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ESTUDOS

IBERO-AMERICANOS

Apresentação
http://dx.doi.org/10.15448/1980-864X.2018.3.32129

Cores, classificações e categorias sociais: os africanos nos impérios ibéricos,


séculos XVI a XIX
Colors, Classifications and Social Categories: Africans in the Iberian Empires,
16th to the 19th Centuries
Colores, clasificaciones y categorías sociales: los africanos en los imperios ibéricos,
del siglo XVI hasta el XIX
Eugénia Rodrigues1
Mariana P. Candido2
Centro de História da Universidade de Lisboa, Portugal.
1 

University of Notre Dame, Estados Unidos da América.


2 

O presente dossiê reúne investigação de histo- inglês e francês, que defende a invenção do conceito
riadores do Brasil, Canadá, Estados Unidos, México e de raça como um fenômeno do século XIX, os agentes
Portugal, em torno das categorias sociais empregadas dos impérios espanhol e português já utilizavam
para classificar os africanos e seus descendentes nos categorias de classificação baseada na cor da pele
impérios ibéricos. O elemento central das diversas no século XV (PERRONE-MOISÉS, 1989; SWEET,
contribuições é a tentativa de problematizar as 1997; MENDES, 2012, 2013; BETHENCOURT;
classificações e as hierarquias na documentação e nas PEARCE, 2012). O conceito de raça está associado à
sociedades aqui examinadas, sejam elas Luanda, Rio crença de que “os fundamentos da alteridade postulada
de Janeiro, Paraíba, Coimbra, o norte de Moçambique, entre grupos humanos não é – e apenas – social, mas
a fronteira sul do Brasil, a Nova Espanha ou o Reino também – e igualmente – natural” (SCHAUB, 2016,
do Congo. Na problematização, os autores acabam p. 102). Entre outras características culturais e físicas,
por historicizar as diferenciações sociais que, em incluía-se a cor atribuída aos indivíduos. É certo que
distintos espaços e épocas, resultavam em privilégios nos estados ibéricos, a genealogia medieval do conceito
ou exclusões. de raça aponta para a linhagem e o sangue, articulados
Conquista e ocupação significavam impor uma posteriormente com critérios religiosos que, nos
nova forma de classificação nas populações sob estatutos de limpeza de sangue, associavam “raça”,
domínio, aspecto esse que não foi exclusivo dos ou “raças infectas”, a judeus, mouros e infiéis, uma
impérios espanhol e português (ANDERSON, 1983; identificação que se foi afirmando a partir da expulsão
APPADURAI, 1993; SCOTT, 2005; SALESA, 2011). dos judeus e muçulmanos da Península Ibérica. Essa
Ao contrário da historiografia sobre os impérios marca alargou-se aos africanos e aos seus descendentes
britânicos e franceses, principalmente produzida em quando, na disputa por recursos, “mulatos” e “pardos”

dados biográficos dos autores_biographical data of the authors

Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 44, n. 3, p. 401-408, set.-dez. 2018 Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons
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entraram no rol das raças infectas e viram ser-lhes cor da pele ou o formato do nariz. Nessas sociedades,
recusados ou dificultados o acesso a determinados construíram-se formas de identificação e de hie-
privilégios que ordenavam a sociedade estamental do rarquização social baseadas em aspectos físicos como
Antigo Regime. Esse percurso não foi simples nem a cor, que se combinavam com o estatuto jurídico, o
linear, sendo notório em diversa legislação do século patrimônio, a distinção, a religião ou vinculação política.
XVII, apesar de medidas que, mais do que grupos, Tais critérios deram origem a um amplo vocabulário,
exceptuavam indivíduos (VIANA, 2007; FIGUEIROA- que assumiu fórmulas comuns nos distintos territórios
RÊGO, 2009; FIGUEIROA-RÊGO; OLIVAL, 2011; imperiais, mas traduziu, igualmente, especificidades
PAIVA, 2015). A cor “preto”, frequentemente relacio- locais. Com variações temporais e espaciais, as
nada com a qualidade mecânica do trabalho feito classificações eram construções subjectivas, mas
pelos escravos, foi conectada com os africanos e a estigmatizaram grupos sociais que foram alijados de
escravidão. O padre António Vieira, por exemplo, uma série de direitos. O conceito de classificações,
escreveu tratados e sermões sobre brancos e negros, tanto no passado quanto no presente, possui a mesma
suas diferenças físicas e morais, e os vínculos entre ser definição, ou seja, são ficções epistemológicas que
negro e ser escravo. No Sermão XX do Rosário, sobre estão diretamente vinculadas ao contexto histórico e
as irmandades de brancos e negros argumentou: “os social (BOURDIEU, 2000; BOURDIEU; SAYAD,
brancos e senhores não se deixem vencer dos pretos, 2004; BETHENCOURT, 2014). A partir do final do
que seria grande afronta da sua devoção: os pretos e período moderno, as associações entre a cor da pele dos
os escravos procurem de tal maneira imitar os brancos indivíduos e os seus comportamentos foram reforçadas
e os senhores, que de nenhum modo consintam ser como critérios de classificação social e foram perdendo
vencidos deles” (BOSI, 2011, p. 244-245). Ou seja, o sua fluidez e flexibilidade. Em sua concepção, no final
vocabulário e a atribuição de valores associados à cor do período medieval, os sistemas de classificação
da pele já estavam presentes no século XVII. eram teológicos e baseados na pureza de sangue,
Classificações, sejam por afiliações religiosas e com o objetivo de excluir judeus e muçulmanos em
culturais ou cor da pele, atuam como instrumentos um contexto de expansão do cristianismo e expulsão
perniciosos empregados pelo estado para diferenciar dos não católicos da Península Ibérica. Religiosos,
populações e limitar direitos e o acesso a recursos. Toda juristas e burocratas cristãos eram responsáveis por
a classificação implica ordenação e hierarquização. um sistema epistemológico que permitia classificar
Nem todos os historiadores, entretanto, vinculam o uso os demais sem ser classificados. E essa classificação
de marcadores associados à cor da pele à existência do legitimava a conquista, o saque dos bens, a conversão
conceito de raça ou do racismo presente no período forçada e a expulsão dos muçulmanos e judeus. Esse
anterior ao século XIX e priveligiam a ideia de sistema classificatório passou por transformações,
hierarquias de cores. (LARA, 2007; RAMINELLI, porém, criou a base da hierarquização que privilegiava
2012; GUEDES, 2017; PAIVA, 2015). De qualquer os ideais cristãos, ancorado em diferenças ontológicas
modo, é importante destacar que os termos preto, que justificavam a conquista e a colonização. Durante
negro, mulato ou branco eram utilizados antes do os séculos XVIII e XIX, a teologia foi lentamente
século XIX, como os autores dos artigos neste dossiê substituída pela filosofia secular de Immanuel Kant
também demonstram. Na maioria dos casos, essas e pela ciência de Charles Darwin, que elaboraram
classificações são empregadas de forma ambígua, em a noção de que as classificações são inerentemente
que a terminologia tem o objetivo de, como apontado biológicas, inatas e hereditárias (MIGNOLO, 2013,
nas palavras do historiador e cientista político Achelle p. xiv-xv).
Mbembe, “transformar-se em um complexo perverso, Foi, principalmente, no contexto da Iluminismo
gerador de medos e tormentos, de pensamentos e das reformas administrativas então encetadas que
perturbadores e de terror, mas especialmente de os impérios começaram a expandir as suas redes
sofrimento infinito e, em última análise, de catástrofe” de informação sobre os povos conquistados, e,
(MBEMBE, 2017, p. 10). assim, a tentar melhorar a governabilidade. Mapas
Os impérios ibéricos do período moderno na populacionais, relação de moradores, apontamentos
América, África e Ásia, independentemente dos de viagens e inventários de chefes locais foram
modos de dominação aí introduzidos, colocaram em tentativas de enumerar e determinar a população
contato pessoas de origens diversas e implementaram a ser governada, com o objetivo de taxá-la ou de
classificações que priorizavam a textura do cabelo, a mobilizá-la para fins defensivos (CANDIDO, 2011,

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p. 75-99; MATOS, 2013; MATOS; VOS, 2014; Em impérios onde a ideia da naturalidade e da
RODRIGUES, 2013; SILVA, 2017; WAGNER, 2009). pureza de sangue eram centrais para a organização
Enumerações e catalogações nunca funcionaram social e o acesso a cargos, a mistura entre os povos
como simples coleção de informações sobre as também passou por um processo de organização
populações colonizadas. Faziam parte da estratégia que resultou na pintura das castas na Nova Espanha
de enumeração e objetificação que culminaram (MARTÍNEZ, 2008; VELÁZQUEZ, 2006; KATZEW,
com a criação de novas categorias de identificação, 2004), ou na criação de termos como cabra, pardo,
baseadas em simplificações binárias, como povos mameluco, cafuzo para ordenar os mestiços nas colónias
gentios ou vassalos, livres ou escravizados, solteiros ibéricas da América (RAMOS, 2004; VIANA, 2007;
ou casados. Essas categorias moldaram estatutos PAIVA, 2015). A mestiçagem deveria ser legislada
políticos e jurídicos e influenciaram as condições de e encarada como parte do processo de expansão
mobilidade social. A lógica da classificação gerou colonial e a categoria social do mestiço deveria ser
uma riqueza documental nos arquivos coloniais, onde definida. A miscigenação, seja no Brasil, em Portugal,
é possível consultar censos, mapas populacionais, Angola ou no México, forçou os centros de poder a
relatórios de viagem, informes etnográficos, entre repensar as relações jurídicas entre súditos e colonos
outros documentos, que justificavam a colonização e e determinar o status e o lugar social de cada um. No
a subordinação e forneciam munições à administração Brasil e nas colónias espanholas da América, africanos
colonial para impor tributos, resolver disputas, legislar e seus descentes, livres, libertos ou escravizados eram
sobre direitos e representação política, etc. (STOLER, classificados não só pela cor como também pela
2002; APPADURAI, 2003; CRAIS, 2003). Apesar “nação”, criando ainda mais camadas nos processos
do caráter prático e utilitário, as classificações eram, de identificação (REIS, 1993, 1996; SOARES, 2004;
e continuam a ser, uma ilusão burocrática, ou uma VIANA, 2007; TWINAM, 2015).
abstração, que sugere a ideia de compreensão e clareza. Este dossiê da Revista Estudos Ibéricos reúne
No entanto, o controle burocrático do estado colonial estudos que revelam as dicotomias dos processos
sempre foi frágil no período moderno, apesar do uso de classificação e mostram, na sequência de
constante da violência para garantir a ordem desejada outras investigações, que nem sempre os critérios
e o controle social. privilegiados pelos poderes centrais das monarquias
No caso dos africanos e dos seus descendentes, tanto ibéricas prevaleciam nas colônias. As categorias de cor,
na África quanto nas sociedades da América e da Ásia, almejadas nos mapas populacionais ou nos registros
para onde foram transportados como escravizados, as eclesiásticos, eram suscetíveis de apropriação pelos
classificações baseadas no mesmo tipo de normas actores locais, que adaptavam a terminologia imperial
tiveram um forte componente de cor associado à para exprimir as hierarquias sociais locais. Assim,
construção de categorias sociais, conquanto, em alguns os limites entre os termos brancos, pretos e mulatos
contextos, elas fossem suficientemente maleáveis para eram constantemente negociados e repensados, em um
os indivíduos poderem transitar de umas para outras contexto de expansão do comércio de seres humanos
(CASTRO, 1995; MATTOS, 2008; LARA, 1997, escravizados e do uso de mão de obra africana
2007; GUEDES, 2008; TWINAM, 2015). É importante escravizada. Os textos aqui reunidos apresentam
ressaltar que nos impérios ibéricos a cor era uma entre reflexões sobre o lugar dos africanos nos territórios
outras formas de classificação, e, combinadas com dos impérios ibéricos e exploram a construção das
outras categorias como o gênero, o estatuto jurídico, classificações nos vários espaços imperiais. Os autores
ou a ocupação, garantia ou excluía indivíduos de uma examinam como essas identificações se sobrepuseram,
série de direitos e proteções. A crescente analogia entre coexistiram e se transformaram ao longo do tempo,
características físicas e hereditárias moldou um discurso problematizando visões a-históricas das classificações
de classificação e hierarquização e a associação entre que não consideram o lugar da epistemologia no
brancura, pureza, acesso a direitos, a privilégios e à processo de colonização. Os textos aqui reunidos
cidadania, que se reforçou no século XIX (LARA, interrogam a relevância que essas classificações
2007; SILVA, 2009; FIGUEIROA-RÊGO; OLIVAL, tiveram na formação de categorias sociorraciais e em
2011; MENDES, 2012; GUEDES, 2013). Tais formas que medida condicionaram a mobilidade social dos
de diferenciação, que não permaneceram fixas, ecoam indivíduos.
ainda nas sociedades atuais, como acontece nos debates No artigo “Habitantes desta negra Etiópia,
sobre cotas raciais no Brasil. descendentes de Ham”, Carlos Almeida analisa o

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papel da literatura missionária na construção do mito mecânica, que também estava associada à escravidão.
de Ham para justificar e legitimar a escravização dos Apesar da ausência de estatutos que proibissem
africanos centro-ocidentais e a sua comercialização. a admissão de homens de cor na Universidade de
Almeida identifica a crônica de Gomes Eanes de Coimbra, Lucilene Reginaldo registra os percalços
Zurara, escrita no século XV, como o texto fundador que homens pardos e mulatos passavam para concluir
da imagem do africano como o Outro, com uma o curso e obter o diploma. O texto mostra como se
clara associação entre os povos africanos, os mouros foram reforçando no século XVIII as hierarquias
negros a serem temidos, e a maldição hamítica. Nos de cor na universidade, que reduziam a mobilidade
séculos seguintes, missionários capuchinhos fizeram social dos homens de ascendência africana e o acesso
uso da crônica de Zurara para justificar a conquista, o a direitos e privilégios inerentes ao percurso aca-
batismo e o cativeiro dos centro-africanos em textos démico. Reginaldo demonstra claramente a variação
religiosos. O autor mostra como a maldição de Ham temporal dos significados e usos dos termos pretos,
favoreceu a criação de visões estigmatizantes sobre pardos e mulatos no centro da Universidade de
a cor negra e, posteriormente, sobre os africanos, o Coimbra.
que levou a associar a cor branca com à pureza e à No artigo “De castas, calidades y razas. Nociones
civilização. A ideia da descendência de Ham também y significados de las clasicaciones sociales”, Maria
justificou a escravização e o cativeiro como medidas Elisa Vélazquez discute como as classificações sociais
disciplinadoras para salvar almas em um contexto operavam no Vice-Reino da Nova Espanha, entre
onde a expansão colonial caminhava lado a lado os séculos XVI e XIX. Conforme a autora destaca,
com a missão evangelizadora da Igreja Católica. ainda persiste um desconhecimento e silêncio sobre
A associação entre Ham, negritude e cativeiro o papel dos africanos e seus descendentes no México,
resultou em imagens estereotipadas dos africanos e principalmente devido a uma representação da nação,
seus descendentes e na associação entre comporta- com raízes oitocentistas, que celebra a miscigenação
mento e moral, com consequências que chegam aos e silencia os processos de diferenciação. Conforme a
nossos dias. prática na América espanhola em relação aos grupos
As representações dos africanos construídas a sociais estruturados em função da colonização, no
partir desse e de outros mitos operavam na estruturação período vicereinal também emergiram classificações
classificaçções e categorias sociais na Europa e nos para os africanos transportados como escravos para
seus impérios. Lucilene Reginaldo examina a presença o Novo México, sobretudo no período de união das
de estudantes de cor na Universidade de Coimbra, coroas ibéricas, e para os seus descendentes. Em seu
em Portugal, durante o século XVIII, apesar dos artigo, Maria Elisa Vélazquez analisa os conceitos de
silêncios das fontes históricas no registro da presença nação, casta, qualidade e raça ao longo de diversos
desses indivíduos. “‘Não tem informação’: mulatos, contextos históricos e discute a complexidade e fluidez
pardos e pretos na Universidade de Coimbra” traz das classificações construídas para os africanos e
importantes contribuições metodológicas ao evidenciar afrodescendentes. Assim como no Império Português,
as dificuldades que historiadores encontram para um vocabulário rico foi inventado para descrever os
identificar a cor de indivíduos de certa posição social grupos sociais baseados em hierarquia de cores, castas,
no passado. Defendendo o diálogo entre os estudos nações e qualidades, frequentemente combinando
sobre as categorias de cor em Portugal e no seu mais do que uma dessas características atribuídas ou
império, Reginaldo analisa a história de estudantes na fazendo-as equivaler. No entanto, a autora sublinha, na
Universidade de Coimbra, entre eles o reinol António sequência de outros estudos, que os famosos quadros
de Souza Falcão, o baiano Ignácio Pires de Almeida de castas que, principalmente no século XVIII,
e o mineiro André Couto Godinho, para discutir os catalogaram grupos sociais minuciosamente tinham
conceitos de limpeza de sangue e defeito mecânico pouca correspondência com as práticas quotidianas,
nos processos de habilitação académica e seus onde emergia um leque mais reduzido de catalo-
significados para os africanos e seus descendentes. A gações. O empenho por catalogar e hierarquizar
miscigenação, ou o “impedimento da mulatice”, podia indivíduos e grupos não preveniu a mobilidade social,
servir como argumento para negar direitos e o acesso em parte associada à ascensão econômica de africanos
a qualificações académicas e prevenir a mobilidade livres.
social de descendentes de africanos, com o argumento Transitando para o outro lado do Atlântico, “Donas,
sustentado no defeito de qualidade, ou na origem pretas livres e escravas em Luanda” traz como discussão

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as classificações e a hierarquização das cores para identificações para os povos do norte de Moçambique.
o maior porto escravista no litoral africano. Vanessa Certas categorizações podiam assumir um caráter
Oliveira compara as possibilidades de mobilidade pejorativo, como no caso de “mouros”, transposto da
social e os limites que as mulheres enfrentavam em Europa pelos portugueses para designar os africanos
Luanda. Algumas eram mercadoras e proprietárias muçulmanos. Entretanto, vocábulos originalmente
de terras, gado e pessoas escravizadas e desfrutavam empregues de forma pejorativa podiam adquirir um
de posições econômicas e sociais de destaque, apesar significado positivo quando reapropriados pelos locais,
de excluídas das decisões políticas. A maioria da como o caso do termo “suaíli”, usado pelos omanitas
população feminina, no entanto, eram mulheres no século XIX para designar os muçulmanos da África
escravizadas ou livres pobres que ofereciam serviços Oriental, colocando-os na “margem” do Islão, já que
urbanos. A autora examina registros eclesiásticos, estariam “contaminados” por valores africanos. Os
escrituras de compra e venda de propriedades e registros próprios suaílis usavam a palavra “macua”, sinónimo
de escravos para demonstrar como a hierarquia das de “sertão” ou “selva”, em sentido pejorativo
cores operava em Luanda no século XIX. As filhas da para distinguir os habitantes do interior. As fontes
elite eram identificadas como donas na documentação permitem à autora problematizar classificações como
colonial e, geralmente, classificadas como brancas suaílis, macuas, imbamelas, namarrais ou mujojos, e
ou pardas, independentemente da sua genealogia ou acompanhar as mudanças de significado, dependendo
aparência física. Oliveira argumenta que “a posse dos atores sociais que a empregavam. Mattos destaca
de patrimônio embranquecia”. O comércio atlântico o papel da geografia, trocas comerciais, alianças
e as atividades urbanas atraíam mulheres de outras políticas, parentesco, migrações e afiliação religiosa
regiões do interior que se mudavam para Luanda em nos processos de construção de identidades e de
busca de oportunidades. A existência da escravidão e classificação no Norte de Moçambique. Neste caso,
a possibilidade de sequestro e de cativeiro ameaçavam as “cores” não eram tão relevantes na configuração
a circulação dos centro-africanos livres e os residentes de catalogações e hierarquias que se estruturaram
de Luanda se viam obrigados a estabelecer redes de nos impérios como apontam os outros artigos que
proteção para garantir sua liberdade. As mulheres compõem este dossiê.
escravizadas em Luanda eram classificadas como Os últimos três textos do dossiê analisam a
pretas e encarregadas de todas as atividades produtivas. mobilidade social e as hierarquias de cor no Brasil do
Algumas chegaram a atuar como escravas de ganho, o século XIX. No artigo “‘Diz a preta mina...’: marcas
que lhes permitia acumular algum dinheiro para uma e categorias sociais nos processos de divórcio abertos
eventual compra da alforria. Vanessa Oliveira indica por africanas ocidentais, Rio de Janeiro, século XIX”,
como a classificação por cor estava associada ao Juliana Barreto Farias examina as associações entre
estatuto jurídico e ao acesso à posse de bens materiais e cor, estatuto jurídico, condição social e identidade
de seres humanos. Assim, as mulheres centro-africanas étnica no Rio de Janeiro de oitocentos, a partir
eram classificadas como pretas, pardas ou brancas de dos processos de divórcio iniciados por mulheres
acordo com a sua posição social e suas relações com a identificadas como pretas minas forras, africanas
administração colonial. provenientes ou descendentes de originários da
Ainda com considerações sobre o continente Costa da Mina na África Ocidental. Essas mullheres
africano, mas com um olhar voltado para a costa oriental, evidenciavam ser economicamente independentes
Regiane Augusto de Mattos reflete sobre a construção de seus maridos, possuíam bens, inclusive seres
das categorias sociais no norte de Moçambique, durante humanos escravizados, e uma rede vasta de amigos
o século XIX. O artigo “Entre suaílis e macuas: o e familiares que serviam de testemunhas. Autoras,
norte de Moçambique como espaço de interconexões” réus e testemunhas desses processos revelam um
mostra a importância das relações religiosas, culturais, mundo de relações em que emergem classificações
econômicas e sociais entre diferentes espaços, e sociais que, ainda que flexíveis, operavam no dia a
não necessariamente o fenótipo, na catalogação de dia e estruturavam as hierarquias sociais na cidade.
indivíduos e grupos nas margens do império português. Farias analisa neste artigo as formas de identificação
Usando fontes orais, incluindo as que foram registadas e classificação accionadas por essas mulheres,
na escrita de autores coloniais, Mattos explora o discutindo como elas se articulavam com valores de
modo como os grupos locais e os agentes externos, bom comportamento, honestidade e recato. Rele-
tanto os portugueses quanto os omanitas, construíam vantes para a discussão são, igualmente, os registros

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das classificações dos padres, que, permanecendo muito como as classificações de cor, procedência e projeção
tempo nas freguesias, conheciam o vocabulário social. social influenciavam na construção de identificações
Embora o direito canónico não exigisse a indicação de sociais. A novidade nessa contribuição está em explorar
quaisquer “cores”, elas eram anotadas para os africanos a vida dos africanos e seus descendentes na fronteira
e seus descendentes, geralmente acompanhadas da do Império Brasileiro e não necessariamente nos
“nação”, a partir de indumentárias, marcas corporais grandes centros urbanos ou nas áreas de importância
e comportamentos. Já no caso dos europeus, a cor era econômica, que têm atraído um maior número de
frequentemente omitida, constando apenas o bispado estudos. A atenção a eventuais diversidades regionais
de onde eram naturais. permite complexificar a história dos africanos e seus
Em “Ser negro na Parahyba do Norte: cores, descendentes no Brasil. Marcelo Matheus mostra
condições, qualidades e universo letrado no século como classificação da cor de indivíduos, e a marca da
XIX”, Surya Aaronovich Pombo de Barros discute, a escravidão que estava associada à cor “preta” e “parda”,
partir da imprensa e de documentação administrativa, podia desaparecer ou ser alterada ao longo de sua vida,
a polissemia das classificações empregadas para a o que sugere mecanismos de mobilidade social. Esse
população afrodescendente da Paraíba, que incluía foi o caso de Maria Francisca, que de escrava se tornou
definições de cor, qualidade e jurídica, relacionan- proprietária e branca, mesmo numa sociedade em que
do-as com as que circulavam noutras regiões do o estigma da escravidão operava na configuração das
Brasil. No caso da Paraíba de oitocentos, o estigma hierarquias sociais.
da escravidão e a possibilidade de rescravização O dossiê conta, ainda, com uma resenha escrita
actuavam na forma como os mesmos indivíduos eram por Kara Schultz do livro de David Wheat, Atlantic
classificados em diferentes documentos, identificados Africa and the Spanish Caribbean, 1570-1640. O
como escravos, negros, cabras, crioulos e pretos. Surya estudo de David Wheat, publicado em 2016, destaca
Aaronovich Pombo de Barros discute a flutuação nos várias das questões abordadas nesse dossier e
usos dos termos e o seu carácter subjectivo e explora também a presença africana no processo de ocupação
o modo como alguns escravos fugidos usavam e colonização da América Espanhola. Uma entre-
as fronteiras fluidas entre a liberdade e a escravi- vista com a historiadora Silvia Hunold Lara conclui
dão. Essas classificações e estatutos garantiam ou o dossiê. Silvia Hunold Lara, professora na Unicamp,
excluíam direitos, como o acesso à instrução, vedado publicou obras importantes como dos Campos
a pessoas escravizadas. Aproveitando as brechas do da Violência (1988) e Fragmentos Setecentistas.
sistema escravista, alguns escravos tentavam aceder Escravidão, cultura e poder na América portu-
à escolarização. Assim como o texto de Vanessa guesa (2007). Também escreveu dezenas de artigos e
Oliveira sobre Luanda, a autora argumenta que o capítulos de livros que apresentam novas contribuições
acesso à escolarização e a inserção cultural também sobre os processos de classificação e hierarquização
influenciavam o modo como os afrodescendentes eram no Brasil durante o período moderno. Seus estudos
rotulados, seja como preto, pardo, mulato ou africano. constituem uma importante contribuição para a
Em todos os casos, a precariedade da liberdade e historiografia sobre a presença africana no Brasil.
a ameaça de escravização rondavam os afrodes- Nesta entrevista, Sílvia Hunold Lara reflecte sobre
cendentes. os desenvolvimentos da historiografia sobre os
Marcelo Matheus narra a história de Maria africanos no Brasil nas últimas dédadas e alerta para
Francisca do Rosário, outra mulher identificada como a importância da integração da História de África
mina, para refletir sobre o lugar dos africanos e seus nesses estudos. E explica-nos como “o racismo está
descendentes em Bagé, no Rio Grande do Sul. O directamente ligado ao jogo de forças que constitui
artigo “A africana mina Maria Francisca do Rosário: certa sociedade”.
escravidão, cor e ascensão social em um contexto Acreditamos que as contribuições nesse dossiê
fronteiriço (Brasil, segunda metade do século XIX)” apresentam reflexões importantes no campo de
é uma micro-história que permite compreender as debate sobre cores, classificações e categorias sociais.
mudanças políticas e jurídicas na segunda metade do Ao reunir esses oito artigos, resenha e entrevista
século XIX no Brasil. Seguindo a tradição dos estudos priorizamos a reflexão sobre os africanos nos
sobre escravidão no Brasil, que fazem uso dos registros impérios ibéricos, séculos XVI a XIX, e esperamos
eclesiásticos para entender a formação das nações, a que despertem interesse para novas investigações e
miscigenação e a mobilidade social, o autor examina diálogos.

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Recebido: 30 dez. 2017; aprovado: 29 jun. 2018.

Autores/Authors:
iD Eugénia Rodrigues rodrigues6@campus.ul.pt
• Doutora em História pela Universidade Nova de Lisboa, é investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa e ensina na Faculdade de Letras da mesma universidade. Entre as suas publicações
estão, com Mariana P. Candido, ed., African women’s access and rights to property in the Portuguese empire, número especial de African Economic History (n. 43, 2015), e Portugueses e Africanos nos Rios
de Sena: Os prazos da Coroa em Moçambique nos Séculos XVII e XVIII (2013).
◦ PhD in History, New University of Lisbon, is a researcher at the Centre for History of the University of Lisbon and teaches at the School of Arts and Humanities of the same university. Her publications
include, with Mariana P. Candido, ed., African women’s access and rights to property in the Portuguese empire, special issue of African Economic History (n. 43, 2015), and Portugueses e Africanos nos Rios
de Sena: Os prazos da Coroa em Moçambique nos Séculos XVII e XVIII (2013).
◦ Doctora en Historia por la Universidad Nueva de Lisboa, es investigadora en el Centro de Historia de la Universidad de Lisboa y enseña en la Facultad de Letras de la misma universidad. Entre sus
publicaciones se encuentran, con Mariana P. Candido, ed., African women’s access and rights to property in the Portuguese empire, número especial de African Economic History (n. 43, 2015), y Portugueses
e Africanos nos Rios de Sena: Os prazos da Coroa em Moçambique nos Séculos XVII e XVIII (2013).
iD Mariana P. Candido mcandido@nd.edu
• Doutora em História pela York University, é professora na University of Notre Dame. Lecionou também na University of Kansas, Princeton University e University of Wisconsin-La Crosse. É autora de
Fronteiras da Escravidão. Escravatura, comércio e identidade em Benguela, 1780-1850 (Ondijara/ Katyavala Bwila, 2018) e de An African Slaving Port and the Atlantic World: Benguela and its Hinterland
(Cambridge University Press, 2013). Organizou Crossing Memories: Slavery and African Diaspora, com Ana Lucia Araujo e Paul Lovejoy (Africa World Press, 2011); Laços Atlânticos: África e africanos
durante a era do comércio transatlântico de escravos, com Carlos Liberato, Paul Lovejoy e Renée Soulodre-La France (Museu da Escravatura, 2017); African women’s access and rights to property in the
Portuguese empire, número especial de African Economic History (n. 43, 2015), com Eugénia Rodrigues.
◦ PhD in History, York University, teaches at the University of Notre Dame. Candido previously taught at the University of Kansas, Princeton University, and University of Wisconsin-La Crosse. Among her
publications is Fronteiras da Escravidão. Escravatura, comércio e identidade em Benguela, 1780-1850 (Ondijara/ Katyavala Bwila, 2018) and An African Slaving Port and the Atlantic World: Benguela and
its Hinterland (Cambridge University Press, 2013). She co-edited Crossing Memories: Slavery and African Diaspora, with Ana Lucia Araujo and Paul Lovejoy (Africa World Press, 2011); Laços Atlânticos:
África e africanos durante a era do comércio transatlântico de escravos, with Carlos Liberato, Paul Lovejoy and Renée Soulodre-La France (Museu da Escravatura, 2017); and African women’s access and
rights to property in the Portuguese empire, special issue of African Economic History (n. 43, 2015), with Eugénia Rodrigues.
◦ Doctora en Historia por la York University, es profesora en la University of Notre Dame. Previamente, enseñó en la University of Kansas, Princeton University y University of Wisconsin-La Crosse. Es
autora de Fronteiras da Escravidão. Escravatura, comércio e identidade em Benguela, 1780-1850 (Ondijara/ Katyavala Bwila, 2018) y de An African Slaving Port and the Atlantic World: Benguela and its
Hinterland (Cambridge University Press, 2013). Organizó Crossing Memories: Slavery and African Diaspora, con Ana Lucia Araujo y Paul Lovejoy (Africa World Press, 2011); Laços Atlânticos: África e
africanos durante a era do comércio transatlântico de escravos, con Carlos Liberato, Paul Lovejoy y Renée Soulodre-La France (Museu da Escravatura, 2017); African women’s access and rights to property
in the Portuguese empire, número especial de African Economic History (n. 43, 2015), con Eugénia Rodrigues.

Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 44, n. 3, p. 401-408, set.-dez. 2018

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