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UM LEGADO
DE PAIXÃO PELA
BOA ENGENHARIA
1
Índice páginas
Prefácio 3
Os Novos Patologistas 7
Introdução 8
Um pouco de Cris:
Patologia das estruturas de concreto
12
Um pouco de Lawton:
O Desprendimento Volumétrico dos Revestimen- 37
tos Argamassados
Um pouco de Matheus:
Termografia por infravermelho: uma técnica que 64
vai além do que os olhos podem ver
Um pouco de Renato:
Patologia dos Revestimentos de Fachada: uma 96
visão holística
Um pouco de Paulo:
109
As verdades Secretas das Cerâmicas
Conclusão 126
Prefácio
Paulo Sérgio F. de Oliveira
Redigir o prefácio deste e-book para mim é uma satis-
fação e uma honra. E há bons motivos para isso!
3
Contudo, o início de minha carreira em patologia começou
a ser desenhado antes disso, num estágio de férias no IPT,
uns seis meses antes da minha graduação, sob a orien-
tação do Prof. Dr. Paulo Helene.
4
O livro foi um best seller, tornando-se um material de
referência para todos que trabalhavam e trabalham no
setor ou se interessam por patologia e terapia do concreto.
5
E aí reside a magia da construção do conhecimento. Cada
um aprende com quem veio antes, se aprofunda, pesqui-
sa, agrega e transfere novos conteúdos para as próximas
gerações.
Um grande abraço!
6
Os Novos Patologistas
7
Introdução
Novos Patologistas
8
Introdução
Novos Patologistas
“Para mudar o presente, somamos a visão de futuro à
experiência do passado.”
9
Mas uma barreira o impede de crescer.
10
Apostamos em um jeito de ensinar que deixa o aluno livre
para seguir o próprio ritmo, sem atrapalhar sua rotina fican-
do preso a uma sala de aula.
11
Um pouco
de Cris
Um pouco de Cris
Patologia das estruturas de concreto
13
Em tempo algum ele se sentiu menos e nem se usou disso
para tirar qualquer tipo de vantagem. Ao contrário, adaptou
seu próprio carro, tempos que não existiam carros automáti-
cos, e aos finais de semana levava a esposa e as duas netas
a passeios inesquecíveis. Aquelas coisas boas que ficam gra-
vadas na alma pra toda a vida.
14
Essa nasceu como acontece com todas as crianças, pois, é a
primeira pessoa fora da família que aprendemos a admirar e
obedecer, além de ter um respeito imensurável. Mas nem
todo mundo cresce com essa vontade de querer transmitir
conhecimento.
15
Minha admiração pela docência só veio a aumentar ao ser
contemplada com as aulas da Professora Lúcia de português
e o Professor Roberto de matemática durante o chamado gi-
nasial na época, no colégio Rio Branco, em São Bernardo do
Campo.
16
Engenharia do Instituto Mauá de Tecnologia, me trouxe
amigos inestimáveis e para a vida toda. Desde a primeira
aula de engenharia o meu amor por esta ciência inexata só
fez crescer e querer desbravar mais e mais esse oceano in-
finito! E fiz, do que aprendi com meus mestres, meu lema: “Se
existe um problema, existe uma solução... e o engenheiro vai
encontrar!”
17
Posso arriscar a dizer que tive sorte com minhas turmas de
estudo. O mestrado na USP também me trouxe amigos com
os quais ainda compartilho ótimos momentos. Minha disser-
tação intitulada “Confinamento dado por lajes e vigas mel-
horando a resistência do pilar que as cruza” foi orientada por
mais uma pessoa de grande inspiração para mim, o Professor
Doutor Fernando Rebouças Stucchi.
18
“
A engenheira patologista se
formou durante todos esses anos
desenvolvendo projetos e procu-
rando a causa de problemas de
obras prontas para as quais eu
era solicitada a resolver.
19
Atuei nessa área antes mesmo de eu perceber que ela tinha
um nome específico e quando dei por mim, já estava comple-
tamente mergulhada nesse novo universo que ainda tem
tanto a ser explorado.
20
Patologia das
estruturas
de concreto
21
Patologia das estruturas
de concreto
Não é de hoje que associamos as partes da edificação com o
corpo humano. Podemos entender a estrutura de um edifício
como o esqueleto humano.
22
É de suma importância que o tipo de fundação a ser utilizado
seja definido por um especialista em geotecnia. Solos co-
lapsíveis e expansíveis muitas vezes são difíceis de serem de-
tectados e podem causar sérios danos às edificações.
23
O projeto de fundações, por sua vez, deve apresentar cotas
de assentamento, comprimento previsto das estacas, tensão
admissível do solo e a capacidade de carga das estacas.
24
FIG.: Efeitos de segunda
ordem em estacas esbel-
tas em solos moles
25
FIG.: Queda de edifício em Xangai em consequência do
efeito de Tschebotarioff | Fonte: Blog do PET Civil
26
O projeto deve fazer a análise correta das cargas que solicita-
rão a fundação durante toda sua vida útil e também consid-
erar todas as combinações que possam solicitar as
fundações de maneiras diferentes.
27
Para fundações apoiadas sobre aterros, deve-se garantir que
estes aterros foram executados e compactados correta-
mente, caso contrário, haverá recalque de fundação. Além
disso, para todo tipo de fundação, a execução deve ser acom-
panhada por profissional habilitado de forma a garantir a
fidelidade ao projetado.
28
“
Estacas podem sofrer desloca-
mentos em sua execução e a
posição final fica diferente da
projetada, assim, é necessária
uma verificação dos esforços
que surgem devido essas alter-
ações e, caso necessário, execu-
tar o reforço adequado.
29
Após a execução das fundações alguns fatores podem com-
prometer sua integridade, tais como: construção de novas es-
truturas nas vizinhanças; deposição de materiais pesados,
em quantidades significativas nas vizinhanças de uma estru-
tura existente; corrosão da armadura das estacas ou da
estaca; ataque de fungos e bactérias; realização de escav-
ações nas proximidades de estruturas; erosão do solo e dete-
rioração dos materiais das fundações.
30
Em projeto, deve-se determinar o cobrimento e a relação
água/cimento compatíveis um com outro, caso contrário a ar-
madura poderá sofrer oxidação. Além disso, o projeto deve
contemplar o módulo de elasticidade do concreto, coeficiente
de Poison, resistência característica à compressão, fck e tipo
do aço.
31
Os agregados devem ter análise mineralógica e química do
material, evitando contaminantes reativos no agregado, car-
acterísticas físicas, como a distribuição granulométrica e for-
mato dos grãos.
A água, por sua vez, não deve conter cloretos, sulfatos, álcalis
e deve ter o correto teor do pH.
32
O posicionamento correto das armaduras é de extrema im-
portância para que a estrutura tenha o comportamento pre-
visto em projeto.
33
Quando for necessária a alteração da finalidade de utilização
da edificação deve-se garantir que as novas cargas a serem
aplicadas não ultrapassem as cargas de projeto. Caso ultrap-
assem, deve ser feita uma avaliação estrutural e, se detecta-
da a necessidade, executar o devido reforço.
34
“
Não temos toda a informação
necessária oriunda das escolas
de engenharia, mas é possível e
aconselhável buscar mais e mais
para sua carreira.
35
Seja se propondo a acompanhar um profissional mais experi-
ente, seja contratando esse profissional para trabalhar em
conjunto, até que se consiga uma autonomia técnica para
continuar em uma carreira solo, se é que podemos chamar
dessa forma.
36
Um pouco
de Lawton
Um pouco de Lawton
O Desprendimento Volumétrico dos Revestimentos
Argamassados
38
Fazíamos tudo: guaritas, muros, casas de gás, reforma em
apartamentos, pinturas... até que encaramos um desafio dif-
erente, reabilitar uma fachada, ah... as fachadas. Revitaliza-
mos a primeira fachada em 1999, poucas normas difundidas
mas muito capricho e atenção.
39
Eram “garimpados” dentre os melhores serventes e
meio-profissionais, então os lapidávamos, capacitando e
treinando, evitando ao máximo a rotatividade. Eram verda-
deiras joias, isso foi um dos grandes diferenciais de nosso
sucesso.
40
Em 2012 resolvi voltar a estudar formalmente. Sentei nova-
mente nos bancos escolares e fiz minha pós-graduação em
Engenharia Diagnóstica e Patologia das Edificações. Con-
hecer pessoas novas, mentes novas e principalmente, en-
tender o porquê das coisas.
41
Desprendimento
Volumétrico
42
Desprendimento Volumétrico
A grande maioria das manifestações patológicas que en-
volvem fachadas de edificações e desprendimentos são con-
sideradas graves por normalmente envolverem energia
dinâmica e impactos intensos.
43
Os substratos de concreto armado, como vigas e pilares, são
os que mais proporcionam Desprendimentos Volumétricos,
pois se suas superfícies não estiverem preparadas adequa-
damente para receber o chapisco e o reboco/emboço, a esta-
bilidade de toda essa camada argamassada será mitigada.
44
Engenheiros Patologistas, experientes em sua lida, conseg-
uem traduzir em palavras os sintomas que são dados pela
edificação ao longo do tempo.
45
“
As áreas onde os revestimentos
argamassados são aplicados
sobre um substrato de concreto
ou concreto armado são as
mais suscetíveis aos Despren-
dimentos Volumétricos.
46
Fazendo um comparativo entre esses substratos citados, ex-
istem na face do concreto, armado ou não, situações que
podem diminuir a aderência do chapisco como baixa porosi-
dade, baixa rugosidade, eventuais falhas de limpezas e la-
vagens de produtos, além de fatores estruturais que podem
pôr à prova essa aderência.
47
A forma arquitetônica da também interfere na ocorrência
desta manifestação patológica, edificações mais esbeltas
tendem a uma maior movimentação, fazendo com que a ad-
erência entre camadas argamassadas, sejam testadas con-
stantemente, com maior ou menor intensidade.
48
FIGURAS 3 e 4. Alta espessura de camada do revestimento argamassa-
do de reboco/emboço com inserção indevida de tijolos maciços para en-
chimento, ausência de tela de estruturação e resíduos da forma de con-
cretagem.
49
Os primeiros sintomas dos Desprendimentos Volumétricos
de revestimentos argamassados sobre substratos de estru-
turas de concreto podem ser identificados com antecedên-
cia, na maioria dos casos, de meses ou anos, porém em algu-
mas situações extremas, o lapso temporal é muito curto
entre o surgimento do problema e o desprendimento final.
50
Tipo 01 – Fissuramento Horizontalizado de Face: Ocorre nor-
malmente na região de transição entre a estrutura de con-
creto armado (viga) e a alvenaria;
14º
16º
15º 13º
FIGURA 5 FIGURA 6
51
FIGURA 7. Esboço da vista frontal do Fissuramento Horizontalizado de
Face: Ocorre normalmente na região de transição entre a estrutura de
concreto armado (viga) e a alvenaria
FIGURA 8
52
FIGURA 9.
53
Tipo 03 – Fissuramento Verticalizado de Face/Quina: Acom-
panha a quina da face contigua ao iminente desprendimen-
to, definindo a espessura do emboço e a altura da estrutura
de concreto. Está localizada na zona de interface entre a es-
trutura e o revestimento argamassado de reboco/emboço e
também determina a altura da viga de concreto armado
54
Fissuramento tipo 3
55
Para recuperação de fachadas afetadas pelo Desprendi-
mento Volumétrico, alguns pontos devem ser criteriosa-
mente analisados e realizados; um dos principais deles é a
demolição controlada, pois trata-se uma situação de ex-
tremo risco aos operários e às pessoas no entorno próximo à
edificação.
56
O reparo volumétrico não aceita o reaproveitamento do
revestimento argamassado de emboço, mas existe a expec-
tativa no desenvolvimento de produtos de colagem que atu-
arão conferindo a adesividade perdida na interface
chapisco/substrato, vale ressaltar que já existem produtos e
técnicas para fixação em casos de descolamento cerâmico
(finas espessuras).
Dimensões do Desprendimento:
57
Altura do volume desprendido: 80 centímetros;
58
FIGURA 14 FIGURA 15
FIGURA 16 FIGURA 17
FIGURA 16 e 17. Área interna atingida pelos escombros. Área dos pilotis
atingida pelos escombros
59
FIGURA 18. Área de análise específica. A figura acima será fracionada
para apresentação de diversas anomalias e falhas
60
FIGURA 18.2. Espessura final excessiva do revestimento argamassado de
emboço com evidente identificação de 03 camadas de enchimento. Ausên-
cia de tela metálica de ligação entre as camadas de enchimento – Tela:
Metálica, eletrosoldada, zincada à fogo, malha quadrada com abertura de
25 x 25 mm, diâmetro do fio Ø 1,24 mm, densidade 150 g/m², fixada à tiro
com pinos de aço galvanizados e arruelas cônicas.
61
1
2
62
FIGURA 18.6. FIGURA 18.7.
63
Um pouco
de Matheus
Um pouco de Matheus
Termografia por infravermelho: uma técnica que vai além
do que os olhos podem ver
65
Essa convicção de ser um pouco precoce naquilo que faço,
parte de quando sai da casa de meus pais com apenas 14
anos de idade. Nesta época, e ainda muito novo, sai do
aconchego e de um certo conforto para enfrentar o primeiro
grande desafio da minha vida, pois após alguns anos me
dedicando ao vôlei, havia decidido tentar carreira neste es-
porte em Americana, interior do estado de São Paulo.
66
E após algum tempo me vi com o ensino médio finalizado e
queria continuar meus estudos, porém não sabia como iria in-
gressar na tal da “Engenharia Civil”, que sempre foi uma área
que me chamou atenção mesmo que ainda tivesse aquela
esperança de ter uma carreira no vôlei.
Não pense que estou aqui contando esta história e que talvez
eu seja um ex atleta frustrado e que por não ter conseguido
seguir carreira no esporte fui para a engenharia civil. Muito
pelo contrário, e diante de uma certa imaturidade (ainda era
muito novo) fui percebendo que viver de esporte no Brasil
seria muito difícil e por isso me apeguei tanto aos estudos
que, ao meu ver, seria um caminho que de alguma forma iria
me trazer uma perspectiva além do esporte.
67
Alguns meses após ter escolhido não seguir para os rumos
da administração de empresas e ainda treinando e jogando
vôlei na mesma cidade, um amigo que havia jogado comigo
por lá me mandou uma mensagem dizendo que uma facul-
dade em Brasília estava oferecendo bolsa de estudos para
atletas que jogassem vôlei, e que se eu passasse no vestibu-
lar e fosse aprovado pelo técnico em um teste poderia jogar
por lá.
68
Alguns anos se passaram e já durante a minha graduação
tive a oportunidade de fazer um semestre de engenharia civil
na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em Lisboa, Por-
tugal (Figura 1).
69
Retorno então ao Brasil após 8 meses morando em terras
portuguesas e converso com um professor que atuava como
consultor em Brasília na área de patologia das construções.
70
Apesar de ter feito essas coisas ao longo do curso para
“entrar no mestrado” percebi que realmente gostava daquilo
pois sempre procurei ser um ótimo aluno na faculdade e
gostei de atividades acadêmicas. Mesmo sem saber, ali de
alguma forma eu também já estava sendo preparado para a
outra profissão que exerço, a de professor.
Por ser um bom aluno, após uma semana de meu pedido fui
surpreendido pela sua resposta positiva, ao ser convidado
para estagiar em uma obra de Brasília onde tínhamos que re-
cuperar algumas estruturas que tiveram problemas executi-
vos.
71
Após um período neste estágio fui selecionado para uma
outra oportunidade em uma grande empresa brasileira de es-
coramentos, formas, andaimes e plataformas para estagiar
com obras de infraestrutura na região Centro-Oeste do país.
Ainda que não fosse a área que queria atuar, tive ali experi-
encias fantásticas que contribuíram muito para minha for-
mação profissional, pois neste período tive a oportunidade de
ter contato com grandes obras como: Aeroporto de Brasília,
Estádio Nacional Mané Garrincha, obras de viadutos ro-
doviários, ferroviários entre diversas outras.
72
Figura 2 – Obra de viaduto em Brasília-DF
73
Lembra daquele caminho que te falei que havia traçado
alguns parágrafos atrás? Pois é, fui fiel a ele pois era o que
queria e optei pelo mestrado onde me aprofundei ainda mais
em estudos com a termografia, que fez parte da minha dis-
sertação.
74
“
A trajetória até aqui não foi
fácil e ainda não é, mas posso
dizer que a junção dessas
coisas me ajudou e ajuda a
construir minha trajetória
profissional.
75
Talvez você tenha chegado até aqui e pensado: o que isso
tem de relação com a termografia? Então, fique ligado que
nas próximas páginas quero te mostrar esta técnica que uso
no meu dia-a-dia para enxergar mais que os meus olhos
podem ver, para que durante os diagnósticos possamos
traçar o melhor caminho e indicar os tratamentos mais ade-
quados para as manifestações patológicas.
76
A termografia por
infravermelho
77
A termografia por
infravermelho
Assim como na medicina os médicos precisam de exames
auxiliares para emitirem o diagnóstico, entenderem o prog-
nóstico e indicar a correta terapia (tratamento), nós patolo-
gistas também precisamos dos ensaios que muito nos auxil-
iam nos diagnósticos das manifestações patológicas.
78
Podemos dividir os tais ensaios em destrutivos ou não de-
strutivos, em que há ou não a necessidade de extração total
ou parcial de amostras, respectivamente; havendo ainda
alguns autores que trazem a abordagem subdividida
também entre os “parcialmente destrutivos”, que represen-
tam aqueles que afetam apenas de maneira parcial com
pequenas amostras, por exemplo.
79
Figura 3 – Exemplos de
câmeras termográficas
Fonte: Flir
(c)
(a) (b)
80
Além do mais, existem diversos fatores que podem trazer
erros nas imagens e devem ser considerados, tais como:
horário da inspeção, geometria do objetivo analisado, diversi-
dade de materiais na superfície, reflexões de superfícies
próximas, ângulo de obtenção da imagem e outros.
81
Figura 5 – Infiltração em junta estrutural em um subsolo
82
Com relação aos desplacamentos dos revestimentos
também há diversos estudos tanto em campo quanto em lab-
oratório que mostram a efetividade da termografia.
83
As regiões com descolamentos mencionadas podem ser
vistas na Figura 8 e na Figura 9 é possível observar-se que a
utilização da técnica permitiu a visualização de tais regiões
nos protótipos estudados.
84
Os desplacamentos em revestimentos cerâmicos também
são manifestações patológicas comuns capazes de serem
identificados com a termografia.
85
Figura 11 – Fachada estudada com imagem de 2020
86
Existem diversas outras aplicações da técnica e aqui mostrei
apenas algumas. Mas como te expliquei no início deste
capítulo a termografia é uma técnica que vai muito além do
que os olhos podem ver.
87
Aponte um celular com um aplicativo leitor de QR Codes.
Alguns celulares já possuem a tecnologia de leitura direta-
mente em suas câmeras.
88
Um pouco
de Renato
89
Um pouco de Renato
Patologia dos Revestimentos de Fachada: uma visão
holística
“holismo: sm
90
Ou seja, quando falamos em manifestações patológicas nos
revestimentos de fachada, precisamos entender que não
basta entender das argamassas ou das vedações etc.
O que era este mundo? Não tinha a menor ideia. Aliás, não
havia estagiado até aquele momento e meu conhecimento de
construção se limitava ao que havia estudado na faculdade
naquele primeiro ano de civil. Não sabia construir, como
então, iria entender uma patologia?
91
Percebi isso na época, pois como se vai descobrir a causa do
problema (diagnóstico), sem saber como se executa correta-
mente? Lembro-me como se fosse hoje: a Noronha me pediu
para fazer uma “prospecção destrutiva” em certa jardineira,
pois ninguém sabia qual o tipo de impermeabilização havia
no local e se ela ainda estava “funcionando”.
Por fim, cansei de obra! Não era feliz e não era pra isso que eu
tinha estudado. Não me conformava em ter que “aprender”
com o mestre (isso foi fundamental até certo momento) ou ter
que ficar brigando com fornecedor atrasado ou – aí era o fim
– ter que levar material dentro do meu carro de uma obra
para a outra. Não estudei cinco anos para aquilo que diziam
que eu deveria ser ou fazer!
92
Voltei a estudar. Iniciei o mestrado em 1995 na Politécnica da
USP. Aquilo era um sonho, mas que virou pesadelo! Entrei nos
meandros das moléculas dos materiais, tive acesso ao que de
melhor havia em tecnologia.
93
“
Nossa sociedade dura apenas 2
anos. Cada qual tomou seu rumo
dentro da Patologia das Con-
struções. Aos trancos e barran-
cos, comecei a criar meu mercado.
94
A princípio era indicado pelos clientes satisfeitos, depois
pelos colegas professores da USP. Mas, o mercado era super
fechado e eu era muito novo (30 anos)!
95
A visão holística
A visão holística
Tenho focado minha vida desde 2015 na patologia de facha-
das. Que universo interessante e desafiador. E aqui fica
minha colaboração para este pequeno encarte que prefacia
os Novos Patologistas: a visão holística dos revestimentos de
fachada.
97
Uma nova forma de construir
Você já se perguntou o porquê de a engenharia diagnóstica
ter se destacado tanto nestes últimos 10 anos tanto quanto o
BIM e o cálculo estrutural?
98
Primeiro Desafio: a aderência
Parece um tanto quanto óbvio o que está escrito na frase a
seguir, mas sempre digo que a patologia acontece naquilo
que é mais óbvio: nos detalhes!
99
Figura 2 – Revestimento
se descola 10 meses após,
causando a morte de uma
criança.
100
Figura 3 – De cima para baixo da esquerda para a dire-
ita: (1) desbaste abrasivo; (2) limpeza por meio de
água sob pressão; (3) chapisco convencional sobre as
alvenarias e industrializado desempenado sobre as
estruturas de concreto; (4) cura dos chapiscos; (5) e (6)
testes de resistência de aderência dos chapiscos
101
Segundo Desafio: a retração
das argamassas
Aos poucos deixamos de usar a cal nas argamassas. Aos
poucos deixamos de “roda-las” nas obras. Por outro lado,
temos o advento da chamada industrialização da construção
civil associada à falta de espaço dos canteiros, dos prazos
cada vez mais reduzidos e da expectativa gerada por um
melhor controle de produção das argamassas dosadas
dentro de uma usina ou na indústria.
Isso tudo tem levado a um total descaso por parte dos ge-
stores da obra com o uso dos revestimentos argamassados,
relegando-os a um segundo plano e deixando-os nas mãos
de empreiteiros despreparados e comissionados por m² de
produção.
102
Mas, qual é o limite superior? Nas imagens da figura 4, temos
duas argamassas em um painel teste com resistências de
aderência diferentes. Qual é a melhor? A que tem melhor ad-
erência? Ou a que tem aderências moderadas e menos fissur-
ação?
103
Uma argamassa ideal deve ser dosada levando-se em
conta o uso de teores moderados de cimento, cal e aditivos
plastificantes (incorporadores de ar). “Projetadas” de acordo
com as situações de exposição e os ensaios de aderência
devem ser utilizados sempre que a fiscalização julgar
necessária para avaliar e controlar a interação desta com as
suas camadas constituintes e estas com a base.
104
E = 15 GPa E = 16,5 GPa
Ram = 0,50 MPa Ram = 0,65 MPa
Figura 5 – Argamassas de
revestimento com alto
módulo de deformação ou
alta rigidez: menor capaci-
dade de absorver defor-
mações.
105
Desde o advento das argamassas colantes na década de
1990, nunca antes vimos uma tecnologia dominar em tão
pouco tempo praticamente todos os canteiros de obra do país
e ao mesmo tempo gerar uma patologia tão intensa e tão dis-
tribuída em todos os estados brasileiros, demonstrando
cabalmente a falta de conhecimento e técnica por parte de
toda a cadeia construtiva: da mão de obra aos materiais, da
engenharia aos suprimentos.
106
Figura 6 – Descolamento
cerâmico em fachadas:
falhas de assentamento,
juntas inadequadas e alta
EPU.
107
Conclusão
Como comentamos, não pretendíamos esgotar o assunto.
Poderíamos abordar ainda temas como as espessuras dos
revestimentos argamassados que ou estão demasiadamente
altos ou demasiadamente baixos.
108
Um pouco
de Paulo
Um pouco de Paulo
As verdades Secretas das Cerâmicas
110
“Secret ambition” (ambição secreta)
Um jovem na colina
Ensinando o caminho que deviam seguir
Cada palavra, conquistando-os
Em cada coração, uma chama que se acende!
111
Alguns dizem: Morte ao radical!
Ele está ultrapassando os limites!
Alguns dizem, abençoado seja o milagre
Deus nos enviou um sinal abençoado
Um sinal abençoado para tempos difíceis
112
“
E com isso aprendi a lidar com
suas secretas ambições. As
cerâmicas também contêm seus
segredos, e os seus gestores
também suas ambições. E con-
fesso que ainda estou aprenden-
do a lidar com isso!
113
A ciência exata tem seu viés humano e flertamos com as am-
bições das pessoas, com as excentricidades da física e da
química. E sobre nenhuma das três temos controle absoluto.
Apenas precisamos saber tratá-las com equilíbrio.
114
E fui lidando com gente e com placas cerâmicas. Surgiram,
logo depois, as argamassas colantes. Lembro quando mon-
tamos ao lado da fábrica a Incecol. Seu Maurer, um dos meus
primeiros mentores, mostrava para mim as formulações e
acompanhávamos os testes.
115
E assim foi a estrada onde fui aprendendo a arte de lidar com
as pessoas. Pessoas que fazem cerâmica. Pessoas que as
compram. Pessoas que as assentam. E para mim, sobraram
as que se desiludiram com as cerâmicas e as que reclama-
vam. Em trinta e três anos, atendi 15.276 reclamações! E
assim, de fato, não sei mais as respostas... sei somente as
perguntas que elas devem formular.
116
A verdade
secreta das
cerâmicas
117
A verdade secreta das
cerâmicas
Em trinta e três anos, conheci muitas placas cerâmicas,
muitas fábricas, muito jeito de fazer. E aprendi a entender
que, mesmo que uma placa tenha sido feito pela mesma
fábrica, pelas mesmas pessoas e até no mesmo dia, ela pode
E esta é só sua!
118
Então o que melhor aprendi até aqui é que nem tudo que o
vemos ou lemos em relatórios é o que deve definir a nossa
decisão. Devemos ver o que está invisível aos olhos.
119
Podemos fazer dela uma bela Aldravia¹:
“Torrão de massa vítrea
Em meio a massa porosa
Filossilicato parcialmente fundido
Com foliação preservada,
Lhe resta o triste destino compor a massa porosa
E se expandir.” Eu.
120
“
Sim, tateamos as características
superficiais como fazemos com
os adultos. Aprovamos por cor,
tonalidade, tamanho e ab-
sorção. Exatamente como vemos
as pessoas: superficialmente!
121
E não vemos o invisível! A micro estrutura que dela emana:
seu dom (desempenho) ou o seu vício (a manifestação pa-
tológica).
122
Intrepidamente fomos e tateamos estas ligações. Obstante
nossas inúmeras limitações, ousamos fazer este rabisco que
“você” um dia experimentará em seus estudos e apresentará,
sim, um novo olhar. E por favor, me conte. Sei que você está
se despertando!
123
E os óxidos, uma verdade “paloshiana”, que os filossilicatos e
os argilo-minerais, apócrifos, que nos deparamos, perman-
ecerão até quando incógnitos?
Em busca do assentamento
cerâmico de verdade
A última fronteira é a intuição e a percepção da mão humana.
Lidar com gente. Ouvir gente. Encorajar gente. Fazer gente
mudar a maneira de executar de uma forma para outra. Con-
verter.
124
Anti-conclusão
Temos de nos pautar com as Normas. Sim, concordo!
Mas devemos jamais abreviar a análise dos fatos. Devemos ir
a fundo.
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Conclusão
Toda inovação nasce da insatisfação.
Não por acaso, o que nos uniu foi a vontade de criar o que
falta na engenharia diagnóstica.
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E essa missão só poderia ser realizada por meio de uma nova
forma de aprender e ensinar.
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Todo dia
um novo conhecimento
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@novospatologistas
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