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PROCESSO

PENAL I

PROF. BRUNO CORTEZ


Tópicos
A VERDADE NO PROCESSO
PENAL

SISTEMAS PROCESSUAIS
PENAIS
PODER PUNITIVO
Até séc. 18 • Meados do séc. 18 (Iluminismo)

PEINLICH RECHT STRAFRECHT


(DIREITO AFLITIVO) (DIREITO PENAL)
SUPLÍCIOS PENAS
EXECUÇÕES EM VIA PÚBLICA EXECUÇÕES DENTRO DE
PRISÃO NÃO ERA PENA, ERA MEIO ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS
(PROCESSUAL) PRISÃO É UMA PENA.
1.1. Vingança x Pena

1. UM PROCESSO Relação entre a história das penas e o nascimento do processo penal: o


processo penal é um caminho necessário para alcançar-se a pena.

PENAL PARA ▪ Vingança: liberdade, força e disposições individuais (natureza privada).


▪ Pena: existência de um poder organizado (natureza pública).
QUÊ(M)?
1.2. Direito Penal x Processo Penal
1.2.1. O direito penal define o que é crime (teoria do delito) e qual a pena
a ser aplicada no caso concreto (teoria da pena).
1.2.2. Já o processo penal prescreve as regras do jogo (due process of law)
para definir se o acusado é culpado ou inocente.
▪ Se for culpado → sentença condenatória.
▪ Se for inocente → sentença absolutória.
1.3. Princípio da necessidade
▪ O Direito Penal, ao contrário do Direito Civil, não permite a solução dos
conflitos pela via extrajudicial.
▪ O Direito Civil se efetiva diariamente sem necessidade do Estado.
▪ Quando Bruno aluga um imóvel de Débora, estabelece-se uma relação contratual.
▪ Bruno adquire um celular nas Casas Bahia, dá-se um contrato de compra e venda.

▪ O Processo Civil, portanto, só é chamado quando existe um conflito de


interesses no qual a pretensão de uma parte é resistida pela outra (LIDE).
▪ Bruno deixa de pagar os alugueis e Débora quer o seu imóvel de volta, bem como os
alugueres atrasados → Ação de Despejo.
▪ O celular apresentou vício oculto (ex: bateria viciada) e a empresa se nega a reparar
ou trocar → Ação de Obrigação de Fazer.

▪ O Direito Civil, portanto, nem sempre precisa do Processo Civil.


▪ O Direito Penal, por outro lado, só se efetiva através do Processo Penal.
▪ Quando alguém é vítima de um crime (ex: homicídio), a pena não se aplica
imediatamente. É preciso definir, primeiro, se realmente existiu um crime
(materialidade → exame de corpo de delito) e quem de fato o praticou
(autor/partícipe → testemunhas, interrogatório, perícias).
AUTORIA
MATERIALIDADE
Há crime?
Quem executou o crime?
Uma pessoa morreu? Quem matou a vítima?
Uma coisa foi furtada? Quem furtou a coisa?
CRIMES NÃO TRANSEUNTES
▪ Nulla poena et nulla culpa sine iudicio: Não existe delito sem pena, nem pena
sem delito e processo.
▪ Monopólio da jurisdição penal por parte do Estado: o particular não pode aplicar
pena.
▪ Instrumentalidade do processo penal: caminho necessário para aplicar uma pena.
▪ Mas o processo não é um simples instrumento a serviço dos interesses
Estado: seu papel é condicionar (limitar) o exercício do poder punitivo e
garantir os direito do indivíduo processado.
▪ Apenas se as regras do jogo forem rigorosamente cumpridas é a que a pena
será considerada legítima = nulidades.

1.4. Relativização do princípio da necessidade


▪ Transação penal (Lei 9.099/95): crimes de menor potencial ofensivo. Ex: porte
de drogas para consumo pessoal; crimes a honra.
▪ Colaboração premiada (Lei 12.850/13): organizações criminosas. Ex: Lava Jato
(crimes contra a ordem econômica)
▪ Acordo de Não Persecução Penal (Lei 13.964/19): crimes médio potencial
ofensivo (PPL mínima inferior a 4 anos, sem violência ou grave ameaça). Ex:
peculato.
▪ O artigo 28 da Lei 11.343/2006 (crime de porte de drogas para consumo
próprio) considera como delito 5 condutas:
O PROBLEMA DA 1) adquirir,
2) guardar,
3) ter em depósito,
VERDADE NO 4) transportar
5) ou trazer consigo.
PROCESSO PENAL ▪ Já o artigo 33 da Lei 11.343/2006 (crime de tráfico de drogas) traz 18 condutas:
1) importar, exportar, remeter,
2) preparar, produzir, fabricar,
3) adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
4) ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
5) prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente.
▪ Questão: o que diferencia o usuário do traficante é a conduta? Não!
▪ Premissa maior: notícia anônima de que fulano é traficante (Entimema)
▪ Premissa menor: fulano é encontrado com pequena quantidade + dinheiro
trocado.
▪ Conclusão: fulano é traficante.
12 HOMENS E
UMA SENTENÇA
1.1. Doutrina tradicional
▪ Verdade real
▪ Verdade material
1. VERDADE NO ▪ Verdade absoluta

PROCESSO PENAL
1.2. Doutrina crítica
▪ Verdade possível: verossimilhança
▪ Verdade judicial: produzida pelo juiz
▪ Verdade processual: construída a partir das limitações próprias do
processo
▪ Verdade consensual: partes construiriam um consenso a partir da
linguagem
▪ Verdade analógica: reconstrução histórica dos fatos (rastros)
Platão Aristóteles Santo São Tomás de Aquino
Agostinho

SUJEITO OBJETO SUJEITO OBJETO

Descartes • Hume • Kant • Positivismo


“Penso, logo existo”
= verdade está no
sujeito (solipsismo,
egocêntrico) =

SUJEITO OBJETO SUJEITO/OBJETO


▪ A verdade como correspondência → a verdade está
nas coisas (objetos), e não no sujeito → Ex: se pego
um copo de vidro e digo que é de vidro, eu ajusto
meu intelecto à verdade que está na coisa em si.
▪ A verdade está no mundo e posso ter acesso a ela.
1. ARISTÓTELES ▪ Raciocínio silogístico: premissa maior + premissa
menor = conclusão.
▪ Entimemas: premissa maior pressupostas (certezas
presumidas) → Risco: a “certeza” pode advir de
preconceitos, do inconsciente.
▪ Sentença: premissa maior (lei) + premissa menor
(fato) = conclusão (condena ou absolve).
▪ Calamandrei: “juízes são máquinas de fazer
silogismos”
▪Cidade de Deus (mundo perfeito) e Cidade dos
Homens (mundo ideal) → Platão
▪Sec. V d. C. (início da queda do Império Romano)
2. SANTO ▪Se Deus está em tudo, está inclusive no homem.
▪O homem talvez não saiba que traz dentro de si a
AGOSTINHO chama divina.
▪Como então os homens podem ter acesso à
verdade divina? Pela confissão se dá a purificação
da alma, de modo que a verdade divina que está
dentro de mim se revela).
▪Papa Inocencio III (1215): confissão obrigatória
como forma de expiação da culpa compulsória
(Concílio de Latrão) → todo cristão que atinge a
idade da razão (mulheres: 12 anos, homens: 14/15).
▪Confissão como objetivo do processo canônico.
▪Bula Papal Ad Stirpanda (sec. XIII): regulamenta uso
da tortura como meio de se obter a verdade e
salvar a alma do sujeito (Eu te torturo para te
salvar! Morre o corpo físico, salva-se a alma).
▪Hereges
▪ Seita dos Catras (sul da França): desapego material (crítica à venda de
indulgências) e não reconhecia autoridade do Papa → Submetidos a
processos inquisitoriais e tortura.
▪ Pobres de Lion
▪ Pataginos
▪ Judeus → Alegando que Jesus foi perseguido pelos Judeus, a Igreja
confisca o patrimônio.
▪ Mulheres (sec. XIV) → em razão do celibtato (questão patrimonial,
sucessões) → relações sexuais clandestinas → culpa da mulher
(demônio, Eva) → bruxas → Martelo das Feiticeiras → conotação
sexual.
▪ Paganismo → deusas femininas (fertilidade, Mãe Natureza).
“Porque a bruxaria é uma grande traição contra a Majestade de Deus. E
devem ser submetidos a tortura para faze-los confessar. Qualquer pessoa,
seja qual for sua classe ou profissão, pode ser torturada ante uma acusação
dessa natureza, e quem for considerado culpado, ainda que confesse seu
delito, será posto no potro*, e sofrerá todos os outros tormentos
dispostos pela lei, a fim de que seja castigado na forma proporcional de
suas ofensas.”

Potro: Era um aparelho de tortura composto por uma prancha, sobre a qual
era deitada a vítima. Esta prancha apresentava orifícios pelo quais se
passavam cordas que arrochavam os antebraços, os braços, as coxas, as
panturrilhas, em suma, as partes mais carnudas dos membros da vítima. No
decorrer da tortura, essas cordas eram progressivamente apertadas, por
meio de manivelas nas laterais do aparelho. O efeito era o de um
torniquete.

10 Extremos Métodos De Tortura En


La Edad Media Durante 5 séculos a tortura foi admitida → Só com a Rev. Francesa ela é
proibida.
https://www.youtube.com/watch?v=d
tg5kfVdLKw
▪ “Penso, logo existo”: desconfiança dos sentidos.
DESCARTES ▪ Toda a verdade está no sujeito e só nele (“A verdade sou eu”).
▪ Sujeito solipsista: egocêntrico, fechado em si mesmo, não leva
o outro em conta.
▪ “Decido conforme minha consciência”: o mundo é aquilo que
eu penso dele.
▪ Grau zero de sentido: sujeito é o senhor do sentido do mundo
→ discricionaridade/abusos.
▪ Intuição como método de obtenção da verdade
“Por intuição, entendo não o testemunho mutável dos sentidos ou o juízo
enganador de uma imaginação que compõe mal seu objeto, mas a concepção
de um espírito puro e atento, concepção tão fácil e distinta que nenhuma
dúvida permanece sobre o que compreendemos”.
LOCKE
▪ A capacidade da mente humana de conhecer as coisas é inata,
mas o conhecimento é adquirido.

HUME
▪ Crítico do racionalismo cartesiano em que os conhecimentos
estavam associados à razão.
▪ Empirismo: o conhecimento é desenvolvido através da
experiência sensível do ser humano, a qual está dividida em:
▪ impressões (sentidos) = cor, sabor, paixão.
▪ ideias (imagens, representações mentais das experiências).
▪ É somente com base na experiência que podemos inferir a
existência de uma coisa de outra (causalidade). Ex: Colocar o
dedo na tomada dá choque (ou eu levei choque, ou alguém já
teve essa experiência e me relatou).
▪ O Sol vai se levantar amanha?
KANT (Sujeito)
▪ Verdade da coisa-em-mim (fenômeno): Quantos pessoas são casadas em
Paranaguá?
▪ A verdade não está em mim, mas no mundo.
▪ A posteriori (experimentação).
▪ Verdade coisa-em-si (nôumeno): Quantos solteiros são casados?
▪ Já sei a resposta de antemão.
▪ Não preciso experimentar o mundo, basta raciocinar.
▪ Conceitos a priori.
▪ Preferência à razão: mesmo para perguntar quantas pessoas são casadas, eu
primeiro tenho que tem em mim o conceito de “pessoa” e de “casamento”.

HEGEL (Sujeito)
▪ Dialética: tese e antítese → contraditório → leva em conta o outro sujeito.
▪ Não necessariamente o processo penal tem dialética (ex: Colaboração
premiada, confissão).
POSITIVISMO (Objeto)
▪ Wertfreiheit (ciência livre de valores): neutralidade do observador.
▪ Método da observação e descrição (ciências naturais e exatas).
▪ Verdade absolutas que estão no mundo, e não em mim.
▪ Kelsen: Teoria Pura do Direito.
1) A Lei como única fonte do direito: postas pela autoridade competente.
Ex1: “Estude hoje a tarde” (diz o pai) – e o filho pergunta – “Por que devo
estudar?”. Se o pai responde: “Para ter uma boa profissão” (jusmoralista) ou
“Porque eu estou mandando” (positivista).
Ex2: Por que não devo roubar? Porque devo obedecer uma ordem judicial? Porque
assim estabeleceu o legislador).
2) Abordagem avolarativa do direito: a validade do direito independe do seu
conteúdo moral. Ex: Norma que proíbe homossexualismo.
3) Função meramente declarativa ou descritiva: a interpretação como
“descoberta” do verdadeiro sentido e alcance da norma (conhecimento passivo e
contemplativo).
4) Completude do ordenamento jurídico: nega existência de lacunas (analogia e
princípios gerais do direito) → discricionariedade judicial (ato de vontade, escolha
de sentido). Ex: usuário ou traficante?
FILOSOFIA DA LINGUAGEM (1º giro linguístico)
▪ Saussure: linguagem como objeto de estudo (observar e
descrever a linguagem).
▪ Signo (letra C) → Significante (imagem + som do signo) → Significado
(sentido, terceira letra do alfabeto)
▪ Cadeia (sequência) de significantes:
▪ C + A + S + A→ altera-se o significado (Casa, local de moradia).
▪ C + A + S + A + R → ressignificação (Casar, matrimônio).

▪ CHEMIN: Na cadeia de significantes que se forma na mente do juiz, a


má-compreensão de um elo desta cadeia é o quanto basta para produzir
um caminho divergente, pois o significante mal compreendido
ressignifica os antecedentes.

▪ JACINTO: porta do banheiro (letra M) → Masculino ou Mulher?


O que significa a letra M?
O sentido de M depende do outro
significante.
E posse ser ressignificado.
▪Repercussões no processo penal: como
provocar uma ressignificação dos sentidos
pré-compreendidos pelo Juiz, de modo a
fazê-lo mudar a forma de pensar a prova do
caso penal?
▪ Qual testemunha eu arrolo? Quais provas periciais eu
requeiro?
▪ Ordem de oitiva das testemunhas: quem eu ouço primeiro
ou depois? Melhor ouvir uma testemunha que sabe de
tudo e só depois a sabe menos.
▪ Direito do acusado de ser interrogado só ao final da
audiência. (Ex: Extorsão da ex-namorada)
▪ Contradições e acareação
▪ Direito da defesa sempre se manifestar após a acusação
(alegações finais, réplica e tréplica no Júri).
▪ Pauta de julgamento nos tribunais, Sustentação oral.
Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância conhecida e
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
HUME: bola rolando em cima da mesa de bilhar → o que deu causa a isso? → jogador deu
uma tacada na bola (dedução), pois sujeito conhece as regras do jogo. E se alguém, na
verdade, movimentou a bola com as mãos?
1. Ninguém viu a menina ser jogada pela janela.

CASO NARDONI 2. Depoimentos testemunhais: vizinhos viram o casal repreendendo a menina por mau
comportamento.
3. Marcas ungueais da madrasta no pescoço da vítima.
4. Manches de sangue no banco traseiro do carro, que foram apagadas.
5. Rastro de sangue: do elevador até porta do apartamento, concentrando-se na sala.
6. Pegada tatuada no lençol da cama, que corresponde ao sapato que o pai usava.
7. Tela de proteção recortada.
8. Camisa do pai: mancha de que encostou e se esgarço na tela.
9. Frauda no tanque, lavada, que estava encharcada de sangue.
10. Testemunhas acerca da reação do pai (porteiro e síndico): apenas reclamou da
segurança do prédio, ao invés de ficar desesperado com a queda da filha e buscar
socorro.
TRABALHO:
CADEIA DE SIGNIFICANTES NO FILME
“DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA”
2º GIRO LINGUÍSTICO: RELAÇÃO SUJEITO-SUJEITO
▪ HEIDEGGER: ser no mundo (Eu acesso a realidade através de uma
linguagem que me antecede).
▪ WITTGENSTEIN: nosso mundo é do tamanho da nossa capacidade
linguística → quanto mais eu domino as palavras, mais eu entendo o
mundo → quanto mais pobre a minha linguagem, mais difícil é entender o
mundo ao meu redor. Ex: jargões jurídicos (Crime, Prescrição, Decadência).
- Quando se aprende uma nova língua, abre-se um novo universo que não
existia para você e muda sua forma de compreender.
- Não tenho linguagem suficiente para dizer o todo do mundo, então uso
outras palavras semelhantes, que são imprecisas.
▪ GADAMER: interpretação como compreensão que “atualiza” os sentidos
possíveis → Revisão constante do projeto prévio de sentido → a
interpretação que começou “com conceitos prévios” pode ser substituída
por outros mais adequados.
▪ CHEMIM: Na inércia, na não-comunicação, em grande parte se esvazia a
intersubjetividade.
QUADRO MENTAL QUADRO MENTAL QUADRO MENTAL
PARANOICO PARAFÁSICO METANOICO
Inversão das hipóteses Mal entendido Mudar de opinião
sobre os fatos (apenas (compreensão distorcida, (transformação)
confirmo o que eu já discurso truncado)
sabia)
Ex: Com base na Ex: Juiz não percebe Ex: Após pergunta da
aparência e no jeito de contradição no defesa a testemunha se
falar, penso que o depoimento das contradiz, a qual é
acusado é culpado. Ao testemunhas (audiências ressaltada pelo advogado
longo do processo, vou separadas) e o advogado, para criar uma dúvida
apenas buscar indícios desatento, não requer razoável na cabeça do
para comprovar minha acareação, deixando o juiz juiz.
tese inicial. se confundir.

Para = para além Para = para além Meta = mudar


Noia = mente Fásico = frase Noia = mente
1. A pergunta a ser feita não é “qual a verdade” a ser
produzida.

CONCLUSÃO e sim

2. Como o juiz deve decidir?


2.1. Juiz sozinho e indo atrás (metafísica clássica -
Aristóteles)
2.1. Juiz sozinho e inerte (filosofia da consciência -
Descartes)
2.3. Juiz dialogando com as partes (filosofia da linguagem -
Wittgenstein)
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime): veio para
determinar que o processo penal seja orientado pelo
sistema acusatório, estabelecendo essa diretriz na
CÓDIGO DE nova redação do art. 3º-A, mas para isso é preciso
reconhecer que o art. 156 está tacitamente revogado,
PROCESSO PENAL bem como diversos outros artigos do CPP.

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura


acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória
do órgão de acusação.
CPP autoriza o juiz a agir ex officio:
▪ na requisição de inquérito policial (art. 5o, II, do CPP),
▪ na determinação da produção de provas (art. 156 do CPP),
▪ na inquirição de testemunhas (art. 209 do CPP),
▪ na decretação da prisão preventiva (art. 311 do CPP)
▪ na possibilidade de condenar o réu, mesmo diante de um
pedido de absolvição do Estado-Acusador (art. 385 do CPP),
▪ a dar uma qualificação jurídica diversa da outorgada pela
acusação, mesmo que o imputado não tenha se defendido (art.
383 do CPP),
▪ bem como a recorrer de ofício, mesmo que a acusação não
tenha interposto o recurso cabível (arts. 574 - HC e 746 -
reabilitação do CPP).
▪ De forma leiga, dizemos que “a culpa é do sistema”, que o
“sistema caiu”.
▪ Origem grega: systema, de synístemi – estar junto de –, e do
1. O QUE É latim systema, sustematis, que significa reunião, junção.
▪ Kant: conjunto de elementos (fixos e variáveis) entrelaçados
SISTEMA? por uma ideia fundante (princípio unificador)

◦ Elementos fixos (base axiológica, INERENTES, ESSENCIAIS,


FUNDAMENTAIS): imprescindíveis, relevam a identidade do
sistema.

◦ Elementos variáveis (SECUNDÁRIOS, ACESSÓRIOS): podem


participar de vários sistemas jurídicos distintos (móveis,
operacionais).
Goldschmidt: termômetro dos elementos democráticos ou
autoritários de sua Constituição.
2. PARA QUE
Reduzir a complexidade:
SERVE UM ▪ Delimitar as possibilidades de agir (prova ilícita x prova lícita);
SISTEMA ▪ Criar mecanismos próprios de comunicação (o que não está nos
autos do processo é como se não existisse);
▪ Diferenciar-se de outros sistemas (direito x moral).

Consequências:
▪ Potencializar (aumentar) exercício do poder: mais possibilidades
de prisão preventiva, acusação genérica.
▪ Limitar (reduzir) o exercício do poder: menos possibilidades de
prisão preventiva, correlação entre acusação e sentença.
SISTEMA INQUISITÓRIO

ELEMENTOS FIXOS ELEMENTOS VARIÁVEIS


Ausência de separação entre acusador e Sem contraditório
julgador: princípio inquisitivo.
Forma de iniciar o processo (por acusação, Sigiloso
notitia criminis ou de ofício): regra
procedimental.
Escrito
SISTEMA ACUSATÓRIO

ELEMENTOS FIXOS ELEMENTOS VARIÁVEIS


Separação entre acusador e julgador: princípio Contraditório
acusatório.
Forma de iniciar o processo (oferecimento da Publicidade
acusação): regra procedimental.
Oralidade
SISTEMA MISTO
ELEMENTOS FIXOS ELEMENTOS VARIÁVEIS

Investigação: aberta de ofício, por notitia criminis ou Contraditório


delação anônima (elemento fixo do sistema
inquisitivo).

Processual: distinção entre juiz e acusador (elemento Sigiloso


fixo do sistema acusatório).

Escrito
SISTEMAS PROCESSUAIS
INQUISITÓRIO (INQUISITORIAL) ACUSATÓRIO (ADVERSARIAL)
1. Juiz acusa e julga 1. Juiz apenas julga
2. Acusação pública (MP) 2. Acusação privada (Vítima)
3. Juiz gestor da prova 3. Partes gestoras da prova
4. Busca da verdade real 4. Busca da verdade possível
5. Sem contraditório (sem partes) 5. Com contraditório
6. Sem ampla defesa 6. Com ampla defesa
7. Presunção de culpa 7. Presunção de inocência
8. Réu tratado como objeto 8. Réu tratado como sujeito
9. Escrito 9. Oral
10. Sigiloso 10. Público
11. Prova tarifada 11. Livre apreciação da prova
12. Uso da tortura 12. Sem tortura
13. Prisão cautelar como regra 13. Prisão cautelar como exceção
a) gestão/iniciativa probatória nas mãos do juiz (figura
do juiz-ator e do ativismo judicial = princípio
SISTEMA inquisitivo);
b) ausência de separação das funções de acusar e
INQUISITÓRIO
julgar (aglutinação das
funções nas mãos do juiz);
c) violação do princípio ne procedat iudex ex officio,
AURY LOPES
pois o juiz pode atuar
de ofício (sem prévia invocação);
d) juiz parcial;
e) inexistência de contraditório pleno;
f) desigualdade de armas e oportunidades
a) gestão/iniciativa probatória nas mãos das partes
(juiz-espectador = princípio acusatório ou dispositivo);
b) radical separação das funções de acusar e julgar
SISTEMA (durante todo o
processo);
ACUSATÓRIO c) observância do princípio ne procedat iudex ex
officio;
AURY LOPES d) juiz imparcial;
e) pleno contraditório;
f) igualdade de armas e oportunidades (tratamento
igualitário).
▪ Nasce com o Código Napoleônico de 1808 e a divisão do
processo em duas fases, fase pré-processual e fase
processual, sendo a primeira de caráter inquisitório e a
segunda, acusatório.
▪ É a definição geralmente feita do sistema brasileiro
(misto), pois muitos entendem que o inquérito é
SISTEMA MISTO inquisitório e a fase processual acusatória (pois o MP
acusa).
AURY LOPES
▪ Para os que sustentam isso, bastaria a mera separação
inicial das funções de acusar e julgar para caracterizar o
processo acusatório.
▪COUTINHO: os sistemas, assim como os paradigmas e os
tipos ideais, não podem ser mistos; eles são informados
por um princípio unificador. Logo, na essência, o sistema
é sempre puro.
▪ Reducionismo: atualmente todos os sistemas são mistos,
sendo os modelos puros apenas uma referência histórica;

▪ Princípio informador: é crucial analisar qual o núcleo


fundante para definir o predomínio da estrutura
CRÍTICAS inquisitória ou acusatória, ou seja, se o princípio
informador é o inquisitivo ou o acusatório.
AURY LOPES

▪ A mera separação das funções de acusar e julgar é


insuficiente: de nada serve a separação inicial das funções
se depois se permite que o juiz tenha iniciativa probatória,
determine de ofício a coleta de provas (ver crítica ao art.
156), decrete de ofício a prisão preventiva, ou mesmo
condene diante do pedido de absolvição do Ministério
Público (problemática do art. 385);
▪ Violação do princípio da imparcialidade: juiz que vai
de ofício atrás da prova está contaminado e não pode
julgar, pois ele decide primeiro (quebra da
imparcialidade) e depois vai atrás da prova necessária
para justificar a decisão já tomada (primazia da
CRÍTICAS (2) hipótese sobre os fatos).

AURY LOPES

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