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PAN-AFRICANISMO: o conceito que mudou a história do negro no mundo contemporâneo

A ideologia Pan-africanista surgiu de um sentimento de solidariedade e consciência de uma origem comum entre os negros do Caribe e
dos Estados Unidos. Ambos estavam envolvidos numa luta semelhante contra a violenta segregação racial. Essa solidariedade que
marcou a segunda metade do séc. 19 propôs a união de todos os povos da África como forma de potencializar a voz do continente no
contexto internacional. O termo Pan-africanismo foi cunhado pela primeira vez por Sylvester Willians, advogado negro de Trinidad, por
ocasião de uma conferência de intelectuais negros realizada em Londres, em 1900. Willians levantava sua voz contra a expropriação
das terras dos negros sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua própria personalidade. Essa reivindicação
propiciou o surgimento de uma consciência africana que começou a se expressar a partir do I Congresso Pan-africano, organizado em
Paris, em 1919, sob a liderança de Du Bois. Naquela época, Du Bois profetizou que o racismo seria um problema central no século 20 e
reivindicou um Código Internacional que garantisse, na África tropical, o direito dos nativos, bem como um plano gradual que
conduzisse à emancipação final das colônias.

Repercussão – Após o primeiro, foram realizados outros quatro congressos pan-africanos. No último, foi tratado de aclamar a
necessidade da formação de movimentos nacionalistas de massas para obterem a independência da África o mais rápido possível. No
Brasil, o Congresso de Cultura Negra realizado a partir da década de 1970 foi o principal reflexo do movimento.
O ativista Abdias Nascimento foi o difusor da importância do Pan-africanismo no país. Considerado um dos maiores defensores da
cultura e igualdade para as populações afrodescendentes, ele conseguiu resultados positivos a partir de suas iniciativas na defesa e na
inclusão dos direitos dos negros. A partir das lutas marcadas pelo pan-africanismo, na contemporaneidade o Governo Brasileiro
trabalha alternativas políticas e ações afirmativas que garantam a melhoria da qualidade de vida da população afrodescendente. O
principal objetivo é o alcance da democracia. O maior desafio continua a ser o racismo. Porém, com um olhar mais sensível, o Estado
passa superar os obstáculos do desenvolvimento democrático.

O Pan-africanismo como movimento político e intelectual organizado tem como marco fundamental a Primeira Conferência Pan-
africana de 1900, realizada em Londres, na Inglaterra. O local escolhido para a conferência é indicativo do tipo de movimento que
estava sendo desenvolvido: grande parte da articulação pan-africanista surge fora da África, realizada principalmente por descendentes
africanos nos Estados Unidos e no Caribe. No século XIX, intelectuais e lideranças afrodescendentes no continente americano
passaram a advogar pela igualdade de condições entre negros e brancos, buscando reverter a submissão a que tinham sido
subjugados. Apesar do objetivo comum, o próprio movimento tinha divergências entre si. W.E.B. Dubois, um dos principais nomes do
pan-africanismo norte-americano, preconizava a igualdade entre negros e brancos como objetivo primordial; já Marcus Garvey,
importante liderança jamaicana, chegava a defender o retorno dos descendentes ao continente africano. Por ser encabeçado por
lideranças de fora do continente, nesse primeiro momento do pan-africanismo, a autodeterminação do povos africanos não era o foco
principal, mas sim a promoção da igualdade e da integração entre as raças. Dentre as reivindicações acordadas nessa primeira
conferência estavam a necessidade de assegurar os direitos civis e políticos dos africanos em todo o mundo, melhorar as condições
dos africanos onde quer que estivessem e incrementar a cooperação entre os três Estados negros (Haiti, Abissínia e Libéria).
Essa perspectiva mais igualitária, contudo, passa a evoluir com o tempo. Mesmo com as diferenças internas do movimento pan-
africano, logo foi compreendido que a opressão vivida pelos afrodescendentes fora da África também era reproduzida no próprio
continente africano, ainda submetido ao domínio colonial. Isso foi particularmente sentido após a 1 a Guerra Mundial, que levou à morte
de milhares de africanos envolvidos nas disputas imperialistas europeias. Dubois foi um dos primeiros a fazer essa conexão
transatlântica do pan-africanismo fora da África com a situação colonial dentro do continente, passando a defender um discurso mais
unitarista, de unidade continental e crítico ao imperialismo e à submissão da negritude. Com o fim do conflito, a demanda pela
independência do continente africano é intensificada, o que gerou atritos com a Liga das Nações pela sua defesa do sistema de tutela e
pela alegação que essas regiões não tinham condições de sustentar suas independências. A fraqueza da Liga das Nações em
promover as condições para a independência africana e a eclosão do novo conflito mundial impulsionaram mais mudanças nas
demandas pan-africanas, que passam a ter contornos mais nacionalistas.
Uma primeira mudança já é observada na Quinta Conferência Pan-africana, de 1945, realizada em Manchester, Inglaterra. A
conferência contou com a presença de importantes nomes do pan-africanismo que eventualmente se tornariam lideranças nos
processos de independência locais, como Jomo Kenyatta (Quênia) e Kwame Kkrumah (Gana), e passou a ter contornos cada vez mais
anticoloniais, e não somente relativos à igualdade de tratamento e ao fim do preconceito. A ideia de unidade continental, contudo, não
havia sido descartada de todo, havendo ainda debates sobre a promoção de uma federação de povos africanos, como pode ser
observado nos debates da Primeira Conferência dos Povos Africanos, de 1958, realizada em Accra, Gana. Esse foi o primeiro
encontro de lideranças nacionalistas africanas realizado no próprio continente e contou com a presença de delegados de 28 países
africanos (sendo apenas 8 independentes) e com a liderança de Nkrumah, já como presidente do país. Influenciados pela primeira onda
de descolonização na década de 1950, os objetivos principais da conferência envolviam a promoção da independência e da
autodeterminação dos povos africanos, o direito ao desenvolvimento e a possibilidade da conformação de uma federação africana pós-
descolonização. Dois outros encontros homônimos sucederam essa primeira articulação intra-africana: uma em 1960, em Tunis, que
tratou sobre a conformação de uma força paramilitar para atuar na independência de regiões ainda dominadas pelos países europeus; e
a última em 1961, conhecida por definir formalmente o “neocolonialismo”. Contradições e divisões internas, contudo, fizeram com que
as Conferências dos Povos Africanos não tivessem continuidade.
Ainda assim, a ideia de cooperação, de integração e de unidade continental continuavam presentes nas articulações políticas na África
e nas tentativas de garantir a descolonização. Dessa forma, foi convocada a Conferência de Adis Abeba, em 1963, na Etiópia, com o
objetivo de intensificar as relações entre os países africanos e garantir a autodeterminação dos povos. Dois grupos com posições
distintas participaram a conferência: o Grupo de Casablanca, liderado por Nkrumah, de Gana, com o apoio de Argélia, Guiné,
Marrocos, Egito, Mali e Líbia; e o Grupo de Monróvia, liderado por Leopold Senghor, do Senegal, com apoio de Nigéria, Libéria, Etiópia
e da maioria das ex-colônias francesas. O Grupo de Casablanca tinha posições mais radicais, defendendo, além da independência e da
descolonização, também a unidade continental africana, ou seja, atinha-se aos princípios do pan-africanismo. Já o Grupo de Monróvia,
apesar de também ser anticolonialista, tinha posições mais moderadas e nacionalistas, defendendo a manutenção das relações com a
Europa e uma maior integração entre países africanos de forma gradual, sendo contrários ao federalismo proposto anteriormente. O
sucesso do Grupo de Monróvia pode ser constatado na criação, ao fim da conferência, da Organização da Unidade Africana (OUA).
Apesar de manter a ideia de unidade, ecoando, assim, o pan-africanismo que a precedeu, a OUA promovia a integração e cooperação
entre os países africanos, mas mantendo a soberania de cada um. Além disso, havia também o objetivo de incentivar e defender os
processos de independência no continente, rejeitando e lutando contra o neocolonialismo, porém sem restringir a atuação do capital
estrangeiro na África. A OUA acabou substituída pela União Africana (UA), em 2002, que hoje abrange todos os países africanos, com
exceção do Marrocos, que se retirou da organização após a entrada da República Árabe Saarauí Democrática, apesar de manter status
especial dentro da UA.

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