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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB)

Departamento de história – DH
Disciplina: História Contemporânea II
Docente: Belarmino de Jesus Souza
Discentes: Josinelio Martins S. Ferraz, Daiana Oliveira da S. Sousa, Suzana
Data da apresentação: 26/09/2019

SEMINÁRIO - A EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA RUSSA 1905 – 1929

A experiência Revolucionária Russa, segundo o historiador Eric Hobsbawm, foi um


evento que suscitou grandes interpretações além de grandes paixões na História.
Precisamos entender em um âmbito não só local (da nação Russa) e sim mundial, porque
suas transformações ocasionam não só uma nova realidade Russa, mas se pensarmos
no modo teórico descrito por Marx (junto com Engels, segundo o socialismo científico) o
proletariado não poderia tencionar construir uma revolução isolado, pois a revolução
deveria ter moldes internacionalistas. Se pensarmos por um lado sobre as causas e
efeitos do evento, percebemos que de fato a experiência revolucionária não foi isolada
porque ela influenciou outros eventos e o mundo se voltou para sua realidade. Sem
contar, os incidentes que incidiram sobre a formulação da revolução, como a Guerra
Russo Japonesa e a primeira Guerra Mundial. Por outro lado, a experiência Russa
acabou por ser isolada, principalmente com a ascensão de Stalin ao governo. Dessa
forma, optamos por denominar o fenômeno como de fato se deu, em linhas gerais, como
uma experiência, que se configurou como o começo da aplicação das ideias marxistas.

A apresentação sobre o tema desenrola-se a partir do corte temporal de 1905 a


1929, entendendo que o estopim para o acontecimento foram vários fatores, dentre eles o
domingo sangrento. Somando-se a outros fatores que isolaram a Rússia de outros países,
deixando as relações diplomáticas tensas, principalmente a partir de 1925 segundo o
autor Carr., além claro, de seu primeiro plano quinquenal que começa a ser fortalecido em
1929, através do governo de Stalin.

Depois de esboçar a delimitação e o tema da apresentação, precisamos salientar


que a História não é causa e efeito, não é linear. Sendo assim, entendemos a História
enquanto uma multiplicidade de fatores dentro dos fenômenos que tem o homem e sua
ação sob o meio, através do trabalho, a sua centralidade. A Revolução Russa e os
autores que recorremos para análise como, Rosa Luxemburgo, Carr, Hobsbawm, entre
outros partem desse princípio do movimento histórico. Para começo de análise,
precisamos compreender quais eram as condições da Rússia antes da Revolução. Em
sua maioria, Goldman argumenta, a sociedade Russa era composta por uma massa
camponesa, em média 80% da população. Esse era o ambiente onde ainda reinava muito
das relações feudais de servidão, ainda sobre a sociedade civil, viviam em considerável
miséria, e não tinham acesso ao mínimo como a educação, por exemplo. A autora faz o
relato em seu livro “Mulher, Estado e Revolução” e concluí que a porcentagem de
analfabetos chega a ser mais de 90% da população e em sua maioria as mulheres.
Somando-se a situação social, a situação política também apresentava seus vários
problemas. Viviam sob o governo Czarista da dinastia Romanov que há cerca de oito
gerações governaram a Rússia. Sob o domínio de Nicolau II a população sofreria não só
com a miséria, a escassez de pão, a subida dos preços e o desemprego, mas também
com aos ataques reacionários de Nicolau II, desde o dia de sua posse.

A DINASTIA ROMANOV E AÇÕES POLÍTICO – MILITARES

Nicolau Alexandrovich Romanov II adquiriu o pseudônimo de” O Sanguinário” em


contraponto foi canonizado pela igreja Ortodoxa Russa como “O portador da paixão”. Foi
o último imperador da Rússia, Rei da Polônia e da Grã-duque da Finlândia. Seu reinado
findou com a Revolução de 1917 se concretizando de fato com a sua morte e de toda a
família real, em 1918. Após sua abdicação forçada em nome do seu irmão que não
assumirá o trono, ele e sua família são transformados em prisioneiros desde então, na
casa de Itatiev em Ecaterimburgo. São assassinados no porão, juntos com camareira,
médico e o servo pessoal pelos bolcheviques.

O até então Czar Russo é o coadjuvante do episódio da Revolução pois suas


ações políticas/militares, levarão a insatisfação popular (lembrando que se tem relatos de
manifestação através de greves desde 1890) e a tomada de poder do governo provisório
na Revolução de Fevereiro, e posteriormente na Revolução de Outubro, assim chamada
tomada de poder dos Bolcheviques. Uma das causas da Revolução são enxergadas
desde 1904 durante a Guerra Russo-Japonesa, fenômeno no qual a Rússia saí humilhada
pelas mãos japonesas, que tinham uma forte tradição de disciplina militar, os Russos
perderam territórios disputados (Manchúria e China) além de servirem como trampolim
para a ascensão do Japão a grande potência mundial na época. A Guerra vai gerar
insatisfação popular, deixando tanto aqueles que foram defendê-las no Front como sua
família e a outra parte da população em desemprego e miséria cada vez mais
aprofundados, levando vários homens e mulheres à rua, direcionados por greves e
manifestações. A mais importante no texto em questão foi apelidada como “Domingo
Sangrento” tamanha a sua repercussão para os bolcheviques e mencheviques, sendo
considerada uma das razões da queda de Nicolau II. Várias pessoas organizadas pelo
Padre George Gapon, fizeram uma manifestação pacífica até então, em frente ao Palácio
de Inverno. A população reivindicava melhores condições de vida, emprego, alimentação
etc. Reinvindicações descritas em carta, que tinha como finalidade chegar as mãos de
Nicolau II. No entanto, o czar teve reações autoritárias, mandando seu exército fuzilar
toda população participante da manifestação, essa no momento completamente indefesa.
Essas foram partes das situações presentes no episódio conhecido como “Domingo
Sangrento”.

Por virtude dos fatos relacionados acimas, notamos que o poder político e militar
do governo Romanov estavam profundamente abalados, além de demonstrar certa
hostilidade no relacionamento da sociedade civil com o czar, aquele sentimento de
súditos para realeza também em partes sucumbia. Depois dessa manifestação outros
processos se tornaram possíveis, como a criação da Duma (uma espécie de Conselho
consultivo). Essa organização política foi feita sob a pressão do movimento sangrento de
janeiro de 1905. Assim, dentro do manifesto de outubro Nicolau II fala sobre a concessão
de uma Duma que tenha ampla participação, assim como, a introdução das liberdades
civis básicas através da participação da Duma no legislativo. No entanto, houve tamanha
convergência nas ideias entre o Czar e Duma que as primeiras não chegaram a durar
muito. A primeira que não correspondia às políticas governamentais do Imperador, tinha
maioria de deputados do Partido Social Democrata, e suas exigências como o Sufrágio
Universal, libertação dos presos políticos e a Reforma agrária foram logo boicotadas,
gerando a dissolução por Nicolau II. A segunda Duma agiu por pouco tempo, sendo a
partir da primeira divergência com o então czar, foi dissolvida também. A terceira durou,
pois, os membros partindo da primeira e segunda experiência, agiram com cautela nos
embates com o governo principal, caindo nas graças deste. Tanto que em 1912 é eleita
uma quarta Duma com quase maioria dos mesmos membros da anterior (era composta
por 450 deputados, eleitos por mandato com a duração de 4 anos).

OS SOVIETES:

Vale ressaltar no presente seminário, que os Sovietes (Conselho dos operários)


começa a se desenrolar no ensaio da Revolução de 1905. Segundo o autor John Reed
importante autor que executou o livro “Os dez dias que abalaram o mundo” como forma
de registro da tomada de poder do Partido Bolchevique. Reed participou do movimento
enquanto aliado, os Sovietes não podem ser tratados como singular posto que são
diversificados, desde operários, soldados à camponeses. Vão ter uma participação
especial enquanto agitadores e volume dentro da massa de 1905 e serão essenciais na
Revolução Russa de 1917.

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL:

Outro fator que não podemos deixar de citar como fomentadores da do movimento
revolucionário russo, foi a participação da Rússia na Primeira Grande Guerra. A
aprovação da mobilização de agosto e 1914 é um marco dentro das ações político
militares que levará a Rússia aos fenômenos revolucionários. Houve a época
descontentamento dos trabalhadores (as) e posteriormente do próprio exército. As
situações relegadas ao segundo grupo, era de verdadeira calamidade e desânimo. A
Rússia não tinha artigos de guerra (munição) o suficiente para assumir assim uma Grande
Guerra, muito menos comida o suficiente para alimentar os soldados nas trincheiras. A
situação fica tão drásticas que chega a faltar vestimentas básicas como botas para os
soldados. Claro que esses acontecimentos geraram dentro do confronto uma grande
matança do exército russo, calcula-se que mais da metade dos homens que fora a Guerra
(cerca de 31.000 mil) só voltavam do Front cerca de metade. Não é à toa que a
Revolução de Fevereiro trouxe em seu bojo tanto desertores. Do outro lado as mulheres
se viam entrincheiradas em sua casa, os núcleos familiares tanto no campo quanto da
cidade, precisavam do homem para adicionar a renda para família, fenômeno que trouxe
insatisfação geral. As indústrias russas ainda não haviam constituindo-se enquanto
pesadas de fato. A marinha ainda não havia se recuperado das severas perdas ocorridas
na Guerra Russo - japonesa. Não podemos descartar as considerações sobre a
economia, que assim como a Guerra Russo - Japonesa contribuiu para a miséria das
classes trabalhadoras. A participação na Tríplice Entente (Rússia, França e Reino Unido)
causa descontentamento no povo, o Império da Rússia não aceita abandonar os
territórios da Sérvia, sendo um dos motivos de se posicionar para uma Aliança. Ameaçou
as fronteiras dos alemães e dos austríacos, reverberando a plena participação de suas
atividades na Primeira Guerra Mundial.

Nicolau II foi aconselhado por muitos a não participar da Primeira Guerra, ainda
mais pela situação social/econômica precária no país. Outras iniciativas do Imperador,
como a participação na Guerra dentro do Front, liderando o exército dos Russos no
campo de batalha, a fim de suscitar um prestígio que já havia se tornado inacessível,
também se somaram aos motivos de revolução. Nicolau II não foi capaz de perceber o
movimento revolucionário que despontou em Petrogrado. Assim questões domésticas e o
controle da capital ficaram com sua mulher Alexandra, que não tinha autoridade o
suficiente a época e era enxergada com desconfiança. Mais do que enfraquecer-se
militarmente e endividar a Rússia, Nicolau II abriu ainda mais brejas políticas para revoltas
populares. Foi assim que os pedidos da sociedade por “Paz, Pão e Terra” levaram ao
mesmo que com certa espontaneidade, aos primórdios da experiência Revolucionária,
1917.

REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO (PROCESSO REVOLUCIONÁRIO)

O desenvolvimento da Revolução e suas possibilidades carrega origens autêntica


na luta das mulheres, especificamente na elaboração do Dia Internacional da Luta da
Mulher e depois na sua aplicação. Em 1910 em Copenhague na Conferência
Internacional Socialistas das Mulheres, Clara Zetkin propôs um Dia Internacional da Luta
da Mulher, mesmo Congresso que contou com a Participação de Alexandra Kollontai que
foi uma grande teórica, revolucionária, a primeira mulher a fazer parte do Governo da
Rússia.
Ainda sem data fixa, a organização das manifestações das mulheres foi um
importante movimento para tornar possível a Revolução de 1917. Primeiro no que condiz
às reivindicações populares contra a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial,
entendendo que as mulheres são tão atingidas quanto os homens, elas engrossaram a
massa que ia às ruas contra a Grande Guerra. Além de ter do seu lado grandes escritoras
revolucionárias como Krupskaia, Inessa Armand e Alexandra Kollontai. Assim em 23 de
fevereiro (8 de março) houve a grande greve das mulheres tecelãs, na qual se somaram
trabalhadores homens, camponeses e soldados, esse teria sido o primeiro momento da
Revolução de 1917. Então, a difusão de ideias liberais e socialistas, as derrotas na
Primeira Guerra Mundial, a crise social e econômica, as desigualdades sócias, as falhas
no governo do czar Nicolau II, foram fatos que levaram a Revolução de Fevereiro. Fica
claro diante do já exposto que uma série de conflitos liderados por manifestações
contrárias à autocracia russa. A revolução mostrou sua força e Nicolau II, o último czar a
governar foi derrubado. O que deu margem para o estabelecimento de uma república de
cunho liberal, representado por um governo provisório menchevique.

Empossado, Kerenski libertou presos políticos, liberou a liberdade de imprensa e


convocou eleições para formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Contudo o
governo manteve a Rússia na guerra, não realiza uma reforma agrária e nem satisfaz as
reivindicações da classe operária.

REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: O GOVERNO DOS BOLCHEVIQUES

O processo da Revolução de Outubro, conhecida também como Revolução


Vermelha, se deu pela insatisfação popular/política/ militar como o texto acima já
descreve, dirigido ao governo provisório. A forma na qual assume o poder os
bolcheviques, foi uma empreitada dirigida por Lênin mesmo estando exilado do país à
época que teve participação e apoio popular. Concretizando seu poder, emitiram uma
serie de decretos, o primeiro foi sobre a terra, que declarava que os latifúndios seriam
nacionalizados e redistribuídos aos camponeses, reconheceu a pose de terras, outro
decreto foi o fechamento de órgãos da imprensa considerados contra revolucionários,
estabeleceu controle sobre os sindicatos, controle total sobre a produção agrícola, ajudou
a população que passava fome com distribuição de cereais, mudou o nome do seu partido
para partido comunista, e determinou que seria o único partido permitido na Rússia. Foi
seguido por uma forte pressão da ala reacionário, liberal e conservadora que se
organizava afim de impedir o empenho da Revolução Bolchevique. Por consequente, teria
início a Guerra Civil que durou de 1917 a 1922. Uma batalha entre o Exército Branco e o
que viria a ser em 1918, o exército vermelho. Esse último tinha como líder Trotsky, ao
qual coube organizar a disciplina do exército.

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS

Sindicatos:

A Revolução de Fevereiro possibilitou a organização autônoma dos sindicatos.


Estes conseguiram centralizar todas as forças organizacionais do proletariado. Mesmo
que depois da aplicação da Ditadura do Proletariado, tiveram sua liberdade tolhida. Era a
forma que os revolucionários lidavam com os contrarrevolucionários (que poderiam ou
não, compor os sindicatos) dentro da sua teoria isso tinha a função de fortalece-los.

Comunismo de guerra:

Para combater o exército branco, a organização soviética na Guerra Civil criou as


bases da centralização estatal da economia e do controle da vida social. A constituição do
Comunismo de Guerra procurava administrar o novo Estado. Tendo por base a
militarização da economia, direcionando-a para os esforços da Guerra Civil, o Comunismo
de Guerra impôs a disciplina militar nas indústrias, estatizou todos os setores da
economia, e venceu a guerra civil.

NEP (nova política econômica):

Após vencer a guerra civil com intuito de reerguer a Rússia foi criado o NEP (Nova
política econômica), segundo Lenin seria dar um passo para trás para depois das dois
passos para frente, pois voltava fazer uso de manobras capitalistas para revigorar a
economia e depois restaurar o comunismo, permitiu a volta do comercio e agricultura e
permitiu-se até pequenas propriedades privadas, voltou a circular a moeda e a
contratação de funcionários assalariados, foi criada oficialmente a URSS união republicas
sociais soviéticas.

ASCENSÃO DE STALIN:

Com a morte de Lênin fica claro as contradições e as correlações de forças dentro do


partido. Lenin morre no dia 21 de janeiro de 1924, decorrente de uma hemorragia
generalizada. O testamento de Lenin, se compuseram como cartas direcionadas ao
congresso dos Bolcheviques. Onde ele faz uma análise dos componentes do partido.
Deixa claro que é necessário vencer “os perigos e deformidades burocráticas”. Defende a
Federalização de Repúblicas Soviéticas e de certa forma, expõe sua predileção por
Trotsky e seu receio pela tomada de poder de Stalin, este deveria ser afastado de seu
cargo na Secretaria-Geral, pois já demonstrava indícios de autoritarismo desmedido.

Fica evidente a disputa de poder entre Trotsky e Stalin, apesar da preferência de Lênin
assume, Stalin a presidência do partido e consecutivamente a liderança do governo de
forma paulatina, impondo um regime repressivo. As perseguições durante sua ascensão
ao poder, foram exploradas até o último momento, eram perseguidos partidos, membros
que discordam de sua política, a homossexualidade (vista como desvio pequeno
burguês), entre outros. A utilização massiva dos campos de concentração de trabalho
forçada, (o gulag) que foram criados durante o governo czarista, foi utilizado para
“reeducação” principalmente dos presos políticos.

URSS E O MUNDO

A Internacional Comunista dominava o imaginário da revolução, soviética e


mundial. Eram as imagens grandiosas dos objetivos que seriam alcançados em futuro
próximo, como a salvação da humanidade das guerras e a implantação da República
Soviética Internacional, que mobilizavam energias e motivavam comportamentos. Não se
tratava, naquele momento, da implantação do socialismo na Rússia. O autor Carr expõe
as dificuldades diplomáticas da Rússia, principalmente com a Grã- Bretanha, mas a
Rússia entendendo o processo capitalista, se afasta das ações Britânicas e se aproxima
das norte americanas que estava em ascensão, importando maquinário para suas
empresas, além de especialistas, cobrindo assim a necessidade que se tinha deles no
país, podiam ser inimigos os ideias mas no comercia a Rússia e os Estados Unidos eram
grandes aliados das trocas comerciais entre si.

Até o fim dos anos 20, portanto, as conquistas políticas da Revolução Soviética é
que eram exaltadas, pois sabia-se, mesmo vagamente, das enormes dificuldades sociais
e, sobretudo, econômicas vividas no país dos sovietes. Stalin impulsionou e desenvolveu
da indústria na Rússia, construiu inúmeras fabricas e indústria de energia, importou
maquinário e ciência, e elevou a Rússia a uma das maiores potencias industriais e
cientifica, melhorando a educação. Jornais comunistas, livros de divulgação e panfletos
alardeavam o progresso material na União Soviética, os textos ressaltavam
particularmente os aspectos materiais da construção do socialismo na Rússia:
surgimento, da noite para o dia, de centenas de cidades e usinas, trabalhos de urbanismo
e construção civil, mecanização da indústria e obras suntuosas. Em cada realização, os
autores citavam enormes cifras sobre o uso do aço, ferro, asfalto, concreto armado e
vidro. Enquanto o Ocidente sofria com a catástrofe econômica iniciada em 1929, o país
dos sovietes ileso. Com o fim da II Guerra Mundial, as imagens e representações sobre o
país dos sovietes redimensionaram-se. A decisiva contribuição do Exército Vermelho na
derrocada da máquina de guerra nazista e o crescimento espetacular do movimento
comunista na Europa, Ásia e América Latina desmentiam os argumentos pessimistas dos
conservadores e da oposição trotskista. A União Soviética encobria antigos referenciais
míticos, simbólicos e imaginários que sustentavam as ideias, os valores e as sensações
daqueles que se definiam como revolucionários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - O LEGADO DA REVOLUÇÃO:

Já mencionamos no presente texto a importância mundial da Rússia revolucionária


para os outros países, pela primeira vez o capitalismo era ameaçado por uma luta política
a altura. A Rússia mesmo estando completamente caótica nos do czar e pós-Guerra Civil,
o fortalecimento do Estado e economia reverbera não só da aplicação enfim do socialismo
científico, mas seu rápido fortalecimento, principalmente depois da Segunda Guerra
Mundial. A experiência revolucionária mesmo não sendo global, demonstrou ao mundo
que o socialismo a certo ponto não era uma realidade impossível, utópica. A ascensão de
Lênin e a adequação do Estado realizado no governo bolchevique, demonstra parte do
que foi teorizado em “O Estado e a Revolução” do próprio Lênin. Assim, por outro ponto
demonstra também os avanços no processo revolucionário:

1- Decreto sobre a terra (nacionalização de latifúndios);

2- Tratado de Brest-Litovsk: 1917-18 (retirada da Rússia da Grande Guerra);

3 - Declaração do direito dos povos (direito de Estados Nacionais independentes para não
– russos)

4- Tribunais Revolucionários e tribunais e tribunais populares;

5- O aborto legalizado em 1919 (sendo crime o aborto clandestino por causa da


periculosidade);

6- Extinção da propriedade privada dos meios de produção;

7 - Nas palavras de Goldan: ““união livre, emancipação das mulheres através do trabalho
assalariado, socialização do trabalho doméstico e definhamento da família”;

8 - Igualdade entre homens e mulheres na vida política no plano formal;

9 - Discriminação da homossexualidade;

10 - A socialização do trabalho doméstico (Refeitórios, creches, escolas em tempo


integral, fortalecimento da estrutura dos orfanatos, os bastardos, a união civil);

11 -Código das Leis sobre Casamento, Família e Tutela, promulgado no final de


1918(casamento religioso, herança proibida, adoção proibida, o filho pertence os
cônjuges, poder marital comprimido)

12- Erradicação do analfabetismo.

Porém, vale ressaltar que os saltos sociais e políticos do Estado Socialistas tem
suas limitações. Primeiro, no que concerne a ditadura do proletariado que é criticada sob
a perspectiva de Rosa Luxemburgo. Segundo a autora no seu livro “Revolução Russa” a
ditadura do proletário não deveria cortar todas as liberdades políticas, principalmente a de
discussão pois era uma possibilidade de formar a classe trabalhadora politicamente. Ela
também dirige crítica, são construtivas ao camarada Lênin. Não o culpando de todo a
práxis que não foi de acordo com a teoria, mas especificando o porquê foi tão complexo
seguir a teoria dada a realidade da Rússia, social sobretudo econômica. Marx e Engels
imaginaram que só um país plenamente desenvolvido nos moldes do modo de produção
capitalista, seria capaz de desenvolver o socialismo. A revolução seria acompanhada pelo
grupo do operariado, mas mais de 80% do país era camponesa. As próprias mudanças e
a estatização das necessidades da população sofreram mudanças. Se a um primeiro
momento o Estado pautou destruição da família em passos lentos, através da
socialização do trabalho doméstico, o cuidado com os órfãos, proibição da adoção
propagandas e campanhas de alfabetização entre outros. A um segundo momento
percebe-se que não se tem suporte econômico o suficiente para sanar essas
necessidades sociais, então a família volta ação, principalmente no governo de Stalin.
Além de outras perseguições como a homossexuais e políticos que não se alinhem aos
pensamentos do partido. Sendo que a teoria marxista se compreende como o comunismo
em âmbito global, o socialismo seria apenas parte de um processo em um país só. Algo
passageiro, pois não é possível sua sustentação nem na teoria, nem nas práxis como
podemos ver. A aplicação do socialismo vai ficar cada vez mais restringida a Rússia,
sendo essa característica clara na ascensão de Stalin e a aplicação do primeiro plano
quinquenal, por último é importante refletir sobre o verdadeiro peso da Revolução de
1917, como fez Carr no seguinte trecho:

“A Revolução Russa de 1917 ficou aquém os objetivos que ela mesma se fixou e
das esperanças que despertou. Sua História está cheia de falhas e é ambígua.
Mas ela tem sido uma fonte de repercussões mais profundas e duradouras, em
todo mundo, do que qualquer outro acontecimento dos tempos modernos. ”
(CARR, 1981. p.172)
REFERÊNCIAS

CARR, E, R. A Revolução Russa de Lenin a Stalin (1917 – 1929). Rio de janeiro: Zahar
ediçores,1981
FREITAS, Caio. A Revolução Russa. Rio de Janeiro: Bloch Editorês S.A .1967
GOLDMAN, W. Mulher, Estado e Revolução: política familiar e vida social soviéticas
(1917-1936). São Paulo: Boitempo, 2014
LUXEMBURG, R. A Revolução Russa. Petrópolis, RJ: Vozes. (Clássicos do
pensamento político) v.29, 1991
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
1999.
MARX, K.; ENGELS, F.; LLITCH, L. Manifesto do Partido Comunista; Teses de Abril. São
Paulo: Boitempo, 2017.
SCHNEIDER, G. U. (org.) A revolução das mulheres: emancipação feminina na Rússia
soviética: artigos, atas panfletos, ensaios. São Paulo, Boitempo, 2017.
REED, J. Os dez dias que abalaram o mundo. São Paulo, Brasil: Círculo do Livro S.A.
1919.
LENIN, V. L. Lenin e a Revolução de outubro: Textos escritos no calor da hora (1917
-1923). São Paulo: Expressão popular, 2017.

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