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Trabalho desenvolvido por: Amanda Clarice Silva e Ana Carolina Zanelatto.

ACORDÃO

Primeiramente, cabe ressaltar, que o presente trabalho irá analisar a


Apelação Crime do Acordão nº 70083801027 da comarca de Três Passos,
conforme ementa:

Ementa: TRÁFICO DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO


PARA A CONDUTA DE QUE TRATA O ART. 28 DA LEI
ANTIDROGAS. INVIABILIDADE. SUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. DECLARAÇÕES POLICIAIS. PROPÓSITO DE
COMÉRCIO CONFIGURADO. A infração de que trata a regra
contida no art. 33, caput, da Lei Antidrogas, não é
caracterizada pela venda, tão-somente, resultando
incriminadas diversas outras condutas, como a de
simplesmente levar consigo a substância entorpecente, desde
que com tal propósito, desimportando tenha sido o agente – ou
não, flagrado realizando o comércio, bastando que os
elementos probatórios coligidos evidenciem tal intento, como
ocorre na hipótese vertente, onde o apelante, dispondo de
significativa quantidade de drogas diversas (maconha e crack),
e de expressiva importância em dinheiro, foi abordado por
agentes policiais, resultando induvidoso o propósito de
mercancia. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO E
MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO. O simples fato de portar
arma de fogo e munições configura a conduta prevista no
artigo 12 da Lei 10.826/2003, por se tratar de delito de mera
conduta e de perigo abstrato, cujo objeto imediato é a
segurança coletiva. CORRUPÇÃO ATIVA. Evidenciado, pelos
elementos probatórios coligidos, o fato de o recorrente ter
efetivamente oferecido os bens apreendidos aos policiais
militares, para que esses omitissem ato de ofício (prisão em
flagrante), impositiva solução condenatória. APENAMENTO. O
agravamento da pena pela reincidência não fere o
ordenamento constitucional, como já declarou o Supremo
Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 453.000/RS, em
que reconhecida a repercussão geral da questão.
CONDENAÇÃO MANTIDA. APELO DESPROVIDO. (Apelação
Criminal, Nº 70083801027, Primeira Câmara Criminal, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Honório Gonçalves da Silva Neto,
Julgado em 14/05/2020.

No acordão em questão, o acusado recorre à sentença que o


condenou a pena de oito anos e oito meses de reclusão e um ano e seis meses
de detenção, iniciando em regime fechado e ao pagamento de quinhentos e
setenta e cinco dias de multa, a razão de um trigésimo de um salário mínimo
vigente à época do fato, a unidade.
Pelos crimes de tráfico de drogas, corrupção ativa, alteração de dados
de veículo automotor, posse irregular de arma de fogo e munições, ainda
requer o afastamento do gravame da reincidência.

1. Dos Fatos

O condenado, após algumas denúncias, foi abordado pelos policiais na


Rua Anita Garibaldi esquina com a Rua Catulo da Paixão Cearense em Três
Passos, transportando consigo na mochila, maconha, crack, uma faca e uma
considerada quantia em dinheiro.
Dadas as circunstâncias, os policiais chegaram à conclusão de que se
tratava de tráfico de drogas e não de mero consumo próprio.
Ainda, na abordagem, o acusado tentou corromper os policiais
oferecendo dinheiro em troca de sua soltura, para que não perdesse o que
mantinha em residência.
Contudo, os agentes insatisfeitos, deslocaram-se a residência do réu,
que estava com a porta entreaberta, assim, conseguiram avistar sobre a mesa
uma arma de fogo em situação irregular.
Após, entraram no imóvel, e apreenderam um tijolo de maconha que
pesava aproximadamente 163,13g, um revólver calibre 38, marca Rossi,
municiada com 5 cartuchos intactos, 12 cartuchos de calibre 38 e a
motocicleta, a qual estava com placa adulterada.
Desta forma, foi preso em flagrante, sendo o acusado reincidente,
conforme os seus antecedentes criminais.

2. Dos Pedidos

O réu, inconformado com a decisão, pleiteou em modo preliminar a


nulidade das provas produzidas, pois entende serem ilícitas, uma vez que os
policiais entraram em sua residência sem mandato.
No pedido de mérito, requer a absolvição absolutória, ao argumento da
insuficiência probatória, requerendo a aplicação do princípio da inocência (in
dubio pro reo).
Em síntese, não restaram provas nos autos que a arma e os
entorpecentes eram do acusado, já que não comprovaram que o acusado
residia naquele endereço.
Ainda, requer a absolvição no crime de corrupção passiva, com a
alegação de não restarem provas e evidências do dolo na conduta do
condenado.
Subsidiariamente, pleiteia a desclassificação do crime de tráfico de
drogas, previsto no art. 28 da Lei nº 11,343/2006.
Por fim, requer o afastamento do agravante da reincidência pois julga
ser inconstitucional ao caso em tela.

3. Votos

Em virtude dos fatos narrados, e da prova oral produzida, o Recurso de


Apelação fora julgado improcedente, mantendo a pena de condenação ao Réu
da seguinte forma:
Os desembargadores, entenderam por constitucional a violação do
domicílio, pois o indivíduo estava em flagrante delito, rejeitando assim o pedido
preliminar.
De igual forma, manteve-se a condenação por tráfico de drogas, já que
se tratava de quantidade acima do previsto de consumo próprio e a associação
ao dinheiro e a arma de fogo encontrada junto na abordagem.
Por sorte, restou-se imperiosa a condenação pelo uso irregular de
arma de fogo, por se tratar de crime de mera conduta conforme art. 12 da Lei
10.826/03.
Quanto à corrupção ativa, por ser concedida credibilidade aos
depoimentos dos policiais, que foram unânimes e coerentes, ainda, por ser a
corrupção ativa um crime formal, o indivíduo também foi condenado.
Ainda, no que diz respeito à alteração dos dados de veículo automotor,
o cidadão foi absolvido, pois foi reconhecido que o mesmo não concorreu para
este delito.
Contudo, em relação ao pleito do afastamento do gravame da
reincidência, fora entendida anteriormente pelo STF em repercussão geral a
constitucionalidade da reincidência para o caso, negando, assim, provimento à
apelação.

4. Da Análise

Ao analisar o acordão foi possível identificar alguns princípios tratados


em aula que podem ser destacados:
- De modo obscuro, vimos que o princípio da legalidade penal se faz
presente, onde todos os crimes dos quais o indivíduo foi condenado, estão
previamente definidos em leis;
- Princípio da taxatividade – Onde, fica claro no decorrer do processo,
todos os tipos penais usados para classificar os delitos cometidos pelo
indivíduo;
- Princípio da irretroatividade da lei penal – todas as leis aplicadas aos
fatos concretos, estavam em vigor ao serem analisados e julgados;
- Princípio da intervenção mínima – em determinada acusação o
indivíduo não foi condenado por não haver provas que o incriminassem
diretamente. Nesta situação pode-se identificar a limitação ao poder
incriminador do Estado;
- Princípio da subsidiariedade – todos os fatos apresentados, não se
encaixavam a qualquer outro meio que pudessem resolvê-los, cabendo assim,
ao Estado a solução;
- Princípio da humanidade – todas as sanções aplicadas aos crimes,
não atingem a dignidade humana, estando de acordo com os direitos
fundamentais dispostos na CF/88;
- Princípio da insignificância ou da bagatela – aplicado somente ao
crime pelo qual o acusado foi absolvido. Todos os outros apresentavam
considerado grau de periculosidade para com a sociedade. Em geral, as ações
não positivas, formam um comportamento considerado inadequado e
reprovável;
- Princípio da individualização da pena – as penas aplicadas aos
crimes pelo qual o indivíduo foi condenado, foram fundamentadas nas sanções
previstas em lei e dosadas levando em consideração os fatos concretos;
- Princípio do In Dubio Pro Reo - expressa o princípio jurídico da
presunção da inocência, que diz que em casos de dúvida, se favorecerá o réu;
- Princípio da proporcionalidade - todas as ações foram ponderadas e
analisadas, a fim de determinar a gravidade individual de cada uma, para que
recebessem a devida pena de maneira equilibrada;
- Princípio do non bis in idem – o acusado tem garantido o direito de
responder somente pelos crimes cometidos no caso concreto, não podendo ser
levado em consideração qualquer ato anterior, pelo qual já tenha sido
condenado, para dosimetria total da pena. O que pode ocorrer é que na
segunda fase da dosimetria, o magistrado aplique a agravante de reincidência.
Destaca Beccaria em seu livro Dos Delitos e Das Penas:

Se os cálculos exatos pudessem aplicar-se a todos


as combinações obscuras que fazem os homens agirem, seria
mister procurar e fixar uma progressão de penas
correspondente à progressão dos crimes. O quadro dessas
duas progressões seria a medida da liberdade ou da
escravidão da humanidade ou da maldade de cada ação.
Bastará, contudo, que o legislador sábio estabeleça
divisões principais na distribuição das penas proporcionadas
aos delitos e que, sobretudo, não aplique os menores castigos
aos maiores crimes.

Como observa o autor, cabe ao legislador, definir e qualificar os crimes de


acordo com o dano que causam à sociedade. Sendo assim, será feita a devida
análise com a finalidade de aplicação da pena cabível. De modo que, não
aplicadas as menores penas aos piores crimes, nem as maiores penas aos
crimes de menores danos.
A intervenção do Estado através do direito penal, se faz necessária a
último plano, quando todas as outras não são suficientes. Quando em ação,
deve ser garantido a inviolabilidade da dignidade humana. Sabe-se que depois
da vida, um dos bens mais sagrados de qualquer indivíduo é a liberdade, a
mesma que lhe é tirada, como pena aos delitos mais graves. O tempo de
privação da liberdade, é determinado proporcionalmente e conforme o crime
cometido.
Diz, Michel Foucault, no livro Vigiar e Punir, Nascimento da Prisão:

A prisão: Um quartel um pouco estrito, uma escola sem


indulgência, uma oficina sombria, mas, levando ao fundo, nada de
qualitativamente diferente. Esse duplo fundamento – jurídico-
econômico por um lado, técnico-disciplinar por outro – fez a prisão
aparecer como a forma mais imediata e mais civilizada de todas as
penas. [...] foi desde o início uma “detenção legal” encarregada de um
suplemento corretivo, ou ainda uma empresa de modificação dos
indivíduos que a privação de liberdade permite fazer funcionar no
sistema legal.

Sendo assim, com base nos delitos e nos fatos apresentados no caso,
concluímos convenientes e cabíveis as formas de julgamento estabelecidas.
Todos os delitos foram analisados em separado, para que um não
viesse a interferir na apreciação um do outro, de modo a garantir um
julgamento legítimo à cada ação.
A pena de reclusão e detenção foram aplicadas proporcionalmente
conforme sua classe e categoria objetivando uma condenação justa, onde para
os maiores crimes são destinadas leis mais severas e aos menores, leis
brandas.

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