâncias financeiras e as condições geográficas e demográficas de Angola representam
actualmente um desafio ímpar à viabilização imediata de um mercado de telecomunicações ,
aberto à concorrência em todos os seus segmentos que salvaguarde uma participação activa
do empresariado nacional, pelo que o Estado deverá criar oportunidades de participação
destes.
Deste modo, a restruturação do sector deverá obedecer a uma abordagem lógica e
progressiva, pois, tenham lugar nas condições actuais do País, levará algum tempo para que a
preparação de algumas condições importantes, tais como as que se seguem :

a) A revisão da legislação necessária ao estabelecimento de um mercado aberto e competitivo;


b) A criação dos níveis da competência necessária para preparar, organizar e concretizar o
processo de reformas;
c) A mobilização dos fundos e recursos necessários ao incentivo directo do Estado e através
do empresariado nacional .

3.1 Reformulação Legislativa

A legislação existente que , directa ou indirectamente , rege os interesses do sector deverá ser
revista no sentido de permitir a participação de investidores privados; novos operadores e
provedores de serviços nacionais e/ou estrangeiros, por forma a explorar-se o sector das
telecomunicações em todo o seu potencial.

Os aspectos identificados para revisão da legislação pelas suas implicações no sector das
telecomunicações, estão dispersos em vários diplomas legais, estatutos e regulamentos, sendo
os principais:

Lei de Delimitação de Sectores da Actividade Económica


Lei do Investimento Estrangeiro
Lei das Privatizações
Lei Básica das Telecomunicações

Assim:

No âmbito da concertação multi-sectorial que tem acompanhado a reformulação dos


diplomas legais, deverá ser dada particular atenção as preocupações específicas do
subsector das telecomunicações.
Com o objectivo de promover um ambiente propício ao investimento no País, e de modo
a garantir uma implementação efectiva das directrizes da Nova Política de
Telecomunicações em Angola, deverão ser reformuladas, as disposições e/ou
restrições que dificultam a realização dos objectivos de desenvolvimento das
telecomunicações.
A longo prazo, realça-se particularmente, a necessidade de se passar a considerar as
telecomunicações no seu todo, como uma área de reserva relativa do Estado, na Lei de
Delimitação de Sectores da Actividade Económica, e , consequentemente noutras
disposições que governam os aspectos ligados à estrutura, propriedade e operação das
actividades do sector em geral.

Deste modo, a curto prazo, o Governo adoptará políticas que conduzam à seguinte estrutura
do mercado:

a) Reserva Absoluta do Estado- As Telecomunicações no que se refere à propriedade das


infra-estruturas que integram a rede básica;

b) Reserva de Controlo do Estado- As Telecomunicações no que espeita ao às infra –


estruturas de dimensão local, quando constituam extensão da rede básica , bem como os
respectivos serviços de telecomunicações .

c) Reserva Relativa do Estado- As telecomunicações no que respeita às infra-estruturas que


não integram a rede básica bem como os respectivos serviços de telecomunicações.

3.2 Abertura do Mercado

O desenvolvimento tecnológico que se verifica na indústria das telecomunicações está a abrir


uma nova dimensão na prestação de serviços de telecomunicações.

O progresso da tecnologia de transmissão por satélite com o aparecimento de sistemas de


comunicações móveis globais por satélite (GMPCS), redes globais de cabo em fibra óptica,
redes de telefonia celular e a queda dos custos de operação nos segmentos de transmissão e
as novas tecnologias sem fio de acesso ao cliente com baixos custos de instalação, são alguns
dos principais aspectos que criam novas perspectivas para a expansão e a melhoria das infra-
estruturas nacionais das telecomunicações.

Dado o papel importante que desempenha a introdução da concorrência no incremento do


mercado de telecomunicações, e com a finalidade de expandir a actual infra-estrutura e o
provimento de serviços no mercado nacional de telecomunicações, torna-se absolutamente
necessário que o sector das telecomunicações adopte posições consentâneas que habilitem o
Governo a estabelecer estruturas de mercado que catalisem as potencialidades do sector.

Um dos efeitos fundamentais que se espera do desenvolvimento integral das


telecomunicações, é o seu forte impacto sobre as áreas rurais e comunidades de baixos
recursos, incentivando a exploração plena do seu valor económico e impulsionando o seu
desenvolvimento.
Por estes factores, o Governo de Angola promoverá activamente as seguintes reformas:

A abertura do mercado nacional das telecomunicações à concorrência em todos os


domínios de actividade das telecomunicações, de forma progressiva e com o acesso de
intervenientes privados nacionais e estrangeiros mediante licenciamento prévio.
A abertura do mercado nacional das telecomunicações à concorrência deverá ter como
objectivo primário a participação da iniciativa privada na edificação de infra-estruturas
complementares a rede básica em todos os segmentos de serviços, contribuindo assim
para a expansão da Infra-estrutura e serviços a todo o território nacional.
O faseamento da introdução da concorrência no mercado nacional de
telecomunicações será da responsabilidade da Administração das Telecomunicações,
de modo a assegurar uma correcta transição e a não colocar em risco a contínua
prestação dos serviços básicos às populações em toda a extensão do território
nacional.
O aumento da eficácia da concorrência a nível dos serviços móveis celulares, incluindo-
se neste segmento de mercado os sistemas móveis globais por satélite (GMPCS),
mediante licenciamento prévio, obedecendo a disposições de regulação específicas.
O incentivo ao licenciamento de redes privativas para fins de utilidade pública e por
forma a permitir a melhoria da cobertura territorial do sistema nacional das
telecomunicações, particularmente nas zonas rurais e remotas.
A abertura à curto prazo do acesso ao mercado da revenda de serviços com
oportunidades especiais para a participação directa de investidores nacionais como
forma de promoção do surgimento de um empresariado nacional especializado e forte
no domínio das telecomunicações.
A completa abertura e liberalização do sector das telecomunicações em Angola tão logo
estejam criadas as condições de auto-sustentação e desenvolvimento harmonioso do
mercado e se tenha estabelecido um órgão regulador forte.
O emprego das opções tecnológicas que melhor se adequém ao desenvolvimento do
País e estiverem em conformidade com as políticas e directrizes regionais no domínio
das telecomunicações.
A modernização do sistema nacional das telecomunicações , optando pela digitalização
de toda a componente analógica e por soluções digitais com melhores índices de
interoperabilidade com as novas plataformas das telecomunicações.
A permissão aos operadores para, em ambiente de concorrência, procederem à escolha
do tipo de tecnologias técnico-economicamente mais convenientes, tanto para o acesso
local, como para a comutação e a transmissão de longa distância, obedecendo às
condições de homologação, interconexão, normalização e compatibilização nacional e
regional estabelecidas pelo Órgão Regulador.
O licenciamento de operadores que empreguem tecnologias que além de
proporcionarem a prestação de serviços a preços acessíveis, também garantam o
acesso das populações às modernas tecnologias da informação e o usufruto dos seus
múltiplos recursos

3.2.1 Concorrência

O Governo reconhece que a concorrência é um instrumento fundamental de estímulo ao


mercado , tornando-se por este facto, necessário adoptar um quadro legal que não limite nem
restrinja as possibilidades do progresso, sendo para tal importante que, acompanhando a
tendência universal, se redefinam as formas de participação do empresariado no domínio da
actividade de telecomunicações. Por este facto, iniciou em 1996 um processo de reformas
devendo o estabelecimento da Nova Política de Telecomunicações deverá contribuir
particularmente para uma maior dinâmica de desenvolvimento do sector.

O Governo reconhece também com realismo que:

A grande extensão geográfica, com baixa densidade populacional;


Os diferentes níveis de desenvolvimento entre a cidade e o campo, e entre o litoral e o
interior;
O fraco poder de compra das populações;
A necessidade de que Angola atinja níveis de desenvolvimento no domínio das
telecomunicações, compatíveis com o seu potencial e a sua inserção geo-estratégica na
região ,tornam necessário, o investimento público na rede básica, enquanto o mercado
não atingir a maturidade e equilíbrio necessários para se desenvolver aos níveis
preconizados pelo Governo.

Esta necessidade reflecte-se sobretudo no segmento da transmissão, onde, por exemplo,


investimentos regionais como o SAT 3 e a implementação da rede nacional em banda larga
que sirva de espinha dorsal a expansão das telecomunicações a todo o território nacional,
ainda carecem do forte empenho do Estado.

Paralelamente, a estratégia do Governo para desenvolvimento e expansão do serviço de


telecomunicações, assentará fundamentalmente na introdução de novos operadores, devendo
nesta base o processo de privatização do sector público submeter-se a prioridade da expansão
de serviços.

Assim:

O Governo priorizará a participação do sector privado que tenha por objectivo


complementar a actual infra-estrutura de telecomunicações de domínio público,
contribuindo assim para a expansão e diversidade dos serviços em todo o território
nacional.
O Governo salvaguardará o princípio da concorrência em detrimento da exclusividade e
do monopólio no processo de licenciamento dos serviços de telecomunicações em
Angola.
O Governo criará o quadro legal que permita e sirva de garante à expansão e
modernização do Sistema Nacional de Telecomunicações.
O Governo promoverá o investimento público e privado, estimulando o exercício da
actividade em regime de concorrência sã, assente em regras transparentes,
assegurando, no quadro das condições de licenciamento, a extensão de serviços
básicos às zonas rurais e remotas, com padrões de qualidade e preços adequados
O Governo promoverá o desenvolvimento e a utilização de novos serviços e redes,
assente no princípio da melhor tecnologia e efectividade económica, tendo como
objectivo impulsionar a coesão territorial, económica e social.
O Governo , tendo em conta a actual densidade populacional do País e o poder de
compra das populações, no interesse de tornar atractivo o mercado e captar o
investimento privado para o sector das telecomunicações, velará, sem prejuízo da
concorrência, pelo estabelecimento transparente de um limite de licenças nos
segmentos dos serviços de telecomunicações que assim o exijam.

3.2.2 Adaptação da Angola Telecom

Como premissa para a abertura do mercado de forma gradual, foi elaborado pelo Ministério dos
Correios e Telecomunicações, um Plano de Adaptação da Angola Telecom ao novo quadro de
reformas, adequadas à sua preparação para concorrência no mercado.

A execução do plano de adaptação, que deverá durar três anos, teve início em 1999,
constituindo-se nas três seguintes fases:

O diagnóstico do sector,
O saneamento financeiro da empresa e;
A transformação da empresa em sociedade comercial de capitais públicos .

Durante os quais se deverão efectivar mudanças profundas em termos do planeamento,


administração, filosofia de trabalho e desempenho da Empresa.

Assim:

O Governo transformará a Angola Telecom em empresa ao abrigo do código comercial ,


de molde a aumentar a sua eficácia e facilitar a sua eventual privatização em quotas a
definir pontualmente pelo Governo.
Apôs a transformação da Angola Telecom em sociedade comercial, o Governo
determinará em função do desenvolvimento do mercado nacional de telecomunicações
e da necessidade da participação directa do Estado no incentivo , o ritmo e o calendário
para a redução gradual da quota de participação directa do Estado na propriedade da
Angola Telecom.
O Governo conduzirá o processo de estabelecimento de parceria(s) estratégica(s) e
tecnológica(s), com a finalidade de permitir a capitalização e adaptação progressiva da
Angola Telecom ao regime de concorrência no sector das telecomunicações.
Do processo de parceria(s) estratégica(s) e tecnológica(s), deverá(ão) resultar
empresa(s) de direito angolano, de capitais públicos privados ou mistos.
O Governo reconhece que um dos principais constrangimentos na criação de empresas
subsidiárias é a dupla tributação, pelo que criará, com a brevidade possível, um quadro
legislativo geral que estimule a constituição de parcerias.
Enquanto a propriedade da Angola Telecom for maioritariamente do Estado, a gestão
da empresa será regida por um Contrato Programa, no qual deverão ser claramente
estabelecidos os direitos e obrigações do Estado e da Empresa.
O Governo de Angola, representado pelos Ministérios das Finanças, do Planeamento e
dos Correios e Telecomunicações e a Angola Telecom, representada pelo Presidente
do Conselho de Administração, assinarão no início de vigência de cada Conselho de
Administração um novo Contrato Programa.
O Contrato Programa deverá estabelecer a estratégia de transição para a inserção da
Angola Telecom em mercado aberto e competitivo tanto à nível nacional, regional como
global.
Em caso de privatização da Angola Telecom, para além de se priorizar a presença de
parceiros tecnológicos com reconhecida idoneidade e capacidade técnica e financeira,
deverá ser assegurada a participação de agentes económicos nacionais no capital
social da Empresa, e incluir-se uma modalidade que permita a participação nesse
processo de privatização, dos trabalhadores do sector das telecomunicações, bem
como de outros cidadãos nacionais.
Os Estatutos da Angola Telecom serão reformulados, por forma a alterar a estrutura do
Conselho de Administração, a reduzir as suas funções executivas e adoptar a Empresa
de um modelo organizacional inerente ao estatuto de empresa de direito comercial que
tornem mais eficazes os métodos de direcção e gestão.
A direcção da Angola Telecom deverá passar a responder perante um Conselho de
Administração na sua gestão interna e este perante o Governo , por um lado, enquanto
proprietário, e por outro, como formulador da estratégia sectorial e fiscalizador da
actividade de telecomunicações nacional.
O Governo, devido à necessidade de investimentos avultados em infra-estruturas da
rede básica, de acordo com a lei, é propriedade do Estado gerida pela Angola Telecom,
estabelecerá um plano de investimentos públicos por formas a incentivar a expansão da
rede básica a todo o território nacional.
A Angola Telecom deverá preparar-se para, a curto prazo, assegurar interligações da
generalidade dos operadores de telecomunicações através da rede básica
incentivando, desta forma, o estabelecimento do mercado nacional de
telecomunicações.
A Angola Telecom deverá delinear, a curto prazo, uma estratégia para o
rebalanceamento do seu actual tarifário, tomando em consideração as tendências
universais de redução das tarifas internacionais, bem como a eliminação crescente da
subsidiação cruzada.
Para que se torne competitiva e possa subsistir num regime de concorrência aberta, a
Angola Telecom, deverá , na fase de transição, sanear a sua situação económico-
financeira e melhorar a gestão e qualificação dos seus recursos humanos, cingindo-se
aos quadros estritamente necessários e procurando, ao abrigo da legislação vigente, as
soluções mais consentâneas para os trabalhadores excedentários

3.2.3 Outros Operadores

O Governo reconhece que um dos principais problemas que travam o integral desenvolvimento
das telecomunicações em Angola é a escassez de recursos financeiros para fazer face à
demanda presente e futura de serviços, pelo que tornar-se-á necessária a conjugação do
financiamento público e privado para que se verifique o crescimento esperado da infra-
estrutura e dos serviços de telecomunicações.

O Governo reconhece também que o fenómeno da globalização dos mercados é


particularmente forte no domínio das telecomunicações, tornando-se necessário que o Estado
identifique a estratégia em que o investimento estrangeiro resulte em benefícios para Angola e
assegure uma participação activa do empresariado nacional.

Assim, com o objectivo de solucionar esta situação de estrangulamento ao normal


desenvolvimento do sector das telecomunicações, o Governo propõe-se ao seguinte:

Priorizar o licenciamento de operadores que contribuam para a expansão das infra-


estruturas de telecomunicações a todo o território nacional, em especial às zonas
remotas e mais desfavorecidas.
Promover o licenciamento de operadores privados nos segmentos de mercado abertos
à concorrência.
Permitir a participação sem limites, de capital privado nas novas empresas a licenciar,
podendo contudo estabelecer em segmentos considerados estratégicos, um limite do
percentual de participação do capital estrangeiro.
Providenciar para que, na participação dos investidores estrangeiros no processo de
abertura do mercado nacional de telecomunicações, estes :
o Formem associações com empresas locais a fim de obterem licenças que lhes
permitam prestar serviços no mercado nacional.
o Contribuam para a transferência de tecnologia, desenvolvimento dos recursos
humanos nacionais, e para incentivar o surgimento e desenvolvimento de uma
indústria local e da plena integração de Angola na Sociedade Global da
Informação.

3.2.4 Obrigação de Serviço Universal

A implementação do Serviço Universal tal como inicialmente concebido a nível internacional,


um telefone para cada habitante, vem sendo dificultada, por imperativos de ordem económica .
Nestas circunstâncias, os Estados começam por assumir a obrigação de assegurar, a todos os
seus cidadãos, o Acesso Universal aos Serviços de Telecomunicações, através de um conjunto
mínimo de meios e serviços acessíveis independentemente da sua localização geográfica, do
local de residência ou de actividade, com preços compatíveis com as condições e realidades
nacionais.

Em Angola, este princípio é assumido como sendo uma obrigação social do Estado, na medida
em que o País possui por um lado zonas de baixa densidade populacional, e por outro, núcleos
populacionais muito dispersos e de muito baixos rendimentos, com dificuldades consequentes
em custear a disponibilização dos serviços mínimos e indispensáveis ao seu normal
desenvolvimento económico e social.
Por sua vez, o Acesso Universal aos Serviços de Telecomunicações em Angola é definido
como sendo a facilidade de acesso, para todos os cidadãos e sempre que necessário, a um
telefone público ou privativo situado em local razoavelmente próximo da área de residência ou
de actividade, independentemente do local onde vivam, e a um preço acessível.

Assim:

O Governo de Angola, reconhece a obrigação de assegurar a todos os cidadãos, o


direito de acesso aos serviços de telecomunicações.
Para o cumprimento dessa obrigação, o Governo promoverá e estimulará o recurso às
mais recentes tecnologias, de modo a viabilizar da forma mais económica e racional
possível os custos de instalação e operação e a permitir a extensão dos serviços de
telecomunicações até às áreas rurais, remotas ou mais desfavorecidas do País.
O Ministério dos Correios e Telecomunicações deverá formular um claro e preciso
Programa de Expansão do Serviço Telefónico às áreas rurais, remotas e mais
desfavorecidas, e para efeitos de implementação, estabelecer claramente as metas a
atingir até ao ano 2005, com o recurso à soluções técnicas de baixo custo, que
assegurem simultaneamente uma rápida disponibilização e uma boa qualidade de
serviço.
O Ministério dos Correios e Telecomunicações deverá velar para que a rede nacional de
Estações e Postos de Correios contribuam para a melhoria do acesso das populações
aos serviços de telecomunicações, oferecendo entre os serviços tradicionais de correios
uma carteira múltipla de serviços modernos de telecomunicações aplicáveis ao serviço
de correios, tais como:

o acesso à internet
o posto público de telefonia;
o posto público de Fax;
o serviços de comércio electrónico;
o serviços de encomenda electrónica, etc.

Os contratos de exploração da infra-estrutura e serviços básicos, e todas as licenças e


concessões que forem emitidas para a exploração de serviços de telecomunicações,
deverão prever obrigações e contribuições para a materialização do objectivo de
Acesso Universal aos serviços de telecomunicações por parte dos cidadãos.
Todas as licenças actualmente em vigor e cujo prazo de validade se estenda para além
dos primeiros cinco anos após o início da implementação das reformas previstas no
presente Livro Branco, serão renegociadas por forma a que nelas se incluam
obrigações, para o Acesso Universal aos Serviços de Telecomunicações.
Nas zonas onde não for viável ou não houver capacidade económica para viabilizar
uma demanda comercial de serviços, deverá ser instalado um Ponto de Acesso
Telefónico, a ser colocado à disposição das comunidades locais em forma subsidiada.
Nos primeiros cinco anos após o início da implementação da Nova Política das
Telecomunicações, deverão entre outras constituir metas do acesso universal, a
instalação de um posto de serviço telefónico público em todas as escolas de 2º e 3º
níveis, nos estabelecimentos do ensino médio, pré-universitário e do ensino superior;e
em todos os hospitais sede, postos e estações de correios, portos, aeroportos e
estações de caminho de ferro.

3.2.5 Fundo de Serviço Universal (FADCOM)

Todas as propostas para o financiamento e cumprimento da obrigatoriedade do Acesso


Universal aos Serviços de Telecomunicações nas zonas rurais, remotas ou mais
desfavorecidas, devem ser encaradas com a máxima prioridade estratégica tanto a curto como
a médio prazos.

Neste âmbito, o Governo de Angola criou o Ministério dos Correios e Telecomunicações, em


cujo Estatuto Orgânico se prevê o estabelecimento de um Fundo de Apoio ao Desenvolvimento
das Comunicações (FADCOM), legalmente dotado de autonomia jurídica, administrativa e
financeira, com o objectivo fundamental de assegurar o cumprimento das obrigações do
Acesso Universal aos Serviços de Correios e Telecomunicações e outras, que concorram para
o desenvolvimento harmonioso e crescimento sustentável do sector das comunicações.

No presente documento de políticas apenas é abordado o segmento das telecomunicações do


FADCOM.

Assim:

O FADCOM deverá ser dotado de uma estrutura que permita a mobilização, aplicação e
contabilização separada dos recursos destinados ao desenvolvimento dos Correios e
das Telecomunicações.
Para asseguramento das acções de investimento, o FADCOM mobilizará recursos
financeiros provenientes das seguintes fontes:

o Contribuição dos operadores das telecomunicações ao FADCOM de acordo com


a disposição legal específica a estabelecer pelo Governo;
o Uma percentagem da receita bruta do Órgão regulador;
o As doações e dotações recebidas de ajudas bilaterais e multilaterais, que se
enquadrem no domínio das Comunicações;
o As receitas obtidas do reembolso de financiamentos, bem como demais
rendimentos das aplicações do Fundo;
o As doações e financiamentos mobilizáveis no mercado internacional e
o As contribuições do estado para o investimento público.

O FADCOM, para além de financiar a implementação de projectos de expansão da


infra-estrutura das telecomunicações, será um instrumento preferencial de
financiamento das obrigações decorrentes da extensão dos serviços de
telecomunicações às zonas rurais e remotas.
O Conselho de Administração do FADCOM será constituído por cinco membros
propostos pelo Ministério dos Correios e Telecomunicações (três), pelo Ministério das
Finanças (um) e pelo Ministério do Planeamento (um).
A viabilização do Acesso Universal aos Serviços de Telecomunicações tendo como
suporte principal o FADCOM, será temporária, com incidência da intervenção para as
áreas em que a economia rural seja incapaz de permitir a rentabilidade da expansão
dos serviços de telecomunicações indispensáveis.
O FADCOM financiará a implementação e expansão de infra-estruturas de
telecomunicações às áreas rurais, remotas ou mais desfavorecidas do País, mas não
subsidiará os custos de operação.
Competirá ao Ministério dos Correios e Telecomunicações a coordenação global dos
projectos ligados ao cumprimento das obrigações do Acesso Universal aos Serviços de
Telecomunicações.
Por disposição legal específica do Governo, o Ministério dos Correios e
Telecomunicações será autorizado a fixar o nível da contribuição que cada operador
licenciado deverá pagar ao FADCOM, e também fixar contribuições a outras entidades
não passíveis de licenciamento e que participem no mercado auxiliar das
telecomunicações.

3.3 Regulação do Sector

Como premissa para o surgimento de um verdadeiro mercado nacional de telecomunicações


em concorrência, Angola deverá possuir um Órgão Regulador autónomo, competente,
utilizando mecanismos de intervenção transparentes e empossado com os necessários
poderes executivos para a administração e supervisão do mercado, no interesse dos
consumidores dos serviços e do sector em geral.
3.3.1 O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM)

Sendo a regulação da actividade de telecomunicações uma matéria sensível e complexa, a sua


formulação e aplicação depende em grande medida da clareza e abrangência das disposições
da legislação que lhe serve de quadro. Ciente deste facto o Governo considera que somente
com um Órgão Regulador competente, isento e pragmático, será possível atingirem-se os
resultados esperados e necessários para dar credibilidade a todo o processo de reformas
perspectivado, e deste modo, inspirar confiança aos potenciais investidores no sector das
telecomunicações.

Assim:

Foi criado o Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), entidade autónoma e


representativa, investido com os poderes necessários e suficientes para representar o
Governo nessa matéria.
O Governo deverá garantir com actualidade, que o papel do INACOM, enquanto órgão
regulador do mercado, seja claro e especificamente definido em Estatuto próprio, de
molde a assegurar o efectivo estabelecimento de uma entidade fiável e credível no
processo de tomada de decisões e fomentadora da estabilidade no mercado nacional
de telecomunicações.
Em linhas gerais a estrutura institucional do INACOM deverá consolidar-se num:

o Conselho de Administração nomeado pelo Conselho de Ministros, cujas funções


deverão ser as de propor ao Governo as linhas mestras do processo de
concessões para a exploração de serviços de telecomunicações de uso público
e gerir a sua concessão; a defesa dos interesses dos consumidores , a
arbitragem de conflitos entre operadores e entre estes e os consumidores dos
respectivos serviços.
o Conselho de Administração reportando ao Ministro dos Correios e
Telecomunicações.
o Director Executivo nomeado pelo Ministro dos Correios e Telecomunicações,
que reporta ao Conselho de Administração com a função principal de
superintender e controlar toda a actividade de gestão corrente do INACOM, bem
como exercer o poder disciplinar.

O INACOM deverá adicionalmente ter jurisdição e competência sobre todos os aspectos


concernentes à gestão, planificação e monitorização do espectro de frequências
radioeléctricas e demais vias de transmissão electrónica de informação.
Algumas das funções principais do Órgão Regulador são:

Recomendar a abertura de novas áreas de licenciamento e preparar o processo de


atribuição de concessões e licenças de operação e provimento de serviços de
telecomunicações de uso público;
Estabelecer termos, condições e requisitos para o licenciamento de todos os
operadores;
Planificar, gerir, e fiscalizar a utilização do espectro de frequências radioeléctricas;
Licenciar o estabelecimento de sistemas privativos de telecomunicações e monitorar a
sua operação ;estabelecer os termos ,condições e requisitos de interligação entre as
redes de todos os operadores ( incluindo a compatibilidade técnica , práticas e ética uso
dos meios essenciais ,etc )
Regulamentar o processo e a metodologia de fixação de preços dos operadores e
provedores de serviços de telecomunicações de uso público;
Controlar a qualidade dos serviços oferecidos pelos operadores no interesse dos
consumidores;
Atribuir e monitorar os planos fundamentais (de entre os quais: numeração,
transmissão, encaminhamento e sinalização);
Dar tratamento adequado às infracções dos operadores e outras distorções no
mercado, como disputas relacionadas com preços, interligações, trânsito, e partilha do
espectro de frequências radioeléctricas;
Atender com imparcialidade e justiça às reclamações dos consumidores e usuários dos
serviços e dos sistemas de telecomunicações;
Verificar o cumprimento das obrigações relativas à garantia de acesso e ao provimento
do serviço universal constantes nas autorizações para o estabelecimento e prestação
de serviços de telecomunicações;
Garantir o processo de normalização dos sistemas e de aprovação-tipo de materiais e
de equipamentos de telecomunicações e radiocomunicações;
Divulgar regularmente as listas dos materiais e equipamentos de telecomunicações e
radiocomunicações homologados;
Assegurar a protecção do sigilo da informação disponível nas redes e sistemas de
telecomunicações, de radiocomunicações;
Aplicar as normas reguladores aos equipamentos e sistemas de comutação de dados,
quando se destinem a prestação de serviços públicos, assentes nas redes públicas de
telecomunicações ou utilizem o espectro radioeléctrico;
Representar o sector das telecomunicações, junto de instâncias e organizações
internacionais, em matérias inerentes às suas funções, e dar o devido tratamento às
questões que decorram do trabalho, dos direitos e obrigações do País decorrentes da
participação nesses organismos;
Assessorar o Ministério dos Correios e Telecomunicações na aplicação da política geral
do sector;
Estabelecer normas técnicas e licenciar os sistemas de radiodifusão sonora e televisiva.

Deverá ser garantido pelo Órgão regulador a todos os provedores de serviço público de
telecomunicações licenciados, um acesso livre, justo e equitativo ao mercado nacional de
telecomunicações.

No seguimento da fase de restruturação do sector, o INACOM deverá assegurar que a Angola


Telecom não reclame posições de vantagem que lesem o efectivo estabelecimento da
concorrência, nem, tire proveitos indevidos da posição "monopolista" que deterá à partida,
enquanto operador incumbente e dominante.

3.3.2 Assuntos Chave a Regular

Dentro da totalidade de funções e áreas sob jurisdição do INACOM existem algumas de grande
importância tais como: licenciamento, interligação, controlo de preços, administração do
espectro de frequências radioeléctricas, controlo da qualidade dos serviços e numeração.
Estes aspectos são considerados de seguida em detalhe

3.3.2.1 Licenciamento de Infra-estruturas e Serviços de Telecomunicações de Uso


Público

O licenciamento de infra-estruturas e serviços de uso público, é o principal instrumento da


aplicação da política do Estado para o sector das telecomunicações. É importante que os
mecanismos de licenciamento possuam um alto grau de adaptação às evoluções institucionais
e tecnológicas que se verificam no sector.

Assim:

Os princípios de licenciamento devem ser consagrados através de uma lei, e abarcar,


de entre outros, os seguintes aspectos:

o Oportunidade e número de novas concessões para o provimento de serviço


público;
o Critérios de admissão e de pré-qualificação de operadores;
o Determinação dos valores das licenças, concessões, rendas e taxas;
o Procedimentos para correcção ou acréscimo de novas condições de exploração
e introdução de facilidades;
o Mecanismos de arbitragem e de recurso judicial ;
o Controlo de comportamentos anti-competitivos;
o Penalizações por infracções, etc.
o Mecanismos de informação aos candidatos e aos consumidores.

O processo de preparação e abertura de concursos para atribuição de concessões e de


licenças para a instalação de infra-estruturas e exploração de serviços públicos de
telecomunicações é da competência do INACOM;
Nos casos da concessão de licenças de grande impacto no desenvolvimento e na
política das telecomunicações, o Ministro da tutela desempenhará um papel de
superintendência, explicitamente definido no decreto que especificar os princípios
gerais;
Todos os operadores e provedores de serviços deverão possuir licenças e proceder ao
pagamento regular das rendas e taxas determinadas pelo órgão regulador.
O Órgão Regulador deve possuir plenos poderes para ajustar os respectivos montantes
em função da natureza e utilidade pública dos serviços prestados pelo operador,
sobretudo quando se destinarem a clientes das áreas rurais, remotas e desfavorecidas
do País, e submetê-los à aprovação do Ministro de tutela.
A política de licenciamento deve evoluir com base em critérios de licenciamento globais,
sendo um dos critérios fundamentais a área geográfica licenciada, sua densidade
populacional e grau de desenvolvimento da área geográfica, a complexidade
tecnológica e os recursos em infra-estrutura técnico-administrativa requeridos para a
prestação dos serviços. Neste âmbito, poderão ser emitidas licenças de âmbito local;
regional; ou nacional, sem prejuízo do seu carácter atractivo do ponto de vista
económica.
Com a progressiva convergência entre os diversos serviços de telecomunicações torna-
se cada vez mais difícil o estabelecimento de critérios de licenciamento, obedecendo
uma classificação rigorosa . Por este facto, torna-se necessária a sua actualização..
Assim constituem alguns exemplos aplicáveis dos serviços de telecomunicações os
seguintes:

o Serviços entre terminais móveis (que envolvem recursos importantes do


espectro de frequências radioeléctricas);
o Serviços entre terminais fixos;
o Serviços de valor acrescentado ( que não exigem infra-estruturas próprias);
o Serviços de cobertura global (operadores "off-shore");
o Serviços de instalação e manutenção de infra-estruturas ( acesso ao assinante);
o Serviços de comercialização de equipamentos e materiais;
o Serviços de suporte e apoio;
o Outros serviços.

As licenças poderão englobar um ou mais dos serviços acima descritos devendo a sua
classificação ser feita nos moldes supracitados;
As empresas provedoras de serviços de manutenção e instalação de redes e sistemas
também deverão ser objecto de licenciamento apropriado pelo INACOM.

3.3.2.2 Interligação

O Sistema Nacional de Telecomunicações deve constituir uma plataforma transparente e


aberta, garantindo a interoperabilidade das diferentes redes de telecomunicações, no âmbito
da implementação de um sistema integrado de gestão das mesmas.

Assim:

Na promoção da concorrência no sector, o INACOM deve definir as linhas de orientação


sobre questões económicas e técnicas relativamente à interligação de sistemas e redes;
Os regulamentos deverão assegurar a constituição de acordos que garantam a
interligação transparente entre as redes e assegurar o acesso livre, justo e equitativo de
todos os provedores de serviços às infra-estruturas, garantindo-se a transparência e
abertura da Infra-estrutura Nacional das Telecomunicações.
Não deverão ser permitidos acordos de interligação preferenciais ao Sistema Nacional
de Telecomunicações, devendo-se neste âmbito facultar à todos os operadores
condições equitativas de acesso e interligação.

3.3.2.3 Fixação de Tarifas e Preços

Para assegurar a disponibilização de serviços de telecomunicações ao preço mais baixo


possível, as tarifas deverão ser fixadas com base na estrutura dos custos de expansão e
operação dos serviços, assegurando-se uma margem de lucro justa, dentro dos níveis
autorizados pela legislação aplicável .
Assim:

O Governo incentivará os operadores de telecomunicações, em especial a Angola


Telecom, a adoptar princípios tarifários baseados nas estruturas de custos, de molde a
possibilitar-lhes o reinvestimento dos lucros na expansão e modernização das redes.
Os preços nos segmentos do sector operados em ambiente monopolista, ou nas áreas
quase sem concorrência, deverão ser supervisionados pelo INACOM, que após
consulta aos operadores e provedores de serviços, estabelecerá um "preço-tecto"
limitador ("price-cap").
Os preços dos serviços nos segmentos de concorrência estabelecida e consolidada,
deverão ser determinados com base nas regras estabelecidas pelo próprio mercado,
fixando-se igualmente um "tecto" limite.
Não deverá ser permitida a subsidiação cruzada de serviços de telecomunicações,
devendo, para efeitos de controlo, ser exigida a aplicação das regras da contabilidade
analítica à todos os operadores e provedores de serviços.

3.3.2.4 Planeamento e Gestão do Espectro de Frequências Radioeléctricas

O planeamento e a gestão das frequências radioeléctricas, constitui em todo o mundo, um


conjunto de procedimentos administrativos e técnicos necessários a efectiva operação dos
serviços e sistemas que utilizam o espectro radioeléctrico, na perspectiva de minimizar as
interferências mútuas, obedecendo uma estratégia evolutiva e a utilização adequada ao
desenvolvimento harmonioso das radiocomunicações num dado país.

Ao perspectivar-se em Angola o incremento da teledensidade com o recurso a serviços


assentes em tecnologias de radiocomunicações, uma correcta gestão e planeamento do
espectro de frequências, permitirá sobremaneira salvaguardar a eficácia de um recurso
escasso e limitado, e cujos efeitos de utilização ultrapassam as fronteiras nacionais.

Assim:

O Governo deverá aprovar o Plano Nacional de Frequências, que será assumido por
todos os operadores e órgãos do Estado que dele façam uso, com vista a
descongestionar a utilização das faixas de frequência, bem como encorajar e optimizar
a utilização partilhada do espectro radioeléctrico.
No processo de reordenamento e realocação de frequências o INACOM deverá ter em
conta o surgimento de novas tecnologias sem fios e as suas exigências em matéria de
frequências assim como o impacto sócio económico das mesmas.
O reordenamento do espectro radioeléctrico exigirá a migração de usuários de umas
bandas de frequências para outras. Este processo será levado a cabo
progressivamente, a fim de não afectar a viabilidade dos sistemas actualmente em
operação.
Para garantia de melhorias sensíveis ao nível da utilização racional e disciplinada deste
recurso natural escasso e limitado, o INACOM deverá fazer importantes investimentos
na instalação e estabelecimento de um Sistema Nacional de Monitorização e Controlo
de Emissões, de tal modo que assegure uma cobertura integral do território nacional.

3.3.2.5 Qualidade dos Serviços

O acompanhamento da qualidade dos serviços deve justificar-se por três razões:

a) Dualidade entre preço e qualidade de serviço;


b) Protecção dos consumidores contra o estabelecimento arbitrário de preços, devido a
existência de monopólio, ou contra o poder da empresa dominante;
c) A concorrência livre e justa funcionará melhor se os consumidores puderem escolher e optar
por diversos operadores com base em informações credíveis assentes no conhecimento do
mercado, fornecidas ou regulamentadas e supervisionadas por uma entidade reguladora.

Assim:

O INACOM deverá acompanhar regularmente a evolução dos índices de qualidade dos


serviços prestados aos consumidores, exigindo no acto de licenciamento, a todos os
operadores e empresas de telecomunicações, a divulgação sistemática e pública dos
indicadores e parâmetros de qualidade dos seus serviços.
Caberá ao INACOM a definição dos indicadores a divulgar pelos operadores e
empresas de telecomunicações, bem como o controlo e homologação da veracidade
dos mesmos.
Os indicadores e parâmetros a apresentar deverão cobrir não apenas médias mas
também medições das variações dos serviços, por forma a exibirem divergências
importantes.
Por definição, os índices de qualidade do serviço a estabelecer pelo INACOM deverão
cobrir uma vasta gama de parâmetros de desempenho, incluindo particularmente os
seguintes:

o Rapidez, prontidão e a eficiência com que as avarias são resolvidas;


o Disponibilidade de linhas directas, a curto prazo, e tempo de espera;
o Resolução das reclamações dos clientes em tempo útil;
o Fiabilidade da facturação.
o Eficácia da expansão dos serviços em relação a área geográfica licenciada

O INACOM estabelecerá os níveis mínimos de qualidade de serviço tomando como


referência o estado de desenvolvimento do Sistema Nacional de Telecomunicações e
os padrões internacionais de qualidade, em consulta com todas as partes interessadas.
Será obrigatória a adopção de tecnologia digital por todos os operadores que se
interliguem ao Sistema Nacional de Telecomunicações.

3.3.2.6 Numeração

O Plano de Numeração constitui um dos planos técnicos fundamentais com relevante


importância no desenvolvimento das telecomunicações em qualquer país. Ao perspectivar-se
um ambiente de concorrência, a relevância daquele plano fica acrescida.

Assim:

O Governo delegará ao INACOM a responsabilidade pelo controlo e monitoramento dos


planos de numeração.
O INACOM definirá as linhas orientadoras e metodológicas para o estabelecimento de
um efectivo Sistema Nacional de Numeração em Angola, com o objectivo de assegurar
uma utilização e distribuição racional e equilibrada dos Planos de Numeração em face
dos novos serviços, dos requisitos da sua convergência e do estabelecimento de
critérios de numeração global.

3.4 Funções do Estado

Na nova etapa do desenvolvimento das telecomunicações em Angola, o Estado assume uma


variedade de funções, sendo uma das mais importantes a definição de políticas incentivadoras
do desenvolvimento e permanente actualização do sector das telecomunicações, em
conformidade com as tendências globais e internacionais nesse domínio. Neste âmbito, tornar-
se-ão indispensáveis o fortalecimento dos órgãos de tutela e o estabelecimento de um
mecanismo eficaz para a concertação conjugada de esforços, ao nível da coordenação
nacional das actividades das telecomunicações.

Não menos importante é a responsabilidade pela criação de um Mercado Nacional de


Telecomunicações e a mobilização do investimento necessário para financiamento do
desenvolvimento deste importante sector.
3.4.1 Papel do Ministério dos Correios e Telecomunicações

Compete ao Governo o estabelecimento das linhas estratégicas de orientação para o


desenvolvimento do Sistema Nacional de Telecomunicações, a definição das políticas
Gerais e o Planeamento Global do Sector.
O Ministério dos Correios e Telecomunicações é o órgão da administração central do
Estado com participação activa na definição de estratégias e políticas nos domínios dos
correios e telecomunicações, com base nos indicadores macro-económicos de
desenvolvimento traçados pelo Governo e na coordenação das acções necessárias à
sua execução.
São atribuições do Ministério dos Correios e Telecomunicações, entre outras as
seguintes:

o Propor e implementar as políticas de actuação do Governo no domínio das


telecomunicações.
o Aprovar os indicadores económicos que determinam os níveis de
desenvolvimento da actividade das telecomunicações e avaliar o seu
desempenho.
o Promover o desenvolvimento e optimização da prestação de serviços no
domínio das telecomunicações.
o Garantir, organizar e supervisionar a concorrência no sector das
telecomunicações.
o Regulamentar, licenciar, fiscalizar e inspeccionar a actividade dos agentes
económicos no sector das telecomunicações.
o Definir a política de investimentos do sector.
o Contribuir para a defesa dos direitos dos consumidores através do controlo de
qualidade dos serviços prestados no âmbito do sector das telecomunicações.
o Representar o Estado em instâncias internacionais no âmbito das
telecomunicações, sem prejuízo da competência acometida a outros órgãos do
Estado nessa matéria.
o Estudar, propor e preparar as condições e mecanismos que permitam, facilitem,
e sirvam de incentivo à criação de uma indústria nacional de equipamentos,
produtos e serviços de telecomunicações, tomando as medidas convenientes e
necessárias para a sua introdução, incentivo e desenvolvimento.
o Fomentar a política de desenvolvimento dos recursos humanos do sector.
O Ministério dos Correios e Telecomunicações é o órgão do Estado responsável pelo
monitoramento do provimento efectivo do Acesso Universal aos Serviços de
Telecomunicações em Angola.

3.4.2 Conselho Nacional de Telecomunicações

O Conselho Nacional de Telecomunicações (CNT), é o órgão intersectorial de consulta


do Governo, encarregado de estudar e propor políticas nacionais de desenvolvimento
das telecomunicações, cobrindo a regulamentação do sector público e a exploração dos
serviços de telecomunicações.
Conselho Nacional de Telecomunicações será um órgão de concertação de sinergias
de âmbito multi-sectorial, encarregado de facilitar o desenvolvimento das
telecomunicações, em especial na implantação de infra-estruturas de urbanização,
corredores e pólos de desenvolvimento, cobrindo a regulamentação, a exploração e
expansão dos serviços, sistemas e tecnologias integradas, em todo o território nacional.
A composição, atribuições, competência e dependência do Conselho Nacional de
Telecomunicações serão conferidas por diploma legal próprio.
O Ministério de Tutela das telecomunicações poderá criar outros órgãos de consulta sob
sua dependência, para se pronunciarem sobre matérias específicas de sua
competência.

3.4.3 Desenvolvimento dos Recursos Humanos

As telecomunicações em Angola necessitam de recursos humanos de alta especialização para


a manutenção e o desenvolvimento de redes, sistemas e serviços, pelo que, o
desenvolvimento dos recursos humanos que lhe estão afectos deverá merecer a máxima
prioridade do Governo, mediante o apoio às instituições nacionais de educação e formação
técnico profissional especializada.

Assim:

Todos os contratos de concessão ou títulos de licença para a exploração de serviços de


telecomunicações e actividades afins, deverão conter obrigações sobre a matéria de
formação, no sentido de garantir a substituição gradual do pessoal estrangeiro por
profissionais e agentes angolanos, em prazos razoáveis e adequados à complexidade
dos serviços e técnicas em presença, para a gestão, monitorização, exploração e
comercialização de produtos e serviços, e para a instalação e manutenção das infra-
estruturas e dos sistemas.
Para que os objectivos de política sejam plenamente alcançados, o Instituto Nacional de
Telecomunicações (ITEL) deverá evoluir até ao ano 2005 para uma instituição de
formação técnico -profissional maior autonomia, sob a tutela do Ministério dos Correios
e Telecomunicações, devendo evoluir para os seguintes níveis de especialização:
básico, médio e superior.
Com a finalidade de contribuir para o financiamento da actividade docente e de
pesquisa, bem como para a expansão dos seus serviços a nível da SADC e PALOP ,
será estudada a viabilidade da criação de uma sociedade privada adstrita ao ITEL, cujo
objecto social será o desenvolvimento de actividades comerciais e lucrativas ligadas ao
sector.
O Governo deverá incentivar as universidades a estabelecerem curricula de
especialização em ciências de informação com realce para as tecnologias ligadas às
telecomunicações.
Sempre que necessário deverá ser feito recurso a cooperação técnica de especialistas
e organizações internacionais idóneas, e à promoção da interacção entre instituições
angolanas e internacionais vocacionadas para a formação e capacitação de quadros,
por forma a viabilizar a sua transformação em centros especializados e de excelência.

3.4.4 Capacidade Tecnológica Nacional

As telecomunicações em Angola deverão estar indissoluvelmente relacionadas com a evolução


global da indústria e do comércio das telecomunicações, no que respeita particularmente ao
desenvolvimento das tecnologias, dos negócios e dos mercados, e deverão contribuir para o
incremento do desenvolvimento tecnológico geral do País.

Neste âmbito o Governo, promoverá o desenvolvimento a médio e longo prazo, de uma


política de incentivos para o estabelecimento de uma indústria nacional de
equipamentos de telecomunicações bem como os ligados às tecnologias da informação,
que sirva de suporte às necessidades do mercado interno e regional.

Assim:

O sector das telecomunicações deverá contribuir activamente para o estabelecimento, a


longo prazo, de instituições de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e de
formação superior especializada em informática, electrónica e telecomunicações a nível
nacional.
O Governo deverá incentivar a modernização permanente do Sistema Nacional de
Telecomunicações através da opção de tecnologias mais adequadas e modernas,
migrando para soluções com melhores índices de interoperabilidade e adoptando as
novas plataformas das telecomunicações, inclusive multimédia, sobretudo no que se
refere a sinalização, numeração e roteamento apropriados e o estabelecimento de
sistemas de contabilização e tarifário fiável, compatível e ajustado à internacionalização
do mercado das telecomunicações.
O Governo criará facilidades legais e incentivos fiscais visando a criação e
desenvolvimento de uma indústria local de materiais e equipamentos para o suporte da
rápida expansão e desenvolvimento das telecomunicações em Angola.
O Governo providenciará que os pólos de desenvolvimento industrial e os corredores de
desenvolvimento fomentem a expansão da Infra-Estrutura Nacional das
Telecomunicações.

3.4.5 Integração Regional e Cooperação

Tendo em conta a localização geo-estratégica de Angola, entre duas das maiores e mais
promissoras regiões do mundo, e a importância do acesso internacional por cabo submarino
para os países encravados , bem como para o interior de Angola, torna-se necessário, que as
telecomunicações nacionais assumam cada vez mais uma estratégia regional de
desenvolvimento, em complemento a actual estratégia doméstica.

Assim:

O Governo desenvolverá uma ampla estratégia, visando a transformação de Angola


num importante nó de interligação para as comunicações entre os Estados da África
Central e Austral, e seu acesso internacional em geral.
O Governo promoverá a integração regional da Infra-Estrutura Nacional das
Telecomunicações, implementando a expansão dos segmentos de transmissão ao
longo dos corredores de desenvolvimento, bem como incentivará, para esse efeito, a
participação do empresariado nacional.
Angola deverá constituir no âmbito da comunidade internacional, num importante
parceiro estratégico, contribuindo para a efectiva integração e desenvolvimento
harmonioso das telecomunicações à nível mundial.
O Governo deverá agir de forma a que Angola se constitua num parceiro estratégico
determinante na promoção do desenvolvimento dos mercados das telecomunicações ao
nível da Comunidade dos Estados da África Austral (SADC) e Central (CEEAC), da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e no concerto das nações em
geral.
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