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Lealdade nas Atuais Relações de Trabalho

Lauro Antônio Lacerda d’Avila

1
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
Reitor
Aloysio Bohnen, SJ
Vice-Reitor
Marcelo Fernandes de Aquino, SJ

Instituto Humanitas Unisinos


Diretor
Inácio Neutzling
Diretora adjunta
Hiliana Reis
Gerente administrativo
Jacinto Schneider

Cadernos IHU
Ano 3 - Nº 14 - 2005
ISSN: 1806-003X

Editor
Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos
Conselho Editorial
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Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos
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Conselho Técnico Científico
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Prof. Dr. Castor M. M. B. Ruiz – Unisinos – Doutor em Filosofia
Dr. Daniel Navas Vega - Centro Internacional de Formação-OIT-Itália – Doutor em Ciências Políticas
Prof. Dr. Edison Gastaldo – Unisinos – Pós-Doutor em Multimeios
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Prof. Dr. José Ivo Follmann – Unisinos – Doutor em Sociologia
Prof. Dr. José Luiz Braga – Unisinos – Doutor em Ciências da Informação e da Comunicação
Prof. Dr. Juremir Machado da Silva – PUCRS – Doutor em Sociologia
Prof. Dr. Werner Altmann – Unisinos – Doutor em História Econômica
Responsável técnico
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Revisão
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Secretaria
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Editoração eletrônica
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Impressão
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Universidade do Vale do Rio dos Sinos


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Tel.: 51.590-8223 – Fax: 51.590-8467
www.unisinos.br/ihu

2
Sumário

Introdução................................................................................................................................... 4

1 O trabalho, o emprego e a lealdade............................................................................................ 5


1.1 A instituição emprego: surgimento e ocaso ...................................................................... 5
1.2 A tipologia humana na teoria geral da administração ....................................................... 7
1.3 O homem da empregabilidade......................................................................................... 9
1.4 A lealdade ........................................................................................................................ 12
1.5 A lealdade institucional.................................................................................................... 13

2 Expectativas e percepções dos sujeitos da pesquisa em suas relações de trabalho .............................. 18


2.1 Diretores e gerentes: caracterização e respostas ................................................................. 19
2.1.1 As respostas sobre as empresas.......................................................................................... 20
2.2 Empregados: caracterização e respostas ............................................................................ 22
2.2.1 Caracterização do sujeito pesquisado – empregados ...................................................... 22
2.2.2 As respostas sobre as empresas........................................................................................... 23
2.3 Ex-empregados: caracterização e respostas........................................................................ 27
2.3.1 Caracterização do sujeito pesquisado – ex-empregados.................................................. 27

3 Transição do conceito de lealdade e suas repercussões no ambiente estudado................................. 32


3.1 A lealdade antiga.............................................................................................................. 32
3.2 A nova lealdade............................................................................................................... 33
3.3 Contratos psicológicos no ambiente estudado – influências ............................................. 34

Conclusões e novos questionamentos............................................................................................... 36

Referências bibliográficas .............................................................................................................. 38

3
Introdução

Buscar explicações para o seu tempo é o obje- pesquisa na sociedade extramuros do ambiente
tivo do estudo de todo aquele que se propõe a acadêmico.
um maior aprofundamento dos conteúdos que Avaliar, assim, a importância atribuída à leal-
adquire em sua formação acadêmica. A reflexão dade institucional no contrato psicológico estabe-
da circunstância vivenciada é uma prática enri- lecido entre quem emprega e quem é empregado
quecedora que é motivada pelo espírito crítico e motivou as reflexões deste estudo, ora publicado
investigativo do estudante que não se contenta sob a forma de artigo, condensado da dissertação
apenas com a absorção e reprodutibilidade do apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
conhecimento. Administração da PUC-Rio, em outubro de 2000,
Vivemos um tempo de grandes transforma- como parte integrante dos requisitos para obten-
ções na sociedade e no ambiente competitivo ção do grau de Mestre em Administração.
das suas organizações em que o trabalho aconte- A lealdade institucional é um valor constituti-
ce sob as mais diferentes formas e significados. vo integrante das relações entre a empresa e os
Então, ao tempo que há tanta redução dos pos- seus empregados, nos contratos psicológicos por
tos de trabalho, que importância é dada à lealda- eles estabelecidos.
de institucional1 no contrato psicológico2 que se A abordagem é fenomenológica com prática
estabelece entre os trabalhadores formalmente hermenêutica aplicada ao fenômeno da mudança
empregados e as empresas que os empregam, organizacional, com foco na lealdade4, na expec-
quando estas empresas passam por processos de tativa de interpretá-la e perceber seu significado
aumento de produtividade e redução no nível de nas atuais relações de trabalho.
emprego3? Quanto aos fins a que se propõe este estudo
Localizar tal estudo em um maior conheci- pode ser categorizado como pesquisa descritiva
mento da realidade da região em que se vivem tais e/ou explicativa e quanto aos meios que se empre-
experiências, no dia-a-dia das organizações da re- ga para a coleta de dados, como pesquisa de cam-
gião, por certo contribui para institucionalizar a po, bibliográfica e documental.

1
Lealdade institucional – Conceito do valor moral lealdade, aplicado à ética do trabalhador de uma instituição, em relação à
sua conduta, procurando sempre fazer o melhor que possa no desenvolvimento do seu trabalho ao qual dá significado, en-
carando-o como uma causa à qual ele se associa.
2
Contrato psicológico – Acordo tácito entre as expectativas de quem demanda e de quem oferece trabalho. É um entendi-
mento entre o empregado (pessoa física) e a empresa (pessoa jurídica) de que as práticas, os direitos, os benefícios e as obri-
gações consagrados pelo uso serão respeitados e observados por ambas as partes.
3
Emprego – Instituição criada na Revolução Industrial que oferece segurança recíproca, entre o empregado e o emprega-
dor, da continuidade do trabalho contratado.
4
Lealdade – Valor moral que tem por base a perseverança, ou seja, a firmeza de ânimo na dedicação a uma causa à qual nos
associamos.

4
1 O trabalho, o emprego e a lealdade

O trabalho5 permite ao homem perceber as di- de que a maioria das espécies, desde o início dos
mensões de sua humanidade, ao mesmo tempo tempos, tenha se saído muito bem sem empre-
que o torna resolutivo, mantendo-o ocupado sua gos.” E ele continua, resgatando a gênese da ins-
faina diária na busca de soluções para os proble- tituição emprego:
mas, atendendo às suas necessidades e às de seus O conceito de emprego surgiu no começo do século
semelhantes. Sob este título, primeiro estão reu- XIX para englobar o trabalho que precisava ser feito nas
nidas referências que mostram a importância do crescentes fábricas e burocracias das nações em fase de
trabalho, os sentimentos, os valores e os relacio- industrialização. Antes de ter empregos, as pessoas tra-
namentos que ele origina entre as pessoas que o balhavam de maneira igualmente árdua, mas em grupos
mutáveis de tarefas, numa variedade de localizações, de
executam. Entre estas referências está a lealdade,
acordo com uma programação determinada pelo Sol,
que consiste no objeto destas reflexões. Assim, no pelo tempo e pelas necessidades do dia. O emprego mo-
início, este estudo trata do trabalho na história da derno foi uma nova idéia assustadora – para muitas pes-
humanidade, do surgimento e ocaso da institui- soas uma idéia desagradável e até mesmo socialmente
ção emprego, dos diversos tipos humanos classifi- perigosa. Seus críticos afirmavam que era um modo an-
cados na Teoria Geral da Administração, da em- tinatural e até desumano de se trabalhar. Previam que a
maioria das pessoas não seria capaz de conviver com as
pregabilidade6 e da lealdade.
suas exigências.
Os americanos até mesmo já se referiram ao emprego
como “escravidão assalariada” e o compararam com a li-
1.1. A instituição emprego: surgimento berdade e a segurança do agricultor e do artesão. Mas, o
e ocaso que se iniciou como controvérsia tornou-se a derradeira
ortodoxia: somos viciados em empregos (1995, Prefá-
cio, p. XIV-XV).
Trabalhar é um comportamento que tem
acompanhado o homem desde as suas primeiras Buscamos a segurança, advinda de um esta-
manifestações culturais. O ato de produzir, do estável que já não existe mais, uma referên-
transformar, criar soluções, é inerente à condi- cia para a redução das incertezas do instante se-
ção de sobrevivência do ser humano. Ele prevê e guinte, de modo a aumentar a previsibilidade
provê por meio do trabalho. O trabalho é, por- do amanhã.
tanto, um ato. O emprego, no entanto, é mais Maslow (1975) propôs uma teoria da motiva-
recente e é tão-somente uma condição para que ção segundo a qual as necessidades humanas estão
o ato de trabalhar aconteça. É uma das condi- organizadas e dispostas em níveis, numa hierar-
ções, e não a condição. Bridges diz que o “em- quia de importância e de influência. Ele vê a segu-
prego é um artefato social, embora esteja tão ar- rança entre as necessidades primárias, conside-
raigado em nossas consciências que a maioria de rando-a como a precaução no que diz respeito à
nós se esqueceu de sua artificialidade ou do fato privação.

5
Trabalho – Ação consciente de elaborar ou transformar algo, de modo que tal ação possa atender necessidades próprias ou
de outrem.
6
Empregabilidade – Condição de quem consegue estabelecer relações de trabalho de acordo com o conhecimento e habili-
dades que possui, que o diferenciam, conferindo a este trabalhador assim dotado, vantagem competitiva em relação a ou-
tros que se candidatam a executar as mesmas atividades.

5
McGregor é citado por Caravantes (1998, p. Há mais de 3,5 milhões de brasileiros desempregados
73), ao comentar as repercussões da falta no aten- nas capitais de São Paulo, Recife, Rio Grande do Sul,
Salvador, Belo Horizonte, mais o Distrito Federal, re-
dimento da necessidade de segurança, categoriza- giões em que o Departamento Intersindical de Estatísti-
da por Maslow, destacando aspectos extrema- ca e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e a Fundação
mente relevantes a serem considerados nas atuais Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) apuram a
relações entre empregados e empresa: Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). As infor-
mações constam da sexta edição do Anuário dos Traba-
Não é preciso frisar que as necessidades de segurança lhadores 2005, lançada hoje pelo Seade, que, pela se-
podem ter grande importância na empresa, pois é cla- gunda edição seguida, vem sendo realizada em convênio
ro que todo empregado industrial está em relação de com o Ministério do Trabalho. Os dados são de 2004.
dependência. Ações administrativas arbitrárias, com- Segundo os dados, em Salvador e Recife, a população
portamentos que provoquem incerteza no empregado enfrenta mais dificuldade para encontrar uma vaga,
com respeito à sua permanência no emprego, ou que principalmente quando se trata de emprego formal.
reflitam favoritismo ou discriminação, bem como po- Essas regiões oferecem também as menores taxas de
lítica administrativa imprevisível, podem ser podero- renda. Já na capital de São Paulo, o estudo apontou que
sos motivadores de necessidade de segurança nas rela- o candidato leva até 13 meses para encontrar um novo
ções de emprego em todos os níveis, do operário ao emprego.
vice-presidente. Conforme consta no anuário, a indústria paulista que
abrigava 33% dos ocupados em 1989 passou a respon-
Sobre o mesmo tema, Wilheim (1976, p. der por 19% dos empregos ano passado.
135), ao comentar o conceito de qualidade de A renda dos empregados perdeu significativa participa-
vida, diz: ção no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos.
Em 2004, a fatia era de 35,6% do PIB, enquanto, em
O terceiro fator determinante é a segurança básica, en-
1984 (último dado que o Dieese tem, considerando da-
tendida (...) como a garantia de um emprego; este é bá-
dos do IBGE), era de 46,7%. Já a participação do lucro
sico por permitir um grau mínimo de subsistência (as-
das empresas, em 2004, respondeu por 45% do PIB.
pecto econômico); mas também é importante por con-
A diferença de distribuição de renda da população con-
ferir ao indivíduo adulto um grau mínimo de reconhe-
tinua forte. Em 2003 – últimos dados disponíveis –, a
cimento social, um papel a desempenhar na sociedade.
renda dos 10% brasileiros mais ricos respondeu por
Como essas, podemos encontrar outras tantas 46,1% do PIB, enquanto a fatia dos 10% mais pobres foi
apenas de 0,7% do PIB, voltando ao patamar de 1993.
afirmações sobre a importância do emprego para
atender à necessidade básica do trabalhador, de Rifkin (1995) sugeriu que se deixasse de lado a
modo que ele possa organizar a sua vida na comu- ilusão de retreinar para cargos já inexistentes. Ele
nidade em que vive. alertava à época para a necessidade de haver uma
Entretanto, esta instituição estabelecida para preparação para um mundo que está eliminando
criar as condições estáveis de um novo tipo de socie- a instituição emprego. Este autor tem comentado
dade mais urbana e organizada a partir da ênfase o desafio que se apresenta e chama à ação todos
industrial do modo de produção, está acabando. que se propõem à uma atitude construtiva que
O problema do desemprego está todo o dia aumente o bem-estar e o nível de qualidade de
nas manchetes. Não obstante algumas notícias re- vida em nossa sociedade, pois estamos vivendo
centes sejam alvissareiras e mostrem percentuais em um mundo praticamente sem trabalhado-
de crescimento do emprego, recente informação res-empregados. Gonzaga Jr.8 expressou, na lin-
do InvestNews7 dimensiona o tamanho atual guagem poética da música popular, o perfil de
deste problema acumulado: tantos destes guerreiros contemporâneos:

7
<http://www.investnews.com.br/ultimasnoticias/default.asp?id_editoria=2232&id_noticia=523189> Acesso em: 20 ago.
2005.
8
GONZAGA Jr., Luís. Um homem também chora (Guerreiro Menino). In: Cavaleiro Solitário (Ao vivo). Manaus, Si-
gla/SomLivre, 1993. 1 CD com 12 faixas (50 minutos), faixa 3, (64979121) 4 minutos.

6
É triste ver este homem/ Guerreiro/ Menino/ Com a tração precisava adotar o método científico na re-
barra do seu tempo por sobre seus ombros/ Eu vejo que solução do problema da eficiência nas empresas.
ele sangra/ Eu vejo que ele berra/ A dor que traz no pei-
to/ (...) Um homem se humilha/ Se castram seus so-
Surgem, então, teorias ditas científicas, que estu-
nhos/ Seu sonho é sua vida/ E vida é trabalho/ E sem o dam a padronização de ferramentas, medem os
seu trabalho/ Um homem não tem honra/ E sem a sua tempos e movimentos e, fundamentalmente, de-
honra/ Se morre/ Se mata. terminam padrões de desempenho para a menor
Com certeza, buscar mais conhecimento e unidade de trabalho: a tarefa. Na busca de uma
oferecer alternativas de solução a esta problemáti- abordagem prescritiva que universalizasse a me-
ca é tarefa para todos nós, principalmente aqueles lhor maneira de se alcançar à eficiência desejada,
que acreditam no homem e na sua capacidade de surge um conceito que caracteriza o tipo humano
sempre vencer as dificuldades que, de tempos em adequado àquela teoria: o homem econômico.
tempos, surgem, e que nos desafiam a dar conti- Este conceito configura uma redução do homem,
nuidade à nossa condição humana. na medida em que o percebe apenas como um re-
Vergara (1999, p. 23), ao falar da mudança curso, unicamente motivado por recompensas sa-
nas organizações no Pós-modernismo, fazia men- lariais, econômicas e materiais. Em outros ter-
ção a valores emergentes e se propunha a divi- mos, o homem trabalha, não porque é da sua na-
di-los em dois grupos: “O primeiro conjunto diz tureza fazê-lo, mas porque é um meio de ganhar
respeito ao desejo de maior participação pessoal, dinheiro e um meio de troca para satisfazer suas
expressa pelo exercício de direito e responsabili- necessidades. O homem, assim compreendido, é
dades. O segundo está relacionado à realização do motivado a trabalhar por receio de passar por pri-
potencial humano”. Sem dúvida é um renascer de vações em suas necessidades básicas. Deste modo,
valores humanistas e, sobretudo, uma busca in- as recompensas e o salário baseado na produção
terna que leva as pessoas à maior auto-suficiência influenciam profundamente os esforços do indi-
e menor intermediação para as suas realizações. víduo no trabalho, fazendo com que ele atinja o
máximo de produção de que é fisicamente capaz
para obter o maior ganho possível.
1.2. A tipologia humana9 na teoria geral Com a abordagem denominada humanística,
da administração após os experimentos realizados no bairro de
Hawthorne de Cícero, na cidade americana de
A Teoria Geral da Administração apresenta Chicago, coordenados pelo professor Elton
oito tipos humanos, concepções sobre o homem, Mayo, da Universidade de Harvard, surge uma
característicos a cada uma de suas abordagens. nova concepção sobre as pessoas e as suas motiva-
Após um longo período da história da huma- ções: o homem social. Para os autores desta teo-
nidade em que as organizações eram administra- ria10, as recompensas materiais eram secundárias
das com base no conhecimento construído pelo na motivação do trabalhador. Para eles, as pessoas
método da tentativa e erro, chegou-se, no início são motivadas, fundamentalmente, pela necessi-
do século, a um nível de ineficiência insuportável dade de reconhecimento e de aprovação em sua
nas organizações, notadamente nas fábricas. Nes- participação na dinâmica realizadora dos grupos
ta época, surge o entendimento de que a adminis-

9
Tipologia humana – Refere-se aos tipos característicos, descritos na Teoria Geral da Administração, que correspondem à
concepção do homem em cada uma das abordagens que a compõem.
10
Figuram como principais autores da Teoria das Relações Humanas os cientístas sociais: George Elton Mayo (1880-1949);
Kurt Lewin (1890-1947); Fritz J. Roethlisberger (1898-1974); George C. Homans; Robert Tannenbaum; Ronald Lip-
pit; Ralph K. White; Norman R.F. Maier; T.N. Whitehead; R.P. French; Dorwin Cartwright; Leon Festinger; Alex
Bavelas; Musapher Sheriff; Irving Knickerbocker; Fred Massarick; Burleigh B. Gardner; Moris S. Viteles; Alvin Zander
e L. Coch.

7
sociais nos quais se inserem, nas relações profis- fazer, mas o modo satisfatório entre aqueles que
sionais e particulares que mantêm. conseguiu comparar dentro da situação em que se
Na abordagem neoclássica, ou também deno- encontra, que está ao seu alcance. É uma expecta-
minada Escola do Processo Administrativo, a ên- tiva mais benevolente, pois esse tipo humano tra-
fase passa para a ação realizadora e para o alcance balha com a relatividade dos resultados: não o
de resultados esperados. Nesta concepção emi- melhor, mas o adequado; não o ótimo, mas o
nentemente pragmática da administração, está o razoável.
conceito de homem prático, ou seja, aquele que Com a Teoria dos Sistemas, surge o homem
se motiva unicamente para o ato do fazer cons- funcional. A expectativa passa a ser a de que o in-
tante. O homem prático está, assim, voltado à divíduo desempenhe as suas atividades, inter-re-
ação, orientado para os objetivos que lhes são lacionando-se com os demais indivíduos, como
estabelecidos. um sistema aberto. Da troca que assim se estabe-
Na abordagem estruturalista, que explica a lece, reforça-se ou altera-se o papel do indivíduo.
moderna sociedade de organizações pelas relações Nessa maneira de entender o homem, as organi-
intra e interorganizacionais, surge nova concep- zações são sistemas constituídos pelos papéis de-
ção de tipo humano: homem organizacional. sempenhados pelas pessoas que a compõem e pe-
Esse conceito abre mais espaço para o homem ao las suas inter-relações.
percebê-lo de acordo com diferentes papéis que Com o movimento conhecido como Desen-
ele desempenha nas diversas organizações das volvimento Organizacional, nos anos 1960, uma
quais participa direta ou indiretamente. O ho- coleção de instrumentos foi posta a serviço da ad-
mem, assim compreendido, para ser bem-sucedi- ministração, numa tentativa de tornar aplicável o
do, deve possuir algumas características de perso- conhecimento da abordagem comportamental.
nalidade descritas por Whyte (1966, p. 435): Surge, então, para os autores que participaram
“deve ser flexível frente às mudanças; deve ter to- deste movimento11, o conceito de homem orgâ-
lerância às frustrações que atingem o seu emocio- nico, ou seja, aquele que passa a se descobrir por
nal; deve também ter capacidade de adiar as re- suas complexas e mutáveis necessidades.
compensas e ter um permanente desejo de reali- Finalmente, a partir da abordagem contingen-
zação.” Ou seja, com a complexidade das organi- cial, última teoria descrita como tal, surge o tipo
zações e, em meio a elas, o homem molda-se e humano denominado o homem complexo, uma
precisa ter um comportamento previsível e politi- concepção que descreve o homem como um siste-
camente correto. Tem livre-arbítrio, mas, se qui- ma complexo de percepções, valores, característi-
ser destacar-se, deve condescender e moldar-se ao cas pessoais e necessidades dentro da contingên-
que esperam dele. cia em que este homem atua. Tal tipo humano
Já com a abordagem comportamental, surge o funciona nos moldes de um sistema, mantendo o
conceito do homem administrativo, aquele cujo equilíbrio de seu interior ante as exigências que
comportamento não é otimizante, mas satisfa- são feitas pelo ambiente externo. Sua resposta a
ciente, termo introduzido por Simon, em 1945, estas demandas externas consiste em um compor-
para caracterizar o homem que considera suas sa- tamento situacional no qual se configura um
tisfações, contentando-se com o que está ao seu aprendizado permanente com base nas trocas de
alcance, mesmo que seja o mínimo, mas que, no informação e das soluções que ele vai encontran-
momento em que a ação estiver sendo executada, do para superar as suas dificuldades.
pode ser o máximo ou, dito de outro modo, As mudanças em curso estão exigindo que se
quando dele não se espera a melhor maneira de formule outra concepção para o homem. O novo

11
Figuram como principais autores do movimento denominado Desenvolvimento Organizacional os cientistas sociais: Ri-
chard Beckhard, Leland Bradford, Edgar Schein, Warren G. Bennis, Paul R. Lawrence e Jay W. Lorsch.

8
conceito deve responder ao paradoxo que se esta- indicam aspectos qualificativos de um bom funcio-
belece pela fugacidade dos valores da sociedade nário: responsabilidade, lealdade e iniciativa. Este
versus a demanda das organizações por caracterís- autor, portanto, afirma que uma das qualidades
ticas de resiliência12 diante da velocidade das mu- intrínsecas da empregabilidade é a lealdade.
danças e a consiliência13, como a característica in- Motta (1997) explica as transformações no
tegradora do multiespecialista, exigências que o ambiente das organizações. Segundo ele, a “pro-
homem contemporâneo deve atender para ser dutividade mais elevada convive com a ansiedade
bem sucedido. Tudo isso lhe confere a condição quanto ao emprego e à própria sobrevivência”
de empregabilidade, ou seja, um status que ele (1997, p. 17). Mais adiante, assevera que
passa a ter pelos conhecimentos úteis que possui o mundo do trabalho será intermitente e instável, e as
e que lhe conferem vantagem competitiva ante empresas nada oferecerão que incentive a lealdade e a
outros que se candidatam a realizar o mesmo tra- cooperação dos funcionários. Restringe-se a lealdade e a
balho. Quanto à relevância do serviço que ele possibilidade de cooperação pela diminuição do senti-
presta, ela está na razão direta da agregação de do de pertencer (...) Aos poucos, se poderá romper toda
a construção do século XX sobre a interação humana no
valor ao processo no qual ele desenvolve o seu
ambiente de trabalho e a busca da cooperação e conver-
trabalho, e esta agregação tem por base o nível de gência do empregado com a empresa. Sem perspectivas
conhecimento de quem o executa. São novos dentro da mesma empresa, a vida profissional será cen-
tempos, e o novo conceito de homem que está se trada no indivíduo. Em princípio, cada pessoa conquis-
desenhando carece de estudos que lhe tracem o tará o próprio futuro através da capacidade atualizada e
perfil. excelência no desempenho. Carreira significará admi-
nistrar a própria vida pessoal e profissional, cuidando
do auto-aperfeiçoamento, dos relacionamentos profis-
sionais e da vida financeira com poupança adequada ao
1.3. O homem da empregabilidade trabalho intermitente (...) não se oferecerão empregos,
e, sim, posições temporárias a serem disputadas por cri-
Numa tentativa de delinear a nova concepção térios de empregabilidade (...) centraliza a responsabili-
que as relações de trabalho14 estão assumindo, dade pelo emprego no indivíduo e não na empresa. Se-
gurança de emprego estará na autoconfiança, na pró-
Minarelli (1995, p. 11) propõe que: pria capacidade de aprendizado constante, na habilida-
Empregabilidade é a condição de ser empregável, isto é, de de desempenhar novas tarefas e na adaptação a varia-
de dar e conseguir emprego para seus conhecimentos, ções do mercado. Neste sentido, empregabilidade refor-
habilidades e atitudes intencionalmente desenvolvidas ça a visão da competência permanente, atualizada e de
por meio de educação e treinamento sincronizados com responsabilidade da própria pessoa (1997, p. 21-2).
as novas necessidades do mercado (...) Um profissional
com empregabilidade tem suas chances de atuação am- Kanter (1997) sugere que a melhor estratégia
pliadas pela grande atratividade que exerce em contra- para as empresas e para os empregados é buscar a
tantes potenciais, devido à sua contribuição ajustar-se empregabilidade. A autora a denomina “a segu-
às novas demandas empresariais. rança da empregabilidade”. Ao adotar este con-
ceito, deve-se investir num composto que ela de-
Já Muller (1996), ao propor o conceito de em-
nominou os 3 C’s: conceitos, competência e co-
ployeeship15, define três elementos essenciais que
nexões. “Se a segurança não vem mais de estar

12
Resiliência – Termo que foi apropriado da metalurgia que, por analogia, expressa a capacidade que os indivíduos têm de
enfrentar a mudança sem despersonalizarem-se, mantendo sua capacidade funcional.
13
Consiliência – Termo que expressa a unidade do conhecimento, proposto pela primeira vez em 1840 por Whewell (apud
Wilson). Ao trabalhador contemporâneo se exige cada vez mais esta capacidade de integrar vários saberes qualificados para
soluções mais abrangentes aos fatos da realidade a ser estudada e trabalhada.
14
Relações de trabalho – Trocas interpessoais que se estabelecem nos planos formal e informal entre quem demanda e quem
oferece trabalho.
15
Employeeship – Termo da língua inglesa que expressa a capacidade do trabalhador de se tornar empregável.

9
funcionário, precisa vir da capacidade de ser em- segunda, a lealdade está mais para um entendi-
pregável” (1997, p. 332). Nesta lógica, o que tor- mento do quanto a empresa lhe dá condição de
na uma empresa interessante para um candidato a trabalho, trata-o bem, entre outros benefícios re-
emprego é sua capacidade de oferecer oportuni- conhecidos pelo empregado leal e condescenden-
dades de aprendizado. Neste caso, o desafio de te; na última concepção de lealdade, há o enten-
novos e relevantes projetos torna-se mais impor- dimento do homem extremamente utilitário e
tante que os benefícios e o emprego vitalício. subjugado. Em função de sua lealdade, ele é ins-
Na tentativa de compreender um pouco mais trumento da dominação de quem o emprega por
a expectativa da empresa sobre a lealdade dos seus sua distância aceita do poder.
trabalhadores, Mowday (1982) sugere que, na Morin (1990) organiza as expectativas possí-
ocasião do recrutamento de seus empregados, a veis entre a empresa, os gerentes e os emprega-
organização deve selecionar, considerando o tipo dos em um quadro demonstrativo que, segundo
de lealdade que ela espera de seus novos trabalha- ele, serve como um checklist, ou seja, reúne li-
dores. Ele identifica três tipos de lealdade: a ideo- nhas de orientação para uma discussão madura
lógica, a afetiva e a instrumental. Na primeira, entre os empregados e os seus superiores na em-
tem de haver uma identidade de propósitos entre presa, de modo a deixar explícitas as expectativas
o ideário da empresa e o seu novo empregado; na recíprocas.

Figura 1: Expectativas Possíveis entre Empresa, Gerentes e Empregados


Expectativas da empresa em Expectativas dos gerentes em Expectativas dos empregados Expectativas dos empregados
relação aos empregados relação aos empregados em relação à empresa em relação aos gerentes
Chegue na hora. Cumpra tarefas com eficiên- Promova um ambiente de Deixe claras as tarefas do
cia, de maneira atenta. trabalho seguro e confortável. empregado.
Seja produtivo o dia todo. Compreenda os parâmetros Persiga políticas de negócio Esteja disponível para os
do emprego e trabalhe com que conduzam ao crescimen- empregados para perguntas
estas orientações. to da estabilidade financeira. e instruções.
Mantenha uma atitude de Mantenha o gerente infor- Pague os empregados em Queira empregado para su-
trabalho positiva. mado de assuntos necessá- dia, conforme o acordado. cedê-lo.
rios ao negócio.
Tanto quanto possível apóie Venha ao gerente com ques- Persiga políticas que encora- Mantenha os empregados
e acredite nos produtos e tões e preocupações. jem a saúde, por exemplo, informados sobre a situação
serviços da empresa. férias. do negócio.
Pense sobre o negócio e este- Ofereça retorno (feedback) Oportuniza o progresso e o Avalie o desempenho em ba-
ja desejoso de fazer sugestões no desenvolvimento de pro- aprendizado. ses justas e no tempo certo.
para o desenvolvimento de dutos e serviços.
um modo positivo.
Seja solidário com os cole- Mantenha-se atualizado com Mantenha os empregados Proponha metas e objetivos
gas. as mudanças na profissão. informados da situação do razoáveis e busque o consen-
negócio. so dos empregados.
Tenha tempo limitado para Não espalhe notícias aos co- Não difame os empregados Desenvolva trabalho de ori-
assuntos pessoais e dias de legas dos conflitos com o ge- ou aja de maneira intimida- entação ao invés de simples-
doença. rente. tória. mente avaliação da perfor-
mance dos empregados.
Continue a se desenvolver Mantenha o gerente infor- Informe os empregados de Respeite a dignidade dos
na carreira e nas habilidades mado de questões pessoais à todos os assuntos que pos- empregados.
profissionais do seu trabalho medida que elas afetem o sam afetar as suas carreiras.
por conta própria. negócio.
Fonte: MORIN, William J., 1990, p. 34 (Tradução livre do autor deste estudo)

10
Já Thomas Jr. (1997, p. 38) define o contrato pela articulação dos subsistemas dos líderes e dos
psicológico como “as expectativas mútuas do in- liderados, e pelo espaço do “pessoal”. Para estes
divíduo e da organização conforme articuladas autores:
por seus gerentes”. Este autor prossegue afirman- A coesão social no Brasil está sujeita a uma ética pessoal,
do que o “contrato indivíduo-organização é de- que se manifesta pela lealdade às pessoas. O membro do
nominado psicológico porque a maior parte dele grupo valoriza mais as necessidades do líder e dos outros
não é escrita ou falada”. Ele aponta várias razões membros do grupo do que as necessidades de um siste-
para isso. De todas as apresentadas, evidencia-se ma maior no qual está inserido. O mecanismo, portan-
to, de ampla interligação entre os vários grupos de uma
que ambos estão deixando espaço para o melhor
sociedade está centrado na pessoa, essencialmente nos
encaixe de suas expectativas, sem a delimitação líderes (1997, p. 65).
antecipada.
Com o objetivo de promover a inserção da São bem aceitas, entre nós, as decisões advin-
ação cultural brasileira em um estilo de gestão das das lideranças. Ao líder é confiada a tarefa de
próprio ao nosso ambiente organizacional, Bar- decidir pelo grupo. Aceitamos, com muita tran-
ros e Prates (1996) propuseram um modelo sistê- qüilidade, a idéia de que alguém deve decidir, e
mico, composto por quatro subsistemas: o insti- por certo o faz, pensando por nós.
tucional16, o pessoal, o dos líderes e o dos lidera- A coesão em grupos sociais com baixo índice
dos. A interdependência destes subsistemas ofere- de individualidade se dá pela aceitação da distân-
ce grande consistência ao modelo e permite com- cia em relação ao poder. Na sociedade, é comum
preender as peculiaridades do estilo de gestão bra- ouvirmos a expressão “voto de confiança”. Existe
sileiro. Em suas quatro interseções, encontramos lealdade ao líder, e essa confiança atribuída reduz
traços culturais comuns caracterizados pela con- a incerteza e torna possível assumir o desconheci-
centração de poder, pelo personalismo, pela pos- do futuro, pois “estamos em boas mãos”. Na bra-
tura de espectador e pela evitação de conflito. O silidade, característica nossa, aceitamos estas prá-
modelo subdivide-se ainda mais, definindo traços ticas, e elas têm dado a oportunidade do perigoso
culturais especiais, responsáveis pela não-ruptura conforto de aguardar as soluções que serão en-
do sistema como um todo. Estes traços são: o pa- contradas por aqueles que merecem lealdade. Na
ternalismo, a lealdade às pessoas, o formalismo e a condição de conforto, dizem os autores Barros e
flexibilidade. Da combinação, em grau e natureza Prates (1996, p.66): “é forte a nossa realidade de
dos traços culturais comuns e especiais, dão-se as privilegiar o estar, o relacionamento, a qualidade
possibilidades de modulação, bem como a consis- de vida”. Como canta o poeta maior:
tência do modelo. Especificamente para este estu- Um velho calção de banho/O dia pra vadiar/ Um mar
do, é interessante identificar a base do subsistema que não tem tamanho/ E um arco-íris no ar/ Depois na
de pessoal, uma vez que lá se observa a existência Praça Caymmi/Senti preguiça no corpo/E numa esteira
de segurança e harmonia. Em sua constituição, o de vime/Beber uma água de coco/É bom/ Passar uma
subsistema tem a categoria do personalismo, além tarde em Itapoan/Ao sol que arde em Itapoan/Ouvindo
o mar de Itapoan/ Falar de amor em Itapoan/.../E com
da lealdade pessoal e do traço cultural da evitação o olhar esquecido/No encontro de céu e mar/Bem de-
de conflito. A lealdade pessoal é a contrapartida vagar ir sentindo/A terra toda rodar/ (...) /E nos espaços
do subsistema “pessoal” ao formalismo do subsis- serenos/Sem ontem nem amanhã/
17

tema “institucional” e, como tal, é a responsável

16
Institucional – Relativo a uma estrutura organizacional com relativa permanência e identificada pelo valor de seus códigos
de conduta legitimados e credibilizados pela comunidade que, com ela, estabelece relacionamentos de diversos níveis.
17
MORAES, Vinicius de;. Toquinho e MEDALHA, Marília. “Tarde em Itapoan” In: Moraes, Vinícius e Toquinho. Como di-
zia o poeta... São Paulo. RGE, 1971. 1 LP com 12 faixas (45 minutos):33 1/3rpm, faixa 1, lado A (4 minutos).

11
1.4. A lealdade energia espiritual que flui dentro de nós a partir do ob-
jetivo que criamos, para o propósito que buscamos.
Bennett (1995, p. 431), em sua antologia so- Ou seja, ser leal é estar comprometido com
bre valores morais formadores do caráter das pes- algo em que acreditamos. E, se acreditamos, que-
soas, assim concebe a lealdade: remos que continue, queremos conservar aquela
A lealdade é a marca da constância, da solidez dos elos crença, aquele estado estável criado no grupo. A
com as pessoas, grupos, instituições e ideais a que deli- condição de estabilidade assim compreendida
beradamente nos associamos. Ser um cidadão e um tem sido fugidia. A mudança tem sido a norma.
amigo leal significa agir com atenção e seriedade para Nunca, como em outro tempo, o pensador grego
com o País e os amigos. É muito diferente de estar sem-
pre de acordo com as instituições. A lealdade opera
Heráclito18 foi tantas vezes lembrado por suas
num nível bem mais elevado. idéias sobre a mudança permanente.
Schön (1971) foi um dos primeiros a falar so-
Follett (1997, p. 270), falando sobre o indiví- bre a perda do estado estável e a propor os siste-
duo na sociedade, nos deu o seu entendimento mas de aprendizagem, uma vez que esta estraté-
sobre a lealdade: gia, tanto para o indivíduo quanto para a coletivi-
À medida que este verdadeiro propósito se desenvolve, a dade, é a que o faz sobreviver em um ambiente de
lealdade passa a existir. A lealdade é despertada durante mudança permanente. É forte aquele que apren-
e pelo mesmo processo que cria o grupo. O mesmo pro- de, que tem mais conhecimento e, portanto, tem
cesso que organiza o grupo, o impulsiona. Não pode- alternativas para a circunstância. Vejamos o que
mos “desejar” ser leais. Nossa tarefa não é “encontrar”
razões para despertar nossa lealdade, mas para viver nos-
Schön escreveu a respeito:
sa vida plenamente e a lealdade surgir. Uma causa não Um devir dentro da própria vida é uma forma de crença
nos diz respeito ou nos a ela, se temos de “encontrá-la” a qual eu chamaria de estado estável. Acreditar no estado
de forma fortuita... Lealdade é um desejo coletivo que estável é acreditar na imutabilidade, na constância dos
não criamos e do qual, portanto, não somos parte inte- aspectos centrais de nossas vidas, ou acreditar que nós
grante, é escravidão. Pertencemos à nossa comunidade podemos alcançá-la de modo constante. Crer no estado
apenas no que diz respeito a estarmos ajudando a cons- estável é forte e profundo em nós. Nós institucionaliza-
truir esta comunidade; então a lealdade surge, então o mos este estado em cada zona de influência de nosso do-
amor surge. Lealdade significa consciência da unidade, a mínio social. Nós fazemos isso, não obstante o nosso dis-
completa percepção de que temos sucesso ou fracasso, vi- curso sobre a mudança, nossa aparente aceitação da mu-
vemos ou morremos, estamos salvos ou condenados jun- dança e nossa concordância em dinamizá-la. O discurso
tos. A única unidade de comunidade é aquela feita de nós sobre mudança é, na maior parte, uma fala sobre peque-
mesmos, por nós mesmos. (Mesmo numa relação entre nas mudanças, triviais em relação à massiva e inquestio-
dois, eu não sou fiel à outra pessoa, mas à minha concep- nável estabilidade (...) Além do mais, falar sobre mudan-
ção da relação no todo. A lealdade é sempre para com a ça é um substituto para não se comprometer com ela. A
idéia do grupo, não para com as pessoas do grupo. Isso crença no estado estável traspassa tudo. Nós acreditamos
deve mudar nossa idéia a respeito de patriotismo). na estabilidade das organizações e instituições nas quais
Assim, o processo social é um processo totalmente nós trabalhamos (Eu trabalho para a General Eletric) e
abrangente e auto-suficiente. O impulso vital que é na estabilidade do nosso status ou papéis dentro destas
produzido por todas as influências do grupo, que inte- organizações (Eu sou um gerente financeiro) e na estabi-
ragem de forma recíproca, é também, em si, o poder ge- lidade da ideologia associada a elas (1971, p. 9-10).
19

rador e vivificador. A unidade social não é uma concep-


ção estéril, mas uma força ativa. É um processo duplo – No ambiente da empresa, esta mudança cons-
a atividade que faz surgir a unidade e a atividade que tante cria oportunidades ao mesmo tempo que gera
surge a partir da unidade. Não existe melhor exemplo insegurança e enseja o fim da previsibilidade, pre-
para a força centrípeta e centrífuga. Todas as forças que
estão armazenadas na unidade prosseguem eternamente
sente nas relações de causa e efeito. O momento se-
em atividade. Criamos o desejo comum e sentimos a guinte não apresenta uma certeza, mas uma proba-

18
HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998.
19
Tradução livre do autor.

12
bilidade. E o homem tem dificuldade de adaptação dade para um propósito definido – criar um am-
a este ritmo frenético, pois passa a necessitar de mais biente de ganho na organização.
uma capacitação, ante a freqüência e a velocidade
das mudanças – a resiliência. Segundo Conner
(1995, p. 6), “resiliência é a capacidade de absorver 1.5. A lealdade institucional
altos níveis de mudança, demonstrando um com-
portamento disfuncional mínimo”. Nas carteiras profissionais, nos anos 1970, ha-
Maslow (2000, p. 285-6) escreveu este co- via o seguinte texto:
mentário sobre o ambiente das organizações que Por menos que pareça e por mais trabalho que dê ao in-
estudou, enfocando a obtenção da produtividade teressado, a carteira profissional é um documento indis-
de empregados a partir de estratégias gerenciais pensável à proteção do trabalhador.
de curto e de longo prazo. Segundo ele: Elemento de qualificação civil e de habilitação profissio-
nal, a carteira representa também título originário para a
O problema dos contadores é arranjar uma forma de colocação, para a inscrição sindical e, ainda, um instru-
colocar no balancete os valores humanos da organiza- mento prático do contrato individual de trabalho.
ção: ou seja, a sinergia; o nível de educação de todos os A carteira, pelos lançamentos que recebe, configura a
trabalhadores da organização; o tempo, o dinheiro e o história de uma vida. Quem a examinar, logo verá se o
esforço investidos para fazer com que grupos informa- portador é um temperamento aquietado ou versátil; se
is trabalhem juntos como uma equipe de basquete; o ama a profissão escolhida ou ainda não encontrou a
desenvolvimento da lealdade; a redução da hostilidade própria vocação; se andou de fábrica em fábrica, como
e do ciúme (...) Mas me disseram que isso é muito fácil uma abelha, ou permaneceu no mesmo estabelecimen-
de ser feito em qualquer situação empresarial – é mui- to, subindo a escala profissional. Pode ser um padrão de
to fácil mostrar lucro em um período de tempo, esgo- honra. Pode ser uma advertência (1971, p. 4).
tando os bens, não construindo para o futuro, desper-
diçando valores humanos que não são contabilizados Esta mensagem pertence ao passado, uma vez
pelos contadores – lealdade, boas atitudes em direção que a permanência no emprego não é hoje a reali-
aos supervisores e em direção aos gerentes, e coisas do
dade da maioria dos trabalhadores. Àquela época,
gênero.
por certo, refletia uma expectativa de estabilidade
Bardwick (1998, p. 134) define entitlement de ambas as partes. Ainda hoje, a lealdade é a tô-
como “uma atitude de pessoas que assumem um nica esperada nas relações empresa-empregado?
modo de encarar a vida de não ter que fazer jus Estará a instabilidade determinando novos valo-
àquilo que recebem. Crêem que obtêm alguma res éticos na relação entre os empregados e a em-
coisa, porque ela lhes é devida. Recebem o que presa que os emprega, especificamente, quanto à
querem pelo que são e não pelo que realizam.” lealdade institucional?
Para sair desta zona de conforto, nociva para o Tyson (1995), em um estudo comparativo en-
empregado, para a empresa e para a economia do tre diferentes épocas, mostra a reciprocidade en-
país, ela propõe uma estratégia de pressão dos ge- tre o indivíduo e a empresa. O seu trabalho apre-
rentes, visando a aumentar a produtividade pelo senta três diferentes contratos psicológicos. Nos
desenvolvimento de ações de trabalho real e de- anos 1970, o indivíduo oferece lealdade, condes-
sempenho real, a ser recompensado em razão do cendência e bom comportamento e, em contra-
risco permanente. Sair de um hábito de acomo- partida, a organização que o emprega, passa a ofe-
dação, de medo de arriscar para uma atitude desa- recer segurança, promoção e proteção. Nos anos
fiadora de buscar resultados significativos. Visa a 1990, o indivíduo passa a oferecer accountabi-
canalizar energia do empregado e da sua criativi- lity20, flexibilidade e expediente prolongado – é a

20
Accountability – Termo da língua inglesa que expressa a idéia de responsabilidade objetiva que se tem por algo, não pelo
dever de obediência como na administração tradicional, mas por consciência de compromisso com a coletividade da qual
se faz parte.

13
cultura da eficiência, do suor. Em contrapartida, assim, a lealdade não à empresa, mas a si mesmo;
a empresa oferece-lhe um bom cargo acompa- comprometimento, não com a organização, mas
nhado, normalmente, de alto salário. Na segunda com a tarefa” (1997, p. 344). Desse modo, com
década do novo século, os indivíduos, na sua esta forma de se posicionar diante da realidade
maior parte, oferecerão capacidade de aprendiza- competitiva do mundo do trabalho contemporâ-
gem, capacidade de administrar estresse e grande neo, os trabalhadores têm cuidado mais de si
interesse na qualidade de vida. A empresa desse mesmos, da sua carreira, da sua empregabilidade.
tempo futuro, em contrapartida, deverá oferecer Escolhem os empregos mais pelas oportunidades
empregabilidade, contratos flexíveis e recompen- de aperfeiçoamento e de aprendizagem do que
sas individualizadas. pelos benefícios e expectativa de segurança. E, se
Drucker (1993, p. 147), por sua vez, antecipa suas expectativas não forem atendidas, não hesi-
um tempo em que o valor maior, o maior ativo de tam em partir para outro desafio, outra proposta.
uma empresa passa a ser o seu conhecimento, a sua Morin (1990, p. 31-2),21 ao defender um con-
capacidade de responder rapidamente às deman- ceito que ele denominou de “confiança não-de-
das do mercado com soluções inteligentes, politi- pendente”, distingue a nova lealdade da respon-
camente corretas e lucrativas. É ele quem sentencia sabilidade. Segundo ele, “a lealdade é inquestio-
que “o conhecimento somente será produtivo se nável, enquanto a responsabilidade exige que
for aplicado para fazer uma diferença.” analisemos a situação e tomemos decisões basea-
Nesta nova ética social, fundada na sociedade das na sua análise”. Ele explica que simplesmente
do conhecimento, o homem deverá estar mais in- obedecer ao chefe pode ser um comportamento
teressado no ser do que no ter, ou melhor, ele terá totalmente irresponsável.
de possuir o ser, necessitará tê-lo. Precisará perce- Os trabalhadores responsáveis pensam sobre as tarefas e
ber claramente a sua contribuição e o valor que ele formulam para si algumas questões: Esta instrução faz
agrega nos processos em que se envolve. Neste tipo sentido para mim? Esta instrução é compatível com ta-
de sociedade, onde as relações de trabalho assumi- refas similares que eu tive no passado? Eu compreendi
rão abordagens cada vez mais individuais, a lealda- bem as minhas instruções o suficiente para completar a
tarefa? Eu sei como meu desempenho será medido? Eu
de à instituição assumirá maior ou menor impor-
compreendo como meu desempenho será recompensado?
tância? Que transformações este conceito sofrerá?
Kotter (1996, p. 75) aconselha os jovens a tra- Assim, a lealdade, nos dias em que vivemos,
balhar “mais fora que dentro” das organizações. foi deslocada em seu vínculo relacional. Somos
Ele defende a consultoria, em vez de “enredar-se” leais com base em nossos valores, da nossa ética à
no emprego em longo prazo; a lealdade institucio- carreira que construímos nas decisões e encami-
nal, segundo ele, é uma armadilha numa econo- nhamentos que conferimos a nossa vida profissio-
mia em que os conceitos comerciais, projetos de nal. Não somos leais à determinada organização,
produtos, informação sobre concorrentes, equi- causa ou pessoa. Somos sim responsáveis por nos-
pamento de capital e todo tipo de conceito têm sas atitudes na relação com elas, mas leais à carrei-
períodos de vida dignos de crédito mais curtos. ra que construímos a cada dia. Ela é que nos man-
Kanter (1997) fala de segurança e lealdade em tém ativos e acreditados ante as pessoas, as causas
um mundo pós-empresarial. Para ela, ao mesmo e as organizações nas quais desejamos trabalhar,
tempo que há uma crença no sistema econômico permitindo-nos tal acesso. “Mas isto não significa
americano, há uma descrença na grande corpora- que você não tenha responsabilidades com a em-
ção e na segurança de uma carreira corporati- presa ou com os seus colegas. Na realidade, focar
va.“A adaptação à nova lógica de carreira envolve, na diferença entre lealdade e responsabilidade

21
Tradução livre do autor deste artigo.

14
pode ajudá-lo a se tornar um excelente emprega- com a companhia, aceitando normas de conduta e
do” (1990, p. 31).22 mantendo atitudes que, antes de mais nada, primam
pelo respeito às pessoas, pela lealdade à empresa e aos
Fukuyama (1996, p. 195), ao comentar a in- companheiros e pela necessidade assumida pela relação
fluência dos valores da cultura chinesa na cultura empresa-pessoa de que é preciso saber combinar traba-
japonesa, no século VII, quando o imperador ni- lho com formação e aperfeiçoamento profissional.
pônico elaborou uma constituição de 17 artigos, A essência de uma empresa visionária é transformar a
baseada em princípios confucianos, assim fala so- sua ideologia central e sua motivação pela busca de pro-
gresso na estrutura fundamental da organização – em
bre a lealdade: “A lealdade também é uma virtude
metas, estratégias, táticas, diretrizes, processos, práticas
no confucionismo chinês, mas é considerada mais culturais, posturas de gerenciamento, layout de prédios,
uma virtude individual que social: a pessoa é leal a sistemas de pagamento, sistemas de contabilidade, defi-
si mesma e às suas convicções, não a uma determi- nição de cargos em tudo que a empresa faz. Uma empre-
nada fonte política de autoridade.” Para o autor, sa visionária cria um ambiente completo, que cerca os
houve uma aculturação ao meio social japonês: empregados, bombardeando-os com um conjunto de si-
nais tão consistentes e que fortalecem uns aos outros, que
A manifestação contemporânea da lealdade do samurai torna praticamente impossível confundir a ideologia e as
ao seu daimyo (senhor feudal) é a lealdade do executivo ambições da empresa (MORCILLO, p. 288-9).
japonês contemporâneo, ou “assalariado”, à sua compa-
nhia. A família do assalariado é sacrificada no processo Durante o desenvolvimento de sua pesquisa,
(...) Os japoneses alteraram os ensinamentos confucia- Collins e Porras descobriram “que muitos dos
nos que importaram da China para adaptá-los às suas métodos de gerenciamento ‘novos’ ou ‘inovado-
conveniências políticas.
res’ de hoje não são novos” (1995, p. 14).
Hirschman (1973) nos fala das alternativas Corroborando esta afirmação, Monteiro Lo-
que vê para os empregados descontentes com bato escreveu o texto Apelo aos nossos Operários,
uma organização. Eles podem sair, ir embora, em que assim argumenta:
abandonar o que não acreditam e aquilo com que
Uma empresa industrial depende da cooperação de três
não concordam. De outro modo, eles falam, ma- elementos: os diretores, os operários e o consumidor.
nifestam o seu descontentamento, usam a sua voz Sem o concurso destes três fatores, a indústria não pode
para expressar-se. E, para o autor, para aqueles subsistir. Assim, os diretores, os operários e o consumi-
que aceitam o que a organização define como o dor funcionam como sócios da empresa e nessa qualida-
procedimento correto, resta a opção da lealdade. de têm direito à participação nos lucros (...) Trabalhe-
mos, pois, com amor e boa vontade, conscientes de que
Este conceito de lealdade, comentado por somos um organismo capaz de ir ao infinito, se todas as
Hirschman, diz respeito à velha lealdade. Tra- células cooperarem em harmonia para o fim comum.
ta-se da lealdade de aceitação das práticas e valo- Podemos nos transformar numa empresa que nos orgu-
res da empresa, muitas vezes arbitrariamente im- lhe a todos – e a todos beneficie cada vez mais. Para isto,
postos. “Mas à medida que as organizações ado- o meio é a preocupação constante de produzir com o
mais alto rendimento em perfeição e presteza (1959, p.
tam modos pós-empresariais, a lealdade não é
287-90).
mais um assunto simples ou fácil de compreen-
der. Saída e voz também podem ser formas de le- Reichheld (1996, Prefácio, p. XVI) anuncia,
aldade” (Kanter, 1997, p. 353). 37 anos depois de Lobato, a estratégia da lealda-
Morcillo (1991, p. 265) relaciona valores éti- de23. De forma semelhante a Lobato, porém, com
cos ao êxito empresarial, ao dizer que: um desenvolvimento analítico mais detalhado,
grande parte do êxito empresarial resulta da vigência de propõe a Loyalty-Based ManagementSM (gestão
princípios pelos quais o grupo humano se identifica baseada na lealdade). É Reichheld quem afirma:

22
Tradução livre do autor deste trabalho.
23
Estratégia da lealdade: Mobilização dos recursos de uma organização, de modo que ela obtenha lealdade dos clientes, em-
pregados e investidores para o seu sucesso continuado no tempo.

15
Ao longo da próxima década, milhares de empresas per- Por capital humano compreendemos a expe-
ceberão que seu ativo mais importante é o ativo huma- riência, o poder de inovar, a habilidade e o conhe-
no, seus clientes, funcionários e investidores, e que,
para desenvolver estratégias de sucesso, elas têm que en-
cimento na realização de atividades cotidianas.
contrar formas de atrair e desenvolver o ativo humano Não é visível, mas é perceptível na empresa.
certo e conquistar a sua lealdade (...) não é uma teoria O capital estrutural compõe-se da quantifica-
futurista sobre como aumentar a importância do capital ção dos equipamentos, softwares, bancos de da-
intelectual, mas sim uma fórmula estabelecida para o dos, marcas registradas, inventos patenteados e a
crescimento e geração de lucro que funcionou de forma
capacidade organizacional que dá suporte à pro-
confiável no passado e continua oferecendo resultados
notáveis mesmo no mundo supercompetitivo de hoje dutividade da empresa. Somam-se a esta parcela,
(1996, Prefácio, p. XVI). também, os relacionamentos com os clientes. Di-
ferentemente do capital humano, ele pode ser
A cada dia que passa, exige-se do homem, cada apropriado e, portanto, passível de ser negociado
vez mais, a sua atividade intelectual. Primeiro as por parte da empresa.
máquinas, depois a combinação mecânica delas e, Desse modo, começamos a conhecer um novo
mais recentemente, com a microeletrônica, me- tipo de contabilidade, com uma maneira diferen-
canismos mais precisos e potentes vêm realizando te de apurar o resultado das empresas. Edvinsson
o esforço mecânico e repetitivo, que, muitas ve- e Malone (1998, p. 11) sugerem o estabelecimen-
zes, alienou o trabalhador em suas tarefas e reali- to de um novo balanço com “um novo equilíbrio,
zações obreiras. Nesta condição, o conhecimento em que o passado é computado levando-se em
do homem torna-se preponderante na realização conta o futuro, e os aspectos financeiros são influ-
do trabalho e, como tal, passa a ter mais valor, enciados pelos não-financeiros – o Capital Inte-
uma vez que é ele que faz a diferença, o conheci- lectual”. Nesta linha, podemos expressar o Capi-
mento diferenciado que permite a vantagem tal Intelectual como sendo a diferença entre o Va-
competitiva. Surge, então, um conceito que ca- lor de Mercado de uma empresa – VM – e o seu
racteriza este conhecimento funcionalizado: o ca- Valor Contábil – VC –, relação esta expressa na
pital intelectual24 das organizações. equação de James Tobin referida pelos autores do
Para Stewart: trabalho citado:
O capital intelectual CI é a soma do conhecimento de
todos em uma empresa, o que lhe proporciona vanta- CI = VM – VC
gem competitiva (...) é matéria intelectual – conheci-
mento, informação, propriedade intelectual, experiên- Reichheld (1996) reforça essas concepções ao
cia- que pode ser utilizada para gerar riqueza. É capaci-
dade mental coletiva. É difícil identificá-lo e mais difícil
constatar, em um longo trabalho de campo, que os
ainda distribuí-lo de forma eficaz. Porém, uma vez que modelos tradicionais de estratégia competitiva não
o descobrimos e exploramos, somos vitoriosos (1998, se adaptam às realidades das organizações onde o
Prefácio, p. XIII). conhecimento e o capital intelectual são ativos crí-
ticos, isto é, são fatores-chave de sucesso. Neste
Edvinsson e Malone (1998, p.10) propõem
tipo de organização, seu trabalho de campo mostra
uma equação do Capital Intelectual – (CI) de
um forte vínculo entre lealdade e lucro. Seus estu-
uma empresa como sendo a soma do seu capital
dos, desenvolvidos com base nesta observação, es-
humano (CH) mais o seu capital estrutural (CE).
tão orientados para a parametrização econômica
da lealdade dos clientes, funcionários e investido-
CI = CH + CE
res. Temos, então, que a lealdade à instituição é

24
Capital intelectual: Montante composto de duas parcelas: uma inapropriável, que se compõe da soma de todo conheci-
mento produzido pela experiência individual e coletiva das pessoas que compõem a organização, e outra, apropriável, que
contabilizamos como as materialidades e estruturas do seu ativo patrimonial.

16
função destes três grupos e de suas inter-relações. ocorrendo hoje com o seu desaparecimento.
O lucro, obviamente, é indispensável, mas é con- Enumeramos os tipos humanos conhecidos na
seqüência da criação de valor, que, junto com a leal- Teoria Geral da Administração até os dias atuais.
dade, compõe a verdadeira essência de qualquer Entendemos que começa a ser caracterizado um
organização duradoura e bem-sucedida. novo tipo humano: o homem da empregabilida-
Neste capítulo, foram apresentados alguns de. Tendo como base este tipo humano, de rela-
referenciais para, de maneira contextualizada, ções fugazes, buscamos localizar mais referência
conhecermos um pouco mais sobre o conceito sobre o valor moral lealdade, em sentido amplo
de lealdade institucional. Resgatamos o ato de e, especificamente, a lealdade às instituições nas
trabalhar em sua perspectiva histórica e a impor- quais este tipo humano emprega os seus saberes
tância que ele tem para o homem. Localizamos o e as suas habilidades. Por fim, foi referida a estra-
surgimento da instituição emprego, a contesta- tégia da lealdade como geradora de valor, com-
ção que ele teve em sua gênese; a dependência pondo a essência das organizações que resistem
que ele gerou para os trabalhadores e o que está ao teste do tempo e são bem-sucedidas.

17
2 Expectativas e percepções dos sujeitos da
pesquisa em suas relações de trabalho

A pesquisa de campo trouxe dados do univer- sentados aos trabalhadores incluídos e ex-traba-
so de empresas da Região Metropolitana de Porto lhadores excluídos das três organizações que se
Alegre. A amostra foi composta por três empresas constituíram no campo para o estudo. Os dados
de relevância na economia do Rio Grande do Sul obtidos nas entrevistas e nos questionários, de-
que realizaram processo de redução na quantida- senvolvidos e utilizados especialmente para este
de de pessoas em seus quadros, sem reduzir sua trabalho, foram processados fazendo-se uso do
escala de produção. Elas aceitaram participar da software SphinxTM . As variáveis abertas numéri-
pesquisa de forma não identificada. A amostra es- cas foram tratadas de acordo com o critério de si-
tudada foi escolhida de maneira não-probabilísti- milaridade das respostas, definindo-se as classes
ca, selecionada por conveniência e por sua acessi- com os limites de escolha que representassem
bilidade, em concordância com a orientação de uma facilidade de interpretação posterior. As
Vergara25 “(...) longe de qualquer procedimento questões abertas foram categorizadas com o intui-
estatístico, seleciona elementos pela facilidade de to de agrupar cada resposta segundo o seu senti-
acesso a eles”. Esta amostra constituída pelo nú- do, compondo-se em uma nova questão fechada,
mero de indivíduos selecionados foi determinada tendo-se o objetivo de agrupar as respostas de for-
em função da saturação dos dados coletados nas ma a permitir uma análise de dados codificada de
entrevistas. Os sujeitos pesquisados foram: dire- acordo com o critério de similaridade das respos-
tores e profissionais de recursos humanos. Foram tas. Para estas questões fechadas, foram oferecidas
entrevistados cinco executivos, entre diretores e respostas alternativas, de modo a possibilitar que
gerentes, todos em nível de gerência corporativa. os respondentes pudessem ordená-las de acordo
Desse modo, suas respostas retratam a posição com seu julgamento. Esta particularidade dos
das empresas para as quais trabalham, em relação questionários permitiu a tabulação das respostas
ao questionamento realizado. Este aspecto foi tanto pela freqüência de ocorrência, quanto pela
acordado por ocasião da visita, antes do início de ordem de importância dada por quem as respon-
cada uma das entrevistas. Foram também consul- dia. Este procedimento tornou possível um orde-
tados 32 empregados, todos com relação formal namento lógico para os dados coletados.
de trabalho em suas empresas empregadoras. Devido à amplitude das variáveis que compu-
Igualmente foram consultados nove ex-emprega- seram os questionários e as entrevistas e a repre-
dos, todos com uma condição comum: sua exclu- sentação amostral, não foram identificados bene-
são do emprego se deu em razão de processos de fícios para a análise dos dados obtidos no cruza-
enxugamento e reestruturação. mento das variáveis. Assim, esta forma de trata-
Foram obtidos dados qualitativos e quantitati- mento de dados foi excluída por falta de represen-
vos por meio de entrevistas e questionários mis- tatividade estatística, ficando a critério do obser-
tos. As entrevistas foram realizadas com os diri- vador/pesquisador a interligação dos resultados
gentes das três empresas e gerentes de recursos obtidos. Após a conclusão desta etapa, optamos
humanos. Os questionários mistos foram apre- pela transferência destes resultados para o aplica-
25
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997.

18
tivo Excell. Os recursos deste aplicativo permiti- de o acesso de pesquisadores ao ambiente de tra-
ram uma melhor visualização gráfica das tabelas. balho, em razão do número de abordagens que os
Estas foram obtidas com os dados processados trabalhadores se submeteriam durante suas jorna-
pelo software estatístico mencionado. das de trabalho. O argumento apresentado pelas
O método escolhido apresenta como limita- empresas é que, se houver permissão para a abor-
ção, a possibilidade de não ter validade externa dagem de seus empregados por um pesquisador,
ampla, o que seria desejável. Por validade externa outros tantos terão o mesmo direito, e isso tiraria
ampla, compreende-se a possibilidade de genera- muito tempo de trabalho deles.
lização dos resultados para todo e qualquer grupo Por fim, não obstante as limitações e as difi-
de indivíduos. Tal limitação deve-se ao tipo de culdades, procuramos aguçar nossa percepção ao
amostragem não-probabilística escolhida por máximo, de modo a captar o maior número de
conveniência, que pode originar um viés de sele- dados do fenômeno estudado. O método adota-
ção e reduzir a representatividade. do pareceu-nos o mais indicado para o desenvol-
Outra limitação diz respeito aos relatos dos vimento desta pesquisa, pois “não é dedutivo
depoentes não serem comprováveis ou passíveis nem empírico (...) considera o que está presente à
de confirmação, pois constituem-se em impres- consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem
sões pessoais sobre as questões propostas. uma tendência orientada totalmente para o obje-
A natureza das questões relativamente subjeti- tivo.”26
vas e de difícil mensuração pode também ser A seguir, são apresentados os resultados obti-
apontada como outra limitação do método ado- dos pela realização de entrevistas mistas com os
tado neste trabalho de pesquisa. diretores e gerentes de recursos humanos e a apli-
Como dificuldade, devemos considerar a situa- cação de questionários mistos aos empregados e
ção surgida por ocasião da coleta de dados, na pes- ex-empregados.
quisa bibliográfica. Esta ensejou, de forma fre-
qüente, estímulos à abertura do tema, em razão da
dualidade entre sua singularidade e sua complexi- 2.1. Diretores e gerentes:
dade. A lealdade é singular como valor moral e caracterização e respostas
complexa como fenômeno humano, o que tem de-
terminado a interdisciplinaridade em sua aborda- Os cinco executivos ouvidos por meio de en-
gem. Tal dificuldade foi encarada, no desenvolvi- trevistas mistas, entre diretores e gerentes de re-
mento deste estudo, como um desafio para a obje- cursos humanos, assim se caracterizam:
tividade na abordagem do tema e na construção de Quanto à idade apresentam uma faixa etária
um texto que compusesse um referencial teórico cuja média está em 46,6 anos; a moda está na fai-
articulado e coerente com os objetivos da pesquisa. xa de 50 anos para cima, uma freqüência de 40%
No trabalho de campo, conforme antevimos das citações; idade mínima é 39 anos e a máxima,
no projeto desta dissertação, outro aspecto con- 55. Dos respondentes, quatro pertencem ao sexo
sistiu na dificuldade de disponibilidade de tempo masculino e um, ao feminino.
por parte dos sujeitos pesquisados. A predominância entre os respondentes é de
Uma dificuldade imprevista e que se consti- casados: quatro estão casados e um, separado.
tuiu em outro aspecto limitador, por ter impossi- Dos cinco respondentes, quatro possuem fi-
bilitado a coleta de dados em três empresas inicial- lhos e um, não.
mente escolhidas, foi uma política vigente em al- Dos cinco respondentes, dois têm um ano de
gumas das grandes empresas da região que impe- empresa; um tem 12 anos e dois têm 21 anos.

26
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987, p. 33.

19
Ao serem ouvidos sobre sua condição, um de- Ao serem questionados sobre alinhamento dos
clarou-se proprietário, e os outros quatro afirma- programas de valorização do capital humano com
ram ser empregados (um é diretor e gerente de re- as estratégias da empresa, todas as respostas foram
cursos humanos; dois outros são diretores execu- positivas, afirmando, desta forma, que nenhum
tivos e dois são gerentes de recursos humanos). programa de seus trabalhadores deixa de estar vin-
culado às estratégias da empresa. As respostas re-
2.1.1. As respostas sobre as empresas portaram-se a programas sobre aumento de pro-
Ao serem inquiridos sobre a ocorrência de re- dutividade, avaliação de desempenho, avaliação de
dução de postos de trabalho nos últimos 10 anos competência, participação nos resultados, metas
(década dos anos 1990), todos, ou seja, os cinco para gerentes, melhoria do resultado operacional,
executivos entrevistados responderam que sim. satisfação e expectativas dos empregados.
Segundo eles, suas empresas reduziram os seus No que se refere às expectativas da empresa em
quadros de pessoal. relação ao conceito de lealdade, a pergunta era se,
Quando a pergunta se referia aos níveis de por ocasião do recrutamento e seleção de pessoal,
produção no mesmo período, ou seja, nos últi- antes da contratação, a empresa explicita as ex-
mos 10 anos (década de 1990), as respostas foram pectativas que tem em relação à lealdade do novo
que nenhuma empresa os reduziu; três os manti- empregado. A orientação era a de numerar por
veram no mesmo nível e duas aumentaram. ordem de importância os tipos de lealdade men-
O movimento nos níveis de produção foi atri- cionados na entrevista. Os resultados são apre-
buído, com maior freqüência, (80% das citações) sentados na tabela 1, na qual a freqüência das ci-
a ajustes de mercado. A implantação de novas tec- tações está ordenada pela manifestação dos res-
nologias ficou com 60% e, outras razões, 20%. A pondentes. Estas mostram que a expectativa mais
freqüência, ou seja, o número de citações nesta citada de lealdade esperada pela empresa é a capa-
questão é superior ao número de observações, de- cidade de administrar o estresse e a qualidade de
vido à possibilidade de respostas múltiplas. Acre- vida. Este número de respostas veio acompanha-
ditamos ser oportuno esclarecer neste item que do de ditames, como, por exemplo:
uma das empresas tem a maior parte de sua pro- A empresa quer empregados que se desincumbam de
dução exportada, e as outras duas têm expressiva suas tarefas no horário contratado, normalmente oito
participação em seu setor econômico no mercado horas de trabalho. Não quer os funcionários sacrifican-
interno, além de terem também produtos coloca- do horas de lazer ou convívio familiar para “fazer se-
dos no mercado externo. Por não se constituir, rão”. Não quer a hora extra ou o hábito de levar trabalho
para casa. A empresa quer a boa administração do tempo,
nem ser relevante para o objeto desta pesquisa,
a produtividade, enfim, um empregado objetivo, respon-
não nomeamos as empresas nem identificamos o sável, competente, bem-humorado e saudável.
setor da economia em que elas atuam, devido ao
compromisso por mim assumido de que não fos- A responsabilidade objetiva a flexibilidade e o
sem reconhecidas. expediente prolongado, assim como a condescen-
As informações dos cinco respondentes per- dência e o bom comportamento, tiveram uma ci-
mitiram a mensuração do nível de redução dos tação cada, ainda no ordenamento um. Já, no or-
postos de trabalho ao longo da década de 1990, denamento dois, a expectativa manifesta é opos-
que ficou na ordem de 10 a 30% da quantidade ta, ou seja, de um perfil característico dos worka-
de empregos em suas empresas. Como se trata de holics ou de indivíduos que trabalham compulsi-
três empresas de mercados diferentes, com escalas vamente, deixando de lado outras atividades.
de produção e número de empregados também Neste ordenamento, sequer há citação relativa à
diferentes, optamos por expressar a magnitude da capacidade de administração do estresse e da qua-
redução em percentual. lidade de vida. Já no ordenamento três, há o mes-

20
mo número de citações para as expectativas de primeiro ordenamento, para as empresas analisa-
um perfil de pessoa que sabe administrar o estres- das, diz respeito à lealdade de um perfil de empre-
se e é condescendente. Deste modo, as respostas gado bem equilibrado em suas demandas pessoais
de segunda e terceira ordem, embora evidenciem e responsabilidades profissionais. A questão é de
disparidade e uma manifestação oposta à de pri- respostas múltiplas ordenadas. A tabela 1 apre-
meira ordem, aparecendo em segundo plano, nos senta as freqüências para cada ordem e para as
dias de hoje ainda estão presentes. De qualquer somas.
forma, a expectativa mais valorizada e presente no

Tabela 1: Expectativas da empresa em relação à lealdade do empregado


Expectativa de Lealdade Freqüência % Freqüência % Freqüência %
Ordem 1* Ordem 2* Ordem 3*
Capacidade de administrar o estresse e qua- 3 60,0 - 0,0 2 40,0
lidade de vida
Responsabilidade objetiva, flexibilidade e 1 20,0 3 60,0 1 20,0
expediente prolongado
Condescendência e bom comportamento 1 20,0 2 40,0 2 40,0
Totais 5 100,0 5 100,0 5 100,0
* Espelha o grau de importância27 assinalado pelo respondente em cada categoria.
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

No que diz respeito aos instrumentos para flexibilidade de comunicação, sua satisfação e
mensurar o valor da força de trabalho, os respon- participação nos programas oferecidos”.
dentes informaram que medem o valor de sua Perguntamos se nos contratos psicológicos ou
força de trabalho pela produtividade alcançada; nas normas de reciprocidade28 que são estabeleci-
por sistemas de avaliação do desempenho e da dos entre sua empresa e os empregados ficam cla-
competência, por seu percentual de participação ros os ganhos de ambas as partes. Para 60% dos
nos resultados; por meio de indicadores de pro- executivos entrevistados, a resposta é sim.
dutividade e de satisfação dos clientes, entre ou- As estratégias mais freqüentes ante a queda de
tras denominações para as mesmas práticas. lealdade nas empresas pesquisadas estão ordenadas
Uma vez que ficou claro que a empresa tem na tabela 2, pelas respostas fornecidas. Documen-
expectativas e quais são elas, a pergunta seguinte tos e relatos apresentados durante as entrevistas e
disse respeito à existência de indicadores da com- analisados durante o tempo que eles nos foram dis-
preensão do que lhe é informado sobre o que a ponibilizados na empresa, por ocasião da visita
empresa espera dele. realizada, corroboram a afirmação e mostram o
Dos cinco entrevistados, quatro responderam quanto, em termos de horas de treinamento no
que sim e um disse não possuir indicadores de trabalho, cursos internos e externos, investimentos
compreensão das expectativas. Dentre as explici- em programas de comunicação empresarial foram
tações destes indicadores, temos: “a rápida inte- desenvolvidos. O que percebemos, ao estudar o
gração do empregado à cultura da empresa; a sua material que foi apresentado, é que estas estratégias

27
Grau de importância: Hierarquização que se estabelece entre as expectativas que temos de determinado acontecimento ou
objeto de nossa observação.
28
Norma de reciprocidade: terminologia empregada por sociólogos para expressar a interação das expectativas entre as pes-
soas e as organizações; o mesmo que contrato psicológico, uma terminologia da psicologia.

21
não formam um conjunto integrado com indica- Estes foram os dados obtidos com os diretores
dores comuns que possibilitem a mensuração da e gerentes, pela realização da entrevista mista,
reversão da possível queda de lealdade, o que, sob com perguntas abertas e fechadas, cujo modelo
todos os aspectos, seria desejável. Neste ponto da criamos especialmente para este trabalho. A ques-
entrevista, em três dos encontros, uma necessidade tão é de respostas múltiplas ordenadas. A tabela 2
ficou evidente: maior integração das estratégias e apresenta as freqüências para cada um dos orde-
definição de indicadores também integrados. namentos e para as suas somas.

Tabela 2: Estratégias de contenção à queda da lealdade


Queda Lealdade Freqüência % Freqüência % Freqüência %
Ordem 1* Ordem 2* Ordem 3*
Aumentar a comunicação com os trabalhadores 4 80,0 - - 1 20,0
Programas de treinamento e desenvolvimento 1 20,0 3 60,0 1 20,0
Programa de demissão - - 2 40,0 3 60,0
Totais 5 100,0 5 100,0 5 100,0
* Espelha o grau de importância assinalado pelo respondente em cada categoria.
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

2.2. Empregados: caracterização e Foram identificados, entre os respondentes,


respostas empregados de ambos os sexos, predominando o
masculino.
2.2.1. Caracterização do sujeito pesquisado A moda está com os casados, conforme a tabe-
– empregados la 3.
Os 32 empregados que responderam ao ques-
tionário foram caracterizados por seus dados pes- Tabela 3: Estado civil dos empregados
soais, pela quantificação e qualificação de seu per- Estado Civil Freqüência %
fil pessoal, pela caracterização da circunstância Solteiro 11 34,4
ambiental em que ocorrem suas relações de traba- Casado 20 62,5
lho, bem como por suas expectativas e percepções Separado 1 3,1
em relação ao seu grau de persistência, o que mais TOTAL 32 100,0
os estimula e desestimula, a lealdade que dedicam Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
à empresa onde trabalham, bem como sua opi-
nião sobre a reciprocidade por esta lealdade por
parte da empresa que os emprega. Em relação ao dado obtido nos questionários
Foram identificados, entre os respondentes quanto ao número de filhos, as respostas indicam
empregados, quatro grupos etários. A média de que a maioria possui filhos, ou seja, 53,1% sim, e
todas as idades era 35,19 anos; a moda estava na o restante 46,9% não.
faixa etária de 25 a 35 anos; a idade mínima entre As respostas referentes ao tempo de empresa
todas as idades dos 32 respondentes ficou em 23 foram ajustadas para quatro intervalos. Como
anos e, a máxima, em 59 anos. podemos verificar na tabela 4, a moda está com
empregados com menos de cinco anos.

22
Tabela 4: Anos de trabalho na empresa 2.2.2. As respostas sobre as empresas
Anos de Empresa Freqüência % Na busca de melhor identificar a atividade do
menos de 5 13 40,6 empregado respondente, foi lhe solicitado que as-
De 5 a 10 8 25,0 sinalasse cinco ações mais presentes que caracteri-
De 10 a 15 5 15,6 zam o seu trabalho atual. O resultado está na ta-
De 15 ou mais 6 18,8 bela 7, sendo o número de citações superior ao
Totais 32 100,0 número de observações devido às respostas múlti-
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. plas (cinco no máximo).

Tabela 7: Ações mais presentes no trabalho atual


Conforme está evidenciado na tabela 5, o nú- dos empregados
mero de empregos anteriores dos respondentes Ações Freqüência %
Estimular os outros 22 68,8
mostra que a moda está em três.
Reunir meios para executar o 20 62,5
que foi criado
Tabela 5: Número de empregos anteriores dos Controlar 18 56,3
empregados Realizar 17 53,1
Número de empregos Freqüência % Criar 17 53,1
1 6 18,8 Executar 15 46,9
2 5 15,6 Fazer 13 40,6
3 9 28,2 Convencer 12 37,5
Seguir rotinas 12 37,5
4 4 12,5
Fabricar 7 21,9
5 4 12,5
Outra ação 7 21,9
6 2 6,2 Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
7 ou mais 2 6,2
Totais 32 100,0
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. Aos empregados foi feita a seguinte pergunta:
Quando você iniciou sua atual relação de traba-
lho, você tinha uma expectativa em relação a ela?
A questão sobre em que consiste o emprego Como está esta expectativa agora? Os resultados
atual buscou categorizar os respondentes entre estão apresentados na tabela 8.
atividades administrativas e de produção. A tabe-
la 6 mostra os resultados. Nesse caso, o número Tabela 8: Expectativa atual
de citações é superior ao número de observações Expectativa Freqüência %
devido às respostas múltiplas (duas no máximo). É a mesma 6 18,8
Mudou 26 81,2
Tabela 6: Emprego atual: área de trabalho dos
Totais 32 100,0
empregados
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Emprego Atual Freqüência %
Administrativo 18 56,2
Produção 14 43,8 No que se refere ao motivo de mudança ou
Totais 32 100,0 permanência da expectativa, a moda está naque-
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. les que estão satisfeitos e, assim, têm outras expec-
tativas positivas em relação ao trabalho como

23
mostra a tabela 9. Outras respostas atribuem a nifestações foram transcritas na íntegra, pela sua riqueza
mudança a motivos diversos, como: de informações.

Não tinha expectativas de tamanha realização pessoal/ Tabela 9: Motivo da alteração da expectativa
Estou atingindo meus objetivos gradativamente/ De-
pois de 26 anos, tudo mudou/ Estou aprendendo mais Motivo da Alteração da Freqüência %
Expectativa
que imaginei/ Vejo mais oportunidades de criação e no-
vos desafios do que quando eu entrei/ Novos objetivos/ Diversas 11 34,4
Pensei que seria rotineiro e cansativo mas estou adoran- Satisfação 21 65,6
do o que faço/ As exigências aumentaram/ Desde a épo-
Totais 32 100,0
ca que cheguei, a empresa mudou de dono 4 vezes/
Compreendi melhor as dinâmicas de relacionamento Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
interpessoal/ Ocorreram mudanças em diferentes or-
dens/ Esperava poder demonstrar mais meus conheci-
mentos, ser mais útil à empresa/ Tive progressos, pois A tabela 10 evidencia as respostas dos emprega-
houve promoção/ Cada vez me interesso mais pela ati- dos à pergunta sobre o significado atribuído a seu
vidade que exerço/ O mercado de trabalho está sempre
mudando/ Está no meu objetivo de aperfeiçoamento
trabalho. Foi solicitado aos respondentes que nu-
pessoal e profissional/ Devido aos constantes desafios/ merassem as suas escolhas por ordem de importân-
Tive oportunidades de crescimento dentro da empresa cia. No ordenamento 1, a maioria, ou seja, 68,8%
e espero alcançar novos postos/ Possuo mais expectati- se percebem naquilo que fazem; têm identificação
vas em relação ao meu futuro/ Vislumbro horizontes/ com o produto do seu trabalho; acreditam no que
Comecei a gostar mais na medida em que adquiri expe-
estão fazendo e nos novos desafios que o ambiente
riência/ Oportunidades dadas pela empresa/ Pelo cres-
cimento profissional dentro da empresa/ Minhas expec- de mudança lhes impõe. No ordenamento 2, po-
tativas são maiores/ Sinto-me realizado com a profissão rém, esta manifestação positiva é reduzida a uma
que escolhi/ A pessoa tem que evoluir, observar o que visão do trabalho limitada à dimensão da tarefa,
está acontecendo no mundo e melhorar/ Mudanças são percebendo-a como outra qualquer. No ordena-
imprescindíveis na vida de uma pessoa/ Porque gosto mento 3, a manifestação assume unicamente o
da empresa e do local de trabalho/ Por causa das mu-
danças ocorridas na empresa, na qual a pessoa tem que
sentido da necessidade. A questão é de respostas
se adaptar para conseguir conviver com o grupo/ As ma- múltiplas ordenadas. A tabela apresenta as fre-
qüências para cada ordem e para a soma.

Tabela 10: Significados atribuídos ao trabalho pelos empregados


Significado do Trabalho Freqüência % Freqüência % Freqüência %
Ordem 1* Ordem 2* Ordem 3*
Sinto no que faço uma extensão de mim 22 68,8 3 9,4 7 21,9
Trabalho porque preciso, só isso 6 18,7 2 6,2 24 75,0
É apenas um conjunto de tarefas como 4 12,5 27 84,4 1 3,1
qualquer outro
Totais 32 100,0 32 100,0 32 100,0
* Espelha o grau de importância assinalado pelo respondente em cada categoria.
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

Ao responder à questão referente ao seu grau tentes, como mostra a tabela 11. A questão é de
de persistência no que lhe é solicitado fazer, a respostas múltiplas ordenadas. A tabela apresenta
moda assinala 53,1% que se julgam muito persis- as freqüências para cada ordem e para a soma.

24
Tabela 11: Julgamento do empregado com rela- Na pesquisa bibliográfica, verificamos que
ção à persistência Bennett (1995, p. 431) atribui a lealdade à cons-
Persistência Freqüência % tância, à solidez, ao estabelecimento de elos com
Muito persistente 17 53,1 as pessoas, grupos, instituições e ideais a que deli-
Persistente 12 37,5 beradamente nos associamos. A persistência em
Pouco persistente 3 9,4 relação à execução correta de suas tarefas, aqui
Totais 32 100,0 apontadas, e a valorização do reconhecimento
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. dos colegas são indícios da presença da lealdade
entre os empregados.
Gráfico 1: Persistência do empregado ao realizar Para conhecermos os estímulos mais significa-
suas tarefas tivos para a motivação dos empregados, solicita-
0%
37% mos que fossem colocadas em ordem as cinco al-
ternativas apresentadas. A tabela 12 apresenta, no
54%
ordenamento 1, o reconhecimento dos colegas
9%
com nove citações de 32, o estímulo mais signifi-
cativo; na seqüência, o respeito, com sete cita-
Muito persistente ções, seguido do reconhecimento dos chefes, do
Pouco persistente
salário, da oportunidade de aprender mais em sua
Persistente
Não persistente profissão, ficando a amizade com uma citação
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. apenas.

Tabela 12 – Fatores de estímulo na visão do empregado


Estímulo no Tra- Freqüência % Freqüência % Freqüência % Freqüência % Freqüência % Freqüência %
balho Ordem 1* Ordem 2* Ordem 3* Ordem 4* Ordem 5* Ordem 6*
Reconhecimento 9 28,1 2 6,2 4 12,5 9 28,1 3 9,4 5 15,6
dos colegas
Respeito 7 21,9 7 21,9 6 18,9 5 15,6 6 18,8 1 3,2
Reconhecimento 6 18,8 7 21,9 8 25,0 3 9,4 6 18,8 2 6,2
dos chefes
Salário 5 15,6 8 25,0 9 28,1 3 9,4 4 12,5 3 9,4
Oportunidade de 4 12,5 6 18,8 3 9,3 4 12,5 11 34,4 4 12,5
aprender mais em
sua profissão
Amizade dos co- 1 3,1 2 6,2 2 6,2 8 25,0 2 6,2 17 53,1
legas
Totais 32 100,0 32 100,0 32 100,0 32 100,0 32 100,0 32 100,0

* Espelha o grau de importância assinalado pelo respondente em cada categoria.


Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

Por outro lado, para avaliarmos os estímulos resultados recodificados da variável “desestímulo”
negativos mais significativos para a desmotivação pelas categorias sugeridas pelo léxico do software
dos empregados, solicitamos que eles fossem sinte- SphinxTM. O gráfico 2 ilustra os percentuais.
tizados em uma palavra. A tabela 13 apresenta os

25
Tabela 13: Desestímulo na visão do empregado Quando perguntamos qual o conceito de leal-
Desestímulo Freqüência % dade do empregado, recebemos diversas concei-
Descaso 16 50,0 tuações. Ao categorizarmos os conceitos, pude-
Características pessoais 12 37,5 mos resumi-los a três palavras, apresentadas na ta-
Outras 4 12,5 bela 15 e ilustradas pelo gráfico 4. Pela freqüên-
Totais 32 100,0 cia, pudemos ver a importância dada à atitude de
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. respeito ao empregado.

Gráfico 2: Desestímulo na visão do empregado Tabela 15: O conceito de lealdade do empregado


12% Lealdade Freqüência %
Respeito 23 71,9
Competência 5 15,6
52%
36% Disponibilidade 4 12,5
Totais 32 100,0
Descaso
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Características
pessoais
Outras Gráfico 4: O conceito de lealdade do empregado
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. 16%

12%
No que diz respeito à permanência no empre-
go, a tabela 14 apresenta os resultados recodifica-
dos pelas categorias sugeridas pelo léxico do soft- 72%

ware SphinxTM das principais razões que moti- Respeito


vam a permanência dos empregados no seu traba- Disponibilidade
Disponível
lho atual. O gráfico 3 ilustra os percentuais. Competência
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Tabela 14: Fatores definidores de permanência
no emprego atual Ao serem questionados sobre a lealdade à em-
Permanência no emprego Freqüência % presa para a qual trabalham, todos os responden-
Satisfação 25 78,1 tes afirmaram que se consideram leais a ela.
Clima organizacional 6 18,8 Também lhes foi indagado sobre o motivo da
Outra 1 3,1
lealdade à empresa para a qual trabalham. Recodi-
Totais 32 100,0
ficamos as diversas respostas, tendo conseguido
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
sintetizá-las em três palavras. Desta vez, a compe-
tência teve a maior freqüência, seguida do respeito
Gráfico 3: Fatores de permanência no emprego e da satisfação. Os resultados estão na tabela 16.
3%
18%
Tabela 16: O motivo da lealdade à empresa por
parte do empregado
Motivo da lealdade à empresa Freqüência %
79% Competência 15 46,9
Satisfação Respeito 10 31,2
Clima organizacional Satisfação 7 21,9
Outra
Totais 32 100,0
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

26
Quando interrogamos se a lealdade é corres- ter valorizadas no próximo emprego, o que mais os
pondida pela empresa, tivemos a resposta de que estimula e desestimula em um trabalho, o seu con-
há retribuição para 29 dos 32 respondentes, ou ceito de lealdade à empresa onde venham a traba-
seja, 90,6% percebem algum tipo de retribuição lhar, se a lealdade que dedicaram à empresa onde
da empresa à lealdade do empregado. Os que não trabalharam foi retribuída ao longo do tempo de-
entendem que haja retribuição são três dos 32, ou dicado àquela empresa e como ela se evidenciou e,
seja, 9,4%. finalmente, como será o seu comportamento em
Na seqüência, perguntamos acerca das evidên- relação à lealdade para com a próxima empresa em
cias de tal retribuição. Após a recodificação das que trabalharem.
respostas, vimos que elas podem ser sintetizadas Quanto à idade, os ex-empregados pesquisa-
em três palavras: desenvolvimento, despeito e dos foram divididos em três faixas etárias. Se ob-
descaso. Por “proporcionar ou criar condições servarmos as respostas na sua totalidade, a média
para o desenvolvimento” dos empregados foi a de idade entre os nove respondentes é de 38,2
justificativa com maior número de referências, o anos; a moda está na faixa de 35 a 45 anos, com
“respeito aos empregados” aparece em segundo uma freqüência de 55,6% das citações; idade mí-
lugar e, para aqueles que não sentem a retribui- nima 23 anos e máxima 48 anos.
ção, apontados no item anterior, a palavra que
sintetiza as suas manifestações é o descaso, como Tabela 18: Faixa etária dos ex-empregados
está representado na tabela 17. Idade Freqüência %
Menos de 35 2 22,2
Tabela 17: Retribuição da empresa à lealdade do de 35 a 45 anos 5 55,6
empregado 45 anos e acima 2 22,2
Retribuição lealdade da empresa Freqüência %
Totais 9 100,0
Desenvolvimento 18 56,3 Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo
Respeito 13 40,6
Descaso 1 3,1
Totais 32 100,0 Dos respondentes:
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. • cinco são do sexo masculino e quatro do
sexo feminino;
• cinco são casados e quatro solteiros;
2.3. Ex-empregados: caracterização e • cinco não têm filhos: três têm um filho, e
respostas um tem 2 filhos, como ilustra o gráfico 5.

2.3.1. Caracterização do sujeito pesquisado Gráfico 5: Número de filhos dos ex-empregados


– ex-empregados 11%
Os nove ex-empregados respondentes do
questionário foram caracterizados por seus dados
pessoais, pela quantificação e da qualificação de 33% 56%
seu perfil, pela circunstância ambiental em que
ocorreram suas relações de trabalho no último
emprego, bem como por suas expectativas e per- sem
um
cepções em relação à sua próxima relação de tra- dois
balho, quais as habilidades que têm e que desejam Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

27
A pergunta sobre o tempo de trabalho na últi- tas, seguindo os critérios, fazendo uso do léxico
ma empresa teve como resultado os dados apre- do software SphinxTM, chegamos às habilidades
sentados na tabela 19. Nela percebemos que a evidenciadas na tabela 21.
moda está em três citações, ou seja, dois anos e
que 22,2% trabalharam por mais de 12 anos em Tabela 21: Habilidades do ex-empregado utiliza-
sua empresa anterior. das no emprego anterior
Habilidades passadas Freqüência %
Tabela 19: Tempo de permanência no último Atributos pessoais 7 77,8
emprego Capacidade de relacionamentos 7 77,8
Anos trabalhados Freqüência. % Conhecimento analítico 3 33,3
2 3 33,4 Conhecimento técnico 3 33,3
4 1 11,1 Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
5 1 11,1
6 2 22,2
12 ou mais 2 22,2 Identificamos os seguintes termos, categoriza-
Totais 9 100,0 dos conforme a tabela 21. A maior incidência fi-
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. cou sendo relacionada com os atributos pessoais e
os relacionamentos interpessoais: atributos pesso-
ais, como criatividade, dinamismo, facilidade de
Questionados sobre a quantidade de empre- comunicação, planejamento, organização, inicia-
gos anteriores, a moda ficou em dois empregos tiva e empreendedorismo.
com três citações em nove respondentes, como se Os ex-empregados responderam quais as habi-
pode observar na tabela 20. lidades que desejam empregar no seu próximo
trabalho. Após a recodificação da variável “habili-
Tabela 20: Número de empregos anteriores dos dades no próximo emprego”, elaboramos a tabela
ex-empregados 22 (as categorias são das palavras do léxico do soft-
Número de empregos Freqüência % ware SphinxTM).
1 1 11,1
Tabela 22: Habilidades futuras
2 3 33,4
Habilidades Futuras Freqüência %
3 2 22,2
Atributos pessoais 9 100,0
4 1 11,1
Capacidade de relacionamento 7 77,8
5 1 11,1
Conhecimento 1 11,2
6 1 11,1
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Totais 9 100,0 OBS.: O número de citações é superior ao número de obser-
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. vações devido às respostas múltiplas (3 no máximo).

Quanto à profissão, dos nove ex-empregados Ao serem perguntados sobre o significado do


pesquisados dois são administradores, um publi- trabalho, os ex-empregados responderam:
citário, um engenheiro metalúrgico, um auxiliar
Vida/ É aplicação do conhecimento e capacidade de
contábil, um fresador, um relações públicas, um
execução em troca de algum tipo de remuneração/ A
contador e um arquiteto. forma de obter conhecimento e desenvolvimento pro-
Ao verificarmos as habilidades empregadas no fissional/ Respeito à empresa/ Uma maneira de ganhar
último trabalho e após a recodificação das respos- a vida/ Meio de sustento e modo de vender sua força de

28
trabalho/ Realização pessoal e profissional/ Realização A tabela 25 apresenta a manifestação dos
pessoal/ Uma forma de encarar a vida e planejar seu fu- ex-empregados, depois de ser recodificada a va-
turo profissional e pessoal.
riável “desestímulo” (as categorias são das pala-
No que diz respeito ao estímulo para o traba- vras do léxico software SphinxTM).
lho, os resultados são os apresentados na tabela
23 (as categorias são das palavras do léxico do soft- Tabela 25: Conceito de lealdade do ex-emprega-
ware SphinxTM). do à empresa
Lealdade à Empresa Freqüência %
Tabela 23: Fatores de estímulo na visão do Responsabilidade 4 44,4
ex-empregado Resultados 4 44,4
Estímulo Freqüência % Respeito 1 11,2
Incerteza/recompensa 5 55,6 Totais 9 100,0
Crescimento/motivação 4 44,4 Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Totais 9 100,0
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Questionados se consideram que foram leais à
empresa para a qual trabalharam no seu emprego
De outra sorte, indagamos o que mais desesti- mais recente e diante de quatro possibilidades
mula um trabalhador na visão do ex-empregado. apresentadas, os respondentes, conforme mostra
Depois de recodificarmos a variável “desestímu- a tabela 26, referenciaram duas. A moda ficou em
lo” (as categorias são das palavras do léxico soft- 77,8% dos ex-empregados, afirmando que foram
ware SphinxTM), chegamos à tabela 24. sempre leais a suas ex-empresas.

Tabela 24: Fatores de desestímulo na visão do Tabela 26: Percepção do ex-empregado de sua le-
ex-empregado aldade no último emprego
Desestímulo Freqüência % Leal ao emprego Freqüência %
Incompetência 4 44,4 Sim, sempre 7 77,8
Descaso 5 55,6 Sim, a maior parte das vezes 2 22,2
Totais 9 100,0 Totais 9 100,0
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

Ao serem perguntados sobre o que é ser leal à Ao serem perguntados sobre o motivo da sua
empresa, os nove ex-empregados assim se mani- lealdade à última empresa que os empregou, os
festaram: respondentes assim se manifestaram:
Desempenhar, da melhor forma possível, as atividades a Gostava muito do que fazia/ Porque não recebi nenhu-
que me proponho/ Respeito à capacidade e às limita- ma crítica que comprometesse a relação descrição de
ções de cada um/ Buscar resultados/ Dar tudo de si para cargo versus competência/ Busquei o melhor para a em-
desempenhar as atividades propostas/ Fazer um bom presa/ Gosto pelo trabalho/ Necessidade de ganhar a
trabalho/ Trabalhar direito/ Exercer as atividades de vida/ Sou uma pessoa experiente em fresas/ Gostar do
forma organizada e competente/ Desempenhar suas ati- trabalho e do ambiente/ Houve redução de pessoal/
vidades da melhor forma que lhe for possível e dar tudo Um ambiente tranqüilo e agradável para o trabalho em
de si para assim desenvolvê-las/ Vestir a camiseta e bus- equipe.
car resultados propostos pela empresa.

29
Depois de recodificada a variável “motivo da antigo/ Não havia interesse em promover o funcioná-
lealdade no último emprego” (as categorias são rio/ Não reconheceu minha experiência e habilidade/
Havia necessidade de corte de pessoal e a avaliação foi
das palavras do léxico software SphinxTM), chega- tendenciosa conforme interesses pessoais/ Havia estí-
mos à tabela 27. mulo para o aperfeiçoamento profissional, e a empresa
se preocupava com o bem-estar dos empregados/ A em-
Tabela 27: Motivo da lealdade no último emprego presa sempre proporcionou condições de desenvolvi-
Motivo da lealdade Freqüência % mento profissional.

Afetividade 5 55,6
Tabela 29: Reciprocidade percebida pelo empre-
Competência 3 33,3
gado
Recompensa 1 11,1
Atribuições à lealdade da empresa Freqüência %
Totais 9 100,0
Outros interesses 2 22,2
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
Crítica 1 11,1
Valorização 6 66,7
Interrogamos se consideravam que a lealdade Totais 9 100,0
à instituição que os empregou, em sua última re- Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.
lação de trabalho, foi correspondida em todo o
tempo que para ela trabalharam, se houve reci-
procidade. Quatro, entre os nove pesquisados, No que diz respeito à conduta futura em rela-
responderam positivamente. ção à lealdade, a moda nos mostra que cinco entre
os nove ex-empregados consultados não mudarão
Tabela 28: Reciprocidade à lealdade do ex-em- sua conduta futura em relação à lealdade; 2 não
pregado querem mais a relação de emprego para trabalha-
Lealdade correspondida Freqüência % rem e dois mudarão sua conduta. As respostas es-
tão evidenciadas no gráfico 6.
Sim, sempre 2 22,2
Sim, a maior parte das vezes 4 44,4
Gráfico 6: Conduta futura do ex-empregado
Sim, algumas vezes 1 11,2
Não 2 22,2 22% 22%

Totais 9 100,0
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo.

No que concerne à reciprocidade percebida 56%


pelo empregado, as respostas foram categorizadas
na tabela 29. Observamos que a moda atribui a mudará sua conduta em relação à lealdade à instituição
valorização dos empregados por parte da empresa não mudará a conduta em relação a lealdade à instituição

como a sua mais freqüente manifestação de reci- não quer mais trabalhar na condição de empregado

procidade. Outros interesses têm duas citações e


uma postura crítica tem uma citação entre os No que diz respeito ao motivo para a futura
nove respondentes. Na expressão deles: conduta em relação à lealdade, as respostas foram
Havia outros interesses/ Porque não recebi nenhuma
categorizadas conforme a tabela 30, na qual po-
crítica que comprometesse a relação descrição do cargo demos verificar que a moda dos que manterão o
versus competência/ A empresa não valorizou minhas comportamento tem como motivo ser parte da
habilidades/ A empresa buscou pessoas mais jovens e personalidade dos ex-empregados que assumiram
criativas e esqueceu a valorização do empregado mais esta posição. Na expressão deles: “É o meu jeito

30
de ser/ Sou a mesma pessoa”. A busca de liberda- rente à definição do problema e explicitação da
de e a cautela aparecem nesta ordem com fre- metodologia – entrevistas e questionários mistos.
qüência menor. Nele foram expostas estatísticas descritivas carac-
terizadoras dos respondentes, bem como as suas
Tabela 30: Motivo para a conduta futura em rela- manifestações, referentes ao conteúdo investiga-
ção à lealdade do. Este conjunto de dados, compilado na pes-
Motivo de conduta futura Freqüência % quisa de campo, foi organizado para facilitar a
Personalidade 6 66,7
análise, sendo apresentado sob a forma de itens,
gráficos, tabelas e figuras. As tabelas 1, 10 e 12,
Liberdade 2 22,2
respectivamente, apresentam as expectativas da
Cuidado 1 11,1 empresa em relação à lealdade do empregado, os
Totais 9 100,0 significados atribuídos ao trabalho pelos empre-
Fonte: dados obtidos com a pesquisa de campo. gados e os fatores de estímulo do empregado. Ne-
las, para fins de análise, foi estabelecido um orde-
namento às categorias criadas, o que permitiu
Neste capítulo, foram apresentados os resulta- apresentar a freqüência com que os respondentes
dos qualitativos e quantitativos obtidos pela apli- assinalaram, em termos de importância, as variá-
cação dos instrumentos de pesquisa utilizados veis mencionadas nas questões abertas e agrupa-
neste trabalho e já mencionados no capítulo refe- das por categoria.

31
3 Transição do conceito de lealdade e suas
repercussões no ambiente estudado

No desenvolvimento da pesquisa bibliográfi- nos estipulavam. Enfim, era um bom empregado


ca, observamos a transição que o conceito de leal- e, como tal, leal à sua boa empresa, para a qual
dade teve nas relações de trabalho em épocas dis- trabalhava por muitos anos, e, em alguns casos,
tintas da anterior e da atual. Neste tópico, estão uma vida inteira. Trabalhava com a certeza de
identificadas as principais características da leal- que à sua lealdade corresponderia, de forma recí-
dade no conceito antigo e as expectativas das em- proca, um conjunto de ações por parte da empre-
presas e empregados. Da mesma forma, estão ar- sa que, ao lhe conferir estabilidade, permitiam
roladas as características do que está sendo cha- constituir uma família, criar os filhos, assumir
mado de nova lealdade e as expectativas da em- compromissos na aquisição de bens duráveis.
presa e dos empregados neste novo cenário de tra- Este foi o ambiente em que nos criamos. Este foi
balho. O tópico encerra com uma análise do am- o ambiente que muitos se criaram. Este foi o am-
biente estudado e a verificação de como e onde os biente que construiu toda uma época de muitas
sujeitos da pesquisa estão nesta transição a partir realizações. Trata-se de uma época que começou
dos contratos psicológicos que estão celebrando a esgotar-se. Como tantos autores, também Fu-
em suas atuais relações de trabalho. kuyama (2000, p. 16-8) descreveu as característi-
cas desta transição:
a maioria das pessoas expressava confiança em seus go-
3.1. A lealdade antiga vernos e concidadãos no final dos anos 50; no início dos
anos 90, somente uma pequena minoria fez o mesmo. A
natureza do envolvimento das pessoas umas com as ou-
Em um tempo não muito distante, havia mais tras também mudou. Embora não haja evidência de que
previsibilidade no ambiente organizacional. As as pessoas se associem menos entre si, seus laços mútuos
pessoas ocupavam cargos e estruturavam as suas tendiam a ser menos firmes e com grupos menores de
vidas em carreiras que se desenvolviam dentro pessoas. Essas mudanças foram dramáticas, ocorreram
dos planos traçados pelas empresas onde elas tra- numa ampla gama de países semelhantes e surgiram
mais ou menos no mesmo período da história. Em con-
balhavam e para as quais eram leais. Estrutura-
junto, elas constituíram a Grande Ruptura nos valores
vam as suas informações profissionais em um do- sociais que prevaleceu na sociedade da era industrial
cumento chamado curriculum vitae ou carreira de (...). E a cultura de individualismo intensivo, que no
vida. Todos os seus avanços e promoções eram re- mercado e no laboratório conduz à inovação e ao cresci-
gistrados em sua carteira profissional, um docu- mento, invadiu o domínio das normas sociais, onde
mento pessoal e oficial, expedido pelo Ministério corroeu virtualmente todas as formas de autoridade e
enfraqueceu laços que mantinham unidas famílias, vizi-
do Trabalho. Naquele tempo, as empresas que
nhanças e nações.
ofereciam um plano de cargos e salários e um pla-
no de carreira eram as mais procuradas pelo tra- Para Fukuyama (2000, p. 24), as “normas so-
balhador. O empregado, neste ambiente de segu- ciais que funcionam para um período histórico
rança, podia almejar uma condição de estabilida- são rompidas pelo avanço da tecnologia e da eco-
de, na medida em que vencia os desafios de seu nomia, e a sociedade precisa se esforçar para esta-
ambiente profissional e cumpria o que esses pla- belecer novas normas sob novas condições”.

32
3.2. A nova lealdade São regras simples que marcam uma nova pos-
tura no ambiente de trabalho de nossos dias. Sob
Morin (1990, p. 22-6), neste novo cenário, a égide do antigo contrato psicológico, o traba-
enumera um novo conjunto de regras para as atu- lhador era levado a acreditar que era obrigação da
ais relações de trabalho (figura 2). Ele nos sugere companhia cuidar dele, era razoável esperar por
que um contrato de trabalho não é um relaciona- isso.
mento pessoal. Mesmo assim, muitos agem como A iniciativa da comunicação ficava por conta
se o fosse. A única coisa que há em comum entre da administração. Hoje, no entanto, a empresa
um relacionamento pessoal e um de trabalho é espera que o empregado compreenda suas obriga-
que, para terem sucesso, ambos dependem de co- ções e o que é esperado dele. É tudo com ele. “A
municação e negociação, variando apenas na in- lealdade não é mais o que costumava ser. É o que
tensidade que priorizamos nelas nossas próprias é (...). Empregados devem saber o que é esperado
necessidades. deles. Gerentes devem saber que valor devem ob-
Para Morin (1990, p. 29), “nossa primeira le- ter dos empregados. Têm de ser claros, e a comu-
aldade tem de ser para as nossas próprias necessi- nicação deve ter duas vias. Os dias de lealdade
dades. Eu venho em primeiro para mim. Você cega foram-se” (MORIN, 1990, p. 25).30
vem em primeiro para você. Nós todos viemos A lealdade em si é a mesma; o que muda é o
em primeiro para nós mesmos. Pode soar egoísta, objeto a que se é leal. Segundo os autores citados,
mas é realmente uma expressão do egoísmo, o a nova lealdade está voltada, em primeiro lugar,
fundamento do que eu chamo de confiança para a carreira profissional que construímos.
não-dependente”. Para este autor uma empresa Àquela em que atuamos, tomando as decisões
tem dois objetivos – ser lucrativa e crescer – e uma restri-
certas no sentido de atualizá-la permanentemente
ção sempre subjacente – atingir estes objetivos dentro da e, sobretudo, zelar pela coerência entre nossas
lei (...) uma empresa não tem sentimentos ou emoções ações e convicções. Assumimos, assim, uma atitu-
ou, se formos honestos sobre isto, uma responsabilidade de positiva de permanente diálogo interior a par-
intrínseca para com a sociedade. Sua responsabilidade úl- tir da percepção que temos do contexto cultural
tima é para com os proprietários e os acionistas.
em que nos inserimos, fazendo frente aos desafios
que nossa atividade profissional nos exige.
Figura 2: Novo tempo / Novas regras
Regra 01 Não há algo como um emprego seguro.
Regra 02 Você é responsável por sua carreira – seu
planejamento, direcionamento e progresso.
Regra 03
O conhecimento do que a empresa espera
de você é sua responsabilidade.
Fonte: MORIN, William J., 1990, p. 22-4.29

29
Tradução livre do autor deste artigo.
30
Tradução livre do autor deste texto.

33
Figura 3: Evolução do conceito da lealdade
Lealdade antiga Lealdade atual
Características Expectativas Características Expectativas
Previsibilidade Estabilidade Incerteza Desafio
Constância Persistência Descontinuidade Tolerância
Segurança Crença Dúvida Descrença
Regras e normas Obediência Criatividade Proposição do novo
Relações formais Ritos e cerimônias Informalidade Comunicabilidade
Coletivismo Corporativismo Individualismo Autoconfiança
Fixo Zona de conforto Dinamismo Inquietude
Condescendência Aceitação Questionamento Competência
Padronização Uniformidade Autonomia Multiformidade
Confiança Dependência Liberdade Independência
Emprego Especialidade Empregabilidade Multiespecialidade

Fonte: dados obtidos com as pesquisas de campo e bibliográfica.

3.3. Contratos psicológicos no ambien- dientes prolongados. Do mesmo modo, há um


te estudado – influências contraponto entre as estratégias diante da queda
de lealdade. Na primeira escolha, 80% dos execu-
Os resultados mostram empresas com políti- tivos optam pelo aumento da comunicação com
cas de relações de trabalho semelhantes, embora os seus empregados e, na segunda escolha, a op-
atuando em mercados diferentes. Ocorreu redu- ção recai sobre o treinamento e o desenvolvimen-
ção de postos de trabalho em todas as três empre- to, ficando as demissões para uma terceira opção.
sas estudadas e sua magnitude ficou entre 10 a Já entre os empregados, as expectativas mani-
30% de seus quadros, para todas. Nenhuma re- festadas também são muito semelhantes nas três
duziu os níveis de produção, tendo as demissões empresas pesquisadas. Há uma predominância de
ocorrido em maior número (80%) devido a ajus- indivíduos jovens do sexo masculino, sendo a
tes de mercado, seguidos da implantação de no- maior parte (63%) casados, com filhos de menos
vas tecnologias (60%) e outras razões (20%). de cinco anos. São pessoas com muito tempo de
Ao questionar os diretores e gerentes acerca trabalho pela frente e, por suas características ma-
das expectativas que suas empresas tinham da le- nifestas, estão interessadas e afinadas com o novo
aldade, observamos que, numa primeira escolha, conceito de lealdade, na medida em que traba-
entre as alternativas propostas, a maior freqüên- lham tanto em área administrativa quanto em
cia (60%) ficou com a expectativa de a empresa área de produção, com a ação mais presente de es-
ter, em seus quadros, empregados com capacida- timular os colegas para a obtenção de resultado.
de de cuidarem de si, com adaptabilidade ao rit- Dos 32 respondentes, a maioria, ou seja, 26 indi-
mo e às pressões da dinâmica do trabalho e inte- víduos, mudou a expectativa inicial que tinham
ressados em sua qualidade de vida. Já a escolha se- em relação ao seu trabalho. A mudança em
guinte, isto é, no que se refere à expectativa das 65,6% deu-se por satisfação e pelo acréscimo de
empresas, vai para uma posição oposta, qual seja, novas expectativas. Perceber o trabalho como
a de ter funcionários que se anulam como indiví- uma extensão de suas individualidades é a opi-
duos e entregam-se ao corporativismo e aos expe- nião expressa por 68,8%. Novamente, nesta per-

34
gunta, a segunda escolha dos empregados respon- (33,4% dos ex-empregados respondentes). Além
dentes foi para a outra ponta e assinalou que o disso, são trabalhadores com dois empregos ante-
significado do trabalho é o de um conjunto de ta- riores e uma diversidade de atividades profissio-
refas como qualquer outro. E, como terceira op- nais. Em suas habilidades, valorizam mais os atri-
ção, houve a simplificação do argumento de que butos pessoais e sentem-se estimulados pela in-
se trabalha porque é necessário, só isso! Há, entre certeza e recompensas, sendo desestimulados
os respondentes empregados, uma predominân- também, como os empregados, pelo descaso. Um
cia de indivíduos que se percebem como persis- dos ex-empregados caracterizou o descaso como
tentes. Tal manifestação denota um traço carac- o exemplo de um sujeito ser convidado para uma
terístico e próprio da lealdade - a constância, a so- festa, não comparecer, e ninguém notar sua au-
lidez, o estabelecimento de elos com os outros. sência. Eles consideram leal o indivíduo respon-
Valorizam o reconhecimento dos colegas de tra- sável e gerador de resultados. A maioria (77,8%
balho e o respeito como elementos estimuladores dos respondentes ex-empregados) sempre foi leal,
preferenciais, ao mesmo tempo que são desesti- e o restante considera que foi leal a maior parte
mulados fundamentalmente pelo descaso. Tive- das vezes. A percepção da lealdade está, com mai-
ram uma média de três empregos anteriores e um or freqüência, ligada a aspectos afetivos dos ex-
tempo de permanência no atual emprego de me- empregados, quando empregados da empresa.
nos de cinco anos, 40,6%, nesta condição. Os Quanto à lealdade da empresa que por último o
empregados permanecem no emprego se satisfei- empregou, a maior parte (44,4% dos ex-empre-
tos. Em caso de insatisfação, não toleram a per- gados) entende que houve reciprocidade, uma
manência em um local que não os motiva. São rá- vez que, durante o tempo que estiveram empre-
pidos em decidir pela busca de outro emprego gados, foram valorizados (66,7% dos responden-
que os estimule positivamente. tes). Quanto à conduta futura, 56% dos ex-em-
Julgamos, assim, muito importante a expecta- pregados que responderam ao questionário decla-
tiva predominante (71,9%) do valor respeito, raram que não vão mudar sua conduta em relação
quando os empregados ouvidos explicitaram o à lealdade; 22% disseram que vão mudar, e igual
seu conceito de lealdade. Todos se consideram le- percentual (22%) não quer mais trabalhar na
ais à empresa na qual trabalham e atribuem isso à condição de empregado.
competência e ao respeito que têm para com as Neste tópico, apresentamos a transição ocorri-
suas atividades na empresa. Respeitam e querem da no conceito do valor moral lealdade, apontada
reciprocidade. pela pesquisa bibliográfica e suas repercussões no
A possibilidade de se desenvolverem profissio- ambiente estudado, bem como a influência per-
nalmente, e o respeito que lhes é dispensado são cebida na ética do trabalhador. Foram apresenta-
as retribuições da empresa à lealdade que eles lhe dos os conceitos da antiga e da nova lealdade, es-
dedicam. tabelecemos um comparativo entre estas duas
Os ex-empregados têm uma faixa etária mais concepções e descrevemos a influência deste fe-
elevada e, em sua maioria, não têm filhos. A maior nômeno nos contratos psicológicos dos respon-
parte permaneceu dois anos na ex-empresa, dentes da pesquisa de campo.

35
Conclusões e novos questionamentos

Ao longo deste estudo, houve permanente es- entre os empregados e as empresas onde eles tra-
tímulo à abertura de diversos questionamentos. balham, em suas expectativas recíprocas de aten-
Tal fato -sabemos- não é privilégio deste traba- dimento das suas necessidades e objetivos. Com-
lho, pois o processo de pesquisa constitui-se em provamos, também, que este processo se dá em
um desafio permanente ao pesquisador, no senti- um plano psicológico, além do contrato formal-
do de que ele se atenha ao objetivo de sua pesqui- mente estabelecido, oferecendo sempre a ambas
sa. Esta é a proposta, pois, para atingir o objetivo, as partes a possibilidade de rever as expectativas
foi necessário foco no problema: na época em que iniciais após um maior conhecimento mútuo.
vivemos, em que há tanta redução nos postos de São levados a efeito com base nas orientações do
trabalho, que importância é dada à lealdade insti- que é aceito como justo e eqüitativo pelas partes
tucional no contrato psicológico que se estabelece envolvidas nesta relação de troca, em determina-
entre os trabalhadores formalmente empregados do momento, atendendo aos valores e às circuns-
e as empresas que os empregam, quando elas pas- tâncias dos sujeitos dela participantes.
sam por processos de aumento de produtividade Nesta pesquisa, entre as expectativas manifes-
e redução do nível de emprego? tas pelos sujeitos, ficaram caracterizados os tipos
Procurando responder a esta questão, fixamos de lealdade presentes em seus contratos psicológi-
como objetivo a avaliação da importância atribuí- cos. Algumas manifestações permitem concluir
da à lealdade institucional no contrato psicológico que tanto as empresas quanto os trabalhadores
estabelecido entre quem emprega e quem é empre- ouvidos estão em um momento de transição en-
gado. E, na seqüência, de modo a delimitar o re- tre o que foi caracterizado como a antiga lealdade
corte do tema em estudo, formulamos as questões: e a nova. Ocorreram manifestações que eviden-
Quais são as evidências de redução nos postos de ciaram, numa primeira escolha, a localização do
trabalho e sua possível influência na lealdade dos empregado como alguém leal para consigo, para
trabalhadores? Que são e como são levados a efeito com a sua tarefa e para com a sua carreira profis-
os contratos psicológicos? Passamos, então, a de- sional. A valorização dada ao respeito, à possibili-
senvolver a pesquisa com a suposição de que a leal- dade de desenvolvimento e ao reconhecimento
dade institucional é um valor esperado nas relações da competência, além da declaração da tenacida-
entre a empresa e os seus empregados, o que foi re- de na execução do seu trabalho, são evidências
afirmado no desenvolvimento deste estudo. constatáveis nos dados obtidos. Do mesmo
Os dados obtidos permitiram responder que, modo, em segundas e terceiras escolhas, tanto os
nas organizações pesquisadas, houve redução dos empregados como as empresas, na manifestação
postos de trabalho sem redução dos níveis de ati- de seus diretores e gerentes, revelaram elementos
vidade. Foram evidentes estas reduções, seja pelo de presença e valorização da antiga lealdade,
depoimento dos diretores e gerentes, seja pelas como o expediente prolongado, condescendência
considerações dos empregados, seja mesmo pela e bom comportamento, o salário como fator de
pesquisa realizada nos documentos oficiais das estímulo, o reconhecimento dos chefes, a consi-
empresas, que foram disponibilizados. deração do trabalho apenas como um conjunto
Com referência aos contratos psicológicos, de tarefas, ou mesmo a afirmação de trabalharem
evidenciamos que se constituem numa interação apenas por necessidade. Desse modo, percebe-

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mos que ambos, em muitas de suas ações, estão se Enquanto isso, também podemos observar
comportando de acordo com as novas regras e, que esta maneira de pensar e perceber a realidade
em outras, estão ainda ligados aos antigos concei- depara-se com a crueza de um outro fenômeno
tos, adotando as antigas regras. Assim, é possível presente na sociedade das organizações na atuali-
considerar este fato normal, na medida em que dade – a exclusão. Este é um tema que deve ser es-
sabemos que mudanças culturais e de comporta- tudado, não só com uma abordagem sociológica,
mento têm um processo de transição de médio e, pois os seus efeitos não estão apenas em quem é
muitas vezes, de longo prazo. excluído, mas também em quem vive na dúvida
As incursões pela literatura foram estimulan- desestimuladora de quando chegará o seu mo-
tes e marcantes. Nelas, encontramos os referen- mento. Tal estudo por certo trará novas questões
ciais teóricos nos quais as assertivas e os argumen- e suposições que oferecerão mais conhecimento
tos deste trabalho se apóiam. Foram conhecidas às organizações no que diz respeito ao gerencia-
novas concepções e novas maneiras de estabelecer mento dos contratos psicológicos entre elas e os
as relações do valor lealdade na ética do trabalha- seus empregados.
dor empregado. Percebemos que, mais informa- Estão presentes, tanto na manifestação dos
do e dotado de mais habilidades, ele passa a ser respondentes diretores e gerentes quanto na pes-
mais exigente consigo e insatisfeito, de maneira quisa bibliográfica, algumas estratégias de ação
construtiva, com o seu nível de conhecimento. diante da queda de lealdade. Percebemos a neces-
Sempre necessita mais. Escolhe, prioritária e pre- sidade de mais pesquisa sobre este tema. Acredi-
ferencialmente, as empresas que criam oportuni- tamos que pesquisas direcionadas para a criação
dades para o seu aprendizado permanente e lhe de indicadores para a monitoração da lealdade
oferecem estímulos e condições de aprimorá-lo. dos trabalhadores com tempos diferentes de em-
Podemos concluir, numa alusão à constatação presa, a criação de modelos e de estratégias que
de Euclides da Cunha (1978), que o trabalhador integrem as suas dimensões nos planos de negóci-
de nossos dias, ou o homem da empregabilidade, os das organizações, o desenvolvimento de técni-
como é denominado neste estudo, é, “antes de cas de comunicação empresarial aplicadas a uma
tudo, um forte” ao suportar tantas pressões, em gestão mais compartilhada são caminhos a serem
meio à instabilidade do ambiente organizacional percorridos por novos trabalhos.
em que vive. São muitas as exigências a ele impos- Constatamos também que esta realidade retra-
tas. Cada vez mais, este trabalhador distancia-se tada pelos dados não exclui outras, nas quais aspec-
das zonas de conforto que abrigaram por tanto tos culturais poderão dar outro sentido aos mes-
tempo o trabalhador de outras épocas; o homem mos conteúdos. Acreditamos que as respostas en-
econômico, o homem social, o homem pragmáti- contradas e que estão referenciadas pelos dados,
co, o homem organizacional, o homem adminis- dizem respeito à realidade objeto da pesquisa.
trativo, o homem funcional, o homem orgânico e A experiência desta pesquisa foi instigante.
o homem complexo, apenas para citar os princi- Ela mostra, inequivocamente, a importância do
pais tipos humanos característicos de momentos método para se ter eficácia na necessidade que
diferentes da História das Organizações e da Teo- temos de aprendizagem permanente. A socieda-
ria Geral da Administração. Conhecer o tipo hu- de do conhecimento, ao mesmo tempo que ofe-
mano que caracteriza determinada época possibi- rece inúmeras possibilidades, exige persistência,
lita mais elementos para gerenciá-lo. Nem me- grande disciplina e, sobretudo, lealdade com a
lhor nem pior, o homem da empregabilidade é causa de aprender a aprender e compartilhar
apenas diferente dos anteriores em suas expectati- com aqueles que ainda não sabem o que se passa
vas, percepções e motivações. a conhecer.

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Cadernos IHU divulga pesquisas produzidas por professores/pesquisadores e por
alunos dos cursos de Pós-Graduação, bem como trabalhos de conclusão de acadê-
micos dos cursos de Graduação. Os artigos publicados abordam os temas ética,
trabalho e teologia pública, que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas
Unisinos-IHU.
Lauro Antônio Lacerda d’Avila (1950) é natural de Carazinho/RS. Cursou duas graduações na
UNISINOS – Administração de Empresas e Comunicação Social - Habilitação Relações Públicas. Mes-
tre em Administração pela PUC-Rio – Área de Concentração em Organização e Planejamento, é profes-
sor nos cursos de sua formação e tem atuado, por mais de 26 anos, na área de Relações Institucionais, em
organizações privadas e públicas.

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