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Que se Devolvam a Euclides a Régua e o


Compasso

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José Carlos Putnoki

São Paulo, SP- RPM 13

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Já faz um bom tempo que o Desenho Geométrico foi banido
das nossas escolas de 1.° e 2.° graus. ”Coincidentemente”, de lá para
cá, a Geometria, cada vez mais, vem se tornando o grande terror da
Matemática, tanto para alunos quanto para professores. Com certeza,
não se trata apenas de uma coincidência, mas sim, em parte, de uma
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conseqüência. É evidente que, desde os tempos em que a régua e o
compasso freqüentaram os bancos escolares, até os dias de hoje, inúmeros
são os fatores que incidiram negativamente no ensino. Mas isso não anula,
em hipótese alguma, a defesa que se pretende apresentar.
Antes de mais nada, convém explicar que não se faz aqui um
mero discurso saudosista, até porque quem escreve esse artigo também
não aprendeu a utilizar os instrumentos euclidianos na escola. Não sou
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daquela geração. E se hoje leciono Desenho Geométrico é porque em


determinado instante, fui quase obrigado a fazê-lo.
Em primeiro lugar, é preciso analisar o próprio tı́tulo ”Desenho
Geométrico”. Em alguns paı́ses (França, Espanha, Suı́ça, etc.) ele
designa mais comumente a Perspectiva e a Geometria Descritiva,
não subentendendo, de modo geral, o que aqui chamamos Desenho
Geométrico Plano. Ocorre que, naqueles paı́ses, o Desenho Geométrico
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Plano é desenvolvido de forma naturalmente incorporada à Geometria


Plana, pelo próprio professor de Geometria. Desde os Elementos, de
Euclides, o Desenho Geométrico se apresenta ligado à Geometria de forma
indissolúvel, não com esse tı́tulo, mas com a denominação de Construções
Geométricas. É exatamente a reincorporação da régua e do compasso à
Geometria que se defende neste texto. A rigor, ensinar Geometria sem

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esses instrumentos é como dar a uma criança um triciclo sem uma das
rodas traseiras. Ela até consegue se locomover, mas muito mal. Estamos
é mutilando a Geometria quando a ensinamos como o fazemos hoje, além

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de abrir mão de ferramentas cujo alcance didático é inesgotável. Convém
também lembrar que, quando Euclides elaborou sua Geometria, não era
sua proposta a execução dos traçados com régua e compasso, mas o estudo
da possibilidade de construir a figura com aqueles instrumentos. Já,

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didaticamente falando, discutir como construir e, em seguida, construir,
são etapas que se completam, sendo a segunda a própria materialização
das idéias da primeira.
Vamos examinar alguns exemplos em que a utilização da régua e

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do compasso é altamente vantajosa.
Na aula que precede a exposição dos critérios de congruência de
triângulos, pode-se pedir aos alunos que construam em casa, e recortem,
os seguintes triângulos:
1) L.A.L. (p. ex., 4 cm, 60° e 5 cm)
2) L.L.L. (p. ex., 6 cm, 5 cm e 7 cm)
3) A.L.A. (p. ex., 30°, 8 cm e 45°)
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4) l.a.a0. (p. ex., 5 cm, 60° e 45°)
5) l.l.a. (p. ex., 5 cm, 7 cm e 30°)
Sabemos que as construções de 1 a 4 resultam em congruências,
enquanto que a 5 não, necessariamente. Ora, pela própria superposição
dos triângulos materializados em recortes, explicam-se de forma
convincente os critérios de congruência. O quinto caso é excepcionalmente
bom para convencê-los de que nem tudo é critério de congruência.
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O aluno vê que, com os dados, podem-se construir dois triângulos


diferentes.
Além disso, no caso L.L.L., pode-se propor a construção de
triângulos impossı́veis (por ex., de lados 10 cm, 3 cm e 4 cm, ou, ainda, 10
cm, 6 cm e 4 cm) e já discutir as condições de existência de triângulos (cada
lado tem que ser menor do que a soma dos outros dois). Pode-se propor
a construção, dando dois ângulos (por ex., 60° e 45°, ou, explorando
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a impossibilidade, 60° e 150°), plantando já o germe do conceito de


semelhança.
Enfim, só com o exemplo da congruência percebe-se o que pode ser
feito com o auxı́lio da régua e do compasso.
Pensando num estágio posterior, mas ainda em construção ae
triângulos, sabemos que o triângulo fica determinado por três de seus

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elementos, sendo que para definir o tamanho é necessário pelo menos
um elemento linear. Pensemos, então, apenas nos 3 lados, 3 ângulos, 3
bissetrizes internas, 3 medianas, 3 alturas e os raios das circunferências

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inscrita e circunscrita. Combinando, como dados, 3 desses elementos,
sendo pelo menos um deles linear, abre-se a possibilidade de propor uma
quantidade enorme de exercı́cios. Nesses problemas, o estudante (e, por
que não dizer, também o professor) adquire uma grande intimidade com

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a Geometria.
Assuntos aparentemente estéreis para o aluno, como o ângulo
inscrito ou a potência de um ponto em relação à circunferência, têm
vastas aplicações nas construções geométricas. O ângulo inscrito gera

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o arco capaz (fonte de muitos exercı́cios), a potência de ponto resolve
problemas de tangência e muitos outros exemplos de aplicações podem
ser dados. Todos eles tornando o ensino da Geometria mais palpável e
interessante, colaborando de forma decisiva para uma melhoria de nı́vel e
compreensão.
discutir como construir e, em seguida, construir, são etapas que
se completam, sendo a segunda a própria materialização das idéias da
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primeira.
Uma outra crı́tica que se pode colocar é a de que algumas boas
escolas particulares têm ensinado Geometria Descritiva no 2° grau. Não
sou contra a inclusão dessa cadeira, mas uma crı́tica cabe em dois nı́veis.
1?) A ordem natural do desenvolvimento é: primeiro, o Desenho
Geométrico Plano e, depois, a Descritiva. Ora, pelo que transparece, o
primeiro vem sendo explorado de forma tão tı́mida, que passar para a
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Descritiva equivale a passar da tabuada do ”2”diretamente para a do


”9”.,Isto é, acaba-se não ensinando nem uma coisa e nem outra. (Esse
é o caráter didático.) 2°) Para o estudante que vai utilizar a Geometria
Descritiva, o assunto será desenvolvido, futuramente, na faculdade,
enquanto que o Desenho Plano, nunca mais. (É esse o caráter de
prioridade).
Já que dificilmente o estudo das duas disciplinas cabe na carga
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horária que se tem atualmente, sugiro que se reflita sobre a possibilidade


de dar um desenvolvimento melhor às construções planas, deixando a
Descritiva para o grau superior. É claro que essa colocação é do gênero
”dentre os males, o menor”. O que se precisa, de fato, é de uma mudança
na estrutura de ensino.
Para encerrar, deve-se dizer que uma bibliografia para a formação

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do professor na disciplina discutida é praticamente nula a nı́vel nacional.
Mesmo a nı́vel internacional, as melhores obras (para a formação do
professor) são de edições antigas e esgotadas. Com alguma persistência,

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várias delas podem ser encontradas nos ”sebos”. O leitor vai notar, nessa
pequena bibliografia que segue, uma predominância de tı́tulos franceses.
A explicação é simples. Entre a segunda metade do século passado e os
dias de hoje, os franceses produziram tantas obras ae quilate incomum,

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que e absolutamente natural que se apresentem em maior número.
Bibliografia
Em português
[1] Curso de Desenho Geométrico, Affonso Rocha Giongo. Livraria

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Nobel S.A., São Paulo. (Com reedições na praça. É quase uma apostila,
mas traz elementos interessantes.)
[2] Desenho Geométrico, Benjamim de A. Carvalho. Ao Livro
Técnico S.A., Rio de Janeiro, 1969. (Esgotado.)
[3] Curso de Desenho (9 vol.), Carlos Marmo. Editora Moderna
Ltda., São Paulo. (Esgotado. Os 6 primeiros volumes são de construções
planas.)
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[4] Desenho Geométrico, Domingos J. da Silva Cunha. Editor
Borsoi, Rio de Janeiro, 1958. (Esgotado.)
[5] Elementos de Geometria e Desenho Geométrico (2 vol. e 3 cad.
de ativ.), José Carlos Putnoki. Editora Scipione, São Paulo. (A ser lançado
no 2.° semestre de 1988. Traz um estudo dos elementos de Geometria
precedendo cada capı́tulo de construções.)
[6] Construções Geométricas, Julius Petersen, traduzido por
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Samsão Woiler e Hugo Monteiro de Barros Cari. Livraria Nobel, São


Paulo, 1963. (Esgotado. Trata-se, talvez, do maior clássico sobre o tema.
Julius Petersen influenciou muitos autores de vários paı́ses, inclusive do
Brasil. Há traduções de seu trabalho para várias lı́nguas. A nı́vel de
formação para o professor, é um tı́tulo indispensável.)
[7] Problemas de Desenho Geométrico, Theodoro Braga. Editora
LEP S.A., São Paulo, 1965. (Esgotado. É uma coletânea de exercı́cios
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resolvidos na forma de receituário, isto é, não se justificam as construções.)


Em outras lı́nguas
[8] Géométrie Plane, André Delessert. Editions SPES, Suisse, 1981.
(Em lı́ngua francesa. Uma
das propostas mais criativas para o ensino da Geometria.)

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[9]Cours de Géométrie Élémentaire, B. Niewenglowski et L.
Gérard. Georges Carré et C. Naud, Éditeurs, Paris, 1898. (Esgotado.)
[10]Géométrie, C. Lebossé et C. Hémery. Fernand Nathan, Éditeur,

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Paris, 1965. (Há um curso para Classe de Second C e outro para Classe de
Mathématiques. Obras excepcionalmente boas.)
[11] Problemas gráficos y numéricos de Geometria, D. Manuel
Garcia Ardura. Tipografia Artı́stica, Madrid, 1974.

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[12] Coursde Géométrie Élémentaire, E. Combete. Félix Alcan,
Éditeur, Paris, 1903. (Esgotado.)
[13J Traité de Géométrie, Eugène Rouché et Ch. Comberousse.
Gauthier Vilars, Éditeur, Paris, 1935. (Esgotado. Obra de excepcional

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conteúdo teórico. Essa é a 9? edição, a 1 f data do final do século passado.)
[14] Elementi di Geometria (2 vol.), F. Enriques e U. Analdi.
Zanichelli, Bologna, 1984. (Consegue-se importá-lo pela Livraria Italiana,
em São Paulo. Não custa pouco, mas essa obra é um verdadeiro
clássico da Geometria. Na realidade, essa é uma reedição imperdı́vel. F.
Henriques, além de excepcional geômetra e matemático, teve uma vida
absolutamente atuante na busca de soluções para os problemas do ensino
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da Matemática no seu paı́s. Foi um didata brilhante.)
[15] Éléments de Géométrie — par F. J.
[16] Cours de Géométrie Élémentaire — par F. G. -M.
[17] Exercices de Géométrie — par F. J.
[18] Exercices de Géométrie — par F. G. -M.
(O Éléments e o Cours são basicamente o mesmo texto em edições
diferentes, sendo o segundo, posterior. Ambos são livros de teoria
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e os exercı́cios ali propostos são resolvidos nos Exercices — livro do


mestre. Fazendo uma dupla qualquer de teoria e exercı́cios, consegue-se
provavelmente o que de melhor já se escreveu sobre Geometria Elementar.
Esses livros, editados por Maison Alfred Mame et fils, Imprimeurs-
Éditeurs, são bastante raros, mas ao encontrar um deles deve-se comprá-lo
imediatamente. As edições mais completas são de 1912.)
[19] Méthodes de resolution et de discussion des Problèmes de
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Géométrie, G. Lenaire. Librarie Vuibert, Paris. (A última edição, 15?, é


de 1947, mas o livro foi escrito no final do século passado. Ele disputa
com o de Julius Petersen o tı́tulo de primeiro livro a expor metodicamente
os problemas de construção. Excelente, mas esgotado.)
[20]Tour d’horizon et méthodes varieés en constructions planes,
Louis Long. Librarie Vuibert, Paris, 1947.

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[21] Geometric transformation (3 vol.), I. M. Yaglom, traduzido
do russo para o inglês por Allen Shields. The L.W. Singer Company.
(Consegue-se sua importação através da Livraria Triângulo, em São

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Paulo.)
[22] College Geometry, Court Nathan Altshiller. Barnes & Noble,
Inc., New York, 1952. (Esgotado.)
[23] Cours de Géométrie, par une réunion de professeurs. Librarie

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Générale, Paris, 1952. (Esgotado. Há vários nı́veis de cursos. Os mais
interessantes são o Classes de 2?et de le.t o Classes de Mathématiques.
Cada um deles é acompanhado do livro do mestre, sendo que o
correspondente ao segundo chama-se Problèmes de Géométrie: A história

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é complicada, mas esses livros são as adaptações dos F. J. e F. G. -M. para
os ”novos”programas franceses. Simplesmente soberbos.)
Observação: Há muitas outras obras de excelente qualidade, além
das que constam nessa minibibliografia.
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EL
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