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2 REVISÃO DA LITERATURA
A densidade, diâmetro e esfericidade são três características físicas das partículas co-
mumente usadas nas correlações da literatura para o projeto ou modelamento dos fenô-
menos e aplicações nas quais estão envolvidas. Wadell (1932) mostrou que a classificação
de tamanho das partículas do mesmo "tamanho" baseada na média arimética e geomé-
trica de suas dimensões podia apresentar diferentes comportamentos. Por exemplo, duas
partículas, uma tendo diâmetros nos seus dimensões longitudinais com diferentes valores
e a outra sendo uma esfera (diâmetros sob seus eixos do mesmo comprimento), podiam
ter o mesmo valor de "tamanho". Um desafio ficou aberto, e a partir daí diferentes au-
tores, através de propostas teóricas ou empíricas, ou uma combinação de ambas, têm
abordado de distintas maneiras o efeito destas considerações no comportamento das par-
tículas irregulares. A questão se torna mais complexa se a partícula é porosa e apresenta
variabilidade no valor da sua densidade no conjunto de partículas, por exemplo, algumas
partículas correspondem a raízes da planta, outras a folhas ou colmos. Então, no com-
portamento da fluidodinâmica de partículas irregulares e porosas, como nas biomassas,
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uma considerável incerteza é alcançada devido às técnicas usadas para classificar as par-
tículas irregulares e determinar as suas dimensões representativas. Essas características
influenciam na predição de parâmetros, como a velocidade, força e coeficiente de arrasto,
os quais requerem o desenho de sistemas que usam a tecnologia da fluidização, tais como
a combustão, gaseificação e pirólise de biomassa.
Usando três materiais finos de baixa densidade, separando-os através do peneiramento
e classificando-os segundo a diferença de densidade entre a partícula e o fluido, e o tamanho
médio da partícula, Geldart (1973) apresentou que o comportamento fluidodinâmico das
partículas sob um fluxo de gás podem ser reconhecidamente diferenciados em 4 grupos
de partículas (A, B, C e D), Figura 1. O grupo A ou tipo “ aerável” corresponde a
sólidos com pequeno diâmetro e densidade inferior a cerca de 1400 kg/m3 . No tipo B ou
“semelhante a areia” essas partículas são mais grosseiras que as anteriores, variando de 40
a 1000 µm e densidades de 1400 a 4000 kg/m3 . Tipo C ou “coesivo” são pós muito finos,
com um diâmetro médio geralmente inferior a 50 µm. Tipo D consistem em partículas
mais grossas dentro de uma ampla faixa de densidade. O autor usou ar para fluidizar os
pós, determinou a velocidade mínima de fluidização usando a curva da queda de pressão
em função do aumento da velocidade do gás e analisou o comportamento das misturas até
a aparição de bolhas de aproximadamente 5 mm de diâmetro. A classificação de Geldart
é clássica na engenharia de fluidização, mas deve ser utilizada apenas com partículas de
formatos e dimensões regulares.
Figura 2 – Fibras e medulas das partículas de bagaço. Fonte: Adaptado de Lenço (2010).
Avaliando a separação de fibra dos grãos secos (DDG) e graõs secos com solúveis
(DDGS) no processo de moagem a seco do milho a etanol, Srinivasan et al. (2008) encon-
traram que o processo de classificação das partículas de fibra por meio da combinação do
peneiramento e a elutriação produz subprodutos que agregam valor ao processo. Inicial-
mente os autores usaram peneiras para separar o material em 4 faixas: 16 M (> 1130 µm),
25T (869-1130 µm) 34T (582-869 µm) e 48T (389-582 µm). Após separaram cada faixa
do material peneirado através de 5 velocidades num processo de elutriação-sedimentação.
Os autores analisaram as amostras usando o teor de fibra em detergente neutro (NDF). O
NDF é uma medição do conteúdo da celulose, hemicelulose e lignina como componentes
principais (Soest et al., 1991). A Figura 5 apresenta a relação de NDF em função da
velocidade de separação para cada amostra separada previamente pelo peneiramento.
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Nikku et al. (2014) encontraram que a forma e tamanho das partículas têm uma grande
influência no arrasto delas nos leitos fluidizados através da força de arrasto do fluido. Os
autores encontraram que para partículas irregulares não esféricas o peneiramento não é
um método válido para obter a distribuição de tamanhos, devido ao fato de partículas
com formato irregular podem encontrar orientações que lhes permitem passar através
dos tamanhos de peneiras menores que o tamanho de projeção aparente das partículas
(Figura 8). Nikku et al. (2014) usaram amostras secas de contas de vidro (sílica), areia
de quartzo, turfa e resíduos florestais do sudeste da Finlândia; colocaram as amostras
do material particulado na placa distribuidora do leito e fluidizaram as partículas até
arrastá-las. A densidade das amostras de biomassa foram medidas usando pó fino, água
para o quartzo e para a sílica foi usada a densidade do fornecedor. Eles concluíram que
para as biomassas o tamanho, em suas três dimensões, e sua forma são uma combinação
que determina a elutriação.
Tentando fornecer uma descrição geométrica das partículas de biomassa que podem
ser usadas em modelos de combustão, Trubetskaya et al. (2017) compararam o tamanho
e forma das partículas de madeira e biomassa herbácea caracterizadas pelo uso da análise
de imagens dinâmicas 2D e da microscopia. Os resultados das imagens dinâmicas em 2D
foram comparados com dados de tamanho de partícula obtidos usando a análise da re-
fletância de feixe focado, difração de laser e o peneiramento. Seus resultados mostraram
razões de aspecto (relação entre a largura e o comprimento da partícula) significativa-
mente menores das partículas de biomassa em comparação com o carvão, indicando que
a representação esférica de uma partícula de biomassa (maiores proporções de área vo-
lume/superfície) superestima o tempo de devolatilização. Eles recomendam representar
partículas de biomassa em modelos de combustão como cilindros infinitos, onde a largura
da partícula é representada pelos diâmetros xM amin ou xcmin e o Feret máximo (xF emax ),
como mostrado na Figura 10.
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Figura 10 – Diâmetros Martin mínimo (xM amin ), menor comprimento máximo (xcmin ) e
Feret máximo (xF emax ) para uma projeção de partículas. Fonte: Adaptado
de Trubetskaya et al. (2017).
dvs = dsph
dn e dv são, respectivamente, o diâmetro da esfera com
área projetada equivalente à da partícula e o diâmetro
da esfera com volume equivalente da partícula.
q
Sosa-Arnao e Dmp = a2p + b2p /2
Nebra (2009)
Na qual, Dmp é o diâmetro médio da partícula, ap e bp
são parâmetros geométricos da partícula (Figura 11).
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2.1.2 Esfericidade
Outro método para cálculo da esfericidade foi proposto por Peçanha e Massarani (1986)
(Equação 2.3), para esfericidade de projeção. Foi desenvolvida com base na análise de
cinco materiais: três tipos de areia, carvão mineral e minério de ferro itabirítico.
dCI
φ= (2.3)
dCC
1
FD = CD Ap ρf Ws2 , (2.4)
2
Considerando o balanço das forças e o princípio de Arquimedes, o coeficiente de arrasto,
CD , se pode expressar por meio da Equação 2.5.
2(ρp − ρf )gVp
CD = , (2.5)
ρf Ws2 Ap
Assim, para partículas em geral o coeficiente de arrasto pode ser calculado em função
da diferença das densidades do fluído e da partícula, ρf e ρp , da Ap e do seu volume, Vp ,
em um escoamento vertical sob a força da gravidade, g. O balanço de forças das partículas
no escoamento determinará se as partículas sedimentarão ou serão elutriadas.
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Clift et al. (1978), Yang (2003) e Chhabra (2007) apresentam algumas correlações
de CD para partículas esféricas, disponibilizadas em tabelas em função das faixas dos
números de Reynolds. Para cada faixa de Reynolds existem diversas correlações propostas,
começando pelas definidas por Stokes em 1851 até as mais recentes. Clift e Gauvin (1971)
propuseram a correlação apresentada na Equação 2.6 para Rep < 3 × 105 .
24 0, 42
1 + 0, 15 Rep 0,687 +
CD = (2.6)
Rep 1 + (4, 25 × 104 )Re−1,16
Haider e Levenspiel (1989), a partir da revisão das correlações existentes até aquele
momento para calcular o coeficiente de arrasto das partículas esféricas caindo a suas
velocidades terminais, sugeriram uma correlação baseada na relação dos dados estudados
para o coeficiente de arrasto em função da esfericidade, φ, Equação 2.7.
CD 24 0, 4305K2
1 + 0, 1118(Rep K1 K2 )0,6567 +
= (2.8)
K2 Rep K1 K2 1 + Re3305
p K1 K2
−1
1 dn 2 dvs
K1 = + φ1/2 − 2, 25 (2.9)
3 dvs 3 D
0,5743
K2 = 101,8148(logφ) (2.10)
30 67, 289
CD = + 5,03φ (2.11)
NRep e
dUs ρf
NRep = (2.12)
10µe
Na qual, o número de Reynolds, NRep , é calculado com a Equação 2.12, d é o diâmetro
nominal ou equivalente, Us é a velocidade de sedimentação da partícula e µe é a viscosidade
efetiva do fluido.
Com o objetivo de apresentar uma introdução aos secadores de bagaço de cana-de-
açúcar conectados a um sistema de recuperação de energia das caldeiras operando com
gases de escape, Sosa-Arnao e Nebra (2009) propuseram um projeto de baixo custo otimi-
zado para configurações de recuperação de energia a serem aplicadas em caldeiras, tendo
como fluido de aquecimento o próprio gás de exaustão da caldeira. Assim, obtiveram
a Equação 2.13 para 0, 5 < Dmp < 4 para determinar do coeficiente de arrasto para
partículas de bagaço de cana-de-açúcar,
O fator de correção, Kt para Re < 0, 2 e para Re > 1000, é obtido pelas Equações
2.15 e 2.16, respectivamente,
φ
Kt = 0, 843 log10 (2.15)
0, 065
0,5
4(ρp − ρf )gdv
Kt = (2.16)
3ρf (5, 31 − 4, 88φ)
na qual, dv é o diâmetro médio volumétrico da partícula. Para números de Reynolds
(Re) entre 0,2 e 1000, Kt pode ser obtido pela interpolação linear dos valores de Kt
calculados para os extremos das duas faixas apresentadas no paragrafo anterior.
De acordo com Anderson (1988), dos resultados obtidos nos experimentos de arrasto
de partículas de bagaço usando um túnel de vento, Grobart correlacionou seus dados
experimentais, Figura 3, e apresentou uma equação para calcular a velocidade de arraste
do bagaço (Equação 2.17).
2.3 Elutriação
Nos leitos fluidizados que usam a biomassa como biocombustível é inevitável que sejam
aplicadas velocidades de ar maiores à velocidade terminal das partículas mais leves, devido
à faixa de tamanhos das partículas, e enquanto as partículas mais grossas vão e voltam ao
leito, as partículas leves são arrastadas (Geldart; Wong, 1987). Estão associados diversos
inconvenientes técnicos, econômicos e ambientais a esta perda de material, tais como
poluição, reações no ciclone e nas linhas de retorno, conexão de filtros e alteração das
características na fluidização do leito (Colakyan; Levenspiel, 1984). Mas por outro lado,
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o arrasto de partículas pode ser aproveitado não só para criar técnicas de separação e
transporte de sólidos, classificadores por leitos fluidizados, incineração de lama de esgoto,
onde a cinza fina é removida como cinza volante arrastada do combustor; e, portanto para
aproveitamento econômico dos processos industriais (Yang, 2003).
Com o incremento da velocidade do gás num leito fluidizado borbulhante, apresenta-se
um arrasto das partículas acima do leito, também chamada fase diluída (Yang, 2003). De
acordo com a Figura 14, uma região que é chamada zona diluída, as partículas finas e
grossas são lançadas acima do leito, mas só as partículas finas são arrastadas fora desta
região (Kunii; Levenspiel, 1991).
2.4 Biomassa
e otimizem os diferentes processos nos quais pode ser usado (Zandersons et al., 1999;
Badger et al., 2002; Hofsetz; Silva, 2012; Loh et al., 2013)
Durante muitos anos se queimou a palha da cana-de-açúcar (folhas verdes e secas,
e pontas, Figura 15) na pre-colheita para facilitar as operações de corte, carregamento
e transporte da cana-de-açúcar (Hassuani et al., 2005). No Brasil, devido ao impacto
ambiental, a preocupação pela conservação dos solos e a pressão social, fizeram-se leis
federais criando cronogramas para a eliminação gradual da queima de cana. Por exemplo,
eliminar totalmente a queima de palha até 2018 nas áreas onde a colheita mecânica é
possível com a tecnologia atual (declives inferiores a 12%) e data não definida para acabar
com a queima de cana em outras áreas (Hassuani et al., 2005; Silva et al., 2010; Leal et
al., 2013). Com o uso da colheita mecânica da cana-de-açúcar, uma grande quantidade
de palha é deixada sobre a superfície do solo, variando de 10 a 20 ×106 t de matéria seca
por hectare (Peres et al., 2010; Leal et al., 2013). A palha da cana-de-açúcar representa
aproximadamente um terço da energia primária total da cana-de-açúcar acima do solo
(Leal et al., 2013).
Folhas verdes
Topo
Colmo
2.4.2 Bambu
Bambu é o nome comum para o grupo taxonômico de gramíneas lenhosas de 1250 es-
pecies dentro de 75 gêneros, a maioria das quais são de relativamente rápido crescimento
(Scurlock et al., 2000). A Figura 16 apresenta as partes do bambu: gema, rizoma, broto,
folha do colmo, raiz, colmo, nó, internódio, rama e folha. Ao contrário de outras plantas,
uma vez que o bambu brota do chão, e tem o diâmetro máximo que vai ter na sua vida,
não aumenta sua espessura, não tem crescimento do diâmetro com o tempo, e este diminui
proporcionalmente com sua altura (Mercedes, 2006; Beraldo; Pereira, 2008a). O colmo
de qualquer espécie de bambu alcança sua altura máxima poucos meses depois de seu
surgimento do broto, alongando-se continuamente de 20 cm a 1 m diariamente, depen-
dendo da espécie (Beraldo; Pereira, 2008a). Os bambus têm características biológicas que
os tornam plantas extraordinárias: floração e crescimento rápido, adaptação a diferentes
condições ambientais e o grau de proteção conferida ao solo (Mercedes, 2006).
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O bambu é uma biomassa com uma ampla gama de aplicações nas áreas de arquitetura,
engenharia civil, medicina, indústria química; existem diversos trabalhos que apresentam
as propriedades físico-químicas, fluidodinâmicas, alternativas e possibilidades como re-
curso energético do bambu, além de ser usado como material de construção (Londoño,
Ximena, 1998; Scurlock et al., 2000; Teixeira, 2006; Beraldo; Pereira, 2008a; Ramirez-
Quintero; Pécora, 2015).
Rama
Internódio
Nó Folha do
Folha colmo
Colmo
Broto
Raiz
Rizoma
Gema
Tabela 3 – Relação entre produção de raízes e resíduos (b.u.) (Veiga et al., 2016).
Raiz Parte aérea
Autor Cultivar Resíduo/Raiz
(Mg Ha−1 ) (Mg Ha−1 )
1
Toledo (1961) - 16,7 16,3 1,0
2
Serra et al. (1978) - 25,0 16,5 0,6
Metro III 54,1 66,9 1,2
Paxiúba II 62,5 57,8 0,9
3
Moura e costa (2001) Pretinha 59,1 52,2 0,9
Pirarucu 52,5 48,7 0,9
Paxiubão 38,9 34,1 0,9
Espeto 35,2 13,4 0,4
Fécula Branca 42,8 20,7 0,5
4
Lorenzi et al. (2002) IAC 13 23,7 22,7 0,9
IAC 14 27,4 33,7 1,2
IAC 15 24,5 18,9 0,6
5 (Cepa) 0,5
Pattiya (2011) - - 0,6
(Ramos) 0,01
1
Média de 5 variedades na cidade de Piracicaba – SP com colheita aos 12 meses.
2
Média de produtividades no estado de São Paulo com colheita aos 22 meses.
3
Experimento realizado em Rio Branco – AC com colheita aos 18 meses.
4
Experimentos realizados em Dourados e Glória dos Dourados – MS com colheita aos 12 meses.
5
Média nacional da Tailândia.